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DIREITOS FUNDAMENTAIS

DO HOMEM

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM


E
OUTROS CONCEITOS CHAVE
ÍNDICE

UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................4


O CILINDRO DE CIRO (539 A.C.) ................................................................................................. 4
A DIVULGAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................................... 5
A CARTA MAGNA (1215) ........................................................................................................... 5
PETIÇÃO DE DIREITO (1628) ...................................................................................................... 6
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS (1776) .......................................... 7
A CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (1787) E A DECLARAÇÃO DOS
DIREITOS (1791) ........................................................................................................................ 8
A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (1789)......................................... 9
A PRIMEIRA CONVENÇÃO DE GENEBRA (1864) ...................................................................... 10
AS NAÇÕES UNIDAS (1945) ..................................................................................................... 11
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) ............................................. 12
UMA INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13
DOCUMENTO OFICIAL ............................................................................................................. 14
ARTIGO 1.º............................................................................................................................... 15
ARTIGO 2.º............................................................................................................................... 15
ARTIGO 3.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 4.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 5.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 6.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 7.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 8.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 9.º............................................................................................................................... 16
ARTIGO 10.º ............................................................................................................................ 16
ARTIGO 11.º. ........................................................................................................................... 17
ARTIGO 12.º ............................................................................................................................ 17
ARTIGO 13.º ............................................................................................................................ 17
ARTIGO 14.º ............................................................................................................................ 17
ARTIGO 15.º ............................................................................................................................ 17
ARTIGO 16.º ............................................................................................................................ 18
ARTIGO 17.º ............................................................................................................................ 18
ARTIGO 18.º ............................................................................................................................ 18

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ARTIGO 19.º ............................................................................................................................ 18
ARTIGO 20.º ............................................................................................................................ 18
ARTIGO 21.º ............................................................................................................................ 19
ARTIGO 22.º ............................................................................................................................ 19
ARTIGO 23.º ............................................................................................................................ 19
ARTIGO 24.º ............................................................................................................................ 19
ARTIGO 25.º ............................................................................................................................ 20
ARTIGO 26.º ............................................................................................................................ 20
ARTIGO 27.º ............................................................................................................................ 20
ARTIGO 28.º ............................................................................................................................ 21
ARTIGO 29.º ............................................................................................................................ 21
ARTIGO 30.º ............................................................................................................................ 21
LEI INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS ..................................................................... 21
A CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................ 22
DOCUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS SUBSEQUENTES ...................................................... 23
CONVENÇÃO EUROPEIA DOS DIREITOS HUMANOS................................................................ 24
INSTRUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS PARA AS AMÉRICAS, ÁFRICA E ÁSIA ..................... 24
DOCUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS ................................................................................. 25
VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................ 26
ARTIGO 3.º — O DIREITO À VIDA ............................................................................................ 26
ARTIGO 4.º — NÃO À ESCRAVIDÃO ........................................................................................ 27
ARTIGO 5.º — NÃO À TORTURA .............................................................................................. 28
ARTIGO 13.º — LIBERDADE DE MOVIMENTO ......................................................................... 28
ARTIGO 18.º — LIBERDADE DE PENSAMENTO........................................................................ 29
ARTIGO 19.º — LIBERDADE DE EXPRESSÃO ............................................................................ 30
ARTIGO 21.º — DIREITO À DEMOCRACIA ............................................................................... 31
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 31

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UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
O Cilindro de Ciro (539 a.C.)

Os decretos que Ciro fez em matéria de direitos humanos foram gravados em acadiano
num cilindro de barro cozido.

Ciro, o Grande, o primeiro rei da Pérsia, libertou os escravos da Babilónia em 539 a.C.

Em 539 a.C., os exércitos de Ciro, O Grande, o primeiro rei da antiga Pérsia,


conquistaram a cidade da Babilónia. Mas foram as suas ações posteriores
que marcaram um avanço muito importante para o Homem. Ele libertou os
escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua
própria religião, e estabeleceu a igualdade racial. Estes e outros decretos
foram registados num cilindro de argila na língua acádica com a escritura
cuneiforme.
Conhecido hoje como o Cilindro de Ciro, este registo antigo foi agora
reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos do mundo. Está
traduzido nas seis línguas oficiais das Nações Unidas e as suas estipulações
são análogas aos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.

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A Divulgação dos Direitos Humanos

Com início na Babilónia, a ideia de direitos humanos espalhou–se


rapidamente para a Índia, Grécia e por fim chegou a Roma. Ali surgiu o
conceito de “lei natural”, na observação do facto de que as pessoas tendiam
a seguir certas leis não escritas no curso da vida, e o direito romano estava
baseado em ideias racionais tiradas da natureza das coisas.

Os documentos que afirmam os direitos individuais, como a Carta Magna


(1215), a Petição de Direito (1628), a Constituição dos Estados Unidos
(1787), a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789),
e a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1791) são os precursores
escritos para muitos dos documentos de direitos humanos atuais.

A Carta Magna (1215)

Carta Magna, ou “Grande Carta”, assinada pelo rei da Inglaterra, em 1215, foi um ponto
de viragem nos direitos humanos.

A Carta Magna, ou a “Grande Carta”, foi possivelmente a influência inicial


mais significativa no amplo processo histórico que conduziu à regra de lei
constitucional hoje em dia no mundo anglófono.
Em 1215, depois do Rei João da Inglaterra ter violado um número de leis
antigas e costumes pelos quais Inglaterra tinha sido governada, os seus
súbditos forçaram–no a assinar a Carta Magna, que enumera o que mais
tarde veio a ser considerado como direitos humanos. Entre eles estava o
direito da igreja de estar livre da interferência do governo, o direito de
todos os cidadãos livres possuírem e herdarem propriedade, e serem

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protegidos de impostos excessivos. Isto estabeleceu o direito das viúvas
que possuíam propriedade a decidir não voltar a casar–se, e estabeleceu
os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei. Isto também
contém provisões que proíbem o suborno e a má conduta oficial.

Amplamente visto como um dos documentos legais mais importantes no


desenvolvimento da democracia moderna, a Carta Magna foi um ponto de
viragem crucial na luta para estabelecer a liberdade.

Petição de Direito (1628)

Em 1628, o Parlamento Inglês enviou esta declaração de liberdades civis do rei Carlos I.

O seguinte marco miliário registado no desenvolvimento dos direitos


humanos foi a Petição de Direito, feita em 1628 pelo Parlamento Inglês e
enviada a Carlos I como uma declaração de liberdade civis. A rejeição pelo
Parlamento de financiar a política exterior impopular do rei tinha causado
que o seu governo exigisse empréstimos forçados e aquartelasse tropas
nas casas dos súbditos como uma medida económica. Prisão arbitrária e
aprisionamento por oposição a estas políticas produziram no Parlamento
uma hostilidade violenta a Carlos e a Jorge Villiers, o Duque de
Buckingham. A Petição de Direito, iniciada por Sir Edward Coke, baseou–se
em estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro princípios: (1) Nenhum
tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento, (2) Nenhum
súbdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do
direito de habeas corpus), (3) Nenhum soldado pode ser aquartelado nas
casas dos cidadãos, e (4) a Lei Marcial não pode ser usada em tempo de
paz.

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Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776)

Em 1776, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência


dos Estados Unidos da América.

A 4 de julho de 1776, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a


Declaração de Independência. O seu principal autor, Thomas Jefferson,
escreveu a Declaração como uma explicação formal do porquê o
Congresso ter votado no dia 2 de julho para declarar a independência da
Grã–Bretanha, mais de um ano depois de irromper a Guerra Revolucionária
Americana, e como uma declaração que anunciava que as treze Colónias
Americanas não faziam mais parte do Império Britânico. O Congresso
publicou a Declaração de Independência de várias formas. No começo foi
publicada como uma folha de papel impressa de grande formato que foi
largamente distribuída e lida pelo público.

Filosoficamente, a Declaração acentuou dois temas: os direitos individuais


e o direito de revolução. Estas ideias tornaram–se largamente apoiadas
pelos americanos e também se difundiram internacionalmente,
influenciando em particular a Revolução Francesa.

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A Constituição dos Estados Unidos da América (1787) e a Declaração
dos Direitos (1791)

A Declaração dos Direitos da Constituição dos EUA protege as liberdades fundamentais


dos cidadãos dos Estados Unidos.

Escrita durante o verão de 1787 em Filadélfia, a Constituição dos Estados


Unidos da América é a lei fundamental do sistema federal do governo dos
Estados Unidos e o documento de referência do mundo Ocidental. Esta é
a mais antiga constituição nacional escrita que está em uso e que define os
órgãos principais de governo e suas jurisdições e os direitos básicos dos
cidadãos.

As dez primeiras emendas da Constituição, a Declaração dos Direitos,


entraram em vigor no dia 15 de dezembro de 1791, limitando os poderes
do governo federal dos Estados Unidos e para proteger os direitos de todos
os cidadãos, residentes e visitantes no território americano.

A Declaração dos Direitos protege a liberdade de expressão, a liberdade de


religião, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembleia e a
liberdade de petição. Esta também proíbe a busca e a apreensão sem razão
alguma, o castigo cruel e insólito e a autoinculpação forçada. Entre as
proteções legais que proporciona, a Declaração dos Direitos proíbe que o
Congresso faça qualquer lei em relação ao estabelecimento de religião e
proíbe o governo federal de privar qualquer pessoa da vida, da liberdade
ou da propriedade sem os devidos processos da lei. Em casos de crime
federal é requerida uma acusação formal por um júri de instrução para
qualquer ofensa capital, ou crime infame, e a garantia de um julgamento
público rápido com um júri imparcial no distrito em que o crime ocorreu, e
proíbe um duplo julgamento.

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UMA BREVE HISTÓRIA DOS
DIREITOS HUMANOS

Após a Revolução Francesa em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do


Cidadão concedeu liberdades específicas da opressão, como uma “expressão da
vontade geral”.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)

Em 1789 o povo de França levou a cabo a abolição da monarquia absoluta


e o estabelecimento da primeira República Francesa. Somente seis semanas
depois do assalto à Bastilha, e apenas três semanas depois da abolição do
feudalismo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (francês:
Déclaration des Droits de l'Homme et du Citoyen) foi adotada pela
Assembleia Constituinte Nacional como o primeiro passo para o escrito de
uma constituição para a República da França.

A Declaração proclama que todos os cidadãos devem ter garantidos os


direitos de “liberdade, propriedade, segurança, e resistência à opressão”.
Isto argumenta que a necessidade da lei provém do facto que “… o
exercício dos direitos naturais de cada homem tem só aquelas fronteiras
que asseguram a outros membros da sociedade o desfrutar destes mesmos
direitos”. Portanto, a Declaração vê a lei como “uma expressão da vontade

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geral”, que tem a intenção de promover esta igualdade de direitos e proibir
“só acções prejudiciais para a sociedade”.

A Primeira Convenção de Genebra (1864)

O documento original da primeira Convenção de Genebra, em 1864, estipulava o


cuidado de soldados feridos.

Em 1864, dezasseis países europeus e vários estados americanos assistiram


a uma conferência em Genebra, a convite do Conselho Suíço Federal, com
a iniciativa do Comité de Genebra. A conferência diplomática foi celebrada
com o objetivo de adotar uma convenção para o tratamento de soldados
feridos em combate.
Os princípios fundamentais foram estabelecidos na Convenção e foram mantidos
pelas Convenções posteriores de Genebra especificando a obrigação de ampliar
o cuidado, sem discriminação, ao pessoal militar ferido ou doente, mantendo o
respeito para com eles e com a marca de transportes de pessoal médico e equipa
distinguidos pela cruz vermelha sobre um fundo branco.

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As Nações Unidas (1945)

Em 1945, cinquenta nações reuniram–se em San Francisco e formaram a Organização


das Nações Unidas para proteger e promover a paz.

A Segunda Guerra Mundial tinha alastrado de 1939 até 1945, e à medida


que o final se aproximava, cidades por toda a Europa e Ásia estendiam–se
em ruínas e chamas. Milhões de pessoas estavam mortas, milhões mais
estavam sem lar ou a passar fome. As forças russas estavam a cercar o
remanescente da resistência alemã na bombardeada capital alemã de
Berlim. No Oceano Pacífico, os fuzileiros estado–unidenses ainda
combatiam firmemente as forças japonesas entrincheiradas em ilhas tais
como Okinawa.
Em abril de 1945, delegados de cinquenta países reuniram–se em San Francisco
cheios de optimismo e esperança. O objectivo da Conferência das Nações Unidas
na Organização Internacional era formar um corpo internacional para promover
a paz e prevenir futuras guerras. Os ideais da organização foram declarados no
preâmbulo da sua carta de proposta: “Nós os povos das Nações Unidas estamos
determinados a salvar as gerações futuras do flagelo da guerra, que por duas
vezes na nossa vida trouxe incalculável sofrimento à Humanidade”.

A Carta da nova organização das Nações Unidas entrou em efeito no dia 24 de


outubro de 1945, uma data que é comemorada todos os anos como o Dia das
Nações Unidas.

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A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS (1948)

A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem inspirado um número de outras


leis e tratados de direitos humanos em todo o mundo.

Em 1948, a nova Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas tinha


captado a atenção mundial. xxxSob a presidência dinâmica de Eleanor
Roosevelt, a viúva do presidente Franklin Roosevelt, uma defensora dos
direitos humanos por direito próprio e delegada dos Estados Unidos nas
Nações Unidas, a Comissão elaborou o rascunho do documento que viria
a converter–se na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Roosevelt,
creditada com a sua inspiração, referiu–se à Declaração como a Carta
Magna internacional para toda a Humanidade. Foi adotada pelas Nações
Unidas no dia 10 de dezembro de 1948.
No seu preâmbulo e no Artigo 1.º, a Declaração proclama inequivocamente os
direitos inerentes de todos os seres humanos: “O desconhecimento e o desprezo
dos direitos humanos conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência
da Humanidade, e o advento de um mundo em que os seres humanos sejam
livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a
mais alta inspiração do Homem... Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e em direitos.”

Os Estados Membros das Nações Unidas comprometeram–se a trabalhar uns com


os outros para promover os trinta artigos de direitos humanos que, pela primeira
vez na história, tinham sido reunidos e codificados num único documento. Em

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consequência, muitos destes direitos, de várias formas, são hoje parte das leis
constitucionais das nações democráticas.

UMA INTRODUÇÃO

A 24 de outubro de 1945, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, as


Nações Unidas surgiram como uma organização intergovernamental com
o propósito de salvar as gerações futuras da devastação do conflito
internacional.

Representantes das Nações Unidas de todas as regiões do mundo adotaram


formalmente a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 10 de dezembro de
1948.

A Carta das Nações Unidas estabeleceu seis corpos principais, incluindo a


Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Tribunal Internacional de
Justiça, e em relação aos direitos humanos, um Conselho Social e
Económico (ECOSOC).

A Carta da ONU concedeu à ECOSOC o poder de estabelecer “comissões


para os assuntos económicos e sociais e para a proteção dos direitos do
homem.” Uma delas foi a Comissão das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, que, sob a presidência de Eleanor Roosevelt, viu a criação da
Declaração Universal dos Direitos do Homem.

A Declaração foi redigida por representantes de todas as regiões do mundo


e abarcou todas as tradições legais. Inicialmente adotada pelas Nações
Unidas a 10 de dezembro de 1948, é o documento dos direitos humanos
mais universal em existência, delineando os direitos fundamentais que
formam a base para uma sociedade democrática.

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A seguir a este ato histórico a Assembleia exigiu a todos os países membros
que publicassem o texto da Declaração e que “fizessem com que fosse
disseminada, exibida, lida e explicada principalmente nas escolas e noutras
instituições educacionais, sem qualquer distinção baseada no estatuto
político dos países ou territórios”.

Hoje em dia, a Declaração é um documento vivo que foi aceite como um


contrato entre um governo e o seu povo em todo o mundo. De acordo
com o Livro de Recordes Mundiais do Guinness, é o documento mais
traduzido no mundo.

DOCUMENTO OFICIAL

PREÂMBULO

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos


iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o
fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos


resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade
e que o advento de um mundo no qual os seres humanos gozem de
liberdade de expressão e de crença e da liberdade do medo e da miséria,
foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando que é essencial, para que o Homem não seja obrigado a


recorrer, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, que
os direitos humanos sejam protegidos pelo estado de direito,

Considerando que é essencial para promover o desenvolvimento de


relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas, na Carta, reafirmaram a sua


fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa
humana e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em
maior liberdade,

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Considerando que os Estados–Membros se comprometeram a promover,
em cooperação com as Nações Unidas, a promoção do respeito universal
e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades


é da maior importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora, portanto,

A Assembleia Geral,

Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como


um ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de
que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo–a
constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por
desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por
medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu
reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivas tanto entre as
populações dos próprios Estados–membros como entre os povos dos
territórios colocados sob a sua jurisdição.

DOCUMENTO OFICIAL

Artigo 1.º

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em


direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os
outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2.º

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades


proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma,
nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou
outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto.

Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto


político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade

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da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela,
autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3.º

Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4.º

Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura


e o comércio de escravos, sob qualquer forma, são proibidos.

Artigo 5.º

Ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis,


desumanos ou degradantes.

Artigo 6.º

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento como pessoa perante


a lei.

Artigo 7.º

Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito
a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.

Artigo 8.º

Todas as pessoas têm direito a um recurso efectivo dado pelos tribunais


nacionais competentes contra os atos que violem os seus direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9.º

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.º

Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa


e pública julgada por um tribunal independente e imparcial em

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determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação
criminal contra elas.

Artigo 11.º.

1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume–se inocente


até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso
de um processo público em que todas as garantias necessárias de
defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no
momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do
direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será
infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento
em que o ato delituoso foi cometido.

Artigo 12.º

Ninguém deverá ser submetido a interferências arbitrárias na sua vida


privada, família, domicílio ou correspondência, nem ataques à sua honra e
reputação. Contra tais intromissões ou ataques todas as pessoas têm o
direito à proteção da lei.

Artigo 13.º

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua


residência no interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se
encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14.º

1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de


beneficiar de asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo
realmente existente por crime de direito comum ou por atividades
contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15.º

1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.


2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade
nem do direito de mudar de nacionalidade.

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Artigo 16.º

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar


e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade
ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução,
ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno
consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem
direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17.º

1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.


2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18.º

Todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, de consciência


e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de
credo, assim como a liberdade de manifestar a sua religião ou credo,
sozinho ou em comunidade com outros, quer em público ou em privado,
através do ensino, prática, culto e rituais.

Artigo 19.º

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, este


direito implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem
interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por
qualquer meio de expressão independentemente das fronteiras.

Artigo 20.º

1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação


pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

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Artigo 21.º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos


negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade,
às funções públicas do seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes
públicos; e deve exprimir–se através de eleições honestas a realizar
periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou
segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de
voto.

Artigo 22.º

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança


social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos,
sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à
cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos
de cada país.

Artigo 23.º

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a


condições equitativas e satisfactórias de trabalho e à proteção
contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por
trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e
satisfactória, que lhe permita e à sua família uma existência
conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por
todos os outros meios de proteção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas
sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus
interesses.

Artigo 24.º

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a


uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas
pagas.

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Artigo 25.º

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe


assegurar e à sua família a saúde e o bem–estar, principalmente
quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência
médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem
direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na
viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de
subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência
especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimónio, gozam da mesma proteção social.

Artigo 26.º

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser


gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar
fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e
profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores
deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu
mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana
e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais
e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre
todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como
o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.
3. Os pais têm um direito preferencial para escolher o tipo de
educação que será dada aos seus filhos.

Artigo 27.º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida


cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no
progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais
ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua
autoria.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 20


Artigo 28.º

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano


internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os
direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29.º

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não


é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém
está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista
exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos
direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas
exigências da moral, da ordem pública e do bem–estar numa
sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos
contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.º

Nada na presente Declaração pode ser interpretado de maneira a


conceder a qualquer Estado, grupo ou indivíduo o direito de se entregar a
alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos
e liberdades aqui enunciados.

LEI INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 21


Em 1948, a nova Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos
captou a atenção do mundo. Sob a presidência dinâmica de Eleanor
Roosevelt, a viúva do presidente Franklin Roosevelt, uma campeã de
direitos humanos por direito próprio e delegada dos Estados Unidos nas
Nações Unidas, a Comissão elaborou o rascunho do documento que viria
a converter–se na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Roosevelt,
creditada com a sua inspiração, referiu–se à Declaração como a "Carta
Magna internacional para toda a Humanidade". Foi adotada pelas Nações
Unidas no dia 10 de dezembro de 1948.

No seu preâmbulo e Artigo 1.º, a Declaração proclama inequivocamente os


direitos inerentes de todos os seres humanos: “O desconhecimento e o
desprezo dos direitos humanos conduziram a atos de barbárie que
revoltaram a consciência da Humanidade e o advento de um mundo em
que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da
miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem... Todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.”

Os Estados–Membros das Nações Unidas comprometeram–se a trabalhar


uns com os outros para promover os trinta artigos de direitos humanos
que, pela primeira vez na história, tinham sido reunidos e codificados num
único documento. Em consequência, muitos destes direitos, de várias
formas, são hoje parte das leis constitucionais das nações democráticas.

A CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos do Homem é um padrão ideal


sustentado em comum por nações no mundo inteiro, mas não possui
nenhuma força de lei. Assim, desde 1948 até 1966 a tarefa principal da
Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas foi criar um corpo de
lei de direitos humanos internacional baseado na Declaração, para
estabelecer os mecanismos necessários para fazer cumprir a sua
implementação e uso.

A Comissão de Direitos Humanos elaborou dois documentos principais: o


Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos
Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Ambos se tornaram lei
internacional em 1976. Juntamente com a Declaração Universal dos

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 22


Direitos Humanos, estes dois Pactos constituem o que é conhecido como
a “Lei Internacional de Direitos Humanos”.

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos enfoca questões como


o direito à vida, à liberdade de expressão, à religião e votação. O Pacto
Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais enfoca a
alimentação, a educação, a saúde e o refúgio. Ambos os pactos proclamam
estes direitos para todas as pessoas e proíbem discriminação.

O artigo 26.º do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos


estabeleceu uma Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Composta por dezoito peritos em direitos humanos, a Comissão é
responsável por assegurar que cada signatário do Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos cumpre os seus termos. A Comissão examina
relatórios enviados pelos países de cinco em cinco anos, para se assegurar
que eles estão a cumprir o Pacto, e emite conclusões sobre o
funcionamento de um país.

Muitos países que ratificaram o Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos também concordaram que a Comissão para os Direitos Humanos
pode investigar alegações de indivíduos e organizações cujos direitos
foram violados pelo estado. Antes de apelar à Comissão, o queixoso deve
esgotar todos os recursos legais nos tribunais desse país. Depois de
investigação, a Comissão publica os resultados. Estas conclusões têm
grande força. Se a Comissão mantém as alegações, o Estado deve tomar
medidas para remediar o abuso.

DOCUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS SUBSEQUENTES

Em adição aos pactos contidos na Carta Internacional dos Direitos


Humanos, as Nações Unidas adotaram mais de vinte tratados principais
elaborando ainda mais os direitos humanos. Estes incluem tratados para
prevenir e proibir abusos específicos tais como tortura e genocídio e para
proteger populações vulneráveis específicas tais como refugiados
(Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951), mulheres
(Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra as Mulheres, 1979), e crianças (Convenção sobre os Direitos da
Criança, 1989). Outros tratados cobrem a discriminação racial, a
prevenção de genocídio, os direitos políticos de mulheres, proibição de
escravidão e tortura.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 23


Cada um destes tratados estabeleceu uma comissão de peritos para
regular a implementação das disposições do tratado pelos seus estados
constituintes.

CONVENÇÃO EUROPEIA DOS DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos do Homem serviu como inspiração


para a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, um dos mais
significativos acordos na Comunidade Europeia. A Convenção foi adotada
em 1953 pelo Conselho da Europa, uma organização intergovernamental
estabelecida em 1949 e composta de quarenta e sete Estados Membros
da Comunidade Europeia. Este corpo foi formado para reforçar os direitos
humanos e promover a democracia e o estado de direito.

A Convenção é feita cumprir através do Tribunal Europeu de Direitos


Humanos em Estrasburgo, França. Qualquer pessoa que afirme ser vítima
de uma violação em qualquer um dos países da Comunidade Europeia
que assinaram e ratificaram a Convenção poderá procurar ajuda no
Tribunal Europeu. A pessoa deve primeiro ter esgotado todos os recursos
no tribunal do seu país natal e ter apresentado um pedido no Tribunal
Europeu de Direitos Humanos em Estrasburgo.

INSTRUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS PARA AS AMÉRICAS,


ÁFRICA E ÁSIA

Na América do Norte e do Sul, África e Ásia, documentos regionais para a


proteção e promoção de direitos humanos estendem a Carta
Internacional de Direitos Humanos.

A Convenção Americana sobre Direitos Humanos pertence aos estados


interamericanos, as Américas, e entrou em vigor em 1978.

Os Estados Africanos criaram a sua própria Carta dos Direitos Humanos e


dos Povos (1981) e os Estados Muçulmanos criaram a Declaração dos
Direitos Humanos do Cairo no Islão (1990).

A Carta Asiática dos Direitos Humanos (1986) foi criada pela Comissão
Asiática dos Direitos Humanos, fundada nesse ano por um grupo de
juristas e ativistas de direitos humanos em Hong Kong. A Carta é descrita
como “uma carta do povo”, porque nenhuma carta governamental foi
emitida até ao momento.

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DOCUMENTOS DE DIREITOS HUMANOS

1.º Protocolo Opcional para o Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos adotado e aberto à assinatura, ratificação e adesão pela
Resolução da Assembleia Geral 2200A (XXI) de 16 de dezembro de 1966
entrada em vigor em 23 de março de 1976, nos termos do Artigo 9.º

2.º Protocolo Opcional para o Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos, com o objectivo da abolição da pena de morte adotado e
proclamado pela resolução da Assembleia Geral 44/128 de 15 de
dezembro de 1989

3.º Protocolo Opcional para o Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos adotado e aberto à assinatura, ratificação e adesão pela
Resolução da Assembleia Geral 2200A (XXI) de 16 de dezembro de 1966
entrada em vigor em 3 de março de 1976, nos termos do artigo 27.º

4.ª Convenção para a proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades


Fundamentais emendada pelo Protocolo N.º 11 e Protocolos N.º s 1, 4, 6,
7, 12 e 13

5.ª Carta Africana (Banjul) dos Direitos Humanos e dos Povos, (adotada
em 27 de junho de 1981, Doc. da OUA, rev. CAB/LEG/67/3 5, 21 ILM 58
[1982], que entrou em vigor a 21 de outubro de 1986)

6.ª Convenção Americana dos Direitos Humanos, Tratado O.A.S. Série N.º
36, 1144 UNTS 123, entrou em vigor a 18 de julho, 1978, reimpresso em
Documentos Básicos como Matéria de Direitos Humanos no Sistema
Interamericano, OEA/Ser. LV/II.82 doc. 6 rev. 1 em 25 (1992)

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 25


VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS
Os promotores dos direitos humanos estão de acordo em que, anos depois
da sua emissão, a Declaração Universal dos Direitos do Homem ainda é
mais um sonho que uma realidade. Existem violações da mesma em
qualquer parte do mundo. Por exemplo, o Relatório Mundial de 2009 da
Amnistia Internacional, Relatório Mundial e de outras fontes mostram que
os indivíduos são:

 Torturadas ou maltratadas em pelo menos 81 países


 Enfrentam julgamentos injustos em pelo menos 54 países
 A sua liberdade de expressão é restringida em pelo menos 77
países

As mulheres e as crianças, em especial, são marginalizadas de muitas


formas, a imprensa não é livre em muitos países e os dissidentes são
silenciados, com frequência de forma permanente. Ainda que tenham sido
conseguidas algumas vitórias em 6 décadas, as violações dos direitos
humanos ainda são uma praga no nosso mundo atual.

Para ajudar a informar da situação real em todo o mundo, esta secção


fornece exemplos de violações dos seis artigos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos (UDHR):

ARTIGO 3.º — O DIREITO À VIDA

“Todos têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”

Estima–se que 6500 pessoas foram mortas em combate armado no


Afeganistão em 2007, quase a metade delas foram mortes de civis não
combatentes nas mãos de insurgentes. Centenas de civis também foram
mortos em ataques suicidas por grupos armados.

No Brasil em 2007, conforme os números oficiais a polícia matou pelo


menos 1260 pessoas, o total mais elevado até à data. Todos os incidentes
foram qualificados oficialmente como “atos de resistência” e receberam
pouca ou nenhuma investigação.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 26


No Uganda, 1500 pessoas morrem a cada semana nos acampamentos de
pessoas internamente refugiadas. De acordo com a Organização Mundial
da Saúde, 500.000 morreram nestes acampamentos.

As autoridades vietnamitas levaram à força pelo menos 75.000


dependentes de drogas e prostitutas para 71 acampamentos de
“reabilitação” superlotados, qualificando os detidos como “de alto risco” de
contrair HIV/SIDA, mas sem prover nenhum tratamento.

ARTIGO 4.º — NÃO À ESCRAVIDÃO

“Ninguém deverá ser mantido em escravidão ou trabalho forçado; a


escravidão e o comércio de escravos foram proibidos em todas as suas
formas.”

No Uganda do norte, as guerrilhas do LRA (sigla do inglês de Lord’s


Resistance Army que em português significa Exército da Resistência do
Senhor) sequestraram 20.000 crianças nos últimos anos e forçaram–nas a
servir como soldados ou como escravos sexuais do exército.

Na Guiné–Bissau, traficam–se crianças tão jovens como de 5 anos tirando–


as do país para trabalhar em campos de algodão no Senegal do sul ou
como mendigos na capital. No Gana, crianças de 5 a 14 anos são enganadas
com falsas promessas de educação e futuro para trabalhos perigosos, e
sem remuneração na indústria pesqueira.

Na Ásia, o Japão é o maior país–destino para mulheres traficadas,


especialmente mulheres oriundas das Filipinas e Tailândia. A UNICEF estima
que hajam 60.000 crianças na prostituição nas Filipinas.

O Departamento de Estado dos EUA estima que entre 600.000 a 820.000


homens, mulheres e crianças são traficados nas fronteiras internacionais
todos os anos, metade dos quais são menores e incluindo um número
recorde de mulheres e crianças a fugir do Iraque. Em quase todos os países,
incluindo Canadá, EUA e Reino Unido o exílio ou a perseguição são as
respostas usuais do governo, sem nenhum serviço de ajuda para as vítimas.

Na República Dominicana as operações de um bando de tráfico de pessoas


levou à morte por asfixia de 25 trabalhadores emigrantes haitianos. Em
2007, dois civis e dois oficiais militares receberam sentenças de prisão
indulgentes pela sua participação na operação.

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Na Somália em 2007 mais de 1400 etíopes e somalienses deslocados
morreram no mar em operações de tráfico de pessoas.

ARTIGO 5.º — NÃO À TORTURA

“Ninguém deverá ser submetido à tortura ou a tratamento ou castigo cruel,


desumano ou degradante.”

Em 2008, as autoridades dos EUA continuaram a manter 270 prisioneiros


na Baía de Guantánamo, Cuba, sem acusação ou julgamento, sujeitos a
"water–boarding," uma tortura que simula o afogamento. O antigo
Presidente, George W. Bush, autorizou a CIA a continuar com a detenção e
interrogação secretas, apesar das mesmas violarem a le internacional.

Em Darfur a violência, as atrocidades e o sequestro são predominantes, e a


ajuda externa está praticamente cortada. Em especial as mulheres são
vítimas de ataques incessantes, com mais de 200 violações na vizinhança
de um acampamento de pessoas refugiadas num período de 5 semanas
sem nenhum esforço por parte das autoridades para castigar os autores.

Na República Democrática do Congo serviços de segurança do governo e


grupos armados cometem rotineiramente atos de tortura e maltrato,
incluindo espancamentos contínuos, facadas e violação dos que estão
detidos por eles. Os detidos são mantidos incomunicáveis, às vezes em
lugares de detenção secretos. Em 2007 a Guarda Republicana (guarda
presidencial) e a divisão de polícia de Serviços Especiais em Kinshasa
deteve e torturou arbitrariamente numerosas pessoas qualificadas como
críticas do governo.

ARTIGO 13.º — LIBERDADE DE MOVIMENTO

“1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua


residência no interior de um Estado.

“2. Todos têm o direito a abandonar qualquer país, incluindo o seu próprio,
e de voltar a seu país.

Na Argélia, refugiados e pessoas em procura de asilo foram vítimas


frequentes de detenção, expulsão ou maus tratos. 28 pessoas de países
africanos subsaarianos com status oficial de refugiados por parte do Alto

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM E OUTROS CONCEITOS CHAVE P á g i n a | 28


Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) foram
deportados para o Mali após serem falsamente julgados, sem um
advogado ou intérprete, sob acusações de entrar ilegalmente na Algéria.
Foram largados numa cidade do deserto, sem comida, água nem ajuda
médica onde estava ativo um grupo armado Mali.

No Quénia as autoridades violaram a lei internacional de refugiados


quando fecharam a fronteira a milhares de pessoas que fugiam do conflito
armado na Somália. Os que procuravam asilo foram detidos ilegalmente na
fronteira do Quénia, sem acusações ou julgamento e foram devolvidos à
força para a Somália.

No norte do Uganda, 1,6 milhões de cidadãos permaneceram em campos


de deslocados. Na sub–região de Acholi, a área mais afectada pelo conflito
armado, 63 porcento dos 1.1 milhões de pessoas deslocadas em 2005 ainda
viviam em campos em 2007, com apenas 7.000 que regressaram
definitivamente aos seus lugares de origem.

ARTIGO 18.º — LIBERDADE DE PENSAMENTO

“Todos têm liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito


inclui a liberdade de mudar a sua religião ou crença e a liberdade de
manifestar a sua religião ou crença no ensino, na prática, no culto e no
cumprimento, quer seja só ou em comunidade com outros e em público
ou em privado.”

Em Myanmar o conselho militar esmagou manifestações pacíficas


conduzidas por monges, fez buscas e fechou mosteiros, confiscou e
destruiu propriedade, disparou, golpeou e deteve manifestantes e acossou
e deteve como reféns amigos e familiares dos manifestantes.

Na China os praticantes de Falun Gong foram escolhidos para tortura e


outros maus tratos enquanto estavam em detenção. Os cristãos foram
perseguidos por praticarem a sua religião fora dos canais aprovados pelo
Estado.

No Cazaquistão, as autoridades locais numa comunidade perto de Almaty


autorizaram a destruição de 12 lares, todos pertencentes a membros de
Hare Krishna, alegando falsamente que o terreno em que tinham sido
construídas as casas tinham sido adquiridos ilegalmente. Só foram
destruídos lares pertencentes a membros da comunidade Hare Krishna.

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ARTIGO 19.º — LIBERDADE DE EXPRESSÃO

“Todos têm o direito à liberdade de opinião e de expressão. Este direito


inclui a liberdade para ter opiniões sem interferência e para procurar,
receber e dar informação e ideias através de qualquer meio de
comunicação e sem importar as fronteiras.”

No Sudão, dezenas de defensores dos direitos humanos foram presos e


torturados pelos serviços secretos nacionais e forças de segurança.

Na Etiópia, dois proeminentes defensores dos direitos humanos foram


condenados por falsas acusações e sentenciados a quase três anos na
prisão.

Na Somália foi assassinado um proeminente defensor dos direitos


humanos.

Na República Democrática do Congo o governo ataca e ameaça os


defensores dos direitos humanos e restringe a liberdade de expressão e de
associação. Em 2007, disposições do ato de Imprensa de 2004 foram
usadas pelo governo para censurar os jornais e limitar a liberdade de
expressão.

A Rússia reprimiu a dissidência política, exerceu pressão sobre meios de


comunicação independentes ou fechou e perseguiu organizações não
governamentais. Manifestações públicas pacíficas foram dispersadas à
força e advogados, defensores dos direitos humanos e jornalistas foram
ameaçados e atacados. Desde o ano 2000, os assassinatos de 17 jornalistas,
todos críticos das políticas e acções do governo, ainda permanecem por
resolver.

No Iraque, pelo menos 37 empregados iraquianos das redes de meios de


comunicação foram assassinados em 2008 e um total de 235 desde a
invasão de março de 2003, o que faz do Iraque o lugar mais perigoso do
mundo para os jornalistas.

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ARTIGO 21.º — DIREITO À DEMOCRACIA

“1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios
públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de
representantes livremente escolhidos.

“2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às


funções públicas do seu país.

“3. A vontade das pessoas será a base da autoridade do governo; esta


vontade será expressada em eleições periódicas e genuínas que serão
universais e de sufrágio igualitário e que serão realizadas mediante voto
secreto ou procedimentos de voto livre equivalentes.”

No Zimbabwe, centenas de defensores dos direitos humanos e membros


do principal partido opositor, o Movimento para a Mudança Democrática
(MCD), foram presos por participar de reuniões pacíficas.

No Paquistão, milhares de advogados, jornalistas, defensores dos direitos


humanos e ativistas políticos foram encarcerados por exigirem a
democracia, um Estado de Direito e um poder judicial independente.

Em Cuba, no final de 2007, continuavam presos 62 presos políticos pelos


seus pontos de vista políticos ou atividades não–violentas.

CONCLUSÃO
Os direitos humanos existem, tal como são expressados na Declaração
Universal dos Direitos do Homem e em todo o corpo da lei de direitos
humanos internacional. São reconhecidos pelo menos em princípio por
parte da maioria das nações e formam a essência de muitas constituições
nacionais. Não obstante a situação atual no mundo dista muito dos ideais
imaginados na Declaração.

Para alguns, a realização completa dos direitos humanos é uma meta


remota e inalcançável. Inclusive as leis de direitos humanos internacionais
são difíceis de impor, e seguir uma denúncia pode levar anos e custar uma
grande quantidade de dinheiro. Estas leis internacionais servem como
função de contenção, mas são insuficientes para prover uma proteção
adequada de direitos humanos, tal como evidencia a crua realidade dos
abusos perpetrados diariamente.

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A discriminação está a crescer por todo o mundo. Milhares estão na prisão
por dizerem as suas ideias. A tortura e a prisão por motivos políticos, com
frequência sem julgamento, são comuns, corriqueiras e são praticadas
inclusivé em alguns países democráticos.

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