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nas serrarias
Geralmente, serrarias apresentam riscos para a saúde do trabalhador que são inerentes à
indústria em geral, porém numa proporção muito maior devido ao uso e operação de
equipamentos que oferecem perigo mais elevado.
Condições de usinagem não apropriadas, não proteção das partes móveis da máquina,
estado precário de afiação e falta de dispositivos de segurança em caso de algum
problema são alguns dos riscos que podem colocar em risco a integridade e segurança
do operador, deixando-o mais sujeito aos acidentes.
Para solucionar tais riscos, toda indústria madeireira, principalmente as serrarias, deve
ter planos de ação para manter total conformidade das suas atividades, máquinas e
equipamentos junto à NR12.
Entre as ações mais importantes de adequação, podemos citar:
A serra circular de bancada é um equipamento utilizado para cortar madeira de moldes para fôrmas e
escoramentos. Quase toda carpintaria de canteiro de obras possui esse equipamento, montado no próprio
local, de forma artesanal, em mesas de madeira sem um padrão definido, nem manual de uso,
manutenção e segurança – requisitos fundamentais para a operação segura. Devido aos problemas
decorrentes do seu uso, tanto a NR 12 como a NR 18 publicaram várias exigências normativas que
desencorajam o uso desse equipamento no Brasil.
Segundo Gianfranco Pampalon, auditor fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho, a serra circular de
bancada é considerada por médicos uma das maiores causadoras de amputação de mãos no Brasil. “O
trabalhador tem contato direto com o disco de corte, que tem serrilhas de pontas de ‘vídia’, material
extremamente duro que pode se desprender total ou parcialmente e atingir o operador, causando
ferimentos graves e até a morte”, alerta.
Existe também o risco de a madeira voltar no sentido do operador, quando há resistência ao corte, como
um nó. Por isso, as normas regulamentam apenas a utilização de madeiras que já passaram por
processos industriais, nunca brutas, roliças, porque são irregulares e se desprendem com facilidade.
Expedito Eloel Arena, sócio da franquia de locadoras Casa do Construtor, acrescenta que 15% dos
acidentes na construção civil são com serras circulares de bancada, envolvendo amputação de dedos e
mãos. “Esses acidentes dificilmente acontecem com os carpinteiros e marceneiros, especialistas no uso
desse equipamento. São mais comuns com pessoas inexperientes nessa área”, esclarece. Para Arena, a
tendência é que essa serra seja extinta dos canteiros de obras, porque além dos problemas de uso, hoje
as fôrmas e escoramentos não precisam ser produzidas no local.
“A tendência mundial é que as fôrmas pré-moldadas ocupem esse espaço. Os riscos no uso de alguns
equipamentos aliados à deficiência de mão de obra estimulam o canteiro de obras a funcionar como uma
montadora de componentes, ao invés da fabricação própria”, prevê.
INSTALAÇÃO E ERGONOMIA
De acordo com os especialistas, esses equipamentos devem ser instalados em locais protegidos de
intempéries, de queda de objetos e da presença de pessoas não autorizadas. A iluminação precisa ser
adequada e o piso limpo, liso e nivelado, garantindo total estabilidade da máquina.
A NR 18 exige proteção das lâmpadas na carpintaria, para evitar estragos causados pela movimentação
de peças de madeira. Entre as determinações, o local deve possuir extintor de incêndio, sinalização de
advertência e os EPIs adequados à operação, como protetor auricular, óculos de segurança, protetor
facial e proteção respiratória se não houver coletor de poeira na fonte geradora. Luvas não devem ser
utilizadas, pois podem enroscar no disco de corte.
“Além da bancada não customizada, existem os riscos na operação do corte de madeira, como projeção
de materiais, pó de serra, problemas ergonômicos posturais, de esforço e de movimentos repetitivos,
ruído intenso, vibração e perigo de ferimentos no disco de serra. Devido aos inúmeros riscos, as normas
devem ser rigorosas quanto a sua construção, manutenção e operação. A capacitação dos operadores
também é fundamental”, orienta Pampalon, que também é engenheiro civil e de segurança do trabalho.
FUNCIONAMENTO
É importante cumprir minimamente o que prescreve a NR 18 nas operações de corte de madeira com
serra circular de bancada. Pampalon e Arena são enfáticos nas recomendações de segurança, como
utilizar dispositivo empurrador de madeira para eliminar a possibilidade de contato das mãos do operador
com disco da serra circular, principalmente no trabalho com peças pequenas, além de usar guia de
alinhamento, proteção de correia do motor elétrico e aterramento elétrico.
Pampalon observa que muitas construtoras estão utilizando um outro equipamento, a serra circular
portátil, que atende aos requisitos de segurança da NR 12 e é mais segura. Mas o uso improvisado
aliado à falta de experiência dos operadores dá margem a novos riscos, e isso é preocupante.
“Infelizmente, a bancada dos empregadores do grupo tripartite, encarregado de atualizar a NR 18, não
aceitou as alterações propostas na norma sobre o uso da serra portátil e não existe previsão para essa
transformação. É uma pena, pois esse outro equipamento diminuiria muito a probabilidade de ocorrência
de acidentes de trabalho, além de aumentar a produtividade da obra”, lamenta o auditor fiscal.
MANUTENÇÃO
No caso da serra de corte de bancada, o motor é simples, com ou sem polia, e raramente gera
problemas, mas é preciso cuidado para acessar esse componente. Qualquer intervenção deve ser feita
com o equipamento desligado da corrente elétrica.
O disco deve ser adequado ao tipo de madeira cortada, mantido afiado e travado. “A substituição é feita
quando apresenta trincas, dentes quebrados, empenamentos ou em qualquer outra condição
recomendada pelo fabricante”, orienta Pampalon.
Arena acrescenta que os discos afiados puxam a madeira para o corte com mais facilidade. “Quando é
necessário empurrar a madeira para a serra, é sinal de que o disco não está amolado. Dessa forma, ele
queima a madeira ao invés de cortá-la e precisa ser substituído. O ideal é ter sempre um disco reserva,
em boas condições de uso, para eventual substituição”, diz ele. A lubrificação e a manutenção periódica
desse equipamento são realizadas em intervalo normal, estabelecido pelo fabricante.
Leia também:
COLABORAÇÃO TÉCNICA:
Gianfranco Pampalon, auditor fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho
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