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11.

Karl Marx
11.7. Reprodução e acumulação do Capital
11.7.1. Acumulação primitiva e reprodução do
capital
11.7.2. Inversão das leis de apropriação
11.7.3. Crítica das teorias da acumulação, da
abstinência e do fundo de salários
11.7.4. Determinantes do volume da acumulação
11.7.5. A lei geral da acumulação

1
11.7. Reprodução e acumulação do Capital
● a produção de mais-valia é produção de capital
● os elementos do capital precisam ser fornecidos
pela própria produção capitalista, seja para
manutenção da escala (reprodução simples), seja
para sua ampliação (reprodução ampliada)
● reprodução ampliada = acumulação de capital,
transformação de mais-valia em capital

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● a reprodução simples é um pressuposto (um
momento) da reprodução ampliada, sendo esta o
estado normal da produção capitalista

● desenvolvimento da produção capitalista torna a


acumulação uma necessidade
- impulso inerente à relação capital (contínua
expansão) impõem-se como lei coercitiva externa
através da concorrência
- para conservar seu capital, o capitalista têm que
ampliá-lo
- expansão do capital é o móvel da ação do
capitalista, que é a personificação do capital

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11.7.1. Acumulação primitiva e reprodução do
capital
● Marx contesta os economistas quanto às origens
(trabalho frugal) do capital, com dois argumentos:
- análise (histórica) da gênese (dos elementos
constitutivos) do modo de produção capitalista na
Inglaterra (cap. 24, A assim chamada acumulação
primitiva)
- análise (lógica) da mera reprodução simples de um
capital original

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● a “acumulação primitiva” (prévia e violenta)
corresponde a uma fase prévia ao estabelecimento
do capitalismo industrial (sécs. XV a XVIII)
- nesse processo, transcorre a separação entre força
de trabalho e meios de produção (fundamento
absoluto do capital) e acumulação de grande massa
de capital (comércio) que alavancará a produção
capitalista
- comparecem elementos de coerção extra-econômica
e não-equivalência nas trocas: expulsão dos
camponeses, leis de obrigação ao trabalho, comércio
com trocas desiguais, protecionismo, fraude, dívida
pública, colonialismo, escravismo)

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- seu desdobramento conduz à Revolução Industrial,
pela qual se estabelece o “modo de produção
especificamente capitalista” (regula-se
automaticamente, supera àquelas práticas)
- gênese de elementos do modo de produção capitalista
ocorre de modo diverso em cada contexto histórico e local
● análise da reprodução simples, considerando a
mera repetição da circulação do capital, evidencia
novos aspectos da relação-capital
- Marx supõe aqui que o capital encontra mercado
para suas vendas e que também encontra disponíveis
para comprar os valores de uso de reposição

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- capital industrial é o primeiro proprietário da MV e
por enquanto abstrai-se sua repartição em outras
formas

● na reprodução simples, o capital obtém uma mais-


valia que é inteiramente despendida como renda
(consumo)

D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’
1000 {900; 100} 1200 1200

∆D = 200 sendo integralmente consumida


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- ao final do processo, o trabalhador e o capitalista se
encontram nas mesmas condições iniciais
- o capital reinicia o processo com valor de 1000;
parte desse valor foi transferido dos MP e parte é
valor novo criado pelo trabalho

● reprodução do capital é reprodução da relação


social em que FT e MP estão separados
● em cinco anos, todo o capital original terá sido
consumido e o capital reposto é integralmente mais-
valia acumulada, obtido sem equivalente

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● o próprio trabalhador produz seu salário (não há um
“fundo” fixo)
- trabalhadores como classe produzem seus meios de
subsistência, produzem o capital que lhes emprega e
explora sucessivamente
● valor pago a FT (continuamente reposto) permitem
manutenção das suas potências para servir ao capital
- este ganha com a parte não paga e com a parte
paga do trabalho, pois esta permite a reprodução da
classe (um “insumo” do capital)

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11.7.2. Inversão das leis de apropriação
● considerando a reprodução ampliada (acumulação),
Marx quer mostrar que ela implica uma inversão nas
leis de apropriação da produção de mercadorias
(trabalho como fundamento da apropriação,
equivalência nas trocas)
- a acumulação de capital inverte essas leis de
apropriação, sem suprimir sua manutenção aparente

● ilustração do argumento:
- capitalista compra FT por seu valor (equivalência)

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- a FT cria mais-valia, que é transformada em novo
capital
- capitalista contrata novos trabalhadores, pagando a
FT pelo seu valor (equivalência)
- porém, na transação de contratação de novos
trabalhadores, o que ocorre é: o capitalista compra
mais trabalho vivo trocando por trabalho não-pago
(que o trabalhador tem que repor com uma nova MV)

● a troca de equivalentes, que regula cada transação


particular, é preservada como mera aparência que
oculta a exploração (conteúdo da relação)

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● a propriedade converte-se:
- para o capitalista, em direito de apropriar-se de
trabalho alheio não-pago
- para o trabalhador, na impossibilidade de apropriar-
se dos frutos do seu trabalho
● a inversão, que resulta do próprio desenvolvimento
das leis da produção de mercadorias, consiste em que,
a proposição original:
Trabalho (próprio)  Propriedade (Riqueza)
se inverte em:
Propriedade (Riqueza)  Trabalho (alheio, não-pago)

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- para apropriar-se da riqueza socialmente produzida,
basta já ter riqueza
● essa inversão é o resultado da separação (original)
entre propriedade (MP) e trabalho (FT), que é reposta
pela relação
- resultado inevitável, portanto, da transformação da
FT em mercadoria
● acumulação de capital é um processo em espiral
crescente: valor do capital original (ele mesmo
reposto por mais-valia) torna-se insignificante frente à
massa do novo capital (integralmente formado por
trabalho não-pago, mais-valia)

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● querer preservar as leis da propriedade de
mercadorias sem sua inversão, isto é, querer a
produção de mercadorias sem a produção
assalariada (Proudhon) é rejeitar a evidência histórica
do desenvolvimento da produção de mercadorias
(que só ocorreu com o trabalho assalariado, o capital)

● a inversão das leis de apropriação significa que a


igualdade dos trabalhos não pode ser o critério
legítimo (racional) de apropriação da riqueza social

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- se na produção da riqueza social, o trabalho é o
fundamento, na apropriação, deve prevalecer a
igualdade dos capitais
- em vista disso, Marx irá separar completamente a
produção de valor da apropriação de valor
- a igualdade entre os capitais implica que a
apropriação de mais-valia deve ser proporcional ao
montante do capital total (não apenas do capital
variável, que a produz)

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11.7.3. Crítica das teorias da acumulação, da
abstinência e do fundo de salários

O Capital, L.1 (t.2), cap. 22, partes


2. Concepção errônea da reprodução em escala
ampliada por parte da Economia Política
3. Repartição da mais-valia em capital e renda. A
teoria da abstinência
5. O assim chamado fundo de trabalho

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11.7.4. Determinantes do volume da acumulação
● volume da acumulação depende da repartição da
mais-valia entre capital e renda
● dada essa repartição, o volume da acumulação
depende da grandeza da massa de mais-valia e,
assim, a acumulação é diretamente proporcional a
tudo que aumenta a massa de mais-valia:
● grau de exploração da força de trabalho
- métodos da mais-valia absoluta: extensão e
intensidade da jornada (mesmo cap.constante)
- redução dos salários abaixo do valor da FT

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● produtividade do trabalho (cresce a massa física do
produto excedente)
- mesma massa de valor em mais máquinas, maior
emprego de trabalho vivo
- capital variável movimenta mais trabalho (graças ao
barateamento da FT)
(acumulação pode crescer com maiores salários,
reais ou em valor, e maior consumo do capitalista, em
bens)
- maior produtividade reage sobre capital aplicado,
que é liberado
- aplicação da ciência e da técnica potencializam a
acumulação, qualquer que seja a grandeza do capital

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● diferença crescente entre capital aplicado e
consumido
- há um “serviço gratuito” do trabalho morto – entra
integralmente na formação do produto e apenas
parcialmente cede valor
● grandeza do capital adiantado

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11.7.5. A lei geral da acumulação
● Marx investiga como é o processo de acumulação e
quais suas conseqüências sobre a classe
trabalhadora (cap. 23)
- apresenta o conceito da composição orgânica do
capital, que tende a se elevar (com repercussão na lei
da queda tendencial da taxa de lucro)

● a composição do capital é a relação entre as partes


componentes do capital
- tem um duplo sentido, envolvendo três conceitos
diferentes

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- composição-valor: relação entre C e V
- composição-técnica: relação entre massa de MP e
trabalho vivo
- composição orgânica do capital: a relação entre C e
V, desde que determinada pela composição-técnica
- para Marx interessa a última (mudança técnica que
se expressa na relação de valor entre C e V)

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Acumulação capitalista com C/V estável
● crescimento do capital global crescimento
proporcional de V, cresce a demanda por FT e o
fundo de subsistência, com massa anual de mais-
valia é crescente
- embora reprodução ampliada do K seja também a
da classe trabalhadora, acumulação pode superar o
crescimento da FT (aos poucos ou bruscamente)
- ocorre elevação dos salários, da mais-valia gerada e
transformada em capital, retorna parcela maior em V:
condições favoráveis aos trabalhadores, dependência
suportável (consumo, satisfações, pecúlio)

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● mantêm-se inalteradas as condições capitalistas,
mas FT só é vendável se mantém e valoriza o capital
- há um limite quantitativo à elevação dos salários:
diminuição do trabalho não-pago nunca chega a
ameaçar o sistema

● dois desdobramentos possíveis


- salários podem subir sem perturbar continuidade da
acumulação, se os capitais forem grandes, gerando
grandes massas MV

23
- ou acumulação se detém, em virtude da queda dos
lucros; então desaparece a causa do aumento salarial
e do decréscimo da acumulação

● o mecanismo do processo de produção capitalista


elimina os obstáculos
- primeiro, o aumento do capital tornou insuficiente a
FT explorável; depois, a diminuição da acumulação
torna excessiva a FT explorável
- os movimentos absolutos na acumulação refletem-
se como movimentos relativos da FT explorável -
parecem dever-se a movimentos próprios dessa

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● determinação dos salários resulta da acumulação, e
não de duas grandezas independentes (K e
população)

● a relação entre K, acumulação e taxa de salário, é


traduzida por Marx como relação entre duas
grandezas:

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∆K)
(∆ ∆V)
(∆
trabalho não-pago trabalho adicional (salários)
transformado em necessário para movimentar
K adicional capital adicional

trabalho não pago e trabalho pago


da mesma população trabalhadora

- nessa relação determina-se ritmo da acumulação,


que determina os salários

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- aumenta de um lado, pressiona aumento do outro,
que faz reduzir o primeiro, levando a redução do
segundo, que permite o aumento do primeiro, etc.

● elevação salarial fica confinada a limites que não


ameaçam os fundamentos do sistema e são
compatíveis com sua reprodução ampliada (basta
redução do ritmo)

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Acumulação capitalista com elevação de C/V
● composição orgânica tende a se elevar, porque se
eleva composição técnica (MP / T) ou da relação
(Trabalho Morto / Trabalho Vivo)
- a elevação da produtividade é causa e
conseqüência dessa elevação
- a partir de certo ponto da evolução do modo de
produção, quando postos os fundamentos gerais do
sistema de produção capitalista (grande indústria,
incorporação de progresso técnico ao capital), a
elevação da produtividade torna-se a maior alavanca
da acumulação

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● (MP / T) em elevação provoca e expressa maior
produtividade, reflete-se (em menor grau) na
composição valor (C / V) e nos preços
- o decréscimo de V é relativo a C, não absoluto (não
é redução salarial): ∆K exige relativamente menos FT
● acumulação leva ao modo de produção
especificamente capitalista: crescimento da
produtividade, maior escala, novos métodos,
produção acelerada de MV
- novos métodos reforçam acumulação (cumulatividade)

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● concentração de capital, da massa de meios de
produção nas mãos dos capitalistas
- vem junto com a acumulação, maiores e mais
capitalistas; é limitada pelo grau de crescimento do
capital social
- implica muitos capitais concorrendo, em
crescimento
fracionamento, surgimento de novos capitais (força
de repulsão)

● centralização de capital: concentração dos capitais


já constituídos (por sua atração)

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- expropriação de capitalista por capitalista, fusão de
capitais, não limitada pela acumulação
● concorrência leva à decadência dos capitais
menores, através dos ganhos de produtividade
(barateamento), que exigem escala mínima crescente
- sistema de crédito é mecanismo para centralização
- centralização reforça e acelera acumulação, acelera
revoluções na base técnica
- fim da livre concorrência, leva à concentração (no
final do século XIX, o capitalismo de livre
concorrência se transmuta em capitalismo de
competição monopolista)

31
● redução relativa de V é reforçada, pois nova base
técnica repercute sobre K já aplicado, que exige
menor massa de trabalho; absorve menos e repele
FT ocupada
- isso resulta na formação de uma superpopulação
relativa

Superpopulação e polarização da riqueza


● o modo de produção cria um excedente relativo de
população diante das necessidades de trabalho social
do sistema

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- capital atua sobre oferta e demanda de trabalho,
libera e absorve; a acumulação leva a formação de
um exército industrial de reserva
- uma sobra de FT para permitir movimento livre da
acumulação (crédito, novos ramos ou mercados,
ciclos)
- não lhe basta o crescimento natural da população
- o EIR é um resultado e uma condição da
acumulação

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● o exército industrial de reserva se apresenta de
várias formas
- líquida ou fluente: que flui entre empregos,
rotatividade natural; renovação; sobras setoriais;
tende a crescer
- latente: no campo ou outras formas não-capitalistas;
parcela de FT na iminência de ser expulsa por
mecanização
- estagnada: parcela ativa com ocupação irregular,
subemprego, trabalhadores a domicílio; têm jornadas
máximas e salários miseráveis; reservatório
inesgotável; cresce mais que o resto; depositário de
redundantes da grande indústria e agricultura

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- pauperismo: parcela em miséria absoluta, lúmpem;
aptos eventuamente absorvidos; menores órfãos e
indigentes; incapacitados e degradados, aleijados,
velhos, inaptos; é o asilo dos inválidos, um peso
morto (representa custo para a produção social)
- a produção dessa camada vem junto com a da
superpopulação em geral, que é condição da
produção capitalista

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● ilustração: composição e evolução no tempo do EIR

situação 1 situação 2

K prod
K prod
EIR EIR

f f l
FT
l
ativa e FT e
p ativa p

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● tendência da acumulação:
- quanto maior a riqueza social (capital funcionante e
∆K),
- maior a grandeza absoluta do proletariado e maior a
produtividade de seu trabalho
- maior o exército industrial de reserva
● o EIR cresce relativamente à FT ocupada, e dentro
dele cresce a parcela estagnada e ainda mais o
pauperismo
● esse resultado (lei da acumulação) expressa o
desenvolvimento da produtividade em bases

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capitalistas: uma massa crescente de MP é colocada
em ação por menos FT
- como são os MP que empregam os trabalhadores
quanto maior a produtividade do trabalho, maior a
pressão dos trabalhadores sobre os MP, mais
precária a condição de venda da FT, de existência
- métodos de ampliação da produtividade
(maquinaria)
trazem conseqüências para o trabalhador: um ser
parcial, apêndice da máquina, tormentos do trabalho;
um ser não pensante; vive para trabalhar e no
trabalho não se pertence

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- com acumulação de capital avançando, situação piora
para o trabalhador, qualquer que seja o salário

● Lei Geral da Acumulação:


- tendência da acumulação de capital de acumular
riqueza num pólo, fazer crescer o EIR e o
pauperismo, enquanto piora condição da FT ocupada
- acumulando no pólo oposto a miséria (tormento do
trabalho, ignorância, brutalização, degradação moral)

● essa proposição de Marx foi traduzida como a idéia


de que trabalhadores em geral tendem à miséria
absoluta (?)

39
11.8. As metamorfoses do capital
industrial e seu ciclo
11.8.1. Ciclo do capital monetário
11.8.2. Ciclo do capital produtivo
11.8.3. Ciclo do capital mercadoria
11.8.4. Unidade dos três ciclos
11.8.5. Taxa de lucro e rotação do capital

40
11.8. As metamorfoses do capital
industrial e seu ciclo

D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’. D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’

ciclo I
D ... D´ ciclo II P ... P´

ciclo III M´... M”

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● os ciclos são formas de circulação (ponto de partida
é reposto), que é vista sob diferentes ângulos
- cada ciclo tem suas próprias determinações
- cada forma de capital também, cumpre funções
próprias, determinadas pelo ciclo
- circulação têm três estágios, nas formas capital-
dinheiro (D), capital-produtivo (P) e capital-
mercadoria (M), em que o valor cumpre funções do
capital
● conceito do capital industrial: aquele que assume
as três formas, realiza processo produtivo

42
- o único que produz mais-valia (lucro industrial),
difere do capital comercial e do capital financeiro
- implica a exploração capitalista da produção

● posteriormente, as formas K-mercadoria e K-


dinheiro se autonomizam, tornam-se ramos
específicos de negócio, ao lado do capital industrial

11.8.1. Ciclo do capital monetário


● é um ciclo completo de negócios para um capital:
em dinheiro, está pronto para qualquer outro negócio

43
- D – FT é momento característico, crucial para que o
valor seja K; pressupõe FT como mercadoria e
portanto a existência de classes; pressupõe mercado
capitalista, porque FT realiza FT – D – M
- P: tem função de unir MP e FT para produção de
maior valor (processo de valorização); produção
interrompe circulação, é meio de valorização, é
metamorfose real
- M’ (contém M e m): é forma de existência capitalista
da mercadoria, é capital valorizado, qualquer que seja
M (circula igual, não se revela que é K)
- função M’- D’ é própria da mercadoria: ser vendida
no mercado (maior ou menor tempo, tudo?)

44
- conexão com o ciclo é que evidencia o caráter de
capital, porque M’> P
- superprodução de mercadorias é superacumulação
de capital
- D’ (contém D e d) é o capital realizado como valor
que se expandiu, resultado de P; D é causa, d o
efeito; é expressão irracional da valorização, pois não
indica origem, apaga a diferença
● nesse ciclo, a valorização aparece como objetivo, o
acento está em D ... D´

45
- é a visão mais unilateral da produção capitalista, e
corresponde ao mercantilismo (consumo é externo,
somente o consumo produtivo aparece)

11.8.2. Ciclo do capital produtivo

P . . . M’ — D’ — M . . . P’
ou M — D — M ... P
m — d — m (b.consumo)
P ... P’ expressa a acumulação

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● aqui a circulação aparece como meio da
reprodução periódica, meio de reposição das
condições de produção
- corresponde à ótica clássica (P ... P’), que abstrai a
forma social da produção e ignora problemas da
circulação
- reprodução simples ou ampliada? depende da cisão
ou não de D’

● o processo de circulação M’ — D’ — M
- implica o atacadista, para ser breve; riscos de
paralisação (implicam todo o capital)

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- essa é a forma da circulação simples de
mercadorias
- representa a ótica dos “economistas vulgares”, que
tratam a produção capitalista como se fosse produção
mercantil de valores de uso, para atender
necessidades, que regulariam OxD, sem
superprodução
- mas a escala é dada por P... P’, objetivo é produção
de MV que condiciona a escala crescente

● D – M é reconversão de P e não adiantamento

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- D cumpre funções passageira (meio de circulação)
ou tesouro, como capital monetário latente, d
reservado para atingir escala, fundo de reserva
- reserva para acumulação ou para enfrentar
mudanças de valor, perturbações (posteriormente, K
bancário)

● nesse ciclo, valorização aparece como


funcionamento renovado do capital produtivo, da
produção capitalista, como produção renovada de
mais-valia

49
11.8.3. Ciclo do capital mercadoria
M’ — D’ — M . . . P . . . M’ (M’’)

● M’ é produto do capital; valorização está dada no


ponto de partida, já é capital valorizado, diferente dos
ciclos anteriores, indica a circulação do capital já
realizado
- circulação global da produção inaugura o ciclo, inclui
M e m, pois M’= VP = C + V + MV
- forma adequada para representar o capital social
(soma dos capitais individuais), trata-se da ótica da
reprodução (do Quadro de Quesnay)

50
- o consumo do produto mercadoria total é
pressuposto, transparecem o consumo produtivo, ou
o individual, como atos sociais
- M’... M’ pressupõe outros capitais dentro de seu
ciclo, aponta para além de si mesmo

● formas de ciclo II e III são incompletas, implicam


continuidade, não terminam com D

11.8.4. Unidade dos três ciclos


● o capital está em todas as formas de existência (D,
P, M’) e de ciclo, simultaneamente

51
- sua existência distinta é meramente formal, quando
se considera a repetição; o valor-capital não circula
em bloco
● o verdadeiro ciclo do capital industrial é unidade
entre produção e circulação; unidade entre as três
formas de circulação
- que não podem ser interrompidas por qualquer
fração, pois uma parte parada bloqueia o resto
- só na unidade dos 3 ciclos (existência efetiva de
todos) é que se realiza a continuidade do movimento
● a valorização está presente nas três formas:
- no ciclo I, aparece como objetivo expresso na forma

52
- no ciclo II, começa e termina com a valorização, é
reposta
- no ciclo III, começa e conclui com capital valorizado
● capital é valor em movimento, com 3 estágios de
movimento, 3 formas de existência
- o movimento do capital industrial é a autonomização
do valor em ação
- nesse movimento, o capital aparece como grandeza
mutante, comparável a si mesmo: sujeito autônomo
de um processo de circulação contínua em que se
autovaloriza

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- atesta a existência do valor como substância em
movimento, independente do valor de troca
- com suas próprias leis, autônomas em relação à FT
(subordinada)
● produção capitalista tem de seguir circulação
contínua, superando eventuais revoluções de valor
(queda ou subida), nas quais se revela a
autonomização do valor, às costas dos capitais
individuais, que podem sucumbir
● circulação do capital é diferente da circulação
simples de mercadorias, devido à escala, às
conexões internas e propósitos

54
11.8.5. Taxa de lucro e rotação do capital
● o tempo de rotação do capital industrial
corresponde ao tempo em que se gera um produto
para a venda
- retorna integralmente o capital circulante (capital
variável mais capital constante consumido)
- retorna parcialmente o capital fixo
- tempo de rotação =
= tempo de produção + tempo de circulação
● o capital somente produz mais-valia na forma P

55
- quanto mais tempo permanecer nessa função e não
nas demais, maior a massa de mais-valia por unidade
de capital

● quanto maior o tempo de rotação, maior deverá ser


o capital adiantado para gerar a mesma massa de
mais-valia anual, e menor será a taxa de lucro
- ou: quanto menor o tempo de rotação (e maior o
número de rotações anuais), mais rápido retorna o
capital para gerar nova mais-valia (gera maior mais-
valia anual) e maior a taxa de lucro

56
● a taxa de lucro (anual) é dada então pela
expressão:

MV MV
L’= ou L’=
C+V K
sendo MV = L e MV = mv’ . V . nr e
V = v . nt

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11.9. Preços e distribuição da mais-valia
11.9.1. Concorrência e pluralidade dos capitais
11.9.2. Preço de custo, lucro industrial e preço de
produção
11.9.3. Equalização por ramos e diferenciação intra-
ramo das taxas de lucro
11.9.4. Lucro comercial, renda da terra e juros
11.9.5. Capital financeiro, capital fictício e valorização
fictícia

58
11.10. Queda da taxa de lucro
e crises econômicas
11.10.1. Tendência a queda da taxa de lucro e
causas contrariantes
11.10.2. Reprodução do capital social, ciclos e
crises econômicas

11.11. Tendências do desenvolvimento do


capital

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11.9. Preços e distribuição da mais-valia
● após tratar da produção do capital (livro I) e de sua
circulação no mercado (livro II), o livro III de O Capital
é um “ponto de chegada” (concreção) da teoria de
Marx, pois
- as determinações da análise do capital em geral (na
sua relação interna com o trabalho) devem ser
complementadas com as determinações da
concorrência, da pluralidade dos capitais
- faz-se uma aproximação da realidade efetiva,
aparente, e de suas categorias, tais como percebidas
pela consciência dos agentes (preço de custo, lucro,

60
lucro comercial, juro, rendas, taxa de lucro, preço
efetivo)
- faltariam ainda muitos passos para uma explicação
dos preços de mercado: Estado, fisco, moeda,
mercado mundial, estruturas de mercado, etc.

11.9.1. Concorrência e pluralidade dos capitais


● na economia de mercado, a produção de valor está
separada da apropriação (esta depende das vendas)

61
- de igual modo, na economia capitalista, essa
separação sanciona a separação entre trabalho e MP,
transformando as leis de apropriação (inversão)

● conforme a teoria do valor-trabalho:


- o trabalho é a base da vida material (criação de
valores de uso) e, no mercado, o valor de uso é
portador de valor
- valor: relação econômica que expressa uma forma
social específica da produção e distribuição dos
valores de uso

62
- valor regula produção e distribuição, as trocas:
apenas indiretamente, não diretamente (valor de
troca)

● a suposição valor = preço é compatível com a


igualdade dos trabalhos, porém isso é uma norma de
apropriação inadequada para a produção capitalista:
- dois capitais (ramos) de valor igual, c/ mv’ de 100%

60c + 40v + 40mv = 140vp; tx lucro: 40%


40c + 60v + 60mv = 160vp; tx lucro: 60%

63
- as taxas de lucro seriam distintas, o que é
incompatível com a concorrência capitalista e seu
critério de apropriação
- igualdade dos trabalhos como norma de troca
provocaria também que a propriedade não implica
renda
- porém, a inversão das leis de apropriação implica
que essa norma deve ser estendida a toda economia

● para desenvolver as determinações que resultam


da concorrência, é preciso abordar as categorias
aparentes e realizar (teoricamente):
- a transformação da mais-valia em lucro

64
- a transformação da taxa de mais-valia em taxa de
lucro
- a transformação de preços proporcionais as
quantidades de trabalho (preços diretos = valores) em
preços de produção (que garantem igual taxa de lucro
para os ramos da indústria)

11.9.2. Preço de custo, lucro industrial


e preço de produção
● gastos de capital constante e de capital variável
contam igualmente como custo da produção
- preço de custo tende a ser percebido pelo capitalista

65
industrial como o “valor intrínseco” da mercadoria
- excedente obtido sobre esse preço de custo é o
lucro
- excedente ocorre com a venda acima dos custos e
parece provir da venda da mercadoria acima de seu
valor (parece ter origem na circulação e não na
produção)

66
ótica da produção efetiva de valor:
p = c + ( v + mv )

ótica do capitalista: p=k+l


ou p=(c+v) +l
onde “k” é o preço de custo e “ l ” o lucro

● categoria do preço de custo ( k = c + v ) não é uma


categoria da produção de valor, mas uma categoria
do mundo das aparências

67
- para o capitalista, os custos de capital constante e
variável têm incidência real igual para o seu bolso
- o preço de custo representa um limite mínimo para o
preço de venda, pois a recuperação desse valor
garante pelo menos a reposição dos elementos da
produção
- autonomização do preço de custo: sua recuperação
é aspecto sempre presente na consciência do
capitalista e sua contabilidade
- o preço de custo oculta a diferença entre o que
ocorre com “c” (manutenção de valor) e o que ocorre
com “v” (expansão de valor) no processo de produção
de valor

68
● a diferença entre lucro e mais-valia aqui ainda é
meramente qualitativa (valor criado por trabalho não-
pago versus valor excedente obtido pela venda acima
dos custos)
- é na luta concorrencial que se resolve grandeza do
lucro
- origem da mais-valia na exploração do trabalho fica
tanto mais oculta quanto a apropriação do lucro na
circulação depende também de outros fatores
- tão importante quanto explorar e obter o máximo do
trabalhador na produção, será a ação de cada
capitalista (firma), de seus esforços de negociação, de
obtenção de fontes mais baratas de insumos, de

69
diferenciação de seu produto, de conseguir as
melhores condições de venda, etc.

● se a explicação da mais-valia (ou lucro) não for


buscada na esfera da circulação, então o capitalista
observa que a origem de seu lucro não pode estar no
preço de custo, exatamente por constituir custo
(reposição de insumos e equipamentos; salário paga
“o trabalho”)
- considera que a explicação deve estar relacionada
com todo o capital, incluindo a parte (capital fixo) cujo
valor é muito superior à pequena proporção do
mesmo que é transferida para o produto

70
● na produção, o valor do produto não aparece aos
olhos dos agentes como fruto do trabalho
- o valor produzido, inclusive a mais-valia, surge
como um fruto de todo o capital aplicado; percepção
é coerente com a prática do capitalista e brota
necessariamente das relações de produção
- para poder explorar a força de trabalho é preciso
dispor de meios de produção, não basta contratar
trabalhadores, é preciso ser “capitalista por inteiro”
- a mais-valia aparece como um “descendente
imaginário” de todo o capital e, como tal, é chamada
de lucro

71
● a verdadeira origem da mais-valia encontra-se
oculta pelas relações de produção
- a produtividade aparece como um atributo do capital
- “capital” é então um “fetiche”, isto é, coisa
inanimada portadora de propriedades ocultas (a
propriedade de gerar mais valor) – mistificação
- esse fetiche não é mera ilusão ou consciência falsa,
pois na realidade efetiva é assim mesmo que as
coisas se apresentam
- lucro do capitalista será considerado em relação
com o capital global (taxa de lucro); para ele, a mais-
valia se origina por igual de todo o capital aplicado

72
- nas relações de concorrência no mercado, o lucro
será proporcional a todo o capital aplicado

● mistificação da noção de “produtividade do capital”


é coerente com:
- a aparência da produção capitalista
- as formas do progresso técnico capitalista
- a inversão das leis de apropriação

● a taxa de lucro também é uma categoria do mundo


dos fenômenos aparentes
- representa o que está dado aos olhos dos agentes da
produção: o lucro é o filhote de todo capital

73
- a taxa relaciona a origem do lucro (capital total),
com o seu resultado (o lucro), uma relação do capital
consigo mesmo
- o capital produz mais-valia durante seu movimento; a
cada rotação, o capital põe mais-valia: a taxa de lucro
representa essa realidade visível

74
11.9.3. Equalização por ramos e diferencia-ção
intra-ramo das taxas de lucro
● Marx criticou os economistas clássicos (Smith e
Ricardo, que formularam a teoria do valor-trabalho)
por incluírem imediatamente a taxa de lucro na
produção (formação) do valor, o que provoca
problemas lógicos
- em Ricardo, com a concorrência provocando taxas
de lucro iguais nos diferentes ramos da produção, as
mercadorias não poderiam ser trocadas por valores
proporcionais as quantidades de trabalho

75
- quando houvesse mudanças na distribuição entre
salários e lucros (portanto, mudanças na taxa geral
de lucro), as proporções de troca iriam se alterar,
mesmo que não se alterassem as quantidades de
trabalho despendidas na produção
● para Marx, havia um impasse na teoria econômica:
- ao manter a teoria do valor-trabalho (fundamento
racional), tratou do lucro e da taxa de lucro
diretamente (como igual a mais-valia) - inconsistência
- ou, para explicar a aparência, abandonou a teoria
do valor trabalho

76
- solução de Marx: separar a produção de valor da
apropriação de valor

● abordagem de Marx contorna esse problema


- assim, de fato, quando as taxas de lucro dos
diferentes ramos forem as mesmas, as mercadorias
não poderão ser trocadas por preços proporcionais às
quantidades de trabalho
- serão trocadas por preços que garantam o lucro
médio aos capitais dos diferentes ramos (preços de
produção)

77
Equalização das taxas de lucro dos ramos
industriais
● supondo trocas pelos valores, a taxa de lucro seria
menor para o capital que emprega proporcionalmente
menos V e maior para os que empregam mais V
(trabalho)
- resultado das diferentes composições orgânicas
(C/V) que necessariamente têm esses capitais nas
diferentes indústrias (ramos)

78
● mas, na realidade, não existe nem poderia existir
essa diversidade de taxas de lucro na economia
capitalista:
- existência de diversos ramos, que atendem
necessidades sociais diversas, implica que todos eles
devem ser igualmente rentáveis, do contrário não
sobreviveriam
- para Marx (como para os clássicos e a teoria
econômica em geral) a concorrência impõe uma
TENDÊNCIA para o nivelamento das taxas de lucro
(formação de uma taxa geral de lucro) dos diversos
ramos capitalistas

79
- isso determina apropriação de mais-valia conforme
um lucro médio, igual para todos os capitais como
proporção de sua grandeza total
(C + V)
● na realidade, a concorrência entre os ramos
industriais TENDE a nivelar as taxas de lucro
setoriais, afetando os preços setoriais de modo que
as compras/vendas ocorram NÃO segundo os
valores, mas SIM por preços que facultam taxas de
lucro equalizadas
- assim, segundo Marx, a teoria do valor-trabalho
parece incompatível com os fatos

80
● concorrência inter-ramos (capital industrial):
processo dinâmico, pressupõe livre mobilidade do
capital; gera contínuos desequilíbrios e nivelamentos
- capitais fluem entre os ramos, buscando aqueles
que estão com maior lucratividade (papel do sistema
financeiro)
- processo dá origem a uma taxa geral de lucro (país)
- com uma mesma taxa de lucro, cada ramo não
vende seu produto por preços proporcionais aos
valores, mas sim por um preço que garante a
apropriação do lucro médio

81
- lucro médio é aquele que permite obter a taxa geral de
lucro; é aquele que em média cabe ao capital de um
dado ramo, com qualquer composição
- o preço que garante o lucro médio é o preço de
produção
● preço de produção: resulta da concorrência
- mesmo processo em que se forma a taxa geral de
lucro leva a formação dos preços de produção

82
pp = k + lm
preço de produção = preço de custo + lucro médio
- compare-se com a equação do preço em valor:
p = (c + v) + mv
preço[valor] = capital constante consumido
+ capital variável + mais-valia
onde k = (c + v), mas lm ≤ ≥ mv no ramo industrial

83
● Marx busca realizar teoricamente a
compatibilização da teoria do valor-trabalho com os
“fatos”; ele pretende:
- manter a quantidade de trabalho como fundamento
último do preço
- manter as conclusões da teoria desenvolvida para o
capital em geral (inclusive o trabalho como fonte da
mais-valia)
- explicar a taxa geral de lucro a partir dos valores
● Marx faz isso através de um exemplo numérico (um
modelo abstrato) que sustenta seus pontos de vista

84
- modelo: cada ramo é um capital médio tomado
como um 100; mesma taxa de mais-valia; V é um
índice de FT e MV produzida; mesmos tempos de
rotação (abstrai circulação e seus custos)
- sustenta precariamente, porque resulta incompleta a
consideração do intercâmbio conforme a igualdade
dos capitais (não alcança os preços de reposição de
C e V)

85
CAPITAIS INDUSTRIAIS (RAMOS) - FORMAÇÃO DA TAXA GERAL DE LUCRO E DOS PREÇOS DE PRODUÇÃO
( taxa de mais-valia = 100% )
Nº Capital Total Preço de Valor Taxa Lucro Preço de Dife-
Ramo de Todo o const. Custo = Mais- do lote de Médio Produção rença
Produção Capital C V cons. circulante Valia de M Lucro do lote entre pp
+ deprec (valor) e valor

I - b. duráveis cons. 100 80 20 50 70 20 90 20% 22 92 2


II - b. não duráveis 100 70 30 51 81 30 111 30% 22 103 -8
III - alimentos 100 60 40 51 91 40 131 40% 22 113 -18
IV - máq. equip. 100 85 15 40 55 15 70 15% 22 77 7
V - insumos ind. 100 95 5 10 15 5 20 5% 22 37 17
Soma 500 390 110 202 312 110 422 22% 110 422 0
Capital Médio 100 78 22 40,4 62,4 22 84,4 22% 22 84,4 0

86
● análise do quadro numérico:

- 5 ramos de produção, capitais médios em base 100,


cada ramo atende um quantum de necessidades
sociais diversas; fazem isso com diferente
composição
- geram massas diferentes de mais-valia; mais-valia é
social
- concorrência gera uma taxa geral de lucro (22%),
nivela a apropriação da mais-valia; há transferência
de mais-valia

87
- a taxa geral de lucro é derivada das taxas dos ramos
em valor e de seus pesos; determina-se no nível da
totalidade do sistema de produção de valor (mais valia
social global / capital social global)
- os diversos capitais participam da apropriação de
acordo com sua dimensão total
- os capitais com maior composição orgânica têm
maior produtividade (geração de produto/valor de uso
por hora de trabalho); atendem as necessidades
sociais com menor dispêndio de trabalho vivo, porque
possuem maior composição orgânica

88
- os capitais com maior produtividade apropriam-se
de MV de outros capitais com menor produtividade
(menor composição orgânica)
- para cada capital, é diferente a mais-valia que produz
e o lucro de que se apropria
- a transferência de valor/mais-valia nivela as taxas
de lucro; essa transferência não é evidente, não tem
existência física; ocorre mediante o processo de
formação dos preços
- soma dos preços = soma dos valores; soma do
lucro = soma mais-valia; significa que todo o valor
vendido no mercado (preços) tem origem no trabalho,

89
que todo o lucro obtido com a venda, tem origem na
mais-valia (trabalho não-pago)
- capitalistas em conjunto atuam como uma
sociedade anônima, participando da massa de mais-
valia social que produzem segundo sua dimensão
total
- transformação do valor em preço de produção; deve
ter continuidade para os insumos (preços de custo)
● movimentos dos capitais para obter o lucro médio
- desníveis de taxas de lucro entre ramos industriais
implica que preços de mercado diferem dos preços
de produção

90
- fluxos de entrada em ramos com lucro superior
(saída dos ramos de lucro inferior) afetam a oferta
(aumento ou redução)
- em confronto com a demanda, formam preços de
mercado abaixo ou acima do preço de produção,
sinalizando para novo movimento de ajuste dos capitais
- o preço de produção (forma transformada do valor)
é apresentado como eixo de variação do preço de
mercado
● a formação da taxa de lucro médio representa uma
igualação entre os capitais

91
- apropriação de valor (mais-valia) ocorre conforme
princípio diverso da produção de valor (conversão
das leis de propriedade fundadas no trabalho em seu
inverso – leis de apropriação capitalista)
- produção de valor transcorre baseada no trabalho
abstrato, a apropriação deriva da propriedade (não do
trabalho)
● a mais-valia transformada em lucro médio tem sua
origem negada
- origem é irreconhecível: a base da determinação do
valor e da mais-valia pelo trabalho desaparece da
vista

92
- o lucro médio é fixado de modo externo, depende da
concorrência (reforça a falsa consciência)
- ainda mais: a economia de trabalho (maior
produtividade) diminui os custos e aumenta o lucro
(dentro do ramo de produção, se os preços de venda
forem iguais)
- porém, ainda se vê que com menos emprego de
trabalho caem os custos e os preços, conforme prediz
a teoria do valor-trabalho

93
Diferenciação das taxas de lucro no ramo
industrial
● dentro de uma indústria (produto igual), a
concorrência tende a gerar um mesmo preço de
venda para os diferentes capitais
- os capitais particulares devem ter diferenças quanto
aos métodos de produção (composições diferentes)
- os capitais mais eficientes (mais produtivos)
tenderão a ter taxas de lucro maiores que os demais
- ao gerar-se um preço homogêneo, se estabelece
uma hierarquia de taxas de lucro; posições estão
sempre se alterando

94
● análise de Marx evidencia que há normalmente
grande diferenciação entre os capitais particulares
- diferenciação de técnicas é continuamente reposta
no processo de concorrência
- técnica produtiva que regula o valor de mercado
depende das condições da demanda, que repercutem
sobre as condições de lucratividade das diversas
técnicas disponíveis

95
11.9.4. Lucro comercial, renda da terra e juros
● são formas de rendimento sem relação aparente
com a exploração do trabalho
- para Marx elas decorrem de condições que
permitem um “intercâmbio desigual” de valores: o
valor é trocado por “nada”
- explicação geral: agentes (proprietários) se
encontram em posição de exigir parte da mais-valia
gerada pelo capital industrial
- trata de verificar como surge (explicação específica)
e como se comporta

96
● capital comercial e capital a juros são formas
precursoras do capital industrial (modo de produção
especificamente capitalista)
- em outros modos de produção, obtêm parcela do
excedente a partir de fontes social e historicamente
específicas

● o lucro comercial
- pertence aos capitais especializados em comprar e
vender (não produzem valor)
- o capital comercial (moderno) participa da
equalização das taxas de lucro e cumpre, com baixos

97
custos, funções necessárias à reprodução do capital
industrial
- compra da indústria por preços abaixo do preço de
produção; com diferenças preços, obtém parcela da
mais-valia que deve corresponder ao lucro médio
- trabalhadores do comércio não são produtivos, mas
estão na mesma condição dos trabalhadores
produtivos da indústria: são explorados para produzir
lucro médio para o capital comercial

● a renda da terra: decorre do monopólio


(propriedade) sobre recursos naturais (melhores ou

98
não) necessários à produção, o que permite exigir
pagamento de renda
- renda absoluta: confronta proprietários de terra com
capitalistas industriais enquanto classes
- monopólio implica que parcela da mais-valia deve
ser retida como renda e acrescida ao preço de
produção (que será mais elevado)
- é determinada por oferta e demanda por terras
(reflete a demanda pelos produtos que usam terra
como insumo)
- renda diferencial: interna ao setor agrícola, resulta
das capacidades diferenciais do solo

99
- diferenciais de produtividade são apropriados pelo
dono da terra; são socialmente construídos
- renda da terra é assimilada ao juro; capitalizada,
determina o preço da terra (capital fictício) (com
aumento da taxa de juros, cai o preço da terra)

● o juro: forma mais mistificada da mais-valia, parece


que D gera mais D por si mesmo: (D – D’)
- o capital postula a si mesmo (a mera condição de
propriedade) como valor capaz de se expandir per se,
como a pereira que produz peras

100
- sobre a base da separação entre propriedade (MP)
e trabalho (FT), essa capacidade existe, é o valor de
uso do capital, pelo qual se paga o juro
- é dedução da MV, um preço pago pelo aluguel de
capital-dinheiro, pelo capital enquanto mercadoria,
tendo em vista seu valor de uso
- valor de uso do dinheiro como capital: capacidade de
gerar mais dinheiro, sobre a base da separação entre
MP e FT
- taxa de juros é o preço de mercado do D enquanto
capital (depende da concorrência: oferta e demanda
de dinheiro)

101
- capacidade do capital deriva das relações de
propriedade

● generalização da aparência: todo valor (em


dinheiro) é potencialmente capital e o juro é um custo
de oportunidade da aplicação de capital (e também
pode ser um “custo de produção”)
- “exteriorização” da forma juro: taxa de juros se
impõe como um fato social, é socialmente válida
- capital se faz valer a si mesmo de uma forma
misteriosa, sem o menor traço do verdadeiro
processo de valorização

102
- isso dá origem ao “ganho empresarial”
(remuneração da função capitalista) separado da
remuneração da propriedade
- dá origem também a diversas formas de capital
fictício:
dado um rendimento e a taxa de juros, faz-se a
capitalização e “aparece” um capital que não é real
(valor de títulos financeiros, preço da terra, “capital
humano”)

● fonte dos juros geralmente está na mais-valia social


(deduções de lucros e rendas), mas pode estar nos
salários

103
● todas as formas derivadas de rendimento (renda da
terra, aluguéis e juros) se apresentam como custos
para os “capitais produtivos” (industriais e comerciais)
- isso aprofunda a inversão das categorias aparentes
frente ao processo de produção de valor e mais-valia

104
11.9.5. Capital financeiro, capital fictício
e valorização fictícia

● capital financeiro: organização autônoma do capital


a juros (em bancos ou S.A.s)
- bancos como intermediários financeiros e técnicos
- multiplicação dos valores de capital, através das
operações financeiras em cadeia

● autonomização do juro:
- formação de capital fictício
- formas de valorização financeira nos mercados de
títulos e ações

105
● capital e valorização fictícias são reais:
- constituem direitos socialmente válidos de
apropriação da riqueza social, desde que sejam
conversíveis em dinheiro
- riqueza financeira excede largamente o montante de
riqueza real (estoque e fluxos de produção material
denominada em dinheiro)
- nas crises, grande parte desse capital desaparece

106
11.10. Queda da taxa de lucro
e crises econômicas
● Marx viu o modo de produção capitalista como um
processo contraditório, o que se manifesta na forma
de crises econômicas, que se relacionam com:
- expansão da produção além do mercado
- valorização tende a ultrapassar possibilidades reais
- anarquia do mercado
- contradição entre capital e trabalho: disputa pela
apropriação do produto, pelo controle do processo de
produção  substituição de trabalho vivo por trabalho
morto (mecanização) e aumento da produtividade do

107
trabalho (contradição: o trabalho vivo é a fonte de
valorização)

11.10.1. Tendência a queda da taxa de lucro


e causas contrariantes
● assim como Smith e Ricardo, Marx considerava que
a produção capitalista estava sujeita a uma “lei da
queda tendencial da taxa de lucro”, mas sua
explicação é diferente
- a taxa geral de lucro tende a cair porque ocorre um
aumento da produtividade do trabalho
- está implícita uma queda da produtividade do capital

108
● a lei diz que a taxa geral de lucro (em valor,
considerando a MV social total) tende a cair, devido à
redução do trabalho vivo (TV = V + MV) em relação
ao trabalho morto (TM) no processo de produção

● para Marx, a dificuldade maior era explicar porque a


taxa de lucro não caia tão rapidamente como seria de
se esperar
- ele indicou várias “causas contrariantes” que afetam
a realização da lei, tornando-a apenas uma tendência

● a queda da taxa de lucro é “tendencial”:

109
- não está claro em Marx se isso significa uma queda
a longo prazo (tendência secular resultante do
balanço das forças de queda e de elevação) ou se as
causas contrariantes atuam constantemente
- como algumas causas contrariantes se originam no
mesmo processo que provoca a queda da taxa de
lucro (progresso técnico com mecanização), alguns
intérpretes de Marx entendem que a queda da taxa
de lucro é uma tendência latente, recorrente, cuja
realização depende das formas que assume o
progresso técnico

110
● segundo Marx, a queda da taxa de lucro é o
resultado necessário de certas tendências da
produção capitalista:
- acumulação transcorre com progresso técnico,
aumento da produtividade do trabalho, aumento da
composição técnica (MP/TV) do capital (poupa
trabalho vivo)
- isso aumenta a taxa de mais-valia (métodos da
mais-valia relativa), vale dizer, o barateamento da FT
muda a repartição do trabalho vivo entre V (pago) e
MV (não-pago)
- a mudança técnica implica um decréscimo relativo
de V na massa de capital novo que se acumula,

111
provoca aumento da composição orgânica do capital
(C/V) e da relação entre trabalho morto e trabalho
vivo (TM/TV)
- aumento absoluto de V, devido à extensão da esfera
produtiva capitalista; cresce a massa de mais-valia
total produzida (MV)

112
● condições para o aumento da relação (TM/TV):
- o argumento de Marx implica:

MP C
pdv
TV V

- o crescimento da produtividade é causa e


conseqüência da elevação da composição técnica, a
qual provoca um crescimento (menos que
proporcional) da composição-valor do capital

113
- se supusermos (abordagem moderna) que:
α
C = MP.α e ω
V = TV.ω
onde α = índice de valor médio dos MP e
ω = índice da taxa de salário (por hora)
- e ignorando as mudanças de salário (V é então um
índice de TV), a relação
TM / TV ou C / TV ou α/TV
MP.α

tende a se elevar somente se α não cair


proporcionalmente à elevação da composição técnica

114
● essa condição quer dizer que o aumento de
produtividade não pode ser de um tipo que reduza
proporcionalmente o valor dos meios de produção
- isso implica um progresso técnico especialmente
poupador de trabalho vivo (um postulado de Marx)
- esse progresso técnico específico é chamado de
“Marx-viesado”

● efeitos dessas tendências sobre a taxa de lucro:


- taxa de geral de lucro pode ser considerada como
função da taxa de mais-valia e da composição
orgânica do capital: L’ = f (mv’; C/V)

115
- operando a fórmula original (dividindo por V):

MV MV / V mv’
L’ = = =
C+V C/V + 1 C/V + 1

- evolução da taxa de lucro parece indeterminada


(mv’ cresce e C/V também), mas os acréscimos de
mv’ têm de ser iguais aos acréscimos de C/V e eles
estão limitados pela jornada de trabalho

116
● evolução da L’ máxima:
- supondo que os “trabalhadores vivessem de brisa” e
V = 0, então:

L’máx = (MV/C) = (TV/C) = TV/TM

- visto que o progresso técnico provoca a elevação de


TM/TV, a taxa geral de lucro máxima (que é
exatamente o inverso) tende a declinar
- isso é uma expressão do crescimento da produtivi-
dade do trabalho sob a forma capitalista de produção,
pela a redução do trabalho vivo nela aplicado

117
● lógica do capital individual versus resultados para o
capital social
- cada capitalista individual busca as técnicas com
maior produtividade que lhe permitam uma diferença
de custos e assim lucros maiores
- porém a busca de todos por maior produtividade
(para alcançar uma mais-valia extraordinária) tem
como resultado a redução dos valores (preços) das
mercadorias (por força da concorrência), produzindo
a queda da taxa de lucro para o conjunto do capital
na economia

● causas contrariantes à queda da taxa de lucro:

118
- elevação de mv’ através dos métodos da mais-valia
absoluta (efeito da mv relativa é contraditório)
- economia de C, inclusive através de seu
barateamento, mas também via racionalização
- existência do exército industrial de reserva permite o
pagamento de salários abaixo do valor da força de
trabalho, bem como o funcionamento de ramos com
grande aplicação de trabalho vivo
- comércio exterior, permite barateamento de C e V
- sociedades anônimas, porque o capital nelas
aplicado, embora se transforme em capital produtivo
não é remunerado segundo a taxa geral de lucro e sim
como se fosse um capital aplicado a juros (menores)

119
● desdobramentos da ação da lei:
- crises, movimentos cíclicos da economia
- superacumulação (excesso de capital para valorizar-
se) que se desdobra em superprodução de
mercadorias
- diante de uma situação de crise produtiva, ocorre
destruição (desvalorização) de capital, surgimento de
inovações, queda de preços, concorrência fratricida,
estagnação, crise bancária
● significado da lei da queda tendencial da tx. de lucro
- desenvolvimento capitalista leva à redução da base
da valorização do K, atingindo o âmago do sistema

120
- a verdadeira barreira à valorização capitalista é
próprio capital
- a produção de riqueza poderia expandir-se muito
mais, mas isso não é rentável (os métodos para
valorização do capital provocam a queda de L’,
desvalorização do capital e destruição das forças
produtivas)
- valorização como objetivo da produção torna-se um
obstáculo ao desenvolvimento da própria produção
(contradição entre forças produtivas e relações de
produção)

121
- há uma limitação histórica do modo de produção
capitalista, que tende a ser superado, através de uma
transformação social

122
11.10.2. Reprodução do capital social, ciclos
e crises econômicas
● Marx considerou que o estado normal da produção
capitalista é de expansão: acumulação de capital =
reprodução ampliada
- estabeleceu as condições para uma reprodução
ampliada (sem problemas de demanda) através de
um modelo (macroeconômico) de dois setores
(departamentos de produção de bens de produção e
de bens de consumo) – os chamados “esquemas de
reprodução” marxianos

123
- sua análise indicou que a reprodução ampliada
requer que toda a mais-valia seja gasta (em consumo
ou acumulação) e que as parcelas desses gastos
guardem certas proporções (cambiantes), implicando
um crescimento não proporcional, mas ajustado, dos
dois departamentos
- seu modelo estabelece as condições de
reprodução, mas implica diversas possibilidades,
especialmente um crescimento da produção de bens
de produção, para produzir mais bens de produção,
sucessivamente

124
● Marx não apresenta uma teoria acabada dos
determinantes da acumulação (investimento) nem do
ciclo econômico
- considerou que os ciclos (e as crises) eram naturais
ao processo de expansão capitalista, como parte de
seu processo de auto-regulação
- os ciclos foram associados com os efeitos de
investimentos em bloco, feitos por ocasião da
implantação de novos métodos de produção com
grandes requisitos de capital fixo (cerca de 10 anos)

125
● a crise econômica constitui uma falha no processo
de reprodução ampliada, que se manifesta como uma
impossibilidade de realização das vendas (realização
do valor produzido), uma ruptura na circulação de
mercadorias
- a simples possibilidade formal da crise já está dada
pela presença do dinheiro como inerente ao processo
de circulação de mercadorias: venda e compra são
processos separados no tempo, pode haver
“entesouramento”
- isso nada diz sobre as causas da crise (porque não
ocorreram os gastos)

126
● Marx critica a “lei dos mercados”, de Say:
- sua única conclusão válida é expressão de uma
tautologia: cada venda é, simultaneamente, uma
compra; logo, o total das vendas é igual ao total das
compras...
- é uma tolice concluir disso que todos que tenham
vendido realizarão compras no mesmo valor
- sua visão decorre de considerar o capitalismo como
uma economia de escambo, voltada para satisfação
das necessidades de consumo e regulada por elas

127
● para Marx, em geral (e a longo prazo), o capital cria
sua própria demanda, quando avança a acumulação
- mas esse processo é contraditório, a acumulação
por vezes se detém: crise
- uma queda na taxa de lucro (qualquer que seja sua
causa) e a redução das expectativas de lucro retrai a
acumulação, implicando insuficiência de demanda
- pode haver superacumulação de capital, que
pressiona todos os custos (inclusive salários),
retraindo a lucratividade, ou gera um volume de
mercadorias impossível de ser vendido com lucro
suficiente (crise de realização)

128
- pode haver desproporções setoriais, devido ao
caráter anárquico do mercado
- a expansão do consumo social é limitada pela
polarização da riqueza social (lei geral da
acumulação), enquanto a acumulação é
potencializada nesse processo (via concentração e
centralização do capital)

● a crise real pode combinar diversas causas e se


apresenta como crise monetária, bancária e/ou
financeira

129
11.11. Tendências do desenvolvimento do
capital
● Marx pretendeu investigar o modo capitalista de
produção para descobrir “a lei de movimento da
moderna produção capitalista de mercadorias”
- nesse sentido, sua teoria permite enunciar certas
tendências estruturais do modo de produção
capitalista
- revelam-se no seu desenvolvimento histórico, estão
articuladas e promovem transformações do modo de
produção (para além do que Marx teorizou)

130
● a lei do valor (troca de equivalentes de trabalho,
trabalho abstrato como fundamento do valor) se
inverte em lei de valorização do capital (apropriação
de trabalho abstrato conforme propriedade
capitalista)
- a apropriação e a valorização do capital tendem a
se autonomizar em relação ao processo de produção
(capital financeiro)

● progresso técnico e universalização desigual


- revoluções industriais e tecnológicas levam a
substituição do trabalho vivo e sua negação como
base da valorização capitalista

131
- ao mesmo tempo, a difusão do progresso técnico é
bloqueada: não alcança todas as suas
potencialidades (tecnologia é mercadoria)
- universalização da vida social em escala planetária,
na forma de um sistema de economia-mundo,
heterogêneo e hierarquizado

● concentração, centralização e financeirização do


capital
- ampliação dos capitais individuais, crescimento das
escalas implicam grandes massas de capital
- crises provocam centralização, auxiliada pelo
sistema de crédito e sociedades anônimas

132
- forma-se uma esfera financeira de valorização
- capitalismo se transmuta em capitalismo
monopolista, mudam formas de concorrência,
crescente implicação do Estado na reprodução e a
lógica de valorização predominante é patrimonial-
financiera

● autonomização do capital e mercantilização da vida


social
- o mercado promove a abstração dos trabalhos
concretos, dando origem ao valor (substância social)
e a uma perda da razão sensível (consideração do
valores de uso)

133
- o capital é uma massa de valor que se auto-valoriza
em seu próprio movimento autodeterminado
- “o Capital é a substância social tornada sujeito”
- os homens são sujeitos “subrogados”, submetidos à
lógica da expansão de valor
- lógica da valorização e do mercado é a norma
impositiva, não apenas nas ações econômicas

● segundo Mészáros (filósofo marxista


contemporâneo):

134
“O capital não é simplesmente uma ‘entidade
material’ - [...], mas é, em última análise, uma forma
incontrolável de controle sociometabólico. A razão
principal porque este sistema forçosamente escapa a
um significativo grau de controle humano é precisa-
mente o fato de ter, ele próprio, surgido no curso da
história como uma poderosa [...] estrutura
‘totalizadora’ de controle à qual tudo o mais, inclusive
seres humanos, deve se ajustar, e assim provar sua
‘viabilidade produtiva’, ou perecer, caso não consiga
se adaptar. Não se pode imaginar um sistema de
controle mais inexoravelmente absorvente – e, neste
importante sentido, ‘totalitário’ – do que o sistema do

135
capital globalmente dominante, que sujeita
cegamente aos mesmos imperativos a questão da
saúde e a do comércio, a educação e a agricultura, a
arte e a indústria manufatureira, que
implacavelmente sobrepõe a tudo seus próprios crité-
rios de viabilidade, desde as menores unidades de
seu ‘microcosmo’ até as mais gigantescas empresas
transnacionais, desde as mais íntimas relações
pessoais aos mais complexos processos de tomada
de decisão dos vastos monopólios industriais,
sempre a favor dos fortes e contra os fracos”
(Mészáros, 2002: 96).

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