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ARTIGO TÈCNICO

INTRODUZINDO PRÁTICAS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA EM


SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL CERTIFICÁVEIS: UMA
PROPOSTA PRÁTICA

JOÃO VIANNEY GURGEL FERNANDES


Graduado em Engenharia Mecânica – UFCE
Especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais na Indústria – UFBA.

ENÉSIO GONÇALVES
Graduado em História – UCSAL
Especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais na Indústria – UFBA.

JOSÉ CÉLIO SILVEIRA ANDRADE


PhD em Administração – UFBA
Pesquisador Associado ao TECLIM – Rede de Tecnologias Limpas e Professor do Curso de Especialização em Gerenciamento e
Tecnologias Ambientais na Indústria -UFBA.

ASHER KIPERSTOK
PhD em Engenharia Química – UMIST, UK
Coordenador do TECLIM e do Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria; Chefe do
Departamento de Hidráulica e Saneamento da EPUFBA.

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho propõe uma metodologia para introduzir práticas This paper proposes a methodology to introduce cleaner production
de produção mais limpa em Sistemas de Gestão Ambiental practices in Environmental Management Systems (EMS). A case
(SGAs). Um estudo de caso foi desenvolvido aplicando-se esta study of an oil refinery, recently ISO 14.001 certified, where this
metodologia em uma refinaria de petróleo no Brasil, recém certi- methodology was applied is described. A set of 30 procedures where
ficada pela norma ISO-14001. Foi selecionado um conjunto de selected to represent the universe of all procedures defined in the ISO
30 procedimentos para representar o universo de todos os proce- 14.001 implementation process and the cleaner production scale
dimentos definidos no processo de implementação da ISO- was applied to these procedures. By comparing the selected sample of
14001. Comparando a amostra escolhida dos procedimentos oil refinery operational procedures, with the cleaner production scale,
operacionais da refinaria com a escala de produção mais limpa, an average value of 4.3 was obtained. This indicates that the average
foi obtido um valor médio de 4,3. Isto indica que, em média, os environmental procedure in the refinery is situated between end of
procedimentos da refinaria, do ponto de vista ambiental, estão pipe and recycling approaches and that ISO certification process
situados entre os enfoques de fim de tubo e reciclagem e que o may have not contributed to the improvement of the environmental
processo de certificação pela ISO pode não ter contribuído para quality in the refinery.
melhorar o desempenho ambiental da planta.

PALAVRAS-CHAVE: Procedimentos operacionais, produção KEYWORDS: Cleaner procedures, cleaner production,


limpa, certificação ambiental. Environmental Management Systems.

INTRODUÇÃO ma de gestão pode levar uma empresa a cura-se deixar bem claro que é necessário
incorrer em diversos riscos decorrentes da questionar de forma sistemática a quali-
A certificação por uma norma de visão distorcida de que basta um bom dade dos procedimentos que estão sendo
gestão (ISO-9002, ISO-14001) não im- processo normalizado para a obtenção de padronizados. Devido a cronologia se-
plica necessariamente em bom desempe- resultados. gundo a qual foram surgindo as normas
nho. O significado da certificação é ates- Um destes riscos, por mais contra- de gestão (primeiro a série voltada para a
tar que o sistema de gestão é potencial- ditório que possa parecer, está associado qualidade e depois a série de meio ambi-
mente capaz de produzir resultados sem ao requisito da padronização de procedi- ente) é muito usual que empresas já certi-
no entanto especificar a velocidade com mentos, um dos pilares mais robustos das ficadas nas normas ISO-9000 busquem
que estes resultados vão aparecer. O des- normas de gestão. Não se questiona aqui, posteriormente a certificação nas normas
conhecimento dos limites e objetivos de evidentemente, a importância da padro- ISO-14000. Nesta situação evidente-
um processo de certificação por uma nor- nização de procedimentos mas sim pro- mente, o risco da suficiência da padroni-

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zação assume características ainda mais do desempenho ambiental é colocada na ções e práticas de eliminação na fonte,
preocupantes pois o grande volume de norma, de forma genérica, como um deve ocorrer da direita para a esquerda e
padrões desenvolvidos na primeira fase, compromisso a ser explicitado na política de baixo para cima (LA GREGA et al.,
a da certificação em qualidade, é quase da empresa sem maiores referências quan- 1994).
que totalmente aproveitado para a to ao rumo desta melhoria nem do obje- A evolução das tecnologias e pro-
certificação ambiental, quando, na época tivo a ser atingido. Ou seja, a cedimentos conforme ilustrado na Figu-
de elaboração dos procedimentos, esta implementação de sistemas de gestão ra-1 reflete as mudanças de estratégias
última questão não era adequadamente ambiental baseados nas normas ISO é adotadas pelas organizações na medida
considerada. avaliada, principalmente, por indicado- em que se desenvolve o processo de
Este trabalho tem, portanto, por res administrativos ao invés de índices de internalização da dimensão ambiental.
objetivo propor uma metodologia para desempenho ambiental. Este processo evolutivo começa com a
introduzir práticas de produção limpa em A avaliação dos procedimentos estratégia reativa, passa depois por um
Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs). operacionais do ponto de vista ambiental estágio intermediário que é a estratégia
Para alcançar este objetivo, foi adotado o é, portanto, de grande valia para retratar ofensiva e termina com a estratégia
método do estudo de caso através da aná- o estágio de uma organização com relação inovativa (ANDRADE, 1997).
lise, do ponto de vista ambiental, dos pro- a esta questão pois o esforço no sentido Na estratégia reativa as empresas se
cedimentos operacionais de uma refina- da minimização de resíduos está intima- limitam a um atendimento mínimo e re-
ria de petróleo certificada nas normas mente ligado a duas grandes lutante da legislação ambiental. A maior
ISO-9002 e ISO-14001. Para coletar as condicionantes: a tecnologia do processo preocupação está voltada portanto para a
informações foram utilizados os seguin- e a forma como as operações são executa- incorporação de equipamentos de con-
tes instrumentos: análise documental, reu- das. Dentro de uma mesma tecnologia trole da poluição na saída dos efluentes
nião-consulta e observação participante. existe sempre um espaço para para o meio ambiente (tecnologia de fim
minimização de resíduos através da de tubo). A dimensão ambiental é perce-
otimização dos procedimentos bida como um custo a mais e desta forma
SISTEMA DE GESTÃO operacionais. representa uma ameaça à competitividade
AMBIENTAL, As condicionantes “Tecnologia” e empresarial.
TECNOLOGIAS LIMPAS E “Procedimentos” devem evoluir no sen- Na estratégia ofensiva os princípios
PROCEDIMENTOS tido de composição de cenários progres- orientadores passam a ser a prevenção da
OPERACIONAIS sivamente mais adequados poluição, a redução do consumo de re-
ambientalmente ( tecnologias limpas) . cursos naturais e o cumprimento além das
Os trabalhos de planejamento e pre- Esta evolução está representada na Figu- exigências da legislação. Neste sentido são
parativos com vistas a certificação nas ra-1, a seguir, na qual evidencia-se que o implementadas mudanças incrementais
normas ISO demandam prazos de seis sentido desejável desta evolução, desde nos processos, produtos ou serviços, de
meses a um ano. Uma das características as tecnologias de fim de tubo até as solu- modo a vender uma boa imagem para o
marcantes destas normas é a exigência de
padronização de procedimentos. Dentro
do pouco tempo em que ocorrem as PREVENÇÃO FIM DE TUBO
certificações a estratégia geralmente ado-
tada para a padronização de procedimen- REDUÇÃO RECICLAGEM TRATAMENTO E
tos operacionais é adotar, preliminarmen- NA FONTE DISPOSIÇÃO
te, a forma como as atividades já são exe-
cutadas , sem maiores questionamentos MUDANÇA NO CONTROLE REGENERAÇÃO RECUPERAÇÃO TRATAMENTO DE
PRODUTO NA FONTE E REUSO RESÍDUOS
(estabilização da rotina) e introduzir me- Substituição do Retorno ao
Recuperação do
material
lhoramentos ao longo do tempo produto
Conservação do
processo
Uso como matéria
Uso como sub
produto SEPARAÇÃO E
(melhoria contínua). Esta estratégia in- produto prima para outro CONCENTRAÇÃO
DE RESÍDUOS
Alteração na processo
duz a um grande risco na medida em que composição do
produto
práticas consagradas ao longo do tempo,
BOLSA DE
sem maiores preocupações ambientais, são RESÍDOUS
elevadas à condição de padrão e portanto MUDANÇA
NOS
MUDANÇA NA
TECNOLOGIA
BOAS PRÁTICAS
OPERACIONAIS
se tornam a “forma correta” de executar as INSUMOS Mudança no processo Procedimentos INCINERAÇÃO
Purificação Mudança nas apropriados
atividades. de materiais instalações Boas práticas
Essa distorção será tanto mais grave Substituição
de materiais
Maior automação
Mudança nas
gerenciais
DISPOSIÇÃO
na medida em que a intenção de corrigir condições operacionais FINAL
as práticas antigas dentro do requisito da
melhoria contínua não ocorrer ou se for
implementada em velocidade muito len-
ta. Esta possibilidade sempre existe por- MELHOR
que os sistemas de gestão em conformi-
dade com a ISO-14001 privilegiam pro- Figura 1: Evolução das tecnologias e procedimentos
cessos e controles associados aos enfoques de proteção ambiental
de fim de tubo e o atendimento da legis-
lação (FURTADO, 2000). Já a melhoria Fonte: Adaptado de LA GREGA et al. (1994)

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IMPA AL CER
MBIENTAL TIFICÁVEIS: UMA PROPOST
ERTIFICÁVEIS A PRÁTICA
ROPOSTA

ARTIGO TÉCNICO
REFINARIA DE
Tabela 1 - Características das estratégias ambientais PETRÓLEO: PERFIL
ESTRATÉGIA AMBIENTAL
CORPORATIVO
CARACTERÍSTICA
REATIVA OFENSIVA INOVATIVA A refinaria de petróleo, unidade de
análise deste estudo de caso tem capaci-
A t e n d im en t o Fa tor de d iferen ci açã o e dade de processamento de 37.800 m3/
Legislação Superação das exigências
mínimo competitividade. dia e está localizada na região nordeste do
Brasil. A empresa produz 36 diferentes
Prevenção da poluição e
P rev enç ão da pol ui çã o e tipos de derivados de petróleo e conta
Controle na redução do consumo de
r ed uç ão d o c on su mo d e nas suas instalações com 22 unidades de
Tecnologia saída dos recursos naturais através
recursos naturais através de processo, uma fábrica de asfalto, 11 par-
efluentes de mudanças
inovações tecnológicas. ques de armazenamento para petróleo e
incrementais.
derivados, um terminal marítimo, um
Pr ocessos e produ tos poliduto com 400 km de extensão, duas
Novos processos/produtos
Produtos e co n ve n c i on a i s ma s
c o m a l t a p e r f or m a n c e bases de carregamento por caminhões,
Estrutura de produção processos sem ambientalmente corretos
ambiental e gerenciamento uma estação de medição para produtos
alterações e visando menor custo
do ciclo de vida dos mesmos. acabados, uma central termelétrica, um
de produção.
sistema de abastecimento e tratamento
Aumento da de água e um sistema de tratamento de
Objetivo Sobrevivência Assimetria competitiva
competitividade efluentes industriais. Um fluxograma
P osi ç ão or g an i zaci o na l d a simplificado, com os principais processos
Operacional Negócio Corporativa da refinaria está mostrado na Figura 2.
variável ambiental
A refinaria está organizada nas áreas
Alta ameaça e alta de produção, de serviços e administrati-
Percepção da variável ambiental Ameaça Oportunidade
oportunidade va. A área de produção compreende duas
divisões. A primeira, a divisão de produ-
Fonte : Construção própria a partir de ANDRADE (1997)
ção , é encarregada da operação das uni-
dades de combustíveis, lubrificantes e
consumidor conscientizado para a ques- sicos de cada estratégia. utilidades ( central termelétrica, tratamen-
tão ambiental bem como para reduzir No entanto, como todo tipo de pa- to de águas e tratamento de efluentes). A
custos. A dimensão ambiental, muito dronização, os procedimentos devem ser segunda, a Divisão de Movimentação, é
embora seja gerenciada pela área de pro- sistematicamente questionados quanto a encarregada da operação do terminal
dução, já é encarada como uma oportu- sua atualidade ou coerência com relação a marítimo, parques de armazenamento e
nidade de redução de custos de produ- um princípio hierarquicamente mais ele- sistemas de transferência e movimenta-
ção. vado ou abrangente. Do contrário estará ção de produtos. A empresa iniciou, em
Na estratégia inovativa o princípio sempre presente o risco da obsolescência março de 1995, o processo de certificação
básico adotado é a integração entre as es- pois a realidade, ao contrário do padrão, é na norma ISO-9002 pela área de lubrifi-
tratégias ambientais e de negócios de tal sempre mutável. Qualquer sistema de cantes e parafinas. Atualmente o sistema
forma que elas passam a ser quase padronização só é completo se definir o de gestão da qualidade está totalmente
indiferenciáveis. A excelência ambiental seu próprio mecanismo de revisão em re- certificado na norma ISO-9002, abran-
passa a ser condição necessária para o su- lação ao potencial de sua eficácia. Esta gendo todos os processos e produtos.
cesso da empresa, mas não é suficiente. característica, presente na norma ISO Também foi obtida, em julho de 1999, a
Torna-se necessária a integração da exce- 14001 nos capítulos referentes a contro- certificação ambiental na norma ISO-
lência ambiental com a comercial através les operacionais, auditorias e análise críti- 14001.
do desenvolvimento, produção e ca, precisa ser tratado com muita atenção
comercialização de produtos com mudan- com relação aos procedimentos
ças substanciais de performance operacionais para não correr-se o risco de
ambiental e o gerenciamento dos ciclos padronizar o erro (ABNT, 1996). ESTUDO DE CASO:
de vida dos mesmos. A dimensão Um sistema de gestão em confor- DESENVOLVENDO A
ambiental passa a ser uma função de toda midade com a ISO-14001 deverá, para METODOLOGIA
a administração e é percebida simultane- ser mais eficaz em termos de melhoria de
amente como uma alta ameaça e uma alta desempenho ambiental, ser norteado pe- Este trabalho tem como foco os pro-
oportunidade. A Tabela 1, a seguir, resu- los princípios e objetivos da Produção cedimentos operacionais das unidades de
me as principais características das três mais Limpa que consistem em prevenir a processo da divisão de produção. Fica-
estratégias ambientais. geração de resíduos e todos os seus des- ram de fora da unidade de análise deste
A evolução progressiva de uma or- dobramentos quanto ao processo produ- trabalho, portanto, as áreas de utilidades.
ganização através das três estratégias tivo, produto, embalagens, descarte, Assim, foram escolhidos para o estudo os
ambientais apresentadas exige, a nível destinação, manejo do lixo industrial, re- procedimentos operacionais dos setores
operacional, que as mesmas sejam lacionamento com os clientes e a política ou áreas que produzem produtos finais
traduzidas em procedimentos padroni- ambiental da empresa (FURTADO, ou intermediários (destilação,
zados compatíveis com os princípios bá- 2000). craqueamento, parafinas e lubrificantes),

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DIAGRAMA DE BLOCO DA REFINARIA

DESTILADOS PL ANT A
9.000 M3/D U -9 DES T .
NEUTRO LEVE E DE L U BR I.
PET . AT M E VÁCU O NEUTRO PESADO PAR AF INAS

U -3 2 DES T . U -6
2 7 .0 0 0 M3 /D GOP F CC
AT M EVÁCU O
PET .
5 .0 0 0 M3 /D

1 .2 0 0 M3 /D U s -7 /8 F R AC. U -7 A-.
L GN S OL VENT ES
L .G.N.

.
600 M3/D U -2 1 F AB R . 1 .3 0 0 U -3 0 , U -3 1
AS FAL T OS N-PAR A-
PET. F INA
QU ER OS ENE

Figura 2 : Fluxograma da refinaria de petróleo

Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000)


por serem aquelas com maior volume de
geração de resíduos.
Dois fatores determinaram, nas áre-
Tabela 2 - Categorias de procedimentos e potencial de geração de resíduos as escolhidas, que tipo de procedimento
seria importante para o estudo: a sua fre-
CATEGORIA DESCRIÇÃO POTENCIAL qüência e o potencial de gerar resíduo.
Desta forma os procedimentos foram ini-
Li mp ezas e d es car t es ( l av agem, s tea m ou t , cialmente classificados em categorias sen-
1 4
desobstrução, sopragem, decoqueamento , drenagem) do que cada categoria recebeu uma nota
de 1 até 4 em função do seu potencial de
2 Mudança de condição operacional (troca de carga) 1 geração de resíduo conforme o critério
definido na Tabela 2.
3 Manutenção de equipamento (engaxetamento) 1
A importância de cada categoria
Oper ação em situação de bai xa confiabil idade para o estudo foi então estabelecida pela
4 2 sua criticidade, definida como o produto
(indisponibilidade de sistemas)
da freqüência com que a categoria ocorria
5 Partida e parada de equipamentos 3 em cada área pelo seu potencial de gera-
ção de resíduo.
6 Riscos associados a falhas de equipamentos 2 O resultado da aplicação do concei-
to de criticidade em cada uma das quatro
7 Amostragem 2 áreas de estudo (destilação, craqueamento,
8 Manobra periódica rotineira 1
lubrificantes e parafinas) está resumido,
a seguir, na Tabela 3, na qual evidencia-se
9 Recebimento de insumos 2 que as categorias 1, 5 e 11 são responsá-
veis por 88% da criticidade total de todas
10 Correção de qualidade 1 as áreas e portanto são as prioritárias para
efeito desse estudo.
11 Parada e partida de Unidades ou Sistemas 4 Definidas as categorias críticas para
o estudo, a etapa seguinte seria definir a
1 - Potencial baixo
amostra, ou seja a quantidade de proce-
2 - Potencial médio
3 - Potencial alto
dimentos a serem analisados no total, de-
4 - Potencial muito alto talhando em seguida este total por área e
Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000 categoria.

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Tabela 3 - Criticidade e prioridade das categorias de procedimentos Dos 500 procedimentos identifica-
dos nas áreas de estudo, 379 pertenciam
RESUMO DA CRITICIDADE PRIORITÁRIOS as três categorias selecionadas . Conside-
rou-se que 5% a 10% deste total repre-
CATEG DESTIL CRAQ PARAF LUBRIF TOTAL %TOTAL CRIT %CRIT senta uma amostra significativa das cate-
gorias críticas . Assim definiu-se um total
1 80 68 24 64 236 15% 236 17,4% de 30 procedimentos a serem analisados
2 1 0 4 8 13 1%
( 8% de 379). Para definir dos 30 proce-
dimentos quantos seriam escolhidos por
3 2 0 0 2 4 0% categoria crítica foi feita uma ponderação
considerando o peso da criticidade de cada
4 12 0 0 4 16 1% categoria no conjunto das três. Desta for-
ma concluiu-se que os procedimentos a
5 123 186 63 108 480 31% 480 35,4% serem estudados, apresentados na Tabela
6 0 0 0 0 0 0% 4, seriam distribuídos da seguinte forma:
categoria-1: 5; categoria-5: 11; catego-
7 2 44 10 14 70 5% ria-11: 14.
Finalmente, o número de procedi-
8 4 15 12 3 34 2% mentos em cada categoria foi distribuído
proporcionalmente ao número de proce-
9 8 8 16 12 44 3%
dimentos que aquela categoria possuía em
10 1 0 2 2 5 0% cada área, gerando assim a quantidade a
ser analisada por categoria em cada uma
11 284 92 140 124 640 42% 640 47,2% das áreas, conforme apresentada naTabela 5.
Os procedimentos escolhidos para
TOTAL 1542 100% 1356 88% avaliação, dentro dos quantitativos
definidos por área e categoria, foram
Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000)
definidos com os supervisores das áreas,
levando em conta preferencialmente a
complexidade e o nível de geração de
resíduos.
Tabela 4 - Quantidade de procedimentos para estudo por categoria prioritária Para permitir a análise comparativa,
foi adotada a escala de pontuação, con-
PRIORITÁRIOS QUANTIDADE DE PROCEDIMENTOS forme a Tabela 6, que considera o
TOTAL SELEC P/
CATEG resultado ambiental da execução do
PRIORIT ANALISE
CRIT %CRIT DESTIL CRAQ PARAF LUBRIF TOTAL
procedimento variando desde a preven-
236 17,4% 20 17 6 16 59 59 5 1
ção da geração de resíduos, num extre-
mo, até o descarte no corpo receptor em
1 0 4 8 13 2 desacordo com os parâmetros legais no
extremo oposto.
2 0 0 2 4 3 Quando o procedimento contem-
pla vários tipos de resíduos com destinos
6 0 0 2 8 4 diferentes, cada situação recebe uma nota
de acordo com o critério acima e é ponde-
480 35,4% 41 62 21 36 160 160 11 5
rada no conjunto, pelo percentual que
0 0 0 0 0 6
este resíduo representa no total, confor-
me exemplo da Tabela 7.
1 22 5 7 35 7

4 15 12 3 34 8 ESTUDO DE CASO:
APRESENTANDO OS
4 4 8 6 22 9 RESULTADOS
1 0 2 2 5 10
Cada procedimento, dos trinta se-
640 47,2% 71 23 35 31 160 160 14 11
lecionados, recebeu uma nota conforme
o critério de pontuação definido anteri-
1356 88% 500 379 30 ormente. O total dos procedimentos ana-
lisados apresentou uma nota média de
Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000) 4,30 e as classes de notas se distribuíram
conforme as freqüências mostradas na
Figura 3.
Este resultado (média de 4,30) in-

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Tabela 5 - Quantidade de procedimentos para estudo por àrea dica que a empresa estudada está no limi-
ar entre os enfoques de fim de tubo, tra-
PROCEDIMENTOS PRIORITÁRIOS PARA ANÁLISE
CATEG tamento e disposição, e os processos de
DESTIL CRAQ PARAF LUBRIF TOTAL reciclagem e reaproveitamento dos resí-
duos. Este fato é compatível com a estra-
1 2 2 1 1 6 tégia ambiental, ainda predominante-
2
mente reativa, onde a ênfase atual está
voltada para a normalidade operacional
3 do sistema de tratamento de efluentes de
modo a garantir o atendimento da legis-
4 lação ambiental. Os resultados de maior
5 3 4 1 2 10 freqüência, notas 5 e 6, refletem a
tecnologia de reaproveitamento dos resí-
6 duos como carga da própria unidade que
o gerou ou, após recuperação no sistema
7
central de tratamento de efluentes, como
8 matéria prima das unidades de destila-
ção.
9 A pontuação final poderia ter sido
mais típica do estágio da reciclagem não
10
fossem as eventuais descargas para o cor-
11 6 2 3 3 14 po receptor através do sistema de flare ou
diretamente para a atmosfera. A pontua-
TOTAL 11 8 5 6 30 ção obtida reflete o atual estágio
tecnológico e estratégico das unidades
Fonte: FERNADES & GONÇALVES (2000)
analisadas da empresa. Os procedimen-
Tabela 6 - Critério para pontuação ambiental dos procedimentos tos, na sua grande maioria, já existiam
quando a empresa foi certificada, em
ESTRATÉGIA CONDIÇÃO DO PROCEDIMENTO PONTUAÇÃO 1995, pela norma ISO-9002 e recebe-
ram pouca contribuição ou melhoria
Previne totalmente a geração de resíduos 10 quando ocorreu a certificação ambiental.
Permanecendo desta forma, o Siste-
Prevê alternativas para cada condição de modo a ma de Gestão Ambiental corre o risco
9
Eliminação na fonte minimizar a geração de resíduos
muito acentuado de conviver por muito
Tem recomendação geral para minimizar a geração de tempo com procedimentos inadequados
resíduos porém não diferencia alternativas para 8 ou pobres do ponto de vista de
minimizar em cada condição específica performance ambiental. Constata-se, por-
tanto, que a melhoria contínua preconi-
Propicia o aproveitamento do resíduo na própria
7 zada pela norma ISO-14001, pode ser
atividade
atendida de diversa formas e intensida-
Propicia o aproveitamento do resíduo gerado no des, que mesmo sendo modestas, não re-
6
próprio local onde a operação é executada presentam nenhuma ameaça relevante
Reciclagem
Propicia o aproveitamento do resíduo gerado em
que possa comprometer a certificação.
5
locais diferentes daquele onde a operação é executada

Prevê o aproveitamento do resíduo como co-produto


4 CONCLUSÕES E
em atividades externas a organização RECOMENDAÇÕES
Prevê o descarte dos resíduos gerados para sistemas de
tratamento para adequação aos parâmetros ambientais 3 Este trabalho chama atenção para a
antes da disposição final no corpo receptor necessidade de que seja feita uma avalia-
ção objetiva da qualidade ambiental dos
Prevê o descarte dos resíduos diretamente no corpo
procedimentos operacionais. Do contrá-
receptor mas há controle de sua adequação aos 2
parâmetros ambientais rio, mesmo em empresas que obtiveram
Disposição certificação em normas de gestão, como a
Prevê o descarte dos resíduos diretamente no corpo ISO-14001, o aumento do desempenho
receptor sem garantia de que os parâmetros 1 pode ser bastante prejudicado, ou evo-
ambientais sejam obedecidos
luir muito lentamente, em função de uma
Prevê o descarte dos resíduos diretamente no corpo padronização deficiente do ponto de vis-
receptor com os parâmetros ambientais 0 ta ambiental.
reconhecidamente desobedecidos Esta avaliação, feita de forma
amostral neste estudo de caso, deve abran-
Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000) ger a totalidade dos procedimentos das

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Tabela 7 - Aplicação do critério de pontuação a um procedimento ções para a melhoria do desempenho
ambiental dos procedimentos, a equipe
Número do Procedimento: PO-03-02-011-0026
responsável pelas revisões deve ser orien-
Objetivo: Parada da U-11 para manutenção tada por listas de verificações nas quais
estarão identificadas as recomendações já
RESÍDUO NOTA consagradas na prática ou na literatura
ETAPA DESTINO % NOTA OBS
GERADO POND especializada (NELSON, 1990;
Descarte de Tanque de CURRAN, 1992), a exemplo da Tabela-
DAO 24,00 10 2,40 1
destilado (DAO) armazenamento 8, a seguir:
Finalmente, defende-se que um
Tanque de
Descarte de asfalto Asfalto 24,00 5 1,20 foco exagerado no processo de gestão
combustível
pode gerar um clima de falsa tranqüilida-
Descarte de Esfera na área de no qual tudo vai bem normativamente
Propano 5,00 6 0,30 2
propano de estocagem
mas os resultados não são tranquilizadores.
Descarte de Para prevenir-se deste estranho parado-
Propano Atmosfera(flare) 5,00 2 0,10
propano xo, as empresas devem ter uma visão
Tanque de óleo
muito clara dos seus objetivos ambientais
Lavagem Gas oleo 40,00 5 2,00 e dos meios necessários para atingi-los. Se,
combustível
por uma distorção de enfoque, a
Vapor certificação for colocada como um fim,
Purga Atmosfera 2,00 2 0,04
oleoso
em si mesma, e não como um meio, a
NOTA FINAL 6,04 redução de resíduos pode ser reduzida a
um dos muitos critérios ou até sub crité-
Observações: rios da norma, para cujo atendimento se-
1- O destilado (DAO) é o produto final da Unidade
2 - Este propano retorna ao processo da própria Unidade
rão desenvolvidos programas que irão
naturalmente disputar recursos e priori-
Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000) dades.
Na realidade, a redução de resíduos
deveria se constituir em um dos princi-
FREQUENCIA DE NOTAS pais princípios orientadores da organiza-
ção, em sua evolução na busca da exce-
lência ambiental passando da estratégia
FREQUENCIA DAS NOTAS

14
Média =4,3 reativa para a ofensiva e desta para a estra-
12 tégia inovativa. Para este processo
10 evolutivo seriam necessários vários requi-
sitos, entre eles um adequado Sistema de
8 Gestão Ambiental. Recomenda-se que
6 Produção mais Limpa e Sistemas de Ges-
4 tão Ambiental sejam percebidos como
instrumentos complementares, inseridos
2 em um contexto de melhoria da
0 performance ambiental. Quando com-
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 preendidos adequadamente, estes instru-
mentos gerenciais, implementados de
NOTAS maneira sinérgica podem propiciar uma
importante contribuição para o processo
de melhoria contínua do desempenho
Figura-3: Distribuição da Freqüência das Classes de Notas ambiental das plantas industriais.

Fonte: FERNANDES & GONÇALVES (2000)

categorias com maior potencial de gera- identificará aqueles que estão com os pio-
ção de resíduos. A pontuação obtida para res resultados e que portanto estão mere- REFERÊNCIAS
o conjunto destes procedimentos deve cendo maior prioridade para revisão e es- BIBLIOGRÁFICAS
constituir-se num dos indicadores de de- tudos de melhoria com vistas ao desem-
sempenho ambiental da empresa e sua penho ambiental. Esta revisão deve sem-
ANDRADE, J.C.S. Tipos de estratégias
evolução servirá de subsídio para avaliar a pre envolver os níveis organizacionais ambientais empresariais. Tecbahia, v.12, n.2,
velocidade da implementação do proces- mais próximos da execução para garantir p.71-88, 1997.
so de melhoria contínua, preconizado nas melhor qualidade na elaboração e maior
normas de gestão. compromisso quanto à observância do
procedimento na prática. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
A avaliação dos procedimentos, seg- TÉCNICAS–ABNT. NBR ISO 14001-Sis-
mentada pelas diversas áreas da empresa, Na busca das alternativas de solu-

Vol. 6 - Nº 3 - jul/set 2001 e Nº 4 - out/dez 2001 engenharia sanitária e ambiental 163


ARTIGO TÉCNICO JOÃO VIANNEY GURGEL FERNANDES, ENÉSIO GONÇALVES, JOSÉ CÉLIO SILVEIRA ANDRADE, ASHER KIPERSTOK

Tabela 8 - Lista de verificação para melhoria dos procedimentos


APLICÁVEL DIFICULDADES
ESTRATÉGIA RECOMENDAÇÃO PARA
Não Em parte Totalmente APLICAÇÃO

Red uzir a quantidade de am ostras p ara aná lise de labora tório

Implantar programa d e vazamento zero

Eliminação na
Usar selo du plo nos tanques de armazenamento de produ tos leves
Fonte

Usa r qu eim adores de baixa emissão de NOx

Usar amostradores circulantes

Recupera r gases na liberação de vasos ao invés de aliviar para flare

Retorna r a o p rocesso p r od utos rec olhid os para analises no


labora tório

Regenera r c atalisadores

Rec iclagem Usar cata lisador gasto como agrega do ao concreto

Destinar catalisa dor gasto pa ra cim enteira s

Usar tanque intermediá rio para coletar drenagens dos tanques de


arma zenamento

Tratar e reciclar águas plu viais

Segregar águas oleosas das águ as plu viais

Im plantar varriçã o m ec anizada de ru a s e de área s de processo


Disp osição pavimentadas para red uz ir a rraste de sólid os para o sistema d e
tra tamento de resíduos

Ad otar varrição seca dos pisos das Unidades ao invés d e la vagem


com água

Fonte : Construção p rópria a p artir de NELSON (1990) e CURRAN (1992).

tema de Gestão Ambiental: especificação e FURTADO, J.S. ISO-14001 e Produção Lim-


diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996. pa: importantes, porém distintas em seus pro-
pósitos e métodos. Disponível na internet em
Endereço para
www.vanzolini.org.br/producaolimpa, correspondência:
CURRAN, L.M. Waste minimization practices 2000.
in the petroleum refining industry. Journal LA GREGA, M.D. et al. The Environment João Vianney Gurgel
of Hazardous Materials, v.29, n.2, p.189- resource management group: hazardous waste Fernandes
197, 1992. management. 1 ed. Singapore: Mc Graw-
Hill, 1994. 1146 p.
FERNANDES, J.V.G. & GONÇALVES, E. Rua Aristides Novis, nº 2
Avaliação ambiental de procedimentos
operacionais: o caso de uma refinaria de pe-
NELSON, K.E. Use these ideas to cut waste. 40210-630
tróleo. Salvador. Monografia (Especialização
Hydrocarboning Processing. v.3, n.2, p.93- Salvador - Bahia
98, mar. 1990.
em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais Tel: 71-235 4436
na Indústria) – TECLIM, Universidade Fax: 71-235 7559
Federal da Bahia, 2000. (mimeo)
e-mail: cteclim@ufba.br

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