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Engenharia Estrutural
Charles Jaster de Oliveira1, Charles Henrique Ferreira², Jennifer Pereira da Cruz³, Nicholas Gabriel Terbeck 4
1 Professor do Curso de Engenharia Civil da Universidade Positivo.
2, 3, 4 Acadêmicos do Curso de Engenharia Civil da Universidade Positivo.
INTRODUÇÃO:
A tecnologia aliada ao processo de aprendizagem propicia acesso a novos conhecimentos,
unindo o conceito à pratica de forma mais íntegra. Esse desenvolvimento tem se mostrado
cada vez mais ágil, através da troca e interação entre os indivíduos, segundo Oliveira
(2004). Desse modo, o uso de ferramentas de tecnologia incorporadas nas universidades
tem se mostrado indispensável, uma vez que elas concebem conexões ao conhecimento
de maneira mais eficiente.
Estudos voltados ao comportamento estrutural de pontes rodoviárias quando sujeitas a
cargas dinâmicas têm se intensificado ao redor do mundo, dada a considerável evolução
do modal rodoviário. A consideração de coeficientes de majoração, conhecidos como
coeficientes de impacto ou coeficientes de amplificação dinâmica, é essencial no cálculo
das solicitações geradas pelos veículos rodoviários, tendo em vista que o aumento da
capacidade de carga dos veículos submete as estruturas de pontes a diferentes cenários,
de acordo com Metz (2019).
Em especial as cargas móveis, englobadas no grupo das cargas acidentais, que atuam
sobre as pontes através da circulação de veículos sobre seu tabuleiro, representadas por
um veículo padronizado pela norma, conhecido como trem-tipo. O processo de
determinação do trem-tipo normativo, segundo ABNT NBR 7188: 2013, utiliza o princípio
de Müller-Breslau, baseado no princípio dos deslocamentos virtuais na determinação das
linhas de influência, de acordo com Soriano (2013).
O intuito desse trabalho é demonstrar a importância do uso da ferramenta computacional
em uma linguagem JavaScript, na análise de como as estruturas de pontes se comportam
quando sujeitas à cargas moveis, através da obtenção dos chamados trem-tipo normativos.
O programa foi criado e disponibilizado em plataforma online e gratuita, considerando os
veículos padrão ABNT NBR 7188 em suas diferentes versões, sendo possível adicionar o
coeficiente de impacto.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
As cargas atuantes sobre as pontes se dividem em permanentes (cargas mortas),
acidentais (cargas vivas) e excepcionais, de acordo com Noronha (1939). As ações
acidentais possuem ocorrência considerável na vida útil de uma estrutura de pontes, devido
à circulação de veículos e peso de pessoas sobre os tabuleiros, de acordo com Soriano
(2013).
Cargas Móveis
As cargas móveis inseridas no grupo das cargas acidentais dinâmicas são provenientes do
peso dos veículos e pedestres. Elas podem causar reações de apoio e esforços de mesma
ordem de grandeza (ou superior) do que o efeito causado pelas ações permanentes nas
estruturas de transposição. Os pesos dos veículos são classificados como cargas úteis e
apresentam acréscimos em suas solicitações quando combinados com as imperfeições das
vias, ocasionando os efeitos de impacto vertical, de acordo com Pfeil (1983). Desse modo,
a concepção estrutural deve levar em consideração o fato de que as cargas úteis caminham
em diferentes posições sobre o tabuleiro, de forma a evidenciar os pontos mais
desfavoráveis. Devido à versatilidade das características dos veículos de carga, assim
como as inúmeras combinações que os mesmos podem ocasionar, as normas determinam
cargas de cálculo que compõem os veículos tipo, de acordo com Pfeil (1983). A norma
vigente define valores característicos para cargas móveis rodoviárias de veículos sobre os
pneus e ações de pedestres.
A NBR 7188:1984 estabelece três classes estruturais, classe 45, 30 e 12, as quais estão
sujeitas as características dos veículos conforme a Figura 1.
Figura 1 – Configuração dos veículos tipo 45, 30 e 12 (ABNT NBR 7188 (1984)).
As cargas uniformemente distribuídas, assim como as demais cargas atuantes em ambas
as classes, variam com a posição estudada e são condicionadas as diretrizes normativas
conforme Tabela 1, onde p representa a carga distribuída de multidão e p’ a carga de
passeio.
Tabela 1 – Cargas de projeto segundo ABNT NBR 7188: 1984.
Classe da ponte Peso total do veículo Cargas uniformemente distribuídas
P (kN) p (kN/m²) p’ (kN/m²)
45 450 5 3
30 300 5 3
12 120 4 3
A norma vigente NBR 7188:2013 é uma atualização da antiga NBR 7188:1984, concebida
de modo a acompanhar a evolução do modal rodoviário. O veículo padrão TB-450 da atual
versão normativa, possui carga total de 450 kN, enquanto o TB-240 possui carga total de
240 kN, ambos com as mesmas configurações geométricas da classe 45 e 30 da NBR
7188:1984, conforme mostrado anteriormente na Figura 1. As cargas distribuídas nos
passeios p' são iguais para ambas as classes, variando a carga distribuída de multidão p
de acordo com a classe da ponte, conforme a Tabela 2.
Tabela 2 - Cargas de projeto segundo ABNT NBR 7188:2013
Classe da ponte Peso total do veículo Cargas uniformemente distribuídas
P (kN) p (kN/m²) p’ (kN/m²)
450 450 5 3
240 240 4 3
A atual NBR 7188:2013 determina que as cargas móveis sejam posicionadas na situação
mais crítica da ponte, inclusive na faixa de segurança e acostamentos. As cargas
distribuídas devem ser aplicadas na posição mais desfavorável, independente das faixas
rodoviárias, de acordo NBR 7188:2013. Os veículos idealizados pela norma chamados
trem-tipo são posicionados sobre o tabuleiro na direção do tráfego, buscando sempre as
situações mais críticas. As áreas carregadas com cargas distribuídas variam a cada posição
estudada, porém, as mesmas não costumam ser consideradas em áreas que produzam a
redução das solicitações, de acordo com Pfeil (1983). Não é habitual contemplar trens-tipo
negativos, porém, a ciência da existência dos mesmos é de suma importância.
Coeficiente de impacto
As cargas móveis produzem os chamados efeitos dinâmicos, pois, a variação do estado
de equilíbrio da estrutura se procede com velocidade finita, sendo considerada uma
situação de estabilidade no sentido da estática, somente através de simplificações, de
acordo com Noronha (1939). O movimento proveniente da massa dos veículos no sentido
vertical para baixo adjunto as condições das vias em que transitam, causa um acréscimo
nas forças aplicadas em estruturas de pontes através de suas rodas. Visto isso a NBR
7188:2013 aconselha a consideração de um coeficiente de impacto φ > 1, o qual majora a
carga estática equiparando seus efeitos aos das cargas dinâmicas, de acordo com
Bernardo (1974). O coeficiente demonstrado pela Tabela 3 é composto pelo coeficiente
de impacto vertical (CIV), coeficiente do número de faixas (CNF) e coeficiente de impacto
adicional (CIA).
Tabela 3 – Coeficiente de Impacto.
Coef.de Impacto Adicional
Coef. de Impacto Vertical (CIV): Coef. do Número de Faixas (CNF):
(CIA):
CIA = 1,25 para obras em
CIV = 1,35 para estruturas com vão CNF = 1 – 0,05.(N-2) > 0,9, onde:
concreto ou obras mistas;
menor que 10 metros; N = Número de faixas de tráfego CIA = 1,35 para obras
CIV = 1 + 1,06.(20/ (Liv+50)), onde: rodoviário a serem carregadas metálicas.
Liv = “L” para estruturas de vão estático, sobre um tabuleiro
onde considera-se a média aritmética dos transversalmente contínuo.
vãos nos casos de vãos contínuos ou;
Liv = comprimento do próprio balanço para
estruturas em balanço.
L = vão em metros.
Ainda relativo ao CIV, para vãos acima de 200,00m se faz necessário estudo especifico
para consideração da amplificação dinâmica, de acordo com Timerman, Beier (2012).
Assim, o coeficiente de impacto é dado pela seguinte equação (1):
φ = CIV. CNF. CIA (1)
Linhas de influência
O processo do traçado das LI utiliza o método gráfico criado em 1983 pelo professor e
engenheiro Henrich Müller Breslau, batizado como Principio de Müller Breslau ou Teorema
Dual, de acordo com Leet, Uang, Gilbert (2009).
As linhas de influência de reação de apoio para fins de pré-dimensionamento podem ser
definidas como a própria Linha de Distribuição Transversal de Carga (LDTC), devido um
processo de simplificação com a consideração de uma rótula na ligação laje-longarina.
Dessa forma, o efeito de torção é desprezado e as cargas de reação de apoio em cada
longarina são facilmente identificadas e determinadas, conforme Figura 2.
CONCLUSÕES:
O objetivo principal deste trabalho foi alcançado, divulgando em plataforma online uma
ferramenta que sirva de apoio para o ensino do cálculo da geração de trem-tipo longitudinal
resultante através da linha de influência, tanto positivo como negativo, contribuindo para o
estudo dentro da área relacionada a estruturas de pontes. Conforme resultados
apresentados, a validação se tornou efetiva quando comparado com resultados de diversos
autores.
Pelo fato do aplicativo ser disponibilizado em página web, este trabalho já vem
apresentando bons resultados referentes ao uso do material em sala de aula, visto que o
mesmo pode ser acessado em computadores e celulares sem a necessidade de realizar
qualquer tipo de download, conforme mostra a Figura 9. Destaca-se a facilidade do uso da
ferramenta, como também sua disponibilização, que é feita de forma gratuita,
disponibilizado pelo site: http://tremtipo.com.br/.