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Resumo
Introdução
A história tem nos mostrado, ao longo do tempo, uma série de evidências de ligações
profundas, no contexto da matemática, entre jogos, ensino e conhecimento. Mais ainda, quando
um desses três elementos está em foco, freqüentemente os outros dois têm emergido em algum
momento.
Ainda existem, hoje, fortes resistências, principalmente por parte de professores em
todos os níveis de ensino, sobre o emprego do jogo no contexto da matemática. Apesar disso,
cremos que, o lugar por excelência dos jogos como parte integrante das recreações é no
contexto matemático, seja na produção do conhecimento puro, seja no processo de ensino e
aprendizagem.
Buscando relacionar jogo e cultura, Huizinga (1980), em sua obra filosófica intitulada
Homo ludens a qual objetivou integrar o conceito de jogo no de cultura, procurando determinar
até que ponto a própria cultura possui caráter lúdico, buscou mostrar, do ponto de vista
filosófico – muito mais que psicológico ou antropológico – os elementos lúdicos presentes nas
principais atividades de uma sociedade, inseridos na cultura. Suas idéias nos levaram à
conclusão de que o jogo está fortemente ligado ao conhecimento.
A relação do conhecimento com as características do jogo pode ser identificada na
seguinte argumentação: o conhecimento é para o homem primitivo uma fonte de poder mágico,
pois todo saber é saber sagrado; esta sabedoria é esotérica, capaz de fazer milagre, pois todo
conhecimento está ligado à ordem cósmica; esta ordem, decretada pelos deuses e conservada
pelo ritual de preservação da vida e salvação do homem está salvaguardada no conhecimento
das coisas sagradas, seus nomes secretos e na origem do mundo.
Os desafios, enigmas, as adivinhações são elementos fortemente presentes nos mais
conhecidos e preciosos livros do conhecimento. O conhecimento nesses casos dá uma posição
de superioridade ritual independente da condição social na cultura em questão.
Os jogos vêm sendo cada vez mais adotados pelos professores, buscando evoluir no
processo ensino-aprendizagem. Lara (apud SILVA, 2004, p. 28) considera ser intenção dos
professores tornarem as aulas mais agradáveis com a prática dos jogos, propiciando uma
aprendizagem mais fascinante.
Rego (1998) é uma defensora do jogo e combatente ativa da indiferença daqueles que
apresentam resistências em relação ao uso do jogo na prática pedagógica. Em suas palavras:
Esta idéia enfatiza o uso do jogo na cidadania, que extrapola o contexto da sala de aula
para a sociedade:
Além disso, passam a compreender e a utilizar convenções e regras que serão
empregadas no processo de ensino e aprendizagem. Essa compreensão favorece sua
integração num mundo social bastante complexo e proporciona as primeiras
aproximações com futuras teorizações (BRASIL, 1997, p. 48-49).
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que
estes sejam apresentados de modo atraente e favorecem a criatividade na elaboração
de estratégias de resoluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das
ações, possibilitando a construção de uma atividade positiva perante aos erros, uma
vez que as situações se sucedem rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural,
no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas (IBIDEM, 1997, p. 49).
Com isso, temos mais razões para valorizar o jogo no ensino de matemática.
Quanto aos temas transversais, o jogo ajuda a exercitar a ética, quando o professor pode
discutir com os alunos o valor de respeitar a opinião do outro, esperar sua vez de jogar, não
trapacear com os colegas. Outro aspecto oportuno de emergir em atividades com jogo é a
socialização. Em atividades com jogo, os alunos o professor pode criar várias oportunidades de
desenvolver, nos alunos, o espírito de trabalho em equipe, a cooperação, o respeito ao trabalho e
às limitações do outro, a competição sadia. Além disso, permitindo que o aluno discuta suas
estratégias, os caminhos trilhados na busca de solucionar os problemas propostos com o jogo, o
aluno tem a oportunidade de desenvolver neles o senso crítico, o raciocínio, a reflexão, a
autonomia, elementos que contribuem de forma positiva para o desenvolvimento de sua
cidadania.
Finalmente, todas essas considerações nos remetem a um importante tema transversal
que é o trabalho. Mesmo em atividades com jogo, as regras a serem cumpridas, que determinam
seu comportamento, estimulam a autodisciplina, o compromisso, o que contribui para a
formação de atitudes positivas para sua vida e, portanto, para o trabalho. Cada vez mais
podemos constatar benefícios trazidos pelo jogo para o contexto do ensino-aprendizagem.
O jogo pedagógico
É muito mais fácil e eficiente aprender por meio de jogos, e isso é válido para todas as
idades, desde o maternal até a fase adulta. O jogo em si possui componentes do
cotidiano e o envolvimento desperta o interesse do aprendiz, que se torna sujeito ativo
do processo, e a confecção dos próprios jogos é ainda muito mais emocionante do que
apenas jogar. [...] Muitos jogos ganham uma motivação especial quando a criança os
confecciona. Algumas vezes, parto de, pelo menos, duas idéias para que a criança inicie
fazendo o trabalho por meio da escolha, o que para alguns é algo muito difícil – em
geral, crianças muito tímidas, com baixa auto-estima, com sentimentos de menos-valia,
possuem grande dificuldade para escolher (LOPES, 1998, p. 23-25).
Como todo recurso pedagógico, a utilização do material concreto em sala de aula exige
cuidados básicos por parte do professor, que deve:
Dar tempo para que os alunos conheçam o material (numa primeira etapa é importante
que os alunos o explorem livremente). Apresentadas as regras, o professor atua apenas
como mediador, pois a aprendizagem e interpretação das mesmas tem um grande valor
didático, inclusive levando os alunos a aprenderem a questionar, negociar, colocar seu
ponto de vista e discutir como os colegas até chegarem a um consenso;
Criar no aluno o hábito de comunicar e trocar idéias. Os diferentes processos,
resultados e as estratégias usadas para obtê-las devem também ser sempre discutidos
com a turma. Durante o desenvolvimento das atividades o professor pode guiar os
alunos à descoberta de fatos específicos, através de perguntas ou desafios. Cada sessão
deve terminar com um registro individual ou do grupo, caso tenham discutido de
maneira solidária;
Propor atividades mas estar aberto a sugestões e modificações das mesmas ao longo de
sua realização (vale lembrar que modificações realizadas nas regras de um jogo já
conhecido podem levar à criação de novos e interessantes jogos). O professor precisa
estar atento e aberto a novas abordagens ou descobertas, mesmo que em certo momento
determinadas observações lhes pareçam sem sentido;
Realizar uma escolha responsável e crítica do material;
Planejar com antecedência as atividades, procurando conhecer bem o material a ser
utilizado, para que o mesmo possa ser explorado de forma eficiente, usando de bom
senso para adequá-lo às necessidades da turma. (RÊGO, 1998 p. 19)
Metodologia
Resultados
Analisamos as respostas ao questionário, pergunta a pergunta, para depois fazermos
uma síntese final. Assim, para cada questão, apresentaremos o seu enunciado, e depois os
comentários.
Primeira pergunta: “Enquanto estudante do ensino básico, seus professores utilizaram
jogos em suas aulas? Em quais disciplinas? O que você achou?
Das alunas pesquisadas, 62,5% disseram que seus professores não haviam, até então,
trabalhado com jogos na sua vida escolar até chegarem à faculdade. Depois, tendo participado
da disciplina Metodologia do Ensino da Matemática, passaram a ter contato, fazendo parte de
uma dinâmica de jogar e aprender, incorporando nessa dinâmica, inclusive, o uso da
informática. Das que responderam sim, correspondendo a 37,5%, duas delas disseram que
tiveram contato com os jogos nas disciplinas de Português e Matemática e uma em Inglês.
Consideramos válido destacar o comentário de uma participante que teve oportunidade
de realizar atividades com jogos, tendo formado uma visão positiva a respeito:
. “Foi interessante e melhor para você assimilar aquilo que não entende.”
Aqui citamos Menezes (1996), que destaca as semelhanças entre jogar e resolver
problemas. Ambas as atividades têm heurísticas parecidas de modo que, ao jogar, o indivíduo
está também desenvolvendo a maturidade matemática, pois está fazendo escolhas, tomando
decisões, estabelecendo planos de estratégia.
Segunda pergunta: “Você costuma jogar no seu dia a dia? Em caso afirmativo, que
jogos você prefere? Por quê?
Um percentual de 75% das participantes respondeu que sim. Dentre os jogos preferidos,
estão: sudoku, jogo da memória, dominó, quebra-cabeça, tetris (jogos de encaixe), jogos de
cartas. As restantes 25% simplesmente responderam que não. Uma das que respondeu
afirmativamente, declarou que preferia o dominó ...
“pelo fato de meu sobrinho não saber ainda. Eu o auxilio e a aprendizagem dele
está sendo muito significativa.”
Terceira pergunta: Na maioria das vezes em que você joga, costuma ganhar ou perder?
Cinco das participantes, correspondendo a um percentual de 62,5% respondeu que mais
ganha do que perde, sendo que uma delas afirmou que ganha quando já conhece o jogo.
Destacamos aqui que os professores, enquanto indivíduos que costumam se sair bem no jogo
tendem a ter uma visão positiva acerca do mesmo, trazendo chances de encampar a idéia do
jogo na sua vida profissional. O jogo desenvolve melhora a auto-estima dos que vencem, o que
pode se refletir na sua vida futura no que se refere a uma atitude favorável ante o mesmo. Auto-
estima está relacionada à autoconfiança, que está relacionada à autonomia, que é um dos pré-
requisitos para o desenvolvimento da cidadania.
Quarta pergunta: Para você o que é jogo? E o que é jogo matemático? Quanto à
primeira parte da pergunta, apenas uma participante respondeu, associando o jogo a ganho e
perda, sendo o jogo, para ela, “aprender a ganhar e a perder”ou “participar de brincadeira”..
Quanto a esta definição, como a de jogo matemático, destacamos que as idéias das respondentes
sobre o jogo concernem a fugir da rotina, como na resposta abaixo:
A outra idéia relaciona o jogo a recurso didático. Suas respostas são ligadas a:
“Estimular a aprendizagem;”
“Aprender matemática de maneira mais prática “
“Sair do padrão de ensino (tradicional)”
“Trabalhar com o raciocínio lógico. “
“Uma forma diferenciada de se trabalhar conteúdos, tendo em vista a matemática”
“Como uma metodologia diferente que procura visar o raciocínio de forma mais
eficaz e facilitada.”
“Uma forma de desenvolver habilidades como o raciocínio, paciência, entre
outros.”
Conclusão