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Resumo de Direito Penal

CONCEITO:

Todo o conjunto de normas jurídicas que têm por finalidade estabelecer as infrações de cunho
penal e suas respectivas sanções e reprimendas. O Direito Penal é um ramo do Direito
Público (que diz respeito a função ou dever do Estado). Há que se acrescentar que o Direito
Penal é formado por uma descrição, em série, de condutas definidas em lei, com as
respectivas intervenções do Estado (na aplicação de sanções e eventuais benefícios), quando
da ocorrência do fato delituoso, concreto ou tentado.

DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL

O Código Penal é divido em artigos, que vão do 1º aos 361. Em sua Parte Geral (artigos 1º a
120), cuida de assuntos pertinentes a aplicabilidade, características, explicações e permissões
contidas na lei penal. Sua segunda parte, ou Parte Especial (artigos 121 a 361) trata dos crimes
em si, descrevendo condutas e penas a serem aplicadas.

Sujeito Ativo – Indivíduo ou agente que pratica um fato (isto é, uma ação ou omissão) tipificado
como delituoso pela legislação vigente.
Sujeito Passivo – Capacidade que o indivíduo ou agente tem de sofrer as sanções penais
incidentes sobre sua conduta delituosa.
Direito Penal Subjetivo – Poder de “Império” (ou dever) do Estado de punir os indivíduos por ele
tutelados, dentro dos basilares do Direito Penal Objetivo.
Direito Penal Objetivo – Todas as normas existentes e de pronta aplicabilidade sobre o fato
concreto ou tentado.
Direito Penal Comum – Aplicação do direito pelos órgãos jurisdicionais do Estado, ou seja,
aplicação do Direito Penal dentro da atuação da Justiça comum existente nos Estados da
Federação.
Direito Penal Especial - Previsão legal de competência para atuação das justiças especializadas
na aplicação da lei penal. Exemplo: Direito Penal Eleitoral e Direito Penal Militar.
Direito Penal Substantivo - É a materialidade da norma, ou seja, é a norma em sua
apresentação formal (exemplo: livro que contém o Código Penal).
Direito Penal Adjetivo – É a instrumentalidade do Direito Penal, isto é, o direito processual e
suas nuances.

FONTES DO DIREITO PENAL

Conceito:

As fontes são o marcos de origem e manifestação do Direito Penal.


São o órgão ou a forma de sua exteriorização.
Por exemplo: compete privativamente a União, legislar sobre: direito civil, comercial, penal,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
Outro exemplo: a simples existência de lei, costumes, jurisprudências, princípios e/ou
doutrinas.
Divisão das Fontes de Direito Penal

Fontes materiais – Ente estatal responsável pela produção e pela exteriorização do Direito.
Fontes Formais – Forma e modo de exteriorização do Direito
Fontes Formais Imediatas – As leis penais existentes. Conforme o princípio da legalidade,
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5º,
inciso XXXIX da Constituição Federal de 88, e art. 1º do Código Penal Brasileiro).
Fontes Formais Mediatas – Na omissão da lei, podem ser aplicados os princípios gerais de
Direito, os costumes a jurisprudência e a doutrina, os quais são fontes formais mediatas. Esses
princípios estão autorizados por lei (Art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro).

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL

Importante lembrarem que os princípios são os fundamentos de uma norma jurídica, ou seja,
são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas em nenhuma Lei.
Eles inspiram os legisladores ou outros agentes responsáveis pela criação da norma, a
tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.

Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade – Sem legislação específica não há crime. É


uma forma de limitação do poder punitivo do Estado (Art. 5º, inciso XXXIX da CF/88 e Art. 1º do
Código Penal Brasileiro).
Princípio da Intervenção – Limita o poder de atuação do ente estatal. O direito punitivo só
será aplicado em observância ao princípio da reserva legal, com o fim social de impedir o
legislador de se exceder na construção do Direito Penal aplicável.
Princípio da Irretroatividade da Lei Penal – A lei penal só pode retroagir para beneficiar.
Com isso, fica afastada a possibilidade de uma lei nova (mais rígida) prejudicar fatos pretéritos.
A retroação só pode acontecer se a lei nova for mais benigna ao agente do delito (Art. 5º, XL
da CF/88).
Princípio da Insignificância – Aferida a irrelevância de uma conduta delituosa, ou sua
insignificância (por exemplo, a apropriação de bagatelas), deve ser excluída sua tipicidade
penal.
Princípio da Ofensividade – Aplicado na elaboração das leis, cuida de prevenir um ataque ou
perigo concreto sobre um bem tutelado pelo Estado. Esse princípio protege o interesse social
tutelado pelo Estado de um perigo de lesão (ou ofensa).
Princípio da proporcionalidade – Cabe ao Estado dar a seus cidadãos um mínimo de
proporcionalidade entre a garantia de seus direitos. Segundo esse princípio, o sistema penal se
firma na sua capacidade de fazer frente aos delitos existentes em um meio social que absorva
sua eficácia.
Princípio da Alteridade – Não ofendido nenhum bem jurídico por ato meramente subjetivo,
não existe crime. Como exemplo, a autoagressão contida no suicídio.
Princípio do “in dubio pro reo” - Na dúvida, o réu deve ser absolvido, pois no direito penal a
culpa tem que ser comprovada, não cabendo suposição de prática de ato delituoso.
Princípio da Dignidade Humana
O Estado e o Direito não são fins e sim meios para a realização da dignidade humana.
Princípio da Legalidade e Anterioridade
A lei deve ser anterior ao fato ocorrido, o qual é passível de sanção penal por parte do Estado.
Conforme inciso XXXIX, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 (CF): “Não há crime sem
lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.
Princípio da Irretroatividade
Proíbe que normas posteriores ao fato em questão causem prejuízos ao acusado. Decorre do
princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não atinge fatos do passado, a não ser quando
for em benefício do agente.
Artigo 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória”.
Princípio da Extra Atividade da Lei Penal
Em alguns casos, a lei penal, mesmo após sua revogação, continua regulando atos cometidos
durante a sua vigência ou retroage para alcançar acontecimentos anteriores à sua entrada em
vigor. Isso se dá quando for em benefício do agente.
Princípio da Alteridade
O Direito Penal não incriminará aquele que praticar atitude que não ofenda o bem jurídico.
Por esse princípio, não é possível punir a autolesão, por exemplo, não podendo o agente
cometer crime contra si mesmo.
Princípio da Confiança
Parte do pressuposto de que todos os indivíduos ajam de acordo com as regras e normas
existentes.
Princípio da Insignificância
O Direito Penal não deve se ocupar com fatos irrisórios ou bagatelas. Não deve ser acionado
por conta de fatos sem relevância jurídica, os chamados fatos atípicos.
Ou seja, só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao bem jurídico.
Princípio da Reserva Legal
Só a lei pode determinar quais condutas serão tipificadas como crimes.
Princípio da Intervenção Mínima
O direito penal só deve intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder dar resposta
efetiva à sociedade, atuando como última instância.
Princípio da Fragmentariedade
O Direito Penal somente é chamado a tutelar as lesões de maior gravidade para os bens
jurídicos.
Princípio da Ofensividade ou Lesividade
Para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico.
Princípio da Individualização da Pena
A imposição da sanção penal para cada agente deve ser analisada e graduada
individualmente, ainda que todos respondam pela mesma infração.
Princípio da Responsabilidade Pessoal
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Nesse sentido, o pai não pode ser preso em
razão de infração cometida pelo filho.
Princípio da Humanidade
É inconstitucional qualquer pena ou consequência que atente contra a dignidade humana. Por
isso proíbe-se penas cruéis e infamantes, utilização de tortura e maus-tratos.
Princípio tempus regit actum
Aplicável em matéria de eficácia de lei penal no tempo, ou seja, a lei a ser aplicada é a lei
vigente ao tempo do fato.
Princípio da Especialidade
A norma especial afasta a aplicação da norma geral.
Princípio da Subsidiariedade
A norma mais ampla (primária) absorve a menos ampla (secundária).
A norma será considerada principal quando descreve um grau maior de lesão ao bem jurídico.
Resta, assim, a aplicação da subsidiária somente quando a principal não incidir.
Princípio da Consunção
O fato mais grave absorve outros menos graves. Isso quando estes funcionam como meio
necessário ou fase normal de preparação ou execução, ou mero exaurimento de outro crime.
Princípio ne bis in idem
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. A pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas. Ou nela é computada,
quando idênticas.

APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Artigos 1º a 12 do CPB)

Vigência e Revogação da Lei Penal (Lei Penal no Tempo – Artigo 2º) – A lei penal começa
a vigorar na data expressa em seu bojo. Em caso de omissão, ela começa a vigorar quarenta e
cinco dias após sua publicação, no País, e em três meses no exterior (Vacância da Lei). A
revogação da Lei Penal se opera com a edição de nova lei, e sua revogação pode se efetivar
total (ab-rogação) ou parcialmente (derrogação). A lei penal pode ser temporária (com prazo
fixado de vigência), ou excepcional (criada para ser aplicada em evento emergencial ou furtivo).
Tempo e Lugar do Crime (Artigo 6º)– Segundo a Teoria da Atividade, o crime sempre é
cometido no momento da ação ou omissão, com a respectiva aplicação da lei vigente. A lei
penal brasileira utiliza dessa teoria, em conjunto com a teoria do resultado (segundo a qual o
crime é considerado cometido quando da produção do resultado) e com a teoria da ubiquidade
(segundo a qual se considera o crime cometido, tanto no momento da ação ou omissão, quanto
na produção do resultado).
Lei Penal no Espaço - Segundo o princípio da territorialidade, a lei penal pátria deve ser
aplicada dentro do território nacional, respeitando-se os tratados e convenções estrangeiras,
quando existentes. São considerados como parte do território nacional as aeronaves e
embarcações públicas, além das aeronaves e embarcações privadas. A Lei Penal Brasileira
será sempre aplicada em embarcações e aeronaves estrangeiras que estiverem de passagem
pelo território nacional. Já o princípio da extraterritorialidade prevê a aplicação da Lei Penal
Brasileira a fatos criminosos praticados no estrangeiro, desde que cometidos contra o
representante do governo brasileiro, ou contra as instituições que compõem a União, os
Estados e os Municípios. Aplica-se também a Lei Penal Brasileira nos atos praticados por, ou
contra, brasileiros no exterior, sem prejuízo das previsões contidas no artigo 7º do CPB.
Território Nacional – Todo espaço em que o Estado exerce sua soberania, ou seja, 12 milhas
a contar da faixa costeiro incluído o espaço aéreo correspondente.
Extradição – São atos de entrega e custódia de agentes delituosos por países que cooperam
entre si na prevenção internacional do crime. As extradições podem ser ativas (feitas pelo país
requerente) e passivas (feitas pelo país cedente).
Deportação e Expulsão – retirada obrigatória dos nacionais do estrangeiro, ou de estrangeiros
do território nacional, por imposição administrativa vinculada à lei penal vigente.
Sentença Prolatada no Exterior (cumprimento da pena) - Uma vez sentenciado no exterior,
o nacional tem direito à atenuação da pena imposta em território nacional pela a pratica de
mesmo crime. Em caso de aplicação de pena mais severa que a brasileira, o nacional fica
isento de cumprimento de pena no nosso território.
FATO TÍPICO

Conceito de Crime – Crime é uma ação típica, antijurídica, culpável e punível.


Os crimes podem ser praticados por ação (crimes comissivos) ou por omissão (crimes
omissivos).
1. Fato Típico – São os elementos do crime:
 Ação (dolosa ou culposa)
 Resultado,
 Causalidade
 Tipicidade.
Tipo - Descrição contida na lei de um determinado fato delituoso, para efetiva aferição da
ocorrência de crime.
Conduta – Ato consciente ou comportamental praticado pelo ser humano, estando assim
excluídos os animais e os fatos naturais.
Crimes Omissivos e Comissivos (Formas de conduta) – Dividem-se em crimes omissivos
próprios ou puros, e comissivos por omissão.
 Os crimes omissivos próprios podem ser imputados a qualquer pessoa. São crimes
ligados à conduta omitida, independentemente do resultado, tendo como objeto apenas
a omissão.
 Já nos crimes comissivos por omissão, a simples prática da omissão causa um resultado
delituoso, que é punível se o agente tinha como obrigação vigiar ou proteger alguém.
É a materialização de um crime por meio de uma omissão.

Esses crimes podem ser praticados por dolo e culpa:

a) Dolo: Intenção declarada e manifestada na vontade consciente do agente para


praticar uma ação, cujo fato é tido como crime pela legislação aplicável. O dolo
se concretiza também na certeza e na consciência do resultado.

Espécies de Dolo:
O dolo se divide em dolo indireto ou indeterminado e dolo direto.
 Dolo Indireto ou indeterminado - Nesse caso, está presente a vontade parcial do
agente, o qual assume o risco do resultado, sem direcionar sua vontade para um objeto
específico.
O dolo Indireto pode ser dividido em alternativo ou eventual.
 Dolo Alternativo – A ação praticada pode fornecer mais de um resultado (lesionar ou
matar),ou seja, o agente prevê e quer um ou outro dos resultados possíveis da sua
conduta
 Dolo Eventual - O resultado existe dentro das leis de probabilidade, e, mesmo que o
agente não queira, por sua vontade, a efetividade do resultado, assume o risco eventual
de sua ação, ou seja, a intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém,
outro também previsto e consequente possível da sua conduta.
 DOLO DIRETO (ou determinado): o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta
na busca de realizá-lo.

Preterdolo – Existência de dolo e culpa; encontrando-se o dolo na prática delituosa


antecedente, e a culpa, na prática consequente. Exemplo: latrocínio (roubo seguido de morte).
b) Culpa – Pune-se a culpa apenas quando existe previsão legal para tal fim. A
culpa se baseia na falta de vontade de trazer um resultado delituoso sobre a
ação praticada. A ação é praticada sem intenção, podendo a culpa se manifestar
por meio da imperícia (falta de habilitação técnica para a prática de determinado
ato), da imprudência (precipitação e falta de cuidados necessários no exercício
de um ato) e da negligência (negativa de cometimento de um ato calcado na
displicência).

Tipos de Culpa – Existem três tipos de culpa:


 A Culpa consciente (o agente prevê o resultado, mas assume o risco por acreditar que
dano algum será causado), isto é, o agente prevê o resultado, mas espera que ele não
ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade.
 A Culpa inconsciente (por falta de atenção o agente não prevê o risco), ou seja, o agente
não prevê o resultado, que era objetiva e subjetivamente previsível.
 A Culpa imprópria (erro de pessoa, em que o agente pretende o resultado, mas pratica-o
de forma errônea, sobre pessoa diferente de sua vontade primária).
OBS: Culpa imprópria se destaca no caso das descriminantes putativas.
Neste caso o agente por interpretar erroneamente a realidade (erro de tipo), comete um crime
achando estar acobertado pelas causas excludentes de ilicitude ou antijuridiciade (legitima
defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito, estrito cumprimento de dever
legal).
O erro de tipo pode ser essencial ou acidental:
 Erro de tipo essencial: Recai sobre as elementares do tipo.
Ex: Matar alguém, ai a pessoa mata alguém achando que era um animal.
 Escusável: É um erro que se pode perdoar, logo exclui dolo e culpa.
 Inescusável: É o erro que não se pode desculpar, dessa forma, responde a título de
culpa se previsto em lei.
Aqui se encontra a culpa imprópria. Veja que o agente quis o resultado, apesar de não
saber que estava praticando um crime, ele praticou a conduta dirigida a uma finalidade, mas
não queria, e nem sabia que estava praticando um ilícito.
 Erro de tipo acidental: Recai sobre os elementos secundários. Ex: Quero matar A, mas
mato B. Continua sendo crime.

2. Resultado – Juntamente com a conduta, é o segundo elemento do fato típico. Para que o
Ente Estatal possa agir dentro de seu dever de punir, é necessário que, para a
caracterização de um crime, haja um dano efetivo ou a existência de iminente perigo. O
resultado, como elemento do fato típico, manifesta-se nos delitos da seguinte forma:
 crime material ou de resultado (nos crimes contra o patrimônio, o dano patrimonial é o
resultado; sem ele só se puniria a tentativa. Assim o crime material é aquele em que a
conduta está diretamente ligada ao resultado.);
 crime formal (a simples ação do agente independente do resultado. Ex. ameaça, injúria
e difamação);
 crimes de mera conduta (o tipo não descreve o resultado, existindo apenas a ação ou a
omissão para ocorrência do crime (Ex.: o previsto no art. 280 do CPB - fornecer
medicamento sem receita médica).

Nexo de causalidade – A causa é a linha de ação percorrida pelo agente para a ocorrência do
resultado. O nexo causal tem a função de descrever as situações apresentadas quando da
conduta. O nexo de causalidade divide-se em dependente (depende da conduta para produção
da causa) e independente (causa independente que se relaciona com a causa principal).
Do crime - Consumação e Tentativa (Artigos 13 a 25 do CPB)

Etapas do crime ou “iter criminis” – O fato criminoso se divide em fases ou etapas, que são
divididas em: cogitação, atos preparatórios, fase de execução e fase de consumação. A
cogitação e os atos preparatórios não são puníveis.
Consumação – Ocorre quando todas as etapas do crime se manifestam por meio de um
resultado. Nos crimes materiais, a consumação se manifesta pela ocorrência do resultado; nos
crimes formais, manifesta-se pela mera conduta.
Tentativa – Ocorre todas as vezes que circunstâncias alheias à vontade do agente impedem a
execução de um crime. Não existe tentativa nas contravenções, nos crimes culposos e nos
preterdolosos. Existem duas espécies de tentativa: Tentativa Perfeita ou Crime Falho (quando
todos os atos necessários à consumação do crime são praticados, mas este não acontece); e
a Tentativa Imperfeita (quando acontece uma interrupção dos atos necessários à consumação).

Fato Típico – Outras Modalidades


Arrependimento Eficaz – No arrependimento eficaz ocorre a chamada tentativa perfeita, em
que o autor da ação se arrepende e impede que o resultado se produza, respondendo
criminalmente apenas pelos atos já praticados.
Arrependimento Posterior – Antes da apresentação e do recebimento da denúncia ou queixa
pelo juiz, o autor do fato repara o dano ou restitui a coisa. Essa modalidade ocorre nos crimes
sem violência ou grave ameaça.
Crime Impossível - O crime deixa de se consumar quando o autor da ação utiliza-se de meio
ineficiente e impróprio à sua consumação (Ex.: tentar matar um cadáver; ministrar água pura,
imaginado tratar-se de veneno; praticar atos referentes ao aborto em mulher que não esteja
grávida)
Desistência Voluntária – Ato de desistência de se prosseguir na execução de um crime.
Ocorre quando autor de uma determinada ação, voluntariamente, interrompe a sua execução, o
que afasta a possibilidade de punição.
Erro Acidental – Divide-se em: erro sobre o objeto (Por exemplo, furta-se uma lata de tinta,
pensando ser de solvente); e erro sobre pessoa (exemplo: pratica-se o homicídio sobre uma
determinada pessoa, acreditando ser esta a vítima visada).
Erro na Execução ("aberratio ictus")- O autor do fato age com intenção de provocar dano
delituoso, que, por inabilidade ou acidente, se consuma em terceira pessoa, estranha à sua
intenção. Nesse caso, o autor do fato é punido com o mesmo rigor que o seria se tivesse
concretizado sua intenção contra a vítima visada.
Erro de Tipo – Circunstância que afasta a ocorrência de dolo e a imposição de culpa. O erro
de tipo incide sobre a expressão contida na tipificação penal. Ex.: Crime de Desacato – o autor
da ação desconhece que a vítima de seu ato desrespeitoso é autoridade pública, o que afasta
o dolo e inclui a culpa.
Erro Sobre Nexo Causal – Na execução do crime, o autor do fato pretende uma determinada
consumação e esta ocorre de forma diferenciada da pretendida. Ex.: lançar alguém na frente
de um carro em movimento - o carro se desvia e a pessoa lançada vem a óbito por
traumatismo craniano, provocado pelo choque de sua cabeça com o asfalto.
Resultado Diverso do Pretendido ("aberratio delicti") – Devido ao erro, o autor da ação
provoca um resultado diferente do pretendido. Ex.: Na pretensão de furtar uma casa, o autor do
delito arromba uma porta com excesso de força, provocando a morte de um desavisado que
passava pela porta do lado de dentro da casa.

ANTIJURIDICIDADE

Não existindo o tipo penal, não há que se falar em antijuridicidade ou ilicitude. Entende-se por
antijuridicidade ou ilicitude todo o comportamento atentatório à ordem jurídica ou aos bens
jurídicos tutelados.
Causas de Exclusão da Antijuridicidade
Conforme o artigo 23 do CPB existe tipos de justificativas que excluem a ocorrência de prática
antijurídica ou ilícita: o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
dever legal e o exercício regular de um direito são causas de inexistência da ocorrência de
crime.
Estado de Necessidade - Segundo o artigo 24 do CPB, "considera-se em estado de
necessidade quem pratica o fato para se salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se". Acrescente-se que aquele que tenha o dever legal
de enfrentar o perigo não pode alegar em seu favor estado de necessidade.
Legítima Defesa – Conforme o artigo 25 do CPB, "entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem".
Estrito Cumprimento do Dever Legal – Inexiste crime se o autor do fato o pratica em estrito
cumprimento de seu dever legal. Ex.: O poder de polícia e a fé pública.
Exercício Regular de Direito – Praticar ou deixar de praticar algo, devido ao exercício regular
de direito. Ex.: sigilo profissional dos médicos e advogados.
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica – Punem-se apenas o autor da coação
irresistível (o constrangimento sobre grave ameaça) ou o autor da ordem ditada (ordem oriunda
de subordinação de cunho administrativo). Se o delito cometido tem suas bases em coação de
que o agente não poderia eximir-se, ou, quando em cumprimento de ordem ditada por superior
hierárquico, não consegue perceber a sua ilegalidade, fica o agente afastado de qualquer
punição. Estão afastadas da obediência hierárquica as ordens emanadas por vínculo
empregatício ou religioso.

CULPABILIDADE

A culpabilidade encontra óbices teóricos que impedem sua pacificação conceitual. Sua
definição mais abalizada se encontra na reprovação do autor do fato, por desrespeito ao direito,
que, como fonte disciplinadora, lhe exigia conduta contrária à praticada.
Imputabilidade - Capacidade do agente de entender e de ser responsabilizado penalmente.
No caso de inexistência desta capacidade, o agente delituoso é considerado inimputável.
Causas Dirimentes – São condições para aplicação da imputabilidade: a menoridade, as
doenças mentais e a embriaguez. No caso da menoridade, aplica-se atualmente a legislação
especial contida no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90. Já a embriaguez se
divide em voluntária e culposa, preservando-se o caso fortuito ou força maior, que, na prática
da ação ou omissão, deixou o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
As doenças mentais são aquelas que impedem o agente de entender o caráter ilícito da ação
ou omissão.
CONCURSO DE PESSOAS (artigos 29 a 31 do CPB)
Aquele que, de qualquer modo, concorre para o crime incide na pena a este cominada, na
medida de sua culpabilidade. O concurso de pessoas ocorre quando duas ou mais pessoas
concorrem para a prática de um mesmo crime. Cada participante responde de acordo com sua
participação no crime, o que motiva a aplicação de penas diferenciadas.
Da Autoria – Autor é o sujeito que pratica a ação ou omissão delituosa. A autoria é mediata,
quando executada por terceiro não culpável (menor, por exemplo), em favor do autor que não
executa o crime pessoalmente.
Da Coautoria e da Participação - O coautor tem participação direta no sentido de colaborar
para a consumação do crime (nesse caso a colaboração é consciente). A participação se
caracteriza pela concorrência exercida em favor do autor pelo coautor ou pelos coautores. O
CPB pune de forma igualitária o autor, o coautor e o partícipe de qualquer delito, com a
ressalva de aferição de culpabilidade.

DAS PENAS

No Direito Penal Brasileiro, a pena tem um caráter punitivo e preventivo. Sua condição punitiva
tem equilíbrio no dever de possibilitar a franca reabilitação do agente condenado.
Espécies de Penas (artigos 32 a 58 do CPB) – O artigo 32 do CPB estabelece que as penas
aplicáveis se concretizem em: privativas de liberdade, restritivas de direito e penas de multa.
Penas Privativas de Liberdade – São medidas de cunho punitivo, aplicadas pela prática de
ilícitos criminais. As Penas privativas de liberdade dividem-se em:
 Reclusão (com regimes de cumprimento de penas fechado, semiaberto e aberto)
 Detenção (somente para os regimes semiabertos e abertos).
O cumprimento de pena de reclusão se efetiva nas penitenciárias, as quais têm por objetivo a
tutela de presos condenados no regime fechado. O regime semiaberto pode ser cumprido nas
penitenciárias comuns, agrícolas ou similares. Já o regime aberto deverá ser cumprido em
albergues e delegacias (têm caráter temporário). Há ainda as penas privativas de liberdade
em hospitais de Custódia (o condenado que, durante o cumprimento da pena, manifestar
doença mental deve ser recolhido em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico ou
estabelecimento adequado).
Regime Fechado – O condenado fica sujeito ao trabalho no período diurno, conforme suas
habilidades aferidas em exame criminológico, ficando em isolamento durante o período
noturno.
Regime Semiaberto – O condenado fica sujeito ao trabalho em comum durante o período
diurno, podendo ainda trabalhar externamente e estudar durante o período de cumprimento da
pena.
Regime Aberto – O condenado tem direito ao trabalho e ao estudo fora do estabelecimento de
cumprimento de pena. Durante o período noturno, ele deve permanecer recolhido, podendo ser
transferido para regime mais severo de cumprimento de pena, no caso de prática de crime
doloso ou atentado direto contra a execução da pena e multa acumulada.
Regime Especial - Reserva legal que beneficia as mulheres no cumprimento de pena, as quais
cumprem pena em estabelecimento penitenciário especial.
Direitos do Preso (Artigo 38) – São mantidos todos os direitos do preso não atingidos pela
perda da liberdade, dentre os quais podemos citar: direito à vida, à manutenção da integridade
física e moral, ao trabalho remunerado, direito de petição aos órgãos públicos, direito à
propriedade, à intimidade, à vida privada, a assistência jurídica, médica e odontológica, a
educação e cultura, direito de receber visitas, e outros previstos no art. 3º da Lei de Execuções
Penais.
Trabalho do Preso (Artigo 39) – O trabalho do preso será sempre remunerado, com as
garantias pertinentes à Previdência Social.
Detração – É obrigação de computação, nas penas privativas de liberdade e nas medidas de
segurança, de todo o tempo de prisão provisória ou administrativa cumprida no Brasil ou no
exterior.
Das Penas Restritivas de Direito (Artigos 43 a 52) – Dentre as penas restritivas de direito
encontram-se:
 Prestação pecuniária,
 Perda de bens e valores,
 Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas,
 Interdição temporária de direitos
 Limitação de fim de semana.
Todas essas penas são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando a pena
máxima aplicada não for superior a quatro anos, ou igual ou inferior a um ano.
A função social das penas restritivas de direito é a da substituição das penas privativas de
liberdade nos casos de crimes com pequeno poder ofensivo.
Prestação Pecuniária – É o pagamento em dinheiro à vítima, a sua dependente, ou a entidade
pública ou privada, de valor não inferior a um salário mínimo vigente, e limitado a trezentos e
sessenta salários, valor este que poderá ser abatido de eventual condenação à reparação na
área cível.
Perda de Bens e Valores - É a perda de bens e valores dos condenados em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, fixado no montante do prejuízo causado ou no valor do provento obtido
na prática delituosa.
Prestação de Serviços à Comunidade ou a Entidades Públicas - Aplicável em toda
condenação superior a seis meses de privação da liberdade. É a atribuição de tarefas a serem
executadas de forma gratuita à comunidade ou a entidades públicas, de acordo com as
aptidões do condenado, no tempo máximo de uma hora por dia, sem prejuízo da jornada
laboral do condenado.
Interdição Temporária de Direitos (Artigo 47) – Proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como do exercício de mandato eletivo, além da possibilidade da
suspensão da autorização para dirigir e da proibição de frequência a determinados lugares.
Limitações de Finais de Semana (Artigo 48) – Obrigação de permanecer, aos sábados e
domingos, por cinco horas diárias em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado,
onde poderão ser oferecidos ao condenado cursos, palestras ou atividades educativas.

Da Pena de Multa (Artigos 49 a 52)

Multa (Artigo 49) – Consiste no pagamento de dias-multa ao Fundo Penitenciário, sempre que
fixada na sentença condenatória. Seu valor é fixado em, no mimo, dez dias-multa e, no
máximo, em trezentos e sessenta dias-multa, valor este que não pode ser inferior a um
trigésimo do salário mínimo, nem superior a cinco vezes o salário vigente à época dos fatos. A
suspensão da multa ocorre no caso de o condenado vir a sofrer doença mental.

Da Cominação das Penas (Artigos 53 a 58) – A Cominação em Direito Penal está ligada à
quantidade mínima e máxima (ou limite) de cada pena, as quais podem vir expressas no texto
de lei, ou aplicadas quando da ocorrência da sentença condenatória.
Por exemplo: no caso de fixação de pena inferior a um ano, deve-se aplicar a pena restritiva de
direitos em substituição à privativa de liberdade, independentemente de previsão em texto de
lei.

Da Aplicação da Pena (Artigos 59 a 76 do CPB)

Fixação da Pena (artigo 59) - No sistema brasileiro, o juiz deve adotar as circunstâncias
judiciais:
 As agravantes e as atenuantes;
 Bem como as causas de aumento e diminuição da pena;
Além disso, a pena deve zelar pela reprovação e prevenção do crime.
Na fixação da multa, deve ser respeitada a situação econômica do réu.

Das Agravantes (Artigo 61) – Sempre agravam a pena:


 Reincidência,
 O motivo fútil ou torpe e a ocultação;
 A impunidade ou vantagem de outro crime;
 A traição,
 A emboscada e a simulação;
 O emprego de veneno, fogo, explosivo, ou tortura;
 Os crimes praticados contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
 O abuso de poder;
 O crime praticado contra: criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida.

Reincidência (Artigo 63) – considera-se como reincidência, o cometimento de novo crime,


depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, tenha condenado o
autor por crime anterior.

Das Atenuantes (Artigo 65) – Sempre atenuam a pena:


 A menoridade do agente na época do fato delituoso,
 Bem como a idade superior a setenta anos na data da sentença;
 O desconhecimento da lei;
 O crime cometido por relevante valor social ou moral;
 A tentativa de evitar ou minorar as consequências do ato delituoso;
 A confissão espontânea;
 A coação irresistível;
 O cumprimento de ordem;
 A violenta emoção.

Do concurso de Crimes (Artigos 67 a 76 do CPB)

Concurso entre Agravantes e Atenuantes (Artigo 67) – Após a aferição dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência, a pena a ser fixada
deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes.
Concurso Material (Artigo 69) – Ocorre quando o autor do delito, por mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, as penas são somadas
diretamente nos autos do processo, ou quando da execução da sentença nas varas de
execução criminal. O concurso material pode ser homogêneo (pratica de crimes idênticos) ou
heterogêneo (pratica de crimes não idênticos).
Concurso Formal (Artigo 70) - Ocorre quando o autor do delito, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aplica-se, nesse caso, a mais grave
das penas cabíveis, ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
um sexto até metade. A pena aplica-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos.

Crime Continuado (Artigo 71) - Quando o autor do delito, "mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços".
Da Suspensão Condicional da Pena (Artigos 77 a 82) - Suspende-se por dois a quatro anos
a pena privativa de liberdade não superior a dois anos, na falta de reincidência em crime
doloso, quando a conduta social e a personalidade do agente permitam a concessão do
benefício, e quando não for possível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva
de direitos. Se o condenado possuir idade superior a setenta anos e for condenado a pena não
superior a quatro anos, poderá ser suspensa a pena por quatro a seis anos.
Do Livramento Condicional (Artigos 83 a 90) – Antecipação provisória da execução da pena,
na qual o condenado é posto em liberdade, mediante o cumprimento de obrigações
determinadas pelo juiz da Vara de Execuções. É aplicado após cumprimento de parte da pena,
mediante a observância de alguns requisitos. Se o Condenado não é reincidente em crime
doloso, é necessário ter cumprido mais de um terço da pena. Se reincidente, é necessário ter
cumprido mais da metade. São considerados ainda fatores como o bom comportamento
durante o cumprimento da pena, e a reparação do dano causado, salvo efetiva impossibilidade
de fazê-lo. No caso de crime hediondo, é necessário o cumprimento de pelo menos dois terços
da pena.
Dos Efeitos da Condenação (Artigo 91) – A condenação gera efeitos sobre a necessidade de
se indenizar o dano causado pelo crime, além da perda dos instrumentos e do produto do
crime em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. A
condenação também tem como efeitos a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.
Da Reabilitação (Artigo 93) – Ato que assegura ao condenado o sigilo sobre seu processo e
efetiva condenação. A reabilitação pode ser requerida, decorridos dois anos do dia em que foi
extinta a pena e sua execução, mediante algumas condições, dentre elas o bom
comportamento, o domicílio no País durante o prazo de dois anos e a comprovação de
ressarcimento do dano causado pela prática criminosa.

DA AÇÃO PENAL (Artigos 100 a 106 do CPB)

Ação Penal Pública e de Iniciativa Privada (Art. 100) – O ato de punibilidade do Estado
inicia-se mediante provocação do Ministério Público, do Ministro da Justiça ou do ofendido. A
ação penal pública pode ser:
 Condicionada (isto é, depende da manifestação de vontade),
 Incondicionada (independe da manifestação de vontade).
A ação penal de iniciativa privada efetiva-se mediante queixa-crime proposta pelo próprio
ofendido ou por meio de seu procurador ou representante legal.
(Pode ser propriamente dita ou exclusiva, isto é, de iniciativa da vítima ou de seu representante
legal), personalíssima (só pode ser proposta pela vítima), e subsidiária da pública(caso em que
a vítima exerce seu direito de oferecer queixa-subsidiária, quando da inércia do Ministério
Público).
Ação Penal no Crime Complexo (Artigo 101) - "Quando a lei considera como elemento ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em
relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do
Ministério Público."
Irretratabilidade da Representação (Artigo 102) - A representação será irretratável depois de
oferecida a denúncia.
Decadência do Direito de Queixa ou de Representação (Artigo 103) - Salvo disposição
expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o
exerce dentro do prazo de seis meses, contados do dia em que veio, a saber, da autoria do
crime.
Renúncia Expressa ou Tácita do Direito de Queixa (Artigo 104) – Implica renúncia tácita ao
direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica,
todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Perdão do Ofendido (Artigo 105) - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se
procede mediante queixa, impede o prosseguimento da ação.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (Artigos 107 a 120 do CPB)

Extinção da Punibilidade (Artigo 107) – É direito de o Estado punir, ou seja, exercer a


punibilidade. A legislação, no entanto, estabelece as situações que impedem o Estado de
exercer o poder de punir.
Elas estão relacionadas nos incisos do art. 107, são:
 Morte do agente (Artigo 107, inciso I). A certidão de óbito expedida por cartório
competente, quando apresentada ao juiz, extingue a punibilidade em favor do falecido
(nesse caso, não vale o atestado de óbito, mas somente a certidão de óbito).
 Anistia, graça ou indulto (Artigo 107, inciso II)
 Anistia – origina-se em lei que exclui a existência do crime sem extinguir a
tipicidade, podendo ser própria (concedida antes da condenação); imprópria
(concedida após a condenação); plena e irrestrita (sem limitação dos efeitos de
sua extensão); parcial (com limitação dos efeitos de sua extensão); condicionada
(impõe condições); e incondicionada (sem a imposição de condições).
 A graça – é concedida pelo Presidente da República ao indivíduo, não atingindo
a coletividade. A Graça extingue a punibilidade, mantendo os efeitos da falta de
primariedade.
 O indulto – é concedido pelo Presidente da República ao coletivo, mantendo os
efeitos do crime e extinguindo a punibilidade.

Retroatividade de Lei – (Artigo 107, inciso III) – A criação de lei nova, que deixa de
considerar como crime conduta anteriormente considerada delituosa, extingue a punibilidade
pela aplicação do princípio do “abolitio criminis”, contido no artigo 2º do CPB (que trata da lei
penal no tempo).
Prescrição, decadência e perempção (Artigos 107, inciso IV)
 Prescrição – Perda do direito de punir do Estado pela sua demora na condução da
Ação Penal. O Artigo 109 do CPB relaciona os prazos de prescrição das ações penais,
levando em consideração a cominação máxima da pena a ser aplicada. A prescrição
pode acontecer também após a expedição de sentença condenatória.
 - Decadência - Perda do prazo para o oferecimento de queixa ou denúncia (seis meses
a partir do conhecimento da autoria), o que causa a perda do direito de ação por parte
do ofendido, extinguindo a punibilidade do autor da infração por inamovibilidade das
partes interessadas (ofendido ou Ministério Público). A decadência não atinge o direito
de requisição do Ministro da Justiça.
 - Perempção – Exclusiva da ação penal privada, a perempção acontece sempre que,
iniciada a ação penal, o querelante (ou autor da queixa-crime), deixar de promover o
andamento do processo durante trinta dias seguidos.
Prescrição da pretensão punitiva – Ocorre antes do trânsito em julgado da ação penal.
 A prescrição propriamente dita: Tem seu início na consumação do crime, e término
no oferecimento da queixa ou denúncia, podendo estender-se até a sentença.
 A prescrição superveniente: Ocorre dentro do prazo de recurso da sentença.
 Já a prescrição retroativa: Ocorre dentro do prazo para defesa, mesmo que a sentença
já tenha transitado em julgado para a acusação.
 A prescrição executória ocorre após trânsito em julgado da sentença com a devida
extinção da pena e manutenção dos efeitos secundários.
 A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada. São reduzidos à metade os prazos de prescrição quando o
criminoso era, ao tempo do crime, menor, ou, na data da sentença, maior
de setenta anos. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre
enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento
da existência do crime, e enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
O curso da prescrição interrompe-se:
 Pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
 Pela pronúncia;
 Pela decisão confirmatória da pronúncia;
 Pela sentença condenatória recorrível;
 Pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
 Pela reincidência.
Interrompida a prescrição, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Renúncia do direito de queixa ou perdão (Artigo 107, inciso V) - Renúncia – Ato pelo qual
o ofendido abdica do direito de oferecer queixa. Independe da aceitação do autor do delito, e
deve se exercido antes do início da ação penal. Aplica-se à ação penal privada, podendo ser a
renúncia expressa ou tácita. Perdão – Antes do trânsito em julgado da ação penal privada, o
ofendido pode exercer o perdão sobre o autor do fato delituoso. Efetiva-se por meio de
declaração expressa, necessitando do aceite do autor do fato delituoso.
Retratação do agente (Artigo 107, inciso VI) – Nos crimes de calúnia, difamação, falso
testemunho e falsa perícia, a punibilidade pode ser extinta mediante o exercício da retratação
expressa (apenas nos casos em que a lei permite).
Perdão judicial – (Artigo 107, inciso IX) – Configurado o crime (de lesão corporal culposa –
sem intenção), pode o juiz conceder o perdão judicial. O perdão pode ser concedido de ofício
pelo juiz, ou em razão de requerimento feito pelas partes.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES CONFORME A DOUTRINA PENAL

Crime Comissivo – Prática de crime por meio de uma ação.


Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Crime Exaurido – Consumado o crime, este ainda se aperfeiçoa (art. 159).
Crime Falho – Todos os atos para consecução de um resultado são praticados, mas o crime
não se consuma.
Crime de Ação Múltipla – O texto de lei traz a conjunção “ou”, descrevendo uma ou mais
condutas, consumando o crime com qualquer uma das condutas relacionadas (art. 122).
Crime de Dano – Todos os crimes que lesionam um bem jurídico tutelado (arts. 121 e 155).
Crime de Mão Própria – Não admite co-autor, e é praticado por pessoa determinada (art 342).
Crime de Mera Conduta – Existe previsão legal de apenas uma conduta para sua ocorrência
(art. 150).
Crime de Perigo Abstrato - A conduta do autor leva à presunção do perigo a que foi exposto o
bem jurídico tutelado (art. 137).
Crime de Perigo Comum – expõe a perigo um número indeterminado de pessoas (arts. 250 a
259).
Crime de Perigo Concreto – Não existe presunção, pois é necessária a comprovação de que
o perigo ocorreu (art. 132).
Crime de Perigo Individual – Crime que põe em perigo um grupo limitado ou um só indivíduo
(arts. 130 a 137).
Crime Formal – Crime que se consuma com a simples prática da ação, mesmo estando
descrito em lei o seu resultado (art. 159).
Crime Habitual – Crime de conduta habitual ou reiterada (art. 228)
Crime instantâneo – Não possui continuidade, e ocorre no instante de sua prática.
Crime Instantâneo e Permanente – Não possui continuidade, mas não existe a possibilidade
de reversão de seus efeitos (art. 121).
Crime Material – A lei descreve a ação e seu resultado, exigindo-o, para sua ocorrência (art.
171).
Crime Plurilocal – Sua execução começa em determinado local e se consuma em outro.
Crime Próprio – O sujeito ativo deve possuir características definidas em lei, podendo ser
praticado por determinada categoria de pessoas.
Crime Simples – Atentado contra um bem jurídico único.
Crime Omissivo – Prática de crime mediante uma omissão.
Crime Privilegiado – A legislação prevê determinado benefício na aplicação da pena, quando
o crime é praticado de forma menos danosa (art. 121, parágrafo 1º).
Crime Progressivo – Na consumação de um crime grave, o sujeito pratica um menos grave.
Crime Qualificado – Acréscimos aplicados à pena, nos atos tipificados com qualificadoras
(art. 121, parágrafo 4º).
Crime Omissivo Próprio – Concretiza-se na omissão, independentemente do resultado
(art.135).
Crime Omissivo Impróprio – Omissão cujo resultado deveria ter sido evitado pelo autor do
delito.
Crime Permanente – Praticado o crime, este gera um prolongamento de seus efeitos (art.
148).
Crime Vago – É quando o crime é cometido contra sujeito passivo sem personalidade jurídica
(sociedade e família).

2ª Resumo
O que é Direito Penal
Para começar nosso resumo de Direito Penal, vamos à pergunta fundamental: o que é Direito
Penal?
O Direito Penal, ou Direito Criminal, é um ramo do Direito Público que é composto por um
conjunto de normas jurídicas que qualificam e tipificam atitudes em crimes. Ele permite que o
Estado, diante da legalidade jurídica, aplique sanções penais a quem cometer crimes que
perturbem a ordem. É um dispositivo que permite que o Estado possa garantir maior harmonia
social.
Cleber Masson (2014) – Direito Penal é “o conjunto de princípios e leis destinados a combater
o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal (pena ou medida de
segurança)”.
Guilherme Nucci (2008) – Trata-se de um “conjunto de normas jurídicas voltado à fixação dos
limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e sanções correspondentes,
bem como regras atinentes a sua aplicação”.
O conceito de Direito Penal pode ser subdividido em objetivo e subjetivo:
Objetivo: reflete o direito punir, o ius puniendi, sendo atualmente o Estado seu exclusivo titular.
Subjetivo: é o conjunto de leis vigentes no País.
Nesse sentido, o professor Antônio de Queiroz Filho (1966) nos ensina que o Direito Penal
subjetivo é quase sempre resumido ao direito de punir de que o Estado é titular. Mesmo nos
casos em que a punição fica na dependência da iniciativa do ofendido, o Estado tem o
monopólio do direito de punir.
Transfere-se à vítima apenas o direito de acusação, a faculdade de iniciar o processo, a fim de
que o Estado efetive a punição do ato criminoso.
Em contrapartida, ele diz que o Direito Penal objetivo é o próprio ordenamento jurídico-penal, é
o conjunto de normas relativas ao crime e à respectiva sanção.
O direito de punir, que é direito subjetivo do Estado, tem no Direito Penal objetivo, ao mesmo
tempo, sua expressão e seu limite natural. Antônio Queiroz diz:
É comum considerar-se o direito penal sob o duplo aspecto de direito penal substantivo e
direito penal adjetivo. A distinção tem em vista, de um lado, o direito penal propriamente dito,
isto é, as leis que configuram as modalidades típicas de conduta criminal e estabelecem as
respectivas sanções.
E, de outro lado, o processo, as regras que regem a atividade jurisdicional e, através dela,
tornam efetiva a aplicação do direito penal substantivo.
Antônio de Queiroz Filho
Em nosso resumo de Direito Penal serão explorados os desdobramentos do direito substantivo.
Dada a sua natureza, que envolve o problema substancial da liberdade humana, o
ordenamento jurídico penal se distingue dos demais pelos princípios da legalidade estrita e
da tipicidade (Miguel Reale 2002).

Além disso, prevalecem no Direito Penal contemporâneo as seguintes exigências ético-sociais:

 Plena garantia de defesa;


 Respeito à pessoa do delinquente;
 Caráter estritamente pessoal da pena;
 Adequação da pena à individualidade do criminoso;
 Caráter contraditório da instrução criminal.

Aplicação da Lei Penal

Agora vejamos algumas determinações que devem ser observadas para o entendimento do
Direito Penal como um todo. Essa é uma parte muito importante do nosso resumo de Direito
Penal, pois trata de temas bastante cobrados em diversos editais Brasil afora.
Lei Penal no Tempo. Para Luiz Antônio de Souza (2014), ao período compreendido entre a
publicação de uma Lei e sua vigência dá-se o nome de vacatio legis. Na falta de estipulação
expressa, a regra é a vacatio legis de 45 (quarenta e cinco) dias.
Dessa forma, tem-se que a lei penal passa a vigorar na data indicada em seu conteúdo. Em
caso de omissão, 45 dias após sua publicação no território nacional e em 03 meses no
estrangeiro. A Lei penal também pode ser temporária, com prazo de vigência descrito em seu
conteúdo. Quando leis penais que tratam do mesmo assunto, mas de modo diverso, sucedem-
se no tempo, havendo necessidade de decidir qual é a aplicável então, temos um Conflito
Intertemporal.
A questão será resolvida pela junção de dois princípios:
 Da irretroatividade da lei mais severa;
 Da retroatividade da lei mais benéfica.
Sobre os crimes permanentes e continuados temos a Súmula 711 do STF, que dispõe:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
STF: Não sabe o que é crime permanente ou crime continuado?
Veja o que diz Luiz Antônio de Souza (2014):
Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se alonga, protrai-se, perdura no
tempo.
Crime continuado é quando o agente pratica 2 ou mais crimes da mesma espécie em
condições semelhantes, sendo os crimes subsequentes tidos como uma continuação do
primeiro.

Tempo do Crime e Lugar do Crime

Existem várias teorias acerca do momento (tempo) do crime, mas o Código Penal Brasileiro
adotou a teoria da atividade, que dispõe: “Considera-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”.
Aos crimes cometidos em território nacional será aplicada a legislação pátria. Além disso,
Código Penal prevê a territorialidade por extensão, ou seja, crimes cometidos no estrangeiro
em alguns locais são considerados extensão do território nacional (CPB – § 1º do artigo 5º).

Veja quais são esses locais:


 Embarcações e Aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem.
 Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Além disso, é possível que alguém cometa um crime fora do território nacional e, ainda
assim, responda pela lei brasileira. Como?
A esse fato damos o nome de extraterritorialidade, com previsão no artigo 7º do CP.

Entre as hipóteses estão os seguintes crimes:

-Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;


-Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
- De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
Teoria do Crime

Infração Penal e Sujeito Ativo e Passivo do Crime

Infração penal é gênero do qual são espécies:


 Crime ou delito.
 Contravenção.

Para diferenciar crime de contravenção é necessário ler o artigo 1º da Lei de Introdução ao


Código Penal, que diz o seguinte:
CRIME – a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
CONTRAVENÇÃO – a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Sujeito ativo é o agente que pratica o comportamento descrito no tipo penal (autor) ou
concorre de qualquer forma para a prática infrativa (partícipe).
Portanto, o autor (executor direto) e partícipe (executor indireto) são os sujeitos ativos de um
crime.
Se há mais de um autor, diz-se que o crime foi praticado em coautoria. Se houver mais de um
partícipe, diz-se que o crime foi praticado em coparticipação.

Os sujeitos passivos podem ser dois:


 O Estado, por ser o responsável pelo ordenamento penal e titular do ius puniendi.
 O titular do bem jurídico penalmente protegido (a vítima).

Classificação doutrinária dos Crimes

Os crimes podem ser classificados das formas mais variadas possíveis.


Seguem abaixo algumas formas de classificação:
Comuns: descritos no CP.
Especiais: descritos nas legislações especiais.
Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa.
Próprios: exigem qualidade especial do sujeito ativo (sujeito ativo qualificado).
De mão própria: só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa, não havendo coautor.
De dano: para a consumação, é necessária a efetiva lesão do bem jurídico.
De perigo: a consumação se dá com a simples possibilidade do dano.
Materiais: é imprescindível a ocorrência do resultado desejado pelo agente.
Formais: consumam-se independentemente da ocorrência do resultado desejado pelo agente.
De mera conduta: são aqueles em que não há resultado naturalístico.
Comissivos: praticados mediante ação.
Omissivos: praticados mediante omissão.
Instantâneos: consumam-se em um único momento.
Permanentes: são aqueles em que o momento consumativo prolonga-se, protrai-se no tempo.
Simples: apresentam tipo penal único.
Complexos: compõem-se de dois ou mais tipos penais.
Culposos: o sujeito dá causa ao resultado (de forma involuntária) por imprudência, negligência
ou imperícia.
Dolosos: quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado.
Simples: é o descrito na forma típica fundamental.
Privilegiados: quanto o legislador agrega ao tipo fundamental circunstâncias que diminuem a
pena.
Qualificados: quando o legislador agrega circunstâncias à figura típica que aumentam a pena.
Qualificados pelo resultado: são aqueles ao qual o legislador acrescenta um resultado que
aumenta a sanção abstratamente imposta no preceito secundário.

Fato Típico

O Crime é um fato típico que atenta contra a lei moral. É um ato antijurídico passível de
sanções penais previstas em lei.

São elementos do fato típico:


 Conduta;
 Resultado;
 Nexo causal ou relação de causalidade;
 Tipicidade.

Vamos entender cada um desses elementos (preste muita atenção, pois isso cai em muitos
concursos):

CONDUTA: ação que é praticada por ser humano, é um ato voluntário e consciente. É a
maneira do ser humano agir em sociedade, com determinada finalidade. Depende da
voluntariedade, consciência, dolo ou culpa e ação ou omissão.
RESULTADO: delitos penais geram consequências jurídicas. Portanto, para que haja crime é
necessário que o resultado da conduta esteja previsto em lei.
NEXO DE CAUSALIDADE: é o elo entre a conduta e o resultado pretendido pelo agente
praticante da ação. Estabelecer nexo de causalidade nada mais é do que identificar qual é a
conduta que deve responder por um resultado.
TIPICIDADE: é o fato praticado que está previsto no CP. Se enquadra plenamente na
descrição penal. Trata-se de estabelecer a ligação fato-tipo (contido na norma penal
incriminadora), ou seja, é ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.

Trajetória do Crime

A fase, as etapas do crime, trata-se do caminho do crime.


São elas:
 Fase interna (cogitação)
 Fase externa (preparação, execução e consumação).

Entenda a diferença:

Cogitação: o agente penso sobre as possibilidades da ação pretendida que culminará no


resultado desejado.
Preparação: nesta a fase, o agente reúne meios necessários para a prática da ação cogitada.
Execução: momento em que o agente põe em prática as ações que foram pensadas e
preparadas.
Consumação: momento em que o agente atinge seus objetivos, obtendo êxito na sua conduta.
O ato atinge todas as fases previstas e se torna um ato punível penalmente.

Sobre esses conceitos, o doutrinador Luiz Antônio de Souza diz o seguinte:


Para o sistema penal brasileiro, só há crime a partir da fase de execução.
Diz-se o crime tentando quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

Isso permite inferir que a fase de cogitação e os atos meramente preparatórios não são
puníveis criminalmente.

Luiz Antônio de Souza


Dá-se como o exaurimento do crime quando atingida a consumação delitiva, o agente atinge
todas as consequências por ele previstas.
Crime Consumado e Crime Tentado

Você provavelmente já ouviu falar em crime consumado e crime tentado, mas você sabe a
diferença entre eles?
CRIME CONSUMADO: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Ou
seja, quando a conduta do agente encontra integral correspondência com o tipo penal previsto
em lei.
CRIME TENTADO: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Excludentes de Ilicitude

Ilicitude (ou antijuridicidade) é a contradição do fato com o ordenamento jurídico, constituindo a


lesão de um interesse penalmente protegido.
As causas legais de exclusão da ilicitude estão no artigo 23 do Código Penal. Quando o agente
pratica o fato baseado em cada uma dessas circunstâncias, não há crime.

Entenda cada uma delas:


Estado de Necessidade: considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Legítima Defesa: entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Cumprimento do Dever Legal: é toda obrigação direta ou indiretamente derivada de lei em
sentido amplo. E se alguém age cumprindo estritamente esse dever legal, não poderá
responder por crime.
Exercício Regular de Direito: se o ordenamento jurídico atribui determinado direito a alguém e
esse o exerce regularmente, não haverá crime, estando excluída a ilicitude da conduta.
Entre todos esses casos, a parte de legítima defesa é a mais cobrada.

Das Penas

Outro tópico relevante no estudo de Direito Penal para concurso é a classificação das Penas.
Veja como elas estão divididas, tendo como base o Código Penal Brasileiro:
Privativas de Liberdade: são as penas que decretam a prisão do agente. Elas podem ser
cumpridas em regime aberto, semi-aberto ou fechado.
Restritivas de Direitos: são a prestação pecuniária, perda de bens e valores, limitação de final
de semana, prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas, bem como interdição
temporária de direitos.
Multa: consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e
calculada em dias-multa, fixados pelo juiz. Será no mínimo 10 dias-multa e, no máximo, 360
dias-multa.

A Parte Especial do Código Penal

A Parte Especial do Código Penal Brasileiro trata das condutas criminais aplicáveis. Elas estão
previstas do artigo 121 ao artigo 361 do CP.

Entre elas, encontram-se os seguintes crimes:

 Homicídio
 Feminicídio
 Infanticídio
 Lesão corporal
 Abandono de incapaz
 Rixa
 Calúnia
 Difamação
 Injúria
 Ameaça
 Sequestro e cárcere privada
 Violação de domicílio
 Violação de correspondência
 Divulgação de segredo
 Furto
 Roubo
 Extorsão
 Estelionato
 Receptação
 Violação de direito autoral, entre outros.

Caso você queira aprofundar o conteúdo do nosso resumo de Direito Penal, vale a pena
estudar individualmente cada um desses crimes no próprio código penal.
Lembre-se sempre que o Direito Penal trata da delimitação das penas para a atuação do
Estado em punir as pessoas que cometem atos contrários à Lei.
Em sua parte geral, o Código Penal define todos os conceitos utilizados nos tipos penais. Além
disso, delimita território, forma de calcular pena, excludentes de ilicitude, entre outros.
Tendo em vista que a liberdade e a dignidade humana são bens supremos aos olhos da
sociedade, esse ramo do Direito visa garantir que ninguém seja preso de forma injusta ou de
forma indevida, buscando sempre a justiça. É um dos aprendizados mais importantes em
diversos cargos públicos brasileiros.
Por isso, estude com seriedade, dedicação e atenção.

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