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Este documento resume um livro de Florestan Fernandes sobre a revolução burguesa no Brasil. Ele analisa como a estrutura social secular do país, marcada pela escravidão, tende a conduzir a sociedade brasileira a condutas e concepções conservadoras, limitando as possibilidades de mudança social. O livro se insere em um debate intelectual da época sobre o destino histórico do Brasil e as forças que resistem ou impulsionam sua modernização.
Este documento resume um livro de Florestan Fernandes sobre a revolução burguesa no Brasil. Ele analisa como a estrutura social secular do país, marcada pela escravidão, tende a conduzir a sociedade brasileira a condutas e concepções conservadoras, limitando as possibilidades de mudança social. O livro se insere em um debate intelectual da época sobre o destino histórico do Brasil e as forças que resistem ou impulsionam sua modernização.
Este documento resume um livro de Florestan Fernandes sobre a revolução burguesa no Brasil. Ele analisa como a estrutura social secular do país, marcada pela escravidão, tende a conduzir a sociedade brasileira a condutas e concepções conservadoras, limitando as possibilidades de mudança social. O livro se insere em um debate intelectual da época sobre o destino histórico do Brasil e as forças que resistem ou impulsionam sua modernização.
No prefácio à quinta edição diz, José de Sousa Martins, sobre o livro “A
revolução Burguesa no Brasil”: a análise contida no livro é pertinente e pode ser comprovada pelo fato de que …no período posterior à ditadura militar, novos sujeitos ganharam cara e voz na cena brasileira. Mas o que parecia indicar que havia chegado o momento da inflexão histórica revelou, antes, a força de uma estrutura social secular que nos remete continuamente a condutas e concepções conservadoras […] essa espécie de retorno contínuo a um destino de repetição e conservação demarca para todos um parcimonioso possível histórico, avaro e contido na mudança social. Mesmo os que são movidos pela motivação política da mudança social profunda acabam sendo alcançados de algum modo pela força dessa trama que nos ata ao enredo da permanência.” (página 9). Florestan inicia o debate, com o livro, “A integração do negro na sociedade de classes”, a cerca do “…tipo de sociedade capitalista que estava se desenvolvendo no Brasil e no final de um período de indagações sociológicas, historicamente fundadas, a esse respeito e a respeito do nosso destino histórico.” (p. 10). Outros autores, da elite brasileira, seguiam essa linha que tentava desvendar “o que somos e para onde vamos”; como exemplo temos: Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre, Victor Nunes Leal, Raymundo Faoro, Celso Furtado. As principais obras desses autores estão expressas dentro de um contexto “…histórico de crise social e política. Um momento de transição insegura e, portanto, de indagações e reflexões profundas. A Revolução Burguesa no Brasil é um livro que também nasce num momento de crise e transição social e política, momento de incertezas e de dilemas.” (p. 11). “Florestan escreveu um livro em tudo com a qualidade do livro de Caio Prado Júnior, voltado também para a formação, agora, dos nossos impasses históricos, o capitalismo inconcluso e insuficiente, o modo como as grandes contradições históricas se propõem como desafio numa situação como essa.”(p. 11). O pensamento social brasileiro buscava identificar e interpretar os fatores de mudança os de resistência à mudança […] Há aí um pensamento social prospectivo, tentando desvendar o futuro possível, o destino do país, a partir dessa herança social que nos torna singulares em relação às tradições de compreensão e explicação das sociedades dominantes com as quais dialogamos.” (p 11-12). Este livro de Florestan “…pode ser visto como o último grande estudo do ciclo de reflexões históricas e sociológicas abrangentes, sobre o destino histórico do país, aberto com a Revolução de 1930.” Fazendo ponte com o nascimento ciências sociais e com o momento atual (este último “sem estudos marcantes e identificadores de uma época”) (p. 12). Além de tudo isso, esse livro é “…um desafio à retomada da reflexão crítica e sociológica sobre o Brasil que herdamos e que já não compreendemos.” (p. 12). “…Florestan começa a fazer indagações sobre o país possível, mais do que sobre o país inevitável.” (p. 12). A síntese desse pensamento pode ser observada no documento Economia e Sociedade no Brasil, obras de 1962. “Florestan vinha da bela tradição dos pequenos estudos sobre temas tópicos, em que fora educado por Roger Bastide…” (p. 12-3). “Florestan tinha rigorosas preocupações metodológicas, postas claramente em Fundamentos empíricos da explicação sociológica.” (p. 13). “…Florestan distinguia, como fizera Marx, método de investigação e método de explicação, a pesquisa empírica e a interpretação.” (p. 13). Ele vai além de Marx ao dedicar-se com maior profundidade aos “…mentos do método científico nas ciência sociais, valorizando sobretudo a pesquisa empírica como fundamento do conhecimento sociológico.” (p. 14). Pode-se atribuir a esse fato a criação de uma cultura acadêmica na USP “…que propunha e propõe a extração do máximo de informação sociológica dos casos discretos e dos recortes temáticos limitados. Era a forte presença da tradição dos estudos de caso como modo de esgotar o objeto, como então se dizia.” (p. 14). Florestan “Pensou a sociologia teoricamente como sociologia aplicada, como meio de fazer do sociólogo não só um ator de indagações mas também ator coadjuvante ativo da história.” (p. 15). É neste livro que Florestan dá um passo “…para fora das fronteiras de estudos limitados a realidades sociais circunscritas.”(p. 15). Apesar do grupo de pesquisadores que atuavam com Florestan introduzirem as indagações sobre a realidade do futuro da sociedade brasileira e de seus possíveis rumos, não conseguiram prever as “…rupturas drásticas como a do golpe como a do golpe nem cogitavam as formas que a transição assumiria.” (p. 15).
“Mas a história se anunciou através do imprevisível também para Florestan.”
(p.16). Este livro de Florestan foi escrito em duas etapas. A primeira representa “uma reflexão sobre os arcaísmos que limitavam o futuro do país, que restringiam o âmbito de suas possibilidades históricas, que contaminavam as forças da modernização.” (p. 16). A segunda etapa “é uma etapa em que as incógnitas do destino histórico do país já haviam sido revelados […] O futuro estava ali como mísera repetição das referências estruturais do passado, maquiadas pelas cores postiças de uma modernidade relutante.” (p.16). Este livro se situa na corrente que busca desvendar “…o padrão de desenvolvimento da sociedade brasileira, os seus possíveis, as possibilidades históricas de destino.” (p. 16); diferente dos estudos anteriores que focavam os mecanismos do atraso, que tolhiam o desenvolvimento, o que prendia a sociedade ao antigo regime e a sociologia serviria para remover os fatores de atraso; esses estudo “…procuravam identificar em diferentes categorias sociais os limites estruturais da mudança, a disposição ou indisposição para mudar, as resistências à mudança social e à possibilidade do desenvolvimento e da modernização.”(p. 16-7). Esse livro de Florestan pode ser comparado ao de Lênin, O desenvolvimento do capitalismo na Rússia, por ser um estudo sobre o desenvolvimento do capitalismo em sociedades diferentes da Europa Ocidental. Mas o trabalho do brasileiro é muito mais rico e denso, passando por inúmeros teóricos não-marxistas…” (p. 18). “Florestan Fernandes não teme enfrentar , como sociólogo, o passado insidioso que permanece de muitos e eficientes modos na organização da sociedade brasileira. Diferente do que ocorria com os intelectuais do marxismo oficial … que condenavam em bloco as estruturas sociais tradicionais em nome de um futuro histórico hipotético…” (p.19). Percorrendo o caminho oposto, Florestan “…interroga sociologicamente a história da sociedade brasileira a partir do reconhecimento da não- realização plena e significativa das virtudes da revolução burguesa.” (p.19). Para Florestan não é o proletariado, e sim “…a escravidão e o que ela fez com a multidão dos desvalidos traficados da África para o cativeiro doloroso nos engenhos, fazendas e estâncias.” que serve de referência para interpretar o Brasil (p. 20). No Brasil, em vez de uma elite competitiva, temos uma conformação aos privilégios (p. 20). “A escravidão adquiriu sentido e se instituiu em nome do lucro… A escravidão gerou uma estrutura vigorosa, produziu instituições duradouras e engendrou mentalidades que persistem de algum modo até nossos dias.”(p. 20). “Nesse sentido a híbrida sociedade brasileira, especialmente a sociedade do preâmbulo e das condições de partida da revolução burguesa, pedia uma compreensão sociológica que desse conta de suas peculiaridades históricas pré-modernas e de seu tempo social lento e reiterativo.” (p. 21).
SOUZA, Ricardo Luiz De. Identidade Nacional e Modernidade Brasileira: o Diálogo Entre Sílvio Romero, Euclides Da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, 232 Pp.