Вы находитесь на странице: 1из 113

Índice

Conhece o teu manual............................................................................................................................... 4


O PASSADO DAS ILHAS DE CABO VERDE..............................................................................7
9. A Cultura Cabo-verdiana ...................................................................................................................... 8
9.1.  Diversidade Cultural de Cabo Verde..........................................................................................................9
9.2.  O crioulo................................................................................................................................................... 10
9.3.  Tradições Orais.......................................................................................................................................... 11
9.4. Gastronomia ............................................................................................................................................ 14

9.5. Festas Religiosas e Romarias.................................................................................................................. 15


9.6.  Artes e Cultura Material......................................................................................................................... 20
9.6.1.  Música e Dança............................................................................................................................................... 20
9.6.2.  Literatura..................................................................................................................................................... 26
9.6.3.  Artesanato................................................................................................................................................... 27
9.6.4.  Habitação...................................................................................................................................................... 29
10. Descolonização de Cabo Verde ........................................................................................................ 34
10.1.  A Luta de Libertação Nacional................................................................................................................34
10.1.1. Antecedentes ou raízes remotas da luta pela independência nacional....................................................... 34
10.2.  O início e o desenvolvimento da luta armada.......................................................................................36
10.3.  A Descolonização de Cabo Verde...........................................................................................................37
10.3.1. O Contributo da Revolução de 25 de abril de 1974...................................................................................... 37
10.3.2. A Proclamação da Independência de Cabo Verde...................................................................................... 37
11. Formação do Estado Cabo-verdiano.........................................................................................................................42
11.1.  A Primeira República................................................................................................................................42

11.1.1. Aspetos políticos que marcaram Cabo Verde nos primeiros anos de independência.................................. 42
11.1.2. Os Primeiros Governantes de Cabo Verde..................................................................................................... 45
11.1.3. Os Símbolos da Primeira República de Cabo Verde...................................................................................... 45

11.2.  A Segunda República de Cabo Verde (Implementação e consolidação da democracia).....................47

11.2.1. Fatores favoráveis à implementação da Democracia................................................................................... 47


11.2.2. As Etapas do Processo de implementação da Democracia.........................................................................48
11.2.3. Símbolos da Segunda República de Cabo Verde.................................................................................................... 50
11.2.4. Cabo Verde após a implementação da democracia....................................................................................... 51

CABO VERDE HOJE................................................................................................................ 55


1. A População Cabo-verdiana no Século XXI......................................................................................... 56
1.1.  A população cabo-verdiana.......................................................................................................................56
1.2.  A natalidade e a mortalidade...................................................................................................................57

1.3.  A emigração dos cabo-verdianos e a imigração em Cabo Verde ........................................................59


1.1.1. Emigração dos cabo-verdianos........................................................................................................................ 59

1.1.2. Imigração para Cabo Verde...............................................................................................................................61


1.4.  Estrutura etária da população.................................................................................................................63
2. O lugar onde vives............................................................................................................................... 69
2.1.  Tipo de povoamento................................................................................................................................ 69
2.2.  Espaço rural e espaço urbano................................................................................................................ 69
2.3.  As principais cidades de Cabo Verde.......................................................................................................73
2.4.  A interdependência entre o campo e a cidade........................................................................................74
3. O Mundo do Trabalho...........................................................................................................................77
3.1.  O Trabalho em Cabo Verde....................................................................................................................... 77
3.1.1. Os setores e as principais atividades.............................................................................................................. 77
4.As Atividades Económicas................................................................................................................... 80
4.1.  As principais atividades económicas...................................................................................................... 80
4.1.1. Agricultura........................................................................................................................................................80

4.1.2.  Pecuária........................................................................................................................................................... 83
4.1.3. Pesca................................................................................................................................................................ 85
4.1.4.  Indústrias........................................................................................................................................................88
4.1.5. Energia.............................................................................................................................................................90
4.1.6. Comércio.......................................................................................................................................................... 92
4.1.7. Serviços............................................................................................................................................................ 93
5. O Mundo Mais Perto de nós................................................................................................................ 98
5.1.  Os Transportes......................................................................................................................................... 98
5.2.  Vantagens e desvantagens de cada meio de transporte..................................................................... 100
5.3.  Prevenção Rodoviária............................................................................................................................ 100
5.4.  Rede de Transporte................................................................................................................................ 102
5.1.1. Rede rodoviária................................................................................................................................................102
5.1.2.  Aeroportos e aeródromos............................................................................................................................103
5.1.3.  Portos............................................................................................................................................................103
5.5.  As Telecomunicações............................................................................................................................. 104
5.6. Turismo................................................................................................................................................... 105
5.1.4. A preservação ambiental.............................................................................................................................. 108
5.7.  Organizações em que Cabo Verde se integra....................................................................................... 108

Bibliografia .............................................................................................................................................111
Webgrafia.................................................................................................................................................112
Conhece o teu manual

O manual de HGCV do 6º ano foi concebido para te acompanhar, passo a passo, na aquisição de
conhecimentos e para conheceres as tuas origens.

Importante!

Não te esqueças que deves evitar escrever no teu Manual, pois este pode vir a ser utilizado
nos próximos anos letivos, por outras crianças.

Para começar:
relaciona o título com a imagem ou as imagens que
introduzem o tema;
lê os objetivos que terás de atingir no tema;
diverte-te com uma curiosidade relacionada com o tema que
vais estudar.

Para aprender:
lê o título da página;

lê com atenção o texto informativo. As ideias principais e


os conceitos estão destacadas a cor laranja;

observa os documentos, as figuras e as fontes referidas


no texto;

resolve, no teu caderno diário, as atividades do “Vou re-


solver”. Não te esqueças do minidicionário de conceitos para entenderes o que te é perguntado.

4 História e geografia de Cabo Verde


Para relembrar:
relembra, por meio dos títulos, os assuntos abordados no
tema;

lê, ponto por ponto, os conteúdos fundamentais que apren


deste em cada tema;

se não te lembrares de algum ponto, consulta de novo as


páginas de conteúdos.

Para avaliar:
lê, com atenção, as perguntas que te são colocadas;

lê os documentos ou observa as figuras que têm informações


importantes para as tuas respostas;

escreve as tuas respostas no caderno diário;

se tiveres dificuldades, consulta as páginas de conteúdos e o


minidicionário na página 6.

Conhece o teu manual 5


Para compreender as atividades...
Um minidicionário de conceitos

Atribui - diz o que lhe pertence


A Aponta - indica as coisas pedidas

Completa - escreve o que falta


C Caracteriza - diz como é

Define - escreve o que significa, diz o que é


D Distingue - diz as diferenças

Enumera - diz todas as coisas pedidas


Escolhe - seleciona a opção correta
E Escreve - regista as coisas pedidas
Explica - escreve as razões, torna claro um assunto, diz porquê

Faz - liga, pela forma indicada, dois ou mais elementos


F Corresponder
entre si.
Identifica - diz qual é
I Indica - diz

J Justifica - procura saber, diz porquê

L Localiza - Identifica o local geográfico ou a data

M Menciona - diz

O Observa - vê atentamente

Redige - escreve

R Refere - diz na tua resposta

Relaciona - faz uma ligação e encontra elementos comuns entre


duas ou mais coisas.

6 História e geografia de Cabo Verde


TEMA 2
O PASSADO DAS ILHAS
DE CABO VERDE

Objetivos:

Identificar os principais traços da cultura cabo-verdiana e a sua diversidade;

Demonstrar o crioulo de Cabo Verde como um importante elemento cultural;


Reconhecer as tradições orais de Cabo Verde;

Indicar os pratos típicos de Cabo Verde;

Identificar as festas religiosas e de romaria das ilhas de Cabo Verde;

Apresentar a música e a dança, a literatura, o artesanato e a habitação como mar-


cos de cultura de Cabo Verde.
Descrever o processo de luta de libertação de Cabo Verde

Compreender o desenrolar da luta armada de Libertação Nacional.

Descrever o processo que conduziu a Independência de Cabo Verde

Caracterizar os primeiros anos de Cabo Verde independente

Identificar os primeiros representantes do país

Identificar os Símbolos Nacionais da Primeira República

Compreender o processo da implementação da democracia em Cabo Verde

Assinalar as etapas do processo de implementação da democracia em Cabo Verde

Identificar os Símbolos Nacionais da Segundo República

Caracterizar Cabo Verde após a implementação da democracia


2 O passado das ilhas de Cabo Verde

9. A Cultura Cabo-verdiana

A nossa cultura

Devemos defender e desenvolver


as manifestações de cultura do
nosso povo, respeitar e fazer res-
peitar os usos, costumes e tradi-
ções da nossa terra, desde que não
sejam contra a dignidade humana,
contra o respeito que devemos
ter por cada homem ou criança.
Apoiar as manifestações de arte
(música, dança, pintura e escultu-
ra), fazer competições entre ar-
tistas, criar grupos de danças, de
canto e de teatro e recolher textos
e lendas e histórias contadas pelo
povo.

Amílcar Cabral (1924-1973)

Documento 1. Cabral, Amílcar (1974b). PAIGC. Unidade e Luta. Lisboa, Publicações Nova Aurora.

8 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


9.1.  Diversidade Cultural de Cabo Verde
A cultura cabo-verdiana, de uma forma geral, é uniforme. No entanto, devido ao isolamento das ilhas e
à forma e à época do povoamento do arquipélago, com grupos (balantas, mandingas, fulas, portugue-
ses, castelhanos, ingleses) e no capital social diferente (escravos, colonos e ricos proprietários), cada
ilha acabou por adquirir uma especificidade própria (diversidade cultural).

A unidade cultural em Cabo Verde observa-se nos seguintes elementos:

Crioulo (Figura 1);

Contos populares (Ti Lobo e Chibinho);

Pratos tradicionais como: cachupa, Kuskus, caldo de peixe e camoca de milho;

Música e dança como: a morna e a coladeira;

Instrumentos musicais (violão, cavaquinho e tambor) (Figura. 2).

Figura 1. Poema em Crioulo de Pedro Cardoso, ilha do Fogo, (Autores) Figura 2. Tambor, (Autores), 2018

No que toca à diversidade cultural,


aponta-se como exemplos:

Música: Colá-boi, na ilha de


Santo Antão e o Batuque e o
Finaçon, em Santiago (figura 3);

Pratos típicos: Djagacida da


Brava e do Fogo e Modje de
Manel Antône de São Nicolau.

Figura 3. Batuque, pintura de Domingos Luísa

A Cultura Cabo-verdiana 9
Cultura é um conjunto de ideias, regras, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em
geração, através da vida em sociedade. Inclui, entre outros, o conhecimento, os costumes, a arte e
as leis.
Diversidade Cultural diz respeito a vários aspetos que representam, particularmente, as distintas
culturas, como: a língua, as tradições, a gastronomia, o desporto, a música, a religião e os hábitos,
próprios de um grupo que vive num dado território.

Vou resolver.

1. Quais foram os motivos que permitiram o surgimento de uma cultura diversificada em Cabo
Verde?
2. Na cultura cabo-verdiana existem alguns elementos que formam uma unidade. Indica três
exemplos desses elementos.
3. Em que ilha ouvimos o Colá-boi?

9.2.  O crioulo
A língua cabo-verdiana é a manifestação cultural mais importante do país. Encontra a sua origem
nos séculos XV e XVI. É o produto da necessidade da comunicação funcional entre as várias etnias e
culturas (europeus e africanos) que se cruzaram em Cabo Verde e sofreu muitas alterações ao longo
dos séculos. Chegou a ser utilizada como ferramenta de ensino, designadamente na ladinização dos
escravos e, por este motivo, falada pelos reinóis (portugueses vindos do reino).

Variantes
O isolamento das nove ilhas habitadas e o período do povoamento de cada uma delas possibilitaram o
surgimento de duas variantes do crioulo (Figura 4):
O crioulo de Sotavento, que abrange as variantes do Maio, Santiago, Fogo e Brava;

O crioulo de Barlavento, que abrange as variantes de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e
Boavista.

Embora a língua oficial seja o português (também um elemento importante do nosso património),

10 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


hoje, através do crioulo, os cabo-verdianos transmitem toda a sua vi-
vência, experiência e condutas sociais, permitindo o desenvolvimento
de uma identidade nacional forte.

A língua cabo-verdiana, também conhecida por crioulo cabo-verdiano


ou simplesmente crioulo, é uma língua de base lexical portuguesa
que nasceu em Cabo Verde. É a língua materna de praticamente
todos os cabo-verdianos e é usada como segunda língua, pelos fi-
lhos dos emigrantes das ilhas.

Sabias que...
Figura 4. Capa da obra de
Baltazar Lopes da Silva,
Dialeto Crioulo, 1984. Nos finais do século XIX, na tentativa de impor a língua portuguesa
no arquipélago, houve o reforço do ensino, acontecimento que terá
colaborado para a valorização do português, em detrimento do
crioulo.

Vou resolver.

1. Quando é que surgiu o crioulo ou a língua cabo-verdiana?


2. Indica as duas variantes do crioulo de Cabo Verde.
3. Qual é a língua oficial de Cabo Verde?

9.3.  Tradições Orais

A tradição oral, também designada por literatura oral, é uma forma de expressar ocorrências
reais ou imaginários em palavras, imagens e sons. Permite a circulação do património cultural e
literário de uma comunidade ou de um povo.

A Cultura Cabo-verdiana 11
Em Cabo Verde, a tradição oral é uma base fundamental para o estudo da cultura do país, na medida
em que contém aspetos essenciais da nossa memória coletiva. Como exemplos de tradições orais
temos os contos populares, os provérbios, as advinhas, as superstições e as cantigas de trabalho.

Contos Populares
Os mais conhecidos contos cabo-verdianos são:
Ti Lobo e Chibinho, e do qual faz parte Ti Ganga,
Contos populares são narrativas transmitidas que é representada nalgumas ilhas pela variante
de geração em geração e geralmente não têm Ti Pede; Blimundo e muitos outros relacionados
autor conhecido. com o folclore e as superstições (feitiçarias e
encantamentos).

Provérbios
Em Cabo Verde, os provérbios relacionados com
expressões como a saúde, a riqueza, a abundância e a
igualdade são considerados aspetos positivos, enquan- Provérbio é uma frase ou ditado curto,
to que, os relacionados com a doença, a fome, a injusti- transmitido oralmente e de origem po-
ça, a pobreza e outros males sociais são considerados pular, que resume um conceito moral e
negativos. Nas ilhas, os provérbios cumprem um papel uma conduta social.
relevante pela função que têm de aconselhar os indiví-
duos, destacando-se valores como a sensatez, a mode-
ração, a valorização das coisas e o respeito.

Exemplos de Provérbios cabo-verdianos


Provérbio Significado

Bezerro manso mama em todas as vacas do Com bons modos tudo se consegue.
campo.
Burro com fome come até cardo. Quando se tem fome não se escolhe a comida.

Quem tem dedo, não tem anel. A uns a sorte favorece-lhes, mas não sabem
aproveitá-la.
Olho do dono é que engorda o cavalo. A presença do dono faz render o trabalho.

Praga é para engordar ladrão. Quem mais jura, mais mente.

Documento 2. ROMANO, Luís, Cabo Verde – Renascença de uma civilização no Atlântico Médio, 2ª ed, Revista Ocidente,
Lisboa,1970, p. 70.

12 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Adivinhas
A adivinha é um exercício mental que consiste em
desafiar o próximo, no sentido de testar as suas
Adivinha: questão que, sendo um tipo de enig-
capacidades. Praticada por crianças e adultos, é
ma, requer uma resposta ou solução criativa.
uma atividade lúdica e social que se enraizou na
cultura cabo-verdiana, de forma espontânea.

Cantigas de trabalho
Nas ilhas de Cabo Verde constam diversos géneros
de cantigas de trabalho e estão relacionados, prin- Cantigas de trabalho são práticas tradicio-
cipalmente, com a atividade agro-pastoril e com o nais utilizadas em determinados tipos de
ambiente rural. tarefas, de modo a esquecer o cansaço, a
O “torra pardal” e a “esconjura do corvo” veri- monotonia, os perigos e a fadiga do trabalho.
ficam-se praticamente em todas as ilhas agrí-
colas. Em Santo Antão, as cantigas de curral de
trapiche da cana-sacarina, igualmente conhecidas
por “colá-boi”, estão presentes ainda nalgumas
ocasiões (figura 5).
Nas ilhas de Santo Antão e São Nicolau consta “a
divina”. É uma reza que pede a vinda da chuva e
quando ela vem em excesso, destina-se também
a pedir clemência aos santos para que diminua
(exemplo: pega Santa Bárbara).
O “colamonda” está ligado a plantação e colheita
do milho, na ilha de Santo Antão. Na ilha da Brava
observa-se a “bombena”. É uma cantiga entoada
durante as sementeiras, monda, remonda e colhei-
tas.
Figura 5. capa da obra de Oswaldo Osório, 1980.

Saber mais.

Antes da tração animal, os primeiros engenhos de açúcar foram movidos à força muscular do
escravo negro. Não é impossível imaginá-lo, depois dos trabalhos do curral-de-trapiche, com
os seus companheiros de desterro e escravidão, no terreiro a recitar preces aos seus deuses, a
reviver feitos do passado perdido (figura 5).
Osvaldo Osório, Cantigas de Trabalho (adaptado).

A Cultura Cabo-verdiana 13
Saber mais.

Com o desenvolvimento tecnológico e a globalização, muitas tradições orais estão a desa-


parecer, sendo substituídas por outros meios, como por exemplo, o cinema, os jogos digi-
tais, a televisão e a internet. Por isso, é necessário tomar medidas no sentido de preservar
este elemento da nossa cultura.

Vou resolver.

1. Quais são as tradições orais de Cabo Verde?


2. Aponta alguns contos populares existentes em Cabo Verde?
3. Nos provérbios, as expressões como a saúde, a riqueza e a abundância são consideradas positivas ou
negativas?
4. Em que ambiente surgiu as cantigas de trabalho?

9.4.  Gastronomia
A gastronomia cabo-verdiana recebeu influências dos seus
povoadores: os europeus e os africanos. O cereal que mais
se adaptou ao território foi o milho que é a base de vários
pratos: cachupa (o mais conhecido) [figura 6], xerém, kuskus
(figura 7), papa, camoca, milho “aliado”, milho verde assado
ou cozido, milho em grão, bolo de milho com mel, fongo,
brinhola, entre outros.
Figura 6. Cachupa (Autores, 2018).

É comum, em Cabo Verde, a confeção de pratos à base de peixe,


como por exemplo, o caldo de peixe (de cavala ou de garoupa),
principalmente nos centros urbanos. Geralmente, o caldo de peixe é
acompanhado de mandioca, batata comum, batata-doce e inhame.
Destacam-se ainda na gastronomia de Cabo Verde pratos como
“Djagacida” (refeição tipicamente da ilha do Fogo, feito com feijão,
carne de porco e xerém) e “Modje Manel Antône”, feito habitualmen-
te com a carne de cabrito (prato típico de São Nicolau).
Como sobremesas, pode-se referir a confeção de doces como: doce
de papaia, doce de marmelo, doce de banana e doce de goiaba.
Figura 7. Kuskus.

14 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


A Cachupa
O prato, apesar de bastante largo e fundo, transbordava. Joaquinha sorveu umas colheradas do
caldo. Quando o conteúdo desceu a nível conveniente, deitou-lhe dentro a cachupa, um naco de
carne de porco, talhadas de batata-doce e de mandioca, uma porçãozinha de couve, uma banana
verde, uma racha de abóbora já a desfazer-se. Abaixou a cabeça, fez uma exploração minuciosa
até acertar com o toucinho. Encheu o prato, que fumegava e exalava um aroma estonteador. Um
aroma que fazia dilatar as paredes do estômago.
Documento 3. Adaptado de Manuel Lopes, Chuva Braba

Saber mais. Vou resolver.

Muitos pratos tradicionais do arquipélago 1. Quais foram as influências na gastronomia de


de Cabo Verde têm sido resgatados, devido Cabo Verde?
à procura turística cada vez mais crescen- 2. Qual é a base da gastronomia cabo-verdiana?
te, principalmente nas ilhas do Sal e da 3. Indica o nome de alguns pratos típicos de Cabo
Boavista. Verde?

9.5.  Festas Religiosas e Romarias


Origem
As festas religiosas e as de romarias surgem num contexto religioso. Este costume começou quando
os fiéis realizavam visitas aos lugares considerados sagrados (Jerusalém, Santiago de Compostela,
Roma e Meca) durante a Idade Média. Foram trazidas para o arquipélago de Cabo Verde pelos portu-
gueses, nos finais do século XV. No entanto, pela diversidade dos elementos e das influências (euro-
peias e africanas) que entraram na sua composição podem ser consideradas eventos culturais mais
profanos do que sagrados.

Religião é uma fé, uma veneração a tudo que é considerado sagrado. É também um conjunto
de princípios e crenças religiosas, baseadas em livros sagrados (exemplos: a Bíblia, a Tora e o
Alcorão), que unem seus fiéis numa mesma comunidade moral, designada Igreja.
Profano ou mundano é tudo o que infringe as normas sagradas. É o contrário ao respeito que se
deve às coisas divinas.
Sincretismo religioso é a fusão de diferentes normas para a formação de uma nova e mantém as
características de todas as suas normas-base, sejam ideias, superstições, rituais e divinos.

A Cultura Cabo-verdiana 15
Nas ilhas, as festas tradicionais e religiosas, geralmente obedecem a um calendário religioso. Muitas
concentram-se no mês de junho e daí a designação festas juninas:

Principais ilhas
Festa juninas Data
da manifestação
Santo António 13 de junho Santo Antão – Cidade
das Pombas
São João 24 de junho Santo Antão, Brava,
Fogo e São Vicente
São Pedro 29 junho Santo Antão, São
Vicente, Maio e São
Nicolau

Embora adquiram particularidades próprias em cada ilha, com os seus mitos, superstições e crenças
à volta dos santos, a comemoração é praticamente a mesma e engloba os membros da comunidade
onde ocorre e outros que se deslocam de lugares distantes.

Características
A festa faz-se à base do tambor e do colá. Acrescenta-se também os alimentos (farinha de milho,
espigas de milho, tubérculos, peixe, carne e bebidas), vestuário, sincretismo religioso, ofertas diversas
às igrejas, às câmaras municipais e aos familiares e amigos, como pés de cana, cachos de banana, sa-
quinhos de café e um bode.
Nas ilhas tradicionalmente agrícolas, como São Nicolau, Santo Antão, Fogo, Brava e Santiago existe
o costume de leiloar ou “deitar na praça” produtos agrícolas e os fundos revertem para as obras de
beneficência (figura. 8) e Festa de São João Batista (figuras 9 e 10).

Figura 9. Festa de São João Batista

Figura 8. Capela de São João Batista, Porto


Novo, autores. Figura 10. Festa de São João Batista

16 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Saber mais.

As festas de romaria tinham um duplo objetivo: religioso e o de aliviar os males das pestes e de
agradecer [ à Deus pelas] colheitas. A religião desempenhava um papel muito mais relevante
que hoje. Toda a vida quotidiana era regulada pelas normas da religião. A religiosidade do homem
cabo-verdiano, não só o da zona rural como o da zona “dita” urbana, desenrolava-se sob este
signo. Havia uma subordinação a entidades sobrenaturais. Explica-se tudo por forças estranhas
e ocultas, enquanto faltou o suporte científico.

Moacyr Rodrigues, Cabo Verde. Festas de Romaria. Festas Juninas, pp. 13-15 (adaptado).

Tambores de S. João
Segui depois tocadores
com os vossos tambores a rufar
entre apitos e gritos
do povo a dançar
a dança alucinada
do choque violento dos abdómens
segui pela estrada
da Ribeira de Julião.
Documento 4. Jorge Barbosa, in África, nº 2 (adaptado)

Tabanca
A tabanca em Cabo Verde, mais precisamen-
te em Santiago e no Maio, é considerada uma Tabanca significa povoação ou aldeia, senti-
organização tradicional que surgiu da fusão de do em que ainda é utilizado em alguns países
cultura europeia, principalmente a portuguesa, africanos como por exemplo, na Guiné-Bissau.
com a cultura africana. É uma manifestação É uma palavra que existe na literatura portu-
que acontece de 1 de maio a 13 de junho, dia guesa desde do século XVI.
da missa de Santo António. As festividades da
tabanca estão ligadas às festas religiosas de
Santa Cruz, Santo António, São João Batista e São Pedro, às quais encontram-se associadas salvas,
rezas, manifestações de rua e cantos.

A Cultura Cabo-verdiana 17
Origem
A origem da festa da tabanca em Cabo Verde remonta ao
século XVIII, por altura da comemoração da festa de San-
ta Cruz, ocasião em que os senhores dos escravos, por ra-
zões religiosas, teriam concedido, por um dia, a liberdade
aos seus escravos, permitindo-os festejar. Terão aprovei-
tado essa ocasião e, adicionando sincretismos religiosos e
costumes de origem africana, criaram um desfile em que
cada participante representava um membro da sociedade.
Desta forma, surgiu uma organização hierarquizada consti-
tuída por vários elementos dirigentes e cada um com a sua
função bem definida: o rei da tabanca, o administrador da Figura 11. Festa da Tabanca
tabanca, o rei da corte, a rainha da corte, o rei do campo, o
comandante militar, o maestro, as cativas (mulheres), filhas-de-santo (as raparigas) e outros.
Características
O desfile consiste numa romaria, que se inicia à porta de uma
igreja e vai percorrendo as ruas da localidade. Era, designado
buska santu (buscar o santo), destina-se, simbolicamente, a
recuperar um santo, que é representado (simbolicamente) por
uma bandeira, que foi previamente roubado no ato conhecido
por cumpra santu (comprar o santo). A acompanhar o desfile
havia os tamborerus (tocadores de tambor), os korneterus (to-
cadores de búzio) e as kantaderas (cantadeiras) que iam can-
tando e dançando durante o percurso.
Figura 12. Festa da Tabanca

A tabanca caracteriza-se ainda pelas suas brincadeiras, pelas suas regras, pelos direitos e deveres dos
seus membros e, principalmente, pelo seu carácter de união e de solidariedade.
A festa da tabanca, pelo receio de revolta
por parte dos escravos, foi combatida pelos
governantes e pela Igreja Católica na época
colonial. Contudo, apenas nos finais do sécu-
lo XIX é que surgem decretos legais proibin-
do essa manifestação. Devido a este facto, a
tabanca foi-se tornando paulatinamente num
evento clandestino, chegando mesmo a ser
proibida nos centros urbanos. Atualmente, os
festejos encontram-se revitalizados e vão de-
senvolvendo-se nas localidades como Achada
Santo António, Chã de Tanque, Achada Grande Figura 13. Figura do Carrasco da Festa da Tabanca, in Avançar
e Várzea. 1. Manual de Língua Portuguesa, 1º ano do Curso Geral, 1986.

18 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Saber mais.

Na tabanca, temos ainda personagens cómicos, que provocam o riso com as suas constantes pa-
lhaçadas: o Zagace e o Falcão (pai e filho), que só comem o que conseguem arrebatar aos compa-
nheiros ou roubar nas panelas, com as suas unhas muito compridas; chamamos-lhe “Ca-Rabes”.
A criada é um boneco de pau conhecido por Saramané, e há ainda o Carrasco, o mascarado de
chifres de bode, o Conta-Lançado, o Diabo, a Beta, entre outros.
Entrevista, in Avançar 1, Manual de Língua Portuguesa – 1º Ano do Curso Geral, Porto, Porto Editora, 1986, pgs. 148-149.

Festa da Bandeira
Resultado da fusão de manifestações portuguesas e das celebrações das populações da costa de
África. A festa da bandeira é atualmente um evento religioso e profano muito valorizada em Cabo
Verde. Trata-se de um ritual que homenageia um santo de grande aceitação popular: Santo António,
São Pedro, São Paulo, São Sebastião, São Filipe e São João.

Origem
A data do início das festividades da Bandeira na ilha do Fogo
é ignorada. Contudo, pelas suas características, pode-se
considerar que os seus primeiros momentos surgiram com a
chegada dos primeiros moradores vindos da ilha de Santiago
(início do século XVI).

Características
Nas comemorações existe a tradição das Bandeiras: Bandeira
Grande ou Bandeira do Sobrado e Bandeira da Praia ou Bandeira
de Rendeiro, facto que refletia a condição social e económica da
ilha. A Bandeira Grande era festejada pelo grupo mais abasta-
do e de destaque social, sendo o centro da festa. A bandeira da
Praia era realizada pela população mais humilde.

As festas são marcadas pelo ritmo do tambor e do pilão, a músi-


ca e os coros das coladeiras, combates de galos, as cavalgadas,
a procissão e um almoço tradicional (figuras 14 e 15). Figura 14. Festa da Bandeira, 2012

A Cultura Cabo-verdiana 19
Saber mais.

Atualmente, ainda se reconhecem alguns


elementos trazidos pelos portugueses. Em
Portugal, a partir de finais do século XVI,
existiram organizações religiosas denomina-
das Bandeiras. Existem, igualmente, outros
sinais da presença portuguesa na festa da
Bandeira, como os vestígios da cavalaria
medieval, juramento da bandeira, cavalhadas
(apanhar argolinhas suspensas numa corda,
mostrando a perícia dos cavaleiros) e a cele-
bração do santo da igreja.
Figura 15. Festa da Bandeira, 2012.
Revista Nós Genti – Cabo Verde, 2016 (adaptado)

Vou resolver.

1. Quais são as festas juninas de Cabo Verde? Canizade: grupo de mascarados que acom-
2. Faz uma pequena pesquisa sobre as festas panham o batismo do mastro, nas águas do
religiosas da tua ilha ou da tua localidade. mar, nas festas da Bandeira, com exceção de
3. Quais são as caraterísticas da Tabanca? São Filipe e de São Sebastião. É exclusivo da
4. Que tipo de festividade é a Festa da Bandeira? ilha do Fogo e o seu significado pode estar
relacionado com os seguidores dos santos.

9.6.  Artes e Cultura Material


9.6.1.  Música e Dança

A origem da música tradicional de Cabo Verde


A música desempenha um papel relevante para os cabo-verdianos, em diversos aspetos, na medida
em que faz parte de toda a atividade social, fortificando-a, por exemplo, a partir de práticas lúdicas
e das festas populares. Exerce ainda uma ação que desperta relacionamentos interpessoais muito
amplos.
Na génese da música tradicional das ilhas estão ligados diversos fatores de várias origens, como os
alegres ritmos africanos, as lamentações árabes e os cantares dos europeus, designadamente as

20 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


cantigas de escárnio e de maldizer. Contudo, por razões relacionadas com más condições de vida
e pelo número superior, o africano foi portador e cultivador das lamentações. Essas lamentações
converteram-se em música e originaram, na ilha de Santiago, expressões musicais de sentimentos
como a angústia da vida em cativeiro e das saudades. Estamos a referir aos géneros musicais como
o Batuque, o Funaná e o Finaçon. A morna e a coladeira são outras expressões musicais importantes.

Música: a música é um fenómeno social e cultural resultante dos sentimentos e manifestações de


uma comunidade. Costuma acompanhar ou fazer parte do trabalho e da recriação dos hábitos e
dos diferentes momentos sociais.
Dança: A origem da dança confunde-se com a origem da música e do teatro e relaciona-se com um
ritual. Trata-se de um movimento corporal marcado pelo ritmo e harmonia da música.

A Morna
A morna é uma expressão musical, através da qual, o cabo-verdiano transmite todo o seu sentimento,
seja ele qual for, no momento da sua execução.

De acordo com a sua temática, pode-se distinguir duas fases da morna: uma primeira fase em que
a morna é uma expressão musical de característica satírica, do tipo boavistense, uma expressão da
dor e do sentimento da escravidão; uma segunda fase em que ela é de característica lírica, do tipo
bravense, uma expressão do sentimento da saudade do ente querido ausente ou então da perda do
“cretcheu”, do amor falhado ou proibido.

Origem
Embora não haja uma fundamentação
histórica e científica convincente, vários
estudiosos da morna avançam que terá
surgido, primeiramente na Boavista no
século XIX. Mais tarde, expandiu-se para
as outras ilhas e foi-se adaptando às ca-
raterísticas psicossociais de cada uma.

Figura 16. Casa Museu Eugénio Tavares, Brava, (Autores), 2017

A Cultura Cabo-verdiana 21
Compositores
Nos primeiros anos do século XX, o po-
eta, intelectual, jornalista e compositor,
Eugénio de Paula Tavares (1867-1930),
da ilha da Brava, escreveu algumas das
mornas mais conhecidas de Cabo Verde
deu-lhes o sentido romântico que o gé-
nero preserva até a atualidade. A morna
adquiriu, nesta ilha, um ritmo mais lento
e o tema principal era o amor.
Nas décadas de 30 e 40, o compositor e
músico Francisco Xavier da Cruz (1905-
1958), mais conhecido por B. Leza, de
Figura 17. Estátua de Eugénio Tavares, Brava, (Autores), 2017.
São Vicente, conferiu-lhe algumas
características da música brasileira. Nesta mesma época surgia o movimento literário claridade, que
será estudado mais a frente, que introduziu algumas alterações nas letras que se tornaram mais
realistas, ou seja, refletiam a situação social dos cabo-verdianos (saudades e emigração, por exem-
plo).
Mais recentemente, o compositor Manuel de Novas ajudou a definir a morna moderna.
Estes compositores foram responsáveis pelas mornas mais emblemáticas de Cabo Verde e que
foram interpretadas por vários artistas, como por exemplo: Cesária Évora, Celina Pereira, Ildo Lobo,
Bana, Titina, Tito Paris (compositor e intérprete), Mayra Andrade, Lura e Paulino Vieira (compositor e
intérprete).

Figura 18. Cesária Évora

22 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Saber mais.

Cesária Évora

Cesária Évora nasceu em São Vicente, em 1941, no seio de uma família de músicos. Começou a
cantar nos bares da cidade do Mindelo ainda muito nova. Em 1985 viajou para Lisboa a convite de
Bana, proprietário de um restaurante e de uma discoteca de música ao vivo. No ano de 1988, com
47 anos, gravou o seu primeiro álbum em Paris, intitulado “A Diva dos pés descalços”. Em 2004
ganhou um Grammy. Morreu em 2011, na cidade do Mindelo, com 70 anos.

Morna Bonita

À noite, no salão de João Bentinho, gemia o violino de Mochim do Monte. O violão tonificava
a delicadeza da melodia. O cavaquinho marcava a cadência. Os pares suavam na languidez da
morna que o tocador aspergia sobre os corações apaixonados. Morna bonita! “Eclipse” era o seu
nome de batismo.

Documento 5. Teixeira de Sousa, Capitão de Mar e Terra, 1984 (adaptado).

A Coladeira
A coladeira é um género satírico de Cabo Verde, com um ritmo acelerado que se baseia fundamental-
mente na ironia, com o objetivo de ridicularizar factos sociais como a emigração, o esbanjamento, os
assuntos alegres e os lúdicos.

Origem
Nasce em São Vicente por volta dos anos 50 do século XX. Segundo
Jotamont, a coladeira tem a sua origem na morna tocada num ritmo
mais acelerado, resultante do entusiasmo com que se dançava deter-
minadas mornas mais vivas e alegres.
Distinguiram-se nesse género musical, compositores como Frank
Cavaquinho, Ti Gói e Manuel de Novas. Após o surgimento da coladeira,
o panorama musical de Cabo Verde ficou mais rico. Hoje é reconhecido
como um género nacional, divulgado por vários artistas, como por
exemplo, Cesária Évora, Bana, Titina, Djózinha e Leonel. Figura 19. Guitarra, instru-
mento utilizado na coladeira
(Autores, 2018)

A Cultura Cabo-verdiana 23
Funaná
O Funaná é um género de música e dança cabo-verdianos, com um ritmo muito rápido resultante do
esfregar de uma faca numa barra de ferro, acompanhado por acordeão (gaita) e canto.

Origem
O Funaná surgiu provavelmente nos inícios do século XX, quando foi introduzido a partir de Portugal,
na ilha de Santiago, o acordeão. A própria designação é relativamente recente, devendo situar-se nas
décadas de 60 e 70 e segundo a tradição oral surgiu da junção de Funa e Naná, eminentes tocadores,
um de gaita e outro de ferrinho. Durante a época colonial era um género desprezado e circunscrito ao
mundo rural de Santiago. Nos anos de 1980, o grupo Bulimundo, orientado por Carlos Alberto Mar-
tins, vulgarmente conhecido por Catchas e os Tubarões e, mais recentemente, os Ferro Gaita fizeram
reaparecer esse género e o divulgaram para as restantes ilhas e internacionalmente. Uma figura rele-
vante do funaná foi Gregório Vaz, mais conhecido por Kode di Dona (1940-2010). É considerado o “rei
do funaná”.

Figura 20. Kode di Dona, Selos Figura 21. Ferro Gaita Figura 22. Funaná
de Cabo Verde.

O Batuque
O Batuque é um género musical de
ascendência africana, de característi-
cas satíricas e de desafio (canto mu-
sical seguido de respostas tanto nos
versos como na música), existente em
Santiago. Tem como temas: críticas,
censuras e escárnios.
O Batuque é o género musical mais
antigo de Cabo Verde. No entanto,
apenas no século XIX é que se tem os
primeiros registos escritos. Figura 24. Batucadeiras

24 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Durante o Estado Novo (regime político autoritário que governou em Portugal entre 1933 e 1974), o
Batuque foi perseguido e chegou a ser interdito nos centros urbanos.
Maria Inácia Gomes Correia (1924-2011), vulgarmente conhecida por Nácia Gomi, foi uma figura in-
contornável desse género. Outra figura figura importante foi António Vaz Cabral, mais conhecido por
Ntoni Denti D’Oro (1926-2018). O Batuque foi resgatado nos anos 90, por jovens compositores como
Orlando Pantera, Vadú e Tcheka e interpretado por vozes como Nancy Vieira, Mayra Andrade e Lura.

Figura 23. Nácia Gomi

Saber mais.

No Batuque identificam-se dois estilos fundamentais:


- Finaçon, constituído por canto e bater de palmas ou numa espécie de tambor improvisado com
um pano;
- O Batuque propriamente dito, com canto, cimboa, txabéta e dança. Na txabéta, as executantes
tocam o mesmo ritmo, de forma harmónica ascendente e as bailarinas abanam a anca com um
“pano di terra” preso na anca.

Vou resolver.

1. Segundo a tradição, em que ilha surgiu a Morna?


2. Indica alguns nomes de intérpretes da Morna em Cabo Verde.
3. Qual a origem da Coladeira, segundo Jotamont?
4. Quais são os temas retratados na Coladeira?
5. De acordo com a tradição oral, como terá surgido o Funaná?
6. Quem foram os compositores que resgataram o Batuque nos anos 90?

A Cultura Cabo-verdiana 25
9.6.2.  Literatura
A literatura cabo-verdiana busca inspiração, geralmente nas
condições ambientais e sociais do país: o mar, a emigração, a
saudade e as dificuldades diárias. Literatura é a capacidade de
criar e produzir textos escritos,
O primeiro movimento poético de Cabo Verde nasceu no semi- que podem ser poesia, literatura
nário-liceu, ilha de São Nicolau, em 1890. Foi influenciado pela de ficção, literatura de romance,
literatura portuguesa. O Poeta, escritor e jornalista da ilha do literatura cabo-verdiana, entre
Fogo, Pedro Cardoso (1890 – 1942), fazia parte desta corrente outros.
literária. Faziam parte ainda deste movimento, Eugénio Tava-
res, que já foi estudado, e José Lopes de São Nicolau.
Nos princípios dos anos 30 do século XX, surgiu em São Vicente,
um novo movimento literário: revista cultural Claridade funda-
da por Baltasar Lopes da Silva, Jorge Barbosa e Manuel Lopes.
Mais tarde, integraram-se no grupo outros escritores como
António Aurélio Gonçalves e Teixeira de Sousa. Inspirados em
autores brasileiros como Jorge Amado ou Manuel Bandeira,
buscavam retratar a realidade que os envolvia.
Em 1947, nasceu o primeiro grande romance cabo-verdiano,
escrito por Baltasar Lopes da Silva: Chiquinho. São importantes
ainda as seguintes obras: a Chuva Braba (1956) ou os Flagelados
do Vento Leste (1960) de Manuel Lopes; o Capitão de Mar e
Terra (1984), Xaguate (1987) e Na Ribeira de Deus (1992) de
Henrique Teixeira de Sousa.

Figura 25. Capa da publicação do Jornal


o Manduco fundado por Pedro Cardoso
em 1923. Livraria Pedro Cardoso, 2016

Figura 26. Página da Figura 27. Busto de Figura 29. Manuel Lopes, Figura 28. Capa da obra
revista Claridade Baltasar Lopes no pintura de David Levy Chiquinho de Baltasar
Mindelo (autores, Lima Lopes, 4º edição, 1974
2018);

26 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Na atualidade, como poetas e romancistas cabo-verdianos, pode-se referir Arménio Vieira (prémio
Camões em 2009), Oswaldo Osório, Mário Lúcio, Mário Fonseca, Dina Salústio, Germano Almeida (pré-
mio Camões em 2018), Onésimo Silveira, Corsino Fortes, Joaquim Arenas e José Luiz Tavares.

Prémio Camões para Germano Almeida


O escritor Germano Almeida é o vencedor da 30.ª edição do Prémio Camões (2018), uma decisão
por unanimidade a distinguir um escritor que mudou a forma de escrever sobre Cabo Verde.
“Sou profundamente cabo-verdiano”, disse ao PÚBLICO enquanto celebrava na ilha de S. Vicente.
“Estou feliz. É o reconhecimento do trabalho que a gente faz. Embora eu considere que escrever
não seja trabalho, é prazer”, disse Germano Almeida ao PÚBLICO pouco depois de saber que
era o vencedor da 30.ª edição do Prémio Camões, o mais celebrado prémio literário de língua
portuguesa, no valor de 100 mil euros.

Documento 6. Jornal o Público, 23 de maio de 2018.

Vou resolver.

1. Quais são os temas abordados com maior frequência, na literatura culta cabo-verdiana?
2. Onde e em que ano surgiu o primeiro movimento poético de Cabo verde?
3. Quem são os fundadores da revista cultural Claridade? Em que ano surgiu?

9.6.3.  Artesanato
O trabalho desempenhado pelos artesãos das ilhas de Cabo Verde refle-
te hquase sempre os hábitos das comunidades, não só pelos materiais
aplicados, mas também pelos temas tratados. Destacam-se a cerâmica, a
panaria e a cestaria.
A cerâmica no arquipélago está relacionada com a produção de objetos de
utilização doméstica e a atividade agrícola. Como
Figura 30. Binde, auto- exemplos temos, potes, botijas de água e bindes.
res, 2018

A panaria foi usada nos séculos XVI e XVII como moeda de troca no comércio
com a costa de África. Uma vertente muito conhecida da panaria de Cabo
Verde é o “pano di terra” ou “pano d’obra”. É um pano longo, constituído
por 6 bandas unidas, feito em teares manuais, utilizado como vestuário,
para o transporte de crianças, para proteção do corpo ou colocado em
redor da cintura.
Figura 31. Pote,(Autores)

A Cultura Cabo-verdiana 27
Figura 32. Pano d’obra, in Figura 33. Pano colocado em Figura 34. Tear, Ilha do Fogo
O Objeto e a Escrita, Maria redor da cintura, in O Objeto e a (Autores, 2008)
Carvalho, 2003 Escrita, Maria Carvalho, 2003

Saber mais.

A manufatura de panos era uma atividade complementar da economia agrária, pois as proprieda-
des produziam também a matéria-prima necessária: algodão e anil.

Museu Etnográfico da Praia – Catálogo da Exposição (adaptado).

A cestaria é uma prática manual muito antiga no arquipélago e continua sendo uma atividade muito
importante. Os artesãos confecionam vários objetos (chapéus, esteiras, cestos, balaios, outros) com
fibras de origem vegetal, tais como o sisal e o caniço.

Figura 35. Balaio “di Tenti”, (Autores) Figura 36. Balaio (Autores, 2018) Figura 37. Chapéu de palha (Au-
tores, 2018)

Vou resolver.

1. Indica os tipos de artesanato que mais se destacam em Cabo Verde.


2. Qual é a finalidade dos “panos di terra”?
3. Dá exemplos de alguns produtos artesanais produzidos em Cabo Verde.
4. Quais as matérias-primas mais utilizadas na cestaria?

28 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


9.6.4.  Habitação
Em Cabo Verde encontramos dois tipos de habitação tradicional: habitação de planta circular e habitação
de planta retangular.

Habitação de planta circular


A habitação de planta circular, muito simples e de cobertura cónica, é o
produto da fusão entre a palhota portuguesa e os funcos dos africanos
da costa ocidental. Os materiais são recolhidos na natureza: palha,
folhas de carriços ou de cana-sacarina, pedra basáltica e barro. Com
uma única divisão, essa tipologia difundiu para as ilhas de Santiago,
Fogo, Maio, São Vicente e Boavista. Indicava uma condição social mais
humilde. Figura 38. Representação
de um funco, autores, 2008,
ilha do fogo.

Habitação de planta retangular


É a habitação mais comum e pode assumir duas tipologias: habitação de um piso e os sobrados (dois
ou três pisos). As de um só piso podem ser de pedra seca, sem reboco e cobertas de palha ou de pedra
com argamassa, rebocadas e cobertas de telha cerâmica. Os sobrados são construções rebocados,
pintados, geralmente com varanda na fachada principal e cobertos de telha cerâmica. Pertenciam aos
senhores de escravos e grandes comerciantes.

Figura 39. Habitação de planta Figura 40. Habitação de planta Figura 41. Habitações de
retangular, sem reboco e cobertu- retangular, rebocada e com co- planta retangular de dois pi-
ra de folhas secas. Ribeira Grande bertura de telha “marselha”, ilha sos, Mindelo (autores, 2018)
de Santiago (autores, 2008) Brava (autores, 2017)

Vou resolver.

1. Identifica os 2 tipos de habitação tradicional de Cabo Verde.


2. Quais são as características da habitação circular?
3. Quais são os materiais utilizados na habitação tradicional?

A Cultura Cabo-verdiana 29
A cultura cabo-verdiana é o resultado do contacto de duas grandes áreas geográficas: Europa
(principalmente Portugal) e a costa ocidental de África. Desse contacto surgiu uma cultura rica,
visível em vários elementos culturais, com destaque para o crioulo, a morna, o funaná, o batuque,
as festas religiosas e de romarias e a cachupa.

A língua cabo-verdiana é, sem dúvida, a expressão cultural mais importante do país. Encontra a
sua origem nos séculos XV e XVI, como produto da necessidade da comunicação funcional entre as
várias etnias e culturas (europeus e africanos) que se cruzaram em Cabo Verde.

No arquipélago, a tradição oral constitui uma base fundamental para o estudo da nossa cultura.
Exemplos: os contos populares, os provérbios, as advinhas, as superstições e as cantigas de trabalho.

Na gastronomia, a cachupa, feita à base do milho, é o prato tradicional mais conhecido de Cabo
Verde.

Nas ilhas, as festas tradicionais, geralmente obedecem a um calendário religioso. Muitas concen-
tram-se no mês de junho e daí a designação de festas juninas: Santo António, São João e São Pedro.

As artes e a cultura material de Cabo Verde são muito vastas. Como exemplo pode-se referir a
morna, a coladeira, o funaná, o batuque, a literatura, a cerâmica, a panaria, a cestaria e a habitação

1. Completa o seguinte texto:

a) A língua cabo-verdiana é a mais importante do país. Encontra


a sua , como produto da necessidade da comunicação funcional
entre as (europeias e africanas) que se cruzaram em Cabo Verde
e sofreu muitas alterações ao longo dos séculos.
b) O de , que abrange as variantes do Maio,
Santiago, Fogo e Brava;
c) O de ,que abrange as variantes de Santo
Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boavista.

30 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


tradicional.

5.1. Distingue as afirmações verdadeiras das falsas.

Blimundo é um conto popular muito conhecido em Cabo Verde.


As cantigas de trabalho estão relacionadas com atividades como o comércio e os
serviços.
Colá-boi é uma cantiga popular tipicamente da ilha do Sal.

A bombena é uma cantiga popular da ilha da Brava.

5.2. Corrige as frases falsas.

3.1. Identifica a figura 6

3.2. Quais são os seus ingredientes principais.


Figura 6.

4. Faz corresponder cada número da coluna A com a respetiva data da coluna B.

Coluna A Coluna B

1 Festa de São João 13 junho

2 Festa de Santo António 29 junho

3 Festa de São Pedro 24 junho

A Cultura Cabo-verdiana 31
5. Faz uma pesquisa sobre as festas de romaria da tua ilha, bem como as suas caraterísticas.

6. Quando é que surgiu a Tabanca?

7. Indica alguns dos personagens da Tabanca.

8. Em que ilha se comemora a Festa da Bandeira?

9. Menciona os géneros musicais existentes em Cabo Verde e os seus principais representantes.

10. Faz corresponder cada género musical à sua respetiva ilha de origem.

Géneros musicais Ilhas

1 Morna São Vicente

2 Batuque Santiago

3 Coladeira Boavista/Brava

4 Funaná São Nicolau

11. Faz uma pesquisa sobre a biografia de um compositor cabo-verdiano à tua escolha.

12. Completa a frase: Nos princípios dos do , surgiu em

, um novo movimento literário: fundada por ,

Jorge Barbosa e .

13. Completa o quadro:

Escritor Romance Ano

Chiquinho 1947

Henrique Teixeira de Sousa 1984

Chuva Braba

32 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


14. Indica três escritores da atualidade.

15. Observa os objetos A e B.

A. B.

15. 1. Identifica-os.

C. D.

15. 2. Para que servem estes objetos.

16. Considera as seguintes imagens, C e D.

16. 1. Caracteriza-as.

A Cultura Cabo-verdiana 33
2 O passado das ilhas de Cabo Verde

10. Descolonização de Cabo


Verde

10.1.  A Luta de Libertação Nacional


10.1.1. Antecedentes ou raízes remotas da luta pela independência nacional
A resistência à dominação colonial existiu desde o início do povoamento do arquipélago de Cabo Verde,
através das revoltas socias (analisadas no 5º ano) e mais tarde, a partir de manifestações de carácter
cultural, em particular, a literatura (estudada no subtema 9).
A tomada de consciência nacional ganhou força com os intelectuais claridosos (já estudados) que,
através da literatura, deram a conhecer aos cabo-verdianos e, ao mundo em geral, as dificuldades que
afetavam os habitantes das ilhas.
Todavia, a ideia de luta para a libertação nacional instituiu-se somente nos anos 40, com a geração
de Amílcar Cabral e ganhou força e expressão a partir de 1956 com a criação do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (P.A.I.G.C.), que mais tarde conduziu os povos da Guiné-Bissau e
de Cabo Verde à luta pela independência nacional.

Luta de Libertação Nacional - Atividade de natureza nacionalista e por vezes de influência religiosa
focada na independência de um país/região.
Nacionalismo – Ideologia que exalta a nação, as suas qualidades, as suas ambições, procurando
garantir a unidade de um povo.
Patriotismo - é o sentimento de amor, orgulho e respeito à pátria, aos seus símbolos (bandeira,
hino, armas, mitos, dentre outros) e ao seu povo.

34 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


A fundação do PAIGC
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (P.A.I.G.C.) foi criado em 1956, por um grupo
de nacionalistas cabo-verdianos e guineenses: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Fernando Fortes, Júlio
Almeida, Rafael Barbosa e Elisé Turpin.

Os três grandes objetivos do partido eram:


- A conquista imediata da independência da Guiné-Bissau e
de Cabo Verde;
- A democratização, e a emancipação das populações
guineenses e cabo-verdianas;
- A aposta no desenvolvimento económico e social destas
comunidades.

Figura 1. "Retrato de Amílcar Cabral", Bruna


Polimeni (1971), CasaComum.org

Formas de luta
Após a fundação do PAIGC, os patrióticos desenvolveram ações diplomáticas e negociações com o
governo colonial português, com a intenção de conseguir a libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde,
pela via pacífica. Em resposta, o governo colonial aumentou a vigilância e a repressão.

Em agosto de 1959, no porto da


Guiné-Bissau, ocorreu o “Massacre de
Pidjiguiti”. A polícia portuguesa repri-
miu violentamente uma greve de es-
tivadores, registando-se cerca de 50
mortos e uma centena de feridos, no
cais de Bissau.
Na sequência do Massacre de Pidjiguiti,
os dirigentes do PAIGC, convence-
ram-se de que a libertação da Guiné
e de Cabo Verde não seria possível
por via pacífica. Decidiram pelo iní-
cio da luta armada, para conseguir a
independência. Figura 2. O Massacre de Pidjiguiti

Antes do início da luta armada, os dirigentes do PAIGC tentaram negociar a independência da Guiné e
Cabo Verde, através de memorandos, notas abertas e mensagens enviadas ao governo de António
Salazar.

Descolonização de
Cabo Verde 35
Repressão - É a ação e o efeito de reprimir (conter, deter, travar, coibir ou castigar).
Luta armada - É um conjunto de ações organizadas, lideradas por militantes, cujo significado polí-
tico é conquistar a independência do povo ao derrubar um governo repressor.
Memorando - É um género textual comum nas comunicações internas oficiais de instituições, em-
presas e órgãos públicos.

10.2.  O início e o desenvolvimento da luta armada


Esgotadas as vias do diálogo e da diplomacia, o PAIGC sentiu-se obrigado a recorrer à luta armada na
Guiné-Bissau, iniciada no dia 23 de janeiro de 1963, quando o quartel português de Tite foi atacado com
a artilharia pesada.
Inicialmente a situação foi difícil para os guerrilheiros do PAIGC porque tinham carências a vários níveis.
Mais tarde, começaram a receber apoios de países aliados como:
Antiga União Soviética (Rússia);
Cuba;
Antiga RDA (República Democrática Alemã);
China;
Argélia.

Figura 3. Ruínas do quartel de Tite (Guiné Bissau), in Expresso.sapo.pt, 2015

O desempenho dos guerrilheiros do PAIGC, os apoios recebidos, a pressão internacional a Portugal e a


Revolução dos Cravos contribuíram para que a luta armada chegasse ao fim, lançando as bases para
a independência dos dois países: Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Amílcar Cabral é sem dúvida a figura maior na luta pela libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Infe-
lizmente ele não pôde ver o seu sonho concretizado, uma vez que foi assassinado no dia 20 de janeiro
de 1973, na cidade de Conakry. Os seus companheiros de luta continuaram a seguir as suas ideias e
conseguiram libertar os dois países do domínio colonial.

36 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


O dia 20 de janeiro é feriado nacional e é considerado Dia dos Heróis Nacionais. É também comemora-
do em memória de todos aqueles que lutaram pela independência de Cabo Verde.

10.3.  A Descolonização de Cabo Verde


A independência de Cabo Verde foi o resultado de um processo longo, marcado pela luta armada, lide-
rada por Amílcar Cabral e pela Revolução dos Cravos em Portugal.

10.3.1. O Contributo da Revolução de 25 de abril de 1974

Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, o Movimento das For-


ças Armadas Portuguesa levou a cabo uma operação militar
que ficou conhecida como Revolução dos Cravos, que pôs fim
ao regime de ditadura e transformou Portugal num país demo-
crático.
Após a Revolução de abril, iniciaram-se negociações com os
movimentos de libertação das então colónias (Cabo Verde,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola).

Figura 4. A Revolução de 25 de Abril ou


Revolução dos Cravos

Descolonização – Processo histórico através do qual as colónias conseguem alcançar a sua


independência política.
Autodeterminação - Ato pelo qual, um povo escolhe, por sufrágio universal, o seu próprio rumo
político. Este direito foi consagrado pela ONU em 1945.

10.3.2. A Proclamação da Independência de Cabo Verde


O objetivo do PAIGC era conseguir a independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde ao mesmo tempo.
Contudo, isso não se verificou:
No dia 24 de setembro de 1973, a Assembleia Nacional Popular proclamou a independência da
Guiné-Bissau. Portugal só veio a reconhecer oficialmente a independência da Guiné-Bissau em
setembro de 1974.

No caso cabo-verdiano, a independência foi proclamada no dia 5 de julho de 1975, no estádio da


Várzea (na cidade da Praia).

Esse acontecimento marcou a história do país e este passou a ser considerado um Estado Soberano.

Descolonização de
Cabo Verde 37
INSTRUMENTO SOLENE DA DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE (1975)

Aos cinco dias do mês de Julho de 1975, na cidade da Praia, capital do Estado de Cabo Verde, na
presença e com a intervenção da Sua Excelência o Primeiro- Ministro do Governo Provisório de
Portugal, na qualidade de representante de Sua excelência o Presidente da República Portuguesa, e
do Presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, é solenemente declarada a independência do
Estado de Cabo Verde, sendo em consequência definitivamente transferidos para aquela Assembleia
Constituinte, na qualidade de mandatária e legal representante do Povo de Cabo Verde, todos os
poderes de soberania e administração até hoje detidos pelo Estado Português sobre o território de
Cabo Verde.

O presente protocolo é assinado ao abrigo da cláusula 11ª do acordo entre o Governo Português e o
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de 19 de Dezembro de 1974 e expri-
me a vontade livre dos Povos Português e Cabo-verdiano.

O Primeiro-Ministro do Governo Provisório de Portugal O Presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde


Vasco Gonçalves Abílio Duarte

Figura 5. Ato formal da assinatura da Independência de Figura 6. (1975), “Cerimónia de proclamação da Indepen-
Cabo Verde dência de Cabo-Verde, na Cidade da Praia”.

Figura 7. Primeiro içar da Bandeira de Cabo Verde Figura 8. (1975), “Reunião do PAIGC após a independência”.

38 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Figura 9. (1975), “Aristides Pereira presta juramento como
Presidente da República de Cabo Verde”.

Saber mais.

A luta armada de libertação acabou por acontecer no território guineense, devido ao aspeto geográ-
fico de Cabo Verde (constituído por ilhas e com ausência de matas). Contudo, muitos cabo-verdianos
integraram na guerrilha e em ações diplomáticas, no sentido de pressionar o governo português.

Vou resolver.

1. Menciona os nomes dos fundadores do PAIGC.


2. Aponta os grandes objetivos do PAIGC.
3. O que foi a Revolução dos Cravos?
4. Localiza, no tempo, o início da luta armada na Guiné-Bissau.

Descolonização de
Cabo Verde 39
A resistência à dominação colonial existiu desde o início do povoamento das ilhas. Inicialmente,
de uma forma desorganizada, e posteriormente mais organizada. Entretanto, veio ganhar a sua
máxima expressão a partir da década de 50, com a geração de Amílcar Cabral que, graças à sua
consciência patriótica, desencadeou a luta de libertação nacional e conduziu Cabo Verde à sua in-
dependência.

Após tentativas fracassadas de negociações diplomáticas com Portugal, o PAIGC desencadeou a


luta armada de libertação, travada durante duas décadas e que culminou com a independência da
Guiné e Cabo Verde, entre 1974 e 1975.

A luta armada desenrolou-se no território guineense, pois este apresentava melhores condições para tal.

A Revolução de 25 de abril de 1974 em Portugal, foi um fator importante para a independência das
colónias portuguesas.

No dia 5 de julho de 1975, foi declarada oficialmente a Independência de Cabo Verde.

40 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


1. Aponta dois antecedentes da luta pela independência de Cabo Verde.

2. Explica o que levou Amílcar Cabral e o PAIGC a decidirem pela luta armada de libertação nacional.

3. Procura dados biográficos de Amílcar Cabral.

4. Explica a importância da Revolução de 25 de Abril para Cabo Verde.

5. Que significado tem o dia 20 de janeiro para os cabo-verdianos?

6. Comenta a afirmação: “O dia 5 de julho de 1975 marcou a História de Cabo Verde.”

7. A independência de Cabo Verde foi resultado de um longo processo.

7.1. Relaciona os dados da coluna da esquerda com os da direita.

Acontecimentos Anos

1 O Massacre de Pidjiguiti A 1956

2 Fundação do PAIGC B 1975

3 Início da Luta armada na Guiné-Bissau C 1959


Assinatura formal da Independência
4 D 1974
de Cabo Verde
5 A Revolução dos Cravos E 1963

7.2. Assinala os acontecimentos indicados na coluna da esquerda, numa barra cronológica.

Descolonização de
Cabo Verde 41
2 Descolonização de Cabo Verde

11. Formação do Estado


Cabo-verdiano

11.1.  A Primeira República


11.1.1. Aspetos políticos que marcaram Cabo Verde nos primeiros anos de
independência
Com a Declaração da independência de Cabo Ver-
de a 5 de Julho de 1975, formou-se o Estado e República - é uma forma de governo onde
fundava-se a primeira República, sob o signo da o povo ou seus representantes elegem, por
unidade Guiné- Cabo Verde. meio de voto livre e secreto, um chefe de
Estado para governar por tempo limitado.
A República de Cabo Verde passou a ser gover-
nada com base na LOPE (Lei de Organização Po- Estado - é uma entidade com poder soberano
lítica do Estado), considerada por muitos como para governar um povo dentro de uma área
uma pré-constituição, um documento de carácter territorial delimitada.
transitório, um breve texto legislativo de 23 arti-
gos, que procurava cobrir a lacuna de uma constituição definitiva, que num prazo de 90 dias (3 meses)
deveria ser aprovada e adotada.

A LOPE definiu todos os Órgãos de Soberania da Primeira República:


A Assembleia Nacional Popular - O órgão supremo do poder do Estado. O Presidente da A.N.P. foi
Abílio Monteiro Duarte (1975-1991).

O Presidente da República - O chefe do Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas e


representante máximo da República de Cabo Verde. O Primeiro e único Presidente da República foi
Aristides Maria Pereira (1975-1991).

O Governo – Era constituído por um Primeiro-ministro e por Ministros e Secretários de Estado. O


Primeiro-ministro era o chefe do Governo, cargo que foi ocupado pelo comandante Pedro Verona
Rodrigues Pires (1975-1991).

Os Tribunais - órgãos encarregados de administração da justiça em nome do povo.

42 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Foram criados os seguintes tribunais:
1. Tribunal Supremo

2. Os Tribunais Regionais

3. Os Tribunais Sub- regionais

4. Os Tribunais de Zona

A LOPE que deveria ser útil por um período de


90 dias, prolongou-se por cinco anos. A primeira Artigo 4º
Constituição de Cabo Verde, constituída por 102
artigos, foi aprovada no dia 5 de setembro de “Na República de Cabo Verde, o Partido Afri-
1980, promulgada no dia 7 de outubro e publicada cano da Independência da Guiné e de Cabo
no Boletim Oficial no dia 13 de outubro do mesmo Verde (PAIGC) é a força política dirigente da
ano. sociedade e do Estado”.

Definiu Cabo Verde como uma República Soberana, anticolonialista, anti- imperialista e instituiu o Mo-
nopartidarismo, um regime de partido único em que o PAIGC era considerado força política dirigente da
sociedade e do Estado, como está explícito no artigo 4º.

Constituição da República - documento elaborado por uma assembleia constituinte, que define o
sistema político de um Estado, a organização dos seus poderes e os direitos/deveres dos seus
cidadãos.
Monopartidarismo – sistema político que apenas admite a existência legal de um único partido.
Órgãos de Soberania -Entidades que representam os poderes (político e judicial) do Estado.
Anticolonialista - é o termo utilizado para designar as pessoas ou instituições que se opõem à do-
minação colonial.
Anti-imperialista - é o termo utilizado para designar instituições que se opõem ao imperialismo,
ao sistema de governo que busca a expansão de um país pela submissão económica, política ou
cultural dos demais.

Documento 2.

Formação do Estado Cabo-verdiano 43


União Guiné-Cabo-Verde
Uma das grandes linhas de pensamen-
to de Amílcar Cabral era a união da Guiné e
Cabo Verde, justificada por razões históricas,
sanguíneas, geográficas e demográficas. Toda a
luta armada foi baseada nessa união.
Os dois países tornaram-se independentes mas
continuaram unidos pelo PAIGC, com Aristides
Pereira como Secretário Geral do Partido e Pre-
sidente da República de Cabo Verde e Luís Cabral
como Presidente da República da Guiné Bissau. Figura 1. A Unidade Guiné- Cabo Verde, 1975.

No entanto, com o golpe de Estado de 14 de novembro de 1980, levado a cabo por João Bernardo,
mais conhecido por “Nino Vieira”, o Presidente Luís Cabral foi deposto e preso. Este facto provocou
a separação dos dois estados e do partido. Assim, surgiu em 1981, o PAICV (Partido Africano para a
Independência de Cabo Verde).

Golpe de Estado – derrube ilegal, por parte de uma força, da ordem constitucional legítima.

Figura 2. Luís Cabral, Primeiro Presi-


dente da República da Guiné-Bissau,
(1973-1980).

44 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


11.1.2. Os Primeiros Governantes de Cabo Verde
Com a declaração da independência, fundou-se o Estado de Cabo Verde. Eis as principais personalidades
que ocuparam os cargos políticos da primeira República.

Figura 3. Pedro Verona Pires Figura 4. Abílio Duarte Figura 5. Aristides Pereira

1º Primeiro-Ministro 1º Presidente da Assembleia 1º Presidente da República


Nacional Popular de Cabo Verde

11.1.3. Os Símbolos da Primeira República de Cabo Verde


Os símbolos nacionais são as representações simbólicas de um país. A primeira constituição de Cabo
Verde estabelece, no seu artigo 20, que a bandeira, as armas e o hino nacional são os símbolos da so-
berania nacional.

Figura 6. Figura 7. Figura 8.

Bandeira da Primeira República Constituição da Primeira Armas da Primeira


de Cabo Verde República República

Formação do Estado Cabo-verdiano 45


1º Hino da República de Cabo Verde
ESTA É A NOSSA PÁTRIA AMADA

Sol, suor, o verde e o mar, A paz e o progresso!


Séculos de dor e esperança; Ramos do mesmo tronco,
Esta é a terra dos nossos avós! Olhos na mesma luz:
Fruto das nossas mãos, Esta é a força da nossa união!
Da flor do nosso sangue: Cantem o mar e a terra
Esta é a nossa pátria amada. A madrugada e o sol
Viva a pátria gloriosa! Que a nossa luta fecundou.
Floriu nos céus a bandeira da luta. Viva a pátria gloriosa!
Avante, contra o jugo estrangeiro! Floriu nos céus a bandeira da luta.
Nós vamos construir Avante, contra o jugo estrangeiro!
Na pátria imortal Nós vamos construir
A paz e o progresso! Na pátria imortal
Nós vamos construir A paz e o progresso
Na pátria imortal
Documento 3.

Saber mais.

A Bandeira Nacional da primeira República (1975-1992) é formada por três faixas retangulares e de
igual tamanho: vermelha, amarela e verde. O vermelho ocupa o lado esquerdo em posição vertical.
As cores amarela e verde ocupam a posição horizontal, respetivamente, superior e inferior.
A faixa vermelha simboliza o sangue dos heróis, o sofrimento suportado pelo povo sob dominação
colonial, a luta por ele desenvolvida, o trabalho e a revolução.
A faixa verde simboliza a natureza tropical do país, a esperança e a certeza no futuro melhor de
Cabo Verde e de África.
A faixa amarela simboliza a colheita dos frutos do trabalho libertador, o bem-estar e a cultura.
O Emblema da República que figura sobre a faixa vermelha, consiste num conjunto formado por
duas espigas e folhas de milho dispostas em bojo e unidas pela base, tendo no interior uma estrela
negra de cinco pontas e na parte inferior desta, uma concha amarela:
As espigas e folhas de milho simbolizam a tradição agrária da economia do país e o aspeto es-
sencialmente rural da cultura do povo cabo-verdiano.

A concha é sugerida pela realidade marítima e insular.

A estrela negra é o símbolo do homem africano que se recuperou na dignidade, na liberdade e na paz.

46 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


Vou resolver.

1. O que foi a LOPE?


2. Indica os tipos de tribunais definidos pela LOPE.
3. Indica os órgãos de soberania definidos pela LOPE.
4. Localiza, no tempo, a aprovação da 1ª Constituição de Cabo Verde.

11.2.  A Segunda República de Cabo Verde (Implementação e conso-


lidação da democracia)
Em Cabo Verde, a instalação do sistema democrático, que irá corresponder à Segunda República foi
possível devido a influências externas ou internacionais, influências internas e uma atitude reformista
do partido no poder (PAICV).

11.2.1. Fatores favoráveis à implementação da Democracia


Influências externas
Na segunda metade da década de 80, do século XX, defendiam-se valores pró-liberais como a demo-
cracia e a liberdade económica e cultural, como fatores de desenvolvimento. Os países de elevada ren-
da começaram a pressionar os regimes monopartidários, no sentido de alterarem as suas estratégias
e proporcionar uma participação dos cidadãos na vida política.
Esses valores acabaram por influenciar o regime de partido único cabo-verdiano: propôs-se a reforma
do sistema político e a revisão da Constituição da República, a fim de permitir a instalação do regime
pluripartidário e de eleições democráticas livres.

Pró-Liberais – são os grupos que estão a favor da liberdade política, ideológica, económica e cultural.
Direitos Humanos - são um conjunto de garantias e valores universais que têm como objetivo ga-
rantir a dignidade dos povos.

Influências internas
Internamente, já se fazia sentir alguma inquietação por parte de jovens quadros do país, da igreja e da
sociedade civil em geral, que se encontrava desgastada com o regime de partido único que vigorava
no país, durante os 15 anos após a independência.

Formação do Estado Cabo-verdiano 47


Pode-se apontar ainda os seguintes fatores que estão relacionados com a abertura política:
Insatisfação dos jovens quadros do partido;

Dificuldades económicas do país;

Receio de ocorrência de períodos de violência, à semelhança do que acontecia no continente contra


os regimes monopartidários;

Preocupações com as mudanças que ocorriam no Leste Europeu (queda da União Soviética).

Atitude reformista do partido no poder (PAICV)


Criação de nova lei eleitoral, cuja novidade consistia na participação da população na elaboração
das listas de candidatos a deputados nas eleições de 1985.

Autorização para o surgimento da imprensa escrita livre (1987).

Criação um depósito legal que permitiu o surgimento de associações livres.

Democracia - É um regime político no qual o povo exerce a sua própria soberania. Os seus valores
fundamentais são a igualdade e a liberdade.
Pluripartidarismo ou Multipartidarismo - Sistema político que admite a existência legal de diver-
sos partidos num sistema político.

11.2.2. As Etapas do Processo de implementação da Democracia

A 19 de fevereiro de 1990, o PAICV declara publicamente a intenção de


fazer reformas na constituição cabo-verdiana, no sentido de implantar
o pluripartidarismo em Cabo Verde.
A 28 de setembro de 1990, a Assembleia Nacional Popular faz uma
revisão constitucional em que fez a revogação dos artigos 4º e 46º que
defendiam o monopartidarismo.
Começaram as negociações com as outras forças políticas emergentes
e deu-se início a um processo pacífico de transição baseado, essencial-
mente, no diálogo e no consenso entre o PAICV e o MPD (Movimento
para a Democracia).
Figura 9. Carlos Alberto
No dia 13 de janeiro de 1991 foram realizadas as primeiras eleições le- Wahnon Veiga

gislativas livres e democráticas, por sufrágio universal e o MPD obteve 1º Primeiro-Ministro da


uma maioria absoluta no parlamento. Constituiu Governo liderado por 2ª República
Carlos Veiga.

48 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


As primeiras eleições livres e democráticas em Cabo Verde
Nas eleições legislativas de 13 de janeiro de 1991, o MPD obteve uma
expressiva vitória (62,5% dos votos) e uma maioria absoluta no par-
lamento (56 dos 79 deputados do parlamento), enquanto o PAICV só
conseguiu 31,6% (23 deputados no parlamento).
Com estes resultados, o MPD conseguiu a maioria qualificada de dois
terços, ficando assim com poderes de mudar a constituição.
Um mês mais tarde, seguiram-se as eleições presidenciais. António
Mascarenhas Monteiro, apoiado pelo MPD, saiu vencedor com 72,2%
dos votos. Aristides Pereira, apoiado pelo PAICV conseguiu apenas
26,2% dos votos.
A 15 de dezembro do mesmo ano, foram realizadas eleições autárqui-
Figura 10. Jornal voz di povo cas, para as quais concorreram grupos de cidadãos apoiados pelo MPD
e pelo PAICV, com exceção de São Vicente, que para além dos partidos
mencionados, concorreu com o Grupo Independente - Movimento para Renascimento de São Vicente
(MPRSV), liderado por Onésimo Silveira, que acabou por vencer.
Em 1992 o partido no poder (MPD) fez uma revisão da Constituição. O país passou a ter novos símbolos
da nação, que serão estudados mais à frente: nova bandeira, novo hino e novas armas.

Sistema Eleitoral é a estrutura composta pelas nor-


mativas e pelos processos que, estipulados pela lei,
permitem que os cidadãos intervenham nas decisões
políticas, através do voto.
Poder local é um dos três níveis de governação pú-
blica previstos na Constituição. É composto pelas
autarquias locais, que se subdividem em municípios
(cujos órgãos são a Câmara Municipal e a Assembleia
Municipal) e as freguesias .

Figura 11. António Mascarenhas Monteiro

1º Presidente da Segunda
República

Vou resolver.

1. Menciona as influências internas que contribuíram para a democratização de Cabo Verde?


2. Aponta a importância da revisão constitucional, de 28 de setembro de 1990, para a mudança do
regime em Cabo Verde.
3. Faz uma avaliação dos resultados das eleições legislativas de 1991.

Formação do Estado Cabo-verdiano 49


11.2.3. Símbolos da Segunda República de Cabo Verde
A constituição de 1992 estabelece, no seu artigo 8, que a bandeira, as armas e o hino são os símbolos
da soberania nacional.

Figura 12. Figura 13. Figura 14.

Bandeira da 2ª República Constituição da 2ª Armas da 2ª República


República-1992

A bandeira de Cabo Verde, de autoria do arquiteto Pedro Gregório, é um retângulo dividido em 5 faixas
horizontais – duas em azul, duas em branco e uma em vermelho - e dez estrelas dispostas em círculo.
O retângulo azul representa o mar e o céu que envolvem as ilhas. O branco simboliza a paz e o verme-
lho, o esforço e a luta. Por fim, as estrelas simbolizam as dez ilhas de Cabo Verde.  

Hino Nacional - Cântico da Liberdade A esperança é do tamanho do mar


Que nos abraça,
Hino Nacional - Cântico da Liberdade Sentinela de mares e ventos
Canta, irmão Perseverante
Canta, meu irmão Entre estrelas e o atlântico
Que a liberdade é hino Entoa o cântico da liberdade.
E o homem a certeza. Canta, irmão
Com dignidade, enterra a semente Canta, meu irmão
No pó da ilha nua; Que a liberdade é hino
No despenhadeiro da vida E o homem a certeza.

Documento 3. O hino é da autoria de Amílcar Spencer Lopes (letra) e de Adalberto Higino Tavares Silva (música e composição).

50 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


11.2.4. Cabo Verde após a implementação da democracia
Desde janeiro de 1991, os processos eleitorais têm acontecido de um modo regular, seguindo os prin-
cípios definidos pela Constituição. Realizaram-se várias eleições, tanto legislativas como presidenciais
e autárquicas, tendo havido várias alternâncias no poder, quer à nível do poder central, quer à nível do
poder local (autárquicas).
O PAICV deixou a oposição em 2001, quando ganhou as eleições legislativas. José Maria Neves assumiu
o cargo de Primeiro-ministro e formou o seu Governo. Neste mesmo ano, Pedro Pires venceu as elei-
ções presidenciais.
Nas eleições legislativas realizadas em Março de 2016, O Movimento Para a Democracia (MPD) foi o
vencedor. O líder do partido, Ulisses Correia e Silva, assumiu o cargo de Primeiro –ministro e constituiu
o seu Governo.
Nas eleições presidenciais realizadas em outubro do mesmo ano (2016), Jorge Carlos Almeida Fonseca
foi reeleito Presidente da República.
Cabo Verde é reconhecido à nível internacional como um país de estabilidade política, com bom funcio-
namento das suas instituições públicas, não se registando conflitos institucionais entre os órgãos de
soberania.
Com a democratização, Cabo Verde abriu-se ao mundo, cultivando mais prestígio e respeito, conquis-
tando cada vez mais a solidariedade da comunidade internacional.

Figura 15. José Maria Figura 16. Pedro Vero- Figura 17. Jorge Carlos Figura 18. José Ulisses
Pereira Neves na Pires Almeida Fonseca Correia e Silva

Primeiro-Ministro Presidente da Atual Atual


(2001-2016) República (2001-2011) Presidente da Primeiro-Ministro
República

Formação do Estado Cabo-verdiano 51


Saber mais.

As armas da 2ª República de Cabo Verde apre- Três elos de cor amarela ocupando a base
sentam os seguintes elementos: da composição, seguidos de duas palmas de
cor verde e dez estrelas de cinco pontas de
Um triângulo equilátero de cor azul sobre o cor amarela, dispostas simetricamente em
qual se inscreve um facho de cor branca; dois grupos de cinco.
Uma circunferência limitando um espaço no
qual se regista, a partir do ângulo esquerdo Simbologia
e até o direito do triângulo, as palavras “RE- O prumo significa verticalidade e retidão da
PÚBLICA DE CABO VERDE”; constituição cabo-verdiana;
Três segmentos de reta de cor azul paralelos O triângulo equilátero representa unidade e
à base do triângulo, limitados pela primeira igualdade de direitos civis;
circunferência;
O archote simboliza a liberdade;
Uma segunda circunferência;
O mar representa nostalgia e o sustento;
Um prumo de cor amarela, alinhado com o
vértice do triângulo equilátero, sobreposto As palmas simbolizam a vitória conquistada
às duas circunferências na sua parte supe- na luta pela independência nacional;
rior;
As estrelas representam as dez ilhas de
Cabo Verde.

Com a Declaração da independência de Cabo Verde, a 5 de julho de 1975, formou-se o Estado e


fundava-se a Primeira República, sob o signo da unidade Guiné- Cabo Verde.

A República de Cabo Verde passa a ser governada com base na LOPE, uma espécie de pré-consti-
tuição, que definia os órgãos provisórios de soberania.

A primeira constituição de Cabo Verde foi aprovada em 1980 e defendia o Monopartidarismo.

Um dos sonhos de Amílcar Cabral, chegou ao fim, em 1980, quando um golpe de Estado provocou
a separação política entre Guiné e Cabo Verde.

A instalação do sistema democrático em Cabo Verde foi possível devido a influências externas ou
internacionais, influências internas e uma atitude reformista do partido no poder (PAICV).

Em janeiro de 1991, foram realizadas as primeiras eleições legislativas livres e democráticas, por
sufrágio universal e o MPD obteve uma maioria absoluta no parlamento. Constituiu Governo.

Desde janeiro de 1991, os processos eleitorais têm acontecido de modo regular, seguindo os prin-
cípios definidos pela Constituição.

52 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


1. Observa atentamente o quadro que se segue:

1.1. Preenche a coluna A

1.2. Faz corresponder cada personagem da coluna A com à sua respetiva função na coluna B.

A B

Primeiro Presidente
A 1
Nome:
da Guiné-Bissau
.

Primeiro-ministro na
B 2 Primeira República
Nome: de Cabo Verde
.

Primeiro Presidente
C 3
Nome:
de Cabo Verde
.

Presidente da
Assembleia Nacional
D 4
Nome:
Popular de Cabo
. Verde

1.3. A implementação da democracia em Cabo Verde foi possível graças a influências externas.

1.3.1. Justifica a afirmação.

1.4. Preenche os espaços em branco no texto:

Em janeiro de 1991 foram realizadas as primeiras .Nelas participaram dois partidos:


O e
o . A vitória coube ao , com %dos votos. Conse-
guindo desta forma deputados no parlamento.
venceu as eleições de fevereiro de 1991 com % dos
votos.
1.5. Distingue monopartidarismo de pluripartidarismo.

Formação do Estado Cabo-verdiano 53


1.6. Explica a importância do dia 13 de janeiro para a História de Cabo Verde.

1.7. Interpreta as cores da bandeira da Segunda República de Cabo Verde.

1.8. Faz uma pesquisa sobre os diversos partidos políticos que existem atualmente em Cabo Ver-
de, indicando aspetos como: o nome do partido, o ano de fundação, a sua sigla ou símbolo, e
os seus dirigentes.

2. Observa, atentamente, o quadro que se segue:

2.1. Preenche a coluna A.

2.2. Faz corresponder cada personagem da coluna A com à sua respetiva função na coluna B.

A B

1º Primeiro-Ministro
A 1 na Segunda República
Nome: de Cabo Verde
.

Presidente da Repú-
B 2 blica de Cabo Verde
Nome: de 2001 a 2011
.

Primeiro Presidente
C 3 da Segunda República
Nome: de Cabo Verde
.

Atual Primeiro-Minis-
D 4 tro da República de
Nome: Cabo Verde
.
Primeiro-Ministro da
República de Cabo
E 5 Verde durante 15
Nome: anos após a indepen-
.
dência

Atual Presidente da
F 6 República de Cabo
Nome: Verde
.

54 2 | O passado das ilhas de Cabo Verde


TEMA 3
CABO VERDE HOJE

Objetivos:

Caracterizar a evolução da população de 1900 à atualidade.

Caracterizar a evolução da natalidade e da mortalidade e os fatores responsáveis pela diminuição


da mortalidade em Cabo Verde.
Caracterizar a evolução da emigração em Cabo Verde.
Localizar as principais áreas de destino e as causas e consequências da emigração em Cabo Verde.
Descrever a evolução e localizar os países de origem da imigração em Cabo Verde.
Caracterizar a estrutura etária da população.
Conhecer a esperança média de vida e a densidade populacional.
Identificar os tipos de povoamento em Cabo Verde.
Distinguir o espaço rural do espaço urbano.
Localizar as principais cidades em Cabo Verde.
Conhecer a relação de interdependência entre o campo e a cidade.
Distinguir população ativa de população não ativa.
Conhecer os setores de atividade e as atividades económicas de cada setor.
Conhecer os tipos e os principais desafios da agricultura em Cabo Verde.
Caracterizar e identificar os desafios da pecuária.
Conhecer os tipos e os desafios da pesca praticada nas ilhas.
Caracterizar a atividade industrial em Cabo verde.
Identificar os tipos de energia existentes no arquipélago.
Caracterizar a balança comercial das ilhas.
Identificar e localizar os diferentes tipos de serviços.
Compreender a importância das redes de transporte e de telecomunicações.
Conhecer as vantagens e desvantagens dos diferentes modos de transporte.
Sensibilizar para a prevenção rodoviária.
Conhecer as características das redes de transporte.
Compreender as vantagens da utilização das TIC nas atividades humanas.
Conhecer os tipos de turismo que podem ser praticados em Cabo Verde.
Localizar as ilhas mais atrativas para o turismo e compreender os fatores dessa atração/procura.
Conhecer o modo como o turismo pode contribuir para a preservação do ambiente.
Conhecer as organizações internacionais a que Cabo Verde pertence.

Formação do Estado Cabo-verdiano


3 Cabo Verde Hoje

1. A População Cabo-verdiana
no Século XXI

1.1.  A população cabo-verdiana


O Recenseamento e a evolução da população
O Recenseamento da população ou Censo consiste na recolha de dados sobre a população (idade, sexo,
naturalidade, lugar de residência, profissão, instrução…).
Em Cabo Verde realizam-se Censos desde 1960. Os últimos realizaram-se em 1980, 1990, 2000 e
2010. Estes estudos sobre a população são realizados normalmente de 10 em 10 anos pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE).
Conhecer a evolução da população e as suas características permite, por um lado, conhecer o pas-
sado e, por outro, planear o futuro. As informações sobre a população possibilitam aos governantes
(Câmara Municipal e Governo) tomar medidas para a melhoria das condições de vida da população. Por
exemplo, é possível saber onde existe maior necessidade de construir escolas, delegacias de saúde,
hospitais ou placas desportivas.

Figura 1. Evolução da população absoluta em Cabo Verde, INE, Censos e Projeções Demográficas

56 3 | Cabo Verde hoje


Podes observar na figura 1, que a população total, ou absoluta, de Cabo Verde triplicou entre os anos
de 1900 e 2000. Em 2017, o número total de habitantes em Cabo Verde era cerca de 538 000. Obser-
va, ainda, que a população aumentou de forma contínua com exceção do período entre 1940 e 1950,
em que diminuiu, devido à fome que provocou um elevado número de mortes.

População total ou absoluta - número de pessoas que reside num determinado território (ilha,
região ou país) e num dado período de tempo.
Natalidade - número de nascimentos ocorridos durante um ano.
Mortalidade - número de óbitos (mortes) ocorridos durante um ano.
Crescimento Natural da população - diferença entre os nascimentos e mortes ocorridos durante um ano.
Taxa de Natalidade - número de nascimentos, por cada 1000 habitantes, ocorridos durante um ano.
Taxa de Mortalidade - número de óbitos (mortes), por cada 1000 habitantes, ocorridos durante um ano.

Vou resolver.

1. O que são os Censos e para que servem?


2. Observa o gráfico da figura 1 e diz se a população absoluta aumentou ou diminuiu?
3. Em que período a população diminuiu? Qual a razão?

1.2.  A natalidade e a mortalidade


Os fatores que mais influenciam a evolução da população são a natalidade e a mortalidade. Quando
a natalidade é superior à mortalidade, a população aumenta e quando a mortalidade é superior à na-
talidade, a população diminui. À diferença entre os nascimentos e os óbitos chamamos crescimento
natural. Este pode ser positivo ou negativo.

natalidade > mortalidade


Crescimento aumento da população
natural da população natalidade < mortalidade
diminuição da população

A População Cabo-verdiana no Século XXI 57


Observa na figura 2, que as taxas de natalidade e de mortalidade têm vindo a diminuir ao longo dos
primeiros quinze anos do século XXI. Essa diminuição vem acontecendo desde o século XX. Apesar
disso, tanto a taxa de natalidade como a de mortalidade tem registado, ora subidas, ora descidas, ao
longo do tempo. A taxa de natalidade é muito superior à taxa de mortalidade, pelo que temos uma taxa
de crescimento natural da população positiva. Contudo, a taxa de crescimento natural vem diminuindo
ao longo do tempo, passando de 18,9%o, em 2000, para 14,9%o, em 2015.

24,5
23,3 23 Taxa de natalidade
21,7
20,6 20,1

Crescimento Natural

5,6 5,1 5,8 5,2


4,5 4,9

Taxa de mortalidade
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Figura 2. Evolução das taxas de natalidade e de mortalidade em


Cabo Verde. INE, Projeções demográficas CV, 2010 - 2030

A principal causa da diminuição da natalidade tem sido a educação para o planeamento familiar e a
adoção de métodos contracetivos.
Quanto às principais razões da diminuição da mortalidade são:
Redução da mortalidade infantil (vacinação, melhores condições nos partos);
Controlo do VIH/SIDA (doenças sexulamente transmissíveis);
Controlo da tuberculose e paludismo;

Campanhas de vacinação.

Vou resolver.

1. Quais os fatores que influenciam a evolução da população?


2. O que é o crescimento natural da população?
3. A natalidade e a mortalidade aumentaram ou diminuíram entre os anos 2000 e 2015?
4. Quais as razões da diminuição da mortalidade?

58 3 | Cabo Verde hoje


1.3.  A emigração dos cabo-verdianos e a imigração em Cabo Verde
A mobilidade dos cabo-verdianos verificou-se, praticamente, desde o início do povoamento das ilhas.
A mobilidade de pessoas do seu lugar de origem para outra região, ilha, ou país damos o nome de mi-
grações. Para os lugares, ilhas ou países de partida, esses movimentos são chamados de emigração e
para os lugares, ilhas ou países de acolhimento ou receção são chamados de imigração.
A mobilidade de pessoas de um lugar para o outro, fazem variar o número de habitantes de ambos os
lugares. A evolução da população absoluta de Cabo Verde é influenciada, também, pela emigração e
imigração.

Emigração é a saída de pessoas para residir ou trabalhar noutro país.


Imigração é a entrada de estrangeiros noutro país para aí residirem ou trabalharem.
Saldo migratório é a diferença entre o número de emigrantes e o número de imigrantes de um país.

Quando a emigração é superior à imigração, a população diminui e quando a imigração é superior à


emigração a população aumenta. À diferença entre o número de emigrantes e o mínimo de imigrantes
de um país chama-se saldo migratório.

Emigração Diminuição da população


Imigração Aumento da população

1.1.1. Emigração dos cabo-verdianos


Desde o início do século XX até à data da independência do país, as principais correntes migratórias
internacionais dos cabo-verdianos sucederam em três períodos:
1ª fase (de 1900 a 1920) - Na primeira fase de emigração, o destino são os Estados Unidos da Amé-
rica. A partir daí os destinos diversificam-se. Seguem-se, entre outros países: o Brasil, a Argentina,
o Uruguai, o Chile, Senegal, a Gâmbia, a Guiné, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal
Continental e ilhas (Açores e Madeira).

2ª fase (de 1927 a 1945) - A segunda fase é marcada pela diminuição do volume da emigração,
sobretudo para os Estados Unidos da América, devido a leis restritivas de entrada de pessoas.

3ª fase (de 1946 a 1973) - A terceira fase, corresponde à grande corrente migratória (grande êxo-
do) para países europeus como a Holanda, Portugal, França, Luxemburgo, Itália e Suíça.

A População Cabo-verdiana no Século XXI 59


Embora as razões da emigração cabo-verdiana tenham sido diversificadas, ao longo deste período,
podemos sintetizá-las em:
Motivações económicas;
Elevado crescimento demográfico;
Tradição de emigrar;
Mudança social;

Existência de contactos com familiares, amigos e parentes emigrantes que ajudam na partida.

O tema da emigração, a vontade de partir…o ficar, está presente na literatura cabo-verdiana. É o caso
do poema Cais, de Manuel Ferreira, que te propomos que leias.

Cais
Cinquenta partem por mim
Nunca parti deste cais
E o mar é plano e o céu azul sempre que vou!
E tenho o mundo na mão!
Para mim nunca é de mais Mundo pequeno para quem ficou…
Manuel Ferreira, 1949
Responder sim
Cinquenta vezes a cada não.

Os estudos, mais recentes, sobre a emigração cabo-verdiana, realizados pelo INE, nos anos de 2009
a 2014, calculam que 16 420 cabo-verdianos tenham emigrado (diminuição em relação aos períodos
anteriores). A figura 3 mostra que a maior parte dos emigrantes viviam nos concelhos da Praia, Santa
Catarina, Tarrafal, Porto Novo e Sal.
As principais causas, da emigração cabo-verdiana, nesse período diversificaram-se, em relação ao
período estudado anteriormente.

Principais razões da emigração de


2009 a 2014 (por ordem de im-
portância):
Continuação dos estudos;

Reagrupamento
familiar;

Procura de emprego;

Problemas de saúde.

Figura 3. INE,IMC-2015

60 3 | Cabo Verde hoje


Observa, agora, a figura 4 que representa os principais países de destino dos emigrantes cabo-verdianos.

Figura 4. INE,IMC-2015

Mais de metade dos emigrantes teve como destino Portugal. Seguiram-se, os Estados Unidos da Amé-
rica, França, Brasil, Angola e Itália.
Os que partiram para Portugal e Brasil fizeram-no, maioritariamente, por motivos de estudo. A maior
parte dos que partiram para Itália, foi por motivos de trabalho e os que partiram para os Estados Uni-
dos, por motivo de reagrupamento familiar.

Vou resolver.

1. Que outros fatores (além da natalidade e mortalidade) influenciam a população absoluta?


2. Assinala em qual dos seguintes períodos a emigração aumentou ou diminuiu:
2.1. 1946 a 1973?

2.2. 2009 a 2014?

3. Quais as razões da emigração no período de 2009 a 2014?


4. Identifica dois países de destino da emigração na Europa, na América e em África.
5. Procura saber se tens familiares, ou vizinhos, emigrantes. Qual o país para onde emigraram e
quais as razões por que emigraram.

1.1.2. Imigração para Cabo Verde


A partir da década de 90 do século XX, Cabo Verde passou a ser procurado por pessoas estrangeiras
pelo que passou a ser um país de imigração.
As oportunidades de negócios ou de emprego, sobretudo na área do turismo, tornaram Cabo Verde
um país atrativo. Outra razão para a atratividade de Cabo Verde é o facto de o nosso país pertencer à
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o que facilita a entrada de estran-
geiros no território nacional.

A População Cabo-verdiana no Século XXI 61


Na figura 5, podes observar quais as principais origens dos imigrantes. As mais representativas são as
dos imigrantes de São Tomé, Guiné-Bissau, Angola e Portugal, países onde se fala português. Seguem-
-se os imigrantes com origem no Senegal, Itália e Estados Unidos da América.

Figura 5. Repartição dos imigrantes segundo o país de origem (%)

Na figura 6, podes observar que os movimentos migratórios internacionais, para Cabo Verde, têm ori-
gem em países do continente africano, europeu, americano e asiático (China).

Figura 6. Países de origem dos imigrantes

62 3 | Cabo Verde hoje


Em Cabo Verde, os imigrantes encontram-se
repartidos de forma desigual no território. Na
figura 7 podes observar quais as ilhas e os con-
celhos em que residem mais imigrantes.
Os concelhos da Praia, Boavista, São Vicente,
Santa Catarina e Sal (por ordem decrescente),
são aqueles em que residem mais imigrantes.

Saldo migratório
A emigração faz diminuir a população, enquan-
Figura 7. Distribuição dos imigrantes por concelho de residência. to que a imigração faz aumentar a população
INE, Projeções Demográficas, 2010-2030
absoluta. O número de emigrantes (saídas do
país) é superior ao número de imigrantes (entradas no país), pelo que o saldo migratório é negativo.
No entanto, o número de pessoas que sai do país tem vindo a diminuir e o número de pessoas que
entram tem vindo a aumentar. Em 2016, o saldo migratório (diferença entre entradas e saídas) foi de
menos 598 pessoas.
Podemos concluir que a emigração e imigração e a natalidade e mortalidade influenciam a população absoluta.

Vou resolver.

1. A partir de que momento Cabo Verde passa a ser um país de imigração? Quais as razões?
2. Identifica quatro países de origem dos imigrantes que chegam a Cabo Verde.
3. A imigração contribui para aumentar ou diminuir a população absoluta?
4. De que forma o saldo migratório influência a população absoluta de Cabo Verde?

1.4.  Estrutura etária da


população
Vais estudar a composição da população
cabo-verdiana, ou seja, a forma como a po-
pulação se encontra distribuída por idades e
por género, que designamos por estrutura
etária.
Podes observar na pirâmide etária (figura
8) que os grupos etários entre os 0 e os 24
anos mantiveram-se ou diminuíram entre
os anos de 2010 e 2016. Os grupos etários
entre 0 e os 9 anos mantiveram o mesmo
volume de indivíduos e até registaram um
Figura 8. Evolução da estrutura etária da população cabo-verdiana, 2010 ligeiro aumento no sexo masculino. Já os
- 2016. INE, Projeções Demográficas, 2010-2030

A População Cabo-verdiana no Século XXI 63


grupos etários entre os 10 e os 24 anos registaram uma diminuição devido à diminuição da natalidade ocorrida
em anos anteriores.
Os grupos etários entre os 20 e os 64 anos aumentaram consideravelmente em ambos os sexos.
É habitual dividir a população em três grandes grupos etários:
Grupo etário - grupo de pessoas organizado por idades
>> Jovens – população com menos de 15 anos;
>> Adultos – população com idades entre os 15 e os 64 anos;
>> Idosos – população com 65 ou mais anos.

Podemos concluir que o volume de população jovem tem-se mantido, a população adulta aumentou e a popula-
ção idosa também se manteve, apesar de uma pequena diminuição entre os 70-79 anos e um ligeiro aumento
nas idades com mais de 80 anos.
O aumento da população adulta e mesmo dos idosos está relacionado com a melhoria das condições de vida,
de uma forma geral.
Segundo as estimativas do INE, a população masculina tem aumentado em relação à população feminina, nos
últimos anos, mas esta última continua a ser ligeiramente superior à masculina.

Esperança média de vida


Esperança média de vida - número de anos que, em média, uma pessoa tem probabilidade de viver
Uma maior atenção aos cuidados de saúde e uma melhor alimentação, têm possibilitado o aumento do número
de anos que, em média, uma pessoa poderá viver. Em 2016, a esperança média de vida foi de 75,9 anos. No
entanto, a esperança média de vida não é a mesma para homens e mulheres. As mulheres poderão viver, em
média, mais anos do que os homens. Em 2016, a esperança média de vida foi de 80 anos para as mulheres e de
71,8 anos para os homens.

Densidade populacional
Densidade populacional - número de habitantes por Km²
Os estudos realizados pelo INE indicam que a densidade populacional (relação entre a população residente e a
superfície total de Cabo Verde), tem vindo a aumentar. No ano de 2016, a população absoluta era de 531 239
habitantes distribuídos por uma superfície de 4033 km² a que corresponde a uma densidade populacional de
131,72 hab/km². No entanto, como podes observar na Figura 9, a população não se distribui de forma uniforme
pelo território, pelo que a densidade populacional é mais elevada em algumas ilhas do que noutras.
As ilhas com maior densidade populacional são as de São Vicente, Santiago e Sal (por ordem decrescente). Es-
tas ilhas têm recebido população de outras ilhas e mesmo do estrangeiro, pois oferecem melhores condições
de vida e/ou, emprego. São, por isso, ilhas atrativas, enquanto que algumas ilhas como, Santo Antão, Fogo e São
Nicolau têm perdido população para outras ilhas, ou mesmo para o exterior.

64 3 | Cabo Verde hoje


São Boavista
Vicente

Figura 5. Densidade populacional, por ilha (habitantes por Km² ). INE, Projeções demográficas de Cabo Verde 2010-2030 (adaptado)

A ilha da Boavista, apesar de apresentar a mais baixa densidade populacional, tem recebido população de outras
ilhas, atraída pelas oportunidades de emprego, principalmente no turismo, pelo que a sua densidade populacio-
nal tem vindo a aumentar nos últimos anos.
De modo geral, as ilhas com maior densidade populacional, são as que dispõem de portos, aeroportos, melho-
res vias de comunicação terrestre, as principais cidades e mais oferta de emprego.

Vou resolver.

1. Em que grandes grupos etários se divide a população?


2. Qual o grupo etário que tem vindo a diminuir e qual o que tem vindo a aumentar?
3. Indica as três ilhas com:
3.1. Maior densidade populacional;

3.2. Menor densidade populacional

4. Quais as razões da atratividade das ilhas com maior densidade populacional?

A População Cabo-verdiana no Século XXI 65


Os recenseamentos da população ou censos permitem saber o número de habitantes de um terri-
tório ou país, ou seja, a população absoluta. A população absoluta de Cabo Verde triplicou durante
o século XX.

Os fatores que influenciam a evolução da população são a natalidade (nascimentos), a mortalidade


(óbitos), a emigração (saídas) e a imigração (entradas).

Quando a natalidade é superior à mortalidade a população aumenta, logo o crescimento natural é


positivo. Em Cabo Verde, a taxa de natalidade, apesar de vir diminuindo no decorrer do século XXI,
continua a ser muito superior à taxa de mortalidade.

As causas da diminuição da natalidade são: a adoção de métodos contracetivos e a educação para


o planeamento familiar. As causas da diminuição da mortalidade são: a redução da mortalidade
infantil, o controlo de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e o paludismo.

A emigração dos cabo-verdianos é um dado histórico e cultural. Durante o século XX sucederam-


-se alguns períodos de forte emigração, especialmente entre 1946 e 1973. As principais razões da
emigração, neste período, são: motivos económicos e a tradição de emigrar. Nos anos mais recen-
tes do século XXI, a emigração dos cabo-verdianos tem vindo a diminuir.

Os principais países de destino dos emigrantes cabo-verdianos são: Portugal, França e Itália, no
continente europeu, Estados Unidos da América e Brasil, no continente americano e Angola, no
continente africano. As principais razões da emigração, são agora, motivos de estudo, reagrupa-
mento familiar (juntar-se aos familiares), motivos económicos e de saúde.

A partir dos anos 90 do século XX, Cabo Verde passa a ser também um país de imigração, devido
às oportunidades de negócio ou de emprego na área do turismo. Os principais países de origem dos
imigrantes são Guiné-Bissau, São Tomé, Angola, Portugal e Senegal.

Uma grande parte dos imigrantes escolheu os concelhos da Praia, Boavista, São Vicente e Sal para
residir.

O número de emigrantes é superior ao de imigrantes pelo que o saldo migratório é negativo.

Quanto à estrutura etária da população, o volume do grupo dos jovens (0-14 anos) tem-se mantido
entre os 0-9 e com redução dos 10-14, a população adulta (15-64 anos) aumentou com a exceção
das classes entre os 15-24 anos, e a população idosa (65 ou mais anos) tem aumentado nas clas-
ses etárias com mais de 80 anos. O aumento da população nos grupos dos adultos e idosos está
relacionado com a melhoria dos cuidados de saúde e das condições de vida.

66 3 | Cabo Verde hoje


O aumento da população também implicou o aumento da densidade populacional (nº de habitantes
por Km²). Contudo, a distribuição da população no território não é uniforme. Algumas ilhas como
São Vicente, Santiago e Sal são áreas atrativas e recebem população de outras ilhas, ou do exte-
rior, pelo que apresentam densidades populacionais mais elevadas.

1. Completa os espaços no texto

2.1. A ea influenciam a população absolu-


ta. Se a taxa de natalidade é superior, a população , se a taxa de
é maior, a população diminui.

2.2. A ea também influenciam a po-


pulação absoluta. A emigração faz a população, enquanto a
faz aumentar a população.

2. Que entendes por população absoluta?

3. Observa o mapa da figura 1 e analisa a evolução da população absoluta de Cabo Verde.

A População Cabo-verdiana no Século XXI 67


4. Observa o mapa da figura 4

Figura 4. INE,IMC-2015

4.1. Indica os países de destino, na atualidade, dos emigrantes cabo-verdianos.

4.2. Quais as razões da emigração?

5. Observa a figura 6 e aplica os conhecimentos adquiridos.

5.1. A partir de que altura Cabo Verde passou a ser um país de imigração?

Figura 6. Países de origem dos imigrantes

5.2. Indica os países de origem dos imigrantes.

5.3. Quais as razões que tornaram Cabo Verde atrativo para os imigrantes?

6. O saldo migratório em Cabo Verde é positivo ou negativo? Justifica.

7. Que entendes por densidade populacional?

8. Quais as áreas com maior densidade populacional? Porquê?

68 3 | Cabo Verde hoje


3 Cabo Verde Hoje

2. O lugar onde vives

2.1.  Tipo de povoamento


A densidade populacional é um dos conceitos de população que aprendeste no tema anterior.
A densidade populacional em Cabo Verde é elevada, embora devas ter reparado que existem umas
zonas mais povoadas do que outras, provocando assim um grande desequilíbrio na ocupação do nosso
território.
O modo de vida da população rural e da população urbana é determinante no tipo de povoamento exis-
tente entre os dois espaços.

Povoamento - é a organização da ocupação do espaço.


Tipos de povoamento:
Povoamento disperso - tipo de povoamento em que os edifícios ficam afastados uns dos outros
ou formam conjuntos muito pequenos. Os edifícios têm maior ligação com os campos agrícolas.
Povoamento agrupado – tipo de povoamento em que os edifícios estão mais juntos uns dos outros
,formando núcleos populacionais definidos (vilas e cidades).

2.2.  Espaço rural e espaço urbano


Espaço Rural
O espaço rural é muito complexo, abrange várias atividades ligadas à terra como a agricultura e a
pecuária.
A forma como se distribuem os campos agrícolas, as vedações, os caminhos, os espaços desocupa-
dos, determina o tipo de povoamento no espaço rural em Cabo Verde. Como as propriedades são na
maioria individuais, cada um constrói a sua habitação na sua propriedade, originando assim, um tipo de
povoamento disperso.

O lugar onde vives 69


As zonas rurais onde o solo é fértil e existe água para a prática da agricultura, geralmente constituem
áreas atrativas para a população, mas quando há escassez de água e não existem alternativas para a
ocupação da mão de obra disponível, constituem áreas repulsivas para a população, sobretudo para a
população jovem.
Quando isto acontece, a tendência é para
Espaço rural – espaço destinado à agricultura e à pe-
uma saída massiva da população jovem cuária e que engloba habitações e outras atividades
das áreas rurais para as cidades, à procura de apoio necessário à permanência dos habitantes.
de melhores condições de vida, provocan-
Êxodo rural é o movimento migratório do campo
do assim o fenómeno do êxodo rural. para a cidade.
As zonas rurais em Cabo Verde, muitas Áreas atrativas - são áreas que oferecem boas condi-
vezes, são zonas de difícil acesso, onde as ções de vida para a fixação da população.
pessoas percorrem longas distâncias a pé, Áreas repulsivas - são áreas com fracas condições
onde não existem infraestruturas básicas de vida e, por isso, não atraem a fixação da popula-
(saúde, educação, água potável, eletricida- ção, sobretudo a população jovem.
de, saneamento, comércio) o que contribui
ainda mais para o fenómeno do êxodo rural.
A melhor forma de reduzir o êxodo rural em Cabo Verde é criar estratégias para ocupação da mão de
obra disponível nas zonas rurais, como por exemplo, criando infraestruturas necessárias e sensibili-
zando os jovens para o autoemprego.

Figura 1. Zona rural interior da ilha Brava, (Autores) 2017

Acessibilidade é a facilidade com que se atinge um determinado lugar.


Aldeias são zonas rurais com fraca densidade populacional, cujas principais atividades são agricul-
tura, pecuária, pesca, e com alguns serviços como escolas e postos sanitários.

70 3 | Cabo Verde hoje


Espaço Urbano

Figura 2.Cidade da Praia,(Autores), 2017

Figura 3.Cidade do Mindelo

Com o aumento do êxodo rural nos últimos anos, intensificou-se o fenómeno da urbanização, sobretu-
do nas maiores cidades de Cabo Verde: a cidade da Praia e a cidade do Mindelo. Em Cabo Verde, 62%
da população vive no meio urbano.
O espaço urbano apresenta uma organização complexa, resultante da sua ocupação por várias ativida-
des: residência dos habitantes, comércio, educação, centros hospitalares, serviços diversos, parques e
espaços verdes, recreação.
Nas cidades, o povoamento é do tipo agrupado (concentrado), organizado em bairros que são servidos
pela rede de transportes públicos. São zonas de fácil acesso, onde se gasta pouco tempo para vencer
a distância entre as localidades (distância-tempo).
As cidades são zonas atrativas da população, devido às condições de vida que oferece à sua população,
em particular, para a população jovem que perspetiva novas oportunidades.
À medida que a população urbana aumenta, o espaço urbano geralmente enfrenta vários constran-
gimentos: carências habitacionais e surgimento de bairros clandestinos; desemprego; problemas de
abastecimento (água, eletricidade, alimentos); aumento do lixo e dificuldades na sua recolha; conflitos
sociais (violência, atos de vandalismo, prostituição, tráfico de drogas) entre outros.

O lugar onde vives 71


Para reduzir os constrangimentos nos es-
paços urbanos, torna-se necessário a des-
Urbanização - são espaços urbanos dotados de infra-
centralização dos serviços prestados à
estruturas necessárias à habitação e com uma popu-
população, (serviços públicos, atividade in- lação crescente.
dustrial e comercial) e, com isso, a criação
Espaço urbano - área de forte concentração popula-
de novos postos de trabalho para manter,
cional, grande densidade de construções, onde pre-
sobretudo, a população jovem nas zonas domina o setor terciário e, por isso é uma zona de
de origem. grande atração de pessoas.

Avenida Marginal, Mindelo (Autores, 2018).

Vilas – são zonas com alguma urbanização, com maior densidade populacional em relação às al-
deias. A população dedica a várias atividades – agricultura, pecuária, pesca, pequenas indústrias,
comércio e serviços diversos.
Cidade – diz respeito a zonas urbanizadas, com grande densidade populacional, com muitas ativi-
dades económicas ligadas ao comércio, indústria e serviços. Tem uma importância superior à Vila.

Vou resolver.

1. Compara o espaço rural de Cabo Verde com o espaço urbano.


2. O que entendes por êxodo rural?
3. Indica os espaços urbanos mais importantes de Cabo Verde.
4. Define “Cidade”.

72 3 | Cabo Verde hoje


2.3.  As principais cidades de Cabo Verde
Como ficaste a saber as cidades são zonas de forte atração populacional.
Em Cabo Verde, as principais cidades são - Cidade da Praia, em Santiago, que é a capital do país e a
Cidade do Mindelo, em São Vicente.
O número de cidades em Cabo Verde tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Até o primeiro se-
mestre de 2010, Cabo Verde contava com seis cidades (Praia, Mindelo, São Filipe, Porto Novo e Cida-
de da Ribeira Grande de Santiago). A partir de 23 de agosto de 2010, com a elevação das sedes dos
municípios à categoria de cidade, passou, então, a contar com vinte e quatro cidades, como se pode
ver no quadro abaixo.

Identificação e designação das cidades de Cabo Verde (2016)

Ilhas Município Cidades


Porto Novo Porto Novo
Ribeira Grande
Santo Antão Ribeira Grande
Ponta do Sol
Paul Pombas
São Vicente São Vicente Mindelo
Ribeira Brava Ribeira Brava
São Nicolau
Tarrafal de São Nicolau Tarrafal de São Nicolau
Santa Maria
Sal Sal
Espargos
Boavista Boavista Sal Rei
Maio Maio Porto Inglês
Tarrafal de Santiago Tarrafal de Santiago
São Miguel Calheta
Santa Cruz Pedra Badejo
São Domingos Várzea da Igreja
Santiago Praia Praia
Ribeira Grande de Santiago Ribeira Grande de Santiago
Santa Catarina Assomada
São Lourenço dos Órgãos João Teves
São Salvador do Mundo Achada Igreja
São Filipe São Filipe
Fogo Santa Catarina do Fogo Cova Figueira
Mosteiros Igreja
Brava Brava Nova Sintra

Quadro 1. INE, anuário de 2016

O lugar onde vives 73


Figura 4. Cidade da Ribeira Grande de Santiago, 2018.

Vou resolver.

1. Observa o quadro 1 com atenção:


1.1. Identifica a tua ilha de residência.

1.2. Quantos municípios tem a tua ilha?

1.3. Indica a cidade ou as cidades que fazem parte do teu município.

2.4.  A interdependência entre o campo e a cidade


Como já apercebeste, as atividades económicas desenvolvem-se em espaços distintos: o campo e a
cidade. Embora o campo e a cidade sejam espaços distintos, eles complementam-se.
As atividades do setor primário que irás estudar mais à frente, como a agricultura, a pecuária e a pes-
ca, ocorrem preferencialmente no espaço rural. Já as atividades dos setores secundário e terciário
como a indústria, o comércio e os serviços são dominantes no espaço urbano.
No entanto, as atividades desenvolvidas no campo só funcionam se houver a colaboração de ativida-
des desenvolvidas nas cidades (indústrias diversas, comércio, serviços, tecnologia). Por sua vez, quem
garante o abastecimento das cidades (géneros alimentícios, matéria-prima) é, geralmente, o campo.
No campo também são geradas riquezas (capitais) que são investidos nas cidades.
Por sua vez, os produtos industriais são consumidos pelos habitantes do campo e da cidade. A existên-
cia desta colaboração é importante para o desenvolvimento do nosso país.

Produtos agrícolas e investimento


População

Produtos industrializados e serviços


Investimentos e tecnologia

Relação de interdependência entre o campo e a cidade.

74 3 | Cabo Verde hoje


O povoamento depende da forma como as habitações se organizam no espaço. Observam-se dois
tipos de povoamento: povoamento disperso e povoamento agrupado.

Entre o espaço rural e o espaço urbano existe uma grande diferença na distribuição da população.
No espaço rural, o tipo de povoamento é geralmente disperso, devido ao predomínio de proprieda-
des individuais, onde os edifícios são construídos dentro das propriedades.

Muitas zonas são de difícil acesso, o que aumenta a distância-tempo entre as localidades.

As cidades são zonas urbanas com grande concentração populacional, onde predominam as ativi-
dades dos setores secundário e terciário. O povoamento nas cidades é do tipo agrupado (concen-
trado). A distribuição da população está organizada em bairros. É uma área de fácil acesso, servida
pela rede de transportes públicos.

As cidades da Praia e do Mindelo são as principais cidades de Cabo Verde. Desde agosto de 2010
Cabo Verde conta com 24 cidades.

A cidade e o campo, por serem espaços diferentes complementam-se e existe uma forte relação
de interdependência entre eles.

1. Identifica o espaço onde vives.

2. Qual é o tipo de povoamento nesse espaço?

3. Caracteriza o tipo de povoamento da tua zona.

4. Como classificas a acessibilidade da tua zona?

5. Menciona três constrangimentos que enfrentam geralmente os espaços urbanos.

6. Porque é que se diz que entre o campo e a cidade existe uma relação de interdependência?

7. Analisa as imagens e aplica os conhecimentos adquiridos.

O lugar onde vives 75


7.1. Caracteriza os dois espaços.

8. Observa o esquema da página 74 que representa a relação de interdependência entre o campo


e a cidade e redige um pequeno texto sobre o tema.

76 3 | Cabo Verde hoje


3 Cabo Verde Hoje

3. O Mundo do Trabalho

3.1.  O Trabalho em Cabo Verde


O homem, para garantir a sua subsistência, executa um conjunto de atividades económicas, que vão
desde a extração, transformação e distribuição de recursos naturais à produção de bens e serviços.
A população cabo-verdiana pode ser dividida em dois grandes grupos: população ativa e população
não ativa ou inativa.
Entende-se, por população ativa, o conjunto de indivíduos que exerce uma atividade (profissão) remu-
nerada mesmo que se encontre no desemprego.
Por sua vez, a população não ativa (inativa), designa todos os indivíduos que não exercem qualquer tipo
de atividade remunerada, como por exemplo, as crianças, os idosos, as domésticas, algumas pessoas
portadoras de deficiência e os reformados.

3.1.1. Os setores e as principais atividades


A população ativa desempenha funções profis-
sionais diversas que se encontram agrupadas
em três setores de atividade:
Setor primário ou setor de produção englo-
ba todas as atividades ligadas à exploração
dos recursos da natureza: caça, agricultura,
criação do gado, silvicultura e extração mi-
neira e pesca.

Setor secundário ou setor de transformação


Figura 1. Igreja em construção, ilha do Fogo (Autores,
é o setor que transforma a matéria-prima
2017)
em produtos acabados ou semiacabados.
Este setor engloba as seguintes atividades: indústrias – panificação; produtos alimentares; calça-
do; vestuário; produção de energia e água; e construção civil.

Setor terciário ou setor dos serviços inclui todas as atividades económicas que prestam um servi-
ço à população. Fazem parte deste setor a administração pública, a educação, a saúde, o comércio,
os bancos, os transportes, as seguradoras e o turismo.

O Mundo do Trabalho 77
A distribuição da população ativa pelos três setores não é equilibrada. A maior parte da população
ativa trabalha no setor terciário (observa o quadro). Verifica-se ainda que o setor primário regista um
aumento nos últimos anos, provavelmente devido à aposta do governo na agricultura.

Setores de atividade 2012 2013 2014 2015 2016


Setor primário 25.5 23 16.7 19.8 20.4
Setor secundário 17.3 16.6 17.8 17.6 18.5
Setor terciário 57.2 60.4 65.5 62.6 61.1
INE: Estatística de emprego e mercado do trabalho

Saber mais.

A economia informal pode ser definida como o conjunto de atividades económicas de trabalhado-
res que não são abrangidos pela legislação (não pagam impostos e não têm empresa constituída).
A economia informal tem uma dimensão importante em Cabo Verde. Entre finais de junho e primei-
ra quinzena de setembro de 2015, excluindo o setor agrícola, ascendia a 12 % do PIB do país.
A economia informal empregava em 2015 perto de 40.000 pessoas (10,5 % da população em ida-
de ativa). As atividades informais (excluindo as do setor agrícola) são exercidas sobretudo no meio
urbano, por mulheres, com idade média em torno dos 40 anos e com nível de instrução correspon-
dente ao ensino obrigatório.
Relatório do Estado da Economia de Cabo Verde. Banco de Cabo Verde, 2015 (adaptado).

Figura 2.Comércio informal e ambulante (2018) Figura 3.Comércio informal e ambulante (2018)

78 3 | Cabo Verde hoje


O homem, para garantir a sua subsistência, executa um conjunto de atividades que económicas
que vão desde a extração, transformação e distribuição dos recursos naturais à produção de bens
e serviços.

A população cabo-verdiana encontra-se dividida em dois grupos: população ativa e população não
ativa ou inativa.

População ativa refere a todos os indivíduos que exercem uma profissão com um salário, ou que se
encontram desempregados em idade ativa. População não ativa tem a ver com todos os indivíduos
que não exercem qualquer tipo de atividade remunerada.

Existem três setores de atividade:

>> Setor primário ou setor de produção;


>> Setor secundário ou setor de transformação;
>> Setor terciário ou setor dos serviços.
A distribuição da população pelos setores de atividade não é equilibrada, pois a maior parte da
população ativa encontra-se no setor terciário.

O homem para garantir a sua subsistência executa um conjunto de atividades que vai desde a ex-
tração de recursos, transformação e produção de bens e serviços.
1. Existem três setores de atividade. Indica-os.

2. Inclui cada expressão sublinhada no seu respetivo setor de atividade.

3. Qual é o setor de atividade predominante na região onde vives?

4. Define população ativa.

5. Observa o quadro da estrutura de empregados por setores de atividade entre 2012 -2016.

5.1. Como tem evoluído o setor primário durante este período? Justifica a tua resposta.

O Mundo do Trabalho 79
3 Cabo Verde Hoje

4.As Atividades Económicas

4.1.  As principais atividades económicas


4.1.1. Agricultura
Tipos de agricultura praticados em Cabo Verde e
principais produções
A agricultura é um conjunto de operações dos quais o ho-
mem obtém da terra produtos que servem para satisfazer
as suas necessidades. É uma atividade do setor primário.
No passado, a principal atividade económica exercida pelo
homem era a agricultura. Hoje, porém, nota-se uma ten-
dência para a redução da população ativa neste setor de
atividade.
Em Cabo Verde, pratica-se sobretudo a agricultura tradi-
cional. As técnicas utilizadas são artesanais, o trabalho é
Figura 1. Área agrícola - Ribeira da Cruz, Santo Antão
geralmente manual, as parcelas são de pequenas dimen-
sões, a produção é reduzida e destina-se ao autoconsumo.
É uma agricultura de subsistência.

Saber mais.

A nível mundial existem dois tipos de agricultura – agricultura tradicional e agricultura moderna.
A agricultura tradicional é praticada geralmente nos países pobres - países com poucos recursos
financeiros. É uma agricultura de subsistência, ou seja, para o autoconsumo.
A agricultura moderna é geralmente praticada pelos países ricos. É uma agricultura de mercado,
abastece tanto o mercado nacional como internacional.

80 3 | Cabo Verde hoje


Em Cabo Verde a agricultura tradicional é praticada em dois modelos diferentes:

Agricultura de sequeiro
A agricultura de sequeiro é praticada nas
regiões onde há carência de água. A pro-
dução depende da queda de chuvas e é
pouco diversificada. Os produtos mais cul-
tivados são milho, feijões e mancarra (ver
o gráfico seguinte).
Nas vertentes montanhosas mais húmi-
das, constroem socalcos onde associam
outros produtos, tais como, a batata-doce,
a mandioca e algumas árvores de fruto.
A agricultura de sequeiro ocupa a maior
parte das terras aráveis em Cabo Verde.

Figura 1B. Presença de socalcos e de uma levada numa vertente de


uma montanha, Santo Antão (2017).

Figura 1B. Produtos mais cultivados na agricultura de sequeiro (2012 - 2016)


Fonte: MAA, Direção de Estatísticas e Gestão da Informação

Agricultura de Regadio
A agricultura de regadio é praticada no fundo dos vales e nas partes mais baixas das encostas, perto
de alguma fonte de água subterrânea (nascentes, poços, galerias) ou próximo das barragens, como
acontece em Santiago e Santo Antão. As parcelas são irrigadas por alagamento ou por sistema gota

As Atividades Económicas 81
a gota. A produção é diversificada. Cultivam a cana sacarina, banana, batata, mandioca, produtos
hortícolas (alface, couve, coentro, salsa, cebola, tomate, pepino, beringela...), algumas leguminosas e
fruteiras. Embora as parcelas (hortas) sejam pequenas, cultiva-se de tudo um pouco, isto é, pratica-se
a policultura.

Solo arável é a parte do solo formada por material solto e que pode ser cultivada.
Socalcos são pequenos terraços em forma de degraus construídos pelo homem, na vertente de
uma elevação e têm por objetivo aumentar a área agrícola e evitar a erosão do solo.
Rega por alagamento é um sistema de rega onde a água é conduzida através de canais feitos na
terra para alagar as culturas.

Com a utilização de alguma tecnologia mo-


derna, como por exemplo a introdução da
rega gota a gota, emprego de estufas e em
algumas regiões do país, a realização da
cultura hidropónica, verificou-se um au-
mento das áreas de regadio.
As ilhas com maior potencialidade agríco-
la em Cabo Verde são as ilhas de Santiago,
Santo Antão, Fogo, São Nicolau e Brava.
Em Santiago predomina a agricultura de
sequeiro e em Santo Antão a agricultura de
regadio.
Figura 2. Cultivo da batata comum – sistema gota a gota em Madei-
ral, São Vicente.

Rega gota a gota - sistema em que a água é


conduzida para as plantas por gotejadores,
permitindo assim uma quantidade de água ne-
cessária de acordo com as necessidades de
crescimento de cada planta. Tem por objetivo
evitar o desperdício de água.
Hidroponia é a prática de cultivar plantas sem
solo, onde as raízes recebem uma solução nutriti-
va suspensa que contém água e todos os nutrien-
tes essenciais ao desenvolvimento da planta.
Figura 2B. Exemplo de hidroponia

82 3 | Cabo Verde hoje


Principais desafios da agricultura em Cabo Verde
Vários são os fatores que condicionam a prática da agricultura em Cabo Verde e, por conseguinte, a
produtividade. Vamos conhecer alguns deles:
Cabo Verde tem um clima muito quente e pouco chuvoso e como se sabe a água é essencial para
a prática da agricultura;

A falta de água e a forte ação erosiva do vento leva à degradação dos solos que ficam cada vez
mais pobres e pouco produtivos;

O sistema de rega por alagamento origina grandes desperdícios de água onde é praticada;

As fracas condições financeiras dos agricultores dificulta a introdução das novas técnicas agrícolas;

O abandono das terras devido ao êxodo rural. Quando as terras são abandonadas ficam expostas
à erosão e o solo torna-se cada vez mais pobre;

A resistência de muitos agricultores em abandonar as práticas tradicionais que podem pôr em


causa a sustentabilidade da atividade.

Vou resolver.

A agricultura é uma das principais atividades económicas.


1. Define a agricultura.
2. Indica os tipos de agricultura praticados em Cabo Verde.
3. Caracteriza a agricultura de regadio.
4. Quais são as ilhas mais agrícolas de Cabo Verde?

4.1.2.  Pecuária
Principais criações e a sua importância
A pecuária é uma atividade do setor primário, dedicada
à criação e reprodução de animais com fins comerciais,
industriais e para o autoconsumo.
A pecuária é uma atividade muito ligada à agricultura, já que
parte das culturas se destina à alimentação dos animais.
Por sua vez, os terrenos são, muitas vezes, fertilizados
com os excrementos desses animais.
Tal como a agricultura, a pecuária é importante para a
economia de Cabo Verde, pois fornece carne, leite, gordura,
ovos para a nossa alimentação, a pele, a lã, e os chifres que
servem de matéria-prima para a indústria artesanal. Figura 8. Aviário

As Atividades Económicas 83
Figura 3. Apascentamento do gado na época das chuvas Figura 4. Apascentamento do gado na época seca

Em Cabo Verde, cria-se o gado bovino, caprino, ovino, suíno e desenvolve-se ainda a avicultura.
O gado caprino, por ser mais resistente às características climáticas do arquipélago e menos exigente
na alimentação, é a criação predominante.
As ilhas de Cabo Verde com maior número de criadores são Santiago, Fogo e Santo Antão. Santiago
destaca-se como maior criador do gado bovino. O sistema de exploração pode ser feito em regime de
estabulação, de pastoreio livre ou até mesmo amarrado ao redor das habitações.
A avicultura tem sofrido grandes transformações. A criação é feita em aviários por empresas nacio-
nais. Utilizam tecnologia moderna, o que garante uma grande produção de carne e de ovos para o
consumo nacional.

Figura 5. Caprino Figura 6. Ovino Figura 7. Suíno

Estabulação é a criação de animais em regime fechado, dentro de construções, onde são abrigados
e alimentados.
Pastoreio livre consiste na condução e guarda dos animais a pastar ao ar livre.

Principais desafios da pecuária em Cabo Verde


A criação do gado tal como a atividade agrícola passa por alguns constrangimentos.
A falta de água é o maior problema, que enfrentam os criadores de gado em Cabo Verde. Conjuntamen-
te com a falta de água, observa-se a escassez de pasto. A situação torna-se mais difícil quando não
chove, como aconteceu, mais recentemente, em 2017.

84 3 | Cabo Verde hoje


Além disso, os fracos recursos financeiros dos criadores não permitem a compra de rações para
o sustento dos animais. O acompanhamento veterinário é deficitário e quando as epidemias apare-
cem,muitas cabeças de gado acabam por morrer.

Vou resolver.

A pecuária é uma atividade muito ligada à agricultura.


1. Concordas com a afirmação? Porquê?
2. A criação do gado caprino é mais abundante em Cabo Verde. Porquê?
3. Refere um constrangimento que, no teu entender, dificulta a criação do gado no país.
4. Da criação do gado bovino, o homem obtém muitos benefícios. Cita três exemplos.

4.1.3. Pesca
Em Cabo Verde, o setor das pescas é tido como uma atividade multifuncional, de grande importância
económica e social. É uma fonte de rendimento e tem um papel fundamental na redução do desemprego.
A pesca é uma atividade do setor primário, ligada ao mar, que abrange a captura de peixe.

Tipos de pesca em Cabo Verde

Pesca artesanal
A pesca artesanal ou tradicional é praticada muito próxi-
ma da costa (pesca costeira), em pequenas embarcações
de boca aberta, deficientemente equipadas, com dois ou
três tripulantes e, por isso, de curta duração (não podem
permanecer muito tempo no mar). Embora exista uma
grande diversidade de espécies capturadas, o rendimento
é baixo. Figura 9. Embarcações de boca aberta
Pesca Semi-industrial e Industrial
A pesca semi-industrial e industrial (ainda pouco desen-
volvida) é feita em embarcações com maiores dimensões
e devidamente equipadas (sonares, radar, sistema de co-
municação), com câmaras frigoríficas para a conservação
do pescado e com maior número de tripulantes. Compa-
rativamente com a pesca artesanal, a captura é superior.
Predomina a captura dos tunídeos (74,6%) e pequenos
pelágicos (20,2%). Destina-se a abastecer o mercado na-
cional, mas também para exportação. Figura 10. Cais de pesca em São Vicente

As Atividades Económicas 85
Principais áreas de pesca em Cabo Verde

Como é do teu conhecimento, Cabo Verde é um arquipélago e por isso mesmo é envolvido por mar em
todas as direções. Por esse motivo, se diz que a nossa principal riqueza é o mar. O nosso mar é rico em
recursos pesqueiros.
Cabo Verde possui uma extensa zona de pesca - ZEE (Zona Económica Exclusiva), com uma superfície
de 734 265 Km2 e uma plataforma marinha com cerca de 10. 450 Km2 Verifica-se no país uma grande
abundância e diversidade de pescado - atum, ilhéu, cavala, chicharro ( Oi lorg ), garoupa, badejo, sal-
monete, goraz, crustáceos, como a lagosta e moluscos, como o polvo e a lula.

Figura 11. Variedade de peixes no mercado. Figura 12. Garoupa

Figura 13. Chicharro ( Oi Lorg ) Figura 14. Polvo

Distribuição da diversidade de pescado em Cabo Verde.

ZEE (Zona Económica Exclusiva) é a faixa costeira com largura média de 200 milhas, sobre a qual
os respetivos países costeiros detêm o direito de exploração, conservação e administração de to-
dos os recursos.

86 3 | Cabo Verde hoje


Constrangimentos que afetam a pesca em Cabo Verde

Os principais constrangimentos que afetam a atividade piscatória em Cabo Verde são:


O isolamento das comunidades piscatórias;

as dificuldades de colocação do pescado no mercado;

a carência de câmara frigorífica para conservação do pescado;

a insuficiência de infraestruturas de pesca, como por exemplo, portos de pesca ou mesmo peque-
nos ancoradouros para as pequenas embarcações;

Fraca capacidade de organização em cooperativas dos pescadores;

Na tentativa de melhorar a atividade pesqueira o INDP (Instituto Nacional do Desenvolvimento das


Pescas) tem tomado algumas medidas, tais como:
Introdução de novos modelos de embarcações com maiores dimensões e mais bem equipadas;

Instalação de dispositivos de concentração de cardumes próximos das grandes zonas de pesca.

Saber mais.

INDP é o serviço público destinado a executar programas de investigação que visam a exploração
dos recursos haliêuticos e apoio direto aos pescadores. A sede principal fica na ilha de São Vicente.
Existem delegações em Santiago e no Sal e representantes nas restantes ilhas do país.

Vou resolver.

Em Cabo Verde a pesca é considerada como uma atividade multifuncional e de grande importância
económica.
1. Redige um pequeno texto, onde falas sobre:
1.1. Tipos de pesca praticados em Cabo Verde.

1.2. Importância da pesca para o nosso país.

1.3. Constrangimentos enfrentados pelo setor das pescas.

As Atividades Económicas 87
4.1.4.  Indústrias
A atividade industrial representa um grande desa-
fio para Cabo Verde. Gera emprego e movimenta
todos os outros setores de economia do país, en- Indústria é a atividade que transforma a ma-
tre os quais a agricultura, o comércio e os trans- téria-prima em produto capaz de ser utilizado.
portes. Parque industrial é uma área, onde, por ini-
O número de indústrias tem aumentado, mas ain- ciativa do Estado, criam-se condições neces-
da não satisfaz as necessidades de consumo do sárias (facilidade de acesso, infraestruturas)
país, pelo que existe uma grande dependência do para favorecer a implantação de determina-
exterior (importação). dos tipos de indústrias.

Tipos de Indústrias em Cabo Verde

O setor industrial em Cabo Verde é constituído essencialmente por pequenas indústrias, sendo umas
nacionais e outras estrangeiras.

Figura 15.

Em todas as ilhas de Cabo Verde pratica-se a atividade industrial. Contudo, verifica-se uma maior inci-
dência nas cidades da Praia e do Mindelo, onde se situam os dois parques industriais - parque industrial
da Achada Grande Trás, na cidade da Praia e o parque industrial do Lazareto, na cidade do Mindelo.
As indústrias predominantes em Cabo Verde são:
Indústria alimentar - panificação, doçarias, gelados, conserva de peixe, enchidos, laticínios, engar-
rafamento de água, refrigerantes, moagem de cereais, torrefação e moagem do café e massas
alimentares.

Indústria de bens de consumo – tecelagem de panos e tinturaria, vestuário e calçado, carpintaria e


mobiliário, medicamentos, produtos de higiene, tintas, vernizes, reparação de navios e automóveis.

Figura 16. Bolo de mel. Figura 17. Queijo. Figura 18. Água. Figura 19. Massas.

88 3 | Cabo Verde hoje


Figura 10. Salinas da ilha do Sal

Saber mais.

Nas ilhas do Sal, Boavista e Maio existem salinas onde fazem a extração do sal que se utiliza na cozinha.
Na ilha de Santo Antão, cidade do Porto Novo, existem jazidas onde se extrai a pozolana.
Pozolana – terra vulcânica que entra na composição do cimento.

Principais constrangimentos da atividade industrial em Cabo Verde

A atividade industrial em Cabo Verde representa 7% da economia do país, pois encontra-se numa fase
de crescimento e desenvolvimento.

As indústrias, como já se viu, são indústrias ligeiras, pelo que existe uma dependência permanente dos
países estrangeiros para o seu normal funcionamento (aquisição de máquinas, matéria-prima).
A carência de matéria-prima, a escassez de água, o fornecimento de eletricidade, a insularidade, a di-
ficuldade de transportes entre as ilhas, e a pequenez do mercado são os principais constrangimentos
que enfrenta o setor industrial em Cabo Verde.

Vou resolver.

A atividade industrial é o motor de desenvolvimento de qualquer país.


1. O que entendes por indústria?
2. Menciona dois constrangimentos do setor industrial em Cabo Verde.
3. Quais são as ilhas de Cabo Verde com maior desenvolvimento industrial?

As Atividades Económicas 89
4.1.5. Energia
Principais tipos de energia utilizados em Cabo Verde

Em Cabo Verde, como em qualquer outra parte do planeta, tudo funciona à base de energia. Desde as
tarefas domésticas, passando pela agricultura, comércio, serviços e transportes, todos precisam de
energia.
A energia mais utilizada em Cabo Verde é o petróleo e os seus derivados (gasolina, gasóleo, gás bu-
tano, fuel e jet) que representam cerca de 70% do consumo total. Essa energia é importada, pois não
dispomos deste recurso. É uma energia muito cara.
Também utiliza-se em Cabo Verde outras formas de energias: a energia eólica; a energia solar; e a
energia da lenha. A energia eólica e a energia solar são as de menor consumo. Representam apenas
22% da energia utilizada.
Energias renováveis e energias não renováveis

Energias renováveis - São fontes naturais de energia e, por isso, nunca se esgotam, estão em
constante regeneração: energia solar; energia eólica; energia geotérmica; energia hidráulica. As
fontes de energias renováveis são produzidas pela natureza, por isso não poluem o ambiente, são
conhecidas como energias limpas.

Energia eólica - energia produzida pela força do vento. É gerada a partir dos aerogeradores.
Energia solar- energia produzida através do sol, utilizando os painéis solares.
Energia geotérmica - é a energia obtida a partir do calor proveniente do interior da terra.
Energia hidráulica - é a energia alcançada a partir da energia potencial de uma massa de água.

Figura 21. Painel solar - Mindelo, Ilha de São Vicente Figura 22A. Aerogeradores - ilha de Santiago

Energias não renováveis - São as fontes ener-


géticas que se esgotam com a sua utilização.
Não podem ser recuperadas pelo homem,
nem pela natureza - petróleo, carvão, gás
natural. São as mais utilizadas e as que mais
poluem o ambiente. Quando usados libertam
grande quantidade de gases altamente tóxi-
cos e poluentes, como por exemplo o dióxido
de carbono. Figura 22B. Energia hidráulica

90 3 | Cabo Verde hoje


Práticas adequadas para a poupança do con-
sumo energético
Como acabaste de aprender todas as tarefas diárias
exigem sempre o consumo de energia, que pode ser
de muita ou pouca quantidade, dependendo do tipo
de tarefa. É possível consumir essa energia de for-
ma mais racional, evitando desperdícios desneces-
sários. Figura 22C. Energia geotérmica

Todos nós podemos colaborar neste sentido, criando pequenos hábitos, como sendo:
Reduzir o número de lâmpadas acesas na nossa casa;

Apagar a lâmpada do nosso quarto sempre que sairmos;

Substituir as lâmpadas incandescentes por lâmpadas de baixo consumo (lâmpadas Led);

Utilizar lâmpadas reguladoras;

Utilizar a luz natural (luz do sol) sempre que possível;

Desligar os eletrodomésticos, quando não são utilizados;

Reduzir a utilização dos aparelhos de ar condicionado.

Saber mais.

Dia 29 de maio - Dia mundial da energia


“É uma forma encontrada para sensibilizar a população sobre a importância da energia, bem como a pre-
ocupação com o consumo excessivo de energia no nosso planeta”.

Vou resolver.

A atividade industrial é o motor de desenvolvimento de qualquer país.


1. A energia entra em quase tudo o que fazemos no nosso dia a dia.
1.1. Distingue energia renovável de energia não renovável.

1.2. Dá dois exemplos de cada uma delas.

1.3. O que entendes por energia limpa? Exemplifica.

As Atividades Económicas 91
4.1.6. Comércio
O comércio consiste na troca de géneros ou
quaisquer bens por um valor monetário. Faz par-
te do setor terciário.
Este processo de troca é comum em todos os
países. No entanto, existem países que importam
mais do que exportam. Essa relação entre a im-
portação e a exportação define a balança comer-
cial de um país. Figura 23A. Produtos diversos no Mercado do Mindelo
(Autores, 2018)

Importação - é quando um país compra mercadorias no exterior.


Exportação – é quando um país vende as suas mercadorias a outros países.
Balança comercial - é a comparação entre o que se vende e o que se compra.

Como já percebeste, a balança comercial varia em função da importação e da exportação, agora vais
aprender a classificá-la:
Balança comercial negativa quando a importação é maior que a exportação.

Balança comercial equilibrada quando a importação é igual à exportação.

Balança comercial positiva quando a exportação é maior que a importação.

EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES

IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES

IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES

Balança comercial negativa Balança comercial equilibrada Balança comercial positiva

Saber mais.

Um país que tenha um grande valor de exportação recebe muitas receitas do exterior; a saída de merca-
dorias corresponde à entrada de receitas.
Um país que tenha grande valor de importações tem que pagar a outros países tudo o que compra; a
entrada de mercadorias corresponde à saída de receitas.
Os países pobres importam mais do que exportam, já os países ricos exportam mais do que importam.

92 3 | Cabo Verde hoje


Classificação da balança comercial de Cabo Verde

Cabo Verde é economicamente dependente dos mercados estrangeiros.


A maioria dos bens consumidos em Cabo Verde é importado e a exportação é muito reduzida, o que faz
com que a balança comercial seja altamente deficitária ou negativa.
A balança comercial deficitária ou negativa de Cabo Verde deve-se, por um lado, à fraca produção agrí-
cola e, por outro, lado aos parcos recursos naturais.
Exemplos de produtos exportados por Cabo Verde: vestuário e calçado, conserva de peixe, peixes, mo-
luscos, crustáceos (polvo, lulas, lagosta), produtos farmacêuticos, aguardente, vinho e café.
Cabo Verde tem como principais parceiros comerciais: Portugal, Espanha, França, Holanda, Alemanha,
E.U.A, Japão e Brasil.

Vou resolver.

O comércio é uma atividade de troca, por exemplo "dou-te uma mercadoria e dás-me uma moeda."
1. Diferencia importação de exportação.
2. O que entendes por balança comercial?
3. Quais são os principais parceiros comerciais de Cabo Verde?

4.1.7. Serviços
Diferentes tipos de serviços

Os serviços fazem parte do setor terciário. Podem ser definidos como um produto da atividade hu-
mana que satisfaz uma necessidade, sem assumir a forma de um bem material. Trata-se de um setor
muito diversificado, gerador de muitos postos de trabalho. Em Cabo Verde, cerca de 69% da popula-
ção ativa trabalha neste setor.
Fazem parte deste setor, a função pública (serviços
administrativos, educação, saúde, segurança), os ser-
viços bancários, as seguradoras, o comércio, os trans-
portes e o turismo.
Atualmente, o estado é o maior empregador em Cabo
Verde, mas existe o setor privado que também contri-
bui para a produção de muitos postos de trabalho. As
atividades neste setor têm registado um crescimento
rápido nos últimos anos, devido ao forte dinamismo do
Figura 23B. Farmácia, Mindelo, (Autores, 2018)
turismo, do serviço dos transportes e, paralelamente a
estes, os serviços bancários e as seguradoras.

As Atividades Económicas 93
Principais áreas de prestação de serviços

As atividades ligadas a este setor ocorrem so-


bretudo nos centros urbanos. As cidades da
Praia e do Mindelo são as maiores áreas de pres-
tação de serviços no país.
A cidade da Praia, capital do país, é a cidade
administrativa (centro das decisões do país) e
acumula uma grande variedade de prestação
de serviços. A cidade do Mindelo, devido à sua
característica portuária, dedica-se sobretudo ao
comércio e à prestação de serviços.
O crescimento do turismo nas ilhas do Sal e da
Figura 23C. Restaurante da ilha do Sal, (Autores), 2017.
Boavista tem disponibilizado uma grande oferta
de postos de trabalho, e por conseguinte, um
grande aumento da população ativa.

Vou resolver.

O setor dos serviços é um setor muito diversificado.


1. Define serviços.
2. Dá dois exemplos de atividades exercidas, neste setor, na zona onde vives.
3. Quais são as maiores áreas geográficas de prestação de serviços em Cabo Verde?

94 3 | Cabo Verde hoje


Uma das principais atividades económicas exercida pelo homem é a agricultura. É um conjunto de
operações, a partir do qual, o homem obtém da terra o seu sustento. Pode ser praticada em cam-
pos de sequeiro que depende essencialmente da queda de chuvas, ou em campos de regadio nas
regiões com disponibilidade de água, onde podem utilizar a rega por alagamento ou a rega gota a
gota.

Tal como a agricultura, a pecuária é de grande importância económica para Cabo Verde, pois for-
nece carne, leite, gordura, ovos para a alimentação, a pele, a lã, e os chifres que servem de maté-
ria-prima para a indústria. Cria-se em Cabo Verde o gado bovino, caprino, ovino e suíno. Também a
avicultura tem grande expressividade em Cabo Verde.

A pesca é uma atividade multifuncional de grande importância económica e social para o nosso
país, pois é uma fonte de rendimentos e gera muitos postos de trabalho. Existem dois tipos de
pesca em Cabo Verde – pesca artesanal e pesca industrial.

A indústria é a atividade que transforma a matéria-prima em produto capaz de ser utilizado. É uma
atividade praticada em todas as ilhas de Cabo Verde, mas com maior incidência nas ilhas de San-
tiago e de São Vicente.

Para a execução de qualquer tipo de atividade, a utilização de energia é indispensável. Os recursos


energéticos não renováveis existentes no planeta são – carvão, petróleo e gás natural. Em Cabo
Verde existe uma grande disponibilidade de recursos energéticos renováveis como a energia solar
e a energia eólica. São energias limpas, e por isso, amigas do ambiente.

O comércio e os serviços fazem parte do setor terciário. O comércio consiste na troca de géneros
ou quaisquer bens por um valor monetário. Importação consiste na compra de produtos nos países
estrangeiros e exportação é quando se vende produtos a um país estrangeiro. A balança comercial
de Cabo Verde é deficitária, pois importa muito mais do que exporta.

Os serviços fazem parte do setor terciário. Eles são dos setores de atividade mais diversificados
e absorvem maior quantidade de mão de obra. As cidades da Praia e do Mindelo são as maiores
áreas de prestação de serviços.

As Atividades Económicas 95
1. Redige uma composição onde falas dos desafios da agricultura em Cabo Verde, sugerindo algu-
mas soluções, que na tua opinião, podem resolver tais problemas.

2. O que entendes por rega gota a gota?

3. Completa a frase: Em Cabo Verde cria-se o gado bovino, , ovino,


e dedica-se à .

4. Observa a imagem.

4.1. Trata-se de gado .

5. Observa a imagem.
5.1. Indica a atividade que observas .

5.2. Menciona dois constrangimentos que afetam a ati-


vidade piscatória em Cabo Verde.

5.3. Aponta possíveis soluções.

6. Analisa a imagem.
6.1. O que são salinas?

6.2. Onde podem ser encontradas em Cabo Verde?

96 3 | Cabo Verde hoje


7. Cita dois exemplos de tipos de indústrias existente em Cabo Verde.

8. Em Cabo Verde, como em qualquer outra parte do nosso planeta, tudo funciona à base de energia.

8.1. Quais são as principais fontes energéticas utilizadas em Cabo Verde?

8.2. Costumas poupar energia? Como?

9. Completa as frases seguintes:

Quando se importa mais do que se exporta a balança comercial é .

Quando a importação é igual à exportação a balança comercial é .

A balança comercial é positiva quando a é do


que a .

10. Os serviços fazem parte do setor terciário.

10.1. A cidade da Praia é a cidade administrativa de Cabo Verde. Porquê?

10.2. Indica a atividade deste setor que tem contribuído, para o aumento populacional nas ilhas do
Sal e da Boavista?

As Atividades Económicas 97
3 Cabo Verde Hoje

5. O Mundo Mais Perto de


nós

5.1.  Os Transportes
Os transportes são essenciais para o desenvolvimento económico e social de todas as ilhas de Cabo
Verde. Permitem a deslocação de pessoas, as trocas comerciais, a circulação da informação e os con-
tactos entre os seus habitantes.

Meio de Transporte - veículo utilizado nas deslocações, como por exemplo, bicicleta, automóvel,
barco e avião.
Rede de Transporte - conjunto interligado de diversas rotas de transporte, como redes terrestres,
marítimas e aéreas.
Vias de comunicação - são os diferentes meios (terrestre, aquático, aéreo) onde decorrem as des-
locações.

O desenvolvimento das redes e meios de transporte permitem aumentar as deslocações e melhorar a


segurança, reduzir o tempo das viagens, aumentar a capacidade de carga, reduzir os custos de trans-
porte de pessoas e bens. Deste modo, é possível aumentar a acessibilidade – facilidade de alcançar
um lugar, a partir de outros lugares, medido em tempo de
percurso ou de custo.
Distância-custo - distância entre dois
A melhoria das vias de comunicação e dos transportes
lugares, medida através do custo da
tem permitido reduzir os custos de deslocação entre os
deslocação.
lugares - distância-custo. Por sua vez, tem permitido re-
duzir o tempo necessário para percorrer a distância entre
os lugares – distância-tempo.

98 3 | Cabo Verde hoje


Tipos e meios de transporte

Os diversos meios de transporte utilizam as vias de comunicação que são os espaços onde decorrem
as deslocações.

Os vários tipos de meio de transporte são:

Terrestres Aquáticos Aéreos

Rodoviários
Ferroviários Marítimos Fluviais
(automóveis, Aviões
(comboio) (barcos) (barcos)
camiões...)

Cabo Vede, dispoõe-se dos meios de transporte rodoviário, marítimo e aéreo.

Figura 1. Transporte marítimo - Barcos Figura 2. Transporte terrestre – Autocarro

Figura 3. Transporte terrestre – Moto Figura 4. Transporte aéreos – Avião

Vou resolver.

1. Refere a importância dos transportes.


2. Que entendes por meio de transporte e rede de transporte.
3. Refere os modos de transporte terrestres, marítimos e aéreos que se pode utilizar em Cabo Verde.

O Mundo Mais Perto de nós 99


5.2.  Vantagens e desvantagens de cada meio de transporte
Todos os meios de transporte apresentam vantagens e desvantagens.
Os rodoviários permitem a deslocação “porta a porta”, mas existem em grande número e podem
provocar filas de trânsito e são poluentes (os que utilizam combustíveis fósseis);

Os ferroviários podem transportar um grande núme-


ro de passageiros e grandes quantidades de merca-
dorias, são menos poluentes, mas têm horários fixos
e percursos que não se podem alterar;

Os aquáticos (marítimos e fluviais), também, podem


transportar um grande número de passageiros e
Figura 5. Comboio
grandes quantidades de mercadorias, os custos de
transporte são mais baixos, em relação a outros meios, mas não são muito rápidos;

s aéreos são os mais rápidos, seguros, mas são mais caros, consomem muita energia e são po-
O
luentes.

Vou resolver.

1. Indica uma vantagem e uma desvantagem dos:


1.1. transportes rodoviários;

1.2. transportes marítimos;

1.3. transportes aéreos.

5.3.  Prevenção Rodoviária


Todos os dias saímos de casa, seja para ir para a escola, para ir brincar com os amigos, para ir às
compras com os pais...mas, atravessar uma rua, andar de bicicleta, jogar perto da estrada pode ser
perigoso. Por isso, é importante conhecermos os perigos para os podermos evitar.

Cuidados a ter:
Vais atravessar a rua
Procura sempre uma passadeira. Caso não a vejas, procura
atravessar sempre no local mais seguro com visibilidade para
um lado e para o outro;

Atravessa a passadeira em linha reta, com passo rápido,


mas sem correr;
Figura 6. Passadeira
Antes de atravessar, olha à esquerda, à direita e de novo à
esquerda e não te esqueças de estabelecer contacto visual com os condutores.

100 3 | Cabo Verde hoje


Circular na rua
Caminha no passeio, o mais longe possível da faixa de rodagem para não correres o risco de caíres
para a estrada ou de seres surpreendido pela abertura da porta de um veículo estacionado;

Tem cuidado com os veículos estacionados próximos da passadeira, pois impedem-te de ver e de
ser visto pelos condutores;

Numa estrada ou numa rua sem passeios, caminha pela berma, sempre de frente para os veículos,
de forma a poderes vê-los quando se aproximam. Se não existirem bermas deves caminhar o mais
afastado possível da faixa de rodagem.

Entrar e sair do automóvel


Verificar sempre se o automóvel está completamente parado, antes de sair ou entrar. Antes de
abrires a porta não te esqueças de verificar se nenhum peão se encontra a passar junto do veículo;

Entra e sai pelo lado do passeio ou berma, para estares protegido dos veículos que circulam na
faixa de rodagem;

Nunca te coloques atrás de um veículo que esteja a fazer uma manobra.

Durante a viagem de automóvel


Mantém-te corretamente instalado no banco com o cinto de segurança colocado;

Leva contigo jogos, livros ... de modo a que possas distrair-te;

Permanece tranquilo para não perturbares o condutor;

Não brinques com o sistema de abertura das portas, nem ponhas a cabeça e os braços de fora da
janela;

Não deites objetos pela janela, para além de estares a poluir o ambiente podes ferir alguém ou
provocar um acidente.

Vou resolver.

1. Que cuidados deves ter quando:


1.1. Atravessas a rua/estrada;

1.2. Caminhas na rua/estrada.

O Mundo Mais Perto de nós 101


5.4.  Rede de Transporte
5.1.1. Rede rodoviária
Quanto à rede rodoviária, as estradas nacionais apresentavam, em 2016, uma extensão total de 1130 Km (tabela 1).

ILHA Extensão (KM)


Santo Antão 216,29
S. Vicente 60,33
S. Nicolau 102,20
Sal 29,43
Boavista 71.48
Maio 48,43
Santiago 417,39
Fogo 155,65
Brava 29,01
Total 1 130,20
Tabela 1: Extensão da rede rodoviária nacional - Instituto de Estradas (IE), 2016

De um modo geral, as ilhas com maior superfície


são as que têm maior extensão de estradas. A
ilha de Santiago é a que apresenta maior exten-
são de estradas e a ilha Brava, a menor. As es-
tradas nacionais são asfaltadas ou empedradas
e asseguram a acessibilidade entre os principais
centros urbanos, os aeroportos e portos. Figura 7. Estrada asfaltada

Além destas estradas, existem outras com o piso em terra batida (figura. 8), mais estreitas, o que
dificulta a circulação de pessoas e mercadorias.

Figura 8. Piso em terra batida

102 3 | Cabo Verde hoje


5.1.2.  Aeroportos e aeródromos
A rede de transporte aéreo serve as ligações
internas e internacionais. À nível interno, liga
todas as ilhas de Cabo Verde, com exceção
de Santo Antão e Brava. Os aeródromos das
ilhas de São Nicolau, Maio e Fogo servem os
voos internos – domésticos. Os aeroportos
internacionais das ilhas de São Vivente, Sal,
Boavsta e Santiago servem tanto os voos in-
ternacionais como os domésticos.
Os aeroportos internacionais estão localiza-
dos nas ilhas com mais habitantes, com maior
desenvolvimento turístico (Sal e Boavista) e,
de um modo geral, maior desenvolvimento
económico. Os aeroportos internacionais ser-
vem as rotas com diversos países nos conti-
Figura 9. Distribuição dos aeroportos e aeródromos em Cabo
nentes europeu e americano. Verde, ASA – Aeroportos e Segurança Aérea.

5.1.3.  Portos
Todas as ilhas de Cabo Verde dispõem de portos, com exceção de Santa Luzia (desabitada). Os portos
servem o transporte marítimo de passageiros e mercadorias nas ligações entre as ilhas e com outros
países no continente africano, europeu e americano.
Os portos mais importantes, como os da Praia, em Santiago, Porto Grande, em São Vicente (figura 10)
e Palmeira, no Sal, servem o tráfego marítimo internacional. São estes portos que recebem os navios
que transportam, de outros países para Cabo Verde, uma grande variedade dos produtos que consu-
mimos.

Figura 10. Porto Grande - Mindelo, ENAPOR.

O Mundo Mais Perto de nós 103


Alguns portos como, por exemplo, o Porto do
Tarrafal de São Nicolau (figura 11) e o Porto
Inglês, no Maio servem as ligações entre as ilhas.
As diferenças no desenvolvimento das redes de
transporte entre as ilhas - e numa mesma ilha, al-
gumas áreas são melhor servidas do que outras
– devem-se às diferenças do desenvolvimento
económico e social e à distribuição da população
no território. Figura 11. Porto do Tarrafal de São Nicolau.

Vou resolver.

1. Além da ligação entre as localidades, que outras estruturas ligam as estradas nacionais?
2. Qual a ilha em que a rede rodoviária apresenta:
a). Maior extensão;
b). Menor extensão.
3. Indica as ilhas que dispõem de aeroporto.
4. A que se deve as diferenças de desenvolvimento das redes de transporte nas ilhas.

5.5.  As Telecomunicações
As telecomunicações abrangem todas as formas de comunicação à distância. Permitem a comunicação
de som, imagem e dados.

O desenvolvimento das tecnologias associadas à circulação da informação e comunicação (TIC), como


o computador, o telemóvel e a televisão, ligados à internet permitem uma rápida comunicação e a
grandes distâncias.

Vantagens das Tecnologias de Informação e Comunicação

Permitem comunicar de forma mais rápida e mais ba-


rata (redução da distância-custo e distância-tempo);

Divulgar acontecimentos, ideias, experiências, sabe-


res (praticamente no mesmo momento em que es-
tão a acontecer);

Contactar pessoas, participar em redes sociais, reali-


zar serviços, compra e venda de produtos; Figura 12. Postes de antenas de telecomunicação

Estabelecer contactos de negócios e transferências de dinheiro;

Facilita o funcionamento de todas as atividades económicas.

104 3 | Cabo Verde hoje


Alguns cuidados a ter na sua utilização:

Risco de estabelecer contactos com desconhecidos nas redes sociais;

Facilidade na difusão de vírus informáticos;

Facilidade de difusão de ideias e comportamentos incorretos, que podem pôr em causa os direitos
e a segurança de outras pessoas.

Em Cabo Verde, o acesso às tecnologias de informação e comunicação, pela população, tem vindo a
aumentar. Em 2017, cerca de 80% das famílias tinham acesso à televisão, 70% à internet, 32% ao
computador e 20% ao tablet.
As tecnologias de informação e comunicação estão tão presentes no nosso dia a dia, que parece que
tudo o que acontece, em qualquer ponto do globo, está mais perto de nós. Ficamos com a sensação de
que o mundo é uma “aldeia global”.

Vou resolver.

1. Indica duas vantagens das TIC;


2. Indica dois cuidados a ter na utilização das TIC.

5.6.  Turismo
O tempo de férias escolares ou de trabalho são chamados tempos livres. Estes podem ser aproveita-
dos para repousar ou praticar atividades culturais, desportivas e sociais. Os momentos de lazer são
ocupados, por um número cada vez maior de pessoas, para viajar e conhecer outros lugares, pessoas
e culturas. A estas viagens e às atividades realizadas chamamos turismo.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como o conjunto das atividades desenvol-
vidas por pessoas durante as viagens e estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual, por
um período de tempo que não ultrapasse um ano, para fins, recreativos, de negócio ou outros.

Lazer - tempo livre que as pessoas podem organizar e ocupar da forma que mais lhes agrada.
Turismo - atividade de viajar para conhecer lugares diferentes daqueles onde vivemos habitualmente.

Cabo Verde atrai um grande número de turistas, principalmente estrangeiros, devido às suas paisa-
gens, praias, montanhas e cultura. Os turistas podem, assim, praticar vários tipos de turismo.

O Mundo Mais Perto de nós 105


Tipos de turismo que podem ser praticados em Cabo Verde:

Turismo cultural - turismo feito por pesso-


as que viajam com o objetivo de conhecer a
cultura ou o património de outros lugares.
Sendo assim, elementos como os hábitos e
os costumes, os modos de vida, a arquitetu-
ra, os museus, as atrações históricas, a gas-
tronomia, a arte (música, dança, artesanato,
teatro), as manifestações religiosas, os fes-
tivais e outros eventos culturais fazem parte
deste tipo de turismo. Figura 13. Sinalética turística, Mindelo

Turismo de natureza - a motivação desse tipo


de turismo é o contacto com a natureza. Ativida-
des como percorrer montanhas, alpinismo, obser-
vação da flora e da fauna, assim como visitas às
explorações agrícolas integram esse tipo de turismo.

Figura 14.Jardim Botânico, São Jorge dos Órgãos, Santiago.

Turismo de montanha - turismo de contacto


com a natureza praticado numa área especí-
fica: a montanha. Além das características
físicas, as áreas montanhosas proporcio-
nam vistas de grande beleza.

Figura 15.Vulcão do Fogo.

Turismo rural - praticado em contacto com a


natureza, nas áreas rurais, proporciona a visita
aos terrenos de cultivo, a estadia em casas típi-
cas da zona e o contacto com os usos e costu-
mes da população.

Figura 16.Fontainhas, Santo Antão.

Turismo balnear - é um dos mais antigos tipos


de turismo. Cabo Verde, por ser um arquipélago,
dispõe de muitas praias, além de ter sol durante
todo o ano. É muito procurado pelos amantes
do turismo balnear.
Figura 17.Praia da Ilha do Maio.

106 3 | Cabo Verde hoje


Em Cabo Verde, todas as ilhas possuem potencialidades turísticas e recebem turistas. No entanto, as
mais procuradas pelos turistas são as ilhas do Sal e da Boavista. A atratividade destas ilhas deve-se à
existência de praias com longas extensões de areia. Essas duas ilhas têm um maior número de infraes-
truturas e equipamentos turísticos - grandes hotéis, aldeamentos turísticos e aeroporto internacional.
A Ilha do Sal é a que recebe um maior número de turistas. Entre as principais atrações estão a praia
de Santa Maria, as salinas de Pedra de Lume (foram as mais importantes de Cabo Verde), Buracona
(piscina natural escavada na rocha), a praia de Ponta Preta, preferida pelos surfistas e praticantes de
Windsurf, a área protegida da Baía da Murdeira e as salinas de Santa Maria na costa da Fragata.

Figura 18. Salinas de Pedra de Lume, Sal. Figura 19. 19 Praia de Santa Maria, Sal.

A Ilha da Boavsta é a segunda mais visitada e dis-


põe das mais extensas praias do arquipélago. As
principais atrações da “ilha das dunas” são a praia
de Chaves (localização de muitos hotéis), praia de
Santa Mónica e Lacacão, praia de Ervatão (princi-
pal área de nidificação das tartarugas marinhas),
praia de Cabral (preferida pelos surfistas), as du-
nas do deserto de Viana e as localidades de Sal-
Figura 20. Praia de Chaves, Boavista.
-Rei (principal centro urbano), Curral Velho, João
Galego, Fundo das Figueiras e Espingueira.
As ilhas do Sal e da Boavista são as mais procuradas, mas todas as ilhas de Cabo Verde, têm caracterís-
ticas próprias, o que proporciona uma diversidade de recursos turísticos. As ilhas mais montanhosas,
como as de Santo Antão, São Nicolau, Santiago e Fogo (o vulcão é a principal atração) oferecem boas
condições para o turismo de natureza, montanha e rural. Na ilha Brava, “ilha das flores”, o turismo de
natureza e cultural (ilha de Eugénio Tavares) são os
tipos mais praticados (figura 21). Todas as ilhas dis-
põem de boas condições e atrativos para o turismo
cultural, embora as mais preferidas sejam Santiago
e São Vicente, pelo seu património histórico e cultu-
ral e pela organização de eventos. O turismo balnear
encontra boas condições, nas ilhas do Sal e da Boa-
vista, como já se viu, e também na ilha do Maio que
dispõe, igualmente, de belas praias e das salinas do
Porto Inglês ( Sarmento; Ramos - Cabo Verde, 2012
Figura 21. Flores da ilha da Brava (Autores, 2017) . [adaptado] ).

O Mundo Mais Perto de nós 107


5.1.4. A preservação ambiental
A atividade turística pode provocar efeitos (positivos ou negativos) no equilíbrio do ambiente, mas
também, na economia, na cultura e na sociedade.

Turismo – Efeitos no ambiente


Positivos Negativos
Recuperação de paisagens; recuperação de praias; Pode provocar a degradação das paisagens na-
proteção da flora e fauna, especialmente, de es- turais; maior consumo de eletricidade e água; a
pécies ameaçadas de extinção; criação de áreas erosão do solo; a acumulação de resíduos sólidos
protegidas; utilização sustentável dos recursos (lixos); poluição do ar, da água, solo e sonora.
naturais.
A atividade turística, se for planeada de modo sustentável, pode contribuir para o equilíbrio da natureza.
Os turistas procuram espaços com elevada qualidade ambiental para passarem as suas férias, daí ser
uma responsabilidade do país e de todos nós (população local e turistas) cuidar do ambiente para que
não se degrade.
O turismo tem sido uma das prioridades no desenvolvimento de Cabo Verde, pois além da criação de
emprego e entrada de divisas (dinheiro), pode contribuir para o desenvolvimento de outros setores de
atividade como a agricultura, a pecuária, a pesca, e o artesanato.

Vou resolver.

1. Como podem ser ocupados os tempos livres?


2. Quais os tipos de turismo que podem ser praticados em Cabo Verde?
3. Identifica os tipos de turismo que são praticados na tua zona ou ilha.
4. Indica dois efeitos positivos do turismo no ambiente.
5. Indica dois efeitos negativos do turismo no ambiente.

5.7.  Organizações em que Cabo Verde se integra


Cabo Verde integra várias Organizações Internacionais. Essas instituições
foram criadas por países que cooperam, entre si, para a melhoria das con-
dições económicas, políticas e sociais dos respetivos países. De entre as
organizações a que Cabo Verde pertence, destacam-se: a ONU, a CPLP e a
CEDEAO.
ONU - A Organização das Nações Unidas (ONU)
Foi criada no final a II Guerra Mundial, em 1945, com o objetivo de promo-
ver a paz e a segurança internacionais. Nas últimas décadas, também se empenhou em estabelecer
as condições económicas, sociais e políticas em vários países, tendo em vista o objetivo de alcançar a
paz e a segurança mundiais.

108 3 | Cabo Verde hoje


A ONU conta com 193 Países-membros. Cabo Verde tornou-se membro da organização em 16 de se-
tembro de 1975.
A ONU tem a sua sede principal em Nova Iorque, mas também tem sedes em Genebra (Suíça), Viena
(Áustria), Nairóbi (Quénia), Addis Abeba (Etiópia), Banguequoc (Tailândia), Beirute (Líbano) e Santiago
(Chile), além de escritórios espalhados em grande parte do mundo. Tem uma série de agências espe-
cializadas (Tabela 2).

Agências especializadas importantes da ONU


Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – tem como objetivo
contribuir para o desenvolvimento humano, a erradicação da pobreza, a redu-
ção da desigualdade e da exclusão, assegurar vidas saudáveis e promover o
bem-estar de todos e alcançar um desenvolvimento sustentável.

FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – o


grande objetivo é alcançar a segurança alimentar. A FAO ajuda os países em
desenvolvimento a modernizar e melhorar as práticas agrícolas, florestais e
de pesca, para assegurar uma boa nutrição e segurança alimentar a todos os
cidadãos.

OMS – Organização Mundial de Saúde – ajuda os países na melhoria da saú-


de pública. Coordena os esforços internacionais para controlar surtos de do-
enças, patrocina programas para prevenir e tratar doenças como a malária,
a tuberculose e outras doenças. Apoia o desenvolvimento e distribuição de
vacinas seguras e eficazes, e medicamentos. A OMS realiza pesquisas sobre
doenças transmissíveis, não-transmissíveis e doenças tropicais. Publica um
Relatório sobre a saúde a nível mundial.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul-


tura – Na área da educação, colabora financeiramente na formação de profes-
sores, na construção de escolas, promove o livro e a leitura. Na área de ciên-
cia e tecnologia, promove pesquisas para orientar a exploração dos recursos
naturais. Outros programas importantes são os de proteção dos patrimónios
culturais e naturais. Em 2009, a Cidade Velha (Ribeira Grande de Santiago), foi
declarada Património Mundial da Humanidade.

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância - tem como objetivo a pro-
moção da defesa dos direitos das crianças, satisfazer as suas necessidades
básicas e contribuir para o seu desenvolvimento.

Tabela2

O Mundo Mais Perto de nós 109


CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Em 1996 foi criada a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa - CPLP - para reforçar a cooperação entre os
países onde se fala português. Os países que a constituem são
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor.
A Organização tem como objetivos gerais:
A cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa,
agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e
comunicação social;

A concertação político-diplomática entre seus estados membros, nomeadamente para o reforço


da sua presença no cenário internacional;

A materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa.

Saber mais.

Cabo Verde presidiu à cimeira de Chefes de Estado da CPLP que decorreu nos dias 17 e 18 de julho de 2018,
na ilha do Sal. O tema da cimeira foi “Cultura, Pessoas e Oceanos”. Cabo Verde assumiu a presidência da
CPLP, por um período de dois anos, (2018 – 2020).

CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental


A CEDEAO foi criada em maio de 1975 pelo Tratado de Lagos. É formada por um
grupo de 15 países, cujo mandato é promover a integração económica em todas
as áreas de atividade dos Estados-membros.
Os Estados-membros da CEDEAO, estão situados na região da África Ocidental,
e são os seguintes: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia,
Gana, Guiné Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Se-
negal e Togo.
A CEDEAO pretende estabelecer uma região sem fronteiras, com livre circulação de pessoas, onde a
população acede aos recursos da região de forma sustentável. A CEDEAO pretende, ainda, que os paí-
ses da comunidade tenham acesso a sistemas educativos e de saúde eficientes.

Vou resolver.

1. Qual o propósito com que foi criada a ONU de que Cabo Verde faz parte?
2. Indica um objetivo da CPLP.
3. Em que ano foi criada a CEDEAO.

110 3 | Cabo Verde hoje


Bibliografia
Almada, D.H. (2011). A Construção do Estado e a Democratização do Poder em Cabo Verde.
Praia: Instituto Camões.
Almeida, A. D. (1996). Breve Dicionário de História. Lisboa: Editorial Presença.
Antunes, J. Geografia Novo programa. Lisboa: Plátano Editora.
Avançar 1. Manual de Língua Portuguesa – 1º Ano do Curso Geral, Porto, Porto Editora, 1986.
Cabral, A. (1974). PAIGC. Unidade e Luta. Lisboa, Publicações Nova Aurora.
Carreira A. (1977). Migrações nas Ilhas de Cabo Verde, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa.
Comissão do V aniversário da Independência Nacional. (1980). República de Cabo Verde 5
Anos de Independência 1975-1980. Lisboa. Edições 70.
Évora, R. (2004). Cabo Verde: A abertura politica e a transição para a Democracia. Praia:
Spleen Edições.
Fernandes, P. & Gameiro, R. & Costa, A. (1984). Pequeno dicionário de Geografia e Ciências
afins utilizados no 7º,8º,9º,10º,11º, 12º ano de escolaridade. Porto: Porto Editora LDA.
Ferreira, M. (1985). A aventura crioula, 3º ed. Lisboa: Plátano.
Filho, J. L. (2017). Clabedotche – Tchapa-Tchapa. Praia: Acácia Editora.
Filho, J. L. (2003). Introdução à Cultura cabo-verdiana. Praia: Instituto Superior de Educação.
Garrido D, & Costa R. Dicionário Breve de Geografia, 2ª ed. Lisboa: Editora Presença.
Inácio. C.& Martins, A. (2016). Estudos Sociais - 6º ano. Praia: Ministério da Educação.
INE – Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde. Dados Censo 2010, Praia.
Lopes, J.V. (2002). Cabo Verde: Os Bastidores da Independência (2ª edição).Praia: Spleen Edi-
ções.
Lopes, J.V. (2003). Cabo Verde: As Causas da Independência. Praia: Spleen Edições.
Monteiro, César (2001). Recomposição do espaço social cabo-verdiano, São Vivente, edição
do autor.
Osvaldo Osório, Cantigas de Trabalho- Tradições orais de Cabo Verde, 1980, Plátano Editora.
Rodrigues, M. (1997). Cabo Verde. Festas de Romaria. Festas Juninas. Mindelo.
Rodrigues, M. & Lobo, I. (1996). A Morna na literatura tradicional. Praia: Instituto Cabo-ver-
diano do Livro e do Disco.
ROMANO, Luís, Cabo Verde – Renascença de uma civilização no Atlântico Médio, 2ª ed, Revista
Ocidente, Lisboa,1970, p. 70.
Revista Nós Genti – Cabo Verde, 2016.
Santos, D. (2017). A imagem do cabo-verdiano nos textos portugueses (1784-1844). Praia:
Livraria Pedro Cardoso.
Sarmento,T.; Ramos,H. (2012) Cabo Verde, Alfragide, Lua de Papel.
Semedo, J & Brito A. (1995). Nossa Terra, Nossa Gente- PFIE. Praia: Editora Tipografia Santos.
Semedo, J. M. & Turano, M. (1997). Cabo Verde: o ritual das festividades da Tabanca. Praia:
Spleen Edições.
Silva, A.L.C (1997). O Processo Cabo-verdiano de Transição para a Democracia. Tese de Mes-
trado. Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Lisboa.
Silva, F. E. (2005). Cabo Verde – 30 anos de cultura (1975-2005). Praia: Instituto da Biblioteca
Nacional do Livro.
Silva, M.R.P. (2010). As Constituições de Cabo Verde e Textos Históricos de Direito Constitucio-
nal Cabo-verdiano. (2ª edição). Praia: s. ed.

Bibliografia 111
Webgrafia
INE, (s.d.) Recenseamento Geral da População e Habitação 2010 – Estado e Estrutura da Po-
pulação Cabo-verdiana, Praia, Gabinete do Censo 2010.
in http://ine.cv/populacao-e-censo/
INE (2013) Projeções Demográficas de Cabo Verde 2010-2030, Praia
in http://ine.cv/publicacoes/projeccoes-demograficas-de-cabo-verde-2010-2030/
INE (2015) Inquérito Multi-objetivo contínuo – 2014. Estatísticas das Migrações, Praia
in http://ine.cv/wp-content/uploads/2016/10/Migracoes2014_Rev1.pdf
http://ine.cv/indicadores/taxa-bruta-mortalidade/
http://ine.cv/indicadores/taxa-bruta-natalidade/
INE (2017) Anuário Estatístico Cabo Verde 2016, Praia
in http://ine.cv/wp-content/uploads/2017/12/aecv-2016-1.pdf

112 Webgrafia

Вам также может понравиться