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Trincheiras e barricadas culturais

21/05/2008

Do Brasil de Fato

A cultura como uma ferramenta para a


luta dos povos. Como um espaço de
mobilização e questionamento do
modo capitalista de produção. A
cultura como o caminhar dos povos.
Como parte viva da militância, ligada à
comunicação, arte e à educação. E
neste caminhar os movimentos
populares se deparam e enfrentam a
indústria cultural e os símbolos de
domínio do capitalismo.

Este é apenas um esboço do que foi


apresentado e discutido na "Mostra de
Integração do Povos Latino-
Americanos", organizada entre os dias
14 e 18 de maio, em Curitiba, no
Paraná. A mostra contou com espaços
culturais e de formação política. A
criação artística também teve lugar, com apresentação de grupos vindos dos movimentos sociais, e, ainda, com
a apresentação de artistas convidados do porte do uruguaio Daniel Viglietti e do brasileiro Chico César. Uma das
formas de resumir o conteúdo do evento estava na fala de Vitorino da Silva Filho, de 19 anos, integrante do
grupo de teatro Itororó, de Rio Bonito do Iguaçu: “A sociedade afirma que o movimento destrói, quando na
verdade ele cria”, diz.

O que estava em jogo foi exposto na fala de Ademar Bogo, integrante da direção nacional do MST. Bogo falou
da necessidade da arte e dos valores socialistas em meio a uma situação política adversa para os trabalhadores.
Enfatizou que manter a luta é um legado para as gerações futuras. “Quando não temos organização na
sociedade, a classe dominante domina sem preocupação, dilui movimentos e reações”, expõe. As principais
tarefas no campo da cultura e da criação seriam, de acordo com Bogo, a centralidade do ser humano no rumo
da História, como a sua principal força de criação. Outros pontos necessários são a necessidade de organização
popular, a produção de uma cultura própria, a coletivização de um projeto social e a prática da solidariedade.

Indústria cultural e produção dos movimentos de resistência

A relação entre movimentos sociais, arte e indústria cultural foi analisada por Daniel Puglia, professor de Estudos
Culturais pela Universidade de São Paulo (USP), no debate "Dimensão da Cultura na resistência dos povos
Latino-Americanos". Ele deu o exemplo da peça de teatro "Posseiros e Fazendeiros", encenada por um grupo do
MST, que chegou a ser apresentada no histórico teatro da Arena, em São Paulo. Puglia criticou o olhar de
desprezo lançado por estudiosos sobre as formas de manifestação dos movimentos sociais. “É uma armadilha se
a gente aceita este tipo de juízo, trata-se de preconceito e do medo frente ao novo”, critica. Recordou uma
mística do MST que remetia à relação entre a concentração de terras e o chamado “latifúndio midiático”,
latifúndio que também persiste noutras áreas do conhecimento. “São raras as obras hoje que fazem este tipo de
conexão”, opina.

A fala de Puglia defende uma não separação entre a militância e a atividade cultural. Este, inclusive, foi um dos
debates mais intensos ao longo da Mostra. Os artistas dos movimentos, segundo o pesquisador, não se colocam
como tal, isto porque a própria cultura torna-se uma atividade cotidiana para a militância. Na voz de Ademar
Bogo, na conferência "A Militância e a Consciência Socialista", "a própria militância, organização e símbolos
coletivos do movimento são o objeto artístico". “Viemos a mostrar o que somos neste dia através da nossa
organização coletiva”, comentou.

Araídes Duarte, integrante do setor de comunicação e cultura do MST no Paraná, reforça que o patrimônio
cultural, deve ser apropriado pelos camponeses, inclusive as técnicas e conhecimentos que hoje estão no rol da
burguesia. “Buscamos a elevação cultural do nosso povo. A Mostra Cultural leva o debate de que a cultura é
tudo o que produz a nossa existência (...) Deveríamos ter acesso não a uma parte, mas ao conhecimento da
espécie humana como um todo”, pensa.

Ana Chã, do setor de cultura do MST, ressaltou que a área da cultura afirmou-se no movimento apenas quando
ele possuía mais de 10 anos. A primeira oficina de música data de 1996. O MST possui, atualmente, 40 grupos
teatrais pelo Brasil. Chã defendeu a capacitação da militância na linguagem e técnica do audiovisual, ainda que
seja necessário um outro fim para a técnica apropriada. “Não basta apenas se apropriar dos meios burgueses,
mas dar nova forma a eles”, defende.

Construção desde baixo

O debate sobre "Papel da Educação e da Cultura na Integração Latino-americana" foi protagonizado pelo
ministro da educação da Venezuela, Abrahan Toro, que trouxe a experiência do país, o segundo depois de Cuba,
na América Latina, a tornar-se território livre do analfabetismo. O debate ressaltou a importância da disciplina e
o papel do movimento social na construção de uma educação e sociedade realmente libertadora, além de
levantar questões como o papel da juventude inserida nessa questão.

Mostra Cultural discute papel dos meios de comunicação

A expansão dos meios de comunicação faz com que as pessoas estejam cada dia mais conectadas e, ao mesmo
tempo, menos informadas sobre o que acontece no mundo. Tal afirmação foi feita pela Presidente da Vive TV,
televisão pública da Venezuela, Blanca Eekhot, durante debate sobre “Imperialismo midiático e as alternativas de
comunicação popular”, realizado no dia 16 de maio.

O capitalismo necessita que a massa esteja conectada para transformá-la com mais facilidade em uma massa
consumidora. “Os povos estão reféns de um modelo de comunicação dominante existente no mundo que
permite a perpetuação de uma hegemonia cultural, política e econômica”, enfatiza Blanca. Para os movimentos
sociais, uma das formas de enfrentar o imperialismo midiático seria passar da resistência e ofensiva
comunicacional, que vem sendo praticada na América latina, a uma revolução na área da comunicação. “Temos
que exigir a abertura de espaços nos meios de comunicação para a participação popular e buscar a
democratização, onde o povo tenha o controle do processo de produção dos meios e da informação”, afirmou.

A cineasta e integrante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Berenice Mendes, afirmou,
durante o debate, que o Brasil precisa de forma urgente criar formas de regulamentação e controle dos
conteúdos veiculados nos meios de comunicação, principalmente na TV. Ressalta que por se tratar de uma
concessão pública o país deveria ter um único sistema público de comunicação, possibilitando o direito de
liberdade de expressão, como manda a Constituição brasileira. Segundo ela, o Brasil não será um país
democrático enquanto não democratizar os meios de comunicação.

Jornal Brasil de Fato celebra 5 anos de mídia combativa

Como parte da "Mostra Cultural de Integração dos Povos Latino-Americanos", os cinco anos do semanário Brasil
de Fato foram comemorados no auditório do colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, no dia 15 de maio.

Estiveram presentes organizações que também constroem a mídia alternativa, como o Centro de Mídia
Independente (Indymedia), a organização de capacitação em comunicação popular Centro de Formação Urbano
Rural Irmã Araújo (Cefuria) e a revista Debate Socialista , publicada pelo Coletivo Socialismo e Liberdade. Os
cinco anos de existência do jornal, surgido no Fórum Social de 2003, com a proposta de articular a informação a
partir de diferentes grupos da esquerda, foram saudados pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e
pelo Sindicato dos Engenheiros (Senge-PR).

No principal momento do ato, José Arbex Jr, do conselho editorial do periódico, narrou o nascimento do jornal
Brasil de Fato, seu doloroso começo, quando o jornal possuía uma tiragem de 130 mil exemplares, porém foi
boicotado pelos distribuidores, nos principais pontos de venda. Apesar da atual tiragem reduzida, Arbex acredita
que o jornal chega a pautar a grande mídia devido aos temas abordados – como a venda dos recém-descobertos
poços de petróleo para as transnacionais.

Arbex levantou a seguinte polêmica: apesar de o mês de abril ter sido marcado pela vitória de Fernando Lugo no
Paraguai, além de a Bolsa de Valores ter sofrido a sua maior perda de capitais desde a quebra da Bolsa de Nova
Iorque (1929), ainda assim, para quem acessou os veículos de comunicação empresariais, é como se nada
tivesse acontecido.

Paulo Bearzoti Filho, da revista Debate Socialista , saudou os cinco anos do jornal Brasil de Fato, afirmando que a
mídia corporativa hoje se aprofunda em apresentar “não fatos” para os leitores. Deu um exemplo impactante:
desde o ano de 1998, na República Democrática do Congo (África), uma guerra dizimou cerca de 4 milhões
pessoas e não foi sequer noticiada. O Brasil de Fato foi um dos poucos a mostrar o vínculo entre a guerra e a
exploração de minerais, entre eles o coltan, necessário no fabrico de aparelhos celulares.

Público lota show de Chico César


Show de Chico César
Apresentação da Família Pereira Apresentação da Orquestra de Guaíra

Show de Pereira da Viola Show do cantor uruguaio Daniel Viglietti

Show do cantor uruguaio Daniel Viglietti

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