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Para Nietzsche não existe processo histórico e evolução (não estamos caminhando
em direção a lugar nenhum); e ele critica a razão – não que ela não exista, mas ele
desconfia da capacidade da razão de promover um processo emancipatório do ser
humano, de promover transformações.
Até mesmo Marx sofre críticas de Nietzsche por conta disso, pois Marx acredita
no poder da razão para desalienar o homem, só que o conceito de alienação não funciona
para Nietzsche pois, estabelecer quem está e quem não está alienado implica em ter
alguém com essa capacidade de distinguir o consciente do alienado e como para Nietzsche
tudo é apenas interpretação, não é possível alguém ser detentor dessa verdade absoluta
sobre alienação a ponto de classificar os outros.
Nietzsche busca então, em Heráclito, origem para seus pensamentos, visto que
toda a trajetória do pensamento ocidental vem de Parmênides, da ideia de que existe uma
verdade absoluta, imutável e que deve ser buscada por nós.
Recapitulando como essa ideia foi sendo utilizada o tempo todo: Platão utiliza isso
na Teoria das Ideias; Aristóteles diz que a verdade absoluta deve ser buscada por meio da
experiência; os cristãos medievais defendem que a verdade absoluta é a de Deus;
Descartes trabalha com a certeza de que somos seres pensantes e de que é possível utilizar
de um método objetivo para descobrir a verdade nas ciências – método Cartesiano; Kant
diz ser possível construir uma Teoria do Conhecimento para chegar a verdade e a uma
resposta universalmente válida para ação ética do homem.
Assim, Nietzsche faz, em sua obra “Crepúsculo dos Ídolos”, uma crítica à Platão
e uma retomada a o pensamento Heraclitiano. Ele diz que:
Os sentidos não nos enganam, eles falam a verdade. Somos nós que
mentimos a partir deles;
Só existe um mundo que é o aparente (não existe mundo inteligível e
mundo sensível);
A única experiência real e efetiva é a transformação;
Toda tentativa de criar uma essência, um conceito, é uma forma de
produzir uma mentira ou violar a experiência. Para Nietzsche não existe,
por exemplo, uma “substância” na folha que torne possível descobrir a
verdade sobre todas as folhas: o que existe são folhas, cada uma sendo
diferente da outra; para ele não existe também o “conceito” de ser humano:
o que existe são seres humanos sendo cada um único e diferente do outro,
sendo impossível formar uma unidade a partir disso.
Nietzsche diz ser necessário libertar a dimensão dionisíaca. O que isso significa?
Ele recorre a dois deuses para fazer uma leitura das tragédias gregas: Apolo e
Dionísio. Apolo, o deus da ordem, da beleza, da razão; representa a racionalidade.
Dionísio, o deus do delírio, da paixão, da embriaguez; representa os desejos. Segundo
Nietzsche, desde Platão a dimensão dionisíaca está sendo colocada em segundo plano na
vida do homem – em Platão essa dimensão é um erro epistemológico; para os cristãos é
a raiz do pecado; no pensamento moderno é a raiz do egoísmo, da antiética. Dessa forma,
nessa nova visão filosófica, é importante libertar essa dimensão dos desejos que está
aprisionada no homem.
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Para Nietzsche, a razão não é capaz de descobrir uma verdade porque essa verdade
não existe, ela é criada/produzida. A razão não pode fundamentar ou descobrir uma
verdade absoluta científica assim como não pode fundamentar uma teoria ética universal
e válida para todos. Isso porque o papel da razão é interpretar, produzir, fabricar. Dessa
forma, tanto aquilo que é considerado verdade como os valores morais são, na verdade,
construções sociais. A grande questão é que esquecemos que essas coisas são coisas
produzidas, inventadas, e acabamos por adotá-las como verdades absolutas. Nietzsche vai
dizer que não tem problema considerar um conceito, uma definição, um valor, uma
verdade como correto, desde que se tenha consciência de que essa é apenas uma
interpretação possível sobre aquilo.
O Niilismo
Nietzsche diz que a Filosofia faz um desserviço à vida quando se cria, em Platão,
a ideia de que o ser humano tem racionalidade & desejo, mundo sensível & inteligível;
isso, porque, como já dito, ao criar essas ideias, nega-se o fato de que só existe um mundo
e que o ser humano só tem uma dimensão, a real. Essa negação proporciona uma
falsificação/negação da vida. Daí surge o conceito de NIILISMO.
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Na obra Sobre a verdade e a mentira no sentido extra moral diz aquilo que já foi
dito acima: o papel da razão não é encontrar a verdade porque a verdade é uma construção.
Seu papel é, no máximo, entender que a usamos (a razão) para produzir essas construções.
Assim, tanto a verdade quanto os valores são meras construções sociais e precisam ser
entendidos como tais, como interpretações possíveis.
Na obra O homem louco, o uso de uma lanterna durante o dia remete à tentativa
de levar luz para pessoas que acreditam já enxergar: eles não entendem a importância da
luz e, quem carrega a lanterna, se torna inútil. Isso mostra como Nietzsche se sentia:
tentando mostrar algo para uma sociedade que não estava apta para ver, pois era uma
sociedade que valorizava exatamente o que ele criticava.
Quando o homem moderno mata Deus (sem perceber), retira Deus do lugar de
verdade e de valor absoluto e, em seu lugar, coloca os valores humanos (ciência,
progresso, justiça, tecnologia, razão), que passam a ser cultuados como se fossem Deus
ou seja, perfeitos e infalíveis.
Segundo Nietzsche, se o homem se der conta dessa substituição feita, tudo perderá
o sentido e o rumo, pois ao substituir o referencial divido pela razão e ciência acredita-se
na capacidade dessas coisas de responder a pergunta “como agir e viver?”. Mas, na
verdade, elas não podem pois são precárias e não perfeitas. Ao se dar conta da
incapacidade dessas coisas de responder as questões da vida, as pessoas terão que
enfrentar sozinhas essas perguntas, enfrentar a elas mesmas, pois é certo que somente
cada indivíduo pode responder essa pergunta para si. Não estando prontas para isso, pode
haver uma perda geral de sentidos e valores, ou seja, pode ser que se caia no ÚLTIMO
HOMEM. O último homem é aquele que faz e pensa como todos, aquele que apenas
suporta sua existência, sem um sentido a sua vida. O último homem é o maior medo de
Nietzsche, pois este é o pior dos niilismos; pior que o cristão e o moderno, visto que estes
ainda acreditam em alguma coisa. O último homem já não acredita em nada, vivendo por
viver.
Para Nietzsche, a questão não é então Deus x Ciência, mas é importante saber que
nós mesmos é que devemos ocupar esse lugar de responder as perguntas e criar nossos
valores.
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“Se toda a sua vida retornasse eternamente, como você veria isso? Acharia uma
coisa horrível ou gostaria de reviver tudo isso novamente?”
Nietzsche rejeita tanto a concepção Kantiana de história (de que existe um fio
condutor da racionalidade ao longo da história, ou seja, de que a finalidade da história é
o desenvolvimento da razão até uma paz perpétua) quando a Positivista (de história como
descrição de fatos concretos e objetivos). Para ele, a história é uma interpretação, e define
3 tipos de história (monumentalista, tradicional e crítica), nas quais duas ele rejeita
(tradicional e monumentalista) e uma ele considera (crítica).
O homem não quer ser comparado ao animal, mas, em certo ponto, o inveja,
porque o animal tem uma capacidade de esquecimento. Essa capacidade de esquecimento
tem a ver com a possiblidade de felicidade: se ficamos acorrentados ao passado ou
ansiosos em relação ao futuro, se torna impossível estar completo no presente, ou seja, se
torna impossível sentir felicidade. – Felicidade para Nietzsche não é como para
Aristóteles (bem-estar da polis), mas tem a ver com estar de corpo inteiro no momento
presente, que é o único lugar em que se poderia estar. Assim, os momentos de felicidade
são aqueles em que se esquece completamente do passado e do futuro, estando em
sintonia plena com o presente.
Nietzsche sugere que para que se lide bem com o passado e com as projeções de
futuro, deve-se analisar “o que vale a pena esquecer e o que é importante manter na
memória”? Segundo ele, nossa memória não funciona como fatos descritos e guardados,
pelo contrário, cada vez que nos lembramos de algo a descrição disso se dá de forma
diferente. Isso porque a cada vez estamos num presente diferente, então, lembrar do
passado significa modificá-lo e reinterpretá-lo a cada vez.
Só se faz história crítica se for permitido esquecer e lembrar na medida certa. Deve
haver uma equação entre lembrar e esquecer. Dessa forma, a história crítica é um
tencionamento entre o lembrar (histórico) e o esquecer (a-histórico).
Não há exatamente uma medida para esses graus de um e de outro. Ambos têm a
mesma importância, mas a quantidade necessária de cada um deles para cada indivíduo
vai depender da força plástica do mesmo.
Assim, é preciso saber o que lembrar e o que esquecer. Quanto maior a força
plástica, mais pode-se desenvolver. Há uma maneira de aprimorar a força plástica, que é
através do desprendimento das verdades e valores pré-estabelecidos e criação dos
próprios valores, dando ouvido aos desejos e fazendo as próprias escolhas.