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No século XX, muito do que era tido por fundamental na escultura foi posto de lado -
como o figurativismo. Sempre se aceitaram os utensílios como formas não-
representativas; mas só no século XX produziram-se objetos de arte tridimensionais de
caráter gratuito e não-representativo. Também sempre se concebeu a escultura como
uma arte da matéria sólida, isto é, da massa; o espaço, porém, passou a constituir um
elemento dominante da peça.
Já não se pode mais limitar a escultura aos processos e materiais da tradição, sobretudo
depois do advento da escultura cinética. Os escultores do século XX empregam toda
espécie de manufatura e toda sorte de material plástico. Há volumes concebidos para
serem penetrados pelo observador, para serem vistos e sentidos "de dentro para fora",
como uma obra arquitetônica. Chamam-se, à falta de melhor denominação, esculturas
"habitáveis". Outros devem ser manipulados pelo público, têm dobradiças, são
conversíveis, ganham beleza diversa em diferentes posições. Há "montagens",
"estruturas" e "objetos", móveis ou estáveis, que se classificam, pela
tridimensionalidade e pela intenção, como esculturas.
Esses dois elementos são válidos e permanentes, como também o aspecto sensorial,
tátil, da peça esculpida, que apela irresistivelmente para a necessidade e para o gosto de
tocar, inseparáveis da experiência que o homem tem das coisas.
No fim da vida, quase cego, Michelangelo, pedia a amigos que o conduzissem junto ao
"Apolo" do Belvedere para poder tocá-lo - e "ver". A escritora americana Helen Keller
frequentava o ateliê de escultores amigos, pois a escultura era a única das artes plásticas
de que podia fruir. Cego, o papa Paulo III reconheceu pelo tato uma pequena estatueta
que o escultor italiano Benvenuto Cellini, preso, lhe enviara, e mandou soltá-lo. Toda a
escultura da antiguidade clássica obedece ao princípio segundo o qual o olho é
subordinado ao tato: o princípio norteará a arte escultórica de todas as épocas.
Idade Média - Com o advento do cristianismo, a escultura decaiu, pois a estátua passou
a ser considerada um resquício do paganismo. À arte monumental, que Roma levara aos
confins do império, substituíram-se, na Idade Média, as artes delicadas da ourivesaria. O
material favorito passou a ser o marfim, com o qual se faziam imagens sacras, objetos
de culto, cálices, relicários, cibórios. A escultura, que começara a reviver em Bizâncio,
ganhou força no período românico e se expandiu no gótico, quase sempre unida à
decoração arquitetônica.
Sob Carlos Magno houve uma espécie de Renascimento carolíngio em Aachen, cuja
catedral se inspirou na igreja latino-bizantina de San Vitale, em Ravena. A escultura,
porém, foi a última das artes medievais a desenvolver-se. Só no período românico
surgiram as esculturas em pedra nos capitéis, e, em seguida, nos coros das igrejas. Era
de início a arte naïf de rudes e anônimos mestres canteiros. Sua fusão com os artistas
mais refinados dos objetos de culto, peritos no trabalho dos metais, resultou no
aparecimento de uma nova classe, a dos escultores profissionais.
As obras-primas do estilo românico estão na França. São esculturas didáticas, que têm
sido chamadas um "evangelho de pedra". Aos poucos, as figuras dos santos e reis se
alongaram, os portais se aprofundaram, cavernosos, e o estilo derivou para o gótico.
Curiosamente, a escultura passou a ser empregada naquelas partes antes deixadas sem
decoração. As igrejas dos séculos XI e XII tinham capitéis minuciosamente esculpidos;
e os portais dos séculos XII, XIII e XIV exibiam uma luxuriante profusão de imagens,
cada vez mais realistas e independentes da arquitetura que lhe dera origem. A partir do
Renascimento, arquitetura e escultura tomaram rumos independentes.
O mais notável de seus contemporâneos, Iacopo Sansovino, era como ele florentino e
arquiteto. As invasões francesas tiveram efeito duradouro sobre o gosto gaulês. Carlos
VIII, Luís XII e Francisco I empregaram artistas da península, como Guido Mazzoni,
Giovanni Rosso (dito Rosso Fiorentino ou o Rosso), Primaticcio, além de Leonardo da
Vinci e Bellini. Goujon sofreu decisiva influência italiana. Germain Pilon esculpiu as
estátuas para o túmulo de Henrique II e Catarina de Medici.
A arte da Contra-Reforma, que ilustrava uma concepção triunfalista da vida, foi mais
um movimento que um estilo. Teve por cerne a igreja matriz dos jesuítas em Roma, o
Gesù. O expoente desse espírito na escultura é Lorenzo Bernini, que combinava a forma
antiga com a pompa cortesã em moda e usava recursos dramáticos para a apresentação
da obra de arte ("Êxtase de Santa Teresa", montado na capela Cornaro com requintes de
cenógrafo). Sua obra na basílica de São Pedro, em Roma, comprova a mesma intenção.
Já Picasso realizou uma obra pessoal, embora de início elaborasse ainda seu período
rosa: a "Cabeça de mulher" (1909); o "Cálice de absinto" (1914), em bronze pintado; a
"Sela de bicicleta (1943); o "Bom Pastor" (1914), em gesso; as duas "Tête de mort"
(1943), em bronze, e (1944) em cobre; e "A Cabra" (1950), obra em bronze.
Archipenko, escultor ucraniano radicado em Paris a partir de 1908 e nos Estados Unidos
a partir de 1923, seguiu o mesmo caminho. Os futuristas italianos, como Umberto
Boccioni, pregavam a abolição da linha e da escultura fechada. Queriam abrir a figura
para pôr lá dentro o ambiente. Boccioni tinha também uma obsessão particular, a de
representar o movimento ("Desenvolvimento de uma garrafa no espaço", de 1912, e
"Formas únicas de continuidade no espaço", quase um relevo, de 1913).
A abstração, que seguiria rumos variados na pintura, tomou uma única direção na
escultura cubista. Assumiria caráter peculiar na obra dos irmãos Antoine Pevsner e
Naum Gabo, que se ligaram ao construtivismo de Tatlin, apesar da condenação do
abstracionismo pelos soviéticos. Expatriados, permaneceram fiéis a ele. As esculturas
geométricas de Gabo tentam prender o espaço numa teia translúcida e frágil. Já as obras
de Pevsner são opacas e espessas, mas não menos rigorosas ou matemáticas.
O único escultor surrealista realmente importante foi Alberto Giacometti, suíço que
estudou com Bourdelle e se pôs a trabalhar sozinho por volta de 1920. Depois de breve
incursão no surrealismo (obras em fio de ferro), criou o estilo que o faria famoso e em
que as figuras, por vezes minúsculas, lineares, conformam-se, assim mesmo, à tradição
monumental figurativa da antiguidade oriental e clássica e à realidade visual.
Henry Moore, adepto da talha direta (como Brancusi), tentou exprimir-se num
vocabulário mais condizente com a madeira e a pedra. Tendo descoberto, no começo da
carreira, a arte pré-colombiana, tomou gosto pelas figuras refinadas e maciças, de uma
qualidade de arquétipos. A adoção dessas grandes massas tranqüilas é evocadora; mas
os interiores cavados são uma invenção sua e criam, ao contrário, uma interação inédita
entre massa e espaço. A partir da década de 1950, passou a trabalhar em bronze, com a
nova liberdade que confere a modelagem em argila.
A tradição figurativa não foi de todo abandonada pela escultura contemporânea. Marino
Marini explorou o tema do cavalo e cavaleiro, na linha toscana, sólida, terráquea.
Giacomo Manzù, mais jovem e mais audaz, fundiu real e surreal (porta da basílica de
são Pedro, retratos do papa João XXIII, série dos "Cardeais").
George Segal, que não se pode chamar de artista pop, povoou ambientes convencionais
de formas também convencionais mas inteiramente brancas, enfaixadas como múmias
ou acidentados, de efeito insólito no cenário colorido (exatamente como a "Santa
Teresa" de Bernini em seu altar barroco). Louise Nevelson e Joseph Cornell fizeram
grupos abstratos, em molduras ou em caixas. Nevelson recorreu também a montagens,
com objetos heterogêneos.
Escultura no Brasil
Com a chegada dos portugueses, teve início um período colonial da arte da escultura,
caracterizado pela importação de imagens de Portugal. Os séculos XVIII e XIX
marcaram uma fase áurea da escultura brasileira, que apresentava características
próprias, enfeixadas no chamado barroco brasileiro, quando na Europa já predominava
o neoclássico.
Em fins do século XIX e começo do XX, Rodolfo Bernardelli deu notável contribuição
à escultura no Brasil. Celebrizou-se pelas estátuas eqüestres de duque de Caxias e do
general Osório, pelo monumento do descobrimento do Brasil e outros. Em princípios do
século XX, distinguiu-se o escultor Vítor Brecheret, cujo monumento aos Bandeirantes,
em São Paulo (1922), foi considerado um marco do modernismo. Surgiram depois
outros escultores que se tornaram célebres, como Maria Martins, Bruno Giorgi, José
Pedrosa e Alfredo Ceschiatti.
Formas e técnicas
A maior parte das esculturas modeladas destina-se à fundição. Para isso, faz-se da peça
um molde de gesso, reforçado por ferro de construção. Uma vez limpa de toda a argila,
essa forma contém o negativo do original e pode ser reproduzido em gesso. Para isso,
unta-se a forma por dentro com vaselina, enchendo-a, depois, de gesso fresco. Uma vez
seco o gesso, quebra-se a forma. Para que a peça final fique leve, isto é, oca, basta girar
a forma enquanto o gesso se acomoda dentro dela. Formará, então, apenas uma camada,
da espessura que o operador desejar.
A talha de pedra e de mármore, laboriosa, exige ponteiro (para desbastar), cinzel, buril
(biselado ou em losango) e gradim (cinzel denteado), que desbasta as asperezas
deixadas pelo ponteiro. A última fase do trabalho é o polimento. Estátuas inacabadas,
como o "Brutus", de Michelangelo, ou sua "Pietà" florentina, exibem marcas de gradim.
O ataque simultâneo do bloco por todos os lados é excepcional. Os escultores arcaicos
preferiam a abordagem frontal que permitia modificações no curso da execução.