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O PENSAMENTO CRÍTICO COMO ALIADO À CRIATIVIDADE NO ENSINO DE


ARQUITETURA E URBANISMO

Isabel Trece Martins1

RESUMO: Informações são recebidas diariamente em grandes quantidades e necessitam ser filtradas,
com a utilização do pensamento crítico, buscando analisar os fatos de diferentes pontos de vista,
determinando a exatidão das mesmas. O uso desse pensamento pode favorecer a formação da
criatividade, fazendo com que a visualização de possibilidades gere resultados alternativos para as
situações que parecem ter apenas uma saída. Esse pensamento crítico o é fundamental para o ensino de
arquitetura, pois os acadêmicos são cobrados a desenvolverem tal habilidade. Portanto, foi
desenvolvida uma pesquisa, através do método bibliográfico, que é o passo inicial na construção
efetiva de um protocolo de investigação documental, desde o pensamento crítico até a aplicação dos
conceitos pesquisados no ensino de Arquitetura, buscando solucionar o problema de forma que, ao
inseriro pensamento crítico e criativo, tanto para os professores como para os alunos, favoreça a
pesquisa que levem ao desenvolvimento das habilidades necessárias.

Palavras-chave: Pensamento Crítico. Criatividade. Arquitetura.

1 INTRODUÇÃO

O processo criativo é a imaginação aplicada à inovação, envolvendo o pensamento


criativo na geração de novas idéias e o pensamento crítico na análise das mesmas. Esse
processo é fundamental na educação, pois os alunos devem aprender habilidades necessárias
para analisar e criar idéias, ou seja, desenvolver habilidades de resolução de problemas em
todas as áreas de estudo.
Este trabalho tem como objetivo mostrar o problema da aplicabilidade do
pensamento crítico criativo no ensino de arquitetura e urbanismo, onde os estudantes são
cobrados, de forma intensa, ao aplicarem o processo criativo que muitos não chegaram a
conhecer ainda, e que é fundamental para contemplar as habilidades de sua formação.

2 METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida através do método bibliográfico, sendo o passo inicial

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Pós Graduação em Docência do Ensino Superior, Polo de Ji-Paraná, RO. E-mail: isabeltrece@hotmail.com.
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na construção efetiva de um protocolo de investigação documental que vai desde o


pensamento crítico até a aplicação dos conceitos pesquisados no ensino de Arquitetura e
Urbanismo.

3 O PENSAMENTO CRÍTICO

Ao longo da vida, somos colocados diante de diversas complexidades e de


influências externas, e o aprendizado fica cada vez maior, pois recebemos diariamente uma
quantidade imensa de informações de diversas fontes, e de qualidade e credibilidade variadas.
(CASTRO, 2002)
De acordo com Siqueira (2009, p. 1),

A maior parte de nosso conhecimento vem do que ouvimos e lemos, muito


pouco nasce de nossas experiências pessoais. Vivemos de ideias, convicções
e crenças alheias que recebemos de nossos pais, educadores, instrutores,
pastores, diretamente ou através do rádio, televisão, cinema, livros, jornais e
telas de computadores. Poucas vezes as informações chegam a nós de forma
pura, pois veem carregadas de paixões, interesses, preconceitos e mesmo de
desinformação e ignorância.

A ingenuidade se caracteriza pela simples interpretação dos problemas, ou seja,


explicações fabulosas são facilmente aceitas sem muita argumentação. Passar do pensamento
ingênuo para o pensamento crítico é buscar olhar um mesmo fato sob vários pontos de vista,
buscando analisar as explicações, dialogando, argumentando, investigando antes de aceitar
explicações prontas como verdadeiras e absolutas. (FREIRE, 2007)
Siqueira (2012, p. 1), fala que o "pensamento crítico é o processo que usamos para
determinar a veracidade, a exatidão e o valor das suposições que sustentam nossas próprias
idéias ou de terceiros.".
Rainbolt (2010, p. 7) coloca que "[...] o pensamento crítico é a habilidade de avaliar
corretamente os argumentos feitos por outros e construir bons argumentos por si mesmo.".
Para Siqueira (2014, p.1),

O pensamento crítico é a habilidade de pensar por nós mesmos e de tomar as

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decisões sobre em que acreditar e o que fazer, de forma racional, confiável e


responsável. É também a habilidade de questionar ideias e opiniões, nossas e
de terceiros, de forma objetiva; descobrir em que fatos, suposições, crenças ou
preconceitos elas se baseiam; avaliar as fontes e as qualificações de quem
opina; avaliar as consequências de adotar ou não essas ideias e opiniões.

O pensamento crítico tem como sinônimo o raciocínio, podendo ser aperfeiçoado


pela busca de conhecimentos e a utilização de observações, classificação de dados e
conclusões lógicas. (GRECO, 2009)
Esse pensamento crítico pode ser visto como sendo composto pela habilidade de
processar, gerar informações e crenças, e o hábito de usar esta habilidade para definir o
comportamento. A base deste é a lógica, que possui diversas fontes de informação.
(CASTRO, 2002)
O pensador crítico tem motivação para questionar, e para isso devem ser
desenvolvidas algumas habilidades essenciais, como o ouvir e ler atentamente, avaliar
argumentos, procurar encontrar suposições explícitas ou implícitas e, por meio disso,
determinar as consequências de uma afirmação. (SIQUEIRA, 2009)

4 O PENSAMENTO CRIATIVO

Criatividade é algo novo. "Uma idéia, um objeto, um comportamento é criativo na


medida em que são novos." (PILETTI, 1991, p. 110)
Para Piletti (1991, p. 107)

A criatividade pode manifesta-se em todos os campos e todas as pessoas


podem ser criativas, em maior ou menor grau: o cientista que procura uma
nova forma de energia; a mãe que inova na educação de seus filhos; o aluno
que inventa novas maneiras de aprender mais facilmente matemática; o
motorista que percorre um novo caminho para fugir ao congestionamento; o
cozinheiro que cria novas receitas culinárias; o compositor que cria uma
nova música; etc.

Criar é um impulso vital, uma necessidade de expressão do pensamento, de ver o


mundo por si mesmo e apreendê-lo. É fundamental, pois materializa e anima.
(CARSALADE, 1997, p. 192)

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De acordo com Ostrower (1983, p. 11),

Criar é basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em


qualquer que seja o campo de atividade, trata-se nesse novo, de novas
coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos
relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato
criador abrange, por tanto, a capacidade de compreender e esta, por sua vez,
de relacionar, ordenar, configurar, significar.

Ser criativo é conseguir visualizar possibilidades de recombinações, ou seja, os


resultados de novas visões inventam novas formas e possibilidades. (CARSALADE, 1997, p.
193)
Fuão (2008, p.5) expõe que "a função da criatividade é descobrir. Descobrir sempre a
possibilidade de se enxergar o mundo diferente, em oposição ao senso comum e à tradição
que mumificam a humanidade."
Siqueira (2014, p. 1) diz que "ser criativo é ter a habilidade de gerar ideias originais e
úteis e solucionar os problemas do dia-a-dia. É olhar para as mesmas coisas como todo
mundo, mas ver e pensar algo diferente."
O pensamento criador é exploratório, pois buscam que ainda é desconhecido. O
processo para a criação envolve cinco fases, sendo a primeira a apreensão, que é o surgimento
da idéia, a preparação, sendo a coleta de informações, a incubação, momento em que se deixa
de lado a idéia e dedica-se a outras atividades, a iluminação, momento em que subitamente
aparece a solução do problema, e a verificação, que é o momento final onde o criador dá a
forma à inspiração que teve. (PILETTI, 1991),
De acordo com Gloton e Clero (1971, p. 27),

A bem dizer, a verdadeira criação reconhece-se rapidamente: ela é


simultaneamente insólita e familiar; insólita, porque traz consigo a
estranheza do nunca visto, familiar porque a obra autêntica é sempre
esperada.
Reconhecer que a actividade criadora do artista enriquece a humanidade é
reconhecer um evidência. [...]

A criatividade não é exclusiva para algumas pessoas, ela é uma ação que está em
tudo e em todos, que busca romper continuamente modelos pré-definidos. Fuão (2008, p. 1)
fala que " [...] o pensamento criativo é a arma mais eficaz de transformação do mundo."
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Siqueira (2010) mostra os sete princípios para se ter um pensamento criativo que
gera idéias inovadoras, começando pelas atitudes, que devem ser sempre positivas, buscando
ver a si mesmo como uma pessoa criativa. Em segundo lugar deve-se buscar desafiar as
suposições, examinando-as de forma crítica e, então, quebrando as regras para solucionar os
problemas, livrando assim a mente de velhos hábitos e modos de pensar.
Outro fator importante é não ter medo de errar, pois muitas vezes a sucessão de
tentativas frustradas faz chegar até o resultado desejado. Além disso, deve-se pensar que há
sempre mais de uma solução certa, e geralmente a primeira que vem é a menos criativa.
(SIQUEIRA, 2010)
E por último, evitar os julgamentos prematuros, que bloqueiam a criatividade, e
persistir até encontrar a solução, levando ao sucesso, tomando cuidado para que a persistência
não vire teimosia. (SIQUEIRA, 2010)
Algumas coisas são essenciais para a criatividade, tais como a liberdade para
experimentar, a objetividade e a consistência. O processo criativo está fundamentado em três
princípios, a atenção, ou seja, a concentração na situação ou problema, a fuga, que é o escape
do pensamento convencional, e o movimento, que dá liberdade para a imaginação.
(SIQUEIRA, 2013)
Siqueira (2013, p. 1) fala que "Estas três ações mentais formam uma estrutura
integrada em que se baseiam todos os métodos de pensamento criativo."
Segundo Alencar (1995, p. 17), é através do estudo do comportamento de diversas
pessoas criativamente contribuintes que as grandes idéias ou produtos originais ocorrem,
especialmente nas que estejam preparadas com amplo domínio dos conhecimentos ou das
técnicas já existentes.

5 O PENSAMENTO CRÍTICO E CRIATIVO

Prado Junior e Berbel (2014, p. 2), citam que, "[...] o pensamento criativo é
divergente e envolve-se com a criação de um amplo conjunto de idéias autênticas, enquanto o
pensamento crítico é convergente, ordena, seleciona e refina as idéias para criar um conjunto
de possíveis soluções. "
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O processo criativo é uma sequência de atos da imaginação aplicada à inovação, pois


envolve tanto o pensamento criativo, a geração de novas idéias, como o pensamento crítico,
quando analisamos estas idéias. Saber como combinar os dois processos de pensamento
resulta num processo criativo muito mais produtivo, pois a geração de idéias originais e
verdadeiramente valiosas resulta de combinação inteligente de momentos de criatividade e
momentos de análise crítica, além da verificação do valor das idéias geradas. (SIQUEIRA,
2012)
Nachmanovitch (1993) diz que há dois tipos de crítica, a construtiva, que ocorre
paralelamente ao tempo de criação, como um feedback contínuo, e a obstrutiva, que causa o
bloqueio ou fragmentação das idéias, trazendo rejeição ou indiferença em relação à criação.
Uma pessoa criativa deve ser capaz de diferenciar os dois tipos e cultivar a crítica construtiva.
Gerar idéias é uma parte essencial do processo criativo, mas não é a única. Decidir o
que fazer com elas, quais utilizar e quais deixar de lado, também é importante. E para isso, é
necessário ter o pensamento crítico. (SIQUEIRA, 2012)
Analisando o pensamento crítico e criativo, pode-se observar que este é um
pensamento que esmiúça, julga, compara, mas de uma forma positiva, ao mesmo tempo que
critica e cria, como se fosse um pensamento crítico, mas construtivo. Portando, pode-se dizer
que o pensamento crítico e criativo é o resultado da interação do pensamento crítico com o
pensamento criativo. (PRADO JUNIOR E BERBEL, 2014)

6 O PENSAMENTO CRÍTICO E CRIATIVO NA DOCÊNCIA DO ENSINO


SUPERIOR

O pensamento crítico e criativo é fundamental no processo educacional, pois é


importante que os estudantes aprendam habilidades necessárias para analisar e criar idéias, ou
seja, estes precisam desenvolver pensamentos e habilidades de resolução de problemas, em
todas as áreas de estudo. (PRADO JUNIOR E BERBEL, 2014)
Florio (2011) coloca que "muitos educadores reclamam que não é possível ensinar o
conteúdo tradicional básico da disciplina e, ao mesmo tempo, introduzir um pensamento
criativo e crítico." Além disso, entra em questão que a carga horária nem sempre permite que
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a criatividade entre em jogo.


De acordo com Prado Junior e Berbel (2014, p. 5), "[...] tal preocupação não se
revela em nosso contexto educacional. O desenvolvimento do pensamento crítico e criativos,
não é intencionalmente estimulado em nossas escolas.".
Florio (2011, p. 46) diz que,

Do ponto de vista do ensino-aprendizagem, é importante destacar que para o


estudante internalizar conhecimentos e experiências, de um modo criativo, o
professor deve delimitar procedimentos em sala de aula de modo a estimular
a experimentação com liberdade de escolha, e sem julgamentos prévios.
Como aprender com erros e acertos faz parte do processo, o professor
ajudará a amparar o estudante quando necessário, tornando o aprendizado
mais significativo para o aluno. É importante que o aluno sinta prazer e
satisfação com aquilo que está fazendo.

A ação educativa pedagógica do professor universitário deve estimular a inovação, o


sentido crítico e a criatividade. Porém, um dos desafios é o “educar” para o “pensar”, o qual
depende de todos os envolvidos: o educador e o aluno. (CASTELLI, 2012)
Sanches (2009) fala que "o desenvolvimento do pensamento criativo não deve ser
deixado ao acaso" e que, ao promover a criatividade, o professor pode dar aos alunos a
oportunidade para descobrirem os seus interesses e talentos.

Ensinar com criatividade e ensinar para a criatividade inclui todas as


características de bem ensinar tais como: motivação elevada, expectativas
elevadas, capacidade de comunicar e ouvir e a capacidade de motivar,
envolver e inspirar. Os professores criativos para além das competências
específicas da sua área, necessitam de técnicas que estimulem a criatividade
e aumentem a auto-estima e confiança. (SANCHES, 2009, p. 3)

Para Wechsler (2001, 2002), um professor criativo é aquele que é ousado, curioso,
está aberto a novas experiências, tem confiança em si próprio, além de ser apaixonado pelo
que faz. Esse tem atitudes que proporcionam ao aluno o desenvolvimento da criatividade em
sala de aula, ouvindo suas idéias, mesmo que sejam diferentes das suas, encorajando a realizar
seus próprios projetos, buscando estimular o questionamento, dando-lhes tempo para pensar e
para testarem hipóteses, estimulando a curiosidade e descobrindo o potencial de cada aluno.

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A ação criativa do professor em sala de aula demanda não só sua capacidade


de elaborar atividades inovadoras que permitam atingir os objetivos
educativos de forma mais eficiente, mas também demanda habilidades
comunicativas que lhe permitam criar um espaço comunicativo que se
constitua no espaço onde as atividades podem fazer sentido para o
desenvolvimento da criatividade. (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2003)

Torrance (1987) afirma que condições motivadoras e facilitadoras fazem a diferença


para efetivar a criatividade, sobretudo quando o professor é deliberadamente envolvido.
Prado-Diez (1999) aponta princípios básicos aliados à criatividade em sala de aula,
como aprender o sentido aberto, livre, lúdico e inovador do pensamento e imaginação,
comunicação e decisão criativas. Existem muitas estratégias para se ter um ambiente
favorável à criatividade, onde o aluno possa ter experiências criativas, porém, dependerá
muito de cada professor.

7 O SURGIMENTO DO ENSINO DA ARQUITETURA

A arquitetura tem sua origem junto com a história da evolução humana, pois, desde
os períodos pré-históricos, havia construções rústicas do homem. O desenvolvimento se
iniciou ao trabalhar a pedra, buscando abrigo das intempéries, e passando para a madeira, o
ferro, o aço, o concreto, cada vez com mais técnicas, chegando até a revolução industrial,
onde as tecnologias vieram para transformar radicalmente a arquitetura e a formação do
arquiteto. (CARDIM, 2015)
Cardim (2015, p. 01) fala que,

A relação mestre-aprendiz é a origem da formação dos primeiros arquitetos.


O ensino formal da arquitetura surge, apenas, no século 18. No Brasil, o
ensino da arquitetura, associado ao da engenharia, remonta ao final do
século 17, com a arquitetura militar nas capitanias.

O ensino de Arquitetura no Brasil veio com a transferência da família real portuguesa


para o Rio de Janeiro, em 1808, que iniciou a formação de cidades e estimulou seu
crescimento, trazendo assim, a necessidade de equipá-la e prepará-la para receber edifícios
para as novas funções públicas, econômicas e culturais, que fizeram com que D. João VI
trouxesse para o Brasil, em 1816, a chamada Missão Francesa, composta por artistas,
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pesquisadores e arquitetos, que fundaram a Academia Imperial de Belas Artes, à qual o curso
de arquitetura se vinculava. (CORDEIRO, 2012, p. 951)
Salvatori (2008, p. 52), fala que,

O estabelecimento do ensino de Arquitetura no Brasil é, relativamente,


recente. O Curso de Arquitetura da Academia Imperial de Belas Artes do
Rio de Janeiro, que fora o único do Brasil por mais de cinqüenta anos, era
uma instituição pública que recebia estudantes de origem modesta desde sua
criação, em 1826.

Foi então que o conhecimento antes transmitido nos canteiros de obra passou a ser
oferecido regularmente no modelo da escola neoclássica, que até então era dominante na
Europa. Cordeiro (2012, p. 951) fala que "o principal arquiteto da Missão, que se tornaria
diretor da Academia Imperial, Grandjean de Montigny, é autor do projeto do edifício que
passaria a abrigá‐la a partir de 1926" e que teriam disciplinas, tanto teóricas como práticas,
porém o Urbanismo ainda não estava contemplado no curso de Arquitetura.
Cordeiro (2012, p. 952), cita que,

Este é, de maneira geral, o panorama da Arquitetura Brasileira e do ensino


de Arquitetura até o início dos anos 1930, quando Lucio Costa assume a
direção da então Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) e propõe a reforma
que até hoje é referência para o ensino de Arquitetura e Urbanismo no
Brasil. Sua origem se remete ao movimento modernista, à introdução do
pensamento urbanístico e à valorização da educação como política de
Estado. [...]

Só entre 1930 e 1931, na breve passagem de Lucio Costa como diretor da Escola
Nacional de Belas Artes, que foi proposta a inclusão das disciplinas de Urbanismo e
Paisagismo e a separação do ensino da Arquitetura das demais Belas Artes, fazendo com que
o curso assumisse uma identidade própria, que de acordo com Cordeiro (2012, p. 953), estaria
"mais próxima do pensamento modernista, da problemática urbana e das novas técnicas da
indústria da construção."
A partir do final do século XIX, fora criado diversos cursos de Arquitetura em novas
escolas de Engenharia ou Belas Artes, nas principais cidades do país.

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A instituição do ensino de arquitetura, no Brasil, foi um processo que, para Salvatori


(2008, p. 72), "resultou da composição de diferentes circunstâncias relativamente à sua época
e ao contexto e à forma como os arquitetos vêm se posicionando a cada etapa." Por isso,há
um grande mercado de trabalho a ser desvendado pela massa de arquitetos que saem das
escolas de Arquitetura, e que formam suas estratégias profissionais a partir de suas
competências. (SALVATORI, 2008, p. 75)

8 A CRIATIVIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Prado Junior e Berbel (2014) falam que os arquitetos são constantemente cobrados
em termos de criatividade e pensamento crítico, e que poucos conhecem como estas
habilidades são importantes para sua formação, porém muitos professores não sabem explicar
o que é a criatividade, fazendo com que os futuros arquitetos tenham um conhecimento
restrito sobre ela. A criatividade tem sido tratada com tal complexidade que se torna acessível
apenas para alguns. (FUÃO, 2008)
Para Florio (2011, p. 45), "pode-se afirmar que criatividade é a faculdade humana
que excede os processos e rotinas diárias de pensamento e fazer." Ele coloca que a
"criatividade é a capacidade de realizar uma produção que seja ao mesmo tempo nova e
adaptada ao contexto na qual ela se manifesta, ou ainda, criatividade é a combinação original
de ideias conhecidas." E por isso que os arquitetos devem ser "criativos quando produzem
combinações e associações incomuns de idéias, com resultados não previstos a priori."
Fuão (2008, p.2) coloca que,

Para a Academia, a criatividade se coloca como problema: como ensinar,


transmitir, estabelecer um conhecimento que só acontece poucas vezes ou
uma vez só? Como jogar um jogo que, a cada dia, muda suas regras?
Provavelmente esteja aí o grande dilema do ensino de arquitetura, que vive
num ciclo de paradigmas, aberturas e fechamentos de idéias. Ou seja,
incorpora alguns dados da inovação, que podem ser aprendidos, logo se
institucionaliza e se fecha novamente. A isso chamam renovação do
conhecimento. Os professores sempre se apegam às regras, aos modelos,
mesmos os mais criativos. Até os próprios artistas acabam, por exemplo,
criando um estilo ou se tornando escravos dele.

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Para inserir o pensamento crítico e criativo na formação dos estudantes de arquitetura


e urbanismo, o professor precisa criar um ambiente encorajador, que leve os estudantes a
lerem, questionarem, relacionarem idéias, e se envolverem com assuntos da vida real. As
habilidades do pensamento crítico auxiliam na compreensão dos conteúdos, levando-os a
raciocínios mais complexos, enquanto o pensamento criativo fornece uma flexibilidade de
adaptação para o estudante. (PADRO JUNIOR E BERBEL)
Mahfuz (1986, p. 62) cita que,

Criar condições para que os futuros arquitetos possam desenvolver uma


atitude de reflexão crítico-filosófica sobre o seu trabalho, a arquitetura e a
cidade, a qual, combinada com uma capacidade de elaboração conceitual dos
valores essenciais e circunstanciais de cada problema conferiria ao arquiteto
um nível de competência suficiente para atender as exigências individuais e
coletivas da sociedade.

A UNESCO/UIA (2011, p. 1) coloca, em uma Carta para a Educação dos Arquitetos,


"que os educadores devem preparar os arquitetos para desenvolver novas soluções para o
presente e para o futuro, [...]" e que a formação deve buscar "Transformar a mentalidade
arquitetônica dos profissionais de forma que o método de criação seja uma parte de um
processo cultural contínuo e harmonioso [...]"
Para a UNESCO/UIA (2011, p. 1), a formação do arquiteto deve propiciar algumas
capacitações, tais como a "Capacidade de ser criativo, inovar e assegurar a liderança da
concepção." e a "Capacidade de reunir informações, identificar problemas, aplicar análise e
julgamento crítico, bem como formular estratégias de ação."
De acordo com Florio (2011, p. 46),

[...] No caso da arquitetura, o processo de projeto exige alternâncias


constantes entre o pensamento divergente e o pensamento convergente. No
primeiro se produz ideias, no segundo se seleciona e julga. O primeiro
envolve pensamento criativo, enquanto que o segundo envolve pensamento
crítico. Esta alternância entre geração de novas ideias dentro de um quadro
mais abrangente, com liberdade, se contrapõe ao outro momento, onde se
reúne a informação mais significativa, e se julga com rigor e discernimento
crítico. Estes dois pensamentos se complementam, pois enquanto um abre
possibilidades e analisa, o outro condensa, sintetiza e avalia. Ambos
dependem da aquisição e da recuperação de conhecimentos armazenados na
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memória. Portanto, o ensino de projeto, e disciplinas práticas, não podem


apenas privilegiar a repetição de exercícios e de tarefas que restrinjam a
atividade a um a mera solução de um problema conhecido, ao contrário,
deve incorporar problemas desconhecidos, que exigem investigação e
reflexão crítica.

Florêncio (2013) coloca que o problema é a rotina, a qual mecaniza o processo,


sendo que, ao criar projetos, estes passam a ser apenas com o computador, o que traz a perda
do desenho manual, que é o que faz a capacidade de pensar do aluno aumentar, e os
problemas se solucionarem mais facilmente.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode observar, os estudantes de arquitetura são cobrados a ter criatividade,


mas não sabem como ela é importante para o sucesso da sua graduação.
Tal problema surge com o fato de que os próprios professores do curso não sabem
como estimular a criatividade, nem buscam incentivar a mesma, fazendo com que ela se torne
um assunto complexo para os acadêmicos.
E para solucionar isso, deve-se inserir o pensamento crítico e criativo, tanto para os
professores como para os alunos, criando um ambiente que favoreça a pesquisa, de tal forma
que surjam questionamentos que levem ao desenvolvimento das habilidades necessárias para
a criatividade.
Portanto, o pensamento crítico deve ser um aliado direto à criatividade em sala de
aula, de tal forma que os futuros arquitetos possam desenvolver suas competências de forma
adequada ao que deve ser sua formação.

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