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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTOS
PRELIMINAR
O Senhor Desembargador GEORGE LOPES LEITE - Relator
Preliminar de nulidade por inépcia da denúncia quanto ao crime
do artigo 65 da Lei 4.591/64.
A Defesa alega preliminarmente que a imputação do crime do artigo
65 da Lei 4.591/64 não foi devidamente descrita na inicial, por ausência da narrativa
de conduta típica, uma vez que se exige "afirmação falsa" para configuração do
crime, mas em nenhum momento a denúncia faz referência à prestação de
informações falsas pelos réus às supostas vítimas. Tal circunstância impediria o
efetivo exercício da ampla defesa. O tipo penal incriminador assim dispõe:
MÉRITO
O Senhor Desembargador GEORGE LOPES LEITE - Relator
A sentença condenou Ricardo Martins Moreira Júnior e Cláudia
Rossane Neiva Martins, principais administradores da Construtora Aires Costa Ltda.
e da Cooperativa Habitacional e de Serviços Nacionais - CSN, pelos crimes de
gestão temerária, em razão dos empreendimentos imobiliários lançados à praça e
não concluídos, em prejuízo de mais de trezentas e oitenta famílias. A sentença
afirma que os réus conduziram seus negócios de forma a assumir riscos
desnecessários em transações demasiadamente audaciosas e perigosas, arriscando
o dinheiro alheio de maneira inescrupulosa e assim perpetrando uma gestão
temerária, com dolo eventual, no mínimo: recebeu dinheiro dos incautos para o fim
de aquisição dos empreendimentos imobiliários Cristal do Parque, Portal do Parque,
Mirante do Parque e Golden Parque, mas não geriram corretamente esse capital, de
modo a assegurar o pagamento das obrigações assumidas com a Terracap e a
Secretaria da Fazenda do Distrito Federal. Com isso ficou inviabilizado o registro das
escrituras e a entrega das unidades prometidas à venda.
A sentença entendeu que os réus geriram temerariamente as
empresas em prejuízo dos consumidores, recebendo as suadas economias para
destiná-las aos empreendimentos citadas, sem, todavia, lograr efetivamente
construí-los e entregar as unidades prometidas à venda dentro dos prazos,
remanescendo vultosos débitos trabalhistas e também perante a Terracap e a
Secretaria da Fazenda, segundo os testemunhos colhidos (mídia de folhas 953/954).
O crime de gestão temerária se caracteriza pela direção,
administração ou gerência de um negócio de maneira imprudente ou com excesso
de confiança no êxito de um empreendimento qualquer que, diante da previsibilidade
normal, seria improvável. O agente assume riscos audaciosos e efetua transações
arriscadas, causando danos a quem lhe confiou as parcas economias. O tipo
Do mérito
"I
"1. Entre os anos de 2001 (fl. 133 - IP 267/2012) a 2013 (fls. 871/877
- IP 267/2012), os denunciados, administradores da Construtora Aires Costa Ltda.
(nome fantasia: Elo Construtora e Incorporadora) e da Cooperativa Habitacional e de
Serviços Nacionais - CSN (fl. 68 - IP 912/2012 e 885/886 - IP 627/2012), com
vontade livre e consciente, em unidade de desígnios, geriram temerariamente a
citada cooperativa e a mencionada sociedade empresarial de venda de imóveis, bem
como descumpriram as cláusulas contratuais pactuadas com adquirentes de
unidades imobiliárias, causando prejuízo a mais de 380 famílias (fls. 69/70 -
912/2012), à medida que não adimpliram suas obrigações financeiras junto à
TERRACAP e à Secretaria de Estado da Fazenda do Distrito Federal, nem
registraram as necessárias incorporações imobiliárias perante o registro de imóveis,
ocasionando a impossibilidade de obtenção das escrituras públicas pelos
compradores e obstando a realização de financiamento imobiliário.
[...]
[...]
[...]
[...]
[.....]."
Ricardo Martins Moreira Júnior (fl. 1100) e das testemunhas Bartolomeu Rodrigues
Reis e Marcelo Fernandes da Silva, formulada pela Defesa da Acusada Cláudia
Rossane Neiva Martins (fl. 1100).
Ricardo Martins serem condenados nos termos da denúncia pelo crime de gestão
temerária, conforme disposto no art. 3º, inc. IX, da Lei Federal n. 1.521/51; que a Ré
Cláudia Rossane, em Juízo, confirmou ser responsável pela cooperativa e as
informações das unidades da Construtora pode ser conseguida por meio de seu
marido, Sr. Ricardo Martins; que a Acusada confessou que ainda existe problema
com bloco do Mirante e do Golden; que ainda de acordo com ela, com os recebíveis
da construtora e da cooperativa seria possível terminar as obras e "ainda sobraria", e
todos eles viáveis; que a Acusada declarou a publicidade feita pela cooperativa na
época das vendas, para compra das unidades em Águas Claras, de forma a angariar
adquirente; que o Denunciado Ricardo Martins também revelou haver recebíveis por
parte da construtora e unidades em estoque; que o Acusado informou que as obras
referentes aos empreendimentos Golden e ao Quálitas estão paralisadas, somente
com a fundação e primeiro pavimento e sem fundação, respectivamente; que o Réu
deixou claro que havia a captação de clientes para compra das unidades por parte
da própria cooperativa, pois o projeto era da cooperativa, em consonância com o
que foi declarado pela ré Cláudia em audiência; que as oitivas referentes às diversas
testemunhas que foram vítimas das condutas dos réus, informando sobre as
propostas feitas pela cooperativa para o público em geral, por meio de stands de
vendas sobretudo, deixando-os convictos de que as obras seriam realizadas no
tempo esperado, mas que ainda encontram-se paradas, pelo menos até as datas
das realizações das audiências; que diante das oitivas realizadas, das testemunhas
e dos réus, as quais corroboram todo o acervo probatório carreado nos autos, ficou
comprovada a configuração das condutas típicas relativas ao crime contra a
economia popular (art. 65, Lei n. 4.591/64); que exsurge dos autos um conjunto
probatório harmônico, que se consubstancia nas provas documentais, bem como
nas declarações das vítimas e dos próprios réus, caracterizadores da gestão
temerária e do crime contra a economia popular perpetrados; que os fatos são
típicos, antijurídicos e culpáveis. Postulou ao final a procedência da pretensão
punitiva do Estado, com a condenação dos réus:
Penal, a fixação de valor para a reparação dos danos causados às vítimas (fls. 2234-
2243).
Por sua vez, a Defesa dos acusados Ricardo Martins Moreira Júnior
e Cláudia Rossane Neiva Martins, na mesma fase das alegações finais, aduziu,
preliminarmente, que a imputação do crime do art. 65 da Lei n. 4.591/64 não é
suscitada em qualquer momento da exordial acusatória; que não há qualquer
narrativa de conduta que dê substrato à imputação, razão pela qual o efetivo
exercício da ampla defesa não foi permitido aos réus; que o art. 65 da Lei n.
4.591/64 contém a exigência da afirmação falsa para configuração do crime em
comento, porém, em nenhum momento se vislumbra na denúncia qualquer narrativa
quanto à prestação de informações falsas pelo acusado às supostas vítimas; que o
art. 41, do Código de Processo Penal enuncia: "A denúncia ou queixa conterá a
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas."; que a ausência da informação
falsa descura-se da descrição circunstanciada que lhe exige o art. 41, do Código de
Processo Penal; que a questão assume maior relevância quando se vê que o tipo
penal invocado possui várias condutas alternativas com múltiplas elementares e, em
se tratando de imputação fática, nada pode ficar subentendido; que não é possível
se determinar ao certo nem ao menos qual dos núcleos do tipo está sendo imputado
aos acusados; que a jurisprudência doméstica é contrária à validade de denúncias
genéricas e tem vasto material acerca do assunto em tela; que a formulação de
denúncia não circunstanciada no momento da narrativa dos fatos atinge,
substancialmente, o exercício da ampla defesa e como tal, causa prejuízo
processual e material incomensuráveis; que a precariedade da denúncia é um
verdadeiro derruimento do sistema processual penal, onde o Acusado passa a ter
que se defender da capitulação delituosa e não de fatos jamais narrados na
denúncia; que o descumprimento de cláusulas contratuais não representa crime,
mas, sim, inadimplência contratual, o que de forma alguma pode ser submetido ao
crivo extremo da justiça penal, dada a fragmentariedade que incide na norma penal;
que outros ramos do Direito estão aptos à solução das questões contratuais, sem
afetação ao jus libertatisdo Acusado; que o reconhecimento da inépcia da denúncia
com relação ao crime contra a economia popular, com a nulidade do presente feito,
na parte arguida, é medida que se impõe; que o Ministério Público aproveita-se de
suas alegações finais para fazer enxerto de fatos não elencados da denúncia e, com
base neles, sustenta e pede a condenação do Réu; que o Ministério Público
extrapola a finalidade das alegações finais fazendo uma complementação dos fatos
que teriam ensejado a suposta gestão temerária; que as referidas manifestações
ministeriais, quanto à criação ou não da reserva de contingência e sua ilicitude,
devem ser desconsideradas; que o Ministério Público, em sede de alegações finais,
dispôs que o crime teria sido praticado a partir de condutas comissivas (facere), sem
que a Defesa pudesse contrapor as suas provas, em verdadeiro atentado ao
princípio do contraditório e da ampla defesa; que a norma contida no art. 384 do
Código de Processo Penal determina que, com a verificação de novos fatos que
ensejam tipo distinto, é necessário o aditamento da denúncia, ouvindo-se o Defensor
do Acusado para que a Defesa tenha a oportunidade de se manifestar e produzir
provas quanto ao trecho aditado e, em seguida, procedendo-se à continuação da
instrução; que a denúncia existe para que o Acusado tenha amplo e total
entendimento dos fatos que lhe são atribuídos; que acusações feitas com base em
quadro fático distinto do descrito da inicial, resta conspurcado o mais básico e
estrutural princípio do contraditório; que o elastério tardio da denúncia, feito em
alegações finais pelo órgão ministerial no processo em epígrafe, se traduz em
manifesta impropriedade e, portanto, deve ter o seu conteúdo desconsiderado; que a
ligação umbilical entre cooperativas e construtoras não pode ser confundida com a
ideia de unicidade, como quer fazer crer o Ministério Público, como se a coexistência
independente não fosse possível; que a parceria entre cooperativas e construtoras
se enceta é o da abertura de Águas Claras, num momento em que as grandes
construtoras refutavam a possibilidade de investimentos em espaços ainda não
urbanizados e ambicionavam a licitação de lotes em setores no Plano Piloto; que no
final dos anos 90, havia uma expectativa de liberação de empréstimo do Banco
Interamericano de Desenvolvimento para financiar a obra do metrô do Distrito
Federal; que contudo, um enorme vazio entre Guará e Taguatinga inviabilizava o
projeto, dada a inexistência do adensamento populacional necessário; que diante
desse cenário, o Governo do Distrito Federal lança mão de diversos incentivos às
cooperativas habitacionais; que nesse contexto que diversas reuniões realizadas
com a presença de altas autoridades do GDF incentivaram a multiplicação de
cooperativas e incitaram o sonho da casa própria a preço de custo; que, todavia, as
cooperativas não contavam com pessoal habilitado para edificação dos edifícios a
preço de custo para os cooperados; que se tornou imperiosa a contratação de
construtoras para a prestação desse mister, tendo tornado pública e notória; que a
relação jurídica contratual estabelecida entre a Cooperativa CSN e a Construtora
Aires Costa deu-se através do contrato de prestação de serviços, trata-se de pacto
bilateral, sinalagmático onde as partes são credoras e devedoras entre si; que a
sonhos realizados; que a suposta vítima Thiago Lenza de Azevedo, ouvida em juízo,
informou que o cenário de prédio é pronto e acabado, e de acordo com a associação
dos condôminos; que o empreendimento Cristal do Parque, segundo
empreendimento da Cooperativa CSN, surgiu por demanda dos cooperados que
perceberam o potencial da Cooperativa para servir aos seus membros também na
área habitacional; que houve um entrave simples com relação a valores que ainda
não tinham sido pagos à TERRACAP, decorrentes de inadimplência de cooperados,
mas que fora rapidamente resolvido com os esforços da cooperativa, conforme
depoimento da Ré; que nove das quatorze supostas vítimas ouvidas em juízo
pertencem ao empreendimento Cristal do Parque e no que tange ao cenário de
prédio pronto e acabado e, inclusive, com a concordância da associação dos
moradores, não seria possível utilizar os depoimentos para corroborar a tese
ministerial; que o empreendimento Mirante do Parque foi criado após os cooperados
passaram a procurar a direção da CSN com o intuito de organizar uma nova
construção em benefício dos cooperados, mas, com valor ainda mais acessível; que
a ideia inicial de construção de quitinetes, porém, os cooperados acabaram
determinando que os apartamentos seriam de dois quartos; que o empreendimento
Mirante foi diretamente atingido pelos fatos ocorridos no ano de 2007 em diante; que
com a publicação de notícias negativas e generalizadas sobre as cooperativas, bem
como fatos inverídicos que foram divulgados e que denegriram diretamente a
imagem da CSN, houve um grande índice de inadimplências e desistências; que se
inviabilizou quase que completamente a obra do Mirante do Parque, já que a
Cooperativa não tinha mais dinheiro para pagar a Construtora, se não fosse o
empenho dos denunciados; que embora ainda exista uma pequena parte a ser
entregue, os recebíveis atuais e estoques, somados com o dinheiros dos
cooperados (que a Cooperativa foi proibida de receber - dificultando ainda mais sua
atuação) pagam a dívida existente e ainda termina a construção do prédio; que a
busca incansável de concluir o contrato pactuado com a cooperativa, ainda que com
recursos próprios, os acusados estão negociando com a associação dos moradores
do empreendimento uma solução para os problemas ainda existentes, já havendo,
inclusive, minuta de acordo; que o empreendimento Golden Parque surgiu
posteriormente ao Mirante do Parque, também foi definido no padrão da Cooperativa
e possui 20 unidades imobiliárias em estoque; que as dificuldades sofridas pelo
empreendimento foram decorrentes de elementos de força maior, não há nada que
demonstre qualquer desídia dos defendentes; que o empreendimento Golden é
viável e chama a atenção de grandes construtoras; que o empreendimento Quálitas
acabou sendo abortado, não em razão dos ocorridos no ano de 2007, mas porque a
resultado - nem mesmo de que forma a fraude teria concorrido para a consecução
do delito de gestão temerária, ou, se seria um crime meio, dificultando sobremaneira
a atuação defensiva; que neste contexto de enorme imprecisão, a Defesa Técnica
buscará analisar todas as referências trazidas pela Acusação; que há uma indicação
de que a suposta fraude teria decorrido de vendas de imóveis sem o memorial de
incorporação, tal conduta é atípica, pois o registro do memorial de incorporação em
caso de cooperativa não configura requisito necessário à realização de adesões ao
empreendimento habitacional cooperado; que a fraude decorrente da ausência de
memorial de incorporação, se mostrará inexigível in casu; que os conceitos de
cooperativa e de incorporador não se confundem, que o primeiro está definido na lei
das sociedades cooperativas e o segundo na lei de incorporações imobiliárias; que
se a necessidade de memorial de incorporação ocorresse no art. 32 da Lei de
Incorporações, seria necessário o seu arquivamento no competente Cartório de
Registro de Imóveis previamente à qualquer negociação sobre unidades autônomas;
que a exigência do memorial de incorporação está prevista unicamente no art. 31-A,
§10 daquela Lei, atribuída exclusivamente ao incorporador que deseja submeter a
incorporação ao regime de afetação; que não consta de Termos de Contrato de
Adesão aos empreendimentos cooperativos a especificação do imóvel, com
informações do tipo: bloco, andar, ala, número do apartamento etc; que a suposta
fraude que decorre da falta de memorial de incorporação, ante a correta previsão
legal, esse memorial de incorporação é inexigível para o caso ora em análise e,
portanto, não há qualquer violação a dever contido no art. 32 da Lei n. 4.591, já que
não há sequer previsão de memorial de incorporação neste artigo, elidindo a
possibilidade de episódio de gestão temerária com esse embasamento; que os
empreendimentos da Cooperativa CSN os apartamentos construídos, seguindo a
praxe, foram vinculados aos cooperados apenas após o término da construção, de
forma aleatória e por meio de sorteios; que neste ínterim, fica manifesta a
inexigência do memorial de incorporação para os empreendimentos da Cooperativa
CSN e, portanto, nenhuma ilicitude pode ser imputada aos réus por não terem
procedido a expedição de tal documento, diga-se de passagem, impróprios ao caso,
memorial de incorporação não é o mesmo que memorial descritivo; que a presença
ou ausência do memorial de incorporação de nada afetaria o deslinde do feito; que o
douto Promotor de Justiça rematou por atribuir, conclui entre os defendentes, onde
nada mais há do que termos de contratos distintos que eram firmados a depender
dos seus diferentes objetos, ora com a Cooperativa, ora com a Construtora; que um
dos contratos é o de adesão, firmado por todos previamente à construção, outros
são os contratos particulares de entrega de imóvel ou de entrega de chaves, e,
gestor da Cooperativa, portanto, não tinha nem poderes, nem atribuição para gerir
(ausência de meios para alcance do resultado); que impossível figurar o Acusado
como sujeito ativo do suposto delito, mesmo porque trata-se de delito próprio, que
deve ser cometido por gestor da instituição que figura como objeto material; que se
teve que suspender ou atrasar as obras é porque não recebia os pagamentos que
viabilizam a execução dos serviços do prestador, o inadimplemento de importante
parcela dos cooperados; que não se pode antever a existência de dolo na conduta
da Acusada Cláudia Rossane na prática de qualquer ato temerário; que a
inviabilização da continuidade da prestação de serviços pela Cooperativa foi
resultante de fatores estranhos à Cooperativa, ou seja, não derivaram de qualquer
ato diretivo; que a inadimplência e desistência em massa dos cooperados como ato
de gestão, tais fatos, de forma abrupta em que se deram, foram absolutamente
imprevisíveis e, portanto, excluiriam a própria consciência ou estado anímico, sem o
qual não há de se falar em dolo; que não havendo na norma de regência a atribuição
de dever de cuidado e vigilância, não seria cabível supor uma conduta omissiva
penalmente relevante atribuível aos defendentes; que a Construtora Aires Costa
Ltda. é uma sociedade empresarial de responsabilidade limitada e a Cooperativa
CSN não é sociedade de capital, por conseguinte, nenhuma das duas se submete à
legislação especial das sociedades anônimas; que não há como o i. Promotor de
Justiça inferir que "deve ser aplicada a lei do anonimato às sociedades por quotas
de forma suplementar"; que a aplicação supletiva das normas da sociedade anônima
depende, para início de conversa entre civilistas, de previsão no contrato social; que
em relação às cooperativas, o art. 1.096, do Código Civil, determina que: "no que a
lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples,
resguardadas as características estabelecidas no art. 1094"; que é sobre um alicerce
carcomido por distorções das previsões legais que o Órgão de acusação ergue suas
increpações e infere responsabilidade penal dos defendentes, como se a tipicidade
penal - enquanto tutela das liberdades, se mostrasse de nenhum significado; que ao
concluir que o crime de gestão temerária é um crime societário por excelência,
inadvertidamente, o Ministério Público afasta a possibilidade de cometimento desse
delito pelos defendentes, vez que não são administradores de S.A. e nem acionistas;
que, conforme termos de adesão, também já referenciados, a Cooperativa não
estipulava prazo para a entrega de qualquer unidade, posto que próprio da
cooperativa é a incerteza quanto à existência do capital necessário em tempo
predeterminado, haja vista depender da adimplência de seus cooperados para que
qualquer obra seja feita; que a data de entrega do imóvel se pautava como evento
incerto e dele os cooperados dispunham de total ciência; que a Cooperativa, a quem
tanto o Ministério Público busca imputar gestão por parte do Sr. Ricardo Martins, não
continha, em seus contratos de adesão, prazo para a entrega do empreendimento;
que se não há prazo, não há como se falsear a respeito da data da entrega do
empreendimento; que em nenhum momento se provou que qualquer dos acusados
possuíam qualquer conhecimento real sobre os insucessos que viriam a sofrer os
empreendimentos da Cooperativa CSN; que, por conseguinte, se esses não sabiam,
então não lhes pode ser imputado qualquer falso penalmente relevante; que a douta
acusação não logrou minimamente em demonstrar o conhecimento e a vontade dos
acusados em enganar qualquer pessoa; que os réus jamais se omitiram ou deixaram
de comparecer ao seu local de trabalho, recebendo a todos que os procuram; que
não há qualquer crime narrado; que o surgimento de condições que impedem a
continuação de uma obra, seja de forma irremediável ou parcial, não implica em
qualquer crime previsto no ordenamento jurídico doméstico, mas sim, no máximo,
em descumprimento contratual, onde, na seara cível, deverá se verificar a existência
ou não da responsabilidade civil; que está claro que a própria concepção da
ocorrência de qualquer crime figura apenas como questão que se admite para traçar
todos os contornos possíveis da ação penal em epígrafe, pois, em verdade, os
acusados não geriram de forma temerária nenhum empreendimento; que de forma
subsidiária às teses, sucessivamente, de nulidade/inépcia da denúncia, nulidade do
processo por violação ao contraditório e ampla defesa e ao art. 384, CPP e da
atipicidade da conduta narrada em alegações finais do Parquet, mostra-se
necessário tratar do concurso de crimes em relação à imputação do tipo do art. 65
da Lei n. 4.591/64; que ocorre que (sem abstrair-se o insólito) mesmo que se
considere tais apontamentos como consistentes e hábeis à condenação do Réu, não
se pode aferir à ideia de concurso material; que, por conseguinte, não há outro
caminho a ser trilhado - ressalvada a improcedência da ação - senão a adoção da
continuidade delitiva, estabelecendo-se a dosimetria de acordo com a parte final do
art. 71, caput, do Código Penal. Ao final, a Defesa requereu:
É o relatório.
Decido.
II
(...)
por parte das pessoas considerando o preço dos imóveis; que o Portal do Parque
está todo entregue; que a procura era por um empreendimento com menor preço, foi
quando entrou o Mirante do Parque; que todos os empreendimentos eram de dois
quartos e tinha um preço popular; que foi votada em assembleia a contratação da
Construtora Aires Costa; que os cooperados já conheciam Ricardo e aceitaram a
contratação; que Ricardo já fazia um trabalho em Águas Claras; que a Construtora
Aires Costa ofereceu um preço bem melhor; que a implantação de novos projetos
surgiram em face de uma demanda dos cooperados; que as pessoas começaram a
confiar nas cooperativas; que todas as decisões pertinentes aos projetos eram
votadas em assembleia; que a demanda só parou após a notícia da paralisação das
obras e da entrada das construtoras em Águas Claras; que na Cooperativa não
houve a chamada "bicicleta"; que todo o recebível e o estoque do Portal foi
negociado com o condomínio; que todos os problemas do Portal foram sanados; que
o Cristal tinha uma dívida pequena na TERRACAP; que o problema do Portal iniciou
com a TERRACAP negando a escritura; que a dívida do INSS só costumava ser
quitada no final do empreendimento; que a obrigação do INSS é dos cooperados,
que a construtora não é responsável; que todos os débitos eram dos cooperados;
que o problema do Cristal foi resolvido; que os recebíveis do Mirante são suficiente
para pagar a TERRACAP e terminar de construir o prédio; que a interroganda
chegou a fazer um estudo com a Antares para a construção do Mirante; que com a
história do golpe a Antares desistiu da parceria com a CSN; que todo dinheiro que
entrava na CSN era dividido por empreendimento; que para fechar um contrato de
compra e venda é necessário um memorial de incorporação; que no contrato de
adesão são juntados os esforços para criação de um grupo; que em todo contrato de
adesão é claro as obrigações dos cooperados; que não justifica dizer que assinou o
contrato e não sabia que tratava de uma cooperativa; que no contrato há que o
memorial de incorporação será depositado; que uma cláusula é que era previsão e
não entrega; que todas as obrigações até o final da construção do prédio estavam
descritas no contrato; que havia sorteio para direcionar as garagens; que não havia
vinculação nas garagens; que os cooperados eram submetidos às votações; que
acontecia de cooperados efetuarem trocas entre eles e a Cooperativa acatava; que
não existia diferença de preços entre as unidades; que a CSN não visava lucro; que
a CSN tinha um contador contratado para gerir as receitas e despesas; que a
interroganda obteve muita dor de cabeça na direção da CSN; que a interroganda
fazia por amor ao projeto; que nem a "Minha Casa Minha Vida" construía da maneira
que a Cooperativa constrói; que todos os detalhes pertinentes aos projetos
passavam por votação em assembleia; que o prazo de entrega de imóveis das
construtoras eram bem inferiores aos das cooperativas; que as grandes construtoras
tinham financiamento bancário e a entrega dos imóveis era em um prazo menor; que
as construtoras também ofereciam seguro de entrega; que fez um projeto de análise
econômica para avaliar a situação do Mirante; que há uma minuta acerca da
negociação do Mirante; que tanto o Mirante como o Golden são empreendimentos
viáveis; que tem um acordo em curso com a cooperada Eliete; que a interroganda e
Ricardo precisaram colocar recursos próprios para resolução das pendências; que
Fabrício recebeu a loja mesmo não querendo; que Fabrício já vendeu a loja para
terceiro; que Fabrício disse que a entrega da loja seria um golpe; que todos os
cooperados estavam cientes das suas responsabilidades; que até o ano de 2007
tudo em Águas Claras era cooperativa; que a CSN trabalhava em função de explicar
aos cooperados o que era uma cooperativa; que a CSN fazia uma publicidade do
que era uma cooperativa; que só escutou falar em construtora depois de 2007; que a
interroganda só fazia o que os cooperados queriam; que os cooperados eram co
responsáveis pela gestão da CSN; que os cooperados poderiam destituir a diretoria
da Cooperativa a qualquer momento; que a CSN trabalhou com a COOPERDUC,
COAGE, COOPERBRAPA e várias outras; que a interroganda e Ricardo não
visaram lesar os cooperados; que a Construtora Aires Costa era contratada pela
CSN; que a maioria das cooperativas contratavam a Construtora MB; que a
interroganda espelhava nas outras cooperativas para desempenho das funções; que
as grandes construtoras absorveram as cooperativas; que não houve prejuízo aos
cooperados; que a Construtora Aires Costa tem todos os créditos com a CSN; que
todos os contratos iniciaram com adesão dos cooperados; que os imóveis dados em
dação em pagamento eram vendidos pela Construtora; que a Construtora vendia os
imóveis através do contrato de compra e venda; que no inicio a Cooperativa figurava
nos boletos de pagamentos; que os boletos em nome da Construtora foi a tentativa
de pagar em duplicidade o CPMF; que o fato de querer pagar menos imposto é um
meio lícito; que não existe qualquer reclamação acerca da qualidade dos imóveis
entregues pela CSN; que a interroganda acompanhava pessoalmente a entrega dos
imóveis pela Construtora; que os cooperados entravam em contato com a
Construtora para efetuar reparos; que a interroganda e Ricardo sempre estiveram a
disposição para resolver os problemas; que o contrato de adesão não possuía
nenhum tipo de fraude; que logo que a obra era iniciada os cooperados começavam
fazer visitas no canteiro de obras; que Ricardo estava sempre presente nas obras;
que os cooperados julgavam que Ricardo era o verdadeiro responsável pela obra;
que as visitas dos cooperados eram constantes; que qualquer problema da obra era
resolvido com Ricardo; que a interroganda acompanhava a obra e cobrava
criada para viabilizar o projeto do metrô; que havia um vazio demográfico que
precisava ser preenchido entre o Guará e Taguatinga; que o Governo criou várias
cooperativas para atender a demanda; que vários incentivos foram prometidos por
parte do Governo para Águas Claras, mas nada disso aconteceu; que praticamente
só existiam cooperativas no início de Águas Claras; que as construtoras e
imobiliárias não queriam ir para Águas Claras; que as construtoras adquiriam os
terrenos e ficavam aguardando a valorização do mercado; que as cooperativas
tocavam a obra desde o início; que até hoje as construtoras possuem vários terrenos
em Águas Claras; que cada projeto da CSN tinha seu objetivo e caixa; que várias
cooperativas desenvolveram o mesmo projeto desenvolvido pela CSN; que a CSN
nunca foi uma cooperativa de fachada; que a CSN foi criada em 1998 e teve
atividade regular na execução de trabalhos com lisura; que os investimentos dos
empreendimentos eram separados; que na Cooperativa todas os compromissos com
terreno, tributos, construção e documentação era de responsabilidade dos
cooperados; que os cooperados eram os contratantes de serviços e não clientes da
Construtora; que a Construtora foi contratada pela Cooperativa para prestação de
serviços; que todas as cooperativas recorriam às construtoras para execução das
obras; que a MB Engenharia (atualmente Brookfild) e a Vegas Engenharia
executaram várias obras para as cooperativas em Águas Claras; que a contratação
da Construtora Aires Costa foi aprovada em assembleia; que o interrogando não
possuía recursos para construção de prédios; que o interrogando prestou muitos
serviços em Águas Claras e fez um bom serviços; que a Construtora Aires Costa
ofereceu um bom preço para a CSN; que os apartamentos da CSN eram
apartamentos pequenos e com preço popular; que os recursos dos cooperados eram
limitados; que, considerando a localização do terreno, os imóveis teriam valor mais
elevados caso tivessem sido construídos por grandes construtoras; que os
acabamentos eram definidos em assembleia pelos cooperados; que foram
apresentadas três sugestões de materiais com mesmo nível para votação; que os
cooperados que perdiam na votação acabavam acatando a maioria; que o
interrogando participou de assembleias para votação de material; que sempre tinha
um representante da Construtora nas assembleias; que a Construtora buscava
acompanhar os cooperados para prestar esclarecimentos; que não existia diferença
de preços entre os imóveis adquiridos pelos cooperados; que os cooperados
submetiam a um sorteio para escolha dos imóveis e vagas de garagem; que as
construtoras estipulam valores diferenciados para venda de imóveis; que a Aires
Costa recebeu imóveis da Cooperativa como pagamento de dívidas; que todos os
contratos foram feitos através da CSN; que algumas unidades foram repassadas
Claras; que o Governo limpou Águas Claras para entregar para as construtoras,
houve derrubada de lojas e stands; que foi iniciado a caça às construtoras; que a
TERRACAP mudou totalmente em relação às cooperativas; que aumentou a
problemática por parte da TERRACAP, no sentido de liberação de documentação
para com as cooperativas; que o Portal do Parque foi a primeira obra feita pela
Cooperativa e Construtora; que a Construtora Aires tinha interesse em apresentar
um bom trabalho e por isso fez muito mais do que havia combinado com a CSN; que
a intenção foi fazer o melhor para os cooperados; que o Portal é um prédio e está
localizado em área nobre; que o Portal foi construído no prazo previsto e finalizou
com toda documentação; que todos os cooperados do Portal receberam seus
imóveis; que no momento de receber a documentação a TERRACAP não queria
liberar a escritura; que a TERRACAP resolveu exigir o terreno de volta enquanto já
existia o prédio finalizado; que o Ministério Público precisou intervir para a
TERRACAP liberar a escritura, em meados de 2012; que todos os apartamentos do
Portal do Parque estão escriturados; que não é comum a TERRACAP exercer o
direito de preferência e querer comprar de volta um terreno; que a situação causou
estranheza; que o valor do prédio era bem superior ao valor do terreno; que o Cristal
do Parque foi o segundo empreendimento projetado pela Cooperativa Aires Costa;
que o empreendimento foi um sucesso; que o prédio foi entregue com excelente
qualidade; que todos os cooperados ficaram satisfeitos com os apartamentos do
Cristal; que houve dificuldade em regularizar a obra e pagar a parte do terreno; que
tudo ficou resolvido acerca da regularização da obra; que todas as dívidas com o
terreno e impostos com o INSS são de responsabilidade dos cooperados; que o
Mirante do Parque foi concluído o bloco A; que os cooperados apresentaram enorme
satisfação com o empreendimento; que o segundo bloco está praticamente 95%
concluso; que falta alguns detalhes da área de lazer do prédio; que as lojas e o
empreendimento já estão sendo entregues; que várias unidades já foram entregues;
que existe um interesse de negociação com a associação, existindo uma minuta do
citado acordo; que a Construtora Aires Costa possui de recebíveis suficientes para
viabilizar o término da obra do Mirante; que a Construtora não concluiu o prédio pelo
fato do término das cooperativas; que o interrogando não desviou dinheiro do
Mirante ou de qualquer outro empreendimento; que os problemas de inadimplência
ou desistência dos cooperados contribuíram significativamente para impedir a
conclusão dos empreendimentos; que os cooperados ao desistirem do
empreendimento queriam receber o montante investido de uma só vez e com as
devidas correções; que aconteceu o efeito manada; que os cooperados resolveram
desistir por insegurança; que a construtora cobrava um valor superior pelo imóvel,
a audiência é uma forma de esclarecer os reais fatos; que o CRECI com base em
uma denúncia do Ministério Público retirou o direito do interrogando exercer sua
função de corretor; que o interrogando não teve direito de defesa diante às situações
enfrentadas; que a Know How foi uma empresa bem conceituada em Taguatinga;
que a Know How só existia um CNPJ e o que existia a mais eram as filiais; que a
Construtora Aires Costa não fez nenhum lançamento de empreendimento; que os
imóveis pertenciam à CSN; que a Construtora Aires Costa recebia normalmente da
CSN no início das obras (mídia fl. 1156).
prorrogando até que a declarante percebeu que havia algum problema, tendo
descoberto junto a TERRACAP que o terreno não havia sido pago; que pediu
também um documento à Construtora referente a situação do INSS, tendo recebido
um documento onde consta que a Construtora tem uma dívida no valor de R$
500.000,00 com o INSS; que nunca foi convidada a participar de nenhuma
assembléia da Cooperativa para tratar de assunto relativo ao imóvel; que tentou
diversas vezes conversar com a Presidente da Cooperativa Cláudia Rossane Neiva
Martins, contudo somente teve acesso às funcionárias da Cooperativa; que verificou
que existem diversas Ações na Justiça contra a Construtora, tendo a declarante
também ajuizado ação juntamente com mais 8 proprietários do Cristal do Parque no
ano de 2011; que tem conhecimento que o último empreendimento lançado pela
cooperativa chamado Golden Parque está parado na fase de fundação, e o Mirante
do Parque somente foi entregue um dos blocos aos proprietários" (fls. 328/329).
que foi vítima nos autos; que na época existia uma stand de vendas
na EPTG; que na stand possuía uma maquete do empreendimento; que a depoente
adquiriu duas unidades; que a depoente não chegou a falar com o Acusado Ricardo;
que a associação contratou um advogado para resolver a questão; que alguns
acordos foram fechados diretamente com o Denunciado Ricardo; que não sabe
informar o nome da pessoa responsável por fechar o contrato do imóvel com a
depoente; que desconhece a pessoa de Cláudia; que reconhece as assinaturas do
contrato acostadas às fls. 50/54; que o prejuízo sofrido pela depoente foi de não
receber as unidades nas datas determinadas e ausência do habite-se; que a
depoente não consegue vender o apartamento pela falta de escritura; que o terreno
do empreendimento não foi totalmente pago; que constam vários débitos referente
ao lote em questão; que a depoente não fechou negócio na presença dos acusados
Ricardo e Cláudia; que ao receber os imóveis faltava apenas uma parcela para
quitação dos imóveis; que a intenção da depoente era financiar o imóvel, mas a
entrega do imóvel demorou tanto que não foi necessário fazer o financiamento; que
a depoente quis vender o imóvel e não conseguiu pela falta da escritura; que todas
as decisões foram tomadas em conjunto com os proprietários dos imóveis; que os
que o depoente também foi vítima nos autos; que adquiriu a unidade
do Cristal do Parque; que o depoente teve prejuízo; que os moradores montaram
uma cooperativa e o prejuízo foi dividido entre os proprietários dos imóveis; que o
depoente não recorda do valor do prejuízo sofrido; que a cooperativa tinha um
escritório com corretores responsáveis pelas negociações dos imóveis; que o
depoente não recorda com quem negociou e fechou o contrato; que à época os
proprietários dos imóveis assinaram os contratos com a presença dos acusados; que
pessoa que adquiriu o seu imóvel; que a depoente não teve contato pessoal com os
acusados Ricardo e Cláudia; que no momento da aquisição do imóvel a depoente
soube da CSN; que a depoente recebeu o imóvel no ano de 2009; que a depoente
residiu no imóvel; que o prédio estava praticamente todo ocupado quando a
depoente residiu lá; que a depoente quitou todo o débito relativo ao imóvel (mídia fl.
1070).
que é vítima nos fatos; que em 2006 adquiriu o imóvel em uma stand
de vendas na EPTG; que o empreendimento adquirido pelo depoente foi no Cristal
do Parque; que o empreendimento já estava com a última laje construída quando o
depoente comprou; que não recorda do nome da pessoa que vendeu o imóvel ao
depoente; que somente depois de ter recebido o contrato é que verificou a existência
da Cooperativa CSN; que depois de muita luta conseguiu receber o imóvel; que o
depoente não precisou pagar nada além do contratado; que a previsão inicial para
receber o imóvel era dezembro de 2006; que o depoente entrou para o imóvel em
março de 2008, mas sem documentação; que não recebeu documento do imóvel até
a presente data; que foi formada uma associação na tentativa de agilizar a
documentação do imóvel; que os moradores precisaram arcar com algumas
despesas; que somente consta uma escritura para todos os imóveis; que cada
morador pegou uma escritura com 1/96 avos; que não tem certeza se a sua unidade
encontra-se discriminada no Cartório de Registro de Imóveis; que a Sra. Elma
consegue fornecer maiores detalhes acerca do caso; que a associação permanece
até a presente data; que o acusado era a pessoa responsável pela Cooperativa; que
a Cooperativa funcionava em um endereço no SIA; que os moradores costumavam
pegar boletos para pagamento na Cooperativa; que os problemas alegados pela
Cooperativa eram habite-se e pendências de pagamentos; que foi arrecadado dos
moradores um valor para pagamento de parte do terreno; que os moradores
pagaram por um bom tempo o valor exigido; que existiam débitos com funcionários e
valores devidos para a TERRACAP; que o depoente quitou o imóvel antes do prazo
determinado; que desconhece algum tipo de calote em desfavor da Cooperativa
CSN; que débitos da moradora Glaucia ocasionou a ação movida pelos moradores;
que a Construtora Aires Costa estava devendo à moradora Glaucia e não à
associação; que foi repassado alguns débitos de moradores para a associação em
um período máximo de 1 ano; que até a presente data a depoente não recebeu a
documentação do imóvel; que a depoente pagou alguns valores destinados ao INSS
e TERRACAP; que Ricardo era o responsável pela Construtora Aires; que a
depoente avistou Ricardo uma só vez; que a depoente costumava tratar com a
secretária do Ricardo; que a depoente pagou pelo imóvel ao antigo proprietário, mas
a cessão do contrato foi feita na Construtora; que os ônus do imóvel ficaram na
responsabilidade da depoente; que espera receber pelo valor investido para
pagamento de despesas; que segunda a D. Elma, responsável pela associação, o
habite-se já está em fase de tramitação; que foi residir no imóvel sem o habite-se por
acreditar que o mesmo já existia; que a depoente julgava que estivesse tudo ok com
a documentação do imóvel, somente depois descobriu a real situação; que não
pesquisou junto ao Cartório de Registro de Imóveis antes de adquirir o imóvel; que o
escritório da Construtora estava localizado em Águas Claras; que houve uma
negociação entre a associação e a Construtora acerca das despesas adicionais
pagas pelos moradores, porém, não sabe informar se efetivou; que os condôminos
seriam ressarcidos dos valores tão logo o acordo acontecesse (mídia fl. 1070).
imóvel; que a depoente fez a proposta aos denunciados de receber o valor investido
sem qualquer atualização; que a depoente teve contato pessoal com Ricardo na
Construtora; que Ricardo sempre apresentou-se como responsável pela Construtora;
que Ricardo informou não possuir dinheiro para acordo com a depoente; que a
depoente vendeu o carro para usar como entrada do apartamento e juntou férias e
décimo terceiro para pagar as intermediárias; que a Construtora possuía uma stand
com um apartamento decorado; que a depoente criou sonhos com a aquisição do
imóvel; que uma das secretárias da Construtora sentou com a depoente para
escolha da unidade; que as secretárias da Construtora diziam que todas as decisões
eram combinadas com os diretores e engenheiros; que a depoente continuou
pagando pelo imóvel até saber do "golpe da pedalada"; que o empreendimento
adquirido pela depoente ainda não foi construído e está sendo deteriorado; que o
prédio adquirido pela depoente é o Golden Parque; que existe uma associação
desde o ano de 2011, mas para a depoente entrar terá que investir um valor de R$
10.000,00 (dez mil reais); que a depoente não faz parte da associação por ter ficado
desacreditada; que um advogado orientou que a Construtora não possui bens; que a
rescisão assinada pela depoente deve tratar do antigo prédio (Quálitas); que a
depoente tem guardado toda documentação pertinentes ao assunto; que não
recorda do valor investido no imóvel; que não adentrou com nenhuma ação judicial
para recebimento do valor investido; que a depoente fez uma ocorrência junto à
Delegacia do Consumidor; que evitou entrar com uma ação para evitar mais gastos;
que o problema do imóvel gerou várias dívidas à depoente; que tem conhecimento
que um dos prédios da Construtora teve problema com a TERRACAP; que o
problema é relativo ao débito de um terreno; que o jornal citava que 400 famílias
foram lesadas com o "golpe da pedalada"; que alguns moradores participaram da
associação para tentar reaver o investimento; que outros moradores entraram com o
auxílio de advogados (mídia fl. 1070).
solucionar as pendências; que o prédio possuía muitas pendências, entre elas IPTU
em atraso dentre outras taxas; que o empreendimento não existia débito com a
TERRACAP; que não existia o habite-se e conseguiram averbar; que a planta do
prédio não estava correta; que foi necessário contratar um engenheiro para refazer a
planta; que os moradores não tinham tanto contato com Ricardo; que conseguiram o
contato do Ricardo e o depoente entrou em contato com ele; que a comissão de
moradores estiveram presentes na reunião com Ricardo; que Ricardo tinha
conhecimento dos débitos existentes; que existia um apartamento com um crédito
para Ricardo receber; que ficou resolvido em assembleia a possibilidade de receber
o crédito do apartamento para sanar os débitos existentes; que Ricardo passou o
crédito para a associação; que o crédito não abrangeu todas as despesas para com
os débitos; que a parte faltante foi revertida em taxa extra entre os moradores; que
os moradores não procuraram Ricardo para receber a diferença; que deixaram o
valor faltante para lá; que cada unidade pagou em torno de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) pelo valor faltante; que o prédio possui 120 unidades; que os imóveis
atualmente encontram-se regularizados; que cada unidade possui a sua fração na
escritura; que foi feito uma divisão de forma amigável; que foi feito uma reunião, à
época, e Ricardo informou que não tinha condições financeiras de pagar pelos
débitos; que Ricardo cooperou com os moradores; que Ricardo compareceu várias
vezes ao Cartório para assinar as frações ideais; que Ricardo compareceu na
Secretaria de Fazenda para parcelar o débito do IPTU; que a doação do imóvel não
foi suficiente para pagar os débitos arcados pelos moradores; que Ricardo sempre
aparentou ser uma pessoa simples (mídia fl. 1070).
trabalha informando terem sido vítimas da situação; que o escritório auxiliou essas
pessoas na questão; que o depoente fez uma avaliação do custo do terreno em caso
de uma provável edificação, baseado nos documentos entregues ao depoente; que
um pequeno memorial serviu de base para a avaliação; que não teve qualquer
contato com os denunciados; que as plantas foram fornecidas pelo pessoal da
associação; que o depoente analisou o aspecto legal da documentação
apresentada; que o depoente verificou que no nome da Construtora Aires já havia
uma indisponibilidade do bem por outra questão, não recordando de que se tratava;
que as plantas apresentadas não possuíam elementos probatórios; que foi feito uma
visita no canteiro de obras; que o depoente anexou fotos do local ao laudo; que a
obra possuía pouca coisa construída; que a estrutura que estava lá permaneceu por
vários anos; que o depoente assinou vários laudos pagos pela associação; que o
trabalho foi feito para auxiliar a associação no bojo de levantamentos para
estruturação; que o depoente não tem conhecimento do motivo da obra não ter
andado; que as vítimas comentaram que haviam adquirido o imóvel há cerca de
quatro, cinco ou seis anos e que nada receberam; que o depoente visualizou um
memorial descritivo com uma cooperativa nacional de alguma coisa (CSN); que o
depoente não foi atrás para obter maiores informações da Cooperativa; que na
matrícula da Construtora foi detectado uma indisponibilidade à época; que o
depoente não sabe informar o real motivo da indisponibilidade; que o depoente
acompanha o mercado imobiliário como um todo; que passou no local dias atrás e
viu que a obra continua do mesmo jeito; que vários prédios foram construídos desde
2008 nas proximidades; que não é possível afirmar quantos prédios foram
construídos nas proximidades; que num período de 2 anos ou 2 anos e meio é
possível construir um prédio; que a velocidade de construção vai muito em relação
ao mercado; que o depoente tem absoluta certeza que outras construtoras
levantaram prédios na região; que não acompanha se algo foi construído no terreno
do denunciado; que é perfeitamente aceitável um atraso na entrega do imóvel de até
seis meses; que, diante de um atraso não justificável e a veiculação de notícia
negativa, o efeito "manada" tende a acontecer, em especial pelas pessoas que
adquiriram os imóveis; que as pessoas não costumam adquirir imóveis com
veiculação de notícia negativa (mídia fl. 1070).
entre os cooperados que estavam pagando e a obra continuava sem iniciar; que
naquele período a mídia passou a dar grande enfoque com os problemas
enfrentados pelas cooperativas; que muitos cooperados desistiram por causa das
notícias denegrindo as cooperativas; que os preços de mercado de uma construtora
era 30% maior que uma cooperativa; que existiram muitos problemas com as
cooperativas; que no início a TERRACAP buscava facilitar a entrada das
cooperativas; que a TERRACAP mudou o posicionamento considerando que
algumas cooperativas começaram a dar problemas; que comprar de cooperativas de
Águas Claras era adquirir problemas; que a TERRACAP precisava vender e fazer
caixa; que a direção da TERRACAP foi preenchida por indicações de grandes
empresários de construtoras; que o foco mudou totalmente no sentido de beneficiar
às construtoras; que o depoente conheceu donos de cooperativas que atuavam com
boa fé; que o depoente não é amigo do Acusado, mas teve relação comercial com o
mesmo; que já ouviu falar em cooperativa de fachada; que o depoente participou da
COOPEJUS como engenheiro fiscal; que tem conhecimento que os primeiros
diretores da COOPEJUS foram denunciados; que nenhum diretor da COOPEJUS
fazia parte da Justiça Federal; que o presidente da COOPEJUS, à época, era o Dr.
Paim, que era da Justiça Federal; que a CENTRALJUS era uma cooperativa de
fachada; que a diretoria da COOPEJUS fundou a CENTRALJUS; que o pessoal que
contratou o depoente foi destituído e a nova direção fundou a CENTRALJUS; que
conheceu a imobiliária Know How, administrada pelo Acusado; que desconhece o
Denunciado ter sido punido pelo CRECI; que desconhece ter o CRECI cancelado o
registro do Acusado; que não via o Denunciado há mais de dez anos; que já ouviu
falar na expressão "bicicleta" na área de construção civil; que só conheceu os
primeiros empreendimentos lançados pelo Acusado; que não recorda dos nomes
dos empreendimentos lançados pelo Denunciado; que em 2001 o depoente era
Administrador de Águas Claras; que o depoente esteve na inauguração de dois
empreendimentos do Acusado; que em 2001 o depoente participou da inauguração
do Cristal Parque; que o depoente participou da inauguração de outro
empreendimento do denunciado na Avenida Parque Águas Claras; que o depoente
ficou como Administrador de Águas Claras até maio de 2004; que não participou dos
lançamentos nos anos de 2004 e 2008; que conhece as cooperativas habitacionais
de Águas Claras; que não conhece a Cooperativa Habitacional de Serviços
Nacionais, nunca ouviu falar; que não deixaria de acreditar que a Cooperativa
Habitacional de Serviços Nacionais já existia naquela época e era presidida pelos
denunciados (mídia fl. 1119).
que a Acusada Cláudia não era a dona da obra; que a responsabilidade era de todos
os cooperados; que a cooperativa é totalmente transparente; que a diferença entre
um imóvel adquirido por uma cooperativa e uma construtora era muito diferente; que
a construtora oferece a garantia de entrega do imóvel; que por Lei a construtora
pode atrasar até seis meses para entregar do imóvel; que o cooperado não tinha
acesso ao financiamento bancário; que o cooperado não tinha a garantia de entrega
do imóvel; que o imóvel não estava no nome do cooperado; que as cooperativas
trabalhavam com projeto bastante inteligente; que em uma projeção eram vendidos
dois ou três blocos; que certa vez chegaram a vender nove blocos em uma projeção;
que dentro daquela projeção onde tinham vários blocos, ao concluir a adesão, todos
se juntavam para construir o primeiro bloco; que aquele do primeiro bloco não tinha
quitado e estava pagando para construir o segundo bloco; que construindo o
segundo todos continuavam pagando para construir o terceiro bloco; que isso
acontecia até terminar todo o empreendimento; que diante de inadimplência e
desistência todo o grupo era prejudicado; que as cooperativas não possuíam seguro,
além do seguro de morte; que as construtoras não possuem seguro, mas tem a
obrigatoriedade de entregar a obra quando vende diretamente; que as cooperativas
tinham um grande incentivo do governo à época da criação de Águas Claras; que as
cooperativas tinham um projeto e ao alcançar uma quantidade de adesão (cerca de
70 ou 80%), outro projeto começava a ser estudado; que não havia irregularidade na
questão de lançar um projeto enquanto o outro estava em andamento; que a
Cooperativa do Senado lançou vários empreendimentos em Águas Claras; que as
grandes cooperativas tentaram migrar para outras cidades; que as cooperativas
foram enfraquecidas pelo próprio Governo; que a criação do "Minha Casa Minha
Vida" ajudou as construtoras; que a cooperativa não conseguir oferecer bônus; que
o governo não oferecia tanto incentivo às cooperativas; que as construtoras
receberam muito apoio dos governos estaduais e federais; que as construtoras
começaram a fazer um trabalho de difamar as cooperativas; que a concorrência
tornou-se desleal entre construtoras e cooperativas; que, enquanto tinha uma central
com um número pequeno de adesionistas, havia vários corretores fazendo um
trabalho forte para atrair clientes; que os corretores faziam questão de mostrar o
documento do imóvel para mostrar que era seguro fazer aquisição com eles; que
desconhece qualquer veiculação de notícia sobre golpe da CSN; que a cooperativa é
como um condomínio; que a assembleia é soberana; que se os cooperados
sentissem lesados poderiam destituir o presidente da cooperativa; que era comum
as cooperativas manterem parcerias com as construtoras para edificação dos
empreendimentos; que a cooperativa costumava escolher dentre três construtoras
1154).
Cooperativa; que do ano de 2007 para a atualidade só declinou a CSN; que a receita
da Cooperativa era real; que não recorda da Construtora Aires Costa atuando ou
arquitetando com outras cooperativas; que o depoente era o responsável pela folha
de pagamentos, recolhimento de tributos e declarações de Imposto de Renda; que a
contabilidade recebia a documentação para faturar, apurava os tributos que são
devidos e encaminhava para a Cooperativa fazer os pagamentos; que a
responsabilidade do recolhimento não é da contabilidade; que já fez parcelamentos
de Imposto de Renda, COFINS e PIS da Cooperativa; que alguns desses
parcelamentos foram pagos e outros estão em aberto; que o pedido de
parcelamento de tributos é algo corriqueiro tanto para Pessoa Física como Jurídica
(mídia fl. 1154).
Neste sentido:
I - (......)
I - (.......)
que, diante das características de tais pessoas jurídicas, podem ser atingidas em
número elevado pela gesta fraudulenta. Tipo objetivo: gerir é exercer a gerência,
gerenciar, administrar, comandar as decisões tomadas na atividade de certa pessoa
jurídica. (...) Temerariamentesignifica gestão perigosa, arriscada, sem o devido
cuidado ante o fato de administrar bens de terceiros ou que lhes possa provocar
danos. A gestão temerária não se caracteriza, portanto, pela ofensa direta à lei, mas
sim pela conduta do administrador descuidado, inconsequente na administração das
pessoas descritas no dispositivo. Tal atuação fraudulenta ou temerária deverá
ocorrer na administração das entidades descritas no dispositivo, com exclusão
daquelas que se enquadrarem no conceito de instituição financeira, quando
abarcadas pelo art. 4º, Lei nº 7.492/86. Em todos os casos o que se tem é a
administração de capital ou bens da população em geral, que investiu patrimônio em
mãos da pessoa jurídica gerida pelo gestor, pretendendo, no futuro, receber um bem
específico, como um imóvel, ou o pagamento de pensão ou renda vitalícia". (SILVA,
José Geraldo da. BONINI, Paulo Rogério; coordenador: Wilson Lavorenti. Leis
penais especiais anotadas. 12. Ed. - Campinas, SP: Millennium Editora, 2011. p. 71-
72.
Todavia, como já consta dos autos, a CSN não era exatamente uma
cooperativa nos termos da Lei, mas sim uma "cooperativa de fachada", a qual era
usada para ludibriar os consumidores, objetivando mascarar a relação de consumo
com os promitentes compradores das unidades imobiliárias e obstaculizar a
fiscalização estatal, com o fim de descumprir a lei de incorporação imobiliária. Neste
particular, registro que o fato de a Construtora e a Cooperativa possuírem sedes
distintas não é fator fundamental para descaracterizar que a Cooperativa seja de
fachada.
(...)
(...)
(...)
amoldam-se aos tipos previstos no art. 3º, inciso IX, segunda parte, da Lei Federal n.
1.521/51 por 02 (duas) vezes, na forma do art. 71 do Código Penal) e no art. 65 da
Lei n. 4.591/64 por 04 (quatro) vezes, na forma do art. 71 do Código Penal), ambos
os crimes na forma do art. 69 do mesmo Código Penal.
Por outro lado, não vejo nos autos qualquer circunstância que exclua
a ilicitude dos fatos ou que exclua ou diminua a culpabilidade dos acusados Ricardo
Martins Moreira e Cláudia Rossane Neiva Martins que, pois, eram imputáveis,
tinham plena consciência dos atos delituosos que praticaram e era exigível que se
comportassem de conformidade com as regras do direito.
"a CSN não era exatamente uma cooperativa nos termos da Lei,
mas sim uma "cooperativa de fachada", a qual era usada para ludibriar os
consumidores, objetivando mascarar a relação de consumo com os promitentes
compradores das unidades imobiliárias e obstaculizar a fiscalização estatal, com o
fim de descumprir a lei de incorporação imobiliária. Neste particular, registro que o
fato de a Construtora e a Cooperativa possuírem sedes distintas não é fator
fundamental para descaracterizar que a Cooperativa seja de fachada.
É o voto.
Do mérito
"I
"1. Entre os anos de 2001 (fl. 133 - IP 267/2012) a 2013 (fls. 871/877
- IP 267/2012), os denunciados, administradores da Construtora Aires Costa Ltda.
(nome fantasia: Elo Construtora e Incorporadora) e da Cooperativa Habitacional e de
Serviços Nacionais - CSN (fl. 68 - IP 912/2012 e 885/886 - IP 627/2012), com
vontade livre e consciente, em unidade de desígnios, geriram temerariamente a
citada cooperativa e a mencionada sociedade empresarial de venda de imóveis, bem
como descumpriram as cláusulas contratuais pactuadas com adquirentes de
[...]
do Parque
[...]
[...]
[...]
[.....]."
Sousa, Gilvan André Ribeiro, Célio de Alencar Lima, Luiz Carlos de Lima Meirelles e
Fabrício Soares Mourão (mídia fl. 954); Lucimar Souza de Queiroz, Antônio
Bartasson Neto, Arilson Alves de Oliveira, Vilma Maria Dantas Sousa, Patrícia Souza
Galvão, Cláudia Regina Ferreira, Eliete de Lemos Cardo, Orlando Pereira Gomes e
Thiago Lenza de Azevedo (mídia fl. 1070); Jadder Maurício Aires Barbosa (mídia fl.
1119); Clenilda Aguiar Maia, Edvaldo Lima de Aguiar, Fernando Feliciano Lopes,
Eduardo Correa de Resende e Gean de Sousa Nascimento (mídia fl. 1154). A
testemunha Saulo Lúcio de Oliveira foi ouvida por meio de carta precatória (fl. 1179
e verso).
Por sua vez, a Defesa dos acusados Ricardo Martins Moreira Júnior
e Cláudia Rossane Neiva Martins, na mesma fase das alegações finais, aduziu,
preliminarmente, que a imputação do crime do art. 65 da Lei n. 4.591/64 não é
suscitada em qualquer momento da exordial acusatória; que não há qualquer
narrativa de conduta que dê substrato à imputação, razão pela qual o efetivo
exercício da ampla defesa não foi permitido aos réus; que o art. 65 da Lei n.
4.591/64 contém a exigência da afirmação falsa para configuração do crime em
comento, porém, em nenhum momento se vislumbra na denúncia qualquer narrativa
quanto à prestação de informações falsas pelo acusado às supostas vítimas; que o
art. 41, do Código de Processo Penal enuncia: "A denúncia ou queixa conterá a
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas."; que a ausência da informação
falsa descura-se da descrição circunstanciada que lhe exige o art. 41, do Código de
Processo Penal; que a questão assume maior relevância quando se vê que o tipo
penal invocado possui várias condutas alternativas com múltiplas elementares e, em
se tratando de imputação fática, nada pode ficar subentendido; que não é possível
se determinar ao certo nem ao menos qual dos núcleos do tipo está sendo imputado
aos acusados; que a jurisprudência doméstica é contrária à validade de denúncias
genéricas e tem vasto material acerca do assunto em tela; que a formulação de
denúncia não circunstanciada no momento da narrativa dos fatos atinge,
se pode aferir à ideia de concurso material; que, por conseguinte, não há outro
caminho a ser trilhado - ressalvada a improcedência da ação - senão a adoção da
continuidade delitiva, estabelecendo-se a dosimetria de acordo com a parte final do
art. 71, caput, do Código Penal. Ao final, a Defesa requereu:
É o relatório.
Decido.
II
(...)
interroganda participou do início de Águas Claras; que a CSN trabalhou com todas
as cooperativas; que em 2002 tinha mais de 100 pessoas na CSN e a interroganda
viu a possibilidade de construir; que foi feita uma assembleia para debater o assunto;
que encontraram uma cooperativa querendo vender um terreno; que a planta do
empreendimento foi votada em assembleia para construção com 2 quartos; que a
primeira projeção foi comprada em frente ao Parque; que foi votado o segundo
empreendimento chamado de Cristal do Parque; que a adesão do Portal do Parque
foi feita por R$ 48.000,00; que o Portal do Parque está todo correto; que a
Cooperativa enfrentou problemas de documentação com o Cristal do Parque; que o
Cristal do Parque está todo entregue; que conseguiram completar 70% de adesões
para o Cristal do Parque; que a CSN tinha vários stands em Águas Claras; que
existia um vão entre Guará e Taguatinga e o Governador Roriz resolveu incentivar a
construção de Águas Claras; que a procura por novos lançamentos estava grande
por parte das pessoas considerando o preço dos imóveis; que o Portal do Parque
está todo entregue; que a procura era por um empreendimento com menor preço, foi
quando entrou o Mirante do Parque; que todos os empreendimentos eram de dois
quartos e tinha um preço popular; que foi votada em assembleia a contratação da
Construtora Aires Costa; que os cooperados já conheciam Ricardo e aceitaram a
contratação; que Ricardo já fazia um trabalho em Águas Claras; que a Construtora
Aires Costa ofereceu um preço bem melhor; que a implantação de novos projetos
surgiram em face de uma demanda dos cooperados; que as pessoas começaram a
confiar nas cooperativas; que todas as decisões pertinentes aos projetos eram
votadas em assembleia; que a demanda só parou após a notícia da paralisação das
obras e da entrada das construtoras em Águas Claras; que na Cooperativa não
houve a chamada "bicicleta"; que todo o recebível e o estoque do Portal foi
negociado com o condomínio; que todos os problemas do Portal foram sanados; que
o Cristal tinha uma dívida pequena na TERRACAP; que o problema do Portal iniciou
com a TERRACAP negando a escritura; que a dívida do INSS só costumava ser
quitada no final do empreendimento; que a obrigação do INSS é dos cooperados,
que a construtora não é responsável; que todos os débitos eram dos cooperados;
que o problema do Cristal foi resolvido; que os recebíveis do Mirante são suficiente
para pagar a TERRACAP e terminar de construir o prédio; que a interroganda
chegou a fazer um estudo com a Antares para a construção do Mirante; que com a
história do golpe a Antares desistiu da parceria com a CSN; que todo dinheiro que
entrava na CSN era dividido por empreendimento; que para fechar um contrato de
compra e venda é necessário um memorial de incorporação; que no contrato de
adesão são juntados os esforços para criação de um grupo; que em todo contrato de
adesão é claro as obrigações dos cooperados; que não justifica dizer que assinou o
contrato e não sabia que tratava de uma cooperativa; que no contrato há que o
memorial de incorporação será depositado; que uma cláusula é que era previsão e
não entrega; que todas as obrigações até o final da construção do prédio estavam
descritas no contrato; que havia sorteio para direcionar as garagens; que não havia
vinculação nas garagens; que os cooperados eram submetidos às votações; que
acontecia de cooperados efetuarem trocas entre eles e a Cooperativa acatava; que
não existia diferença de preços entre as unidades; que a CSN não visava lucro; que
a CSN tinha um contador contratado para gerir as receitas e despesas; que a
interroganda obteve muita dor de cabeça na direção da CSN; que a interroganda
fazia por amor ao projeto; que nem a "Minha Casa Minha Vida" construía da maneira
que a Cooperativa constrói; que todos os detalhes pertinentes aos projetos
passavam por votação em assembleia; que o prazo de entrega de imóveis das
construtoras eram bem inferiores aos das cooperativas; que as grandes construtoras
tinham financiamento bancário e a entrega dos imóveis era em um prazo menor; que
as construtoras também ofereciam seguro de entrega; que fez um projeto de análise
econômica para avaliar a situação do Mirante; que há uma minuta acerca da
negociação do Mirante; que tanto o Mirante como o Golden são empreendimentos
viáveis; que tem um acordo em curso com a cooperada Eliete; que a interroganda e
Ricardo precisaram colocar recursos próprios para resolução das pendências; que
Fabrício recebeu a loja mesmo não querendo; que Fabrício já vendeu a loja para
terceiro; que Fabrício disse que a entrega da loja seria um golpe; que todos os
cooperados estavam cientes das suas responsabilidades; que até o ano de 2007
tudo em Águas Claras era cooperativa; que a CSN trabalhava em função de explicar
aos cooperados o que era uma cooperativa; que a CSN fazia uma publicidade do
que era uma cooperativa; que só escutou falar em construtora depois de 2007; que a
interroganda só fazia o que os cooperados queriam; que os cooperados eram co
responsáveis pela gestão da CSN; que os cooperados poderiam destituir a diretoria
da Cooperativa a qualquer momento; que a CSN trabalhou com a COOPERDUC,
COAGE, COOPERBRAPA e várias outras; que a interroganda e Ricardo não
visaram lesar os cooperados; que a Construtora Aires Costa era contratada pela
CSN; que a maioria das cooperativas contratavam a Construtora MB; que a
interroganda espelhava nas outras cooperativas para desempenho das funções; que
as grandes construtoras absorveram as cooperativas; que não houve prejuízo aos
cooperados; que a Construtora Aires Costa tem todos os créditos com a CSN; que
todos os contratos iniciaram com adesão dos cooperados; que os imóveis dados em
dação em pagamento eram vendidos pela Construtora; que a Construtora vendia os
Mirante tem um bloco totalmente entregue; que o outro bloco do Mirante já foram
entregues as lojas e a parte comum do prédio falta acabar; que a parte interna cabe
a cada cooperado fazer; que tem um acordo relativo ao Mirante; que o Golden
também tem um acordo vigente; que no edital da TERRACAP estava escrito que
seria residencial e não comercial o Quálitas; que a interroganda encontra-se
surpresa e indignada com a denúncia e aproveita para dizer que não é golpista
(mídia fl. 1156 ).
Parque foram solucionados; que o interrogando pretende entrar com ação contra a
TERRACAP por causa do Quálitas; que o interrogando tentou amigavelmente
resolver a situação com a TERRACAP; que somente duas ou três pessoas
aguardam solução do Quálitas; que cerca de 20 cooperados aguardam solução do
Golden; que não foi desviado dinheiro da Cooperativa para a criação da
agropecuária; que a agropecuária foi criada pelo patrocínio do sogro do
interrogando; que a agropecuária iniciou como pessoa física e posteriormente
passou para pessoa jurídica; que os projetos de cooperativas são desenvolvidos
pelos cooperados e possuem preço acessível; que a construtora tem projetos mais
grandiosos e com oferta de financiamento bancário e seguro de obra; que o início de
Águas Claras foi bastante incentivado pelo Governo; que os terrenos foram vendidos
por preços especiais; que foram criadas várias cooperativas de órgãos existentes no
Distrito Federal; que a classe média baixa foi privilegiada; que Águas Claras foi
criada para viabilizar o projeto do metrô; que havia um vazio demográfico que
precisava ser preenchido entre o Guará e Taguatinga; que o Governo criou várias
cooperativas para atender a demanda; que vários incentivos foram prometidos por
parte do Governo para Águas Claras, mas nada disso aconteceu; que praticamente
só existiam cooperativas no início de Águas Claras; que as construtoras e
imobiliárias não queriam ir para Águas Claras; que as construtoras adquiriam os
terrenos e ficavam aguardando a valorização do mercado; que as cooperativas
tocavam a obra desde o início; que até hoje as construtoras possuem vários terrenos
em Águas Claras; que cada projeto da CSN tinha seu objetivo e caixa; que várias
cooperativas desenvolveram o mesmo projeto desenvolvido pela CSN; que a CSN
nunca foi uma cooperativa de fachada; que a CSN foi criada em 1998 e teve
atividade regular na execução de trabalhos com lisura; que os investimentos dos
empreendimentos eram separados; que na Cooperativa todas os compromissos com
terreno, tributos, construção e documentação era de responsabilidade dos
cooperados; que os cooperados eram os contratantes de serviços e não clientes da
Construtora; que a Construtora foi contratada pela Cooperativa para prestação de
serviços; que todas as cooperativas recorriam às construtoras para execução das
obras; que a MB Engenharia (atualmente Brookfild) e a Vegas Engenharia
executaram várias obras para as cooperativas em Águas Claras; que a contratação
da Construtora Aires Costa foi aprovada em assembleia; que o interrogando não
possuía recursos para construção de prédios; que o interrogando prestou muitos
serviços em Águas Claras e fez um bom serviços; que a Construtora Aires Costa
ofereceu um bom preço para a CSN; que os apartamentos da CSN eram
apartamentos pequenos e com preço popular; que os recursos dos cooperados eram
adquiriu uma unidade do Residencial Cristal do Parque com entrega prevista para
final de 2005, havendo uma cláusula no contrato que poderia ser estendido o prazo
por mais 180 dias; que assinou o contrato com a Cooperativa, tendo pago uma
entrada, cujo valor não se recorda, algumas intermediárias e 72 prestações
inicialmente no valor de R$ 390,00, reajustadas pelo INCC; que somente recebeu as
chaves de seu apartamento em março de 2008, estando morando no apartamento
desde esta data; que, apesar de ter havido um grande atraso para a entrega do
apartamento, resolveu não entrar na Justiça contra a construtora, pois percebeu que
a obra estava em andamento, mesmo devagar; que a construtora responsável pelo
empreendimento foi a Construtora Aires Costa Ltda, cujo o nome fantasia é Elo
Construtora e Incorporadora; que, após a entrega das chaves, a declarante passou a
entrar em contato com a Cooperativa mensalmente querendo saber quando
receberia a escritura do imóvel; que deram um prazo de 30 dias e, após, foram
prorrogando até que a declarante percebeu que havia algum problema, tendo
descoberto junto a TERRACAP que o terreno não havia sido pago; que pediu
também um documento à Construtora referente a situação do INSS, tendo recebido
um documento onde consta que a Construtora tem uma dívida no valor de R$
500.000,00 com o INSS; que nunca foi convidada a participar de nenhuma
assembléia da Cooperativa para tratar de assunto relativo ao imóvel; que tentou
diversas vezes conversar com a Presidente da Cooperativa Cláudia Rossane Neiva
Martins, contudo somente teve acesso às funcionárias da Cooperativa; que verificou
que existem diversas Ações na Justiça contra a Construtora, tendo a declarante
também ajuizado ação juntamente com mais 8 proprietários do Cristal do Parque no
ano de 2011; que tem conhecimento que o último empreendimento lançado pela
cooperativa chamado Golden Parque está parado na fase de fundação, e o Mirante
do Parque somente foi entregue um dos blocos aos proprietários" (fls. 328/329).
que foi vítima nos autos; que na época existia uma stand de vendas
na EPTG; que na stand possuía uma maquete do empreendimento; que a depoente
adquiriu duas unidades; que a depoente não chegou a falar com o Acusado Ricardo;
que a associação contratou um advogado para resolver a questão; que alguns
acordos foram fechados diretamente com o Denunciado Ricardo; que não sabe
informar o nome da pessoa responsável por fechar o contrato do imóvel com a
depoente; que desconhece a pessoa de Cláudia; que reconhece as assinaturas do
contrato acostadas às fls. 50/54; que o prejuízo sofrido pela depoente foi de não
receber as unidades nas datas determinadas e ausência do habite-se; que a
depoente não consegue vender o apartamento pela falta de escritura; que o terreno
do empreendimento não foi totalmente pago; que constam vários débitos referente
ao lote em questão; que a depoente não fechou negócio na presença dos acusados
Ricardo e Cláudia; que ao receber os imóveis faltava apenas uma parcela para
quitação dos imóveis; que a intenção da depoente era financiar o imóvel, mas a
entrega do imóvel demorou tanto que não foi necessário fazer o financiamento; que
a depoente quis vender o imóvel e não conseguiu pela falta da escritura; que todas
as decisões foram tomadas em conjunto com os proprietários dos imóveis; que os
proprietários precisaram pagar taxa extra para pagamento do terreno e de alguns
impostos referente ao empreendimento; que os moradores deram poder para a D.
Elma e a associação resolver todas as pendências pertinentes (mídia fl. 954).
que o depoente também foi vítima nos autos; que adquiriu a unidade
do Cristal do Parque; que o depoente teve prejuízo; que os moradores montaram
uma cooperativa e o prejuízo foi dividido entre os proprietários dos imóveis; que o
depoente não recorda do valor do prejuízo sofrido; que a cooperativa tinha um
escritório com corretores responsáveis pelas negociações dos imóveis; que o
depoente não recorda com quem negociou e fechou o contrato; que à época os
proprietários dos imóveis assinaram os contratos com a presença dos acusados; que
desconhece detalhes das tratativas entre a cooperativa e a associação; que a
associação é legítima e representa as pessoas que foram lesadas; que não sabe
informar quem está resolvendo os problemas se é a associação ou a cooperativa;
que não consegue identificar quem assinou o contrato do depoente (mídia fl. 954).
arcaram com uma taxa extra para pagar à TERRACAP; que fizeram uma associação
para resolver as pendências referente aos imóveis; que a depoente não
acompanhou detalhes do caso; que a depoente tentou por muito tempo receber a
documentação; que a depoente pagou toda a parte devida para a Construtora; que a
depoente não teve contato com a Acusada Cláudia; que a depoente não fez parte da
cooperativa, também não pagou taxa para a CSN; que a depoente esteve em
Taguatinga e Águas Claras para firmar o contrato; que a previsão de entrega da
quitinete era para o ano de 2007; que a depoente desconhecia qualquer problema
quando da assinatura do contrato; que tudo levava a crer que a depoente estava
adquirindo um imóvel dentro da legalidade; que a depoente não recorda o tipo de
documento que assinou; que a depoente vendeu o imóvel para terceiro; que desde o
final de 2015 o imóvel não mais pertence à depoente; que desconhece a informação
da entrega das escrituras aos moradores; que a depoente não tem contato com a
pessoa que adquiriu o seu imóvel; que a depoente não teve contato pessoal com os
acusados Ricardo e Cláudia; que no momento da aquisição do imóvel a depoente
soube da CSN; que a depoente recebeu o imóvel no ano de 2009; que a depoente
residiu no imóvel; que o prédio estava praticamente todo ocupado quando a
depoente residiu lá; que a depoente quitou todo o débito relativo ao imóvel (mídia fl.
1070).
que é vítima nos fatos; que em 2006 adquiriu o imóvel em uma stand
de vendas na EPTG; que o empreendimento adquirido pelo depoente foi no Cristal
do Parque; que o empreendimento já estava com a última laje construída quando o
depoente comprou; que não recorda do nome da pessoa que vendeu o imóvel ao
depoente; que somente depois de ter recebido o contrato é que verificou a existência
da Cooperativa CSN; que depois de muita luta conseguiu receber o imóvel; que o
depoente não precisou pagar nada além do contratado; que a previsão inicial para
receber o imóvel era dezembro de 2006; que o depoente entrou para o imóvel em
março de 2008, mas sem documentação; que não recebeu documento do imóvel até
a presente data; que foi formada uma associação na tentativa de agilizar a
documentação do imóvel; que os moradores precisaram arcar com algumas
despesas; que somente consta uma escritura para todos os imóveis; que cada
morador pegou uma escritura com 1/96 avos; que não tem certeza se a sua unidade
com a construção do imóvel; que resolveu fazer a troca por um imóvel já construído;
que o depoente assumiu a dívida da filha; que o depoente recebeu o imóvel; que não
possui a escritura, mas tem uma documentação de Cartório; que o depoente teve
contato com a pessoa de Ricardo à época; que Ricardo prometeu passar a escritura
após a venda do imóvel; que o síndico do prédio ficou de resolver as pendências
relativas à documentação; que o depoente aguarda para assinar a escritura; que a
filha do depoente arcou com o pagamento de despesas extras; que a filha do
depoente reside no imóvel atualmente (mídia fl. 1070).
o desembolso dentro dos quatro anos costumava ser mais elevado; que nas
construtoras era possível desembolsar 10% ou 15% do valor e o restante financiava
em vários anos; que o valor de adesão de uma cota parte de cooperativa estariam
incluídos todas as despesas oriundas das obras, terrenos, construções, impostos e
regularização; que a projeção acompanhava todas as despesas; que o cooperado
que aderisse ao contrato, no decorrer da obra, precisava disponibilizar um valor
maior para cobrir as despesas dos que estavam desde o início; que a maior parte
dos cooperados estavam desde o início das obras; que as cooperativas mais fortes
eram de órgãos públicos, tais como Câmara, Senado, Embrapa, dos professores e
mais umas três ou quatro; que as grandes cooperativas se organizavam e faziam um
tipo de poupança há um bom tempo; que ao iniciar as obras já existia um saldo para
investir; que os cooperados que entravam depois precisava pagar o saldo credor das
pessoas que estavam desde o início; que existia um grande número de desistência
entre os cooperados que estavam pagando e a obra continuava sem iniciar; que
naquele período a mídia passou a dar grande enfoque com os problemas
enfrentados pelas cooperativas; que muitos cooperados desistiram por causa das
notícias denegrindo as cooperativas; que os preços de mercado de uma construtora
era 30% maior que uma cooperativa; que existiram muitos problemas com as
cooperativas; que no início a TERRACAP buscava facilitar a entrada das
cooperativas; que a TERRACAP mudou o posicionamento considerando que
algumas cooperativas começaram a dar problemas; que comprar de cooperativas de
Águas Claras era adquirir problemas; que a TERRACAP precisava vender e fazer
caixa; que a direção da TERRACAP foi preenchida por indicações de grandes
empresários de construtoras; que o foco mudou totalmente no sentido de beneficiar
às construtoras; que o depoente conheceu donos de cooperativas que atuavam com
boa fé; que o depoente não é amigo do Acusado, mas teve relação comercial com o
mesmo; que já ouviu falar em cooperativa de fachada; que o depoente participou da
COOPEJUS como engenheiro fiscal; que tem conhecimento que os primeiros
diretores da COOPEJUS foram denunciados; que nenhum diretor da COOPEJUS
fazia parte da Justiça Federal; que o presidente da COOPEJUS, à época, era o Dr.
Paim, que era da Justiça Federal; que a CENTRALJUS era uma cooperativa de
fachada; que a diretoria da COOPEJUS fundou a CENTRALJUS; que o pessoal que
contratou o depoente foi destituído e a nova direção fundou a CENTRALJUS; que
conheceu a imobiliária Know How, administrada pelo Acusado; que desconhece o
Denunciado ter sido punido pelo CRECI; que desconhece ter o CRECI cancelado o
registro do Acusado; que não via o Denunciado há mais de dez anos; que já ouviu
falar na expressão "bicicleta" na área de construção civil; que só conheceu os
primeiros empreendimentos lançados pelo Acusado; que não recorda dos nomes
dos empreendimentos lançados pelo Denunciado; que em 2001 o depoente era
Administrador de Águas Claras; que o depoente esteve na inauguração de dois
empreendimentos do Acusado; que em 2001 o depoente participou da inauguração
do Cristal Parque; que o depoente participou da inauguração de outro
empreendimento do denunciado na Avenida Parque Águas Claras; que o depoente
ficou como Administrador de Águas Claras até maio de 2004; que não participou dos
lançamentos nos anos de 2004 e 2008; que conhece as cooperativas habitacionais
de Águas Claras; que não conhece a Cooperativa Habitacional de Serviços
Nacionais, nunca ouviu falar; que não deixaria de acreditar que a Cooperativa
Habitacional de Serviços Nacionais já existia naquela época e era presidida pelos
denunciados (mídia fl. 1119).
Vida" ajudou as construtoras; que a cooperativa não conseguir oferecer bônus; que
o governo não oferecia tanto incentivo às cooperativas; que as construtoras
receberam muito apoio dos governos estaduais e federais; que as construtoras
começaram a fazer um trabalho de difamar as cooperativas; que a concorrência
tornou-se desleal entre construtoras e cooperativas; que, enquanto tinha uma central
com um número pequeno de adesionistas, havia vários corretores fazendo um
trabalho forte para atrair clientes; que os corretores faziam questão de mostrar o
documento do imóvel para mostrar que era seguro fazer aquisição com eles; que
desconhece qualquer veiculação de notícia sobre golpe da CSN; que a cooperativa é
como um condomínio; que a assembleia é soberana; que se os cooperados
sentissem lesados poderiam destituir o presidente da cooperativa; que era comum
as cooperativas manterem parcerias com as construtoras para edificação dos
empreendimentos; que a cooperativa costumava escolher dentre três construtoras
para oferecimento de melhor trabalho e preço; que a escolha acontecia mediante
votação em assembleia; que até um revestimento para o imóvel era escolhido em
assembleia; que na cooperativa existe um preço da unidade para todas as unidades;
que na construtora há uma diferença de preço se a unidade é poente, nascente, de
canto, andar alto, andar baixo; que a CSN não era uma cooperativa de fachada; que
o sucesso de Águas Claras deu-se pela cooperativa CSN; que não ouviu falar da
CSN praticando a "bicicleta"; que a CSN lançou alguns empreendimentos e não
havia nenhum empecilho para os lançamentos; que a CSN só iniciava as
construções ao atingir cerca de 90% das adesões; que nunca percebeu má intenção
dos acusados para enriquecimento às custas dos cooperados; que existe uma má
intenção neste processo por parte das pessoas; que de vez em quando o depoente
presta serviços para o Denunciado; que não possui vínculo com os acusados; que
os denunciados sempre atendem as pessoas e procuram resolver as pendências;
que todo cooperado tinha ciência dos impostos e tributos; que a cooperativa não tem
como arcar com o IPTU; que todo cooperado recebia um caderno técnico, onde
especificava a possível data de entrega do memorial de incorporação; que o caderno
trazia todos os detalhes do empreendimento; que não se recorda de qualquer notícia
citando a CSN em um golpe; que aconteceu um trabalho de divulgação negativa das
cooperativas; que o tributo com o INSS é um custo da cooperativa e que deve ser
rateado entre os cooperados; que o Cristal Parque já estava em fase de conclusão
em 2003; que a documentação do Cristal Parque não foi liberada em 2005 devido a
falta de quitação das dívidas dos cooperados; que cada empreendimento tinha sua
gestão própria; que desconhece a ação da TERRACAP para reincidir o contrato do
Portal do Parque; que não sabe dizer quantos cooperados a CSN possui; que o
depoente não tinha acesso ao administrativo e financeiro da CSN (mídia fl. 1154).
Cooperativa; que a vistoria feita pela Denunciada apontava vários defeitos para que
a Construtora corrigisse; que o depoente ficou como único engenheiro depois do ano
de 2010; que durante a obra do Golden Parque, o muro do Solimões se desprendeu;
que a questão do muro ter se desprendido ocasionou os embargos na obra; que em
2005 o Portal do Parque não estava terminado; que o Cristal do Parque foi entregue
em 2006 ou 2007; que o Cristal do Parque não tinha escritura; que soube que alguns
apartamentos do Cristal do Parque já estavam sendo escriturados; que sabe que o
Cristal do Parque tinha alguns problemas como escrituras e dívidas com o INSS; que
ao se desligar da obra do Cristal do Parque os problemas ainda não haviam sido
resolvidos; que o depoente continuou trabalhando nos outros empreendimentos e
ficava sabendo notícias do Cristal do Parque; que o depoente recebeu um
apartamento no Mirante do Parque como pagamento pelos serviços prestados; que
o depoente não teve opção para escolher dentre outros empreendimentos (mídia fl.
1154).
existe proibição por ser uma cooperativa de serviços; que era normal as
cooperativas contratarem construtoras para realização das obras; que o contrato
entre as cooperativas e as construtoras seriam de prestação de serviços; que
desconhece alguma cooperativa que construiu a obra sem a construtora; que
durante o tempo que trabalha com os denunciados nunca percebeu nada ilícito; que
não estaria trabalhando com os acusados diante de algo ilícito; que os imóveis da
CSN não tinham fins lucrativos; que não sabe informar como funcionava o rateio
entre os cooperados; que a Denunciada usufruía de pro labore que está previsto no
Contrato Social da Cooperativa, mas lucro não; que a Cooperativa prestava conta
aos cooperados durante assembleia; que a destinação dos empreendimentos
aconteciam de forma individualizada; que quando as construtoras entraram em
Águas Claras praticamente destruiu as cooperativas; que não acompanhou a notícia
veiculada sobre golpe na CSN; que o depoente percebeu a entrada de receitas na
Cooperativa; que do ano de 2007 para a atualidade só declinou a CSN; que a receita
da Cooperativa era real; que não recorda da Construtora Aires Costa atuando ou
arquitetando com outras cooperativas; que o depoente era o responsável pela folha
de pagamentos, recolhimento de tributos e declarações de Imposto de Renda; que a
contabilidade recebia a documentação para faturar, apurava os tributos que são
devidos e encaminhava para a Cooperativa fazer os pagamentos; que a
responsabilidade do recolhimento não é da contabilidade; que já fez parcelamentos
de Imposto de Renda, COFINS e PIS da Cooperativa; que alguns desses
parcelamentos foram pagos e outros estão em aberto; que o pedido de
parcelamento de tributos é algo corriqueiro tanto para Pessoa Física como Jurídica
(mídia fl. 1154).
teve uma atividade consistente como ela era a maior prestadora de serviços das
cooperativas; que sem a CSN a cidade de Águas Claras não teria sido um sucesso
como é; que as cooperativas tem um estatuto próprio, mas estão subordinadas aos
mesmos órgãos que as construtoras; que através da adesão às cooperativas era
possível um imóvel com preço de custo; que a aquisição através da cooperativa não
era de um imóvel, mas de uma cota parte; que depois da cooperativa estruturada ela
já oferecia imóvel no seu portfólio; que todos os tributos e despesas relativas à obra
eram de responsabilidade dos cooperados; que os valores não eram cobrados de
uma só vez; que os cooperados pagavam de acordo com o desenrolar do projeto;
que na época não existia banco subsidiando as obras; que no primeiro momento
acontecia o rateio para aquisição do terreno; que depois tinha o rateio para o projeto;
que o governo fomentava o crédito com incentivos para aquisição de terrenos pelas
cooperativas; que o memorial de incorporação costumava ficar para depois da
entrega da obra; que algumas cooperativas eram abertas e promoviam adesões de
várias pessoas ; que cooperados queriam ver obras; que as grandes empresas não
possuíam o menor interesse em Águas Claras; que foi feito um verdadeiro
pioneirismo naquela época; que as cooperativas não visavam lucros e por tal motivo
tiveram dificuldades para conclusão de algumas obras; que todas as cooperativas
enfrentaram dificuldades; que as construtoras investiam algo nas construções dos
imóveis; que os cooperados que aderiam recebiam, além do contrato de adesão, o
estatuto da cooperativa e era possível acompanhar todo o andamento do projeto;
que os cooperados tinham consciência das obrigações de custos adquiridos com a
adesão; que o contrato de adesão tinha um formato diferente do contrato de compra
e venda; que, ao aderir, o contrato já especificava tratar-se de uma cooperativa; que
o contrato de adesão foi sofrendo modificações por conta das exigências dos
cooperados; que as grandes construtoras alavancaram as vendas de imóveis em
Águas Claras já que era possível fazer financiamento bancário; que as cooperativas
começaram a perder espaço; que sempre tinha um banco por trás de uma
construtora; que as projeções das cooperativas ficaram com custos mais elevados;
que no início era mais caro edificar do que comprar um terreno e depois a situação
inverteu; que os terrenos ficaram muito caros e as cooperativas começaram a ir para
outras cidades; que a concorrência entre cooperativa e construtora tornou-se
desleal; que as construtoras entraram com muito investimento no mercado; que a
veiculação de notícias denegrindo a imagem das cooperativas atrapalhou muito e
em compensação favoreceu as construtoras; que os projetos das cooperativas era
popular para uma cidade que estava ficando elitizada; que os projetos eram simples
e passaram a ser completos; que houve uma modificação no perfil do consumidor;
que o consumidor preferia pagar um pouco mais caro e ter a sua garantia jurídica;
que desconhece a prática de mercado chamada de "bicicleta"; que os denunciados
não tiveram a intenção de lesar os cooperados; que recorda de uma notícia
veiculada acerca da dificuldade enfrentada pela CSN para conclusão dos projetos;
que a CSN estava apta a exercer suas atividades no período que o depoente
trabalhou lá; que a Denunciada, via CSN, prestou um enorme papel social para
Águas Claras (mídia fl. 1154).
criada para 'burlar a lei'; que há vários segmentos cooperativistas; Que a cooperativa
de fachada é cooperativa apenas no nome; Que ao que pode dizer, a CSN fazia tudo
o que uma cooperativa poderia fazer, fazia tudo o que uma cooperativa tem que ter,
realizava tudo o que uma cooperativa tinha que fazer; Que a CSN não praticava
bicicleta, ou seja, lança empreendimento, e, acaso o dinheiro não desse, lançava
outro para usar o dinheiro para terminar o primeiro, o que acabava gerando
prejuízos". (fl. 1179 e verso).
Neste sentido:
I - (......)
I - (.......)
artigo 31;
Todavia, como já consta dos autos, a CSN não era exatamente uma
cooperativa nos termos da Lei, mas sim uma "cooperativa de fachada", a qual era
usada para ludibriar os consumidores, objetivando mascarar a relação de consumo
com os promitentes compradores das unidades imobiliárias e obstaculizar a
fiscalização estatal, com o fim de descumprir a lei de incorporação imobiliária. Neste
particular, registro que o fato de a Construtora e a Cooperativa possuírem sedes
distintas não é fator fundamental para descaracterizar que a Cooperativa seja de
fachada.
evolução por conta do liame existente entre os empreendimentos, uma vez que para
poder continuar a construção de um deles, havia a necessidade de lançar outro,
causando uma "bola de neve" que não parava de crescer, fugindo, dessa forma, ao
controle dos envolvidos. Assim, verifica-se evidente a gestão temerária, eis que os
acusados Ricardo e Cláudia (marido e esposa) praticaram a chamada "bicicleta", ou
seja, realizaram o lançamento de diversos projetos imobiliários (Cristal Parque,
Portal Parque, Mirante do Parque, Golden Parque e Quálitas), os mais recentes para
viabilizar os mais antigos.
(...)
(...)
efeito, como já afirmado acima, não há dúvidas de que os réus Ricardo e Cláudia
gerenciavam recursos da Construtora e Cooperativa CSN, eis que boletos bancários
eram emitidos tanto em nome da Construtora quanto da Cooperativa. Também não
há dúvidas que Ricardo e Cláudia representavam a Construtora e a Cooperativa
perante os consumidores, assinando contratos e tomando decisões com cunho de
gestão, de maneira que suas condutas se subsumem ao tipo de crime de gestão
temerária. Assim, cada um dos réus deverá responder por 2 (duas) vezes por gestão
temerária, em continuidade delitiva.
(...)
Por outro lado, não vejo nos autos qualquer circunstância que exclua
a ilicitude dos fatos ou que exclua ou diminua a culpabilidade dos acusados Ricardo
Martins Moreira e Cláudia Rossane Neiva Martins que, pois, eram imputáveis,
tinham plena consciência dos atos delituosos que praticaram e era exigível que se
comportassem de conformidade com as regras do direito.
onde poderá haver dilação probatória dirigida à apuração dos danos causados pela
infração, se for o caso.
"a CSN não era exatamente uma cooperativa nos termos da Lei,
mas sim uma "cooperativa de fachada", a qual era usada para ludibriar os
consumidores, objetivando mascarar a relação de consumo com os promitentes
DECISÃO