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DECISÃO
MAM90
REsp 1831230 C5425065510984256501:0@ C584458449=04032542890@
2019/0236162-9 Documento Página 1 de 5
Documento eletrônico VDA23114845 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRA Assusete Magalhães Assinado em: 20/09/2019 14:06:23
Publicação no DJe/STJ nº 2759 de 23/09/2019. Código de Controle do Documento: CF8CF2E2-1A3B-4D28-8BBD-9A8CEB69D99D
Superior Tribunal de Justiça
Nas razões do Recurso Especial, interposto com base no art. 105, III, a, da
Constituição Federal, a parte ora recorrente aponta violação aos arts. 2º e 8º da Lei
13.300/2016, sustentando que, "a despeito do que é afirmado no r. acórdão recorrido, a
ocorrência de um processo legislativo não supre a omissão legislativa imputável à
autoridade impetrada, pois a referida omissão legislativa consiste em inexistência de
norma vigente regulamentadora após o prazo estabelecido ou razoável para sua edição "
(fl. 502e).
Alega que, "ao concluir que no presente caso houve omissão legislativa a
despeito do processo legislativo desencadeado e finalizado, cujo objeto era lei que
regulamentaria o exercício de direito constitucional, e tendo em vista que o art. 37, inciso
X da Constituição Federal de 1988 estabelece que a revisão geral anual será garantida
mediante edição de lei com periodicidade anual, a mora legislativa é evidente pois os
Defensores Públicos do Paraná aguardam até o presente momento a garantia de um
direito que deveria ser usufruído desde 2011" (fls. 506/507e).
Defende ainda que "não há que se falar que o conhecimento e posterior
procedência do presente mandado de injunção acarretaria em pretensa desarmonia entre
poderes, tampouco ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes, mas
única e tão somente viabilizar o exercício do direito consagrado na CRFB" (fl. 510e).
Por fim, requer "para o fim de se reconhecer a possibilidade de impetração
de mandado de injunção para viabilizar o exercício de um direito constitucional previsto
em norma de eficácia limitada, sempre que verificada a omissão e a mora legislativa,
permitindo assim a análise dos pedidos formulados na petição inicial" (fl. 514e).
Contrarrazões a fls. 569/574e.
O Recurso Especial foi admitido pelo Tribunal de origem (fls. 589/591e).
A irresignação não merece conhecimento.
Na origem, trata-se de Mandado de Injunção impetrado pela parte ora
recorrente, objetivando seja dada "plena eficácia à garantia da revisão geral anual para o
ano de 2011 da remuneração dos Impetrantes, nos termos do art. 37, inc. X da CRFB, e do
art. 27, inc. X da CEPR" (fl. 37e), ao qual se negou seguimento, por decisão monocrática
mantida pelo colegiado em sede de Agravo Regimental.
Daí a interposição do presente Recurso Especial.
O Tribunal Estadual julgou a controvérsia nos seguintes termos:
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Superior Tribunal de Justiça
(...)
No mesmo sentido é a decisão monocrática proferida no Mandado de
Injunção n° 1.556.672-6, segundo a qual 'não se mostra viável a entrega
de ordem constitutiva do direito dos Impetrantes 'ao reajuste de 6,5%,
com a efetiva implantação em folha de pagamento', já que o mandado
de injunção nem autoriza o Judiciário a suprir a omissão legislativa
ou regulamentar, editando o ato normativo omitido, nem, menos
ainda, lhe permite ordenar, de imediato, ato concreto de satisfação do
direito reclamado -(7) [Rel. Des. Teimo Cherem, DJ 1846, p. 21/07/2016].
E, ainda, 'que o Senhor Defensor Público-Geral, ao enviar à Assembleia o
Projeto de Lei Complementar n° 2/2016, exerceu seu poder-dever de
propositura da revisão geral dos vencimentos e subsídios de servidores e
membros daquela instituição (relativa a 2011 e 2012), circunstância que,
diante dos precedentes já lembrados e também da existência de legislação
referente a anos posteriores (2013/2014), torna manifestamente incabível a
pretensão veiculada na impetração' (Rei. Des. Teimo Cherem, DJ 1846, p.
21/07/2016).
Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha julgado a lide afetada
com repercussão geral (Recurso Extraordinário n° 701.511), o veredito
impugnado não a tomou por fundamento. Nele constou expressamente que
há posicionamento do Plenário daquela Corte no sentido da impossibilidade
de utilização do writ para a finalidade pretendida pelos impetrantes.
Quanto à divergência apontada pelos agravantes, com relação ao suporte
fático do Mandado de Injunção nº 4.265, de relatoria do Min. Gilmar
Mendes, frise-se que a controvérsia que merece enfrentamento por este
órgão julgador é o cabimento do mandado de injunção, tema expressamente
abordado no parâmetro utilizado.
Outrossim, a tese foi objeto de apreciação por este colegiado no Agravo
Interno nº 1.540.949-5/01, de relatório da e. Des. Regina Afonso Portes,
retro mencionado, cujos excertos utilizo como razões de decidir:
(...)
Embora os agravantes aleguem que a Lei nº 13.300/2016, que
regulamentou o procedimento do mandado de injunção, fez cair 'por
terra qualquer argumento de que não caberia mandado de injunção
no caso da Revisão Geral Anual' (fl. 403), a legislação em nada tratou
deste específico tema.
Ao revés, o art. 8º exige, como condição para o conhecimento do writ,
o reconhecimento do estado de mora legislativa da autoridade
impetrada, no caso o Governador do Estado, pressuposto não
caracterizado nesta ação. Afinal, conforme assentado por este
colegiado, em idêntico caso, 'o veto exercido pelo Governador do
Estado e a votação da casa legislativa não equivalem ao pressuposto
exigível no mandado de injunção' (Agravo Regimental, n° 1.540.934-
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Superior Tribunal de Justiça
4/01, Rel. Jorge Wagih Massad, unânime, j. 05.09.2016).
Ante ao exposto, diante do manifesto descabimento do writ para a finalidade
pretendida pelos impetrantes, voto pelo desprovimento deste recurso" (fls.
454/460e).
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Superior Tribunal de Justiça
procrastinatório. 8. Embargos de declaração rejeitados" (MI 4.506 AgR-ED,
Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJede 29/06/2017).
No mais, a Corte de origem asseverou que "o art. 8º exige, como condição
para o conhecimento do writ, o reconhecimento do estado de mora legislativa da
autoridade impetrada, no caso o Governador do Estado, pressuposto não caracterizado
nesta ação" (fl. 460e).
Nesse contexto, considerando a fundamentação do acórdão objeto do
Recurso Especial, os argumentos utilizados pela parte recorrente somente poderiam ter
sua procedência verificada mediante o necessário reexame de matéria fática, não
cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o conjunto probatório
dos autos, em conformidade com a Súmula 7/STJ.
Outrossim, seria inviável a análise do ponto, ante o óbice da Súmula
280/STF: "Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário".
Ante o exposto, com fundamento no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, não conheço
do Recurso Especial.
Não obstante o disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015 e no Enunciado
Administrativo 7/STJ ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir
de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais
recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC"), deixo de majorar os honorários
advocatícios, tendo em vista que, na origem, não houve prévia fixação de honorários
sucumbenciais.
I.
Brasília (DF), 18 de setembro de 2019.
MAM90
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