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Alta Idade Média

6o Ano
História
Módulo

©serikbaib\iStock
Você sabia que pode ter existido um rei
“sem ossos” na Alta Idade Média?
Ivar, o Desossado, era um dos filhos do viking Ragnar Lodbrok,
que, de acordo com os relatos épicos islandeses do século XIII, foi
um fazendeiro que se tornou rei na Escandinávia, no século IX.
Ivar se tornou rei, assim como o pai, e ficou conhecido como
o mais célebre dos reis “filhos de Ragnar”. A origem do apelido
“sem ossos” é incerta – o mais aceito é que realmente faça alusão
a alguma má-formação física, seja de nascença seja de doença
degenerativa. Seja como for, Ivar era admirado por ter braços
tão fortes que suas flechas seriam mais poderosas que as dos
companheiros. Liderou um exército que invadiu a Grã-Bretanha
e se estabeleceu em York, norte da Inglaterra. Posteriormente,
dominou Dublin, assumindo o posto de rei.
Neste módulo, estudaremos as principais características do
Período Medieval, especificamente, da Alta Idade Média. Machado viking.

Expectativas de aprendizagem:
– Relacionar o processo de ruralização da Europa com a
formação da Idade Média;
– perceber que houve um processo de descentralização do
poder na Idade Média;
– entender como se deu o processo de fragmentação da Europa.
Alta Idade Média HISTÓRIA
Módulo 24

1. O Período Medieval
A Idade Média é o período da história compreendido entre o século V e o
século XV. Seu marco inicial é a queda do Império Romano do Ocidente e o final
é a derrocada do Império Bizantino. A divisão maciçamente aceita no estudo do
6o Ano

período é a que nomeia as fases em: a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média.
Apesar de a época medieval, formalmente, situar-se entre marcos históricos
selecionados pelos historiadores, muito mais importante do que memorizar datas de
começo e término de uma era é compreender, verdadeiramente, a transição entre os
períodos da história, sabendo identificar permanências e rupturas entre eles.
As cidades medievais eram
bastante povoadas. De dia,
ficavam sempre com muitas pessoas: 2. Ruralização da Europa Ocidental
ferreiros, sapateiros, vendedores de Durante a crise do Império Romano e a penetração germânica, em meio a um
tecido, açougueiros, entre outros. cenário conturbado, a Europa Ocidental passou por um processo de ruralização.
Ficavam também cheias de animais: As pessoas esvaziavam as cidades e migravam para os campos em busca de
cães, mulas, porcos, cavalos, galinhas. refúgio e proteção.
Ao mesmo tempo, progressivamente, a economia sofria uma retração das
relações comerciais, e a produção agrícola se tornava a principal atividade
econômica daquele momento. A ruralização da economia também atingiu
diretamente as classes sociais, pois escravos e plebeus (classes menos favorecidas
do antigo Império Romano) passaram a compor, com os povos germânicos, uma
classe campesina, constituindo a força de trabalho predominante nas terras.

Domínio Público/Wikimedia

Representação de um clérigo, um cavaleiro e um servo da Idade Média.

Além dessas transformações socioeconômicas, houve também mudanças


no cenário político. As constantes disputas entre herdeiros e a penetração de
novos povos bárbaros contribuíram para o enfraquecimento do poder dos reis.

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HISTÓRIA
Módulo 24

Reinos germânicos no início dos séculos V e VI


MAR
BÁLTICO
MAR DO
NORTE

6o Ano
REINO DOS
ANGLO-SAXÕES

OCEANO
ATLÂNTICO
REINO DOS
FRANCOS
MA
RC
REINO DOS REINO DOS ÁS
PIO
REINO DOS BURGÚNDIOS OSTROGODOS REINO DOS
SUEVOS GÉPIDAS
MA MAR NEGRO
RA
REINO DOS DR
IÁT
VISIGODOS ROMA ICO
IMPÉRIO Constantinopla
BIZA
NTIN
O
REINOS DOS IMPÉRIO
REINOS BERBERES VÂNDALOS SASSÂNIDA
MAR
MEDITERRÂNEO

ÁFRICA

Anglos e saxões estabeleceram-se na Britânia (Inglaterra atual). Os francos tentavam ocupar a Gália (atual
França), onde também estavam presentes os burgúndios. Os suevos fixaram-se no norte da Hispânia (Península
Ibérica). Os visigodos dividiram-se entre o sul da Gália e o restante da Península Ibérica. Os ostrogodos
tentaram se fixar na Península Itálica.
Os vândalos, após cruzarem boa parte do Império Romano, acabaram no norte da África.

3. Os reinos francos
O ano de 476 marcou o fim do Império Romano do Ocidente, após as invasões
bárbaras. Entre os povos bárbaros estavam os germânicos, nos quais se incluíam
os francos. Em geral, se organizavam em clãs (comunidades familiares) e viviam da
agricultura e da criação de animais. Eram povos guerreiros que buscavam novas
terras quando os solos das regiões onde viviam se tornavam inférteis.
No século IV, Roma convivia com os germânicos, com os quais soldados
romanos trocavam produtos. Roma havia até mesmo permitido a entrada desses
povos no império. A razão para isso é que o Império Romano já enfrentava
grave crise interna, como consequência da dificuldade de obtenção de escravos
(base da sua economia), do enfraquecimento do exército e da corrupção entre
os imperadores. Em 476, Roma não conseguiu resistir ao ataque de Odoacro,
chefe dos hérulos, e, com o fim do poderoso Império Romano do Ocidente,
formaram-se diversos reinos bárbaros na Europa Ocidental. O reino franco foi
o que mais se destacou.

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Alta Idade Média HISTÓRIA
Módulo 24

3.1 Dinastia merovíngia Foi após essa batalha que Carlos recebeu o título de
“Martel”, que significa “aquele que golpeia com um martelo”.
Meroveu foi o primeiro rei dos francos, por isso a A Batalha de Poitiers ficou conhecida como um grande
primeira dinastia ficou conhecida como merovíngia. Os e heroico esforço da cristandade europeia para conter a
francos experimentaram maior crescimento com Clóvis,
6o Ano

invasão islâmica. Recentemente, porém, historiadores


neto de Meroveu. Seu governo foi marcado pela unificação revisaram esse tema e concluíram que havia também o
dos francos e pela implantação da política de conquistas objetivo de enaltecer as conquistas francesas.
territoriais. Outra característica importante foi a aliança com
a Igreja Católica. O rei, inclusive, passou a ser chamado de

©Charles de Steuben/Wikimedia
“novo Constantino”, primeiro imperador romano convertido
ao cristianismo.

Domínio Público/Wikimedia

A Batalha de Poitiers.

Conversão do rei Clóvis ao catolicismo.


3.2 Dinastia carolíngia
Após a morte de Clóvis, porém, o reino viveu um As conquistas de Carlos Martel garantiram a seu filho
período de muitas disputas internas. O poder real se enfra- Pepino, o Breve, poder suficiente para assumir o trono,
queceu, e os governantes dessa fase ficaram conhecidos iniciando a dinastia carolíngia em 751. Pepino reunificou
como “reis indolentes”. Ao mesmo tempo, ganhava mais povos e territórios francos, consolidou a aliança com a Igreja
prestígio o cargo de “prefeito (ou mordomo) do palácio” Católica e centralizou o poder. Na sucessão do monarca, o
(major domus), que ampliava sua influência em meio a essa reino foi dividido entre seus dois filhos, Carlos e Carlomano.
crise. Destacaram-se nessa função Pepino de Heristal e seu Este morreu três anos depois, e Carlos assumiu o poder na
filho Carlos Martel. França.
Carlos Martel governou praticamente como se fosse rei Carlos Magno foi coroado imperador durante a missa
e obteve conquistas territoriais importantes, como a vitória de Natal (data importante para os católicos), na cidade
sobre os muçulmanos na Batalha de Poitiers, em 732. Esse de Roma, pelo papa Leão III, que disse na ocasião: “Viva
conflito é um dos mais conhecidos envolvendo cristãos e Carlos Augusto, coroado por Deus, imperador romano,
islâmicos. As tropas muçulmanas, que estavam em grande árbitro da paz!”. A intenção do papa era fortalecer o poder
expansão pela Europa, tentavam adentrar ainda mais o no Ocidente diante do Império Bizantino. O rei manteve
continente, conquistando terras e saqueando vários locais. a política expansionista iniciada pelo pai e a aliança com
a Igreja Católica. Formava-se assim o grandioso Império
Carolíngio.

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HISTÓRIA
Módulo 24
Josef Kehren/Wikimedia

Utilize o leitor óptico do seu


celular para assistir à videoaula.
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6o Ano
O uso do crucifixo por parte de impe-
radores bárbaros convertidos simbolizava
a demostração da aliança com a Igreja
Católica, uma das principais instituições
do período.

O que significa ser bárbaro?


Coroação de Carlos Magno pelo papa Leão III.
“Crime bárbaro que saiu no jornal!”
Durante seu reinado, Carlos Magno organizou leis, “Foi bárbaro aquele Fla × Flu!”
criou moedas e instituiu o cargo de missi dominici (“enviados
Muitas palavras mudam de sentido ao longo
do senhor”), normalmente ocupado por parentes, que
do tempo, em função de diferentes contextos que
auxiliavam o rei a administrar o Império. Todas as decisões
provocam tais transformações.
e normas definidas pelo imperador eram escritas nas capi-
tulares (capítulo por capítulo). Houve ainda a criação da A palavra “bárbaro” exemplifica bem isso.
Escola do Palácio (ou palatina), que preparava nobres para Os gregos rotulavam assim os estrangeiros cuja língua
a burocracia (administração) real. Essa renovação cultural eles não entendiam, expressando preconceito diante
ficou conhecida como “renascimento carolíngio”. de elementos culturais diferentes dos seus. Vimos
neste módulo que os romanos também chamavam
Outro feito de Carlos Magno foi a divisão do extenso
de “bárbaros” os estrangeiros que não falavam latim.
Império Carolíngio em condados, ducados e marcas. Os
condados eram governados por homens de sua confiança, O termo “barbárie” incorporou-se ao vocabulário
que lhe juravam fidelidade. Os ducados eram territórios posteriormente, para indicar, com certo preconceito,
mais autônomos, pois, embora obedecessem ao imperador, atos primitivos ou selvagens, posturas assumidas por
podiam também ter suas próprias leis. As marcas eram sociedades consideradas “não civilizadas”, “rudes”,
doadas para chefes militares. Alguns condes, duques e passando ao extremo de se opor ao sentido de
marqueses passaram a reivindicar a autonomia da sua região, “humanismo”. Um ato desumano seria, assim, um ato
desestabilizando o governo de Carlos Magno. bárbaro. “Barbárie”, ainda hoje, designa atitudes de
perversidade, desumanidade etc.
Carlos Magno morreu em 814 e seu herdeiro, Luís,
o Piedoso, não preservou a centralização política do Nas décadas de 1960 e 1970, aqui no Brasil,
reino. Posteriormente, Luís deixou o reino para o filho o vocábulo assumiu um valor bem particular: as
mais velho e, ao preterir os outros dois herdeiros, esta- pessoas o empregavam com um sentido positivo, até
beleceu as condições para as disputas internas entre eles. superior ao de “bom”. Era comum a exclamação “Que
Os conflitos duraram até que o tratado de Verdun fosse esta- bárbaro!”, para apontar algo muito interessante.
belecido, dividindo o Império Franco entre os três herdeiros É dessa época, também, a reunião musical dos artistas
de Luís. Carlos, o Calvo, ficou com a região da atual França; baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia e
Luís, o Germânico, com a Alemanha; e Lotário, com a Itália. Gal Costa em um show batizado de “Doces Bárbaros”.

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Alta Idade Média HISTÓRIA
Módulo 24

■■
04 Observe a imagem:

■■

Domínio Público/Wikimedia
■■
01 Caracterize o modo de vida dos povos germânicos.
6o Ano

02 Explique a importância da conversão de Clóvis ao

■■
cristianismo.

03 Cite as principais características do reinado de Carlos

■■
Magno.

04 Por que o Tratado de Verdun contribuiu para o enfra-

■■
quecimento do poder real?

05 Relacione as invasões bárbaras à ruralização da Europa


Ocidental na Alta Idade Média. Coroação de Carlos Magno.

Por que era importante para Carlos Magno ser coroa-

■■ ■■
do rei pelo papa Leão III?
01 Imagine que um colega de turma lhe peça ajuda para 05 Observe a imagem e responda a seguir:
estudar para a prova de História. Sua tarefa, então,
é montar um resumo sobre o reino franco, o reino

Domínio Público/Wikimedia
bárbaro que mais se desenvolveu, identificando as

■■
principais características dessa fase.

02 Carlos Martel é considerado o defensor da cristandade


contra os muçulmanos porque:

(A) venceu os muçulmanos na Batalha de Poitiers.


(B) perdeu a Batalha de Poitiers para os mouros.
(C) derrotou os visigodos na Batalha de Poitiers.
(D) perdeu a Batalha de Poitiers para os visigodos.

■■
(E) derrotou o politeísmo dos gregos.

03 A respeito do reinado de Carlos Magno, é correto


afirmar que:
Carlos Magno.
(A) foi um período de expansão territorial e fortalecimento
do poder real.
Qual é o significado do crucifixo na mão do impera-
(B) caracterizou-se pela falta de preocupação do imperador
dor?
em relação à organização das leis.
(C) as terras conquistadas pela guerra ficavam somente

■■
com o imperador e não eram doadas aos guerreiros em
hipótese nenhuma.
(D) Carlos Magno foi o maior imperador da dinastia 01 Faça uma pesquisa e compare o modo de vida dos
merovíngia e conseguiu unificar tribos francas. romanos com o dos germanos. Apresente semelhanças

■■
(E) sob Carlos Magno estabeleceu-se o fim da aliança com e diferenças na cultura desses povos.
a Igreja Católica.
02 Faça uma redação, de aproximadamente 10 linhas,
explicando a importância do “renascimento carolíngio”
e indicando suas características.

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Feudalismo

6o Ano
História
Módulo

Você sabia que os povos


medievais praticavam esportes?

©ChristiLaLiberte\iStock
Houve uma época em que competições
nem sempre tinham finais felizes – pelo
menos para o perdedor. Embates mortais não
fazem parte da programação nos atuais canais
esportivos, mas antigamente era diferente.
Oriunda dos campos de batalha, a justa
se tornou um esporte durante a Idade Média
e estava longe de ser uma atividade segura.
Dois cavaleiros, revestidos por armaduras,
montavam em seus cavalos em lados opostos
da arena. O objetivo era apenas atingir e
derrubar o oponente ao passar por ele, mas
uma das possíveis (e não incomuns) conse-
quências do jogo era a morte.
Para não sair ferido era necessário habili-
dade e sorte. Não foi o caso do rei Henrique II
da França. Atingido por uma lança durante um
torneio de justa, ele faleceu em 1559, o que pôs Representação de trajes medievais
fim à tradição do esporte neste país. do esporte conhecido por “justa”.
Neste módulo, descobriremos outras
características do mundo feudal.

Expectativas de aprendizagem:
– Classificar a organização da sociedade feudal em
hierárquica e estamental;
– relacionar as estruturas do feudalismo com os
laços de vassalagem e servidão;
– compreender que a economia feudal era pautada
num sistema de subsistência e autossuficiência.
Feudalismo HISTÓRIA
Módulo 25

1. Definição
Feudalismo é um conceito que se refere a uma organização social e econômica
que vigorou durante boa parte da Idade Média na Europa Ocidental. Sua origem
remonta ao processo de ruralização do ocidente europeu, em decorrência das guerras
6o Ano

promovidas pelos povos bárbaros. Boa parte das características do feudalismo já estava
presente no Império Carolíngio.
O conceito se origina do termo “feudo”, que, em linhas gerais, significa “terra”.
No entanto, os primeiros registros do termo apareceram em documentos da região de
Borgonha (leste da França), por volta do século IX, sob a denominação feos, designando
“benefício”, “gado” ou “posse”. Foi no século XI que a palavra feudum, em latim, asso-
ciou-se à noção atual, como uma extensão de terra doada em troca de serviços.

2. Relações sociais
A sociedade feudal era estamental, isto é, dividida em estamentos
(grupos sociais), não havendo mobilidade entre eles. Os clérigos eram os
membros da Igreja Católica e constituíam o grupo social de maior prestígio.

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O alto clero era composto por membros originários da nobreza feudal, por

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isso assumiam os cargos mais altos da hierarquia da Igreja: o papa, os bispos

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e os abades. O baixo clero era proveniente de camadas menos favorecidas:
eram os párocos, padres, monges e vigários.
Os nobres, que eram os senhores feudais (proprietários dos
feudos), também compunham a elite e tinham grande reconhe-
cimento social. Esse estamento, assim como os anteriores, era
hierarquizado, sendo dividido em duque, marquês, conde,
visconde, barão e cavaleiro.
Os servos, camponeses que trabalhavam nos feudos, eram
a camada mais desfavorecida, embora constituíssem a maioria da
população medieval. Eram subordinados aos nobres pelo sistema
de servidão.

O feudo não é a terra em si, mas


sim o benefício recebido por um favor
prestado. Portanto, um feudo pode
ser o direito de cobrança de impostos,
por exemplo. Quando nos referimos
à porção de terra, usamos o termo
“senhorio”, que pode se tornar um
feudo, se doado como benefício em
troca de um favor prestado e da
lealdade de um vassalo.

Armadura medieval.

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HISTÓRIA
Módulo 25

Apesar de ocuparem a base dessa sociedade, eram os servos que garantiam


o sustento, uma vez que realizavam todo o trabalho agrícola.
Como visto, a condição social era determinada pelo nascimento. O nobre
nascia em uma família nobre e isso garantia sua condição social. O discurso da

6o Ano
Igreja Católica, instituição de muito poder na época medieval, confirmava e
justificava essa hierarquia ao afirmar que Deus havia colocado no mundo pessoas
destinadas a orar, outras a guerrear e outras a trabalhar.

Pirâmide da hierarquia na Idade Média

... os que oram


Clero

... os que guerreiam


Nobreza

... os que trabalham


Camponeses e servos

Mulheres da história: o papel


da mulher no Período Medieval

Quando estudamos o papel da mulher na Idade


Domínio Público/Wikimedia

Média, logo pensamos na submissão (obediência) aos


seus pais e maridos, decorrente das relações tradicionais
da época. De fato, as mulheres estavam ligadas à família
patriarcal (na qual o homem é o chefe do lar), mas, para
além disso, desempenhavam funções importantes para
a sociedade medieval.
As camponesas auxiliavam suas famílias nas tarefas
agrícolas cotidianas, enquanto as pertencentes às famílias
nobres se encarregavam da tecelagem, da organização
da casa ou do artesanato. Nos séculos finais da Idade
Média, ocorreu uma revalorização da mulher, ligada ao
culto à Virgem Maria; assim, cada vez mais as mulheres
desempenhavam funções além das domésticas. Em
alguns locais – como no sul da Europa – aceitava-se até
mesmo a participação política.

Mulheres medievais tocando música, século XV, autor desconhecido.

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Feudalismo HISTÓRIA
Módulo 25

3. Economia feudal 4. Laços de servidão


Os feudos eram grandes propriedades de terra. A consolidação do sistema feudal na Alta Idade Média
A economia feudal era essencialmente agrícola, e as veio acompanhada do desenvolvimento dos laços de
necessidades básicas eram garantidas pela produção local. servidão, regime de trabalho típico desse período. Os servos
6o Ano

Diante desse cenário, o comércio e a circulação de moeda eram camponeses que trabalhavam nas grandes terras
se tornaram irregulares, perdendo um pouco de sua impor- comandadas pelos senhores feudais, e em troca recebiam
tância. As trocas comerciais até existiam, mas eram escassas. moradia e meios de sobrevivência. Diferentemente dos
Os habitantes do senhorio costumavam depender escravos, os servos estavam presos à terra. Mesmo que um
muito pouco dos produtos vindos de fora da sua extensão senhorio mudasse de senhor, os servos não poderiam ser
de terra. Quando isso ocorria, eles optavam pelo escambo expulsos, passando a prestar obrigações ao novo senhor.
(troca sem uso do dinheiro como compensação), trocando
produtos com habitantes de outros feudos. A estrutura

Domínio Público/Wikimedia
produtiva era marcada por um baixo nível tecnológico e
pouca divisão do trabalho. Como a produção era voltada
para a autossuficiência, ou seja, não se produzia em larga
escala, os instrumentos de trabalho eram simples. A partir
do século XI, houve uma melhoria nas técnicas agrícolas,
em decorrência de transformações vividas pela Europa na
Baixa Idade Média.
Domínio Público/Wikimedia

Os servos eram ligados à terra, e não ao senhor.


Além dos servos, havia os vilões, pequenos proprietá-
rios que entregavam suas terras a um senhor. Embora livres,
deviam várias obrigações ao dono do feudo.
Os escravos encontravam-se, nessa época, em número
reduzido e eram mantidos em algumas regiões próximas ao
Mediterrâneo. O servo tinha o direito à própria vida, algo
que não era concedido ao escravo, que era tratado como
uma propriedade. Além disso, ainda que entregasse grande
parte da colheita ao senhor, o servo produzia sua própria
economia. No entanto, em ambos os regimes de trabalho,
havia a condição de exploração.
Os servos tinham obrigações com o senhor feudal e lhe
pagavam tributos, como:

• Banalidade – caso o servo desejasse utilizar equipa-


mentos e instalações do senhor feudal, como o moinho
e o forno.
Trabalhadores em um feudo.
senhorio • Corveia – os servos deviam trabalhar três ou mais
Os habitantes do
parte do dias da semana nas terras do senhor feudal, conforme
produziam a maior
importavam estabelecido entre ambas as partes.
que consumiam e • Formariage – taxa cobrada, em algumas épocas, na
alimentos
produtos de luxo ou França, quando um servo se casava com uma mulher
escassez.
em momentos de de outro feudo.

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HISTÓRIA
Módulo 25

• Mão-morta – era o pagamento de uma taxa para perma-


necer no feudo da família servil, em caso de falecimento
do pai da família.
Sociedade estamental × igualdade jurídica
• Talha – os servos davam parte da produção do manso
servil para o senhor feudal.

6o Ano
©Jean Fouquet/Wikimedia
5. Suserania e vassalagem
Na sociedade germânica, os bens conquistados nas
guerras eram distribuídos pelos chefes entre seus guerreiros,
garantindo assim a sobrevivência de seus dependentes.
Em contrapartida, os guerreiros, ao receberem esses bens,
aceitavam um compromisso de fidelidade com seu chefe. Esse
costume chamava-se comitatus (“companheirismo”, em latim).

©Jörg Jüngere, Paulus Mair/Wikimedia

Na Idade Média, as hierarquias eram rígidas, e o nascimento definia o


status do indivíduo para toda a vida.
Na Idade Média, as pessoas não eram vistas
e tratadas da mesma forma. Os poderes políticos
diferenciavam-nas de acordo com o status de
cada uma dentro da sociedade. Como vimos no
presente módulo, o nascimento definia a posição
do indivíduo na sociedade e suas possibilidades de
ascensão social no contexto do feudalismo.
Atualmente, a maioria dos países ocidentais
não adota mais a sociedade estamental. Desde a
Revolução Francesa, as constituições ocidentais
estabelecem a igualdade civil e jurídica. Ou seja, o
Estado não pode diferenciar o indivíduo por causa
Cerimônia para firmar o compromisso entre suserano e vassalo. da riqueza da sua família, religião, cor da pele ou
orientação sexual. É papel dos governantes tratar as
A relação de suserania e vassalagem tem sua origem no pessoas da mesma forma e garantir as mesmas opor-
costume germânico descrito acima e também era marcada por tunidades. Por esses motivos, o artigo constitucional
laços de subordinação. O suserano era um nobre que doava “Todos os homens são iguais perante a lei” contesta
benefícios a outro nobre, denominado vassalo. O suserano a sociedade estamental do Período Medieval.
deveria abrigar o vassalo no castelo e ajudá-lo a proteger sua
terra. Em troca, cabia ao vassalo a tarefa de administrar a terra
recebida e oferecer ajuda militar ao suserano. Um vassalo
poderia tornar-se suserano de outro nobre se doasse uma
parte de seus feudos para ele. 6. Descentralização política
Suserano e vassalo se comprometiam mutuamente A desestruturação do Império Carolíngio e a continui-
em uma cerimônia caracterizada por dois momentos – a dade das guerras bárbaras revelavam o enfraquecimento
“homenagem”, ato pelo qual o vassalo jurava obediência e do poder real. Cada vez mais os nobres se fechavam em
fidelidade ao suserano, demonstrando sua submissão, e a muralhas que cercavam os senhorios e estabeleciam relações
“investidura”, quando o suserano simbolizava a doação do feudo particulares, marcadas pelos laços de dependência de homem
por meio da entrega de um objeto, como uma lança ou um anel. a homem (suserania e vassalagem).

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Feudalismo HISTÓRIA
Módulo 25

Por isso, diz-se que a política no feudalismo era descen-


tralizada, ou seja, fragmentada: embora a figura do rei existisse,
o poder era predominantemente local, concentrando-se nas
■■
02 Assinale a alternativa que apresenta características do
feudalismo:

mãos dos senhores feudais. Na prática, a autoridade exercida (A) Poder descentralizado, que estava nas mãos dos
senhores feudais, e agricultura como base da economia.
6o Ano

pelos nobres era superior à dos reis, que não interferiam


diretamente nas regras estabelecidas dentro dos feudos. (B) Poder centralizado nas mãos do monarca e predomi-
nância do trabalho assalariado.
Em resumo, o senhor feudal mandava em todo o
(C) Sistema de eleições para a escolha dos governantes e
feudo e buscava fazer alianças com outros nobres, numa
trabalho servil.
relação de suserania e vassalagem, havendo sempre uma
(D) Relação de subordinação e fidelidade entre nobres e
hierarquia. Em última instância estava o rei, que era o
sociedade igualitária.
grande suserano (não era vassalo de ninguém). Em seu
(E) Contato comercial entre os feudos e poder nas mãos
feudo, o senhor feudal tinha autonomia política, e os servos dos cavaleiros medievais.

■■
deviam obediência a ele.
03 Observe o dizer do historiador Marc Bloch:

■■ 01 Relacione o processo de ruralização, vivenciado na


Europa Ocidental no início da Idade Média, com a
formação do feudalismo.
A instituição das corveias variava de acordo com os
domínios senhoriais e, no interior de cada um, de acordo
com o estatuto jurídico dos camponeses, ou de seus mansos.

■■
BLOCH, Marc. Os caracteres originais da França rural. 1952.

02 Explique a falta de mobilidade entre os grupos sociais O texto refere-se a um dos principais elementos do
na época medieval.

■■
sistema feudal, que era:

03 Por que houve uma retração (diminuição) das trocas (A) a relação de suserania e vassalagem.
comerciais e da circulação de moedas na Alta Idade (B) o enfraquecimento do comércio.
Média?

■■
(C) o poder descentralizado nas mãos dos nobres.
(D) a economia autossuficiente.
(E) a servidão como forma de mão de obra.

■■
04 Que tipo de obrigações tinha o servo para com o senhor
feudal?

■■ 05 Relacione os laços de suserania e vassalagem à descen-


tralização do poder político da Idade Média.
04 Leia com atenção o trecho de um dos maiores especia-
listas em história medieval:

Um sistema de organização econômica, social e


política baseado nos vínculos de homem a homem, no qual

■■
uma classe de guerreiros especializados – os senhores
–, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de
01 Depois da aula de História, em que ouviram atenta- vínculos de dependência, domina uma massa campesina
mente a explicação do professor, dois alunos, João que explora a terra e lhes fornece com que viver.
Pedro e Vinícius, conversavam sobre o que enten- GOFF, Jacques Le. A Civilização no Ocidente Medieval. Lisboa: Estampa, 1983.

deram de feudalismo. Porém, os dois colegas discor-


daram em um ponto: o primeiro achava a sociedade Identifique o nome do sistema descrito por Le Goff e
feudal muito parecida com a nossa sociedade atual, analise as duas características desse sistema destaca-
enquanto o segundo destacava as diferenças entre a das pelo autor.
época medieval e os dias atuais. Ajude-os a resolver
esse dilema: a sociedade feudal era semelhante à
nossa? Justifique sua resposta com exemplos práticos.

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HISTÓRIA
Módulo 25

■■
05 Complete a cruzadinha a seguir, com base no que você
aprendeu sobre feudalismo:
e. Povos que invadiram o Império Romano do Ocidente
e contribuíram para a formação do feudalismo.
f. Obrigação dos servos de repassar metade da produção
a. Como era chamada a terra (unidade de produção) na da sua terra ao senhor feudal.
Idade Média? g. Caráter fragmentado do poder político na Idade Média.

6o Ano
b. Nobre que concedia um pedaço de terra a outro nobre. h. Eram os donos dos feudos e cavaleiros; possuíam
c. Principal objetivo da produção camponesa no feuda- grande prestígio social.
lismo. i. Sociedade sem mobilidade entre os grupos.
d. Tributo pago pelo servo caso quisesse utilizar ferra- j. Nobre que recebia a terra de outro nobre e lhe jurava
mentas e instalações do senhor feudal. fidelidade e proteção.

B
C
D

E
F
G

H
I
J

■■
01 Compare a sociedade feudal com a nossa sociedade
atual, enfatizando a questão da mobilidade entre os
_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

■■
grupos sociais.
_____________________________________________________________________

02 _____________________________________________________________________

Ser o homem de outro homem: no vocabulário feudal


_____________________________________________________________________
não existia aliança de palavras mais difundida do que
essa, nem mais rica de sentido. (...) servia para exprimir _____________________________________________________________________
a dependência pessoal, em si.
_____________________________________________________________________
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70, p. 159.

_____________________________________________________________________
A partir da leitura do fragmento, analise a relação de
compromisso e obediência presente nos laços de vas- _____________________________________________________________________
salagem.
_____________________________________________________________________

19
Cultura medieval

6o Ano
História
Módulo

©Jules Eugène Lenepveu/Wikimedia


Você sabia que, na Idade Média,
muitas pessoas eram condenadas
à fogueira por motivos religiosos?
O Tribunal da Santa Inquisição (ou Santo
Ofício) foi criado pela Igreja Católica Apostólica
Romana na Idade Média. Ele julgava todos
aqueles considerados uma ameaça aos dogmas
da Igreja e acusados de heresia (crime contra a
fé católica).
Durante a Idade Média, a Igreja Católica foi
uma instituição poderosa, influenciando todos os
aspectos da sociedade. Um dos mecanismos de
manutenção da sua força era a Inquisição.
Os suspeitos eram perseguidos, julgados,
e muitos acabavam sentenciados, cumprindo
penas que variavam desde a prisão até a morte
na fogueira, caso em que os condenados eram
queimados vivos em plena praça pública. E, embora
hoje seja difícil imaginar, a Igreja Católica foi
mesmo responsável por atos desse tipo.
Representação da morte de Joana D’arc
Neste módulo, ao estudar as manifestações na fogueira, em 30 de maio de 1431,
culturais na Idade Média, você perceberá como a em Rouen, na França. A jovem filha de
Igreja foi fundamental na construção da menta- camponeses liderou a luta contra a
lidade medieval. ocupação inglesa em 1429, na Guerra
dos Cem Anos.

Expectativas de aprendizagem:
– Compreender o panorama cultural da Idade Média e a
influência da Igreja Católica na mentalidade medieval;
– entender as diversas expressões artísticas e
arquitetônicas medievais.
HISTÓRIA
Módulo 26

1. O clero medieval 2. A predominância da Igreja nas


A Igreja Católica era uma instituição muito influente e manifestações culturais
estava presente em todos os aspectos da vida da sociedade
A cultura medieval era teocêntrica, ou seja, Deus
medieval. Os clérigos eram a principal fonte de informação

6o Ano
ocupava o centro do pensamento e dos debates dos indiví-
daquela época. Reis e nobres, desejando o apoio do papa e
duos. A partir dessa visão, a religiosidade cristã explicava
acreditando receber a bênção divina, doavam terras, garan-
todos os tipos de fenômenos da sociedade. Não havia
tindo o acúmulo de riquezas pela Igreja. Além disso, havia
distinção entre fé e ciência.
a cobrança (a princípio voluntária e depois obrigatória) do
Os clérigos, além de alguns nobres, eram os poucos
dízimo eclesiástico, uma espécie de imposto pago pelos fiéis.
indivíduos que sabiam ler e escrever na época medieval,
Os membros da Igreja Católica, os clérigos, tinham pois frequentavam escolas e universidades. O clero regular,
enorme prestígio, ocupando a camada mais favorecida da particularmente, dedicava-se com maior afinco aos estudos
sociedade. O clero secular era composto pelos membros dentro dos mosteiros, que se tornaram centros de referência
da Igreja que estavam em contato direto com os fiéis no espiritual e intelectual.
cotidiano (por exemplo, os padres). O clero regular era
Os monges copistas redigiam à mão livros que, nessa
formado por membros de ordens monásticas (beneditinos,
época, eram escritos em pergaminho (material usado como
franciscanos, dominicanos etc.).
se fosse um papel, feito de pele tratada de carneiro ou de
cabra) e decorados com gravuras (iluminuras). Praticamente
só os monges eram cultos, pois dedicavam-se ao ensino
nos mosteiros, onde havia escolas frequentadas por aqueles
que se tornariam religiosos e por alguns filhos de nobres e
comerciantes mais ricos.
A escolástica era o método de ensino usado nas escolas
e universidades medievais a partir do século XI. Era composta
Os mosteiros eram espaços culturais privilegiados, de quatro etapas. A primeira era o lectio: exposição sobre
pois lá havia escolas e universidades e os monges autores considerados referências no assunto estudado.
copistas transcreviam documentos antigos; assim, A segunda era o disputatio: discussão sobre o texto selecio-
dominavam o debate sobre a filosofia, ética, política nado pelo professor. A terceira era o questio: momento em
e a moral medieval. que se levantavam questionamentos. A última etapa era o
determinatio: quando se chegava a uma conclusão.
Até hoje, a escolástica é usada nas universidades. Ela
surgiu a partir do esforço de Tomás de Aquino, membro da
ordem dominicana, formado em Filosofia. Com base nesse
pensamento, esse grande teórico buscava o uso da razão
para o aperfeiçoamento da fé.

Tomás de Aquino era extremamente humilde e


A associação entre doença e religião na Ida
de Média submeteu toda a sua obra para a valorização da
ocorria porque os indivíduos eram muito
influenciados Igreja. Pouco antes de morrer, disse: “ensinei e escrevi
pela religiosidade cristã, vivendo em cons
tante conflito muito (...). Todos os ensinamentos que escrevi mani-
entre o que era divino e o que era mundano
. festam minha fé em Jesus Cristo e na Santa Igreja
Católica, a cujo juízo os ofereço e submeto”.

21
Cultura medieval HISTÓRIA
Módulo 26

3. A arte medieval
A bela arquitetura das igrejas medievais até hoje chama a
Os franciscanos e as ordens mendicantes
atenção pela sua grandiosidade. Na Alta Idade Média, predo-
Francisco de Assis era filho de um rico minou o estilo românico: paredes muito espessas (grossas,
6o Ano

comerciante de tecidos da cidade de Assis, na densas), poucas janelas e abóbodas (construções em forma de
Itália. Um certo dia, despiu-se de suas roupas arco). Porém, na Baixa Idade Média, prevaleceram as grandes
publicamente e decidiu abandonar a casa do pai e catedrais no estilo gótico: arquitetura mais leve, e repleta de
passar a viver de esmolas. Assim surgiu a Ordem vitrais.
Franciscana, também chamada de Ordem dos Na música e na poesia, destacou-se a figura do trovador.
Frades Menores, inaugurando um modelo de ordem Era um poeta-cantor que percorria a Europa, levando sua
religiosa: as ordens mendicantes, que viviam de arte a diversos ambientes: praças públicas, universidades ou
doações e esmolas. cortes aristocráticas. Era itinerante e tinha a oralidade como
A princípio, a Igreja rejeitou o voto de pobreza sua principal “ferramenta” de trabalho. Essa atividade era
de Francisco de Assis. Porém, ele conquistou muitos comum principalmente na França.
seguidores, e suas ideias se tornaram gradativa- Os populares se divertiam com os festejos em praça
mente mais fortes. A Ordem dos Frades Menores pública. Neles, a presença do elemento cômico era determi-
teve início com a autorização do papa Inocêncio nante, em oposição ao tom sério e oficial da Igreja. O teatro,
III, e Francisco e 11 companheiros tornaram-se que surgiu em cerimônias religiosas, aos poucos aparecia
pregadores itinerantes, levando, com simplicidade, nas ruas e se tornava uma das artes mais populares da época
a palavra de Cristo ao povo. Anos após sua morte, medieval.
Francisco foi canonizado e passou a ser conhecido
como São Francisco de Assis.

©Aracuano/Wikimedia
Outras ordens mendicantes surgiram pela
Europa: a Ordem Dominicana, na Península Ibérica,
e a Ordem dos Pregadores, na cidade francesa de
Toulouse. Assim como os franciscanos, pediam
esmolas para sua sobrevivência e recusavam
bens materiais.
©Jorisvo/iStock

Fachada principal da Sé Velha de Coimbra, um dos edifícios românicos mais importantes


de Portugal. A construção começou pouco depois da Batalha de Ourique (1139), quando
Afonso Henriques escolheu Coimbra como capital do reino.

Representação de um monge.

22
HISTÓRIA
Módulo 26

©bhidethescene/iStock
O estilo românico é marcado pela horizontalidade,
paredes pesadas que visavam a proteção em
momentos de ataques e poucas janelas. Seus arcos

6o Ano
são arredondados e pórticos. Predominaram até o
final da Alta Idade Média. O estilo gótico é carac-
terizado pela verticalidade, o uso de amplos vitrais,
a construção de abóbadas altas e o uso de arcos
para sustentação e leveza das paredes. Seus arcos e
pórticos são pontiagudos.

A Catedral de Milão é um exemplo da arquitetura gótica. Construída em 1386.

A engenharia na construção das igrejas góticas medievais

Para construir uma igreja gótica, os arquitetos


©KovalenkovPetr/iStock

medievais renunciaram ao emprego de aparelhos com


peças de grande dimensão, começando a levantar os
muros com peças menores, mais facilmente carregadas
por um canteiro. Ao contrário dos edifícios românicos,
situados em locais mais afastados e bem defendidos,
os monumentos góticos estavam ligados à cidade. Essa
diferença de localização teve repercussões importantes
quanto ao nível de estabilização geotécnica que a cons-
trução de uma catedral requeria.
Exemplo famoso de arquitetura gótica é a Catedral
de Notre Dame, que se tornou símbolo da civilização
ocidental. Construída no período medieval, recente-
mente, a igreja perdeu parte de seus tesouros artísticos
e religiosos por causa de um incêndio que, em 14 horas,
pôs abaixo 850 anos de construção. Em 15 de abril
de 2019, a Torre desmoronou gerando nove horas
de trabalho para controlar o fogo. De acordo com a
polícia de Paris, o fogo pode estar ligado aos trabalhos
Catedral de Notre Dame, antes do incêndio, em abril deste ano (2019). de restauração da catedral.

23
Cultura medieval HISTÓRIA
Módulo 26

Saúde, doenças e a influência


da Igreja na Idade Média
6o Ano

A queda do Império Romano, que deu início à foi extremamente emblemática no período. A doença,
Idade Média, também foi marcada pela ruptura com causada por bactérias do gênero Mycobacterium, o
a organização e os costumes da Antiguidade Clássica. mesmo gênero da bactéria causadora da tuberculose,
As instalações sanitárias do antigo império foram representava a impureza frente a Deus. Isso por conta
destruídas ou perderam a função nos principais pontos dos seus sintomas severos.
do território. Em contrapartida, o fortalecimento da Os pacientes eram considerados mortos e enviados
Igreja levou a práticas que favoreceram as epidemias, a leprosários para que fossem isolados da sociedade.
como a peste bubônica. Era comum, inclusive, rezar missas com a presença
A Igreja associava a ideia de doença ao pecado. dos pacientes antes que eles se fossem. Atualmente,
Dessa forma, assuntos relacionados à saúde eram o termo “lepra” não é mais utilizado, dando lugar ao
tratados pela Igreja e seus membros, e a medicina e nome hanseníase. A doença tem cura, e sua transmissão,
seus profissionais não eram membros respeitados da diferentemente do que se pensava na Idade Média, não
sociedade. Rezas, penitências e práticas de exorcismo se dá pelo contato com a pele do paciente, e sim com
eram medidas comuns na tentativa de eliminar doenças. gotículas de saliva ou secreções respiratórias.
Para agravar a situação, a alma recebia maior impor-
tância que o corpo, e purificá-la era tarefa necessária.
©ManuelVelasco/iStock

Por isso, morrer de alguma doença específica significava


A “máscara da peste”,
a libertação da alma em direção a Deus.
ferramenta utilizada pelos
Devido a tais fatores, era muito comum que os médicos para tratar dos
burgos fossem focos de doenças infecciosas como enfermos acometidos pela
varíola, tuberculose, difteria, lepra e peste bubônica. peste negra no final da
Idade Média.
Apesar de muito se falar sobre a peste, a lepra também

■■ 01 Diferencie clero regular de clero secular.


■■ 01 Se você fosse um cientista, vivesse na Idade Média e

■■
decidisse rebater alguma teoria defendida pela Igreja
02 Explique o que é a cultura teocêntrica. Católica, sua vida seria fácil? Você seria facilmente

■■
aceito ou provavelmente perseguido? Se fosse perse-
guido, quem faria isso?

■■
03 Os estilos artísticos do Ocidente Medieval que se
caracterizaram sobretudo pelas catedrais são:
02
(A) Barroco e Rococó. Na Idade Média, chamava-se “lepra” a muitas doenças.
(B) Romano e Bizantino. Toda erupção pustulenta, a escarlatina, por exemplo, qualquer
(C) Românico e Gótico. afecção cutânea passava por lepra. Ora, havia, com relação à
(D) Gótico e Neoclássico. lepra, um terror sagrado: os homens daquele tempo estavam
(E) Renascentista e Românico.

■■
persuadidos de que no corpo se reflete a podridão da alma.
O leproso era, só por sua aparência corporal, um pecador.
04 Apresente a importância da Inquisição para a manu- Desagradara a Deus, e seu pecado purgava através dos poros.
tenção do poder da Igreja Católica na Europa.

■■
DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos.
São Paulo: Editora Unesp, 1998.

05 Caracterize o pensamento de São Tomás de Aquino.

24
HISTÓRIA
Módulo 26

O texto mostra a associação entre doença e religião na


Idade Média. Isso ocorre porque os homens do período: ■■
05
A Igreja, durante toda a Idade Média, guiava todos os
movimentos do homem, do batismo ao serviço fúnebre.
(A) eram pouco religiosos. A Igreja educava as crianças; o sermão do pároco era a
(B) sabiam separar a fé da ciência.

6o Ano
principal fonte de informação sobre os acontecimentos e
(C) isolavam os doentes, diferentemente do que ocorre hoje, problemas comuns. A paróquia constituía uma importante
pois todos os doentes recebem tratamento adequado. unidade de governo local, coletando e distribuindo as
(D) eram muito influenciados pela religiosidade cristã, esmolas que os pobres recebiam. Como os homens
vivendo em constante conflito entre o que era divino e ficavam atentos aos sermões, era frequente o governo
o que era mundano. dizer aos pregadores exatamente o que deviam pregar.
(E) eram marcados pelo imaginário islâmico, associando as
HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa: Presença, 1977 (adaptado).
doenças à vingança de Alá pelos pecados da humanidade.

■■
03

Dionísio Cartuxo redigiu o tratado De Venustate


A partir do texto, apresente elementos que compro-
vem o controle da Igreja Católica em relação às mani-
festações culturais durante a época medieval.

Mundi et Pulchritudine Dei (So­bre o Encanto do Mundo


e da Beleza Di­vina). De imediato, o título nos diz que a
beleza verdadeira é atribuída unicamente a Deus; o mundo
pode ser apenas venustus, belo, agradável. As belezas da Os mosteiros eram, em primeiro lugar, casas, cada
criação, diz ele, não passam de um respingo da beleza uma abrigando sua “família”... os mais abundantes
máxima; uma criatura é chamada de bela na medida em recursos convergiam para a instituição monástica,
que é parte da beleza da natureza divina e com isso, de levando-a aos postos avançados do progresso cultural.
certo modo, passa a ter a mesma forma que ela. DUBY, Georges. História da vida privada 2: da Europa Feudal à Renascença.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 52.

■■
Johan Huizinga

01 Discorra sobre a importância cultural dos mosteiros.

■■
O conceito de beleza tratado no texto está associado
a uma característica marcante da cultura medieval.
Qual? 02 Compare a questão da tolerância religiosa na época

■■
medieval e nos dias atuais.
04 Se, para o historiador, a Idade Média não pode ser
reduzida a uma “Idade das Trevas”, para o senso
comum, ela continua a ser lembrada dessa maneira,
como um período de prática e instituições “bárbaras”.
Com base nessa afirmação, indique e descreva:

a. as duas contribuições relevantes da Idade Média.


b. duas práticas ou instituições medievais lembradas
negativamente.

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25
O islamismo

6o Ano
História
Módulo

Você sabia que, atualmente, o islamismo é a


segunda religião com mais adeptos no mundo?
Com mais de 1,5 bilhão de seguidores por todo o mundo, o

©zanskar/iStock
islamismo cresceu significativamente nos últimos anos. A partir
disso, especialistas estimam que, em quatro décadas, essa será a
religião que mais terá ascendido no planeta. No Brasil, de acordo
com a Sociedade Islâmica Brasileira, o islã tem mais de 1,5 milhão
de seguidores, com mais de 50 mesquitas e 80 centros islâmicos
espalhados pelo país.
Neste módulo, vamos conhecer a história dessa religião e sua
relevância para significativa parte da humanidade.

Muçulmanos em oração.

Expectativas de aprendizagem:
– Identificar as principais características da Península Arábica
antes do surgimento do islamismo;
– entender como o Islã surgiu por meio do profeta Maomé;
– listar as principais características da cultura islâmica.
HISTÓRIA
Módulo 27

1. A Península Arábica
MAR NEGRO
EUROPA

6o Ano
MAR
Ancara

CÁSP
TURQUIA TURCOMENISTÃO

IO
I. de Rodes
(GRE) CHIPRE CHINA
Teerã
Nicósia SÍRIA
MAR LÍBANO
Cabul
MEDITERRÂNEO Beirute Damasco Bagdá
Irã AFEGANISTÃO
Israel IRAQUE
Jerusalém Amã

JORDÂNIA
EGITO
KUWAIT
GO
LF PAQUISTÃO
O

RS
BAHREIN
IC
MAR

O
Manama Omã
cer
ARÁBIA CATAR de Cân
Doha GOLF Trópico
SAUDITA Abu Dhabi O DE
OMÃ
VE

Riade Mascate
EMIRADOS
ÁRABES
RME

ÁFRICA UNIDOS
LHO

OMÃ MAR ARÁBICO

Sana
IÊMEN OCEANO
ÍNDICO

A Península Arábica hoje.

A Península Arábica está localizada na região sudoeste Beduínos no deserto da


do continente asiático, e dela fazem parte os seguintes países: Península Arábica.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Bahrein,
Kuwait, Catar e Iêmen. É banhada ao sul pelo Oceano Índico,
a leste pelo Golfo Pérsico e a oeste pelo Mar Vermelho. Já ao
norte, é cortada por um grande deserto, o que isola a zona
costeira do Mediterrâneo oriental. Entre os séculos VI e VII,
a península estava dividida em duas regiões: uma árida e
. montanhosa cercada por desertos e uma na faixa costeira,
fértil por toda a extensão do Mar Vermelho.
Os povos que viviam na região árida eram chamados
de beduínos. Por causa de sua população abundante, esses
árabes tinham uma vida difícil, muitas vezes passando
fome. Cultivavam trigo e tâmara e criavam ovelhas, cabras
©Bartosz Hadyniak/iStock

e, principalmente, camelos, que serviam como meio de


locomoção. Entretanto, a produção não era suficiente para
alimentar toda a população que vivia no deserto.

27
O islamismo HISTÓRIA
Módulo 27

Nos desertos que circundavam a Península Arábica, existiam zonas pedre-


gosas, dunas, vales de rios secos e oásis, que tinham poços de água na superfície,
em meio a uma vegetação deslumbrante. Esses poços de água, que tornaram
possível a vida nessas regiões, eram, no entanto, temporários, pois desapareciam
6o Ano

de um lugar e nasciam em outro. Desse modo, as tribos eram obrigadas a se


mudar em busca de novos poços de água. Quando os encontravam, tentavam
expulsar a tribo local, provocando uma disputa denominada razia. Por tradição,
o vencedor tinha o direito de tomar os bens dos derrotados. Esse costume era
chamado de butim.
Os beduínos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses.
Localizada na cidade de Meca, a Caaba, um cubo coberto por seda preta, é o
principal santuário, representando mais de 360 ídolos politeístas, e dentro dela
está armazenada a pedra negra. Embora provavelmente seja um fragmento de
meteorito, a pedra era adorada como um presente divino. Os beduínos faziam
peregrinações a Meca para adorar seus deuses, representados geralmente por
forças da natureza. Também acreditavam em amuletos e talismãs e nos djim,
espíritos maus que preparavam armadilhas para as pessoas em meio ao deserto,
por exemplo.
Já os povos da parte costeira e fértil da Península Arábica possuíam melhores
condições de vida que os beduínos, pois a prática agrícola era favorável, além de
existir uma intensa atividade comercial. A sociedade era dividida em clãs, não
havendo uma unidade política, isto é, uma centralização política em torno de
um governante. As principais cidades da região eram Meca e Iatreb, conhecidas
como os grandes centros comerciais da Península Arábica, e por elas passavam
caravanas de comerciantes que desejavam chegar a outros centros importantes,
como a Pérsia e a Síria.
Meca se tornou a principal cidade da Península Arábica. Além de possuir
um intenso comércio, recebia milhares de fiéis, que iam até a Caaba para adorar
seus deuses. Aproveitando-se da grande religiosidade tanto dos beduínos quanto
dos povos que viviam nas cidades, também politeístas, os comerciantes de Meca
lucravam bastante com a venda de vários tipos de produto para os fiéis.

O ritual religioso dos beduínos em Meca

Os beduínos, quando chegavam a Meca, não iam


©haya_p/iStock

diretamente à Caaba para adorar seus deuses, mas sim


ao Vale da Mina para apedrejar o demônio Iblis, que teria
sido, segundo a lenda, afugentado por Ismael a pedradas.
Depois, iam ao Monte Arafat para meditar e bebiam a
água sagrada do poço chamado de Zen-Zen; iam, então,
para a Caaba, beijavam a pedra negra e, em seguida,
davam sete voltas em torno do local. Após o ritual,
os beduínos estariam purificados e, assim, poderiam
participar do comércio nas feiras locais.

28
HISTÓRIA
Módulo 27

2. Maomé e o islã dos povos beduínos, pois não tinham riquezas a defender
como os comerciantes de Meca. Maomé obteve êxito na
Maomé (Muḥammad ou Moḥammed) é um profeta conversão dos povos do deserto, que passaram a seguir os
do islamismo. Nasceu em 570 d.C. na cidade de Meca, em preceitos ensinados por ele, muito diferentes do politeísmo
uma família pobre, os axemitas, que pertenciam à tribo dos até então existente na região.

6o Ano
coraixitas, influentes comerciantes responsáveis pela admi- Entretanto, o preceito de Maomé baseado na crença em
nistração de Caaba. Quando criança, seus pais faleceram, um único Deus passou a prejudicar os interesses econômicos
e, por isso, foi criado pelo avô. Os dois viveram no deserto, dos coraixitas, principal tribo de comerciantes da cidade
o que levou Maomé a conhecer bem o estilo de vida dos de Meca, pois a cidade perdeu o valor atrativo para grande
beduínos. Aos 15 anos, voltou para Meca e tornou-se um parte dos povos beduínos, que haviam sido convertidos ao
caravaneiro, ou seja, um guia de caravanas. Devido às suas islamismo. Desse modo, as peregrinações a Meca não mais
habilidades como tal – evitando os constantes ataques aconteciam, levando à decadência comercial da cidade,
com o emprego de grande técnica militar para derrotar os pois os beduínos eram grandes consumidores dos produtos
inimigos –, Cadidja, viúva rica da região de Meca, inte- vendidos nela. Os coraixitas não estavam satisfeitos com
ressou-se por ele, e os dois acabaram se casando. Maomé as ações e popularidade de Maomé, que confrontava o
passou a administrar a riqueza e os negócios da esposa, politeísmo por eles praticado, e, então, passaram a acusá-lo
com quem teve uma filha, Fátima. de tentar incitar o povo contra a elite. Com isso, o líder dos
Domínio Público/Wikimedia
coraixitas os proibiu de fazer qualquer tipo de comércio com
Maomé. Os seguidores de Maomé, chamados de muslimmus
ou muçulmanos (aqueles que se submetem), também
foram perseguidos.
Em 622, depois de uma tentativa de assassinato por
parte dos coraixitas, Maomé reuniu seus seguidores e
peregrinou à cidade de Iatreb. Essa peregrinação é conhecida
como hégira e marca o início do calendário muçulmano.
Maomé continuou pregando em Iatreb e conseguiu
vários adeptos. A aceitação foi tão grande que a cidade
passou a ser chamada de Medina (cidade do profeta). Para
expandir o número de seguidores, Maomé passou a pregar
Despedida para a peregrinação.
a jihad, a propagação dos preceitos religiosos do islamismo.
Esta começou a ser aplicada contra as caravanas que iam
Em suas viagens, Maomé conheceu diferentes regiões, a Meca para comercializar. Prejudicados, os coraixitas
como a Palestina, o Egito, a Pérsia etc., e, desse modo, entrou buscaram fazer um acordo com Maomé – o Tratado de
em contato com outras religiões, como o cristianismo e o Hudaibyia – e aceitaram o profeta, que concordou em não
judaísmo. Ficou admirado com a prática monoteísta dos destruir todos os ídolos de Meca, isto é, todas as imagens
judeus e cristãos, visto que, na Península Arábica, os habitantes das divindades cultuadas pelos árabes.
eram politeístas. Buscando sua própria verdade religiosa, Entretanto, Maomé retornou a Meca com seus segui-
Maomé passou a meditar no Monte Hira. Em meio às suas dores e destruiu todos os ídolos da Caaba. Os coraixitas
meditações, teria recebido uma revelação do anjo Gabriel, que não se converteram do politeísmo para o monoteísmo
que teria dito que “não há outro Deus senão Alá e Maomé é – adorando Alá como seu único Deus – e que não aceitaram
o seu profeta”. Segundo Maomé, o anjo teria dito, ainda, que Maomé como único e verdadeiro profeta foram mortos. A
era missão do profeta espalhar a palavra de Deus pelo mundo. pedra negra, grande símbolo da Caaba, foi preservada pelos
A partir desse momento, Maomé colocou-se contra seguidores de Maomé, simbolizando Alá a partir desse
a ganância dos comerciantes em Meca, condenou as lutas momento. O ano de 630 ficou então conhecido como o
sanguinárias na Península Arábica – como os conflitos dos ano do nascimento do islamismo. Maomé criou uma nova
beduínos por poços de água – e também criticou o infan- forma de organização política e social, cujos laços de união
ticídio (o assassinato de crianças) realizado pelos árabes. se baseavam na identidade religiosa, e não no parentesco,
Primeiramente, passou a pregar entre seus familiares, que unificando politicamente a Península Arábica em torno
se converteram ao islamismo. Depois, passou à conversão do seu poder.

29
O islamismo HISTÓRIA
Módulo 27

Em 632, Maomé faleceu na cidade de Medina, onde construiu a primeira


mesquita, a Mesquita de Quba.

Domínio Público/Wikimedia
6o Ano

Mesquita de Quba, na Arábia Saudita.

3. A expansão do islamismo
Após a morte de Maomé, o islamismo se expandiu. Abu Bakr, pai da segunda
esposa do profeta, foi eleito pelos discípulos de Maomé como califa (sucessor do
profeta), o líder do povo islâmico. Quando assumiu o poder, somente a Arábia
estava unificada sob o islamismo. Abu Bakr deu início, então, às conquistas territo-
riais do islã: seus seguidores rumaram até a Síria e a Pérsia, que foram conquistadas
definitivamente pelo seu sucessor, Omar, outro dos antigos líderes próximos de
Maomé. Além dos territórios sírio e persa, Omar também conquistou as regiões
da Palestina e do Egito. Otmã, pertencente à tribo dos coraixitas, sucedeu Omar
e tentou invadir a cidade de Constantinopla, mas não obteve êxito.
A capital do Império de Meca foi transferida para Damasco (atual Síria), e
instituiu-se o princípio hereditário para assumir o poder. Os omíadas conquistaram
Magreb, situada no Norte da África, região que compreende atualmente a Tunísia,
o Marrocos e a Argélia. Depois, conquistaram a Península Ibérica, que estava
sendo governada pelos visigodos. O avanço muçulmano no continente europeu foi
barrado por Carlos Martel, líder dos merovíngios, na Batalha de Poitiers, ocorrida
em 732. Os omíadas, então, estenderam-se até o sul da Gália, conquistando a Sicília,
e até o Oriente, conquistando o Turquestão e o vale do Rio Indo, pertencente à
Índia. O Império Árabe ia da Índia até parcela da China, do Norte da África até a
Península Ibérica, na Europa, e englobava as ilhas de Sicília, Córsega e Sardenha,
dominando o Mar Mediterrâneo.
Quando conquistados, os povos vencidos não eram obrigados a se converter
ao islamismo, tendo suas crenças e costumes respeitados pelos islâmicos. Desse
modo, existia uma liberdade religiosa tanto para cristãos quanto para judeus.
Contudo, para continuarem professando a própria fé – e para não sofrerem as
consequências da “guerra santa” –, tinham de pagar um imposto denominado infiel.

30
HISTÓRIA
Módulo 27

Uma disputa pelo poder levou ao fim a dinastia dos


omíadas, substituída pela dinastia dos abássidas. A capital
4. Os pilares do islã
foi transferida de Damasco para Bagdá, provocando divisões A palavra “islã” significa “submeter-se” e exprime a
dentro do islã e originando califados independentes. obediência à lei e à vontade de Alá (Deus, em árabe). A vida
religiosa muçulmana segue normas definidas pela sharia

6o Ano
Com o surgimento desses califados independentes,
iniciou-se a fragmentação do Império Árabe, que se (leis religiosas), o caminho que o muçulmano deve seguir
acentuou quando os povos que viviam na Península Ibérica, na vida. A sharia define regras de conduta, comportamento
no século IX, passaram a um processo de reconquista dos e alimentação, além dos chamados pilares da religião.
seus territórios: a Guerra de Reconquista. Os cristãos, Os seguidores do islamismo são chamados de
no século XI, começaram um movimento denominado muçulmanos, isto é, aqueles que se subordinam a Deus. Os
Cruzadas, com o intuito de reconquistar os territórios consi- ensinamentos sagrados do islã estão contidos no Corão ou
derados sagrados pelos cristãos – como Jerusalém – que Alcorão, que, segundo a tradição islâmica, foi ditado por
estavam sob o controle islâmico. Em meados do século XIII, Alá a Maomé, por mediação do anjo Gabriel. O Alcorão
os mongóis, povos oriundos da Ásia central, conquistaram divide-se em 114 suras (capítulos), ordenadas por tamanho,
Bagdá, a capital do Império Islâmico. E, no século XIV, os e possui elementos fundamentais do judaísmo e do
turcos otomanos conquistaram grande parte dos territórios cristianismo, além de antigas tradições religiosas árabes.
que ainda estavam sob o domínio dos árabes. Além do Alcorão, os sunitas têm uma segunda fonte de
doutrina, a Suna, um conjunto de preceitos baseados nos
ahadith (ditos e feitos do profeta). A Suna é um livro que
apresenta a interpretação de Maomé sobre o Alcorão, o
A importância da Caaba modo como o profeta pensava que um seguidor do islã
deveria se comportar.
Segundo a crença islâmica, Alá (Deus) deu uma
pedra branca a Adão, primeiro homem criado por
Alá. Essa pedra, ao longo dos tempos, foi escure-
cendo devido aos pecados da humanidade. Abraão

©HA
teria, então, construído um santuário em torno

YKIR
dela, denominado Caaba. Os povos que viviam na

DI/iS
tock
Península Arábica faziam peregrinações para visitar
a Caaba, onde estavam a pedra negra e as estátuas
de ídolos adorados pelos árabes.
Após a conversão dos árabes ao islamismo,
religião monoteísta, os monumentos politeístas foram
destruídos por Maomé e seus seguidores, mas a pedra
negra foi mantida. Atualmente, milhares de pessoas
vão todo ano à cidade de Meca para visitar a Caaba,
um dos maiores símbolos da religião islâmica.
O islamismo prega que Maomé é o último profeta de Deus,
ou seja, que foi o último a receber revelações divinas de Deus.
©Zurijeta/iStock

Abraão, Moisés, Jesus Cristo, Ezequiel, entre outros profetas


citados na Bíblia, também são considerados profetas de Deus
pelo islã, cujos seguidores também acreditam nos anjos, no Juízo
Final, no Paraíso e no Inferno, como os cristãos.
Tal qual o cristianismo – que possui os dez manda-
mentos como pilares da sua religião, demonstrando como
um cristão deve professar sua fé –, o islamismo também
Peregrinos muçulmanos dão a volta ao redor da Caaba, pedra tem os seus pilares, que são a shahada, o slãts, o zakat, o
considerada sagrada, que fica na mesquita de Al Masjial al-Haram, em saum e o hajj.
Meca, na Arábia Saudita. Foto de Ahmad Gharobi/AFP. 2016.

31
O islamismo HISTÓRIA
Módulo 27

• A shahada prega que não existe outro Deus a não ser Alá e que Maomé é o
seu profeta.
• O slãts são as cinco orações diárias que todo muçulmano deve fazer, devendo
estar ajoelhado e sempre voltado para Meca (ao alvorecer, depois do meio-dia,
entre o meio-dia e o pôr do sol, logo após o pôr do sol e aproximadamente
6o Ano

uma hora após o pôr do sol).


• O zakat consiste na obrigação dos seguidores do islamismo de dar esmolas às
pessoas mais necessitadas. Nos tempos áureos do Império Islâmico, o zakat
era um tributo pago anualmente em grãos, gado ou dinheiro, utilizado como
auxílio aos pobres e no resgate de muçulmanos presos em guerras.
• O saum consiste na prática de jejuar no mês do ramadã. O jejum, da alvorada
até o pôr do sol, é obrigatório para todos os muçulmanos que já chegaram à
puberdade, representando a sua entrada na vida adulta. Entretanto, enfermos,
mulheres grávidas, lactantes e idosos com doença incurável não são obrigados
a praticar o ramadã.
• Por último, o hajj consiste na peregrinação a Meca. Todo muçulmano com
condições físicas e econômicas deve fazê-lo, pelo menos uma vez na vida.

Além dos cinco pilares citados, existe o jihad, que significa “esforço para
dar o melhor de suas capacidades”. A explicação sobre o que é o jihad não está
no Alcorão, e sim na Suna. O jihad tinha como objetivo essencial a expansão do
Estado muçulmano como esfera onde se garantia a supremacia da sharia.

5. Divergências dentro da religião muçulmana


A sucessão do profeta Maomé não foi feita de forma pacífica e até hoje
gera discordância entre os seguidores do islamismo. Com a morte de Maomé,
os adeptos do islã na época escolheram Abu Bakr, amigo de Maomé, como seu
sucessor (califa). Entretanto, os familiares de Maomé discordavam dessa decisão,
pois, para eles, o sucessor deveria ser da família do profeta, como estipulava o
Alcorão, o Livro sagrado dos muçulmanos.
Ali, genro e primo de Maomé, até chegou a reivindicar a sucessão como
líder dos muçulmanos, porém foi considerado muito jovem e inexperiente.
Assim, Abu Bakr, amigo de Maomé, foi eleito pela maioria dos muçulmanos como
califa. Omar e Otmã o sucederam. Nenhum deles pertencia à família do profeta,
mas, pelo seu prestígio entre os fiéis, conseguiram chegar ao poder máximo
dentro da religião islâmica.
Após o assassinato do terceiro califa, Otmã, Ali conseguiu tornar-se chefe
supremo dos muçulmanos. Ele governou por pouco tempo, sendo morto por
um grupo de muçulmanos que não aceitavam sua postura conciliatória, já que
ele desejava uma total unificação das tribos árabes em torno do seu califado, isto
é, do seu governo como chefe supremo dos muçulmanos. Uma das principais
tribos que se opunham a Ali eram os moídas, que, após a sua morte, tomaram o
poder e criaram um dos principais califados, expandindo a fé islâmica para outros
continentes, como a África e a Europa. Também foram responsáveis pela conquista
de vários territórios, que se estendiam desde a Índia até parte da China, desde o
Norte da África até a Península Ibérica, na Europa, e as ilhas de Sicília, Córsega
e Sardenha.

32
HISTÓRIA
Módulo 27

Os partidários de Ali, denominados shiat, passaram a questionar a legitimidade


dos califados posteriores de Ali, pois não se sujeitavam à autoridade daqueles que não
fossem descendentes diretos de Maomé. Desse modo, surgiram os xiitas (derivado
da palavra shiat, que significa “os partidários”), que acreditam que o líder dos

6o Ano
muçulmanos deve ser da linhagem do profeta, ou seja, oriundo da família de Maomé.
Os muçulmanos que não concordam com essa ideia são denominados
sunitas (os seguidores da Suna). Além de negar aos descendentes do profeta o
poder supremo dos seguidores do islamismo, os sunitas possuem a Suna como
livro sagrado, além do Alcorão.
Os xiitas representam a minoria do povo islâmico, mas são maioria em
alguns países, como Irã, Iraque, Bahrein, Azerbaijão e Iêmen. Atualmente, os
sunitas correspondem a cerca de 90% da população muçulmana, sendo maioria
na Arábia Saudita, no Egito e na Indonésia. Os sunitas acreditam que os livros
sagrados (Alcorão e Suna) e o debate entre os seguidores do islamismo sejam
suficientes para a promoção de um bom governo. No entanto, os xiitas acreditam
que a sua vida de devoção e a adoção de princípios mais rígidos garantiriam o
retorno de Mahdi, o último descendente direto, que seria responsável pela volta
de um governo mais justo e próspero para todos os muçulmanos.

6. Cultura
Os muçulmanos apresentavam a seguinte característica: a assimilação
da cultura de outros povos com os quais tinham contato e a capacidade de
integrá-la na sua, provocando, por exemplo, um grande desenvolvimento
intelectual na época medieval.
Quando dominaram a região em torno do Mar Mediterrâneo, os
europeus tiveram seu vínculo com o Oriente praticamente anulado pelos
muçulmanos, que passaram a controlar a ligação entre a Europa e o Oriente.
Dessa forma, o comércio dos europeus praticamente cessou na região. Tal
acontecimento foi um dos fatores que levaram ao processo da ruralização na
Europa, na época.
Com o domínio árabe em várias regiões, como em parte da Ásia, da África e da
Europa, ocorreu um grande intercâmbio comercial entre essas localidades. Assim,
novos produtos agrícolas chegaram ao Ocidente: algodão, cana-de-açúcar, laranja,
limão, arroz, entre outros. Além disso, surgiram novas técnicas agrícolas, como a
levada, que consiste no rego (vala por onde passa a água) para irrigar ou mover o
moinho, e a azenha (moinho de água).
Outra grande contribuição dos muçulmanos para a humanidade foi no
campo das ciências.
Na Matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria deixadas pelos
gregos, além de propagarem o sistema numérico, atualmente conhecido como
arábico, cuja origem remonta à civilização indiana.
Na Astronomia, encarregaram-se da criação de observatórios, como os de
Cairo, Córdoba e Damasco.

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33
O islamismo HISTÓRIA
Módulo 27

Na Química, descobriram várias substâncias, como o álcool, o ácido sulfúrico, o


alume e o salitre. Também descreveram os processos químicos de destilação, filtração
e sublimação.
Na Medicina, encontraram o diagnóstico de doenças como a varíola e o sarampo.
6o Ano

No campo da Literatura, contribuíram com a coleção de contos As mil e uma noites.


A representação de figuras humanas era condenada por Maomé – para o islã, a
adoração de imagens era prejudicial. Isso levou os artistas muçulmanos a se dedicarem
pouco à escultura e à pintura. Desse modo, os artistas árabes se dedicaram ao arabesco,
como apresentado abaixo, como recurso decorativo.

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Arabesco.
Outra grande contribuição dos árabes verifica-se no campo da Arquitetura, com
a criação de mesquitas, palácios e bibliotecas.
A contribuição dos islâmicos para a cultura europeia também se fez notar
quando comerciantes trouxeram da China, em suas caravanas, a bússola, o astrolábio,
o papel, a pólvora, entre outros. Há influência da cultura islâmica também na língua
portuguesa, pois os árabes dominaram a Península Ibérica, região onde fica Portugal.
As palavras “álcool”, “alfinete” e “algarismo” derivam do árabe (em árabe, al é um
artigo definido), além de várias outras, como “açafrão” (azzafaran, amarelo), “açoite”
(assaut), “açougue” (assok), “açúcar” (assukar deriva do sânscrito çarkara, grãos de
areia) e “alface” (al-khaç).

34
HISTÓRIA
Módulo 27

7. Costumes Outra prática que causa certa estranheza para grande


parte do mundo ocidental é a poligamia. A religião islâmica
Dois costumes presentes na cultura islâmica são dife- permite que o homem se case com mais de uma mulher,
rentes dos praticados na maioria dos países do Ocidente: as podendo ter, no máximo, quatro esposas. Entretanto, as
vestimentas, principalmente das mulheres, e a poligamia.

6o Ano
esposas devem ser tratadas de forma igual, segundo o que
Segundo as leis religiosas islâmicas, os homens não está escrito no Alcorão:
podem mostrar a região do umbigo e o joelho, e as mulheres Se vós temeis não serdes capazes de conviver
estão proibidas de mostrar o corpo, exceto as mãos e o rosto. justamente com os órfãos, casai com mulheres de sua
O conjunto de vestimentas usadas pelos seguidores do escolha, duas ou três ou quatro vezes; mas se temerdes
islamismo (hijab) inclui a burca, a túnica e o turbante. que não sereis capazes de conviver justamente com elas,
então casai somente com uma” (4:13).

Todo muçulmano é árabe e Mulheres muçulmanas


todo árabe é muçulmano? As mulheres muçulmanas são obrigadas a
Erroneamente, grande parte das pessoas usar roupas que escondam todo o corpo e devem
acha que todo muçulmano é árabe e todo árabe sempre andar nas ruas com algum homem de sua
é muçulmano. Muçulmano é aquela pessoa que família. Muitas vezes, são reprimidas por extre-
segue o islamismo, bem como a denominação de mistas islâmicos, que não aceitam que a mulher
cristão se destina a quem segue o protestantismo ou muçulmana tenha mais liberdade. Elas são, por
o catolicismo. Como existem católicos que são de exemplo, proibidas de dirigir, algo inaceitável
nacionalidade japonesa, sul-africana ou brasileira, para muitos.
também existem muçulmanos (seguidores do Como já dito, na França foi aprovada uma
islamismo) que são de nacionalidade brasileira, lei que proíbe a utilização de certas vestimentas
alemã, estadunidense, espanhola, entre outras. das mulheres muçulmanas. Muitas mulheres
Portanto, quando você ouvir falar que determinada protestaram, pois querem ter o direito de se vestir
pessoa é muçulmana, isso significa que ela é islâmica. de acordo com o que estabelece a sua religião. No
Por sua vez, árabe é um termo que se refere entanto, outras buscam direitos para terem mais
a uma etnia, isto é, os árabes caracterizam-se por liberdade, como poder estudar e dirigir, atividades
falarem a mesma língua. Desse modo, os povos que muito comuns para nós, brasileiros, mas inadmis-
possuem como idioma oficial o árabe são chamados síveis, ainda, para os muçulmanos.
de árabes, como os egípcios, iraquianos, palestinos,
sauditas, entre outros. Entre esses povos, há pessoas

©leolintang/iStock
que são seguidoras de outras religiões. Assim, temos
árabes que são seguidores do protestantismo ou do
catolicismo, por exemplo.
©grafikeray/iStock

Mulheres muçulmanas e os típicos trajes islâmicos.


Muçulmano que não é árabe.

35
O islamismo HISTÓRIA
Módulo 27

Essa mudança para Medina, que assinala o início da

■■
era muçulmana, ficou conhecida como:

■■
01 Quem eram os beduínos na Arábia?
(A) xiismo.
(B) sunismo.

■■
6o Ano

02 Explique a importância da cidade de Meca.


(C) islamismo.
(D) hégira.

■■
03 Qual é o significado da hégira?

■■
(E) copta.
04 Diferencie a vida dos beduínos da dos povos que viviam
03

■■
no litoral.
Os beduínos do interior organizaram-se em tribos,
05 Entre os fatores determinantes da expansão do contrastando com formas de sociedades mais evoluídas
islamismo, pode-se indicar: existentes no litoral. Todos, porém, eram atraídos igualmente
para a atividade mais lucrativa da Arábia, que era o comércio.
(A) as disputas internas na Arábia entre os integrantes das
Nova história crítica, Mario Schmidt.
tribos coraixitas e hachemitas.
(B) as condições surpreendentes descritas no Alcorão quanto
ao paraíso de Alá. Com base no texto acima e em seus conhecimentos, é
(C) o crescimento populacional decorrente da monogamia correto afirmar que:
preconizada no Corão e obedecida pelos árabes.
(D) o desinteresse de Maomé em unificar politicamente a (A) a civilização árabe se desenvolveu na Península Arábica,
Arábia. especialmente na região litorânea sul e nos oásis.
(E) a crença no caráter sagrado da conquista (“guerra santa”) (B) os beduínos se dedicavam exclusivamente à grande
e o interesse pelo butim. produção agrícola e estavam espalhados pelo litoral da
península.
(C) a inexistência de desertos e a abundância de terras

■■
férteis da Península Arábica levaram a civilização árabe
01 O islamismo, religião fundada por Maomé e de grande a desenvolver o comércio.
importância na unidade árabe, tem como fundamento: (D) não havia guerras nem disputas entre as várias tribos
do litoral da península, que sempre foi uma civilização
(A) o monoteísmo, influência do cristianismo e do pacífica.
judaísmo, observado por Maomé entre povos que (E) o comércio, atividade econômica principal dos árabes,
somente era realizado no interior da Península Arábica.

■■
seguiam essas religiões.
(B) o culto dos santos e dos profetas por meio de imagens
e de ídolos. 04
(C) o politeísmo, ou seja, a crença em muitos deuses, dos Os árabes não formavam um povo unido. Eram
quais o principal é Alá. divididos em tribos. Cada uma tinha seu chefe, suas
(D) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida leis, sua religião, seus deuses e ídolos. Os únicos traços
e a negação de uma vida pós-morte. comuns entre eles eram a língua árabe e o culto à “pedra
(E) a concepção do islamismo vinculado exclusivamente negra”. As tribos frequentemente lutavam umas contra
aos árabes, não podendo ser professado pelos as outras. Mas todos os anos, durante quatro meses,

■■
povos inferiores. deixavam as rivalidades e reuniam-se numa peregrinação
à cidade sagrada, que se transformava, então, num grande
02 entreposto comercial, em que as caravanas faziam seus
Quando Maomé fixou residência em Yatreb, teve início negócios e se reabasteciam de mercadorias.
uma fase decisiva na vida do profeta, em seu empenho
Jornada para o nosso tempo, Gleuso Duarte. v. 4.
de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatreb, que
doravante seria chamada de Madinaal-nabi (Medina, a
cidade do profeta), tornou-se a sede ativa de uma comu-
nidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.
Expansão muçulmana, Robert Mantran.

36
HISTÓRIA
Módulo 27

Utilize o texto e seus conhecimentos referentes à Arábia

■■
pré-islâmica para assinalar a alternativa correta:
01
(A) Antes de Maomé, os árabes viviam divididos em várias
Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os
tribos e cultuavam o mesmo Deus.

6o Ano
profetas que o sucederam; assim, também inspiramos
(B) O mesmo líder político orientava todas as tribos árabes.
(C) A pedra negra encontrava-se na Caaba. Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jonas, Aarão,
(D) Meca era somente o centro religioso dos árabes. Salomão, e concedemos os Salmos a Davi. E enviamos
(E) As tribos árabes falavam línguas diferentes e eram alguns mensageiros, que mencionamos, e outros, que

■■
monoteístas. não mencionamos; e Allah falou a Moisés diretamente...
Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não
05 O texto a seguir se refere aos progressos de uma impor- digais de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus, filho
tante civilização dentro da história da humanidade dos de Maria, foi tão somente um mensageiro de Allah e o seu
séculos VII ao XIV da Era Cristã: Verbo, que Ele enviou a Maria, um Espírito d’Ele.
Alcorão, 4:163-164 e 171.
Os mais antigos Estados desmoronavam e, do O significado dos versículos do Alcorão Sagrado com comentários. p. 137-138.

Sir-Daria ao Senegal, as religiões estabelecidas inclina-


A respeito do islamismo, é correto afirmar o seguinte:
vam-se diante de uma recém-chegada, a mesma que, hoje,
conta com cerca de 300 milhões de fiéis. A nova civilização
(A) A religião muçulmana, apesar das influências do
resultante dessas conquistas alinhar-se-ia entre as mais
judaísmo e do cristianismo, significou uma ruptura
brilhantes e seria, de vários pontos de vista, a preceptora com a tradição monoteísta ao estabelecer Alá como
do Ocidente, depois de ter por sua vez recolhido, vivifican- divindade superior a um conjunto de gênios e divin-
do-a, grande parte do legado antigo. dades secundárias.
PERROY, E. “A preeminência das civilizações orientais”. In: CROUZET, M. (Dir.). (B) A religião muçulmana surgiu no século VII, a partir das
Roma e seu império. Rio de Janeiro: Bertrand, 1993. v. 3. p. 95. pregações de Maomé realizadas na Palestina, entre as
tribos judaicas que haviam renegado o Livro Sagrado.
(C) A pregação de Maomé, registrada no Alcorão, ajudou a
A partir das informações fornecidas, indique, respec-
reverter a tendência à fragmentação política e cultural
tivamente, o povo que marca essa civilização, a reli-
dos povos árabes, fornecendo as bases religiosas para a
gião, o livro sagrado, o profeta, a principal cidade e
expansão islâmica, a partir do século VII.
a atividade econômica que caracterizam esse povo –
(D) A pregação de Maomé foi registrada no Alcorão,
que até então era quase desconhecido e se unificara
primeiro livro sagrado escrito em hebraico e traduzido
levado pelo impulso de uma nova religião:
para o árabe, o grego e o latim, o que facilitou a sua
divulgação na Península Arábica, na Palestina, na
(A) Árabes – islamismo – Novo Testamento – Cristo –
Mesopotâmia e na Ásia menor.
Bombaim – agricultura.
(E) A transferência da capital do Império Islâmico para
(B) Hebreus – judaísmo – Antigo Testamento – Moisés –
Damasco, durante a dinastia dos omíadas, e para
Jerusalém – comércio.
Bagdá, com a dinastia dos abássidas, provocou uma
(C) Árabes – budismo – Corão – Maomé – Meca – artesanato.
revalorização da cultura tribal árabe e a retomada dos
(D) Persas – zoroastrismo – Livro dos Ensinamentos –
valores panteístas dos primeiros califas.

■■
Nostradamus – Bagdá – artesanato.
(E) Árabes – islamismo – Corão – Maomé – Meca –
comércio. 02 Durante anos, a Arábia viveu à margem do Mundo
Antigo. A rapidez vertiginosa das conquistas não
impediu a fraqueza relativa dos espaços ocupados.
Demasiadamente extenso, o Império Árabe cedo se
esfacelou, mas deixou as marcas da fé. Esclareça o
principal objetivo de Maomé ao pregar o islamismo.

37
Baixa Idade Média:

6o Ano
Cruzadas e urbanização
História
Módulo

©RudyBalasko/iStock
Você sabia que Jerusalém foi disputada
nas Cruzadas?
A cidade de Jerusalém foi objeto de disputas na Baixa
Idade Média. Em 1905, o papa Urbano II convocou os
fiéis a invadirem a cidade, que estava sob domínio dos
muçulmanos, e a assumirem o controle da cidade para os
cristãos. Com isso, iniciaram-se as Cruzadas, chegando ao
fim com a vitória dos muçulmanos.
Jerusalém está localizada no Oriente Médio e é consi-
derada uma cidade sagrada por judeus, cristãos e islâmicos.
Atualmente, a cidade se encontra dividida em duas partes:
a Oriental e a Ocidental. A Jerusalém Oriental, para os
muçulmanos, será a capital do Estado Palestino, que eles
tentam criar no Oriente Médio. Os judeus, no entanto, veem
a cidade de Jerusalém como a sede do Estado de Israel e
têm o controle tanto da parte Oriental quanto da Ocidental.
Neste módulo, vamos analisar as Cruzadas, suas
principais consequências e as características do período
conhecido como Baixa Idade Média na Europa.

Cidade de Jerusalém nos dias de hoje.

Expectativas de aprendizagem:
– Entender a periodização da Idade Média;
– compreender o contexto que possibilitou as Cruzadas e os
motivos, para além da fé, pelos quais foram realizadas;
– perceber as transformações causadas pelo renascimento
urbano e comercial.
HISTÓRIA
Módulo 28

1. A influência da Igreja Católica


O fortalecimento da Igreja Católica teve início quando o cristianismo
se tornou a religião oficial do Império Romano, no século IV, garantindo as
ndo:
alianças entre a Igreja e os governantes. Aos poucos, a Igreja Católica se tornou Relembra mo

6o Ano
uma das instituições mais influentes do mundo medieval. Teocentris que Deus
dia
que defen i-
Em 476 houve a queda de Roma. A partir disso, o cristianismo adquiriu Doutrina ntro de todas as co
a n o c e c ia e ra
estav aconte
força com a conversão de Clóvis, rei dos francos, às crenças cristãs, sobretudo, o o que
sas e tud ela fé.
porque os francos dominavam grande parte da Gália e tinham influência sobre p
justificado
povos germânicos vizinhos. As estruturas eclesiásticas da Igreja Católica se
ampliaram na Europa Ocidental.
Além da grande influência, a Igreja Católica concentrou aproximadamente
um terço das terras, interferiu diretamente no modo de agir e pensar da população Relembrando:
europeia, que, ao longo do tempo, moldou sua forma de pensar ao teocentrismo, Internamente, a Igreja Católica
fazendo com que a religião exercesse sua autoridade nos âmbitos econômico e dividia o clero em dois segmentos:
cultural. o clero secular e o clero regular.
As artes também receberam influência do pensamento cristão. Encenações O primeiro era composto pelos que
de passagens bíblicas; representação de personagens cristãos e o canto grego- estavam em contato direto com
riano são exemplos de que o teatro, a pintura e a música estavam envolvidos com o povo, além de administrarem
as referências cristãs. A arquitetura também foi um campo influenciado pelo os bens da Igreja e representá-la
cristianismo. A imponência das grandes catedrais representava a magnitude no âmbito político. Já o clero
das construções, que tinham como objetivo transmitir aos fiéis a ideia da regular, formado por clérigos ligados
grandiosidade da Igreja e de Deus. A Catedral de Notre-Dame, a Catedral de às ordens religiosas, voltadas à
Reims e a Catedral de Chartres, todas na França, são exemplos de construções preservação das práticas espirituais
arquitetônicas da época que seguiam esse objetivo. e à pregação dos valores cristãos.

©Tashka/iStock

Catedral de Reims, localizada em Reims,


na França. Construída em 1211 no estilo
arquitetônico gótico.

39
Baixa Idade Média: Cruzadas e urbanização HISTÓRIA
Módulo 28

2. As Cruzadas
A influência e importância da Igreja Católica se consolidaram em diferentes
setores da sociedade medieval, inclusive, no campo militar, fazendo com que, no
século XI, um exército se formasse e desse início a uma guerra contra os muçul-
6o Ano

manos, pois estes controlavam um grande território, que se estendia da Índia


até a Península Ibérica e o Norte da África. Os muçulmanos tinham, também, o
controle de Jerusalém. Esse conflito durou dois séculos, com várias interrupções.
As Cruzadas ficaram conhecidas como expedições militares organizadas pela
Igreja Católica, a partir de 1095, quando o papa Urbano II conclamou os cristãos a
participarem de uma “guerra santa” com o objetivo de combater os muçulmanos,
que eram considerados inimigos do cristianismo, e expulsá-los de Jerusalém.
Inicialmente, a Igreja teve dificuldades em recrutar a população, sobretudo os
cavaleiros, e, para conseguir soldados para o exército, Urbano II declarou que os
cavaleiros que fossem para Jerusalém teriam o perdão de suas dívidas. Prometeu
também que todo combatente garantiria um lugar no reino dos céus.
Com isso, iniciaram-se as Cruzadas, conjunto de oito expedições
militares-religiosas que duraram entre os séculos XI e XIII, organizadas pela A Cruzada Popula
r ou Cruzada
Igreja Católica, pelos monarcas e senhores feudais com o objetivo principal de dos Mendigos foi um
movimento
conquistar Jerusalém. Das oito expedições, a única que teve êxito foi a primeira, extraoficial da Prim
eira Cruzada.
ocorrida entre 1095 e 1099, pois os cristãos dominaram Jerusalém. No entanto, Foi uma peregrina
ção que refletiu o
pouco tempo depois, em 1187, os mulçumanos retomaram a cidade. misticismo da époc
a.
©Duncan Walker/iStock

A civilização árabe, que dominou,


no século VIII, a região norte
da África, do Oriente Médio e
parte do sul da Europa, usava
o Mar Mediterrâneo como elo
de junção entre todos esses
territórios. Foi com as Cruzadas
que a hegemonia islâmica sobre
o Mediterrâneo deixou de existir.

Representação da Batalha de Jaffa (1192). Logo após o término da batalha, foi assinado o Tratado de Jaffa, um
acordo firmado ao final da Terceira Cruzada em 2 de setembro de 1192 entre o governante muçulmano Saladino e
o rei inglês Ricardo I. O tratado garantiu três anos de trégua entre ambos os lados.

40
HISTÓRIA
Módulo 28

A motivação para as Cruzadas não se restringia apenas à conquista de


Jerusalém, mas também à pretensão que a Igreja Católica tinha de recuperar seu
prestígio junto à população europeia. A imagem da instituição se encontrava
abalada por conta de acusações das práticas de corrupção e pelas divergências

6o Ano
internas, que provocou, em 1054, a divisão da Igreja em Católica, com sede em
Roma, e Ortodoxa, com sede em Constantinopla.
Outros grupos tinham interesse nas Cruzadas. Os nobres, por exemplo,
ambicionavam as pilhagens que poderiam ser feitas durante as expedições. Já os
camponeses tinham a esperança de, ao entrarem nos conflitos, se tornarem livres,
pois eram mantidos presos às terras onde trabalhavam, pelos laços de servidão.
É importante ressaltar que as Cruzadas serviram não apenas para que a
Igreja e os membros da sociedade buscassem alcançar objetivos, mas também
para estreitar as relações comerciais entre o Oriente e o Ocidente.

3. A economia reaquecida As Cruzadas geraram demanda de


produtos e grande movimentação no
Por volta do século VIII, a economia feudal não dependia tanto da circulação
Mar Mediterrâneo. Os navegantes e os
de moedas, pois nos senhorios se produzia tudo o que era necessário. Alimentos,
comerciantes de Veneza, importante
móveis, ferramentas, vestuários, entre outros elementos, eram produzidos para
porto marítimo medieval, estabeleceram
consumo sem excedentes para serem vendidos. Ocorriam, no máximo, trocas
relações comerciais com a Jerusalém
regulares de mercadorias entre os feudos, mas sempre por meio de negociações
tomada pelos francos, que havia se
que envolviam pequenos volumes. O dinheiro era escasso e as moedas variavam
tornado um reino. Ouro e moeda
muito, pois cada senhor feudal costumava ter sua própria moeda.
passaram a circular entre o Oriente e
As Cruzadas possibilitaram o reaquecimento econômico. Mercadores, o Ocidente, e novas rotas de comércio
ambulantes e mascates se tornaram viajantes das expedições militares-religiosas foram estabelecidas para atravessar a
rumo ao Oriente e levavam consigo mercadorias que poderiam servir aos cruzados Europa.
durante o período em que estivessem longe de suas casas. Ao retornarem, os
cruzados traziam grande variedade de produtos: roupas caras, seda e especiarias.
A posse desse tipo de mercadoria se transformou em símbolo de poder e riqueza,
o que fez com que inúmeros mercadores de cidades da Península Itálica intensi-
ficassem o comércio com o Oriente, criando novas rotas comerciais.
Com o fim das invasões bárbaras, houve um crescimento demográfico, o que
gerou aumento da mão de obra e melhorias nas técnicas e instrumentos da agricul-
tura. O surgimento de um excedente estimulou o renascimento do comércio nas
feiras e o aparecimento dos burgos (cidades medievais). Esse contexto favoreceu
a queda do feudalismo, sistema essencialmente rural baseado na subsistência.

Letras de câmbio é o título negociável no mercado.


É a ordem de pagamento emitida por uma
instituição financeira que determina que outra
instituição ou pessoa pague o valor nela discriminado
a um beneficiário. Surgiram na Idade Média com o
objetivo de evitar o transporte de grandes somas
de dinheiro e de reduzir os problemas ocasionados
pelas diferentes moedas existentes em cada cidade.

41
Baixa Idade Média: Cruzadas e urbanização HISTÓRIA
Módulo 28

Os antigos burgos europeus


Os burgos eram pequenos núcleos urbanos que passaram a se desenvolver
6o Ano

na Baixa Idade Média devido ao aumento das atividades comerciais e às feiras


realizadas pelos seus moradores, conhecidos como burgueses. Como a violência
no continente europeu era constante, os moradores dos burgos construíram
muralhas, torres e portões para se protegerem dos ataques externos.
Geralmente, os burgos faziam parte dos feudos e conseguiam sua eman-
cipação política com o pagamento de uma taxa para os senhores feudais,
conhecida como carta de franquia, ou contratavam mercenários e garantiam
a liberdade pelo uso da força contra os nobres. Ao contrário dos moradores
do campo, os moradores dos burgos tinham uma maior liberdade, já que a
servidão tinha vínculo com a terra. Os principais líderes dos burgos escolhiam
seus representantes e governavam de forma independente.

4. Renascimento urbano e o comércio nas feiras (entrepostos comerciais). As principais


feiras ficavam nas regiões do Champanha, na França; em
comercial Gênova e Veneza, na Itália; e em Flandres, atual Bélgica.
Inicialmente, as feiras exerciam trocas locais, mas, com o
Com o fim das penetrações dos povos bárbaros na
passar do tempo, foram se tornando grandes espaços de
Europa houve um momento de estabilidade que propor-
negociação entre diferentes regiões da Europa, África e Ásia.
cionou diminuição da mortalidade. Os últimos invasores
Ainda nesse momento, a economia monetária voltava a ter
– normandos e eslavos – já haviam se estabelecido, respec-
força devido à necessidade de introduzir a moeda como base
tivamente, no norte da França (Normandia) e no leste da
de troca dessas mercadorias.
Europa (atual Hungria).
Diante do aumento populacional, houve maior dispo-

©Gillis Mostaert/Wikimedia
nibilidade de mão de obra, ao mesmo tempo que se tornou
necessário produzir mais alimentos. Por isso, as áreas de
cultivo dos senhorios foram estendidas, por meio dos arro-
teamentos – desmatamentos feitos com o uso de machado:
uma corda ficava no topo da árvore para balançá-la, enquanto
o machado era utilizado embaixo, até ela cair.
Nesse cenário, as técnicas agrícolas progressivamente
foram aperfeiçoadas com o desenvolvimento do arado de
ferro com rodas, do moinho hidráulico e com a utilização da
tração animal (bois e cavalos). A consequência desse processo
foi um crescimento significativo na produção dos gêneros
agrícolas, pois foi possível produzir mais em menos tempo.
A partir do excedente econômico (a produção aumentou
e gerou sobras, que antes quase não existiam, já que o As feiras são um dos maiores símbolos do renascimento comercial.
objetivo principal era a subsistência), ressurgia, aos poucos,

42
HISTÓRIA
Módulo 28

Em geral, as feiras eram realizadas nos burgos (núcleos


populacionais que surgiram nas cercanias dos castelos). Eram
cidades medievais cercadas de muralhas, além de possuírem
■■
01 Analise o renascimento do comércio e das cidades na

■■
torres e portões, para garantir a segurança de moradores e Baixa Idade Média.

6o Ano
comerciantes. Nesse contexto, uma nova classe social aparecia:
a burguesia. Os burgueses eram os mercadores, cambistas, 02 De qual forma as Cruzadas favoreceram a expansão

■■
banqueiros e comerciantes dos burgos. das atividades comerciais?

03 Explique de que forma a Igreja Católica influenciava o

■■
dia a dia da população medieval.
As corporações de ofício
04 O que eram as corporações de ofício? Por que podemos
Com o renascimento do comércio e das cidades afirmar que seu aparecimento está diretamente relacio-
na Baixa Idade Média, surgiram as corporações de nado ao renascimento urbano-comercial vivido a partir

■■
ofício – associações de artesãos profissionais. do século XI?
Cada corporação agregava pessoas que exerciam
o mesmo ofício: carpinteiros, padeiros, pedreiros, 05 O que eram as Cruzadas e o que motivou a sua existência?
comerciantes, entre outras categorias. Elas determi-
navam preços, qualidade, quantidade da produção

■■
e margem de lucro. Seus membros se reuniam para
discutir questões ligadas à sua profissão, como a 01 Se você fosse um artesão medieval e precisasse de
compra de matéria-prima por preços melhores. ajuda para determinar o preço pelo qual venderia seus
Havia uma relação de hierarquia dentro das produtos, a quem deveria recorrer? Por quê?

■■
corporações, a qual tinha de ser obedecida: aqueles
que desejavam entrar na corporação deveriam 02 Sobre a Igreja Católica, durante o Período Feudal, é
começar na função de aprendiz, sem salário. Quem correto afirmar que:
os aceitava era um mestre, que detinha as ferra-
mentas e fornecia a matéria-prima. Alguns relatos (A) a produção cultural, o comportamento e, sobretudo,
dessa época chegam a mencionar que, quando havia a ordem social, pelo controle da fé, normatizavam os
desobediência por parte de um membro corporativo, costumes.
ele poderia ser expulso da cidade. (B) a figura do papa, líder político mais influente durante
toda a Idade Média, garantia a centralização do poder.
©nicoolay/iStock

(C) a unificação da religião no Oriente e no Ocidente foi


uma imposição apoiada pelo regime político em todo
território.
(D) a crença difundida era a de que as pessoas obtinham a
salvação espiritual pela predestinação, ou seja, desde o
nascimento os fiéis estavam destinados à salvação ou à
condenação eterna, independentemente de suas obras
no mundo material.
(E) a necessidade da participação em apenas dois sacra-
mentos, o batismo e a eucaristia, era um preceito para
seus milhares de seguidores.

Artesão de madeira.

43
Baixa Idade Média: Cruzadas e urbanização HISTÓRIA
Módulo 28

■■ 03

■■
A todos os que partirem e morrerem no caminho,
em terra ou mar, ou que perderem a vida combatendo 01
os pagãos, será concedida a remissão dos pecados. Que
(...) do século XII ao século XIV, um certo número de
6o Ano

combatam os infiéis os que até agora se dedicavam a


cidades da Itália ou das margens do Mar do Norte conse-
guerras privadas, com grande prejuízo dos fiéis. Que sejam
guiram tornar-se quase independentes: essa situação,
doravante cavaleiros de Cristo (…)
rara, foi também muito transitória e deve analisar-se mais
Aclamação do papa Urbano II. Concílio de Clermont, 1095. como fases de crescimento do que como situação estável
(...) De fato, não poderia haver integração econômica
Qual era a recompensa que o papa Urbano II oferecia
completa do sistema feudal: essa integração supunha

■■
àqueles que se aventurassem nas Cruzadas?
um domínio dos negociantes, que era contraditório com
as bases do sistema.
04 Os mestres-artesãos, proprietários das oficinas e deten-
GUERREAU, Alain. O feudalismo – Um horizonte teórico.
tores do conhecimento técnico necessário à produção,
os companheiros ou oficiais jornaleiros, trabalha- Por que o “domínio dos negociantes”, ou seja, a ativi-
dores especializados e remunerados, e os aprendizes dade econômica da burguesia, esbarrava em obstácu-
compunham o quadro de um sistema criado na:

■■
los do sistema feudal?

(A) Idade Moderna e denominada fábrica. 02 Discorra sobre a influência da Igreja Católica levando
(B) Baixa Idade Média e denominado corporação de ofício. em consideração os hábitos e costumes da população
(C) Antiguidade Clássica e denominado colonato. europeia medieval.
(D) América Colonial e denominado engenho.

■■
(E) Alta Idade Média e denominado vassalagem.

05 As Cruzadas tiveram grande impacto no chamado


“Mundo Mediterrâneo”, isto é, nas regiões que
dependiam diretamente do Mar Mediterrâneo para a
sua subsistência. Que civilização controlava majori-
tariamente o Mar Mediterrâneo antes do movimento
cruzadista?

(A) a civilização bizantina.


(B) a civilização assíria.
(C) a civilização fenícia.
(D) a civilização islâmica.
(E) a civilização egípcia.

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44
Baixa Idade Média:

6o Ano
crises do século XIV
História
Módulo

Você sabia que na Idade Média não


existia uma explicação científica para a
peste negra?
A peste negra foi uma proliferação generalizada
de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que
ocorreu na segunda metade do século XIV, na Europa.
Essa foi a epidemia mais devastadora do mundo, resul-
tando em crises na Idade Média.
Durante a epidemia da peste negra, as pessoas
pensavam que a praga era um castigo divino pelos
pecados cometidos, como a ganância, a luxúria e a
blasfêmia. Outros viam a doença como consequência do
alinhamento das estrelas. Houve também a atribuição da
doença aos judeus, que infelizmente foram massacrados.
Neste módulo, analisaremos as crises do século XIV,
suas principais causas e consequências para o mundo

©LordRunar/iStock
medieval europeu.

Expectativas de aprendizagem:
– Compreender que a crise do século XIV foi marco
definitivo na Idade Média;
– analisar as características da crise do século XIV.
Baixa Idade Média: crises do século XIV HISTÓRIA
Módulo 29

1. Crises do século XIV


O período de prosperidade econômica (renascimento
Peste negra: o castigo divino
do comércio e aparecimento das feiras e dos burgos) foi
seguido de uma grave crise no século XIV, marcada por Um dos grandes flagelos da história da humani-
6o Ano

quatro elementos: peste, guerra, fome e revoltas camponesas. dade, a peste negra foi encarada pelo homem medieval
como um castigo divino, uma vingança de Deus pelos
1.1 Peste negra pecados da sociedade e que só seria contornada por
meio de penitências (atos para mostrar a Deus o
Inicialmente, a peste negra assumia a forma bubônica: arrependimento sincero pelos pecados).
era transmitida pelos ratos doentes e pelas picadas de Os agentes causadores da peste negra foram um
pulgas. Ao longo do tempo, porém, a doença assumiu uma bacilo chamado Pasteurella pestis (apenas descoberto
forma ainda mais grave – uma infecção pulmonar que posteriormente no século XIX), que se alojava em
evoluía mais rápido e era transmitida mais depressa pelo ratos, e as bactérias Xenopsylla cheopis, presentes
ar – e difundiu-se rapidamente pela Europa. Essa grande nas pulgas desses roedores. Por meio desses vetores,
epidemia chegou à Itália por marinheiros que vinham do ocorria o contágio dos seres humanos, e, sendo
Oriente e depois se espalhou de forma veloz pela Inglaterra, extremamente agressiva, a peste chegava a matar o
Alemanha e Escandinávia. infectado em três dias. São conhecidas três formas
A população não estava preparada para enfrentar essa de manifestação da peste:
nova forma da doença, que atacava e matava com tanta
rapidez que o escritor italiano Boccaccio dizia que as vítimas, • Peste bubônica – era a mais comum e se carac-
normalmente, “almoçavam com seus amigos e jantavam com terizava pela inflamação dos gânglios linfáticos
seus ancestrais no paraíso”. Estima-se (segundo cronistas do pescoço, da virilha e das axilas.
da época) que cerca de um terço da população europeia • Peste pneumônica – atacava os pulmões.
morreu vítima da peste. • Peste septicêmica – atacava o sangue, ocasio-
nando hemorragias em diversas partes do corpo.
Domínio Público/Wikimedia

Durante a epidemia, a população ficava deses-


perada e, em uma época em que a mentalidade
era extremamente marcada pela religiosidade
cristã, muitos procuraram uma explicação divina
para a calamidade. Alguns chegavam a falar em
aproximação do fim dos tempos. Outros culpavam
os judeus, muitos dos quais foram perseguidos e
mortos (em Borgonha, na França, foram extermi-
nados milhares de judeus nessa época).
Muitos suspeitos de
©Josse Lieferinxe/Wikimedia
peste foram queimados
vivos ou enforcados. Na
Alemanha, mais precisa-
mente em Könisberg, uma
empregada foi enforcada e,
Médico analisando indivíduo morto pela peste. depois de morta, queimada
porque havia sido acusada
de transmitir a peste a seus
patrões.

Padre rezando vítima da peste.

46
HISTÓRIA
Módulo 29

1.2 Guerra
Em 1337 foi deflagrada a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra.
Nesse momento, o trono francês não possuía nenhum herdeiro direto. Assim, apro-
veitando-se da situação, o monarca inglês Eduardo III, neto do rei francês Felipe, o

6o Ano
Belo, tentou unificar as monarquias inglesa e francesa. O objetivo da Inglaterra era a
prosperidade econômica, pois poderia anexar importantes regiões comerciais, como
Flandres, que mantinha um rico comércio de lã com os ingleses. Estes venceram as
primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do norte da França.
A guerra foi interrompida algumas vezes em decorrência da epidemia de peste
negra e de revoltas internas nos reinos envolvidos. No entanto, as batalhas eram
retomadas, sempre gerando muita morte e destruição em seus epicentros. Apesar das
sucessivas vitórias inglesas, a França, graças aos esforços de Joana d’Arc, conseguiu
expulsar os inimigos de seu território. A última batalha e derrocada das tropas britâ-
nicas sobre os franceses ocorreu, na região de Calais.

Domínio Público/Wikimedia

O Tratado de Troyes de 1420, um dos tratados acordados durante a


Guerra dos Cem Anos, o qual garantiu o norte da França à Inglaterra.

©Wynn/iStock
Mulheres da história: Joana d’Arc e a Guerra dos Cem Anos
Uma personagem muito importante na Guerra dos Cem
Anos foi Joana d’Arc. Proveniente de uma família de agri-
cultores franceses, desde a infância se diferenciava de outras
crianças da época, porque dizia ouvir vozes divinas. Usando
roupas masculinas, Joana d’Arc entrou para o exército francês
e, aos 17 anos, comandou 4.000 homens durante a Guerra.
Foi capturada pelas tropas adversárias, sendo processada,
condenada por heresia e queimada viva. Anos mais tarde, seu
processo foi revisado e ela foi inocentada pelo papa Calisto III.
Essa história teve desdobramentos no início do século XX,
quando a Igreja Católica autorizou sua beatificação e Joana foi
canonizada.
Joana d’Arc.

47
Baixa Idade Média: crises do século XIV HISTÓRIA
Módulo 29

1.3 Fome
No início do século XIV, a Europa foi assolada por chuvas
intensas que arrasaram os campos e as colheitas. Para agravar ■■
01 Cite a principal guerra ocorrida no século XIV e que

■■
contribuiu para agravar a crise.
ainda mais a situação, a epidemia de peste negra e a guerra
6o Ano

geraram uma alta mortalidade, diminuindo a disponibilidade


02 Relacione o aumento de impostos no século XIV às
de mão de obra nas terras. Essa situação acarretou uma redução

■■
revoltas camponesas ocorridas no período.
da produção de gêneros alimentícios, provocando um contexto
de fome em muitas regiões europeias. 03 Liste os principais fatores que geraram um cenário

■■
É importante ressaltar que, apesar de uma melhoria conturbado na Europa ao longo do século XIV.
nas técnicas agrícolas observada a partir do século X, ainda
assim o nível tecnológico era baixo nos feudos, e até mesmo 04 Apresente um dos principais motivos que geraram o

■■
culturalmente predominava a baixa produtividade. A fome contexto de fome no século XIV.
não foi fruto apenas de problemas naturais, mas também da
estrutura socioeconômica daquela época. 05 Releia o box interdisciplinando e responda:

Por que a epidemia de peste que se alastrou pela Eu-


1.4 Revoltas camponesas ropa no século XIV foi interpretada como um castigo
Diante do cenário conturbado de peste, guerra e fome, divino?
os senhores feudais tiveram seu rendimento prejudicado
e optaram por reforçar a exploração aos servos, inclusive

■■
aumentando impostos. Essa situação contribuiu para a
eclosão de revoltas camponesas, que se espalharam pela
01 Se você fosse um historiador e decidisse estudar a Baixa
Europa ao longo do século XIV, principalmente na França.
Idade Média, notaria que, dentro dessa grande fase, há
Sob o contexto caótico da Guerra dos Cem Anos, a França dois momentos distintos: o primeiro foi de prosperi-
foi o grande palco das rebeliões, conhecidas como jacqueries dade, entre os séculos XI e XIII, e o segundo foi de caos,

■■
(termo originado da expressão Jacques bon homme, que no século XIV. Explique o porquê dessa disparidade.
significava “Jacques, o simples” e referia-se aos camponeses).
Os monarcas se fortaleceram porque os nobres passaram a 02 As revoltas camponesas evidenciaram que o mundo
enxergá-los como saída para obter segurança. feudal não foi um período de harmonia entre senhores
e servos como era dito por clérigos medievais. Sobre os
motivos que levaram a surgir esses conflitos nos campos
europeus, no século XIV, assinale a alternativa incorreta:

(A) A peste negra diminuiu o número da mão de obra


disponível para o trabalho, intensificando a exploração
dos que ficaram vivos.
(B) A diminuição da produção em decorrência da peste
negra e de fatores climáticos levaram os senhores
feudais a ampliarem a quantidade de impostos
cobrados.
©duncan1890/iStock

(C) A diminuição da mão de obra forçou os senhores a


ampliarem os entraves para a saída dos servos de suas
terras.
(D) As mudanças climáticas não influenciaram a eclosão
dos conflitos.
Os jacques são massacrados em Meaux. Gaston Phébus, conde de Foix, liberta as
donzelas da Normandia e de Orleães (9 de junho de 1358).

48
HISTÓRIA
Módulo 29

■■
03
Nesse tempo revoltaram-se os camponeses em
Beauvoisin. Entre eles estava um homem muito sabedor
O texto descreve uma das causas, na Europa, da:

(A) formação do modo de produção asiático.


(B) consolidação do despotismo esclarecido.
e bem-falante, de bela figura e forma chamado Guilherme
(C) decadência do comércio que produziu a ruralização.

6o Ano
Carlos. Os camponeses fizeram-no seu chefe, e este
(D) crise que levou à desintegração do feudalismo.
lhes dizia que se mantivessem unidos. E quando os
(E) prosperidade que provocou o processo de industriali-
camponeses se viram em grande número, perseguiram e

■■
zação.
mataram os homens nobres. Inclusive muitas mulheres
e crianças nobres, pelo que Guilherme Carlos lhes disse 05 Observe a imagem abaixo, da Guerra dos Cem Anos:
muitas vezes que se excediam demasiadamente; mas nem
por isso deixaram de o fazer.

Domínio Público/Wikimedia
“Crônica dos quatro primeiros Valois (1327-1392)”.
Antologia de textos históricos medievais (adaptado).

Qual fato do século XIV o texto relata?

(A) A peste negra.


(B) A Guerra dos Cem Anos.
(C) A luta comandada por Joana d’Arc.
(D) As rebeliões camponesas do século XIV.

■■
(E) A fome que assolava a Europa em fins da Idade Média.

04 Agora responda: quais foram as causas desse grande


[...] o aumento demográfico, ocorrido do século XI conflito?
ao XVI, permitiu a multiplicação da nobreza cada vez mais
parasitária. Seus hábitos de consumo tornaram-se mais

■■
exigentes e maiores, o que determinava uma necessidade
de renda cada vez mais elevada. Segue-se, pois, uma 01 Pesquise e explique as três formas de manifestação da

■■
superexploração do trabalho dos servos, exigindo-se peste.
destes um maior tempo de trabalho [...].
02 Discorra sobre a dura condição de vida dos camponeses
na Idade Média, sobretudo durante o século XIV.

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49
Exercícios e projetos

6Xo Ano
História
Módulo

■■
02 Uma das características a ser reconhecida no feuda-

■■
lismo europeu é:
01 Explique a relação entre a crise do Império Romano e
(A) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de castas.

■■
a formação do feudalismo.
(B) Os ideais de honra e fidelidade vieram das instituições
dos hunos.

■■
02 Cite três características do feudalismo.
(C) Vilões e servos estavam presos a várias obrigações,
entre elas o pagamento anual de capitação, talha e

■■
03 Diferencie sunitas de xiitas.
banalidades.
(D) A economia do feudo era dinâmica, voltada para o

■■
04 Explique o que foram as Cruzadas.
comércio dos feudos vizinhos.

■■
05 Aponte as causas da crise do século XIV. (E) As relações de produção eram escravocratas.

03 As alternativas abaixo tratam das características do

■■
feudalismo. Indique qual delas está incorreta:

01 A importância da Batalha de Poitiers, em 732, no (A) O servo ficava preso ao senhor feudal, devendo-lhe
contexto da história da Europa, justifica-se em função fidelidade, obediência e obrigações pessoais, bem como
de que: o pagamento de diferentes impostos.
(B) A Igreja, além de possuir uma grande quantidade de
(A) com essa vitória, Carlos Martel tornou-se imperador feudos e, consequentemente, ser a maior proprietária
dos francos. de terras, foi também a responsável pela difusão dos
(B) a partir daí teve início a Guerra de Reconquista na valores culturais e religiosos da Idade Média.
Península Ibérica. (C) Na Baixa Idade Média, a sociedade feudal era essen-
(C) esse evento assinalou o limite da expansão cristã no cialmente agrária, portanto a terra era a maior riqueza
Mediterrâneo. que alguém poderia possuir. Ou seja, a terra foi a base
(D) os cristãos foram derrotados pelos árabes, consolidando econômica do sistema feudal.
o feudalismo europeu. (D) Em relação aos aspectos políticos, o monarca era
(E) a derrota árabe diante do Reino Franco impediu a a autoridade máxima e absoluta. Nesse sentido, os
islamização do Ocidente. senhores feudais não detinham autonomia nas áreas
militar e judicial, sendo impedidos ainda de cunharem
suas próprias moedas.
(E) Os servos poderiam ser ex-escravos, camponeses ou
demais homens livres que recebiam casa e terra para
cultivar. Esses servos eram submetidos, espontanea-
mente ou não, ao poder dos grandes senhores.

50
HISTÓRIA
Módulo 30

■■
04 Responda à questão, com base nas afirmativas a seguir,

■■
sobre as Cruzadas na Baixa Idade Média:
01 As invasões e a dominação de vastas regiões na
I. Vários setores da sociedade europeia tinham interesses
Península Ibérica pelos árabes provocaram transfor-
nas Cruzadas: a Igreja, o Império Bizantino, os nobres

6o Ano
mações importantes para portugueses e espanhóis,
sem terra e as cidades comerciais italianas.
diferenciando-os do restante da Europa medieval.
II. As Cruzadas fracassaram como empreendimento
A influência do árabe, na região, relaciona-se:
religioso militar, inclusive porque terminaram interrom-
pendo o rico comércio europeu com o Oriente Médio.
(A) a acordos comerciais entre cristãos e mouros, a fim de
III. Uma nova classe social ligada à atividade comercial
favorecer a utilização das rotas de navegação marítima
surgiu e o poder dos nobres começou a declinar
em torno dos continentes africano e asiático, para obter
gradualmente.
produtos e especiarias.
IV. Foi a partir da renovação do poder da Igreja, com
(B) a conflitos entre cristãos e muçulmanos, que facilitaram
o movimento das Cruzadas, que se construíram as
a centralização da monarquia da Espanha e Portugal,
grandes catedrais românicas na Europa Ocidental.
sem necessitar do apoio da burguesia para efetivar as
grandes navegações oceânicas.
Pela análise das alternativas, conclui-se que somente
(C) à difusão das ideias que ocasionaram a criação da
estão corretas:
Companhia de Jesus, responsável pela catequese nas
terras americanas e africanas conquistadas por meio
(A) I e II.
das Grandes Navegações.
(B) I e III.
(D) a acordos entre cristãos e muçulmanos para facilitar a
(C) I, II e III.
disseminação das ideias e ciências romanas, fundamen-
(D) II e IV.
tais para o crescimento comercial e das artes náuticas.

■■
(E) III e IV.
(E) a contribuições para a cultura científica, possibilitando
ampliação de conhecimentos, principalmente na
05 A dissolução do feudalismo foi apressada, no final da
Matemática e na Astronomia, que permitiram a criação
Idade Média, por uma sucessão de acontecimentos que
de técnicas marítimas para o desenvolvimento das
geraram a chamada “crise do século XIV”. Entre esses

■■
navegações oceânicas.
acontecimentos, é correto citar:
02 O longo processo de transição do feudalismo para o
(A) epidemias, como a peste negra, originadas principal-
capitalismo teve início com a crise econômica, social
mente da falta de estrutura das cidades para suportar o
e política ocorrida na Europa durante o século XIV.
aumento populacional e enfrentar o problema da fome.
Aponte três elementos que caracterizaram essa crise.
(B) a Grande Fome, manifestada neste século, devido ao
grande número de pragas que destruíram as plantações.
(C) a Guerra dos Cem Anos, envolvendo, de um lado,
França e Espanha, e, de outro, Inglaterra e Portugal, e
que gerou inúmeras mortes.
(D) a Revolta dos Camponeses; estes, sem ter o que comer, Agora vamos colocar em prática tudo o que foi aprendido
abandonaram os campos e causaram muitas mortes nas acerca do feudalismo. Organizem-se em grupos e façam uma
cidades. maquete bem criativa de um feudo da Idade Média.
(E) epidemias, como a peste bubônica, que matou cerca de
1/3 da população europeia.

51
Exercícios e projetos HISTÓRIA
Módulo 30

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6o Ano

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