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Teorias do Discurso

Material Teórico
A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Silvia Augusta de Barros Albert
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Tinoco Cabral.

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Silvia Augusta de Barros Albert
A Análise Crítica do Discurso –
Teun A. van Dijk

• O que é a Análise Critica do Discurso;


• A Proposta de van Dijk na ACD;
• Estruturas Discursivas;
• O Conceito de Ideologia na ACD;
• A Noção de Contexto.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer a corrente teórica Análise Crítica do Discurso, sua concepção de linguagem e principais questões
de pesquisa, vis a vis os principais autores dessa corrente, com foco, notadamente, na proposta de Teun
A. van Dijk, alicerçada na tríade discurso, cognição e sociedade, destacando os principais conceitos que
permeiam os estudos desse autor tais como: estruturas discursivas, ideologia e contexto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

O que é a Análise Critica do Discurso


O termo Análise Crítica do Discurso foi proposto por Norman Fairclough, lin-
guista britânico ligado à Universidade de Lancaster. Em 1985, Fairclough publicou
um artigo no qual propõe esse nome para um corrente de análise do discurso vol-
tada para questões sociais e cognitivas.

O termo só se consolidou a partir de 1990, depois de um Simpósio que reuniu


vários pesquisadores que, juntos, discutiram e estabeleceram as questões teóricas
e metodológicas que orientam as pesquisas na Análise Crítica do Discurso, que
vamos conhecer nesta Unidade.

Os principais nomes de pesquisadores na Análise Crítica do Discurso são: Norman Fairclough,


Explor

Ruth Wodak, Gunter Gress, Theo van Leeuven, Teun A. van Dijk. Guarde esses nomes e
pesquise a respeito deles para conhecer mais sobre a Análise Crítica do Discurso.

A Análise Crítica do Discurso (ACD) concebe a linguagem como prática social e


tem como elemento fundamental o contexto de uso, tendo grande interesse pelas
questões que envolvem a relação entre linguagem e poder. De fato, as pesquisas
vinculadas à ACD dedicam-se à investigação de como o discurso pode reproduzir o
abuso de poder, a dominação e desigualdade, por meio de textos orais e escritos.

A ACD dedica-se à “teorização e


descrição tanto dos processos e estru- Estes são alguns dos temas inves-
turas sociais que levam à produção de tigados pelos pesquisadores de-
um texto, quanto das estruturas e pro- dicados à ACD: ideologia, poder,
hierarquia e gênero social, variáveis
cessos sociais no seio dos quais indiví- sociológicas estáticas. Esses con-
duos ou grupos, como sujeitos sócio- ceitos são considerados relevantes
-históricos, criam significados em suas para a interpretação ou explicação
interações” (WODAK, 2004, p. 225) do texto.
por meio de textos.
A ACD agrega pesquisadores de várias vertentes, todas elas, no entanto, volta-
das para a crítica social. Os pesquisadores envolvidos na ACD preocupam-se em
contribuir para a correção de injustiças sociais, considerando, que “o discurso não
é analisado apenas com um objetivo “verbal autônomo, mas também como uma in-
teração situada, como uma prática social ou como um tipo de comunicação numa
situação social, histórica ou política”. (VAN DIJK, 2012a, p. 12)

As pesquisas inseridas na ACD, de acordo com van Dijk, um dos principais au-
tores da área, têm por objetivo mostrar “os modos como as estruturas do discurso
produzem, confirmam, legitimam, reproduzem e desafiam as relações de poder e
de dominação na sociedade” (VAN DIJK, 2012a, p. 115). Podemos, assim, dizer
que esses pesquisadores buscam fornecer meios para o empoderamento social
dos grupos dominados. Para a ACD, o abuso de poder se exterioriza por meio do

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discurso. Seus trabalhos focalizam, então, conforme afirma Wodak (2004), “os
discursos institucional, de gênero social e da mídia que materializam relações mais
ou menos explícitas de luta e conflito” (WODAK, 2004, p.1),

Tendo em vista os objetivos dos pesquisadores da ACD, as pesquisas dessa cor-


rente teórica envolvem outras áreas além da linguística, fazendo apelo às Ciência
Sociais, à Psicologia e à Filosofia. Além dessas, as pesquisas dessa corrente teóri-
ca também se apoiam na Gramática Sistêmico Funcional, proposta por Halliday.
Muitos estudiosos da ACD “enfatizam a relação entre o sistema gramatical e as
necessidades sociais e pessoais que a linguagem precisa atender” (WODAK, 2004,
p. 232).

A sigla ACD inclui a palavra “crítica”. Esse conceito é assim explicado por Wo-
dak (2004, p. 234):
“ Basicamente, a noção de ‘crítica’ significa distanciar-se dos dados, situ-
ar os dados no social, adotar uma posição política de forma explícita, e
focalizar a auto-reflexão, como compete a estudiosos que estão fazendo
pesquisa. Para todos os que estão envolvidos com a ACD, a aplicação dos
resultados é extremamente importante, seja em seminários práticos para
professores, médicos ou funcionários públicos, ou na produção de pare-
ceres técnicos, ou no desenvolvimento de livros didáticos”.

Para os pesquisadores da ACD, a linguagem é um fenômeno social. Isso quer


dizer que não somente os indivíduos possuem significados e valores, mas também
as instituições e grupos sociais os possuem e os expressam pela linguagem, de
forma sistemática.

Para a ACD, um texto não é resultado do trabalho de uma pessoa apenas,


mas do grupo social em que ela está inserida. Os textos são espaços de luta, pois
eles veiculam diferentes ideologias e diferentes discursos disputando o poder e o
controle. O poder é considerado uma condição central da vida social, por isso, os
estudos da ACD interesssam-se pelas lutas pelo poder, pelo controle do poder, pelo
poder exercido por determinado grupo ideológico. Para a ACD, o poder envolve
relações de diferença, e seus trabalhos se interessam, especialmente, em verificar
como essas diferenças influenciam as estruturas sociais.
Em consequência dessa visão, os textos são compreendidos com unidades
de linguagem relevantes para a comunicação e os leitores são vistos como
ativos; eles interagem ativamente com os textos.

Vale lembrar o que ensina Wodak:


O poder não surge da linguagem, mas a linguagem pode ser usada para
desafiar o poder, subvertê-lo, e alterar sua distribuição a curto e longo
prazo. A linguagem constitui um meio articulado com precisão para cons-
truir diferenças de poder nas estruturas sociais hierárquicas. (…) A ACD
está interessada em como as formas linguísticas são usadas em várias
expressões e manipulações do poder. O poder é sinalizado não somente

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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

pelas formas gramaticais presentes em um texto, mas também pelo con-


trole que uma pessoa exerce sobre uma ocasião social através do gênero
textual. Com frequência, é justamente dentro dos gêneros associados a
certas ocasiões sociais que o poder é exercido ou desafiado. (WODAK,
2004, p. 237)

Desse modo, podemos entender que a linguagem está ligada ao poder por várias
vias: ela classifica o poder, ela expressa o poder e as disputas pelo poder, e, ainda,
as lutas para desafiar o poder se dão por meio da linguagem. Por esse motivo, os
pesquisadores da ACD consideram que existe uma unidade entre a linguagem e
outras questões sociais.

As pesquisas em ACD procuram explicar como os discursos se constroem nas


instituições sociais e como eles as constroem também, em uma relação de mão
dupla. Os trabalhos dessa corrente teórica buscam compreender, ainda, como fun-
cionam as ideologias nas instituições sociais e como as pessoas obtêm e mantêm o
poder em determinada comunidade social.

Os principais temas aos quais se dedicam alguns dos principais pesquisadores da


ACD, no mundo e no Brasil:
• Gunther Gress dedica-se às teorias multimodais, ele investiga a ‘economia po-
lítica’ dos meios de representação, procurando compreender como diferentes
modos de representação são valorizados por diferentes sociedades;
• Norman Fairclough analisa em detalhe o discurso das mídias de massa, mos-
trando como a sua linguagem, aparentemente ou pretensamente neutral,
constitui um espaço de poder, de lutas. Suas pesquisas mostram como a ACD
é pertinente e útil para compreender a natureza discursiva de muitas das mu-
danças sociais e culturais contemporâneas;
• Roger Fowler, em suas pesquisas, evidencia como podemos usar as teorias lin-
guísticas para investigar as estruturas de poder presentes nos textos. Ele mos-
tra em textos jornalísticos e em textos literários como fenômenos gramaticais
podem funcionar para estabelecer, manipular e naturalizar hierarquias sociais;
• Ruth Wodak dedica suas pesquisas às práticas discursivas em contextos insti-
tucionais. Essa pesquisadora também enfatiza a necessidade de se adotar uma
perspectiva histórica para os estudos do discurso;
• Denize Elena Garcia da Silva investiga o discurso sobre pobreza e família no
contexto brasileiro. Investiga práticas sociais que envolvem questões de gêne-
ros e identidades como atividades discursivas que, apesar de serem considera-
das socialmente estabilizadas, costumam se prestar aos mais variados tipos de
controle social;
• Micheline Mattedi Tomazi investiga o discurso de gênero, focalizando a vio-
lência contra a mulher e a ideologia machista. Analisa estratégias e estruturas
discursivas em que se evidenciam relações de discurso e poder, discurso e
sociedade, discurso e manipulação, discurso e contexto em diferentes gêneros
que circulam na esfera jornalística.

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A Proposta de van Dijk na ACD
Um dos principais pesquisadores da Análise Crítica do Discurso é Teun A. van
Dijk, autor cuja obra e propostas teóricas vamos conhecer mais detalhadamente
nesta unidade.

Van Dijk (2016) esclarece que a ACD não é um método especial para fazer aná-
lise de discurso. Segundo ele, “na ACD todos os métodos e disciplinas dos estudos
do discurso, bem como outros métodos relevantes na Ciências Humanas e Sociais,
podem ser utilizados” (VAN DIJK, 2016, p. 19).

A ACD estuda como acontece o abuso de poder e a desigualdade social; “os


analistas críticos do discurso tomam uma posição explícita e, portanto, querem
entender, expor e, finalmente, desafiar a desigualdade social. Por isso, é que, de
acordo com van Dijk (2012 a), o discurso deve ser analisado como produto do gru-
po social (VAN DIJK, 2012 a, p.115). Preocupado com questões de cognição e de
sociedade, sua teoria do discurso se desenvolve em torno de uma tríade: discurso,
cognição e sociedade.

Para van Dijk, o discurso envolve não somente o texto como estrutura verbal,
mas também engloba as imagens, os gestos, todas as informações multimodais,
além da organização e distribuição retórica.

O termo cognição diz respeito aos conhecimentos dos indivíduos, mas também
às crenças e valores ligados aos grupos sociais, às representações sociais que os
grupos constroem de si e dos demais grupos sociais, à ideologia e às atitudes dos
grupos e dos indivíduos.

O termo sociedade diz respeito aos grupos sociais e à cultura a eles relacionada,
às instituições e à história que determina os grupos. Os grupos sociais são classifi-
cados por meio de instituições, classe social, etnia, gênero, ou mais amplamente,
estado, nação.

Considerando a relação entre discurso e sociedade, e a relação direta de ambos


com a cognição, o discurso é considerado por van Dijk (2001) como um “acon-
tecimento discursivo”. O indivíduo, quando participa de um “acontecimento dis-
cursivo”, atua como membro de determinado grupo social, do qual compartilha
crenças veiculadas pelas atitudes, as quais participam, por sua vez, da construção
de representações sociais.

Van Dijk (2012b) ensina que os indivíduos representam suas experiências nos
modelos mentais subjetivos. Os modelos mentais constroem representações se-
mânticas dos discursos a respeito de tal evento. Por isso é que “a compreensão
do discurso envolve a construção, controlada pelo contexto, de modelos mentais
baseados em inferências fundamentadas no conhecimento” (VAN DIJK, 2012
b, p. 92). Esse autor afirma ainda que “o controle discursivo altera os modelos
mentais e, por isso, contribui para a manipulação dos grupos sociais” (VAN DIJK,
2012 b, p. 92).

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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

Estruturas Discursivas
Para van Dijk, um dos objetivos da ACD é descrever as estruturas discursivas,
pois elas contribuem para influenciar os modelos mentais. As estruturas discursi-
vas, por sua vez, são fenômenos que o pesquisador pode observar nos textos. Elas
revelam as intenções discursivas dos atores sociais, em conformidade com suas
ideologias.
Vejamos alguns exemplos de estruturas discursivas:
Em um texto escrito, o emprego de caixa alta ou o uso do negrito podem as-
sumir significados positivos ou negativos de acordo com o contexto de uso. Essas
marcas visuais são, então, estruturas discursivas.
Outro exemplo de estrutura discursiva são as escolhas lexicais, ou seja, a escolha
das palavras. Por exemplo, numa discussão, podemos escolher palavras mais nega-
tivas sobre “eles”, nossos adversários, e mais positivas sobre “Nós”.
Van Dijk ensina que a escolha das palavras é importante para definir valores,
opiniões, emoções, atitudes; ele diz que “a escolha lexical é, antes de mais nada,
definida pelos significados ou pelos modelos de eventos subjacentes dos usuários
da língua” (VAN DIJK, 2012 b, p. 238).
Outro exemplo de estruturas discursivas, cujo poder é destacado por van Dijk,
são as metáforas porque elas são eficazes para tornar os modelos mentais mais
concretos. Assim, de acordo com o estudioso, podemos, por exemplo, tornar a
noção abstrata de imigração mais concreta ao associá-la a uma metáfora como
“ondas de imigrantes”, criando o medo de se “afogar” nos imigrantes. Tema bas-
tante polêmico tanto no Brasil quanto nos países da Europa, a imigração está dire-
tamente relacionado à temática cara à ACD, pois vale relembrar que essa corrente
teórica estuda como acontece o abuso de poder e a desigualdade social por meio
da análise do discurso.

O Conceito de Ideologia na ACD


Um dos conceitos fundamentais para a ACD é o conceito de ideologia, que é
visto como um importante aspecto da criação e manutenção de relações desiguais
de poder.

A ideologia, segundo van Dijk (2015, p. 54), “requer uma abordagem multidis-
ciplinar. O autor invoca, além da linguagem, a psicologia, a filosofia, mas destaca
a relação entre ideologia e comunicação.

É importante termos claro que, conforme Van Dijk observa, a ideologia não é
necessariamente negativa. Ela pode ser usada para “manter e legitimar o abuso de

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poder social e político, como é o caso da defesa do racismo”(VAN DIJK, 2015,
p. 54); e pode também ser usada para combater a dominação com o fim de “pro-
pagar atitudes e práticas igualitárias, como na defesa do feminismo” (VAN DIJK,
2015, p. 54).

As ideologias são “uma espécie de crença”, mas elas não são pessoais, como é o
caso das opiniões de cada um dos indivíduos de uma comunidade ou grupo social,
elas são “essencialmente compartilhadas por coletividades sociais”. (VAN DIJK,
2015, p. 54)

Vejamos como van Dijk define ideologia:


As ideologias, por definição, são sistemas gerais compartilhados por
grandes grupos ou culturas. Isso significa que devem ser adquiridas (apren-
didas) e modificadas em contextos sociais, tais como escolas, veículos de
comunicação de massa e interacões diárias. Muitas vezes, a aprendizagem
(das ideologias) não se dá apenas de forma intuitive, isto é, por inferência
do discurso e dos atos do outro, mas são ensinadas explicitamente em
livros, manuais, panfletos, etc. (VAN DIJK, 2002, p.43).

Conforme podemos observer na definição apresentada por van Dijk, as ideolo-


gias são aprendidas. Os indivíduos as adquirem e aprendem no grupo social ao qual
pertencem, e as utilizam em suas práticas cotidianas.

Conforme ensina van Dijk (2015), “as ideologias tipicamente representam quem
somos, o que fazemos, por que fazemos, como (deveríamos ou não deveríamos)
fazê-lo e para que o fazemos, ou seja, nossa identidade, ações, objetivos, normas,
valores, recursos e interesses sociais” (VAN DIJK, 2015, p. 54).

Vale lembrar também, com van Dijk (2015), que “a maior parte das ideologias
de grupo é desenvolvida e usada em relação a outros grupos sociais” (VAN DIJK,
2015, p. 54). Os grupos sociais usam-nas para dominar outros grupos ou resisitr
a eles, competir com eles, ou interagir de outra maneira com os outros grupos e
com seus membros. Segundo Van Dijk, as ideologias são avaliativas, podendo essas
avaliações ser positivas ou negativas.

A ACD tem um interesse particular em estudar como a linguagem media a ide-


ologia numa grande variedade de instituições sociais. Afinal, as ideologias estão na
base das atitudes dos indivíduos. Elas orientam estereótipos, preconceitos e outras
atitudes gerais em relação a muitos assuntos.

Assista, clicando no link a seguir, à entrevista com o professor Teun van Dijk sobre racismo, e
Explor

compreenda melhor os conceitos ligados à noção de ideologia: https://youtu.be/uCNgq5CGJKY.

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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

A Noção de Contexto
Van Dijk desenvolveu um conceito de contexto que é diferente da noção de
contexto tradicional. Para esse autor, o contexto não é externo, situado fora dos
participantes da interação, relacionado apenas à situação de comunicação.

Ao contrário, o contexto, para van Dijk, é construído pelos participantes do


evento social, com base em um modelo mental. Por isso é que falamos, nesse caso,
em modelo de contexto, que é um construto sociocognitivo e intersubjetivo. O con-
texto é uma representação mental que os participantes do evento social constroem
da situação, dos demais participantes, do local, enfim é uma representação mental
de tudo o que envolve o evento discursivo.

Os indivíduos são capazes de representar mentalmente eventos e situações so-


ciais e falar sobre tais eventos e situações sociais; e isso é fundamental não só para
que a espécie humana sobreviva, mas também para que ocorram as interações da
vida cotidiana. Os indivíduos são capazes de representar modelos de contextos.

Essa representação mental da situação é construída por meio de modelos men-


tais. Esses modelos mentais são responsáveis pela forma como percebemos o mun-
do e os outros e, em consequência, pela forma como interagimos de forma geral
na sociedade e em cada situação de discurso. Van Djk (2014) chama esses modelos
mentais de “modelos de contexto”.

Os modelos mentais são construídos ao longo de nossa vivência, com nossas


experiências, e ficam arquivados na nossa memória. Eles são ativados quando in-
teragimos, quando lemos textos, quando exercemos nossas práticas discursivas,
em geral. Como práticas discursivas devemos entender todas as atividades em que
interagimos pela linguagem produzindo sentidos, seja escrevendo e-mails profis-
sionais, mensagens no WhatsApp, no facebook, lendo notícias no jornal impresso
ou on-line ou receitas de bolo, entre muitas outras que praticamos cotidianamente.
Por isso é que dizemos que os modelos de contexto estão ligados à produção e à
compreensão do discurso.

Como os modelos mentais são construídos a partir de nossas vivências nos


grupos sociais em que estamos inseridos (família, escola, trabalho, sociedade em
geral), podemos dizer que a classe social dos participantes, o gênero, o ambiente
em que estão inseridos, a profissão que exercem, todos esses ,entre muitos outros,
vão influenciar os indivíduos em sua produção discursiva.

Van Dijk ensina, no entanto, que essa influência não é direta, porque os indiví-
duos primeiramente interpretam os elementos do modelo de contexto e estabele-
cem o que é relevante, para somente depois produzir discurso, a partir do que foi
considerado essencial.

Para estabelecer o que é relevante em determinado modelo e ativá-lo na inter-


pretação de uma dada situação, os indivíduos vão recorrer a seus objetivos naquela
situação e também aos seus conhecimentos e experiências (VAN DIJK, 2014).

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Veja este esquema proposto por van Dijk. Ele ilustra como são acionados o
modelos discursivos. Segundo o autor, esse esquema ilustra também a reprodução
discursiva do poder.

Estrutura Social Evento Comunicativo Cognição Pessoal e Social


Situação Comunicativa
Grupos Poderosos Modelo de Modelo de
Instituições contexto situação
Elites Simbólicas pessoal pessoal
Estruturas
Discursivas
Controle

Atividades Sociais

Cenário (tempo, lugar)


Participantes Ideologias
- identidades, papéis, relações
- objetivos, conhecimento, ideologias
Ação Social, ato de fala
Conhecimento Sociocultural

Figura 1

O quadro mostra os grupos poderosos, que representam instituições e elites


simbólicas. Esses grupos controlam as estruturas do contexto e as estruturas discur-
sivas, além de exercer também um controle indireto sobre os modelos pessoais de
contexto e de situação, influenciando indiretamente as atitudes sociais, as ideolo-
gias e o conhecimento sociocultural.

Por isso é que van Dijk (2016) afirma que “muitas estruturas do texto e da fala
podem influenciar o modo como os destinatários constroem seus modelos mentais
de situações específicas ou como generalizam essas situações para formar estereó-
tipos ou preconceitos” (VAN DIJK, 2016, p.29).

O modelo de contexto tem a função de garantir que o discurso aconteça de


acordo com as condições da situação comunicativa em que ele ocorre e que a in-
formação do modelo de situação seja pertinente.

Os modelos de contexto são construídos sobre nossa percepção, sobre situa-


ções que vivemos ou sobre as quais tivemos alguma informação por meio de uma
leitura, de um filme, ou sobre a qual ouvimos falar. Conforme van Dijk (2014),
os modelos de contextos são formas de construirmos conhecimento de mundo.
Os modelos de situação dizem respeito a eventos sobre os quais tomamos conhe-
cimentos por meio de leitura.

Vimos nesta unidade uma corrente teórica dos estudos do discurso que está
voltada para questões sociais e cognitivas, a Análise Crítica do Discurso, a ACD, a
qual, essencialmente, trata da crítica social. Apresentamos seus principais pesqui-
sadores, nomes que se destacam tanto no Brasil quanto no mundo, além de situar
as principais questões às quais esses estudiosos se dedicam, tais como: a correção
de injustiças sociais, o empoderamento social dos grupos dominados e os discursos
institucional, de gênero social e da mídia, que materializam relações mais ou menos
explícitas de luta e de conflito.

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Vale destacar que, dado o escopo a que se dedica a ACD, sua vocação é multi-
disciplinar envolvendo outras áreas além da linguística, como as Ciência Sociais, a
Psicologia e a Filosofia. Além dessas, a ACD mantém um diálogo produtivo com a
Gramática Sistêmico Funcional, proposta por Halliday, para a análise discursiva do
material da linguagem verbal.

Ainda nesta unidade, destacamos na ACD a proposta de Teun A. van Dijk, a


qual se respalda na tríade discurso, cognição e sociedade, para definir seus princi-
pais conceitos: estruturas discursivas, ideologia e contexto.

O estudo das teorias do discurso é essencial para o trabalho com a língua portu-
guesa na educação básica, no sentido de apoiar a análise da língua não só em sua
materialidade linguística e organização gramatical, mas sobretudo, para destacar
a sua função social, seu uso sempre situado/contextualizado e suas possibilidades
de produzir sentidos, de orientar e sustentar valores, crenças e ideologias diversas.

Acreditamos, assim, que, além de educadores e professores de língua portu-


guesa, somos formadores de cidadãos responsáveis, sensibilizados pela realidade
social em que estão inseridos e capazes de desenvolver uma reflexão crítica sobre
a sociedade.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Discourse in Society
Visite o site de Teun A. van Dijk e conheça mais sobre suas pesquisas.
https://goo.gl/ov1V3S
Cinco Perguntas para Van Dijk
Leia o texto de uma entrevista com Teun A. van Dijk.
https://goo.gl/4Atybx

Livros
Discurso e Contexto: uma abordagem sociocognitiva
Teun A. van Dijk. Discurso e Contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo:
Editora Contexto, 2012.
Discurso e poder
Teun A. van Dijk ; Hoffnagel, Judith; Falcome , Karina (orgs). Discurso e poder. São
Paulo: Editora Contexto, 2008.
Discurso e racismo na América Latina
Teun A. van Dijk (org.), Discurso e racismo na América Latina. São Paulo: Editora
Contexto, 2008.

Vídeos
Teun Van Dyck: entrevista “estudios sobre discurso y sociedad”
Assista à entrevista com Teun A. van Dijk.
https://youtu.be/OzJYiys4UeE

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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk

Referências
PEYROTON, Lúcia Helena; POMEU, Júlio César. Estudos Discursivos em di-
ferentes Perspectivas - Mídia Sociedade e Direito. São Paulo: Terracota Editora,
2016, p. 217-228.

VAN DIJK, Teun A.; Hoffnagel, Judith; Falcome ,Karina (orgs). Discurso e Poder.
São Paulo: Editora Contexto, 2012.a

Van Dijk, Teun A. Ideologia. Letras de Hoje, v. 50, n. esp. Porto Alegre, 2015,
p. 53 – 61.

Van Dijk, Teun A. Discourse and Knowledge: a sociocognitive approach. Barce-


lona: Cambridge University Press, 2014.

________. Discurso e Contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo: Con-


texto, 2012b.

VAN DIJK, Teun A. Análise Crítica do Discurso. IN: TOMAZI, Micheline Matte-
di; ROCHA

________. Idelolgía y discurso una introcucción multidisciplinaria. Barcelo-


na: Ariel, 2003.

________. Cognição, discurso e interação. (organização e apresentação de Inge-


dore V. Koch). São Paulo: Contexto, 2002.

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