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Material Teórico
A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Silvia Augusta de Barros Albert
A Análise Crítica do Discurso –
Teun A. van Dijk
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer a corrente teórica Análise Crítica do Discurso, sua concepção de linguagem e principais questões
de pesquisa, vis a vis os principais autores dessa corrente, com foco, notadamente, na proposta de Teun
A. van Dijk, alicerçada na tríade discurso, cognição e sociedade, destacando os principais conceitos que
permeiam os estudos desse autor tais como: estruturas discursivas, ideologia e contexto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
Ruth Wodak, Gunter Gress, Theo van Leeuven, Teun A. van Dijk. Guarde esses nomes e
pesquise a respeito deles para conhecer mais sobre a Análise Crítica do Discurso.
As pesquisas inseridas na ACD, de acordo com van Dijk, um dos principais au-
tores da área, têm por objetivo mostrar “os modos como as estruturas do discurso
produzem, confirmam, legitimam, reproduzem e desafiam as relações de poder e
de dominação na sociedade” (VAN DIJK, 2012a, p. 115). Podemos, assim, dizer
que esses pesquisadores buscam fornecer meios para o empoderamento social
dos grupos dominados. Para a ACD, o abuso de poder se exterioriza por meio do
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discurso. Seus trabalhos focalizam, então, conforme afirma Wodak (2004), “os
discursos institucional, de gênero social e da mídia que materializam relações mais
ou menos explícitas de luta e conflito” (WODAK, 2004, p.1),
A sigla ACD inclui a palavra “crítica”. Esse conceito é assim explicado por Wo-
dak (2004, p. 234):
“ Basicamente, a noção de ‘crítica’ significa distanciar-se dos dados, situ-
ar os dados no social, adotar uma posição política de forma explícita, e
focalizar a auto-reflexão, como compete a estudiosos que estão fazendo
pesquisa. Para todos os que estão envolvidos com a ACD, a aplicação dos
resultados é extremamente importante, seja em seminários práticos para
professores, médicos ou funcionários públicos, ou na produção de pare-
ceres técnicos, ou no desenvolvimento de livros didáticos”.
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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
Desse modo, podemos entender que a linguagem está ligada ao poder por várias
vias: ela classifica o poder, ela expressa o poder e as disputas pelo poder, e, ainda,
as lutas para desafiar o poder se dão por meio da linguagem. Por esse motivo, os
pesquisadores da ACD consideram que existe uma unidade entre a linguagem e
outras questões sociais.
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A Proposta de van Dijk na ACD
Um dos principais pesquisadores da Análise Crítica do Discurso é Teun A. van
Dijk, autor cuja obra e propostas teóricas vamos conhecer mais detalhadamente
nesta unidade.
Van Dijk (2016) esclarece que a ACD não é um método especial para fazer aná-
lise de discurso. Segundo ele, “na ACD todos os métodos e disciplinas dos estudos
do discurso, bem como outros métodos relevantes na Ciências Humanas e Sociais,
podem ser utilizados” (VAN DIJK, 2016, p. 19).
Para van Dijk, o discurso envolve não somente o texto como estrutura verbal,
mas também engloba as imagens, os gestos, todas as informações multimodais,
além da organização e distribuição retórica.
O termo cognição diz respeito aos conhecimentos dos indivíduos, mas também
às crenças e valores ligados aos grupos sociais, às representações sociais que os
grupos constroem de si e dos demais grupos sociais, à ideologia e às atitudes dos
grupos e dos indivíduos.
O termo sociedade diz respeito aos grupos sociais e à cultura a eles relacionada,
às instituições e à história que determina os grupos. Os grupos sociais são classifi-
cados por meio de instituições, classe social, etnia, gênero, ou mais amplamente,
estado, nação.
Van Dijk (2012b) ensina que os indivíduos representam suas experiências nos
modelos mentais subjetivos. Os modelos mentais constroem representações se-
mânticas dos discursos a respeito de tal evento. Por isso é que “a compreensão
do discurso envolve a construção, controlada pelo contexto, de modelos mentais
baseados em inferências fundamentadas no conhecimento” (VAN DIJK, 2012
b, p. 92). Esse autor afirma ainda que “o controle discursivo altera os modelos
mentais e, por isso, contribui para a manipulação dos grupos sociais” (VAN DIJK,
2012 b, p. 92).
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Estruturas Discursivas
Para van Dijk, um dos objetivos da ACD é descrever as estruturas discursivas,
pois elas contribuem para influenciar os modelos mentais. As estruturas discursi-
vas, por sua vez, são fenômenos que o pesquisador pode observar nos textos. Elas
revelam as intenções discursivas dos atores sociais, em conformidade com suas
ideologias.
Vejamos alguns exemplos de estruturas discursivas:
Em um texto escrito, o emprego de caixa alta ou o uso do negrito podem as-
sumir significados positivos ou negativos de acordo com o contexto de uso. Essas
marcas visuais são, então, estruturas discursivas.
Outro exemplo de estrutura discursiva são as escolhas lexicais, ou seja, a escolha
das palavras. Por exemplo, numa discussão, podemos escolher palavras mais nega-
tivas sobre “eles”, nossos adversários, e mais positivas sobre “Nós”.
Van Dijk ensina que a escolha das palavras é importante para definir valores,
opiniões, emoções, atitudes; ele diz que “a escolha lexical é, antes de mais nada,
definida pelos significados ou pelos modelos de eventos subjacentes dos usuários
da língua” (VAN DIJK, 2012 b, p. 238).
Outro exemplo de estruturas discursivas, cujo poder é destacado por van Dijk,
são as metáforas porque elas são eficazes para tornar os modelos mentais mais
concretos. Assim, de acordo com o estudioso, podemos, por exemplo, tornar a
noção abstrata de imigração mais concreta ao associá-la a uma metáfora como
“ondas de imigrantes”, criando o medo de se “afogar” nos imigrantes. Tema bas-
tante polêmico tanto no Brasil quanto nos países da Europa, a imigração está dire-
tamente relacionado à temática cara à ACD, pois vale relembrar que essa corrente
teórica estuda como acontece o abuso de poder e a desigualdade social por meio
da análise do discurso.
A ideologia, segundo van Dijk (2015, p. 54), “requer uma abordagem multidis-
ciplinar. O autor invoca, além da linguagem, a psicologia, a filosofia, mas destaca
a relação entre ideologia e comunicação.
É importante termos claro que, conforme Van Dijk observa, a ideologia não é
necessariamente negativa. Ela pode ser usada para “manter e legitimar o abuso de
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poder social e político, como é o caso da defesa do racismo”(VAN DIJK, 2015,
p. 54); e pode também ser usada para combater a dominação com o fim de “pro-
pagar atitudes e práticas igualitárias, como na defesa do feminismo” (VAN DIJK,
2015, p. 54).
As ideologias são “uma espécie de crença”, mas elas não são pessoais, como é o
caso das opiniões de cada um dos indivíduos de uma comunidade ou grupo social,
elas são “essencialmente compartilhadas por coletividades sociais”. (VAN DIJK,
2015, p. 54)
Conforme ensina van Dijk (2015), “as ideologias tipicamente representam quem
somos, o que fazemos, por que fazemos, como (deveríamos ou não deveríamos)
fazê-lo e para que o fazemos, ou seja, nossa identidade, ações, objetivos, normas,
valores, recursos e interesses sociais” (VAN DIJK, 2015, p. 54).
Vale lembrar também, com van Dijk (2015), que “a maior parte das ideologias
de grupo é desenvolvida e usada em relação a outros grupos sociais” (VAN DIJK,
2015, p. 54). Os grupos sociais usam-nas para dominar outros grupos ou resisitr
a eles, competir com eles, ou interagir de outra maneira com os outros grupos e
com seus membros. Segundo Van Dijk, as ideologias são avaliativas, podendo essas
avaliações ser positivas ou negativas.
Assista, clicando no link a seguir, à entrevista com o professor Teun van Dijk sobre racismo, e
Explor
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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
A Noção de Contexto
Van Dijk desenvolveu um conceito de contexto que é diferente da noção de
contexto tradicional. Para esse autor, o contexto não é externo, situado fora dos
participantes da interação, relacionado apenas à situação de comunicação.
Van Dijk ensina, no entanto, que essa influência não é direta, porque os indiví-
duos primeiramente interpretam os elementos do modelo de contexto e estabele-
cem o que é relevante, para somente depois produzir discurso, a partir do que foi
considerado essencial.
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Veja este esquema proposto por van Dijk. Ele ilustra como são acionados o
modelos discursivos. Segundo o autor, esse esquema ilustra também a reprodução
discursiva do poder.
Atividades Sociais
Figura 1
Por isso é que van Dijk (2016) afirma que “muitas estruturas do texto e da fala
podem influenciar o modo como os destinatários constroem seus modelos mentais
de situações específicas ou como generalizam essas situações para formar estereó-
tipos ou preconceitos” (VAN DIJK, 2016, p.29).
Vimos nesta unidade uma corrente teórica dos estudos do discurso que está
voltada para questões sociais e cognitivas, a Análise Crítica do Discurso, a ACD, a
qual, essencialmente, trata da crítica social. Apresentamos seus principais pesqui-
sadores, nomes que se destacam tanto no Brasil quanto no mundo, além de situar
as principais questões às quais esses estudiosos se dedicam, tais como: a correção
de injustiças sociais, o empoderamento social dos grupos dominados e os discursos
institucional, de gênero social e da mídia, que materializam relações mais ou menos
explícitas de luta e de conflito.
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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
Vale destacar que, dado o escopo a que se dedica a ACD, sua vocação é multi-
disciplinar envolvendo outras áreas além da linguística, como as Ciência Sociais, a
Psicologia e a Filosofia. Além dessas, a ACD mantém um diálogo produtivo com a
Gramática Sistêmico Funcional, proposta por Halliday, para a análise discursiva do
material da linguagem verbal.
O estudo das teorias do discurso é essencial para o trabalho com a língua portu-
guesa na educação básica, no sentido de apoiar a análise da língua não só em sua
materialidade linguística e organização gramatical, mas sobretudo, para destacar
a sua função social, seu uso sempre situado/contextualizado e suas possibilidades
de produzir sentidos, de orientar e sustentar valores, crenças e ideologias diversas.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Discourse in Society
Visite o site de Teun A. van Dijk e conheça mais sobre suas pesquisas.
https://goo.gl/ov1V3S
Cinco Perguntas para Van Dijk
Leia o texto de uma entrevista com Teun A. van Dijk.
https://goo.gl/4Atybx
Livros
Discurso e Contexto: uma abordagem sociocognitiva
Teun A. van Dijk. Discurso e Contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo:
Editora Contexto, 2012.
Discurso e poder
Teun A. van Dijk ; Hoffnagel, Judith; Falcome , Karina (orgs). Discurso e poder. São
Paulo: Editora Contexto, 2008.
Discurso e racismo na América Latina
Teun A. van Dijk (org.), Discurso e racismo na América Latina. São Paulo: Editora
Contexto, 2008.
Vídeos
Teun Van Dyck: entrevista “estudios sobre discurso y sociedad”
Assista à entrevista com Teun A. van Dijk.
https://youtu.be/OzJYiys4UeE
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UNIDADE A Análise Crítica do Discurso – Teun A. van Dijk
Referências
PEYROTON, Lúcia Helena; POMEU, Júlio César. Estudos Discursivos em di-
ferentes Perspectivas - Mídia Sociedade e Direito. São Paulo: Terracota Editora,
2016, p. 217-228.
VAN DIJK, Teun A.; Hoffnagel, Judith; Falcome ,Karina (orgs). Discurso e Poder.
São Paulo: Editora Contexto, 2012.a
Van Dijk, Teun A. Ideologia. Letras de Hoje, v. 50, n. esp. Porto Alegre, 2015,
p. 53 – 61.
VAN DIJK, Teun A. Análise Crítica do Discurso. IN: TOMAZI, Micheline Matte-
di; ROCHA
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