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Ergonomia

Gustavo Henrique Gomes

Licenciado para - Vinícius Passos - Protegido por Nutror.com


Ergonomia

APRESENTAÇÃO

Caro aluno!

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão dos conhecimentos

ergonômicos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da

área e atuar de forma competente e consciente em sua atividade laboral com o objetivo

de proporcionar qualidade de vida.

Serão apresentados todos os conceitos relacionados à ergonomia no ambiente de

trabalho, através de noções de fisiologia do trabalho, biomecânica, incidências de

acidentes, a aplicação de forças, os aspectos antropométricos, os dispositivos de

controle de informação, o sistema homem-máquina com o objetivo de subsidiar o

dimensionamento correto dos postos de trabalho (máquinas e equipamentos

“ergonômicos”).

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................ 2
SUMÁRIO ...................................................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1. Riscos Ergonômicos .............................................................................................................................. 6
2. Objetivos da ergonomia ....................................................................................................................... 8
3. O processo de trabalho ........................................................................................................................ 8
4. A tarefa e sua atividade ...................................................................................................................... 11
4.1. Tarefa.............................................................................................................................................. 11
4.2. Atividade......................................................................................................................................... 13
5. População dos trabalhadores ............................................................................................................. 14
6. A organização do trabalho ................................................................................................................. 16
7. Áreas de especialização da ergonomia .............................................................................................. 17
8. Noções de biomecânica...................................................................................................................... 19
8.1. Historia da biomecânica ................................................................................................................. 20
8.2. Cinemática do movimento ............................................................................................................. 21
8.3. Cinemática linear ............................................................................................................................ 21
8.4. Cinemática angular ......................................................................................................................... 21
8.5. As formas de movimento ............................................................................................................... 21
8.5.1. Movimento linear ....................................................................................................................... 21
8.5.2. Movimento angular .................................................................................................................... 22
8.5.3. Movimento Geral ....................................................................................................................... 22
8.6. Terminologia de referência ............................................................................................................ 23
8.7. Cinética do movimento .................................................................................................................. 23
8.7.1. Historia da cinética ..................................................................................................................... 24
8.8. A biomecânica no trabalho ............................................................................................................ 24
8.8.1. Condição da manutenção do equilíbrio ..................................................................................... 25
8.8.2. Modificação do equilíbrio........................................................................................................... 25
8.8.3. Analise visual da postura ............................................................................................................ 26
8.8.4. Relação trabalho e postura ........................................................................................................ 26
8.8.5. Elevação e movimentação de carga ........................................................................................... 27
8.8.6. Biomecânica da elevação de cargas ........................................................................................... 27

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8.8.7. Levantamento e transporte de cargas ....................................................................................... 32


8.8.8. Levantamento com cargas ......................................................................................................... 32
Distância da carga em relação ao corpo ................................................................................................ 35
Rotação e inclinação do tronco .............................................................................................................. 35
Antropometria e biometria .................................................................................................................... 35
Os princípios de produção de objetos.................................................................................................... 37
9. Ergonomia e design ............................................................................................................................ 38
Idade ....................................................................................................................................................... 39
Etnia........................................................................................................................................................ 39
Sexo ........................................................................................................................................................ 40
Clima ....................................................................................................................................................... 40
Condições adversas e variações extremas ............................................................................................. 40
9.1. Prática da antropometria ............................................................................................................... 41
9.2. Identificação e controle dos fatores de risco na perspectiva da ergonomia ................................. 42
9.3. Análise ergonômica do trabalho .................................................................................................... 50
Informações sobre a empresa ................................................................................................................ 52
Características da população.................................................................................................................. 53
Escolha da situação para análise ............................................................................................................ 53
Análise da tarefa..................................................................................................................................... 53
Observações globais e abertas da atividade .......................................................................................... 56
Acessibilidade ......................................................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 59

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INTRODUÇÃO

A ergonomia, em geral, está diretamente ligada a mobiliários ou utensílios


ergonômicos, assim como o reconhecimento de sua falha, à manifestação física por
meio da Lesão por Esforço Repetitivo – LER. Esta concepção é uma visão
extremamente reducionista, que diminui a importância e função da ergonomia nos
processos laborais e nos ferramentais utilizados pelo engenheiro de segurança para
alcançar seus objetivos como profissional.

A ergonomia ultrapassa as amarras do desenvolvimento de produtos, se introduz nos


processos produtivos e na organização do próprio ser econômico, modificando
paradigmas que antes eram da competência exclusiva de administradores de
empresas de economistas e psicólogos.

O objetivo é a abordagem de uma nova fronteira dos profissionais de segurança, que


têm na ergonomia a ciência que possui a capacidade de agregar e interatuar todas as
mutáveis e competências presentes na segurança do trabalho.

Objetivos

 Oferecer os conceitos diretamente ligados à ergonomia no ambiente de trabalho,


como as noções de fisiologia do trabalho como idade, fadiga, vigilância e
incidência de acidentes assim como a aplicação de forças os aspectos
antropométricos as limitações sensoriais os dispositivos de controle de
informação o sistema homem-máquina e trabalhos em turnos, com o objetivo de
auxiliar o dimensionamento correto dos postos de trabalho através das
máquinas e equipamentos “ergonômicos”.
 Apreender a temática atrelada à ergonomia, a questão da acessibilidade, do
stress e o assédio moral, contendo a ergonomia como tema de estudo para o
engenheiro de segurança do trabalho.

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1. Riscos Ergonômicos

O que seria a ergonomia? A palavra ergonomia tem como raiz filológica a ligadura dos
termos ergon que significa (trabalho) e nomos (leis e regras), assim a ergonomia possui
a ambição de ser a ciência que estuda as leis inseparáveis do trabalho.

A ergonomia nasceu pela primeira vez na obra “Ensaios de ergonomia ou ciência do


trabalho, abalizado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”, do biólogo polonês
Wojciech Jastrzębowski (Gierwaty, 1799 – Varsóvia, 1882) – Figura 1, e teve
cometimento como ciência própria no transcorrer da Segunda Guerra, em que a Royal
Air Force queria habituar-se por que seus aviões não eram usados em sua perfeição,
com a força e efeito esperado (WISNER, 1994), o que culminou com a criação da
Ergonomics Research Society na Inglaterra, em 1949.

Figura 1: Wojciech Jastrzębowski

A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO (<http://www.abergo.org.br>), em


concordância com outras associações, International Ergonomics Association – IEA
(<http://www.iea.cc>) e Société d’Ergonomie de Langue Française – SELF (<http://
www.ergonomie-self.org>) expõe a seguinte definição.

A ergonomia é a disciplina científica pautada ao entendimento da influência mútua


entre seres humanos e outros elementos de um sistema, e também é a profissão que
cultiva teoria, princípios, dados e artifícios para projetar a fim de tornar ótimo o bem-
estar humano e a execução geral de um sistema.

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Estas considerações de trabalho e a forma científica de como necessitaria ser o


processo de trabalho se saíram tão planejáveis e observáveis que se tornou fácil
abranger por que a linha de montagem recomendava ser uma saída econômica
universal para a produção de benefícios de consumo.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o incremento da ergonomia se focou na


adaptação de aparelhamentos e ferramentas ao homem que se caracterizou como a
biometria, na melhora das suas condições de trabalho através da eliminação ou
diminuição da insalubridade, procurando a melhor relação homem/insumo, ainda não
ponderando os aspectos cognitivos presentes nos procedimentos de trabalho e com
esse entendimento a ergonomia promove o aumento dos processos de trabalho
informatizados, em que se focava pela fragmentação das tarefas, resultando no
desenvolvimento da bifurcação do trabalho e lançando mais valia, desempenhando do
passado, entre outros, a doença dos tabeliães conhecida como – LER/DORT.

A Norma Regulamentadora 17 listra como a primeira tentativa satisfatória na


compreensão do trabalho.

Atualmente se observa que o domínio de tempos e movimentos é somente uma


parcela da estruturação e preparo do processo de trabalho, tornando-se uma certeza,
no começo do século XXI. Segundo MOURA, 1993, a reorganização no processo de
uma empresa não é aceitável se não houver alterações importantes nas relações
sociais e das qualidades psicológicas do pessoal. Não é possível modificar a atmosfera
psicossocial sem modificar as classes tecnológicas e as organizacionais de uma
empresa.

A ergonomia atual busca harmonizar o bem-estar do trabalhador, sua segurança


ocupacional e a segurança do processo laboral ou produtivo, sustentando ou
expandindo a produtividade do trabalho e melhorando a qualidade dos produtos e
serviços apresentados.

Os profissionais que exercitam a ergonomia que é conhecida como ergonomistas,


colaboram para o planejamento, concepção e avaliação dos trabalhos, empregos e
produtos, organizações, meios ambientes e sistemas, tornando compatíveis com as
obrigações, as competências e os limites das pessoas e trabalhadores.

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2. Objetivos da ergonomia

Harmonizar as demandas essenciais ao processo vitorioso econômico, que visa à


eficácia do processo, excelência da produtividade perante a tecnologia colocada,
melhorando e ampliando a confiabilidade do sistema, melhorando os sistemas de
controle, com qualidade e resistência, atendendo as demandas essenciais aos
trabalhadores que visam segurança no seu procedimento de trabalho, quando da
consumação das atividades, decretar o processo não provoque dano a sua saúde, um
ambiente confortável como, por exemplo, elaborando posturas adequadas na sua
atividade laboral, que as ferramentas de uso consistam em fácil utilização, que o
trabalhador apresente satisfação em participar, em ser atuante integrante do processo
produtivo, calhando a ter interesse essencial no trabalho.

3. O processo de trabalho

Adão e Eva foram expulsos do paraíso, e com isso Deus instituiu que Adão
necessitaria ganhar o pão com o suor de seu rosto, deveria trabalhar para solicitar a
sua sobrevivência. Na a antiguidade, laborar era sinônimo de sacrifício e tortura. A
explanação do trabalho como sacrifício ou tortura também se mostra presente em
nossa sociedade, embora cada vez mais, haverem postos de trabalho em que essa
compreensão não mais se mostra presente.

É com esse alvo que se faz presente a ergonomia. O trabalho tem como compreensão
social a atividade conseguida por um ser humano, através do artifício de trabalho
abrangendo diversas variáveis que ampliam e, ao mesmo tempo, tornam
extremamente complicados a sua adaptação ao homem.

O trabalho para o ser humano se estabelece em:

 Uma obrigação primária para gerar o atendimento de suas precisões básicas de


habitação, alimentação, reprodução e segurança;
 “Um caminho de gratificação pessoal que possibilita a constituição da identidade
pessoal e social dos sujeitos, por meio da valorização e do reconhecimento
daquilo que é produzido” (MENDES; ABRAHÃO, 1996);

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 Um risco para a integridade física, do processo de envelhecimento e de


senilidade, acrescentamento dos custos e de processos de estigmatizações
sociais.

Constituição federal de 1988

Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

[...]

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;

[...]

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

O trabalho, segundo Dejours (1986), adota papel fundamental na vivência humana. A


atividade não é a finalidade das pessoas e, portanto, a desocupação permanente é
equivocada.

A metodologia de trabalho apresenta diversos enfoques, com ambientes e investidas


independentes – Figura 2.

Este enfoque apresentado na Figura 2, destacar o processo de trabalho para ser


analisada pela ergonomia:

 As qualidades de trabalho, isto é, as características dos insumos


disponibilizados e empregados para o cumprimento do trabalho, onde incluímos
nesta categoria a estrutura e as condições ambientais para o cumprimento do
trabalho como, por exemplo, o nível de ruído, temperatura, entre outros;
 As particularidades da população de trabalhadores, compreendendo seus
aspectos biométricos, fisiológicos, culturais, psicológicos e sociais;
 A organização da ação produtiva do trabalho, abrangendo a estrutura
organizacional da empresa, a tradição empresarial, as regras e os processos de
trabalho, os critérios e as lógicas de produção.

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Figura 2: Articulação dos diversos elementos do processo de trabalho

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Figura 3: Fatores que influenciam o Processo de Trabalho

4. A tarefa e sua atividade

De acordo com os princípios ergonômicos, há uma diferenciação grande entre o


trabalho adequado e o trabalho observado, existindo uma distância entre esses dois
fatores de trabalho.

4.1. Tarefa

Entendemos a tarefa como conjunto de ordens, normas e regras. Ela determina tudo
que o trabalhador necessita fazer para produzir bens e serviços através de normas de
qualidade e quantidade, utilizando-se de equipamento e ferramentas específicas.
Precisamos destacar que a tarefa em si não é o trabalho, ela é o constrangimento a
que o trabalhador é exposto para desempenhar sua atividade, enfim, é o quadro que é
estabelecido para que o trabalhador realize a sua atividade, ela autoriza a atividade e
estabelece os objetivos que o trabalhador deve alcançar. Todos os materiais e

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instrumentos disponibilizados pela empresa fazem parte da tarefa para que o


trabalhador faça seu trabalho. A elaboração e organização dos horários de trabalho, da
jornada assim como, dos repousos também está diretamente ligada à tarefa.

No universo da tarefa, temos:

 A dimensão espacial do trabalho a infraestrutura proporcionada, o tipo de


arquitetura que é visto da seguinte forma: pé direito, distância entre corredor,
acomodação dos banheiros, tamanho das salas, o tamanho do espaço
disponibilizado para cada trabalhador, número de pontos de luz, água e etc.
 Postos de trabalho cadeiras, mesas, balcão e etc.

OBSERVAÇÃO:

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT possui várias


normas que regulam os aspectos construtivos dos mobiliários de escritório
com vistas a atender critérios “ergonômicos”. Podemos destacar como
exemplo a NBR 13962:2006.

A NBR 13962:2006 especifica as características físicas e dimensionais e


classifica as cadeiras para escritório, bem como estabelece os métodos
para a determinação da estabilidade, resistência e durabilidade de
cadeiras de escritório, de qualquer material, excluindo-se longarina e
poltronas de auditório e cinema.

Os padrões adotados pela norma baseiam-se em um uso de 8 horas ao


dia, por pessoas com peso até 110kg e com altura entre 1,51m e 1,92m.

A norma define cadeira operacional como aquela que tem as características listadas a
seguir:

 » regulagem de altura do assento, regulagem do apoio lombar, base giratória,


base com, pelo menos, cinco pontos de apoio, provida ou não de rodízios e
conformação da superfície do assento um pouco acentuada e borda frontal
arredondada.

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A jornada de trabalho, horário de início e término da jornada de trabalho, os dias de


trabalho realizados na semana, o repouso semanal, as férias.

Sobre as regras de produção, observamos a evolução da tarefa, pois estamos


elaborando, devagar, mas de forma constante, apresentando uma organização
científica do trabalho – OCT (taylorismo) para uma ação mais flexível. E essa melhora
só está sendo possível pela alteração do modelo de produção, introduzidos nos
processos de trabalho, ampliando a variabilidade do processo de trabalho, em função
da não estabilidade dos sistemas de produção.

4.2. Atividade

Quando falamos sobre o conceito de atividade o fio condutor da avaliação ergonômica


e pode ser entendida de maneiras diferentes:

 O que o trabalhador faz assim como suas decisões para atingir os objetivos
propostos na tarefa ou redefinidos de acordo com o ambiente laboral;
 O que o trabalhador usa de si para atingir os objetivos: fala, direção do olhar,
gestos, movimentos e deslocamentos, situando-se entre os aspectos
conscientes e inconscientes do funcionamento mental. “A dimensão psíquica do
trabalho, as relações de prazer e sofrimento funcionam como moduladores do
funcionamento orgânico e como um dos aspectos do uso de si para as
realizações” (ABRAHÃO, 2009);
 Pela lógica emocional do trabalhador para cumprir as metas de trabalho de
acordo com as condições fornecidas.

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Para fazermos um julgamento da atividade, é fundamental entender, em cada processo


dentro do trabalho, as diversas diferenças nas dimensões e como elas interatuam, pois
é a partir dessa análise que será possível diminuir a distância entre a tarefa e a
atividade, sendo necessário responder às seguintes perguntas quando da análise da
atividade:

Quem, o quê, por que, com quê, como, quando, em quanto tempo, onde e com
quem.

A atividade não é neutra, ela engaja e transforma aquele ou aquela que executa
(TEIGER, 1992).

O desempenho da atividade na situação de trabalho acarreta transformações no


indivíduo que podem refletir em diferentes esferas de sua vida, na saúde, na relação
com os outros e na própria relação com o trabalho. Estas transformações se devem,
entre outros fatores, ao desgaste provocado pelo trabalho, assim como às
competências construídas a partir das experiências adquiridas (ABRAHÃO, 2009).

5. População dos trabalhadores

Quando estabelecermos o perfil sociodemográfico de uma população, é possível extrair


as estatísticas normais de cada variável desejável (peso, altura, idade, formação
religiosa, indicação de valores, escolaridade, entre outros) que é de caráter
fundamental para o planejamento de políticas públicas e de normas de construção de
equipamentos, mobiliários e equipamentos públicos como por exemplo a altura do pé
direito mínimo. Esse estudo pode ser restringido ao universo de uma empresa ou de
uma seção.

O grande objetivo dessa abordagem é a existência do chamado trabalhador médio,


que, indiretamente, proporciona a “seleção natural” dos aptos a determinados postos e
funções no ambiente de trabalho, quando a lógica seria o trabalho ser condizente com
todos os trabalhadores, fazendo com que o processo de seleção abrangesse tão
somente variável não biométrica (escolaridade, experiência profissional, valores
pessoais e sociais). Ainda hoje é comum buscar o trabalhador adaptado ao posto de
trabalho e não adaptar o posto ao trabalhador.

Não basta ser escolhido para o posto de trabalho, em que se avaliam principalmente os
princípios físicos no momento da admissão, existindo, ainda, uma seleção durante a
permanência no trabalho, pois muitos não suportam os constrangimentos e largam o

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emprego, adoecem ou se acidentam, podendo, em casos extremos, ser objeto de


assédio moral.

Aqui devemos avaliar as variáveis presentes no processo de trabalho e no ser humano


que executa as tarefas, e, mesmo que a equipe seja homogênea, há características
que conferem variáveis aos indivíduos, ao ambiente, aos insumos e produto.

Variabilidade intraindividual
Variabilidade Ciclo

+
interindividual
circadiano
Alterações
Estratégias operatórias
hormonais
Fadig
Modos operatórios
a
Resoluções de problemas Aprendizage
m
Aprendizagem

Variações
devido à idade
Variações no curto prazo Leis do
envelhecimento
“Predisposição”
biológico
Efeitos do meio
Figura 7 – Variabilidade inter e intraindividual.

O planejamento das tarefas e os processos de trabalho que tenham como requisito a


padronização e homogeneização dos passos, isto é, torná-los inflexíveis, em longo
prazo, gerarão problemas à empresa e ao trabalhador, inclusive prejuízos financeiros.

Uma variável que deve ser analisada no processo ergonômica é a denominada


confiabilidade humana, entendida como o produto de diferentes processos cognitivos
que são constrangidos pelo meio, válidos em determinado contexto, e apoiados por um
sistema de produção e tarefas.

Não há relação entre aumentar a confiabilidade do sistema com evitar a ocorrência de


erros dos trabalhadores, uma vez que, não se pode presumir um modo certo de agir
sobre determinada tarefa ou sistema complexo, uma vez que como vimos, os
trabalhadores trazem em seu arcabouço as variáveis que interferem neste processo
atividade. Abrahão (2009) mostra que o erro deve ser considerado como o insucesso
de uma ação que é influenciada diretamente pelo ambiente.

O erro pode ocorrer em tarefas controladas, denominando-se engano, ou em tarefas


automatizadas (não quer dizer que sejam realizadas por autômatos), denominando-se
lapso.

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Engano Lapso

Ocorre falha quando realizamos um Ocorre falha no processamento


processamento controlado. automatizado.

Exemplo:
Clicar em tecla diferente do comando
Exemplo:
Vemos uma diretriz para virar à direita e solicitado, errar a marcha quando
viramos à esquerda, vemos um endereço dirigimos um carro.
e indicamos a direção errada.

Existe um conceito clássico, mas de aplicação falha e imprecisa que é muito utilizado
na ergonomia, estamos falando do conceito de carga de trabalho, que aparece na
literatura e em textos técnicos como carga física, carga mental ou carga psíquica. A
sua abordagem moderna se dá apenas no campo simbólico e não como atributo de
medida, pois como, em função do já colocado neste estudo, poderíamos definir carga
de trabalho leve ou pesada? Ao se falar de carga de trabalho, temos a ideia de excesso
de carga e ou sobrecarga no processo de trabalho, seja de ordem fisiológica ou física,
seja de ordem mental.

6. A organização do trabalho

Quando falamos de organização do trabalho, não estamos falando de ordem, limpeza


ou de colocar as coisas em seus devidos lugares, e sim em que estrutura espacial da
atividade é realizada, em que base se deu a estruturação da tarefa. Consideramos a
organização do trabalho como a adição da hierarquia, a divisão das tarefas, as rotas da
comunicação interna, o horário de funcionamento, os ritmos e cadências exigidas,
combinados com a lógica da organização na sua linha de produção em um
determinado arranjo físico, os critérios de qualidade e de produtividade exigidos pela
empresa na realização das tarefas.

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7. Áreas de especialização da ergonomia

Com base nas definições e abordagens anteriores, verifica-se a complexidade do


campo de atuação da ergonomia, podendo, de forma efetiva, ser dividida em várias
áreas de atuação.

 Organizacional:

o Atua nos sistemas e processos de comunicação dentro da organização;


o Na gestão dos coletivos, na concepção do trabalho;
o Na concepção dos horários de trabalho;
o No trabalho em equipe;
o Na concepção da participação dos trabalhadores no processo produtivo;
o Na ergonomia comunitária;
o No trabalho cooperativo;
o Na estruturação das novas formas de trabalho;
o No entendimento e no estudo da cultura organizacional das empresas e
organizações;
o Nas organizações virtuais;
o No teletrabalho;
o na gestão pela qualidade.

 Ergonomia física:

o Atua nas posturas de trabalho;


o Na manipulação de objetos;
o Nos movimentos repetitivos;
o Nos problemas osteomusculares;
o No arranjo físico dos postos de trabalho;
o Na segurança e na saúde dos trabalhadores.

 Ergonomia cognitiva:

o Atua no estabelecimento do processo mental do trabalhador na relação


prazer/sofrimento do trabalho;
o Nos processos intraindividuais de decisão;
o Na interação homem-máquina;
o Na formatação da confiabilidade humana;
o No estresse profissional;
o Na formação profissional e pessoal, na sua relação com a concepção
pessoas sistema.

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A ergonomia pode ainda ser dividida:

Quanto à abrangência:

 Ergonomia do posto de trabalho:


o apresenta uma abordagem microergonômica.
 Ergonomia de sistemas de produção:
o apresenta uma abordagem macroergonômica.

Quanto à contribuição:

 Ergonomia de concepção:
o atua nas normas e especificações de projeto.
 Ergonomia de correção:
o atua nas modificações de situações existentes.
 Ergonomia de arranjo físico:
o atua na melhoria de sequências e fluxos de produção.
 Ergonomia de conscientização:
o atua na capacitação/formação em ergonomia.

E, para atuar de forma plena, a ergonomia faz-se presente na interface com diversas
áreas do conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade:

No projeto e produção ergonomicamente


Engenharia
seguros.

Na metodologia de projeto e design do


Design
produto.

No treinamento e na motivação do
Psicologia
pessoal.

Medicina e Enfermagem Na prevenção de acidentes e doenças do


trabalho.
Nos projetos organizacionais e na gestão
Administração
de recursos humanos.

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8. Noções de biomecânica

A estrutura do corpo humano pode ser definida como um complexo sistema de


segmentos articulados em equilíbrio estático ou dinâmico, onde o movimento é
causado por forças internas atuando fora do eixo articular, provocando deslocamentos
angulares dos segmentos, e por forças externas ao corpo.

Desta maneira definimos que a ciência que descreve, analisa e modela os sistemas
biológicos é chamada Biomecânica, logo uma ciência altamente interdisciplinar dada a
natureza do fenômeno investigado. (Alberto Carlos Amadio).

A Biomecânica é uma disciplina entre as ciências derivadas das ciências naturais, que
se ocupa de análises físicas de sistemas biológicos, consequentemente, de análises
físicas dos movimentos do corpo humano. Quando dimensionamos a Biomecânica no
contexto das ciências derivadas, que também têm por objetivo estudar o movimento, é
importante lembrar que esta contextualização científica apoia-se essencialmente em
dois fatores:

1) A biomecânica apresenta seu objeto de estudo claramente definido;


2) Seus resultados de investigações são obtidos por meio do uso de métodos
científicos (AMADIO, 1989).

Definimos a Biomecânica como o estudo da estrutura e da função dos sistemas


biológicos utilizando os métodos da mecânica (HATZE, 1974). Outra definição
apresentada por Chkaidze (1973) descreve a Biomecânica como um dos métodos para
estudar a maneira como os seres vivos, principalmente o homem se adapta às leis da
mecânica durante a realização de movimentos voluntários.

Fisicamente falando, Amadio e Serrão (2007), apontam que o corpo humano pode ser
definido como um sistema de segmentos articulados em equilíbrio estático ou
dinâmico, no qual o movimento é causado por forças externas e também por forças
internas que atuam fora do eixo articular, provocando deslocamentos angulares dos
segmentos.

Em contraposição a um corpo rígido, a estrutura biológica do corpo humano permite a


produção de força por meio da contração muscular, que transforma o corpo num
sistema autônomo e independente. Desta maneira definimos que a ciência que
descreve, analisa, e modela os sistemas biológicos é a biomecânica, logo uma ciência
de relações interdisciplinares dada a natureza do fenômeno que investiga (AMADIO,
2000).

Quando avaliamos o movimento humano podemos considerar o carro chefe para a


atuação do fisioterapeuta tanto em situações clínicas como no ambiente laboral. A
identificação dos fatores de risco que determinam a realização de movimentos e
posturas inadequados e a decisão sobre a melhor intervenção a ser utilizada ou

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recurso de tratamento a ser empregado, ocorre em função dos resultados da avaliação.


A avaliação Biomecânica pode ser baseada na coleta de dados qualitativos e
quantitativos suficientes e precisos, bem como na observação sistemática e descrição
das alterações do movimento identificadas.

De acordo com Zernicke (1981), a Biomecânica do movimento busca explicar como as


variadas formas de movimento dos seres vivos acontecem na natureza através de
indicadores cinemáticos e dinâmicos.

8.1. Historia da biomecânica

Aristóteles (384-322 a.C) Pai da Cinesiologia onde estudou a ação dos músculos por
meio da observação dos movimentos de animais. Arquimedes (287-212 a.C) Fala
dobre os princípios hidrostáticos. Galeno (131-201 a.C) Relata sobre os músculos
agonistas e antagonistas. Introduziu os termos diartrose e sinartrose. Da Vinci (1452-
1519) Foi o primeiro a registrar dados científicos da marcha. Von Haller (1707-1777)
Descreve a contratilidade. Newton (1642-1727) Relata os fundamentos da dinâmica
moderna, as 3 leis de Newton .Unter (1728-1793) Elenca a origem e inserção, o
problema biarticular e disposição mecânica das fibras. Janssen em 1878, introduzio
quadros cinematográficos para estudar o movimento humano. Braune (1831-1892) &
Fischer(1861-1917) usaram técnicas fotográficas para estudar a marcha humana.
Roux (1850-1924) Fala sobre a hipertrofia, por meio de trabalho intensivo. Bowditch
(1814-1911) Lei do tudo ou nada. Piper (1910-1912) Relata sobre a eletromiografia e
Adrian em 1925 por meio da eletromiografia demonstrou a atividade muscular. Borelli
(1608 – 1679) descreve os ossos como alavancas. Glisson (1597-1677) Fala da
irritabilidade.

A Biomecânica Interna se preocupa com as forças internas, as forças transmitidas


pelas estruturas biológicas internas do corpo, tais como forças musculares, forças nos
tendões, ligamentos, ossos e cartilagem articular. Elas estão intimamente relacionadas
com a execução dos movimentos e com as cargas mecânicas exercidas pelo aparelho
locomotor, representadas pelo stress, que é o estímulo mecânico necessário para o
desenvolvimento e crescimento das estruturas do corpo (AMADIO; DUARTE, 1997). A
biomecânica Externa Estuda as grandezas observáveis externamente na estrutura do
movimento. Parâmetros de determinação quantitativa e qualitativa referente à
mudanças de posição do corpo em movimento: trajetória, velocidade, aceleração
(AMADIO; DUARTE, 1997).

A Biomecânica visa essencialmente à avaliação do movimento humano em diferentes


situações. Segundo Duarte (2007), existem duas perspectivas para análise do
movimento através da análise qualitativa que realizada a partir da observação
sistemática com julgamento criterioso da qualidade do movimento. Esta forma de
avaliação é voltada principalmente para a natureza da atividade e não realiza

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medições. Geralmente, é a abordagem inicial no estudo de um problema. E temos a


análise quantitativa que envolve técnicas que permitem medir, descrever e analisar o
movimento com maior precisão. É mais utilizada dentro do laboratório de pesquisa.
Tipicamente, mede parâmetros fisiológicos e biomecânicos. Envolve maior grau de
dificuldade e maiores custos.

8.2. Cinemática do movimento

A Cinemática descreve as características do movimento e faz uma analise a partir de


uma perspectiva espaço-temporal, relacionando as variáveis: posição, velocidade,
aceleração e tempo. Baseia-se no estudo da descrição do movimento, sem no entanto,
fazer referência às forças que atuam na causação do mesmo (HAMILL; KNUTZEN,
2008).

8.3. Cinemática linear

Observa o padrão ou sequência de movimento em relação ao tempo. Faz uma


descrição espaço-temporal do movimento linear (HALL, 2006). O Movimento Linear
que nada mais é um movimento em linha reta ou curva nas quais diferentes regiões do
corpo e ou objetos percorrem uma mesma distância (HALL, 2000; WATKINS, 2001).
Um exemplo de aplicação ao movimento humano é o estudo da marcha.

8.4. Cinemática angular

Aborda os movimentos angulares do corpo humano como movimentos ao redor de um


eixo de rotação onde diferentes regiões do mesmo objeto não se movem percorrendo
uma mesma distância em sua totalidade (HALL, 2000; WATKINS, 2001).

Basicamente a relação entre movimento linear e angular e que quanto maior o raio
entre um ponto do corpo em rotação e o eixo de rotação, maior será a distância linear
percorrida do ponto durante o movimento angular.

8.5. As formas de movimento

8.5.1.Movimento linear

Ocorre na ocorrência das translações dos corpos. Praticamente todos os pontos do


corpo percorrem uma mesma distância e ou direção, ao mesmo tempo. Podendo ser
retilíneo ou curvilíneo, sendo que a diferença entre eles refere-se ao fato de que no

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movimento curvilíneo, o vetor que representa a direção da trajetória muda


constantemente.

8.5.2.Movimento angular

Na maioria das ocorrências envolvem a rotação dos corpos. Os respectivos pontos


movem-se em linhas circulares ao redor de um eixo de rotação.

Fonte: Hamill e Knutzen, 2008.

8.5.3.Movimento Geral

Quando elencamos sobre a realização dos movimentos gerais descrevemos


movimentos de rotação e translação. Podemos então relatar que o movimento humano,
em sua totalidade, combina tanto características lineares como angulares.

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8.6. Terminologia de referência

Para que possamos realizar uma descrição adequada do movimento é extremamente


importante a utilização de terminologia comum que serve como padrão, além de
proporcionar com excelência às análises realizadas. Essa analise deverá ser utilizada
durante as avaliações clínicas de trabalhadores, e também durante a realização de
relatórios de análises dos postos de trabalho. Devemos seguir o padrão anatômico
assim como o natural como mostra a foto abaixo.

Fonte: Hamill e Knutzen, 2008.

8.7. Cinética do movimento

A cinética é a área de estudo que faz a analise das forças que atuam sobre o corpo
humano e qualquer objeto. A análise cinética do movimento tem como objetivo definir
as forças causadoras de um movimento. Essa forma de análise é mais complexa e
difícil de ser realizada que a análise cinemática, tanto para sua compreensão como
para sua avaliação, porque as forças envolvidas não podem ser observadas (HAMILL;
KNUTZEN, 2008). Temos um exemplo de análise cinética do movimento através da
demonstração de como o levantamento de peso pode e deve ser analisado observando
as forças verticais no solo que geram o levantamento (movimento linear) e os torques

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produzidos nas três articulações dos membros inferiores, responsáveis por gerar a
força muscular, necessária para o levantamento.

8.7.1.Historia da cinética

Isaac Newton descobriu muitas das relações fundamentais que estabeleceram as


bases da mecânica moderna. Estes princípios tratam das inter-relações entre as
grandezas cinéticas.

Primeira Lei de Newton: Lei da Inércia


O objeto imóvel permanece assim desde que não ocorra uma força resultante agindo sobre
ele. Um corpo que se movimenta com velocidade constante ao longo de uma trajetória
retilínea manterá este movimento, a não ser que sobre ele atue uma força resultante que
altere a velocidade ou a direção do movimento.

Segunda Lei de Newton: Lei da Aceleração


Uma força aplicada em um corpo provoca uma aceleração do mesmo, com magnitude
proporcional a ela, na sua direção e inversamente proporcional à massa do corpo.

Terceira Lei de Newton: Lei da Ação e Reação


Quando um corpo está exercendo uma força sobre outro, este segundo corpo reage
exercendo uma força que é igual em magnitude, mais apresenta sentido oposto à força
aplicada pelo primeiro corpo.

8.8. A biomecânica no trabalho

A postura é a organização no espaço dos diferentes segmentos corporais. Ela é o


suporte da busca e das tomadas de informações para a ação do trabalhador. A postura
é então, principalmente, determinada pelas características e exigências da tarefa assim
como pelas condicionantes internas e formas fisiológicas e biomecânicas de
manutenção do equilíbrio, pelas características do meio ambiente de trabalho.
Nenhuma postura de trabalho é neutra. Nenhuma má postura é adotada livremente
pelo trabalhador, mas é resultado de um compromisso entre os pontos citados.

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Exemplo de má postura na execução Elementos fisiológicos e biomecânicos


do trabalho da manutenção postural

8.8.1.Condição da manutenção do equilíbrio

A manutenção do equilíbrio implica mostrando que certa parte da massa muscular


estabiliza o corpo numa postura lhe permitindo evitar a queda e no caso do sujeito
utilizar um apoio como, por exemplo, uma cadeira, os pontos de apoio entram na
determinação do polígono de sustentação.

8.8.2.Modificação do equilíbrio

Quando falamos no desvio dos segmentos corporais, em relação à linha de gravidade e


ao polígono de sustentação, fica clara a necessidade do emprego de forças musculares
de manutenção da posição na postura em pé fixa, mas devemos levar em
consideração o estado do sujeito como idade, sexo, fadiga. A manutenção do equilíbrio
é assegurada principalmente pela contração dos músculos posturais sob o controle de
estruturas nervosas que recebem informações diversas como as labirínticas, visuais e
táteis. Na criança, a manutenção do equilíbrio é instável.

Com a aprendizagem ela se estabiliza até próximo dos 60 anos. A partir daí ocorre uma
degradação. A manutenção e equilíbrio são assegurados sobre tudo pela contração
dos músculos posturais sob o controle de estruturas nervosas que recebem

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informações diversas como as labirínticas, visuais e táteis. Ocorrendo o desequilíbrio


do corpo, modalidades sensoriais emitem informações sinestésicas para equilibrar as
estruturas. Com os cegos a situação é diferente porque a hierarquia sensorial é
modificada.

O envelhecimento diminui a adaptação da resposta muscular que permite evitar a


queda. O tipo de tarefa e o treinamento modificam a desempenho do trabalhador. Em
situação real, as estratégias empregadas pelos trabalhadores, graças à experiência,
também melhoram a desempenho e produtividade.

8.8.3.Analise visual da postura

Quando observamos as posturas utilizadas por um trabalhador em suas atividades


laborais temos importantes informações sobre possíveis dificuldades do trabalho como
o ângulo de inclinação do corpo em relação a vertical, a variação da postura em
relação a uma postura ideal teórica, número de pontos de apoio e a modificação da
postura em função do tempo.

8.8.4.Relação trabalho e postura

O ambiente de trabalho deve ser adaptado às características das informações e das


ações como a localização e características físicas dos detalhes que são percebidas
como dimensões, iluminação, a concepção dos comandos relacionados com a direção
da força e de seu ponto de aplicação entendendo que uma força elevada só poderá ser
exercida se o corpo estiver em equilíbrio e com apoio e as condicionantes temporais
que influenciam de forma importante sobre a postura. Existe uma relação entre a
precisão da tarefa, cadência de trabalho, distância olho-tarefa, rigidez postural e
duração do trabalho e quando todos estes fatores são equilibrados observa-se a
melhorias das condições de trabalho assim como a qualidade de vida dos
trabalhadores.

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8.8.5.Elevação e movimentação de carga

Uma elevação suportada pelos


joelhos é mais potente do que a
elevação suportada pela coluna
vertebral para cargas pesadas,
isso ocorre porque o músculo dos
membros inferiores tem maior
potencia e força. Para cargas
leves e médias eles se
equivalem.

A força máxima de elevação dobra quando os pés


estão a 30 cm do objeto ao invés de 50 cm. Conclui-
se que na elevação de cargas pelos joelhos as
consequências são diferentes para o trabalhador
quando o mesmo ocorre pela coluna.

8.8.6.Biomecânica da elevação de cargas

Na elevação de cargas pesadas, é necessário que o esforço se produza quando a


coluna vertebral estiver ereta, ou seja, quando as vértebras exercerem uma pressão
uniforme sobre os discos intervertebrais. Com a idade e segundo o peso das cargas,
assim como do seu modo de movimentação e elevação, o disco intervertebral se
deforma e sua estrutura sofre importante alteração.

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Se realizarmos um esforço exacerbado em posição inclinada e curvada, a pressão que


se exerce sobre o disco intervertebral não é mais distribuída de forma homogênea, e
com isso, lesões como hérnia do disco podem surgir.

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Aplicação prática dos conceitos aprendidos na rotina ocupacional

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Fonte: Chaffin,2001

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Ergonomia

Fonte: Chaffin, 2001.

Observamos que o objetivo principal da Biomecânica Ocupacional é estudar as


relações entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos realizados
pelo sistema musculoesquelético e as consequências resultantes desses movimentos e
da exposição determinada pelo ambiente ocupacional como tensões musculares, dores
e fadiga provocados por produtos inadequados, postos de trabalho inadaptáveis e
instrumentos incompatíveis.

A partir de diferentes dimensões de análise, baseada no estudo como posturas


corporais e a aplicação de forças. O ergonomista tem como objetivo reduzir as
exigências biomecânicas das tarefas, assim como, possibilitarem uma postura
confortável através da liberdade de movimentos, facilitar a percepção visual (zonas de
visão), proporcionar o fácil o manuseio dos componentes do posto (zonas de alcance)
e proporcionar otimizar o trabalho em grupo e as relações sociais.

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8.8.7.Levantamento e transporte de cargas

O manuseio de cargas é uma tarefa rotineira na atividade diária das pessoas (HONG;
LI, 2005) principalmente na de trabalhadores (REIS et al. 2005). Como essa atividade
pode envolver várias articulações como o punho, cotovelo, ombro, coluna vertebral,
quadril, joelhos e tornozelos dependendo da atividade laborativa, ela é responsável por
uma gama de doenças musculoesquelética. Waters et al.(1994) descreveram que as
atividades de manuseio de cargas ocorrem em muitas empresas e estão diretamente
ligadas como fator causal ou de agravamento de distúrbios musculoesqueléticos em
um grande número de trabalhadores. No Brasil, Carneiro (1997) relata que a
Previdência Social reconhece que as lesões musculoesqueléticas estão entre as
doenças ocupacionais mais prevalentes, sendo responsáveis por 70% dos
afastamentos do trabalho. Iida (2005) diz que o transporte manual de cargas pesadas
tem sido uma das causas frequente de trauma dos trabalhadores.

Com o objetivo de melhorias nas condições de segurança no trabalho na engenharia


civil, a FUNDACENTRO apresenta os procedimentos corretos para um adequado
levantamento e transporte manual de pesos, ao mesmo tempo limitando a quantidade
de carga de acordo com a idade.

Fonte: FUNDACENTRO

Dimensionando o estudo sobre o levantamento manual de carga, uma estratégia


utilizada foi a criação de modelos biomecânicos como instrumento de medida e
simulação que são muito úteis para se obter informações sobre os fatores e métodos
de atividades relacionados às capacidades humanas. Os modelos proporcionam
informações sobre a capacidade de levantamento do indivíduo, têm vantagens e
desvantagens, porém suas aplicações podem proporcionar dados para melhorar
condições de trabalho que estejam ligados ao levantamento de peso e são úteis para
planejar novos trabalhos, que envolvam o manuseio de cargas (GONÇALVES, 1998).

8.8.8.Levantamento com cargas

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Quando levantamos um peso com as mãos, o esforço é transferido diretamente para a


coluna vertebral, descendo pelos quadris e pernas, até chegar ao solo. A coluna
vertebral é composta por vários discos superpostos, sendo capaz de suportar uma
grande carga no sentido axial, ou seja, vertical, mas é extremamente frágil para as
forças que atuam perpendicularmente ao seu eixo cisalhamento que é o deslizamento
de uma vertebra sobre a outra onde tem um efeito “cortante” e é extremamente
prejudicial à coluna. Portanto, na medida do possível, a força deve ser aplicada no
sentido vertical, evitando-se a componente do cisalhamento. Todo esse estresse na
coluna pode ser minimizado se usamos as pernas como suporte.

Levantamento de carga com agachamento

Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/ergo2.htm

Forças que atuam na coluna durante o levantamento de carga

Fonte: Iida, 2005.

Sempre transporte cargas na altura dos quadris, evitando curvaturas indesejáveis da


coluna e o componente de cisalhamento, para isso pode ser utilizado bancadas com

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alturas ajustáveis como visto na Figura anterior. Se não for possível, tire o objeto do
chão, o colocando em uma plataforma de aproximadamente 40 cm e depois complete o
manuseio até a altura apropriada. Use sistemas de transporte mediante os quais os
materiais possam ser removidos sem variar de altura. Exemplo disso são as vias
passivas de rolões (uso de rolões colocados no mesmo nível), uma bancada de
trabalho móvel ou um carrinho que esteja na mesma altura das mesas de trabalho, ou
a suspensão dos materiais que se movem no mesmo nível. Iguale a altura da
plataforma do veículo com a da área de carga, para que a carga e a descarga possam
ser feitas com uma diferença mínima de altura (Ministério do Trabalho e do Emprego,
2001).

Elimine ou diminua as diferenças de altura. Diminua os movimentos de subida e


descida.

Fonte: Ministério do Trabalho e do Emprego, 2001.

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Distância da carga em relação ao corpo

Rotação e inclinação do tronco

As torções ou rotações do tronco provocam estiramentos na musculatura extensora


(CARDIA et al., 2006). Os discos intervertebrais também são mais sensíveis a forças
de torção. Durante o mauseio, o trabalhador deve ser orientado a se posicionar à frente
do objeto a ser manuseado.

Antropometria e biometria

É o estudo das proporções humanas onde a ciência das proporções é fundamental


para o design. Surgem aí, pela primeira vez, as ideias e a preocupação em se manter
as proporções corporais visando adaptar o ambiente ao usuário. Muitas das razões
entre as partes corporais são familiares a nós por meio dos nomes das unidades de
medida. Na antropometria é observado as medidas do corpo humano e das diversas
proporções de suas partes e o registro das particularidades físicas dos indivíduos da
espécie humana (medidas, impressões digitais etc.). A biometria, por sua vez, é a
tecnologia, ou o conjunto de tecnologias, que permite verificar e autenticar
automaticamente a identidade de uma pessoa baseando-se em características físicas e
comportamentais que são únicas de cada indivíduo, como a impressão digital, a face, a
íris, a geometria das mãos, a voz, a assinatura (biometria facial). Pode ser
caracterizada como o ramo da biologia que estuda fenômenos biológicos por meio de
análises estatísticas.

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A antropometria e a biometria têm grande importância para as atividades econômicas e


no estabelecimento de políticas sociais, pois medições erradas promovem gasto com
insumos desnecessários. Como exemplo, podemos citar a indústria espacial, em que
as peças são otimizadas para cada tripulante para que sejam criadas condições
melhores de espaço e peso de transporte orbital. Na indústria automobilística, temos
como exemplo a distância entre o banco e o volante, que é determinada pela estatística
média da população.

Assim, para tratar de forma adequada a antropometria/biometria, é necessário:

 definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada situação;


 realizar medições para gerar dados confiáveis;
 aplicar adequadamente esses dados.

Características

Altura Homem maior 0,6cm em média que a mulher

Peso Homem maior 0,2kg em média que a mulher

Cresce dos 13 aos 15 Cresce dos 11 aos 13


Idade de crescimento
anos anos

Homem possui mais músculo e menos gordura em


Composição do corpo
média que a mulher

Gordura Principalmente Barriga Localização diferenciada


Tabela 4 – Algumas diferenças entre gêneros.

Idade Estatura/Cabeça Tronco/Braço


Recém-
3,8 1,00
nascido
2 anos 4,8 1,14
7 anos 6,0 1,25
Adulto 7,8 1,50
Tabela 5 – Modificação das proporções corporais conforme a idade.

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Figura 8 – Evolução da estatura com a idade (em % da estatura máxima).

Uma máquina projetada para 90% dos americanos serve para 90% dos alemães; 80%
dos franceses; 65% dos italianos; 45% dos japoneses; 25% dos tailandeses e 10% dos
vietnamitas (BRIGDER, 2003).

Figura 9 – Comparação entre medidas dos pés dos brasileiros e dos europeus.

De 1870 a 1970, os holandeses aumentaram a sua estatura média em 14cm.

De 1903 a 2003, os dinamarqueses aumentaram a sua estatura média em 13cm.

A menarca adiantou 2,3 anos e a menopausa atrasou 3 anos.

Os princípios de produção de objetos

A produção de qualquer item que vai ser manipulado pelo ser humano exige dimensão
pela média da população ou por seus extremos e, em caso de maior demanda do
produto, é possivel a divisão por faixa etária da população, podendo o produto
apresentar dimensões reguláveis, implicando maior custo. Quanto maior a
padronização, menor o custo de produção.

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Uma abordagem interessante sobre a evolução dos objetos e sua adequação ao modo
de uso é o livro: A evolução das coisas úteis, de Henry Petroski, 306p, Editora Zahar,
2007.

Parte do Corpo % do peso total

Cabeça 6a8

Tronco 40 a 46

Membros superiores 11 a 14

Membros inferiores 33 a 40

Tabela 6 – Distribuição do peso do corpo.

9. Ergonomia e design

A ergonomia tem como foco adaptar os sistemas de trabalho/ferramentas/layouts ao


trabalhador/usuário, e que antropometria é uma ciência importante na medida em que
contribui com esta adaptação.

A consideração que devemos fazer é tentar utilizar com este objeto/ferramenta/layout


de trabalho, pensar em todas as maneiras e circunstâncias e formas em que
poderíamos utilizá-lo. Tomaremos como exemplo um par de sapatos e entender como
podemos executar este conceito. O sapato se ajusta ao seu tamanho ou poderia ser
melhor? Você pode ver e ouvir tudo o que você precisar ver e ouvir? É difícil fazê-lo
funcionar da forma errada? É confortável quando é utilizado por um longo período, ou
apenas no início? São questionamentos importantes, pois este funcionário poderá ter
contado com este equipamento 8 horas por dia, 5 dias por semana e, talvez, durante
anos.

É fácil de aprender como usar? Os manuais são longos e difíceis? As instruções são
claras? É fácil de limpar e fazer manutenção? Se a reposta a todas estas questões for
sim se entende que este produto foi, provavelmente, desenhado com o usuário em
mente.

Porem será que um objeto considerado funcional para um indivíduo/trabalhador seria,


automaticamente, considerado funcional para outro indivíduo/trabalhador? Poucos se
preocupam em testar os produtos com os usuários reais. Os trabalhadores opinaram
no desenvolvimento da ferramenta? Agora se lembrarmos de que, pela NR17, o
conhecimento do trabalhador se equipara ao conhecimento técnico e, portanto, sempre
deve ser considerado e questão. Até a década de 1940, as medidas corporais eram
estabelecidas por meio de médias da população, principalmente baseados nas

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medidas de peso e altura. Hoje, com a produção em massa, medidas mais detalhadas
são necessárias, já que poucos centímetros podem significar em grandes perdas. Para
evitar estas perdas, o interesse atual no que diz respeito às medidas corporais deve
levar em consideração as diferenças entre alguns grupos no que diz respeito à etnia,
alimentação, saúde e outros.

Para que as medidas corporais sejam adequadamente aplicadas devemos considerar


quais serão as medidas necessárias para a confecção daquele produto, ferramenta,
ambiente de trabalho onde iremos obter as medidas de forma confiável. É muito
importante que as medidas possam ser reproduzidas e aplicar os dados e medidas
obtidas de forma adequada, pensando sempre nos benefícios para o usuário. Essa
adequação está diretamente ligadas a fatores como idade, etnia, sexo, clima e
condições adversas e variações extremas.

Idade
Existem variações entre as proporções corporais de um individuo para o outro no
decorrer da vida. Estas variações internas, que ocorrem com um mesmo indivíduo são
chamadas variações intraindividuais. Podemos dizer que não apenas as proporções
entre os segmentos corporais mudam, também observamos variações com relação às
dimensões dos segmentos, forma e peso. Geralmente cada parte do corpo tem uma
velocidade especifica de crescimento. As extremidades como braços e pernas crescem
mais rápidos e observa-se que as proporções entre as partes do corpo são diferentes
em cada idade. Também é observado que, com o envelhecimento, a força muscular e
mobilidade articular diminuem. Os movimentos se tornam mais lentos e com menor
amplitude total. Há uma perda de massa muscular progressiva com a idade, contudo o
sistema nervoso degenera-se a uma velocidade menor que a massa muscular,
podendo haver um mecanismo de compensação à perda do sistema
musculoesquelético.

Etnia

As variações étnicas entre medidas corporais dizem respeito ao patrimônio genético


fornecido pelos pais a cada indivíduo. Podemos afirmar que as variações entre as
proporções corporais com relação à etnia são variações inter-individuais, pois são
variações que acontecem entre diferentes indivíduos. Essa diferença entre as medidas
corporais relacionadas às etnias gerou a necessidade de adaptação dos produtos.
Diante das diferenças entre as medidas corporais nas diferentes etnias ocorre a
necessidade de adaptações. Seria necessário saber então quais as medidas que
devem ser adaptadas e quais são as faixas de variação para cada uma delas que que
se tenha um equilíbrio físico.

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Sexo

Podemos dizer que, ao nascimento, os meninos são 0,6 cm maiores que as meninas e
pesam 0,2 kg a mais. Aos nove anos, os meninos e meninas apresentam crescimento
semelhante. Na adolescência, as meninas crescem dos 11 anos aos 13, enquanto que
os meninos crescem dos 12,5 aos 15,5 anos. A estatura final ocorre por volta dos 20 a
23 anos. Os homens geralmente são maiores (6 a 11%), têm mais músculo que
gordura e sua localização é geralmente é diferente. As mulheres têm mais gordura
subcutânea e formas mais arredondadas que os homens. Estes fatores geram
importantes alterações estruturais.

Clima

Existem variações entre as medidas corporais motivadas pelos diferentes climas.


Assim nos climas quentes os corpos dos indivíduos são mais finos e os membros mais
longos, o que facilita a troca de calor com o ambiente. Nos climas frios os corpos dos
indivíduos são mais cheios, as formas mais volumosas e arredondadas, o que
conserva a troca de calor do corpo com o ambiente.

Condições adversas e variações extremas

As variações extremas podem ser consideradas variações intraindividuais (no mesmo


indivíduo) como, por exemplo, no caso das mulheres gestantes ou pessoas que
aumentam ou diminuem de peso. Estas variações também podem ser ditas
temporárias.

Fonte: Iida, página 103. Ergonomia projeto e produção.

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9.1. Prática da antropometria

Sempre que possível, devemos realizar as medidas de forma direta e de uma amostra
de indivíduos adequada. Esta amostra deve de fato representar os usuários e ou
trabalhadores que terão seu ambiente ou ferramenta adaptados. E, com relação às
medidas podemos dizer que os pontos principais serão os objetivos onde eu devo
medir e para quê, quais serão as medidas e qual a precisão necessária para obtê-las,
quais serão os métodos mais adequados para se obter estas medidas e uma seleção
da amostra. Quem serão os mensurados homens ou mulheres, qual setor.

Para cada situação, as repostas serão diferentes. Usaremos como exemplo, o posto de
trabalho do digitador, podemos realizar as seguintes medidas.

Altura lombar sugere qual deve ser a altura do encosto da cadeira, assim como a altura
poplítea sugere qual deve ser a altura do assento, a altura do cotovelo sugere qual
deve ser a altura da mesa, a altura da coxa: sugere qual deve ser o espaço entre o
assento e a mesa, onde a altura dos olhos sugere qual dever ser a altura do monitor e
o ângulo de visão sugere a posição do monitor. Esta analise antropométrica
especificam e favorecem boas condições laborais. Observe a figura abaixo:

Fonte: Iida, página 108. Ergonomia projeto e produção.

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9.2. Identificação e controle dos fatores de risco na perspectiva da


ergonomia

Os princípios básicos de controle dos fatores de risco na perspectiva da ergonomia


podem ser estabelecidos assim:

 evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico para a saúde seja


utilizado, formado ou liberado no ambiente;
 se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se propague para o
ambiente;
 se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no ambiente de trabalho
e, em último caso;
 bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, boca e ouvidos,
para impedir que um agente nocivo atinja órgão crítico, causando lesão.

Isto é, a ação passa pela não utilização do produto ou insumo, pela proteção coletiva e,
em último caso, pela proteção individual, com uso de equipamentos de proteção
ambiental.

A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais precocemente possível.


Assim, a hierarquia dos controles deve buscar, sequencialmente, o controle do risco na
fonte, por meio da concepção da organização do trabalho inserida nos projetos de
engenharia e de design para se valer deste produto, nos projetos de embalagem e de
composição do produto; o controle na trajetória (entre a fonte e o receptor) e, no caso
de falharem os anteriores, o controle da exposição ao risco do trabalhador, por meio de
EPIs, equipamentos de proteção individual, nos equipamentos, instrumentais e
ferramental disponibilizados para a sua manipulação. Quando isso não é possível, o
que frequentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do
agente agressor, de modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.

A informação e o treinamento dos trabalhadores são componentes importantes das


medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente se o modo
de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a
saúde ou influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a interação em

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relação à tarefa/máquina, homem/atividade, a possibilidade de absorção por meio da


pele ou ingestão, o maior dispêndio de energia, entre outros.

As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, à prevenção, por
meio de medidas ergonômicas de processo que introduzam alterações permanentes
nos ambientes e nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos
automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qualquer outra pessoa
potencialmente exposta. Dessa forma, a eficácia das medidas não dependerá do grau
de cooperação das pessoas, como no caso da utilização de EPI.

O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de


risco, por meio de projetos adequados e de técnicas de engenharia e/ou ergonômicas
que:

 eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais para a


saúde, como, por exemplo, a substituição de materiais ou equipamentos e a
modificação de processos e de formas de gestão do trabalho;
 previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como, por
exemplo, sistemas fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora,
ventilação geral diluidora, armazenamento adequado de produtos químicos,
entre outros;
 reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como, por exemplo, a
ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.

Todas as possibilidades de controle das condições de risco presentes nos ambientes


de trabalho por meio de equipamentos de proteção coletiva (EPC) devem ser
esgotadas antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à
proteção respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os
procedimentos de vigilância ambiental e da saúde do trabalhador. A vigilância em
saúde deve contribuir para a identificação de trabalhadores hipersensíveis e para a
detecção de falhas nos sistemas de prevenção. A informação e o treinamento dos
trabalhadores são componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos
ambientes de trabalho, particularmente se o modo de executar as tarefas propicia a
formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de
exposição.

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Sumariando, as etapas para definição de uma estratégia de controle incluem:

 Reconhecimento e avaliação dos agentes e fatores que podem oferecer


risco para a saúde e para o meio ambiente, incluindo a definição de seu
impacto:
o Devem ser determinadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias
possíveis de propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os
pontos de ação ou de entrada no organismo; o número de trabalhadores
expostos e a existência de problemas de saúde entre os trabalhadores
expostos ao agente. A interpretação dos resultados vai possibilitar
conhecer o risco real para saúde e a definição de prioridades para a ação.

 Tomada de decisão:
o resulta do reconhecimento de que há necessidade de prevenção, com
base nas informações obtidas na etapa anterior. A seleção das opções de
controle deve ser adequada e realista, levando em consideração a
viabilidade técnica e econômica de sua implementação, operação e
manutenção, bem como a disponibilidade de recursos humanos e
financeiros e a infraestrutura existente.

 Planejamento:
o uma vez identificado o problema, tomada a decisão de controlá-lo,
estabelecidas as prioridades de ação e disponibilizados os recursos, deve
ser elaborado um projeto detalhado quanto às medidas e os
procedimentos preventivos a serem adotados.

 Avaliação:
o sobre as medidas organizacionais e gerenciais a serem adotadas visando
à melhoria das condições de trabalho e qualidade de vida dos
trabalhadores, particularmente para a prevenção dos transtornos mentais
e do sofrimento mental relacionado ao trabalho e de LER/DORT.

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No que se refere às condições de trabalho nocivas para a saúde, que decorrem da


organização e gestão do trabalho, as medidas recomendadas podem ser resumidas
em:

 aumento do controle real das tarefas e do trabalho por parte daqueles que as
realizam;
 aumento da participação real dos trabalhadores nos processos decisórios da
empresa e facilidades para sua organização;
 enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monótonas e repetitivas e
as horas extras;
 estímulo a situações que permitam ao trabalhador o sentimento de que
pertencem e/ou de que faz parte de um grupo;
 desenvolvimento de uma relação de confiança entre trabalhadores e demais
integrantes do grupo, inclusive superiores hierárquicos;
 estímulo às condições que ensejem a substituição da competição pela
cooperação.

Tipo e Nível de Medida Exemplos


Aplicação
Substituição do agente Substituição de matérias-primas,
ou substância tóxica por produtos intermediários ou
outra menos lesiva ou reformulação dos produtos finais.
tóxica. Ex.: substituição do benzeno,
Sempre que houver a substância cancerígena, nas
substituição ou misturas de solventes, pelo xileno ou
Eliminação e
introdução de um tolueno, de menor toxicidade.
controle das
material ou substância Substituição de partes ou processos
condições de risco
nova, é importante inteiros, maquinaria e equipamentos
para a saúde.
considerar a por outros que ofereçam menos
possibilidade de risco para a saúde e segurança dos
impactos sobre a saúde trabalhadores. Ex.: a substituição do
do trabalhador e o emprego de jateamento de areia
ambiente, para que não para limpeza de peças por limalha
haja uma simples troca de ferro.

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da situação de risco.

Instalação de dispositivos
destinados a melhorar as condições
gerais físicas dos ambientes. Ex.:
sistemas de exaustão e ventilação
do ar, redesenho de máquinas e
equipamentos, enclausuramento ou
Instalação de segregação de máquinas ou
dispositivos e controles equipamentos que produzem ruído
de engenharia. excessivo, ou radiação, ou de
São mais factíveis do processos e de atividades que
que a substituição de apresentem risco potencial para a
materiais. saúde e a segurança dos
trabalhadores, como a eliminação de
poeiras ou substâncias tóxicas.
Manutenção preventiva e corretiva
de equipamentos e processos
também são recursos de controle de
engenharia.

Redesenho da tarefa ou Enriquecimento do conteúdo das


do trabalho, mudanças tarefas nos trabalhos monótonos e
na organização do repetitivos.
trabalho e práticas Mecanização de tarefas de modo a
alternativas de trabalho. tornar o trabalho físico mais leve e
Em geral, combinam confortável.
medidas de engenharia Incremento da participação dos
e medidas trabalhadores nos processos de
administrativas, decisão, garantindo-lhes a
buscando a proteção da autonomia para organizar o trabalho,
saúde do trabalhador. diminuindo as pressões de tempo e

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de produtividade, entre outras.

Medidas de proteção Educação e informação Educação e informação sobre as


individual e de do trabalhador. condições de risco presentes
vigilância em saúde É direito inalienável do nos processos e ambientes de
ou de controle trabalhador a informação trabalho, implicando mudanças
médico aplicáveis correta acerca dos de comportamento dos
aos trabalhadores. riscos à saúde trabalhadores e dos
Apesar de decorrentes ou empregadores, chefes e
necessárias, são presentes no trabalho, encarregados, às vezes,
menos efetivas, pois, bem como das medidas culturalmente arraigados.
potencialmente, que visam à redução A experiência mostra que o
reduzem o dano que desses riscos. investimento em treinamentos e
pode resultar da outras atividades educativas são
exposição a um fator insuficientes se não forem
de risco, mas não acompanhadas de investimentos na
removem a causa ou melhoria geral das condições
fonte do problema. coletivas de trabalho e de uma
gestão participativa do trabalho.
Luvas, máscaras, protetores
Medidas de proteção
EPI auriculares, roupas especiais, entre
individual e de
Os equipamentos de outros, devem ser adequados às
vigilância em saúde
proteção individual situações reais de trabalho e às
ou de controle
podem ser úteis e especificações e diferenças
médico aplicadas
necessários e individuais dos trabalhadores. Além
aos trabalhadores.
malgumas da garantia de qualidade, é
Apesar de
circunstâncias, porém importante que o EPI utilizado tenha
necessárias, são
não devem ser a única sua efetividade avaliada em seu uso
menos efetivas, pois,
nem a mais importante cotidiano, uma vez que as
potencialmente,
medida de proteção. especificações do fabricante e
reduzem o dano que
testes de qualidade são feitos em

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pode resultar da condições diferentes do uso real.


exposição a um fator Os programas de utilização de EPI
de risco, mas não devem contemplar o treinamento
removem a causa ou adequado para uso, o
fonte do problema. acompanhamento e manutenção
e/ou reposição periódica e
higienização adequada.
Medidas organizacionais
As medidas Escalas de trabalho que contemplem
organizacionais tempos menores em locais com
implicam diminuição do maior exposição a condições de
tempo de exposição, risco para a saúde e rotatividade de
podendo ser aplicadas tarefas ou setores devem ser
a um ou poucos cuidadosamente planejadas para
trabalhadores ou evitar a diversidade de exposições
envolver todos os atingindo maior número de
trabalhadores de um trabalhadores.
setor ou da empresa.
Exames pré-admissionais para
identificação de características ou
fatores de risco individuais que
possam potencializar as exposições
ocupacionais não devem ser
realizados com o objetivo de
exclusão e de seleção de super-
Controle médico. homens e supermulheres. O
mesmo raciocínio se aplica à
realização dos exames periódicos
de saúde. A legislação trabalhista
vigente NR no 7) disciplina o
PCMSO, estabelecendo os
parâmetros para um programa de
saúde e não simplesmente a

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emissão de atestado médico de


saúde.

A vigilância em saúde do trabalhador


visando à detecção precoce de
alterações ou agravos decorrentes
da exposição a condições de risco
presentes no trabalho é importante
para a identificação de medidas de
controle ainda não detectadas ou de
falhas nas medidas adotadas.
Em geral, no âmbito das empresas,
Rastreamento,
esse monitoramento é feito por
monitoramento e
exames periódicos de saúde, que
vigilância.
devem ser programados
considerando as condições de risco
a que estão expostos os
trabalhadores.
A investigação de efeitos precoces
em grupos de trabalhadores sob
condições específicas de risco deve
ser realizada por meio de estudos
epidemiológicos.
Tabela 8. Medidas de proteção à saúde e prevenção de doenças e agravos relacionados ao trabalho
aplicáveis aos processos e ambientes de trabalho e ao trabalhador.

Fonte: Doenças relacionadas ao trabalho – Ministério da Saúde.

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9.3. Análise ergonômica do trabalho

Em ergonomia não há um modelo predeterminado de ação. A análise ergonômica do


trabalho – AET é um método desenvolvido e validado por diversos pesquisadores e
profissionais (Pacaud, Ombredane, Faverge, Wisner, Guerin, Laville, Daniellou,
Duraffourg, Kerguelin) e que se aplica muito bem ao universo de estudo da atividade
humana.

Trata-se de uma metodologia aberta, podendo suas ferramentas, usadas para a coleta
de dados, podem variar, dependendo da natureza da abordagem necessária. A AET
“se compõe de um conjunto de etapas e ações que mantém uma coerência interna,
principalmente quanto à possibilidade de se questionarem os resultados obtidos
durante a coleta de dados, validando-os ao longo do processo e aproximando-os mais
da realidade pesquisada” (ABRAHÃO, 2009).

Este método não se restringe a uma série de descrições de gestos, posturas e ações,
também considera os aspectos da interação das ações das pessoas sobre a atividade,
tanto em sua variável de saúde ocupacional como na qualidade e nível de
produtividade.

A análise ergonômica do trabalho (AET) comporta as seguintes fases:

1. análise da demanda;
2. coleta de informações sobre a empresa;
3. levantamento das características da população;
4. escolha das situações de análise;
5. análise do processo técnico e da tarefa;
6. observações globais e abertas da atividade;
7. elaboração de um pré-diagnóstico – hipóteses explicativas de nível 2;
8. observações sistemáticas – análise de dados;
9. validação;
10. diagnóstico;
11. recomendações e transformações.

E essas fases são baseadas nos seguintes pressupostos:

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1. estudo baseado na atividade real do trabalho;


2. avaliação do universo global da situação de trabalho;
3. variabilidade decorrente do uso da tecnologia e da produção quanto aos
trabalhadores;
4. não linearidade no método, podendo, ao se concluir uma etapa, retornar à etapa
anterior para complementar/buscar novos dados.

ANÁLISE DA
DEMANDA
ótese –de nível
Levantamento de Informações Gerais
Hip 1
Análise da
tarefa
Observações globais da
atividade

+
Pré- Interação com os
Definição do plano Coleta e tratamento
diagnóstico + operadores
Hipótese de Nível de dos
;
registro de contatos e
2 observação dados.
de
verbalizações

Diagnóstico Global e
Específico

Figura 16 – Análise da demanda.


Fonte: GUÉRIN; DANIELLOU, LAVILLE, DURAFFOURG, KERGUELEN, 2001.

No universo de análise, devem-se aprofundar os seguintes lócus:

a empresa, a população, os postos de trabalho, o tecido industrial ou de serviço, os


procedimentos prescritos, as exigências de qualidade e produtividade, as relações
hierárquicas e as relações entre os pares, as condições de manutenção e suas
influências sobre a tarefa, e as exigências de interação do sistema como condição para
a execução de uma tarefa.

Análise da demanda

O processo de análise ergonômica começa a partir de uma demanda e, inicialmente,


essa demanda apresenta os vieses dos demandantes, podendo trazer em seu
arcabouço posicionamento ideológico distinto da realidade, objetivos ambíguos,
contraditórios e, porque não, escondidos. Ao se aprofundar na demanda, os contornos
e as formas apresentadas vão transformando-se no contato com a realidade de

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trabalho, que determinará a evolução das etapas, as fases do processo de trabalho,


trazendo à tona os conflitos sociais entre os atores.

Assim, cabe ao ergonomista a reformulação dos problemas incialmente colocados,


considerando que todos os integrantes do ambiente laboral estão potencialmente
envolvidos e a pertinência vai depender de como se articula a análise em relação às
variáveis apresentadas. Com isso, é possível formalizar as diferentes informações,
compreender melhor a natureza das questões e os problemas concretos dos
trabalhadores e estabelecer o ponto de partida para as fases subsequentes da ação,
sendo possível avaliar a amplitude do problema levantado, identificando as diferentes
lógicas sobre o mesmo problema.

Na análise da demanda, normalmente, mas não obrigatoriamente, em função do objeto


de estudo, se buscam as seguintes informações:

 População:
o idade, gênero, formação, experiência, tempo de trabalho, jornada de
trabalho, treinamento.
 Dimensão institucional:
o produtos, serviços, evolução dos serviços, exigências de qualidade,
exigências legais; › políticas de gestão.
 Perfil epidemiológico:
o estado de saúde, queixas, problemas de saúde, acidentes.
 Outros dados: localização (transporte), sazonalidade, clima e alimentação.

Informações sobre a empresa


A empresa fornece o contexto em que se dará a ação do ergonomista e indicará as
suas implicações, os óbices e a definição da abordagem a ser adotada em função das
especificidades da empresa.

Uma boa avaliação depende de acesso livre e sem constrangimentos (desnecessários)


à situação de trabalho, à documentação e aos trabalhadores, da permissão em
acompanhar o processo laboral, e deve ter conhecimento das exigências legais a que
está submetida a empresa, as tarefas explicitadas, as características da população da
empresa e, se possível, seu perfil clínico-epidemiológico. De posse desses dados, é
possível identificar as limitações que serão impostas ao trabalho, ou ao processo de

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trabalho, e os potenciais colaboradores, assim como identificar variáveis que afetam o


ambiente de trabalho que não são controladas pela empresa.

Características da população

Dentre os indicadores importantes a serem coletados, devem ser estabelecidos:


distribuição etária, tempo de serviço na empresa, turn over (rotatividade), escolaridade,
qualificação profissional, gênero, taxa de absenteísmo, treinamento recebido,
indicadores de saúde e segurança. Nesse caso, conforme já abordado, não se tem
interesse, pelos valores médios identificados (o trabalhador médio não existe), e sim
uma distribuição por faixas de pequenos intervalos ou intervalos de interesse.

Podemos observar que um ambiente que sai da normal estatística na sua composição
da formatação da sociedade em que se encontra a empresa, numa característica mais
homogênea de seu conjunto de trabalhadores, pode indicar que o processo de trabalho
é excludente, em que poucos são selecionados para a realização das atividades ou
suportem o trabalho executado.

Escolha da situação para análise

A análise da situação de trabalho apresenta diversas variáveis, tornando complexa a


análise global, holística, e englobando todas as tarefas presentes na empresa. Assim,
devem-se estabelecer os critérios de análise considerando as consequências e as
possibilidades de transformação na ação do ergonomista. Normalmente, consideram-
se os seguintes critérios para se determinar o lócus de ação:

 frequência de queixas, objeto de mudanças, número de problemas, função


estratégica, imagem institucional e gravidade das consequências.

Análise da tarefa
Para analisar a tarefa e, por conseguinte, o trabalho, é necessário identificar a sua
inserção no processo de produção, pois é o conjunto de tarefas que determina o
produto ou serviço final, oferecido pela empresa, e estas tarefas podem estar sendo
realizadas em espaços distintos, mas todos cooperam com o resultado final esperado.

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Um dos instrumentos interessantes a ser utilizado é o fluxograma de operações dentro


de um layout estabelecido, pois é possível a verificação de cruzamentos de processos
de trabalho e dos riscos laborais e de produção existentes. É comum nos setores
regulados pelo Estado brasileiro a exigência de apresentação de fluxos operacionais
para a concessão da licença/autorização de funcionamento (ex.: fábrica de
medicamentos, indústria de alimentos etc.).

Devemos lembrar que a concepção da tarefa está ligada à necessidade de estabelecer


métodos de gestão em que se possa mensurar e definir a produção, e a forma como
uma tarefa se interliga com outra pode indicar óbices no processo produtivo.

A análise das tarefas tem o objetivo de: assegurar o domínio suficiente sobre os dados
técnicos referentes à situação de trabalho, servindo de base para a construção de
hipóteses e elaboração do pré-diagnóstico; construir/constituir ferramentas de
referência para a descrição e a interpretação dos dados produzidos pela análise da
demanda e prover-se de apoio para a demonstração e a comunicação com diferentes
interlocutores1. É importante analisar como a organização do trabalho influencia o
conteúdo das tarefas, moduladas, por sua vez, pelos trabalhadores.

Alguns aspectos devem ser destacados:

 Como é concebida a tarefa no processo de produção?


 O processo de produção é dividido em pequenas etapas e cada tarefa é restrita?
E
 stá prevista a cooperação entre os colegas ou a ação deve ser desenvolvida de
maneira individual?
 A tarefa exige também o preenchimento de relatórios, o controle de estoques, a
programação no computador, os modos operatórios estão predefinidos e devem
ser seguidos à risca ou podem ser alterados pelos próprios atores?
 As normas e os procedimentos são restritivos?
 Há margem para mudanças?
 Existe a possibilidade de controlar um processo automático ou de uma tarefa em
que há grande manipulação de peças, produtos e ferramentas?
 Como é feito o controle da produção?

1 ABRAHÃO, 2009.

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 Sob supervisão direta, será que por meios eletrônicos?


 O controle é exercido pelos próprios trabalhadores?
 O tempo previsto é suficiente para a execução das tarefas?
 O trabalhador necessita fazer horas extras para atingir as metas de
produtividade?
 Os horários e turnos são organizados de maneira a permitir repouso e vida
familiar e social condignos?
 Há tempo suficiente para se recuperar do cansaço ou de algum tipo de
agressão?
 Está prevista margem para que se adotem comportamentos prudentes em
situações de risco?
 Há tempo para recuperar incidentes, ou alguma operação malsucedida, para
mudar o modo operatório, pois o insumo não é de qualidade adequada?
 O ritmo de produção pode ser alterado por necessidade/vontade do trabalhador
ou para dar conta de um evento (quantidade de produtos/ unidade de tempo)?
 Há tempo previsto para passagem de turno/plantões?
 Qual é a situação daqueles trabalhadores em relação aos outros na hierarquia?
Pode-se conversar?
 Com quem se pode conversar, trocar opiniões, emitir pareceres?
 Como são previstas as relações de supervisão e controle?
 Há meios eletrônicos de controle do trabalho?
 Eles têm papel de coordenação?
 Quais atuações conjuntas são previstas entre pares?
 Há trabalho em equipe?
 Qual é a margem da manobra para decidir?
 Até que ponto os superiores têm poder sobre eles, por exemplo, para decidir
sobre mudanças de horário?
 Quais são as responsabilidades atreladas ao cargo?
 Como é feita a avaliação dos trabalhadores?
 Quais são as exigências de qualidade do trabalho?
 Como esta é avaliada?

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Observações globais e abertas da atividade

Tem o objetivo de reorganizar as informações até o momento coletadas, para


assegurar um domínio sobre os dados técnicos referentes à situação de trabalho, para
servir de base para o levantamento de hipóteses e o estabelecimento do pré-
diagnóstico.

Na sequência, estabelecer as ferramentas de referência úteis para a descrição e a


interpretação dos dados que serão produzidos pela análise da demanda.

As observações podem ser centradas: na estruturação dos processos técnicos; no


arranjo físico da empresa e sua localização no meio ambiente circundante; nas
ferramentas e nos meios de informação e nas relações entre estas variáveis em um
determinado dispositivo.

Acessibilidade

Figura 17 – Símbolo internacional de surdez.

A ergonomia tem como objeto de estudo a adaptação do trabalho ao homem. Quando


este homem apresenta deficiências naturais ou adquiridas que ampliam a necessidade
de adaptação, para mantê-lo presente e ativo no mercado de trabalho e na própria
sociedade, temos que a acessibilidade é a ponte de contato entre a ergonomia e esta
população.

A acessibilidade é definida como a condição para a utilização, com segurança e


autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

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edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de


comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida. Entendesse como pessoa portadora de deficiência aquela que possui
limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e entende-se como pessoa
com mobilidade reduzida aquela que, por qualquer motivo, tenha dificuldade de
movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da
mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

Essa população se encontra impedida de exercer plenamente sua cidadania, na


medida em que encontra sérias dificuldades para fazer valer seus direitos de
acessibilidade. Assim, a legislação, para contrabalancear as fragilidades desta
população perante a sociedade e o mercado de trabalho, impõe (exigências legais que
devem ser apuradas na análise da empresa):

Reserva de mercado de trabalho, atendimento prioritário, acessibilidade arquitetônica e


urbanística, acessibilidade à informação e à comunicação.

Figura 18 – Símbolo internacional de acessibilidade.

A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender


aos princípios do desenho universal (concepção de espaços, artefatos e produtos que
visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características
antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se
nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade), tendo como referências
básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as
regras contidas no Decreto Federal no 5.296/2004.

Esta acessibilidade arquitetônica e urbanística deve englobar, por exemplo,


estacionamentos, acessos e calçadas, rampas, áreas de circulação, elevadores,
banheiros, balcões, sinalização visual e tátil, bebedores e telefones.

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A acessibilidade à informação e à comunicação deve ser feita por meio da


acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial
de computadores (internet), para o uso das pessoas portadoras de deficiência visual,
garantindo-lhes o pleno acesso às informações disponíveis, e pela instalação telefones
de uso público adaptado para uso por pessoas portadoras de deficiência e deficiência
auditiva para acessos individuais.

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