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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO

ERICK MATHEUS DA SILVEIRA BRITO

SEGURANÇA DO TRABALHO: SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E


SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

ABRIL
2016
Resumo

Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre as técnicas de
segurança do trabalho envolvendo eletricidade. A eletricidade é dos fenômenos mais
importantes no processo de industrialização e desenvolvimento infraestrutural do Brasil e do
mundo. Porém, a eletricidade é também uma das maiores vilãs quando o assunto é segurança
no trabalho, devido à sua alta periculosidade que pode causar lesões muito graves e até a morte.
Existem normas regulamentadoras que definem os requisitos mínimos para a execução de
trabalhos em instalações elétricas, sendo elas a NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços
em Eletricidade, NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão e NBR 14039 – Instalações
Elétricas de Média Tensão. Estas normas definem também os EPIs – Equipamentos de Proteção
Individual e os EPCs – Equipamentos de Proteção Coletiva que devem ser utilizados durante
os serviços prestados em instalações elétricas. Por fim, este trabalho analisará as
responsabilidades sociais dos contratantes e dos contratados a fim de mostrar os direitos de cada
um quando ocorre um acidente no âmbito de trabalho.

Palavras-Chave: Segurança do Trabalho, Eletricidade, NR 10.


Abstract

This paper aims to develop a literature review on techniques of safety work involving
electricity. Electricity is the most important phenomena in the process of industrialization and
infrastructural development of Brazil and the world. However, electricity is also one of the
greatest villains when it comes to safety, because of its high hazard that can cause very serious
injuries and even death. There are regulatory standards that define the minimum requirements
for carrying out work on electrical installations, these being the NR 10 - Security in Facilities
and Services in Electricity, NBR 5410 - Electrical Installations for Low Voltage and NBR
14039 - Electrical Installations for Medium Voltage. These standards also define the PPE -
Personal Protective Equipment and CPEs - Collective Protective Equipment to be used during
services in electrical installations. Finally, this paper will examine the social responsibilities of
employers and employees in order to show the rights of each when an accident occurs in the
course of work.

Key Words: Safety Work, Electricity, NR 10.


Sumário

1 Introdução ...................................................................................................... 7

2 Revisão Bibliográfica .................................................................................. 10


2.1 Eletricidade .............................................................................................................. 10
2.1.1 Choque elétrico .................................................................................................... 11
2.1.2 Arcos elétricos ..................................................................................................... 12
2.1.3 Campo Magnético ............................................................................................... 13
2.1.4 Descargas Atmosféricas ......................................................................................... 13
2.2 Segurança do trabalho ................................................................................................... 14
2.2.1 Prevenção ............................................................................................................... 14
2.2.2 Risco ....................................................................................................................... 14
2.2.3 Acidente de trabalho ............................................................................................... 16

3 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade................................ 19


3.1 Normas Regulamentadoras ............................................................................................ 19
3.1.1 NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade............................. 19
3.1.2 NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão .............................................. 20
3.1.3 NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão ............................................ 20
3.2 Lesões causados por passagem de corrente elétrica no corpo ....................................... 20
3.3 Equipamentos de proteção ............................................................................................. 23
3.3.1 EPI – Equipamento de Proteção Individual ............................................................ 23
3.3.2 EPC – Equipamento de Proteção Coletiva ............................................................. 25
3.4 Sinalização ..................................................................................................................... 25
3.5 Aterramento ................................................................................................................... 26
3.6 Responsabilidade Social ................................................................................................ 27

5 Conclusões................................................................................................... 28

Referências Bibliográficas ................................................................................. 30


Lista de Figuras

Figura 1: Modelo de átmo porposto pelo físico inglês Ernest Rutherford [10]. ....................... 10
Figura 2: Pirâmide de Bird [16]................................................................................................ 18
Figura 3: Correlação entre o ponto de contato e a porcentagem de corrente que circulará pelo
coração. .............................................................................................................................. 21
Figura 4: EPI contra risco de choques elétricos segundo NR 10 [7]. ....................................... 24
Figura 5: EPC contra risco de choques elétricos segundo NR 10 [7]. ..................................... 25
Lista de Tabelas

Tabela 1: Danos corporais causados por passagem de corrente elétrica à 60 Hz [11]. 12


Tabela 2: Classificação dos principais riscos ocupacionais. 15
1 Introdução

Desde a revolução industrial ocorrida na Inglaterra no século XVII, até a atualidade a


questão dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais tem se destacado, pois a partir de
então o homem começou a ser exposto a constantes riscos ocupacionais advindos das tarefas
realizadas pelos profissionais, as quais criam situações específicas de risco à saúde do
trabalhador [1].
Dentro das perspectivas dos direitos fundamentais do trabalhador em usufruir de uma
boa e saudável qualidade de vida, verificam-se, gradativamente, a grande preocupação com as
condições do trabalho, pois, as doenças do trabalho aumentam em proporção à evolução e à
potencialização dos meios de produção. É nesse contexto e visando a redução desses riscos que
surgiu a Segurança do Trabalho, como a ciência que, através de métodos preventivos
apropriados, estuda as causas dos acidentes de trabalho, possibilitando a adoção de medidas
técnicas que objetivem eliminar, ou pelo menos diminuir a ocorrência de acidentes de trabalho
[2].
Segurança do trabalho (S.T) pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são
adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho
estuda diversas disciplinas desde Introdução à Segurança, passando por higiene, medicina,
prevenção, controle, comunicação, doenças, etc [3].
O quadro de S.T de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta
por técnicos, engenheiros, médicos e enfermeiros. Esses profissionais formam o SEESMT –
Serviço Especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho. Os empregados da empresa
constituem o CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. A S.T é definida por normas e leis.
No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras,
Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e
também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas
pelo Brasil [3].
Para a Previdência Social, Acidente de Trabalho é o “acidente que ocorre pelo exercício
do trabalho e a serviço da empresa (fora do local de trabalho), ou durante o trajeto (residência/
trabalho/residência), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a
perda ou redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporária” (Brasil, 1991). No
2 Revisão Bibliográfica 8

entanto, acidentes de trabalho são eventos que ocorrem e que poderia ser evitado de forma a ser
evitada a perda temporária ou permanente do trabalhador ou usuário e dessa forma reduzir os
custos sociais proporcionados pela ocorrência do acidente. Ainda pouco se conhece sobre o
custo real para o País da ocorrência de acidentes e doenças relacionados ao trabalho. Estimativa
recente avaliou em R$ 12,5 bilhões anuais o custo para as empresas e em mais de R$ 20 bilhões
anuais para os contribuintes [4].
A eletricidade é uma das fontes mais utilizadas no mundo moderno, seu transporte e
transformação em outros tipos de energia é relativamente simples e contribui para o
desenvolvimento socioeconômico. Ela é essencial a toda hora, sem interrupções, e ainda, é
considerada como serviço público. No entanto, a eletricidade pode comprometer a segurança e
a saúde das pessoas a ela expostas direta ou indiretamente, porque a eletricidade não é
perceptível aos sentidos do homem, ou seja, não é vista e nem sentida, em virtude disto, as
pessoas podem ser expostas a situações de risco ignoradas ou subestimadas [5].
A eletricidade constitui-se um agente de alto potencial de risco ao homem. Mesmo em
baixas tensões ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador. Sua ação mais
nociva é a ocorrência do choque Elétrico com consequências diretas e indiretas (quedas, batidas,
queimaduras e outras). Também apresenta risco devido à possibilidade de ocorrências de
curtos-circuitos ou mau funcionamento do sistema elétrico originando grandes incêndios e
explosões. Os trabalhos com eletricidade e a maneira com que são realizados vem se
modificando e evoluindo, tornando tais serviços mais ágeis e seguros. Inicialmente, durante a
eletrificação, os cuidados com segurança eram pequenos, quase inexistentes, ocasionando um
elevado índice de acidentes [6].
A NR 10 - Instalações e serviços em eletricidade, trata das diretrizes básicas para a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, destinados a garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam em instalações
elétricas e serviços com eletricidade. Já a NR18 – Condições e meio ambiente de trabalho na
indústria da construção, é uma Norma para aplicação nos processos, nas condições e ambientes
de trabalho da construção civil, incluindo instalações elétricas provisórias. 18.21 – Instalações
elétricas (18.21.1 a 18.21.20) e ainda a NBR-5410 – Instalações elétricas de baixa tensão é um
a norma técnica específica em baixa tensão (50 Vca ou 120 Vcc até – 1000 Vca ou 1500 Vcc)
para garantir segurança das pessoas [7] [8] [9].
O que muitos dos usuários de uma instalação elétrica também desconhecem, é o tipo de
riscos em potenciais em eletricidade, que são os dos tipos diretos e dos tipos indiretos, sendo
2 Revisão Bibliográfica 9

este segundo tipo o mais perigoso, pois ao desconhecer onde está energizado os acidentes que
ocorrem pode causar impactos, queimaduras, ou mesmo incêndios ou explosões. Muitas
medidas podem ser tomadas para evitar os riscos de acidentes causados pela eletricidade, na
qual sempre começa por um planejamento e avaliação dos riscos, passando por uma contratação
de um profissional habilitado, e utilizando os EPI´s adequado para cada atividade específica.
2 Revisão Bibliográfica 10

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Eletricidade

Embora os fenômenos envolvendo eletricidade fossem conhecidos há muito tempo com


a famosa experiência do americano Benjamin Franklin soltando pipa em um dia de tempestade),
somente durante o século XIX, investigações, mais científicas foram feitas. Hoje sabe-se que a
explicação da natureza da eletricidade vem da estrutura da matéria, os átomos. Na FIGURA 1,
há o esboço de um átomo dos mais simples, o de Lítio. Este átomo possui um núcleo, composto
por dois tipos de partículas: os prótons, partículas carregadas positivamente, e os nêutrons, que
têm a mesma massa dos prótons, só que sem carga. Orbitando ao redor do núcleo existem
partículas cerca de 1836 vezes mais leves que os prótons, os elétrons, que apresentam cargas
negativas de mesmo valor que as dos prótons. Em seu estado natural, todo átomo tem o mesmo
número de prótons e elétrons, ou seja, é eletricamente neutro. A eletricidade então é conhecida
como o fenômeno da passagem ou troca de elétrons de um átomo com outro, gerando assim
uma corrente elétrica [10].

Figura 1: Modelo de átmo porposto pelo físico inglês Ernest Rutherford [10].

Com o passar do tempo e com o avanço da tecnologia, a demanda de energia elétrica


em mundial aumentou e tende a aumentar cada vez mais, pois toda a produção industrial está
baseada na eletricidade, e os aparelhos que tornam a vida mais confortável e agradável também
são “movidos” por ela. Enfim, o desenvolvimento tecnológico e científico que está ocorrendo
no mundo tem como mola propulsora a energia elétrica. No entanto, esta mesma energia
elétrica, de tantos benefícios, apresenta graves problemas, como por exemplo, o choque
elétrico. Entre todos os riscos físicos, a eletricidade é sem dúvida a mais perigosa, pois é um
2 Revisão Bibliográfica 11

inimigo invisível, sentida pelo organismo humano apenas quando este encontra-se sob a sua
ação. Acidentes elétricos podem ocorrer nos mais diversos lugares, desde indústrias até nos
lares e locais de lazer. Podem causar graves lesões, levando muitas vezes o acidentado até
mesmo ao óbito.

2.1.1 Choque elétrico


O Choque Elétrico é a passagem de uma corrente elétrica através do corpo, utilizando-
o como um condutor. Esta passagem de corrente pode não causar nenhuma conseqüência mais
grave além de um susto, porém também pode causar queimaduras (de até terceiro grau),
coagulação do sangue, fibrilação cardíaca, lesão nos nervos, contração muscular ou até mesmo
a morte.
De acordo com a Norma Regulamentadora número 10 (NR 10 - Segurança em serviços
com eletricidade) do Ministério do Trabalho do Brasil, tensões menores que 50 V em corrente
alternada e 120 V em corrente contínua são inofensivas. Estas são chamadas de extra baixas
tensões (EBT). Tensões maiores que 50 V e menores que 1000 V em corrente alternada e entre
120 V e 1500 V em corrente contínua são chamadas de baixa tensão (BT), enquanto tensões de
valores iguais ou maiores a 1000 V em corrente alternada e 1500 V em corrente contínua são
chamadas de alta tensão (AT). Assim, pessoas que sofrem um choque elétrico em AT têm uma
probabilidade maior de morrer ou ficar com seqüelas graves do que uma pessoa que sofreu um
choque em BT. A Tabela 1 mostra os efeitos da corrente elétrica alternada (60 Hz) no corpo
humano [7].
O choque elétrico pode ser produzido por contato com circuito energizado, onde o
contato direto da pessoa com a parte energizada da instalação acontece. O choque dura enquanto
o contato permanecer existente e a gravidade da lesão varia com a intensidade da corrente.
Outra forma de choque é a produzida por um contato com corpo energizado. Neste caso,
considera-se a eletricidade estática e a duração do choque é muito pequena, o suficiente para
descarregar a carga elétrica contida no elemento ou corpo energizado. Devido à sua curtissima
duração, na maioria das vezes este tipo de choque não provoca efeitos muito graves ao corpo.
O choque produzido por descargas atmosféricas (raios) por sua vez, surge quando
acontece uma descarga e esta entra em contato direto ou indireto com a pessoa. Apesar de
tambem curtissima a duração deste choque, devido à sua altíssima intensidade, os efeitos deste
choque são terriveis e imediatos, como queimaduras ou até mesmo a morte [11].
2 Revisão Bibliográfica 12

Tabela 1: Danos corporais causados por passagem de corrente elétrica à 60 Hz [11].

2.1.2 Arcos elétricos

O arco elétrico, por sua vez, é um fenômeno físico inerente a instalações e equipamentos
elétricos e ocorre sempre que há uma passagem de corrente elétrica por um meio não condutor
devido ao rompimento de suas características isolantes, normalmente envolve partes metálicas
que não estão em contato direto, porém apresentam diferença de potencial. Tal fenômeno tem
curta duração e consiste na transformação da energia elétrica em calor, energia acústica, onda
de pressão e energia luminosa. Arcos elétricos indesejáveis podem levar a deterioração de
sistemas transmissão de energia elétrica, equipamentos eletrônicos e consequências graves a
integridade física e saúde do homem [12]. Nas instalações elétricas, tais como, subestações de
baixa, alta e extra-alta tensão, podem ocorrer arcos elétricos em certas situações, tais como:

 Em condições atmosféricas desfavoráveis (tempestades) geram descargas elétricas


oriundos da atmosfera (raios), os quais são atraídos pela terra;

 Em painéis de distribuição de energia elétrica e de Centros de Comando de Motores


(CCM), devido a falhas operacionais do sistema elétrico ou da intervenção dos trabalhadores
para efetuar manutenções.
2 Revisão Bibliográfica 13

2.1.3 Campo Magnético

O termo campo indica que em um determinado espaço existe uma força que pode ser
responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua, que
determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de campo. Além do campo
gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e eletromagnético [13]. Dois efeitos
ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnéticos: o campo elétrico provoca a
formação de uma carga sobre a superfície da pele e o magnético causa fluxo de correntes
circulando em todo corpo. Normalmente estes efeitos não são prejudiciais aos seres humanos,
mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito intensos, podem ocorrer disfunções
em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores de insulina) e a circulação de 22 correntes
em próteses metálicas, a ponto de provocar aquecimento intenso, o que acarreta lesões internas
[13].

2.1.4 Descargas Atmosféricas

As descargas atmosféricas, ou os raios propriamente ditos, são gigantescas descargas


elétricas entre nuvens, ou entre nuvem e terra, que podem produzir choques elétricos do tipo
dinâmico, proporcionado por enormes capacitores, portanto, com altíssima corrente. Os raios
podem incidir diretamente na vítima, gerando tensões de toque e passo perigosas. Tensão de
toque é a tensão elétrica existente entre os membros superiores e inferiores de um indivíduo,
devido a um defeito no equipamento. A tensão de toque é considerada muito perigosa, pois o
coração está no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco da fibrilação ventricular.
Tensão de passo é a tensão elétrica entre os dois pés no instante da operação ou defeito tipo
curto-circuito monofásico à terra no equipamento. A tensão de passo é considerada menos
perigosa do que a tensão de toque. Isto se deve ao fato de que inicialmente o coração não está
no percurso da corrente de choque. A corrente vai de pé a pé, mas mesmo assim ela também é
perigosa, pois as veias e artérias vão da planta do pé até o coração. Por este motivo, a tensão de
passo é também perigosa e pode provocar a fibrilação ventricular. Com a contração dos
músculos, devido a tensão de passo, a pessoa pode cair, e, ao tocar no solo com as mãos, a
tensão se transforma em tensão de toque no solo, se tornando mais perigoso, pois neste caso, o
coração encontra-se no percurso da corrente de choque [5].

Um sistema de aterramento é formado por condutores, eletrodos e malha de terra, se


necessário. O princípio funcional é criar um caminho facilitado para o escoamento dessas cargas
2 Revisão Bibliográfica 14

elétricas para terra, através de um circuito de baixa impedância. Isso protegerá os funcionários
ou pessoas que possam vir a ter contato indireto com estruturas indevidamente energizadas
devido às descargas atmosféricas. Para-raios compostos por captadores e um conjunto de
pequenas hastes pontiagudas também fazem parte desse sistema de proteção e ficam localizados
no alto dos prédios [13].

2.2 Segurança do trabalho

Pode ser entendida como o conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os
acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade
de trabalho do trabalhador.

2.2.1 Prevenção

As medidas destinadas a evitar acidentes e doenças ocupacionais dependem diretamente


do tipo de atividade exercida, do ambiente de trabalho, da tecnologia e das técnicas utilizadas,
bem como da adoção de uma prática de educação e informação junto aos trabalhadores, em seus
locais de trabalho. No caso destas medidas serem inadequadas, desconfortáveis e/ou pouco
eficazes, haver· resistência e descrédito quanto à sua aplicação e adoção.

Os trabalhadores devem ter acesso às informais sobre os riscos e cuidados que envolvem
sua atividade, e participar nas medidas de promoção da saúde e prevenção dos acidentes.
Dentre todos os procedimentos de prevenção, os mais importantes referem-se ao ambiente e à
organização do trabalho. Um ambiente confortável propicia mais estímulo ao trabalho e um
cuidado maior com as atividades perigosas.

A prevenção não é apenas um conjunto de ações ou medidas destinadas a evitar uma


ocorrência nociva ou indesejável para a saúde de quem trabalha. Não consiste simplesmente na
aquisição de materiais protetores, tais como botas de borracha, cadeiras apropriadas ou teclado
anatômico de computador. Prevenir-se contra acidentes de trabalho não é apenas proteger-se de
situações adversas, é também melhorar continuamente as condições de trabalho [14].

2.2.2 Risco

Risco é a medida da probabilidade e consequência de ocorrer um evento perigoso. Pode


ser definido como uma possibilidade de dano, prejuízo ou perda. A importância do risco é o
produto da severidade (baixa, média ou alta) pela probabilidade de ocorrência. O Risco pode
2 Revisão Bibliográfica 15

ser trivial, aceitável, moderado, substancial ou inaceitável com base na importância do risco e
nível de mitigação. Os riscos podem ser de natureza ambiental, física, química, biológica ou
ergonômica;

A análise preliminar de risco tem por objetivo conhecer os perigos de uma determinada
tarefa e os meios de eliminar, minimizar ou controlar os riscos. É utilizada para conscientizar
os empregados da importância de se conhecer os perigos e as formas de reduzí-los, antes da
realização das tarefas [14].

A NR-10 faz referência a tabela I do anexo IV da NR-5 no que diz respeito aos riscos
ocupacionais, que são agentes existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos a
saúde do trabalhador, também previstos no quadro 2. São classificados em grupos de acordo
com a natureza e da padronização das cores correspondentes, didaticamente os riscos são
divididos em: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes. Conforme quadro
abaixo:

Tabela 2: Classificação dos principais riscos ocupacionais.

Através de métodos de análises de riscos é possível realizar a avaliação de todas as


etapas e elementos dos trabalhos, a fim de racionalizar e desenvolver as sequências de
operações que o trabalhador executa. Desta forma, podem-se identificar os riscos potenciais de
acidentes físicos e materiais, identificando e corrigindo problemas operacionais para uma
segura condição de realização dos trabalhos [12].

Dentre as metodologias existentes para análise de risco destacam-se:


2 Revisão Bibliográfica 16

 Análise Preliminar de Risco (APR): É uma metodologia estruturada para identificar


os riscos, os perigos, as suas causas e efeitos, avaliação qualitativa desses riscos, priorização
dos riscos, e sugerir medidas preventivas para eliminar ou reduzir as causas e consequências
dos riscos;

 Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA): É uma ferramenta que procura evitar,
por meio da análise das falhas potenciais e propostas de ações de melhoria, que ocorram falhas
no projeto do produto ou do processo;

 Hazard and Operability Studies (HAZOP): Estudo de Riscos Operacionais - é uma


metodologia que se destina a examinar instalações e/ou processos complexos com vista a
encontrar procedimentos e operações que constituam risco real e/ou potencial;

 Faut Tree Analysis (FTA) - Análise de Árvore de Avarias: É aplicada em zonas


restritas de instalações consideradas sensíveis, para análise dos riscos antecipadamente
observados e não na identificação dos riscos;

 Análise Preliminar de Perigo (APP): É uma metodologia indutiva estruturada para


identificar os potenciais perigos decorrentes do tipo das instalações, dos sistemas ou da própria
operação.

Dentre as metodologias apresentadas acima para análises de riscos, destacam-se a


APR, a qual é a mais empregada pelas empresas do setor elétrico pela sua simplicidade, fácil
adaptação e sua eficiência comprovada [12].

2.2.3 Acidente de trabalho

De acordo com o artigo 19 da lei 8.213, publicada em 24 de julho de 1991, a definição


de acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente. Essa lesão pode provocar a morte,
perda ou redução da capacidade para o trabalho. A lesão pode ser caracterizada apenas pela
redução da função de determinado órgão ou segmento do organismo, como os membros.
Além disso, considera-se como acidente de trabalho:

 Acidente que ocorre durante o trajeto entre a residência do trabalhador e o local de


trabalho;
2 Revisão Bibliográfica 17

 Doença profissional que é produzida ou desencadeada pelo exercício de determinado


trabalho;

 Doença do trabalho, a qual é adquirida ou desencadeada pelas condições em que a


função é exercida;

É importante ressaltar, que os acidentes sofridos pelos trabalhadores, no horário e local


de trabalho, devidos a agressões, sabotagens ou atos de terrorismo praticados por terceiros ou
colegas de trabalho, também são considerados acidentes de trabalho. Também aqueles acidentes
sofridos fora do local e horário de trabalho, desde que o trabalhador esteja executando ordens
ou serviços sob a autoridade da empresa. Outra situação seria o acidente que ocorre durante
viagens a serviço, mesmo que seja com fins de estudo, desde que financiada pela empresa.

Os acidentes de trabalho são caracterizados nos tipos:

 Acidente Típico: é aquele decorrente da característica da atividade profissional que o


indivíduo exerce.

 Acidente de Trajeto: aquele que ocorre no trajeto entre a residência do trabalhador e o


local de trabalho, e vice-versa.

 Doença Profissional ou do Trabalho: doença que é produzida ou desencadeada pelo


exercício de determinada função, característica de um emprego específico.

Os riscos de acidentes com eletricidade são de fato uma abordagem importante no dia a
dia dos trabalhadores, pois de acordo com Ministério do Trabalho a segunda maior causa de
acidente no trabalho é com eletricidade visto o descaso que as instalações elétricas são
encontradas [15].

Os fatores causadores de acidentes podem ser definidos como:

 Fator pessoal de insegurança: causa relativa ao comportamento humano, que pode levar
à ocorrência do acidente ou à pratica do ato inseguro;

 Ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou
favorecer a ocorrência de acidente;

 Condição ambiente de insegurança: condição do meio que causou o acidente ou


contribuiu para a sua ocorrência.

Os acidentes podem ter como consequências:


2 Revisão Bibliográfica 18

 Lesão com afastamento: Lesão incapacitante ou lesão com perda de tempo, lesão pessoal
que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao acidente ou de que resulte
incapacidade permanente.

 Lesão sem afastamento: Lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo, lesão
pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato, desde que não haja
incapacidade permanente;

 Prejuízos materiais: Quando o acidente, a parte do acidentado, também tem por


consequência a destruição, perda, defeito ou qualquer outro tipo de prejuízo em materiais,
equipamentos, maquinários, etc.

Entre 1967 e 1968, Frank Bird realizou uma análise na qual 297 companhias norte
americanas foram investigadas, envolvendo 170.000 pessoas de 21 grupos diferentes de
trabalho. Nesse período, houve 1.753.498 acidentes comunicados e estes foram classificados
por Bird, que constatou que para que ocorra um acidente grave incapacitando o trabalhador,
devem o ocorrer 600 incidentes sem danos pessoais e/ou materiais [16].

Figura 2: Pirâmide de Bird [16].


3 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

Este trabalho consiste numa revisão bibliográfica sobre a segurança do trabalho em


serviços que envolvem a eletricidade, abordando gestões de segurança, técnicas e análise de
ricos, normas regulamentadoras e práticas de segurança.

3.1 Normas Regulamentadoras

A lei 6514 de 22/12/1977, alterou o capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do


Trabalho - CLT, relacionado à Segurança e Medicina do Trabalho, determinando então que
caberia ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer disposições complementares às
normas, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho. No dia 08 de
junho de 1978, o Ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, aprovou a Portaria 3214 que criou as
Normas Regulamentadoras - NR, referentes a Segurança e Medicina do Trabalho.

São as Normas Regulamentadoras - NR que regulamentam e fornecem diretrizes e


parâmetros no âmbito da segurança e medicina do trabalho. Ao todo são 38 normas, sendo, 33
Normas Regulamentadoras e 5 Normas Regulamentadoras Rurais. São elaboradas por comissão
tripartite, formada por representantes do Governo, dos empregados e dos empregadores.

As Normas Regulamentadoras - NR, são de observância obrigatória para todas as


empresas e o não cumprimento acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas
na legislação pertinente.

3.1.1 NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

A principal norma regulamentadora NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em


Eletricidade fixa condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que
trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo projeto, execução,
operação, manutenção, reforma e ampliação e ainda, a segurança de usuários e terceiros. As
prescrições aqui estabelecidas abrangem todos os que trabalham em eletricidade, em qualquer
fase de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica [7].
Referências Bibliográficas 20

3.1.2 NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão

A NBR 5410 chamada Instalações Elétricas de Baixa Tensão fixa as condições a que
devem satisfazer as instalações com tensão até 1 kV em corrente alternada e 1,5 kVs em corrente
contínua.

A NBR 5410 é baseada na norma internacional IEC 60364 – Electrical Installations of


Buildings. A filosofia e os aspectos conceituais são os mesmos. A versão mais recente desta
norma é de 1997. A NBR 5410 aplica-se a instalações novas e reformas de instalações
existentes, fixando as condições mínimas que as instalações devem possuir, garantindo desta
forma um funcionamento adequado, visando principalmente a segurança das pessoas, bem
como, de animais domésticos e a conservação de bens [8].

3.1.3 NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão

A NBR 14039 chamada Instalações Elétricas de Média Tensão estabelece um sistema


para o projeto e instalação elétrica de média tensão, com tensão nominal de 1 a 36,2 kV à
frequência industrial, de modo a garantir segurança e continuidade de serviço. Aplica-se a partir
de instalações alimentadas pela concessionária, mas também por fonte própria de energia em
média tensão [9].

3.2 Lesões causados por passagem de corrente elétrica no corpo


Os efeitos principais que uma corrente elétrica (externa) produz no corpo humano são
fundamentalmente quatro:

 Tetanização;

 Parada respiratória;

 Fibrilação ventricular;

 Queimadura, de origem térmica e não térmicas.

A tetanização é um fenômeno decorrente da contração muscular produzida por um


impulso elétrico. Verifica-se que, sob ação de um estímulo devido à aplicação de uma diferença
de potencial elétrico a uma fibra nervosa, o músculo se contrai, para em seguida retomar ao
estado de repouso. Se ao primeiro estímulo seguir-se um segundo, antes que o repouso seja
atingido, os dois efeitos podem somar-se. Diversos estímulos aplicados seguidamente, em
contrações repetidas do músculo, de modo progressivo; é a chamada contração tetânica
Correntes superiores a 30 mA, podem causar uma parada respiratória, contração de músculos
Referências Bibliográficas 21

ligados à respiração e/ou à paralisia dos centros nervosos que comandam a função respiratória.
Se a corrente permanece, o indivíduo perde a consciência e morre sufocado [12].

O fenômeno fisiológico mais grave que pode ocorrer quando há passagem de corrente
elétrica pelo corpo humano é a fibrilação ventricular. Se a atividade elétrica fisiológica normal
sobrepõe uma corrente elétrica de origem externa, e muitas vezes maior que a biológica, as
fibras do coração passam a receber sinais elétricos excessivos e irregulares, as fibras
ventriculares ficam estimuladas de maneira caótica e passam a contrair-se de forma
desordenada, uma independente da outra, dificultando o funcionamento correto do coração [12].

Os fatores que determinam a gravidade da lesão ocasionada pela passagem de corrente


elétrica são:

 Intensidade da corrente elétrica circulante: Quantidade de corrente elétrica que circula


pelo corpo;

 Percurso da corrente elétrica: Caminho percorrido pela corrente elétrica, sendo o de


maior gravidade aqueles que atravessam o coração;

Figura 3: Correlação entre o ponto de contato e a porcentagem de corrente que circulará pelo coração.

 Corrente alternada (CA): As frequências entre 20 e 100 Hz são as mais perigosas.


Especificamente, as correntes de 60 Hz, usadas nos sistemas elétricos de energia do Brasil, são
mais perigosas devido à maior possibilidade de ocorrência de fibrilação ventricular;
Referências Bibliográficas 22

 Corrente contínua (CC): As intensidades de corrente contínua deverão ser mais elevadas
que as de CA, para ocasionar sensações de choque, mas também são muito perigosas e podem
ocasionar queimaduras de graus elevados;

 Resistência elétrica do corpo humano: Varia dependendo do estado de humidade da


pela, do caminho fornecido pela corrente e da vestimenta utilizada, mas em condições de pele
seca, varia entre 1000 e 2000 ohms, podendo chegar até próximo de zero com a pele molhada.

Na maioria dos casos de acidentes envolvendo eletricidade, as vítimas apresentam


queimaduras, isso porque a corrente elétrica atinge o organismo através do revestimento
cutâneo. Devido à alta resistência da pele, a passagem de corrente elétrica cria o efeito Joule,
que transforma parte da energia elétrica em calor. Essa energia varia com a resistência que o
corpo oferece à passagem de corrente, com a intensidade da corrente e o tempo de exposição
[12].

Para que isso aconteça, não é necessário contato direto da pessoa com partes
energizadas, basta uma descarga elétrica em caso de proximidade da pessoa com partes
eletricamente carregadas. A eletricidade pode produzir queimaduras de diversas formas, que
podem ser classificadas conforme [17]:

 Queimaduras através do contato: Quando se toca uma superfície condutora energizada,


as queimaduras podem ser locais e profundas, atingindo até parte óssea, deixando uma mancha
branca na pele ou mesmo carbonizando as partes do corpo nos pontos de contato.

 Queimaduras por arco voltaico: O arco elétrico caracteriza-se pelo fluxo de corrente
elétrica através do ar. Suas consequências são queimaduras de segundo e terceiro grau, e possui
energia suficiente para queimar as roupas, provocar incêndios, emitir vapores de material
ionizado e raios ultravioletas;

 Queimaduras por vapor metálico: Na fusão de um elo fusível ou condutor, há emissão


de vapores e derramamento de materiais derretidos, podendo atingir as pessoas localizadas nas
proximidades.

Por estas razões é que o subitem 10.2.9.2 da NR 10 torna obrigatório o uso e classifica
as vestimentas de trabalho como EPI, para proteção do tronco e membros superiores e inferiores
contra diversos riscos elétricos. Estas vestimentas precisam atender a requisitos de
condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.
Referências Bibliográficas 23

3.3 Equipamentos de proteção

Visando controlar os riscos elétricos deve ser desenvolvida uma série de medidas
preventivas. Com elas as chances de que um trabalhador seja submetido a um campo
eletromagnético, arco ou choque elétrico serão reduzidas substancialmente (BARROS, 2010).
Para que se dê início a uma tarefa em uma instalação elétrica, a NR-10 estabelece uma série de
ações que devem ser adotadas. A primeira medida de proteção coletiva é a desenergização da
instalação, que é realizada a partir de uma sequência de atividades descrita no item 10.5.1 da
referida NR, são elas: o seccionamento, o impedimento da reenergização, a instalação de um
aterramento temporário, a proteção dos elementos energizados existentes nas zonas controladas
e a instalação da sinalização de impedimento de reenergização [18].

O impedimento da reenergização pode ser considerado como um bloqueio, normalmente


realizado por um cadeado, por chaves ou por um interlock instalado no quadro elétrico. Tal
ação é imprescindível para que se iniciem os testes de tensão nas instalações elétricas. Os testes
de tensão devem ser realizados com um multímetro, ou um detector de tensão, e deve estar
devidamente calibrado para uma eficiente medição e certificação de que não há mais tensão
elétrica no equipamento, a fim de que se possa passar para a etapa do aterramento temporário
[18].

3.3.1 EPI – Equipamento de Proteção Individual

Além das medidas de proteção coletiva, durante serviços em eletricidade devem ser
utilizados equipamentos de proteção individual adequados às diretrizes da NR-6, sendo que as
vestimentas devem proteger o trabalhador contra a condutibilidade, inflamabilidade e
influências eletromagnéticas, sendo vedado o uso de adornos pessoais, sendo todos estes itens
obrigatoriamente fornecidos gratuitamente pelo empregador [19].

Nos serviços em eletricidade recomenda-se a utilização de alguns EPI’s, dentre eles


cabe destacar a utilização de capacete, que dependendo do momento e da atividade deve possuir
apenas aba frontal, ou, em atividades com maior risco, deve possuir aba frontal e viseira. Além
dos capacetes é necessário o uso de óculos de segurança para proteção dos olhos contra
impactos mecânicos e projeção de partículas, principalmente quando o capacete com viseira é
dispensado, deixando os olhos expostos, bem como protetores auriculares, visando proteger o
aparelho auditivo dos funcionários. Luvas de proteção devem ser usadas seguindo as condições
mínimas exigíveis pela NBR 10622, de maneira a isolar o trabalhador contra choques elétricos
Referências Bibliográficas 24

quando este entrar em contato com condutores ou equipamentos elétricos energizados. A


escolha do tipo de luva a ser utilizada deve ser fundamentada na tensão elétrica presente no
ambiente de trabalho, e são compostas de borracha isolante. Em associação com a luva
emborrachada para proteção contra choques elétricos devem ser utilizadas luvas de raspa ou
vaqueta sobre as mesmas, com a função de proteger as luvas isolantes de perfurações ou
material agressivo que possa comprometer a isolação. Além das luvas, o calçado de segurança,
do tipo botina de couro, deve ser utilizado com a função de proteger os pés contra impactos
físicos, além de servir como mais um equipamento. Finalmente, com a função de proteger o
corpo do trabalhador contra os efeitos do arco elétrico é imprescindível a utilização da roupa
antichama.

Seguindo as instruções da NR-06 os equipamentos de proteção individual utilizados


pelos trabalhadores devem possuir a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido
pelo órgão do Ministério do Trabalho e Emprego, que possua competência nacional em matéria
de segurança e saúde do trabalho, além de passar por periódicos testes de qualidade e
funcionamento. A exemplo dos Equipamentos de Proteção Individual todas as ferramentas
utilizadas em serviços em eletricidade devem ser eletricamente isoladas, estar em bom estado
de conservação, e, após o seu uso, devem passar por limpeza, inspeção e serem acondicionadas
em locais apropriados [18].

Figura 4: EPI contra risco de choques elétricos segundo NR 10 [7].


Referências Bibliográficas 25

3.3.2 EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

Os Equipamentos de Proteção Coletiva são dispositivos destinados a preservar a


integridade física e a saúde dos trabalhadores através de sinalizações, indicações e qualquer
mecanismo que forneça proteção ao grupo. Dentre os principais EPC’s podem ser destacados o
cone de sinalização, combinado com a fita de sinalização ou com o STROBO, que delimitam e
isolam a área do trabalho. Além destes, com a mesma finalidade podem ser utilizadas grades
metálicas dobráveis. Em adição aos equipamentos de proteção coletiva destinados a sinalização
recomenda-se principalmente durante as manobras de desligamento ou religamento de
equipamentos, a utilização de estrados ou tapetes de borracha. Outro equipamento de proteção
coletiva utilizado são as placas de sinalização e cartões de travamento, com a função de orientar,
alertar, avisar e advertir os trabalhadores a respeito dos riscos e perigos existentes, proibindo o
acesso de pessoas estranhas à atividade que está sendo desenvolvida [20].

Figura 5: EPC contra risco de choques elétricos segundo NR 10 [7].

3.4 Sinalização

A sinalização é uma medida complementar de controle dos riscos. E sendo


complementar ela necessita da adoção de outras medidas de prevenção para ser eficaz
(barreiras, invólucros, obstáculos), contudo se constitui em um item de segurança simples e
eficiente para a prevenção de riscos de origem elétrica em geral. Essa medida de proteção
promove a identificação (indicação, descrição, avisos...), a orientação (instruções de bloqueios,
de direção...) e advertência (proibição, obrigatoriedades, impedimentos) nos ambientes de
Referências Bibliográficas 26

trabalho. Deve ser adotada a partir da fase de projeto das instalações elétricas e constarem no
memorial descritivo.

Comumente é utilizado o sistema de sinalização visual, dotado de símbolos, ícones,


caracteres, letreiros e cores de padronização internacional e nacional, aplicados em etiquetas,
cartões, placas, avisos, cartazes, fitas de identificação, instruções, avisos, alertas ou
advertências de pessoas sobre os riscos ou condições de perigo existentes no ambiente, no
equipamento, no dispositivo, proibições de ingresso ou acesso, impedimentos diversos,
direções e cuidados ou ainda aplicados para a identificação de circuitos ou partes [15].
Há situações, no entanto, em que a sonorização é um meio eficiente para a promoção de
alertas, como por exemplo utilizar um alarme sonoro que se antecipa à energização de
equipamento. Quando se trata de risco com energia elétrica é fundamental a existência de
procedimentos de sinalização padronizados, documentados, divulgados e que sejam conhecidos
por todos trabalhadores (próprios e prestadores de serviços), especialmente aplicado em:

 Identificação de circuitos elétricos;

 Travamento e Bloqueios;

 Restrições e impedimentos de acesso;

 Delimitações de áreas;

 Sinalização de impedimento de energização;

 Identificação de equipamento ou circuito impedido.

3.5 Aterramento
Aterrar o sistema, ou seja, ligar intencionalmente um condutor fase ou, o que é mais
comum, o neutro à terra, tem por objetivo controlar a tensão em relação à terra dentro de limites
previsíveis. O aterramento também fornece um caminho para circulação de corrente que irá
permitir a detecção de uma ligação indesejada entre os condutores vivos e a terra. Isso provocará
a operação de dispositivos automáticos que removerão a tensão nesses condutores.
O controle dessas tensões em relação à terra limita o esforço de tensão na isolação dos
condutores, diminui as interferências eletromagnéticas e permite a redução dos perigos de
choque elétrico para as pessoas que poderiam entrar em contato com os condutores vivos.
A conexão dos equipamentos elétricos ao sistema de aterramento deve permitir que,
caso ocorra uma falha na isolação dos equipamentos, a corrente de falta passe através do
Referências Bibliográficas 27

condutor de aterramento ao invés de percorrer o corpo de uma pessoa que eventualmente esteja
tocando o equipamento.

O aterramento é sem dúvida umas das medidas mais importantes de proteção contra
choque elétrico, porém foi verificado em que em muitas industrias o sistema de aterramento
não está corretamente especificado, contribuindo para o risco de choque elétrico [15].

3.6 Responsabilidade Social

No âmbito da Justiça do Trabalho, a empresa é responsabilizada por todos os riscos e


consequências inerentes à sua atividade. No que tange ao tema da responsabilidade civil, pode-
se assim definir: “aquele que lucra com uma situação deve responder pelo risco ou pelas
desvantagens dela resultantes. Essa responsabilidade tem como fundamento a atividade
exercida pelo agente (contratante), pelo perigo que pode causar dano à vida, à saúde ou a outros
bens, criando risco de dano para terceiros”. A contratante pode ser fiscalizada pela Delegacia
Regional do Trabalho (DRT), com ou sem a ocorrência de acidentes; e, se necessário,
notificada/autuada por não cumprimento das normas, tanto de sua parte como de seus
contratados. No caso de um acidente que provoque danos a pessoas ou ao patrimônio da
contratante, a empresa pode pleitear o ressarcimento dos danos materiais pelo contratado por
meio do “direito de regresso”.

O contratante pode ser acionado pelo não-cumprimento das normas de segurança por
parte de seus contratados. Porém, para evitar que isso ocorra o contratante dispõe de ferramentas
legais, como a advertência, a suspensão e a demissão por justa causa do empregado em casos
de reincidência. Tais ferramentas podem ser aplicadas, por exemplo, aos contratados que
deixarem de utilizar EPIs fornecidos pela empresa. Simultaneamente, pode-se propor ação civil
na justiça comum, onde os contratados podem ser acionados pelo contratante para ressarcir
danos em decorrência de uma ação ou omissão, resultante de conduta dolosa ou culposa, através
do “direito de regresso”.

Consequentemente, quanto às relações de cumplicidade de contratantes e contratados,


verifica-se que um depende do outro para a completa implementação das diretrizes da NR-
10/2004 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. O cumprimento das diretrizes
da NR-10/2004 não depende somente do contratante dos serviços em eletricidade, mas também
dos contratados. Assim, as responsabilidades solidárias visam a perfeita ordenação dos
trabalhos, com segurança na execução, sem omissões ou ações de impedimento.
Referências Bibliográficas 28

5 Conclusões

A eletricidade compõe uma das maiores ferramentas de industrialização e


desenvolvimento da sociedade nos dias de hoje, sendo ela responsável pela geração de energia
elétrica, pelos processos industriais, civis e infraestruturas. Todavia, apesar da sua grande
importância, esta ferramenta também possui alto grau de perigo e deve ser tratada com devida
atenção e respeito às normas regulamentadoras e seus requisitos para cada área em questão.

A passagem de corrente elétrica pelo corpo humano gera grandes problemas,


principalmente se o caminho percorrido pela mesma atravessar o coração. Além de
desfibrilação, parada respiratória e queimaduras de I a IV grau, lesões provenientes de choques
elétricos, arcos elétricos, descargas atmosféricas podem levar até a morte.

O uso indevido de práticas e ferramentas no local de trabalho, a negligência de EPIs e


EPCs, ou a execução de tarefas sem a expertise mínima podem acarretar em acidentes de
trabalho que terão como consequência, lesões nos funcionários e pessoas envolvidas no local
do acidente. Estes incidentes podem ser evitados pelo controle e avaliação de riscos, utilização
das normas de segurança do trabalho e conformidade com as normas regulamentadoras.

A NR 10 é a principal norma que regulamenta as exigências mínimas para o empregador


trabalhar com eletricidade em instalações elétricas. Além dela, existe A NBR 5410 que
estabelece as práticas referentes as instalações elétricas de baixa tensão (até 1kV em CA e até
1,5 kV em CC). Já a NBR 14039, similiar à NBR 5410, estabelece práticas de segurança e
utilização de instalações elétricas de média tensão (entre 1 a 36,2 kV).

As medidas de proteção individual e coletiva, bem como as sinalizações são importantes


ferramentas na prevenção de acidentes com eletricidade. Os EPIs são equipamentos de proteção
individual indispensáveis para todo empregado e/ou pessoas que visitam as redondezas de áreas
energizadas ou com potencial de religamento ou curto-circuito. Os EPCs são fundamentais para
uma sinalização e isolamento da área para que sejam realizadas tarefas com total segurança e
baixos riscos de acidentes.

Infelizmente, o que se percebe é que muitas empresas e setores industriais que trabalham
com eletricidade não atendem a 100% dos requisitos exigidos pelas normas regulamentadoras
e pelas práticas de segurança no trabalho. Isso faz com que haja um número muito grande de
Referências Bibliográficas 29

acidentes, que além das lesões corporais, ainda são agravados pelos direitos do trabalhador e
do contratante, que vão à justiça cobrar pelos danos causados.
Referências Bibliográficas 30

Referências Bibliográficas

[1] B. Junior e P. Starling, “Biossegurança e AIDS: as dimensões psicossociais do acidente


com material biológico no trabalho em hospital,” Fundação Oswaldo Cruz, Escola
Nacional de Saúde Pública, 2000.
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Materiais.
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instações elétricas de baixa tensão de uma unidade militar de aquartelamento,”
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
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[8] ABNT, “NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão,” 2004.
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[10] Petrobrás, “Curso de Formação de Operadores de Refinaria: Eletricidade Básica,”
Unicenp.
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civil,” Faculdades Integradas de Jacarepaguá, Ibotirama, 2012.
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Subestações e Linhas de Transmissão de Exta-Alta Tensão,” Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Medianeira, 2010.
[13] SENAI, “Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade: Riscos
Elétricos,” Brasília, 2007.
[14] G. M. d. SIlva, “Introdução à Segurança do Trabalho,” CEFET-MG, Belo Horizonte,
2008.
[15] J. R. d. S. Júnior, “Segurança no Trabalho em Sistemas Elétricos Industriais,” Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Campinas, 2007.
[16] C. L. Bitencourt, “Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança.,” Universidade
Federal Fluminense, Niterói, 1998.
[17] C. Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de São
Paulo - Paulo, “Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade -
Manual de Treinamento,” Rio de Janeiro, 2005.
[18] M. d. T. e. d. E. Brasil (b), “Nr-10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade,”
Brasília, 2004.
[19] M. d. T. e. d. E. Brasil (a), “NR-06 - Equipamentos de Proteção Individual,” Brasília,
2011.
[20] B. F. d. Barros, “NR-10 Norma Regulamntadora de Segurança em Instalações e Serviços
de Eletricidade: Guia Prático de Análise e Aplicação,” São Paulo, 2010.

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