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Silvicultura da Biodiversidade

O aumento do valor natural da floresta Portuguesa é um tema com importância e


prioridade semelhante ao aumento da produtividade na produção lenhosa, aumento da
qualidade da produção de cortiça ou a resolução dos problemas sanitários dos
povoamentos.

Carlos Rio Carvalho – ERENA (05-09-2008)

Porque razão é importante e prioritário o aumento do valor natural da floresta


Portuguesa ?

Os territórios Continental e Insular de Portugal têm limitações quanto à capacidade de produção


rentável de produtos lenhosos porque a superfície disponível para realizar produção de lenho é
limitada pela produtividade potencial.

Numa fracção muito significativa do território Português as alternativas produtivas (lenho, cortiça
e agro-florestal em geral) são muito limitadas. Contudo, o aumento de valor natural (e a sua
rentabilização), é uma opção que existe em praticamente todo o território florestal Português sem
limitações.

Existe procura crescente de biodiversidade, apesar dos mercados serem ainda incipientes. A oferta
será maior e de mais qualidade nos territórios em que o objectivo do uso da terra e da gestão do
ecossistema seja o aumento da abundância e diversidade de espécies e habitats. No caso da
floresta, estes são os locais onde se pratica a Silvicultura da Biodiversidade.

Produção lenhosa e biodiversidade

Importa aumentar o valor e a eficiência da produção uma vez que existe uma margem importante
para aumentar a qualificação dos produtos e o seu potencial exportador. Este aumento de
eficiência implica competição pelas localizações de boa ou razoável produtividade potencial.

No caso do pinhal será muito difícil encontrar mais de 350-400 mil hectares (aproximadamente
mais de 50 - 60% da superfície actual ocupada pelo pinheiro – bravo) com potencial bom ou
razoável para produzir madeira. Desta suposição decorre que, incluindo a área de eucalipto, serão
cerca 1 – 1.2 milhões de hectares a superfície dedicada à produção lenhosa eficiente, sendo esta
superfície fortemente concentrada nas zonas Atlânticas. Será nestas zonas que continuarão a ser
aplicados os investimentos destinados a aumentar o valor da produção lenhosa:
- Aumento da produtividade através da silvicultura (melhoramento das plantas, condução dos
povoamentos e controlo fitossanitário).

- Gestão e organização da produção, incluindo as questões fundiárias.

- Certificação da gestão florestal sustentável.

Existe evidência de que a gestão dos povoamentos associada ao aumento da produtividade na


produção de lenho tende a diminuir a biodiversidade. Os processos de certificação da gestão
florestal sustentável tendem a reconhecer e a promover a mitigação desta perda de
biodiversidade, através da reserva de fracções da área em produção, destinando essa fracção à
conservação.

Os cerca de 1–1.2 milhões de hectares de produção lenhosa mais eficiente poderão justificar e
possibilitar a implementação de acções de conservação da biodiversidade num contexto produtivo,
mas é esse mesmo contexto produtivo que limita o alcance e o valor dessas acções, quer pela sua
localização (em geral fora das zonas com maior interesse de conservação), mas principalmente
pelas próprias condições impostas pela produção.

Montados de sobro, produção de cortiça e biodiversidade

Aumentar a qualidade da cortiça é um desígnio importante porque os novos produtos da cortiça


necessitam de cortiça de qualidade. Para a concretização desse desígnio será importante dispor de
informação sobre a quantidade e a qualidade da cortiça produzida em Portugal. De igual forma,
será importante dispor de informação sobre a fracção dos povoamentos afectada pelo que se
convencionou chamar o “declínio dos montados”, bem como sobre a dinâmica deste processo.
A conservação da biodiversidade adiciona um valor de serviço ambiental à produção de cortiça.
Aparentemente, o valor do serviço ambiental é importante no posicionamento dos produtos da
cortiça no mercado. A certificação da gestão florestal sustentável dos povoamentos de sobreiro
acrescenta valor porque fornece credibilidade a este posicionamento.
Nos 736 mil hectares de povoamentos de sobreiro é útil e fácil associar os conceitos de
conservação e produção, embora esta associação não implique necessariamente a existência de
uma actividade estruturada de conservação. A utilidade do “serviço ambiental” será sempre
apreciada pela indústria através de critérios de marketing dos produtos da cortiça. Isto não
representa nenhum problema, pelo contrário representa uma oportunidade. No entanto, se a
procura de cortiça baixar em quantidade, ou mesmo se a procura se concentrar ainda mais na
cortiça de boa qualidade, apenas uma fracção dos 736 mil hectares terá a expectativa de dispor
de gestão suficientemente diferenciada para que o serviço ambiental possa ser eficaz.

E os outros 3.6 milhões de hectares?

Parece razoável assumir que Portugal Continental poderá gerar, no máximo, 1.7 a 2 milhões de
hectares ocupados com o crescimento lenhoso para a indústria do papel e da madeira, produção
de cortiça, superfícies de pinheiro–manso e castanheiro.

Existindo 5.3 milhões de hectares ocupados com floresta e matos restam 3.3 a 3.6 milhões de
hectares (38 – 40% do território Nacional), incluindo o meio milhão de hectares onde se incluem a
azinheira e outros carvalhos, espaço para o qual poderá ser adequada a antiga designação de
“Bravio”, que será o espaço principal da Silvicultura da Biodiversidade.
Biomassa florestal, produção de energia e biodiversidade

A utilização de biomassa é considerada importante para o cumprimento das metas relativas à


utilização de energias renováveis. O programa existente para a construção de centrais de
biomassa tomou como base inicial a exploração dos resíduos da exploração florestal e da rede de
faixas de controlo de combustível.

A produção de biomassa específica para produção de energia, e mesmo a própria utilização dos
resíduos, serão limitados e determinados pelo preço da energia eléctrica. Poderão hipoteticamente
existir situações de competição entre a produção para a indústria do papel, para a indústria da
madeira e para a produção de energia, nos terrenos onde a produtividade potencial for suficiente.
A produção de biomassa para energia não parece ser uma alternativa onde a produção de lenho
também não o for.

Não parece também viável a desmatação para biomassa, não só atendendo à dimensão dos custos
de exploração, mas também ao impacto ambiental potencial. De facto, a programação de centrais
de biomassa com base no aproveitamento de resíduos de culturas florestais e faixas de
combustível, é diferente do aproveitamento generalizado de arbustos para a produção de energia.
A ser considerada esta última hipótese seria seguramente necessário avaliar o seu impacto
ambiental.

A biomassa para energia não parece constituir uma opção de exploração para uma fracção
significativa dos 3.6 milhões de hectares do “Bravio”.
Turismo no Espaço Rural, Turismo de Natureza e biodiversidade

Em 2007 as dormidas no Turismo no Espaço Rural tinham já aumentado 45% em relação a 2003.
Dos 37 projectos PIN na área do Turismo, pelo menos dez estão associados directamente aos
valores naturais e à qualidade da paisagem florestal (e.g. Parque Alqueva).

O Turismo de Natureza representa 9% das viagens dos Europeus, tendo crescido 7% ao ano entre
1997 e 2004.

O Turismo de Natureza necessita de diversidade dos recursos naturais, zonas classificadas e


sistemas de certificação do turismo (Turismo de Natureza, IPT 2006), mas também necessita de
qualidade nas actividades oferecidas e proximidade a grandes fluxos turísticos.

A associação dos espaços florestais à actividade turística decorre principalmente do seu valor
como “estrutura ecológica” dessas regiões e actividades. O valor gerado pelo turismo fica
essencialmente associado à produção das actividades turísticas e à sua promoção e distribuição. A
gestão das actividades turísticas e o seu marketing não têm, na maior parte dos casos, relação
directa com a gestão da floresta e da biodiversidade. Embora existam casos em que se passa o
contrário, existindo gestão florestal directamente associada ao turismo, a sua expressão no
conjunto da superfície do Bravio é diminuta.

O crescimento do turismo no interior de Portugal vai aumentar a procura de espaços com valor
natural. Simultaneamente vai aumentar a dimensão do crónico problema de internalização dos
benefícios ambientais da floresta, neste caso com origem nos espaços que não são geridos
directamente pelas empresas turísticas mas que são por estas utilizados ou implicitamente
utilizados.

Gestão da Biodiversidade Florestal – uma nova dinâmica

As características ecológicas do Continente e Ilhas atribuem a Portugal uma alta diversidade de


habitats e espécies associados à floresta. A administração deste património natural é feita quase
totalmente através de sistemas que regulam o estatuto e a utilização dos territórios e, muito
supletivamente, através de regimes de condicionalidade e boas práticas e, ainda com uma
expressão mais reduzida, o pagamento de ajudas destinadas a suportar a “perda de rendimento”
de acções de gestão ambiental realizadas por agricultores. No primeiro caso encontra-se o
Sistema Nacional de Áreas Classificadas, no segundo caso as restrições de acesso a prémios e
ajudas associadas à condição de boas práticas ambientais (e.g ProDer) e, no terceiro caso, as
Intervenções Territoriais Integradas incluídas no Programa de Desenvolvimento Rural.

O pagamento com dinheiros públicos de serviços ambientais através de fundos da política de


desenvolvimento rural ou de conservação não parece ser um caminho com dimensão ou
sustentação futura suficiente para gerir o espaço Bravio.

É necessário que exista um rendimento associado para estimular a gestão activa e os incrementos
em abundância e diversidade nas espécies e habitat que aumentam o valor natural
do território florestal.

Actualmente o mercado deste tipo de valores é incipiente mas não inexistente, mas um pouco por
todo o mundo estão em desenvolvimento rápido mercados para serviços associados à
conservação:

Compra de acesso exclusivo a territórios

- Eco–turismo ou outras formas de turismo associado a espaços florestais


- Caça, Pesca, produtos não lenhosos
- Contratos de prospecção de novas espécies em florestas tropicais e equatoriais

Compra de terrenos exclusivamente dedicados a acções de conservação

- Acções de conservação com financiamento privado associadas ao posicionamento de empresas e


suas marcas.

- Serviços de eco–compensação (tendencialmente offsets - offset de biodiversidade: actividade de


conservação destinada a compensar, com impacto líquido positivo, impactos negativos inevitáveis)
decorrentes de obrigações legais associadas ao licenciamento de actividades económicas.

- Serviços de eco–compensação voluntária.

Estão também em evolução processos de certificação de territórios e da sua gestão dos quais os
exemplos mais próximos são a certificação da gestão floresta sustentável (incluindo variantes
ajustadas a Florestas de Alto Valor de Conservação, como por exemplo no referencial FSC), a
certificação de boas práticas agrícolas (WorldGap) ou a certificação da Agricultura Biológica.

Alguns destes mercados já existem há muito tempo com efeitos interessantes na conservação, dos
quais um exemplo é o mercado da caça, com os efeitos benéficos para a conservação que o
desenvolvimento deste sector teve em Portugal. Existe evidência de que a melhoria do habitat e a
gestão das populações cinegéticas tiveram um efeito globalmente positivo na conservação,
quando comparadas as zonas com e sem gestão cinegética.

Um dos desenvolvimentos mais interessantes e promissores é a modificação do enquadramento


legal e institucional das relações entre a conservação da biodiversidade e a actividade económica
com o potencial que encerra para a criação de mercados para a biodiversidade. Um pouco por
todo o mundo, e aumentando a frequência e dimensão das iniciativas, verifica-se uma transição
neste sentido:

No Brasil, uma Lei Federal em vigor desde 2000, determina que 0.5% dos custos de projectos com
impacto na conservação do ambiente sejam obrigatoriamente aplicados em medidas de mitigação
e compensação.

No estado da Califórnia (EUA) as medidas de compensação de impacto sobre a biodiversidade


podem ser implementadas em territórios geridos precisamente com essa finalidade e que são
colocados no mercado - “Conservation Banking” – regulado pela administração do Estado. Isto é,
os gestores florestais vendem superfícies com características específicas (habitats e espécies),
durante o período de tempo necessário a cumprir as obrigações de compensação decorrentes de
projectos de investimento dos seus clientes.

Em Victoria na Austrália, o BushBroker é um mercado de créditos de vegetação natural, regulado


pelo Estado, que permite aos proprietários florestais serem produtores de vegetação natural,
vendendo os créditos de vegetação a empresas que necessitem de obter espaço livre de
vegetação para a sua actividade.

Em Portugal o Decreto – Lei 142/2008 de 22 de Julho estabelece um novo regime jurídico da


conservação da biodiversidade. Neste novo regime institui-se o princípio da compensação pelo
utilizador dos efeitos negativos causados pelo uso de recursos naturais, regula-se em geral os
instrumentos de compensação ambiental e cria-se a base legal para a constituição do Fundo para
a Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Isto é, criam-se as bases legais para uma
abordagem de mercado da biodiversidade, no que diz respeito à floresta abre-se caminho à
Silvicultura da Biodiversidade.

Silvicultura da Biodiversidade

No futuro, o espaço Bravio será gerido para a biodiversidade dentro e fora das áreas classificadas.
As florestas de azinheiras, sobreiros, cerquinhos e negrais, de zambujeiros e alfarrobeiras,
ocuparão o lugar das formações degradadas. A adaptação das comunidades às condições
ecológicas diminuirá os problemas sanitários. Nas formações de montado a caça e a produção de
gado adaptar-se-ão às necessidades da regeneração da floresta, da manutenção de vegetação
herbácea e arbustiva e da manutenção de habitat de espécies ameaçadas que poderão recuperar
as suas populações. O lince–ibérico regressará, o lobo e as suas presas bravias aumentarão em
área e número, mas aumentará também a diversidade e abundância de aves, plantas e outros
organismos associados aos ecossistemas florestais, sobre os quais hoje existe algum grau de
ameaça. Nas linhas de água a densidade de galerias ripícolas desenvolvidas contribuirá para uma
qualidade cénica da paisagem muito maior do que a que hoje existe. Todas estas características
serão observáveis pelo utilizador comum mas serão medidas e certificadas pelos gestores da
floresta.

A estas áreas de excelência na conservação corresponderão outras áreas onde a gestão florestal é
feita com objectivos de produção de lenho e outros produtos florestais, essencialmente localizadas
em locais onde a produtividade o justifique, e cujos beneficiários contribuem para a conservação
nas grandes áreas do Bravio. O impacto ambiental sobre a biodiversidade das actividades de todos
os sectores de actividade será avaliado e compensado, e grande parte dessa compensação será
feita no Bravio.

Será possível articular as acções voluntárias de responsabilidade social das empresas,


aumentando a sua eficácia e credibilidade em projectos de conservação da biodiversidade,
aplicados ao território da “estrutura ecológica” de Portugal.
O aumento da qualificação ambiental do território aumentará a qualificação das actividades e
empreendimentos turísticos que vendem diversidade e contacto com a natureza. As áreas do
Bravio associadas à actividade turística aumentarão, mas a responsabilidade do aumento do valor
natural dessas áreas será dos novos Silvicultores da Biodiversidade que terão nessa
responsabilidade uma componente crescente do seu rendimento.

A produção lenhosa e não lenhosa da floresta, com a caça em posição de relevo, não cessará, o
Bravio produz madeira, veados e cogumelos, mas o valor dessa produção será secundário face à
importância dos serviços ambientais.

Mas tudo isto demorará o seu tempo a evoluir.

Silvicultura da Biodiversidade – Já amanhã

É necessário olhar já hoje para o Bravio antecipando que o valor natural pode vir a ser mais
importante que a produção de lenho ou a produção agro – pecuária e não um serviço adicional
sem remuneração associada.

O processo da criação de um mercado de biodiversidade poderá ser acelerado através da pesquisa


e estímulo de iniciativas voluntárias em territórios onde existam necessidades mais óbvias e
prementes. Esta pesquisa e a concretização das acções pode e deve ser feita também na escala
local, sendo o seu sucesso mais fácil em territórios da Rede Natura 2000 e em associação com
projectos turísticos.

A operacionalização do novo enquadramento legal da conservação da biodiversidade e,


principalmente, as adaptações à legislação que regula o impacto ambiental, poderá consolidar a
nova abordagem da conservação numa perspectiva de mercado. Mas a existência de legislação
não é suficiente para desenvolver o mercado, se a oportunidade não for entendida como tal pelos
agentes directamente envolvidos.

A progressão nos processos de certificação da Gestão Florestal Sustentável, da produção


cinegética e das diversas formas de turismo associadas aos espaços naturais, será sempre um
trabalho útil, existindo actualmente apoios públicos que ajudam este tipo de processos.

Em Portugal Continental e nas Ilhas existem oportunidades ostensivas para associar a


conservação da biodiversidade e o mercado, de forma eficaz, gerindo o enorme potencial natural
do Bravio, a começar já amanhã.
Floresta Portuguesa: Território, Ambiente e Economia

Há um novo papel da floresta na política de ambiente e ordenamento do território. Há


um novo papel dos municípios no planeamento do território e na detecção de iniciativas.
Papeis que é indispensável discutir de forma fundamentada.

Carlos Rio Carvalho

A floresta é um elemento perene de estruturação do território compondo alguns dos ecossistemas


mais biodiversos e integrando os ciclos da água e do carbono. Esta estrutura inclui todas as
florestas cuja vocação é predominantemente produtiva. As árvores demoram tempo a crescer e
ocupam o território durante largos períodos. A função estruturante do território e os benefícios
ambientais no longo prazo são homólogos dos horizontes de investimento muito alargados e das
baixas rendibilidades florestais. Pode dizer-se que a floresta gera benefícios que, em larga medida,
se mantém externos à análise dos investimentos florestais.

Existe também um conjunto de factores que dificultam o investimento, multiplamente relacionados


com as externalidades ambientais e sociais.

De D.Dinis aos fundos comunitários

Um factor chave do investimento florestal é a propriedade da terra. A grande fragmentação da


propriedade dificulta o investimento porque as propriedades não têm dimensão adequada para
serem geridas de forma rentável. Em muitos casos, a situação de registo e localização espacial
das propriedades é precária. Estas causas redundam na baixa intensidade do investimento
florestal, com excepção do eucalipto, solidamente integrado na mais importante fileira industrial
portuguesa.

Outro factor chave é a maturidade e rendibilidade: horizontes de várias décadas e baixas


rendibilidades geram o desinteresse dos investidores.

Considerados numa perspectiva exclusivamente financeira os investimentos florestais não serão


realizados, com excepção de um conjunto limitado de situações, ligadas à solidariedade com as
gerações futuras ou ao gosto pessoal.
Desde a primeira dinastia que o poder público reconhece os benefícios ambientais da floresta
(D.Dinis pretendia, com o seu famoso pinhal, proteger terrenos agrícolas da invasão das areias
litorais). O século XX não foi excepção uma vez que, mais ou menos explicitamente, os benefícios
ambientais fazem parte da justificação do apoio público ao investimento. Existindo diferenças
importantes entre os Planos de Arborização do Estado Novo e os apoios dos três quadros
comunitários de apoio que vigoraram desde 1986 verifica-se que, quer a arborização realizada
directamente pelo Estado, quer a dimensão dos apoios a fundo perdido concedidos a privados,
reflectem a baixa atractividade e a existência de razões externas ao investimento que justificam o
seu apoio, configurando uma internalização dos benefícios da floresta.

O problema do presente é que a participação pública no investimento não parece ser suficiente
para o estimular. Mais uma vez, a propriedade e a rendibilidade são obstáculos difíceis de remover
ou contornar, e é esta a essência do problema económico e ambiental associado à floresta
portuguesa.

Floresta: Cinquenta anos é depois de amanhã


Imaginemos o nosso território daqui a cinquenta anos (os florestais têm o mau hábito de falar em
períodos de cinquenta anos como se fosse depois de amanhã...). Imaginemos que se mantêm
baixos níveis de investimento e gestão florestal, que os apoios de que temos vindo a usufruir
diminuem, mais ou menos, dentro de poucos anos. Isto tenderá a baixar a qualidade da floresta
como elemento estruturante do território e a agravar os efeitos negativos da ausência de gestão:
menos produtividade e emprego, mais incêndios, menos fixação de carbono, menos
biodiversidade. Estes efeitos serão particularmente sensíveis nas regiões onde a base produtiva
esteja mais dependente da floresta e onde os impactes ambientais negativos afectem a vida e a
actividade dos cidadãos de uma forma mais directa.

A política florestal deverá reconhecer as verdadeiras razões pelas quais é necessário garantir um
nível de investimento na arborização e gestão florestal superior aos poucos e controversos
milhares de hectares de arborização líquida anual de que hoje dispomos. Trata-se de promover
medidas que sejam eficazes, eficientes e duráveis no tempo, relacionadas com a internalização
dos benefícios ambientais da floresta e com a internalização dos custos da reestruturação da
propriedade florestal:

. Estímulo do investimento privado na floresta, através de mecanismos de mercado, apoiados por ajustamentos
de natureza fiscal e no apoio directo ao investimento florestal, estímulo de um mercado de seguros florestais e
utilização das florestas públicas como núcleos de agregação de projectos de investimento.

. Estímulo do emparcelamento da propriedade através do investimento florestal, de ajustamentos de natureza


fiscal e administrativa e da coordenação de operações de cadastro da propriedade rústica.

. Estímulo à produção não lenhosa com particular ênfase nas utilizações de natureza recreativa.

As medidas e o seu dispositivo de aplicação deverão utilizar e aumentar o a iniciativa existente


(nos sectores público e privado), e a presença de todos os parceiros que são necessários à solução
do problema:

. A iniciativa de integração das políticas agrícola, de ambiente, de ordenamento do território e de conservação


da natureza no âmbito florestal, permitirá traduzir o papel transversal da floresta na forma como lhe são
alocados recursos públicos. Particularmente importantes parecem ser as questões da floresta como sumidouro
de carbono, como potenciadora de biodiversidade e como unidade básica no ordenamento do território.
Qualquer destas três questões é quantificável sendo possível medir os benefícios obtidos.

. A iniciativa dos técnicos e cientistas, nas áreas florestal, do ambiente, da economia e do direito, porque é
necessário melhorar a gestão, quantificar os benefícios e criar instrumentos inovadores.

. A iniciativa das autarquias locais porque o planeamento do território municipal, a estruturação da propriedade,
a detecção de iniciativas ligadas ao desenvolvimento local e a necessidade de promover a boa gestão de uma
parte significativa dos espaços florestais públicos e comunitários, passam em larga medida pelo poder local.
. A iniciativa privada, criando novas soluções de investimento e de aproveitamento dos recursos florestais e
aumentando a eficiência das actividades já existentes. A iniciativa dos proprietários e produtores florestais no
quadro das suas associações e federações, permitindo pela sua proximidade, desenvolver e potenciar soluções
práticas dos problemas centrais do ordenamento e da gestão florestal.

. A iniciativa política de orientar os apoios ao investimento florestal para a detecção perspicaz e o apoio eficaz a
iniciativas, onde sejam claros o ponto de aplicação do esforço, o dispositivo de aplicação dos apoios e os
resultados que realisticamente se podem esperar.

Há um novo papel das florestas públicas e comunitárias como estruturantes do investimento na


floresta. Há um novo papel dos investidores privados e dos proprietários florestais.

Há um novo papel do Estado no desenho dos apoios à política através dos impostos, procurando
uma visão integradora que aumente os benefícios líquidos para Portugal. Teremos de apresentar
propostas credíveis e competitivas para minimizar as perdas de apoios nas próximas negociações
com a União, em todos os sectores onde uma melhor gestão florestal possa ser importante.

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