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" Pare com isso menino! " : análise funcional de problemas de comportamento
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Symbolic behavior in individuals with autism: the identification of behavioral requisites and development of teaching procedures View project
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André A. B. Varella
Universidade Católica Dom Bosco
Iwata, B. A., Dorsey, M. F., Slifer, K. J., Bauman, K. E., & Richman, G. S. (1982). Toward a functio-
nal analysis of self-injury. Analysis and Intervention in Developmental Disabilities, 2, 3-20.
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dos estudos mais influentes na ABA, com observado de forma repetida e sistemática,
importantes implicações para a pesquisa em uma série de condições bem definidas.
e aplicação. O artigo, intitulado “Em dire- O estudo foi conduzido com nove partici-
ção a uma análise funcional da autolesão” pantes com atraso no desenvolvimento e
(“Toward a functional analysis of self-in- com taxas de respostas autolesivas, que
jury”), foi originalmente publicado em 1982 variavam entre moderadas a altas. As topo-
na revista Analysis and Intervention in De- grafias mais frequentes observadas foram
velopmental Disabilities e republicado em (a) bater a cabeça em algum objeto; (b) bater
1994 em uma edição especial no Journal of na própria cabeça; (c) morder-se; (d) puxar
Applied Behavior Analysis (JABA). orelhas; (e) apertar os olhos; e (f) puxar ca-
belos.
O estudo de Iwata et al. (1982/1994)
ofereceu uma contribuição substancial à O estudo ocorreu em uma sala do
ABA ao propor uma importante metodolo- hospital pediátrico ligado à Universidade
gia para identificar variáveis controladoras de medicina Johns Hopkins. As observa-
dos comportamentos autolesivos. Com base ções foram realizadas em uma sala contí-
nos resultados dessa metodologia, denomi- gua, contendo um espelho unidirecional. De
nada Análise Funcional Experimental, era forma a avaliar os efeitos do ambiente sobre
possível identificar as consequências que os comportamentos estudados, foi permi-
mantinham esses comportamentos. Portan- tido que os participantes engajassem em
to, intervenções poderiam ser planejadas a comportamentos autolesivos; entretanto,
partir das variáveis que os mantinham. Se os pesquisadores seguiam protocolos para
antes elas eram realizadas de forma arbitrá- garantir a segurança dos participantes. Por
ria (no sentido de que ignoravam a função exemplo, havia acompanhamento médico
do comportamento), agora se tornava pos- constante e as sessões eram interrompidas
sível planejar e executar intervenções que frente a qualquer risco maior de dano físico
poderiam produzir mudanças na relação do (emissão de comportamentos autolesivos
comportamento com o ambiente, aumen- que pudessem machucar os participantes
tando consideravelmente sua eficácia. de forma mais grave). As observações mos-
traram que os participantes engajavam em
pelos menos duas ou mais formas de com-
DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO portamentos autolesivos. A ocorrência dos
comportamentos foi registrada em inter-
Objetivos e Método valos de 10s. A variável dependente era o
O estudo de Iwatta, et al. (1982/1994) percentual de intervalos em que respostas
descreveu um protocolo de avaliação em autolesivas foram registradas.
que o comportamento dos participantes era
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Jones, Simmons, & Frankel, 1974; Measel possível avaliar se as respostas autolesivas
& Alfieri, 1976). Frequências maiores nessa eram mantidas por reforçamento automá-
condição em comparação às outras pode- tico, ou seja, pela própria consequência
riam indicar que as respostas autolesivas sensorial produzida pela resposta. A obser-
apresentavam função de fuga de demandas. vação de altas taxas de respostas autolesi-
vas nessa condição sugeriria, portanto, um
Condição Brincadeira Não-estrutu- comportamento mantido por reforçamento
rada: Nessa condição, o experimentador automático.
ficava próximo ao participante e permitia
que ele se movimentasse livremente pela
sala, engajando em brincadeiras sociais ou Resultados e Discussão
solitárias. O experimentador ainda fornecia Para cada participante foi calculada
elogios e breve contato físico contingen- uma média geral da porcentagem dos in-
te a qualquer comportamento socialmente tervalos no período total de 15 minutos em
apropriado a cada 30 segundos. Essa etapa que ocorreram comportamentos autolesi-
teve por objetivo “enriquecer” o ambien- vos, além de médias dos participantes para
te dos participantes, de modo a diminuir as condições experimentais, separadamen-
a probabilidade de ocorrência de compor- te. Assim, os dados permitiram uma análise
tamentos autolesivos, funcionando como do responder geral entre os participantes,
condição controle. Nessa condição não fo- assim como comparações entre condições
ram apresentadas demandas, havia livre por participantes diferentes. Foram identi-
acesso aos brinquedos, o experimentador ficadas variações tanto na taxa de respos-
fornecia atenção social constantemente e tas entre os participantes (com médias de
demonstrações de preocupação ou desa- 4,5% a 91,3% de intervalos com ocorrências
provação não foram fornecidas se respostas de respostas autolesivas) quanto nas qua-
autolesivas ocorressem (extinção). tro condições experimentais, o que sugeriu
influência das variáveis manipuladas nas
Condição Sozinho: Nesta condição, o condições. Para seis dos nove participan-
participante foi colocado na sala de avalia- tes, altas taxas de respostas autolesivas fo-
ção sozinho, sem acesso a interação social, ram consistentemente associadas com uma
brinquedos e materiais que pudessem servir condição experimental específica.
como fonte reforçamento. O propósito des-
sa condição era simular um ambiente “em- Com base nesses resultados, os auto-
pobrecido”, com poucos estímulos sociais e res identificaram cinco padrões de respostas
físicos. Assim, tal contexto poderia estabe- gerais para os participantes deste estudo. O
lecer a ocasião para que comportamentos primeiro padrão consistia em uma baixa
autoestimulatórios ocorressem, tornando apresentação de respostas autolesivas du-
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rante a condição Brincadeira não-estrutu- rem que para um indivíduo que cutuca seu
rada. Todos os oito participantes expostos a olho em função de produzir estimulação
esta condição (o participante 1 foi excluído) visual (reforçamento automático), o uso de
exibiram porcentagens iguais ou abaixo de massagem ocular de maneira contingente
sua média geral. O segundo padrão, obser- à ausência de respostas autolesivas pode-
vado nas respostas de quatro participantes, ria ser uma intervenção eficaz (Favell et al.,
foi uma maior ocorrência durante a condi- 1982), visto que tal intervenção produziria
ção Sozinho, indicando a autoestimulação a consequência reforçadora sem que o in-
como uma variável relevante. O terceiro divíduo engajasse em respostas autolesivas.
padrão foi obtido com dois participantes e Entretanto, se tais respostas autolesivas
consistiu na baixa frequência de respostas fossem mantidas por fuga de demandas (re-
em todas as condições experimentais, ex- forçamento negativo), a massagem ocular
ceto a condição Demanda. O quarto padrão, seria ineficaz. Nesse caso, intervenções que
identificado no participante 5, consistiu na incluíssem períodos sem nenhuma deman-
apresentação de uma taxa mais alta de res- da poderiam ser mais eficazes.
postas autolesivas durante a condição de
Desaprovação Social. O quinto e último pa- Pode-se dizer que um dos achados
drão, observado em dois participantes, foi mais relevantes deste experimento foi que
classificado como “indiferenciado” e con- a variabilidade na taxa de respostas autole-
sistiu em taxas de respostas similares en- sivas em um mesmo sujeito não é um pro-
tre as condições ou altas taxas em duas ou cesso aleatório. A utilização de condições
mais condições experimentais. Como pre- experimentais bem definidas, análogas ao
visto por Carr (1977), os padrões identifica- contexto natural e em um delineamento de
dos evidenciaram que respostas autolesivas sujeito único (que permitiu verificar efeitos
poderiam ser mantidas por diferentes refor- da manipulação de variáveis sobre o com-
çadores (diferentes funções). portamento-alvo de cada participante) foi
fundamental para este achado. Foi possível,
Os resultados do experimento foram portanto, identificar variáveis relaciona-
importantes por demonstrarem a possibili- das ao estabelecimento e/ou manutenção
dade de identificar variações nas taxas de de comportamentos autolesivos a partir da
respostas autolesivas ao se manipular sis- comparação das taxas de respostas de uma
tematicamente algumas variáveis ambien- mesma pessoa, entre diferentes condições.
tais (e.g., retirada de demandas, atenção Deste modo, o presente estudo ofereceu
social). Se diferentes reforçadores poderiam uma metodologia eficaz para investigar
manter respostas autolesivas, intervenções múltiplos efeitos do ambiente na ocorrên-
comportamentais deveriam considerar es- cia de autolesivos.
sas variáveis. Por exemplo, os autores suge-
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Beavers, Iwata, & Lerman (2013). Apre- Barlow, D. H., & Hayes, S. C. (1979). Alterna-
senta uma atualização da revisão de litera- te treatment design: one strategy for com-
tura acima, englobando 158 novos estudos, paring the effects of two treatments in a
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