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Projeto de Magnéticos
1. Introdução
As características ideais de um componente magnético são: resistência nula, capacitância
parasita nula, densidade de campo magnético (B) não-saturável (eventualmente pode-se desejar
corrente de magnetização e indutância de dispersão nulas).
O desejo de não-saturação conduz a um elemento com núcleo de ar, o que implica num
número elevado de espiras, com fio fino e, assim, elevada resistência e capacitância parasita. O
uso de fios com maior secção transversal leva a enrolamentos muito grandes e pesados. É
necessário, assim, o uso de algum núcleo magnético permitindo, com número razoável de espiras
e volume aceitável, obter-se a indutância desejada, com reduzido fluxo disperso.
O correto dimensionamento de um elemento magnético, seja ele um indutor ou um
transformador não é um trabalho simples e seu sucesso depende em grande parte da quantidade
e qualidade das informações disponíveis a respeito do núcleo a ser utilizado. Diferentes autores
e diferentes fabricantes indicam diferentes formas de dimensionamento destes elementos. No
entanto, a própria forma construtiva pode alterar significativamente o desempenho do dispositivo,
especialmente em termos das indutâncias de dispersão e capacitâncias parasitas.
A principal característica de um material ferromagnético a ser usado na construção de
um elemento magnético utilizado em uma fonte chaveada é a capacidade de trabalhar em
freqüência elevada sem apresentar elevadas perdas, o que significa possuir um laço de histerese
com pequena área. Desejáveis são o maior valor possível de densidade de campo magnético,
Bmax, bem como uma elevada permeabilidade. Além disso a resistividade do núcleo deve ser
elevada a fim de reduzir as perdas relativas às correntes induzidas no próprio núcleo.
Os materiais mais utilizado são ferrites, as quais possuem valores relativamente reduzidos
de Bmax (entre 0,3T e 0,5T), apresentando, porém, baixas perdas em alta freqüência e facilidades
de manuseio e escolha, em função dos diversos tipos de núcleos disponíveis.
Possuem resistividade muito maior do que os materiais metálicos (da ordem de
100kΩ.cm) o que implica em perdas por correntes de Foucault desprezíveis quando operando
com um campo magnético alternado.
Algumas aplicações em que não se pode admitir distorção no campo magnético deve-se
utilizar núcleo de ar, com o inevitável valor elevado do fluxo disperso. Núcleos de ferro laminado
são utilizados apenas em baixa freqüência por apresentarem laço de histerese muito largo,
embora possuam um Bmax de cerca de 1,5T.
Os núcleos de ferrite tipo "pot core" (e seus derivados tipos RM, PM, EP, cube core, etc.)
são geralmente usados na construção de indutores e transformadores para pequenas e médias
potências, com baixa dispersão, devido à sua forma fechada.
Os núcleos EE e EI apresentam valores mais elevados de Bmax, sendo mais usados em
aplicações de potência mais elevada. Apresentam valores maiores de fluxo disperso.
Já os núcleos ti po U e UI são utilizados em transformadores de alta tensão, devido à
possibilidade de alocar-se cada enrolamento numa das pernas, facilitando a isolação, à custa de
um maior fluxo disperso. Tanto os núcleos E como os U podem ser associados, criando maiores
secções transversais, possibilitando a obtenção de transformadores para potência na faixa dos
quilowatts. Finalmente, os núcleos toroidais são usados em aplicações onde o fluxo disperso deve
ser mínimo, permitindo obter-se indutores muito compactos. São usados especialmente em
transformadores de pulso e filtros de IEM.
Nota-se em (3) que a introdução do entreferro permite que Hm seja ati ngido para valores
maiores de corrente. O efeito sobre a curva B x Ni é mostrado na Fig. 2. A indutância
incremental se reduz, mas é linearizada. O valor de Br também se reduz. Bmax não se altera por
ser uma característica do material. O aumento do entreferro leva a uma diminuição da indutância,
mas aumenta o valor da corrente na qual ocorre a saturação.
onde:
E = Tensão induzida nos terminais do indutor
NP = Número de espiras do enrolamento ou indutor
M = Fluxo magnético
Ae
Aw
O fluxo magnético esta definido pela densidade de fluxo magnético que cruza uma
superfície plana, representado por:
dΦ = Ae ⋅ dB (5)
onde
Ae = Área efetiva (cortada pelo fluxo magnético) mostrado na Fig. 3.
B = densidade de fluxo magnético
dB ∆B
=
dt t1
∆B
E = N P ⋅ Ae (10)
t1
onde
t1 = D.T =D / f
D = razão cíclica
T = período de chaveamento
f = freqüência de chaveamento
f
E = N P ⋅ Ae ⋅ ∆B (11)
D
D. E
Ae = (12)
N P . ∆B. f
onde
J = densidade de corrente
NP = número de espiras do primário
ip,ef = corrente eficaz no primário
Ap = Área ocupada pelo enrolamento primário definida por
A P = K P . K w . Aw (14)
onde
Kw = fator de utilização da área do enrolamento
KP = fator de utilização do primário
Aw = área da janela do núcleo
logo,
N P . i p ,ef = K P . K w . Aw . J
Isolando-se AW tem-se:
N P . i p ,ef
Aw = (15)
K P . Kw . J
Sendo
Pout ⋅ D
Ae ⋅ AW = (17)
f ⋅ K t ⋅ KW ⋅ K P ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ η
C R
E Np Ns
t
tC
S T
(a) (b)
Figura 4 - (a) Conversor Flyback (b) Forma de onda da corrente no enrolamento Primário
I Pico . t C
I med = (18)
2. T
I Pico
I med = D (19)
2
onde
I med
I Pico = 2 (20)
D
Pela fórmula: 2
T I Pico
∫
1
I ef = t dt
T 0 tC
T ( I Pico ) 2 2
1 I Pico t3
∫
1
I ef = t 2 . dt = . 2 .
T 0 tC 2 T tC 3
2
1 I Pico t C3 D
I ef = . . = 2
I Pico
T t C2 3 3
D I D
I ef = I Pico . = 2. med . (21)
3 D 3
N P .2. I med . D 3
Aw = (22)
D. K P . K w . J
O produto Ae.Aw é determinado para escolha do núcleo de ferrite através de tabelas
fornecidas pelo fabricante no Anexo I
.
D. E N P .2. I med . D 3
Ae . Aw = .
N P . ∆B. f D. K P . K w . J
2. E . I med
Ae . Aw = D
∆B. f . K P . K w . J 3
Pout
E . I med = Pin = (24)
η%
Pout
Ae . Aw ≅ (25)
∆B. f . K P . K w . J
logo:
Ae . Aw =
5. Pout
∆B. f . J
.10 4 [cm ] 4
(26)
para:
Pout = Watts [ W ]
)B = Tesla [ T ]
f = Hertz [ Hz ]
J = A/cm2
b) Cálculo da indutância
E E. D
I Pico = .tC ou I Pico =
L L. f
I Pico . t C E . D. t C
I med = =
2. T L. f .2. T
onde:
D = tC/T
logo:
E. D2
I med =
2. L. f
Indutância do transformador
E 2 . D2
L= .η ( % )
2. Pout . f
2 2
E min . Dmax
L= .η ( % )
2. Pout . f
Considerando: 0 = 0,75 e Dmax = 0,45
2
E min
L=
13,17. Pout . f
Corrente Média
D 1,34. Pout
I med = I pico . =
2 E min
D. E
N P ,min =
Ae . B max . f
0,45. E min
N P,min =
Ae . Bmax . f
A tensão no secundário do transformador, VS, deve ser igual a soma da tensão de saída
mais a queda de tensão no diodo, ou seja:
VS = Vout + VF
onde
VF = queda de tensão direta no diodo
Para garantir a desmagnetização, os Volt-s aplicados no primário devem ser iguais ao do
secundário, considerando a razão cíclica máxima.
NP
NS S
(
V 1 − Dmax = V P . Dmax )
(
VS 1 − Dmax )
NS = N P
V P . Dmax
1 1
2
L P . I Pico = B. H.V
2 2
onde
V = volume do entreferro do transformador, dado por:
V = Ae . l g
onde
Ae = Área da perna central do núcleo
lg = entreferro
como
B
H=
µo
1 Pout
PE = . L P . I Pico
2
f =
2 η
1 P
2
. L P . I Pico = out
2 f .η
Substituindo,
Pout 1 B2
= . A .l
f .η ( % ) 2 µ o e g
2 µ o . Pout
lg = 2
B . Ae . f .η (% )
Considerando um núcleo EE, e o entreferro deve ser dividido conforme mostra a Fig. 5.
lg lg
Ns D2 C R
E Np
Im
t
tC
S T
(a) (b)
a) Cálculo do Ae.AW
Para o conversor Forward com razão cíclica D = 0.5, Kt = 0.71, KW = 0.4, KP = 0.50,
0 =0.75 e )B = 0.15 T, tem-se o valor do produto de AeAW pela expressão abaixo para o
conversor Forward.
Pout ⋅ D
Ae ⋅ AW = (27)
f ⋅ K t ⋅ K W ⋅ K P ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ η
Onde:
Pout = Watts [ W ]
)B = Tesla [ T ]
f = Hertz [ Hz ]
J = A/cm2
D. E
N P ,min =
Ae . B max . f
0,45. E min
N P ,min =
Ae . Bmax . f
A tensão no secundário do transformador, VS, deve ser igual a soma da tensão de saída
mais a queda de tensão no diodo, ou seja:
VS = Vout + VF
onde VF = queda de tensão direta no diodo
(
VS 1 − Dmax )
NS = N P
V P . Dmax
(
Vout + VF 1 − Dmax )
NS = N P ⋅ ⋅
E max Dmax
Sendo assim tem-se o cálculo do núcleo do transformador e o número de espiras a ser
empregado para o conversor Foward.
Np:Ns D1
NP1 NS1 C R
E NP2 NS2
D2
S2 S1
a) Cálculo do AeAW
Pout ⋅ D
Ae ⋅ AW = (28)
f ⋅ K t ⋅ K W ⋅ K P ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ η
Onde:
Pout = Watts [ W ]
)B = Tesla [ T ]
f = Hertz [ Hz ]
J = A/cm2
D. E
N P ,min =
Ae . Bmax . f
Para o pior caso E = Emin , Dmax = 0,5 para o cálculo das espiras da metade do enrolamento
primário e cálculo do número de espiras do enrolamento secundário.
E min
N P ,min =
Ae . B max . f
A tensão no secundário do transformador, VS, deve ser igual a soma da tensão de saída
mais a queda de tensão no diodo, ou seja:
VS = Vout + VF
onde
VF = queda de tensão direta no diodo
Vout + V F (1 − Dmax )
NS = N P ⋅ ⋅
E max 2 ⋅ Dmax
S1 S3
D1
NS1 C R
E
NP
NS2
D2
S2 S4
a) Cálculo do AeAW
Pout ⋅ D
Ae ⋅ AW = (29)
f ⋅ K t ⋅ K W ⋅ K P ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ η
Onde:
Pout = Watts [ W ]
)B = Tesla [ T ]
f = Hertz [ Hz ]
J = A/cm2
D. E
N P ,min =
Ae . Bmax . f
Para o pior caso E = Emin , Dmax = 1 para o cálculo das espiras da metade do enrolamento
primário e cálculo do número de espiras do enrolamento secundário.
E min
N P ,min =
Ae . B max . f
A tensão no secundário do transformador, VS, deve ser igual a soma da tensão de saída
mais a queda de tensão no diodo, ou seja:
VS = Vout + VF
onde
VF = queda de tensão direta no diodo
Vout + V F (1 − Dmax )
NS = N P ⋅ ⋅
E max Dmax
C1
S1
D1
NS1 C R
E
NP
N S2
D2
D2
C2
S2
a) Cálculo do AeAW
Pout ⋅ D
Ae ⋅ AW = (30)
f ⋅ K t ⋅ K W ⋅ K P ⋅ J ⋅ ∆B ⋅ η
Onde:
Pout = Watts [ W ]
)B = Tesla [ T ]
f = Hertz [ Hz ]
J = A/cm2
D. E
N P ,min =
Ae . Bmax . f
Para o pior caso E = Emin , Dmax = 1 para o cálculo das espiras da metade do enrolamento
primário e cálculo do número de espiras do enrolamento secundário.
E min
N P ,min =
Ae . B max . f
A tensão no secundário do transformador, VS, deve ser igual a soma da tensão de saída
mais a queda de tensão no diodo, ou seja:
VS = Vout + VF
onde
VF = queda de tensão direta no diodo
Vout + V F (1 − Dmax )
NS = N P ⋅ ⋅
E max Dmax
[cm ]
i ef
S= 2
J
onde
ief = xcorrente eficaz através do fio condutor
J = densidade de corrente
Conclusão
ANEXO I
Material TPF
ANEXO II
Referências
do Prado, R. N., Projetos de Magnéticos