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Tecnicas projetivas

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

TÉCNICAS PROJETIVAS

Goiânia
2014
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

Jeovana Karla Stival


Laís Carneiro de Oliveira
Lorrayne Rodrigues de Oliveira
Luanna Abreu
Priscila Messias

TÉCNICAS PROJETIVAS

Este trabalho é parte integrante da disciplina Psicometria ministrada pela professora


Analucy Oliveira.

Goiânia
2014

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 04
1.1. Principais métodos projetivos e suas características 06
1.2. Avaliação das técnicas projetivas 17
2. REFERENCIAL TEÓRICO 21
3. CONCLUSÃO 24
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 26
1. INTRODUÇÃO
A avaliação psicológica dos indivíduos constitui-se como processo de variados
procedimentos úteis e relevantes para investigações cientifica em Psicologias e áreas
afins. Em especial, os métodos projetivos de avaliação psicológica podem ser
considerados respeitáveis instrumentos de exame tanto da personalidade, quanto de
elementos facilitadores da compreensão de vivencias individuais, como dinâmica
familiar e relações interpessoais (Fensterseifer & Werlang, 2008).
As técnicas projetivas são derivadas da psicanálise, que, conforme menciona Soley
(2010), concebeu que os humanos possuem um processo mental consciente, bem
como inconsciente. O conceito de projeção, no qual se baseiam as técnicas projetivas,
foi introduzida na medicina por Sigmund Freud (Boddy, 2007; Abt & Bellak, 1959 apud
Soley, 2010). O termo técnicas projetivas secolocou nas pesquisas a partir do artigo
escrito por Frank, (1939), “Projective Methods for the Study of Personality”, que propôs
que as técnicas projetivas eram necessárias para permitir que os indivíduos
revelassem a forma como organizam suas experiências (Soley, 2010).
A técnica projetiva parte de um principio bastante simples: por meio de um estimulo o
individuo projeta seus aspectos subjetivos, atitudes, comportamentos, opiniões entre
outros, o que por alguma razão não faria espontaneamente. É uma forma não
estruturada e indireta de perguntar que incentiva os entrevistados a projetarem suas
motivações, crenças, atitudes ou sensações subjacentes sobre os problemas em
estudo.
O suprimento disponível de técnicas projetivas é grande e diversificado. As técnicas
projetivas apresentam uma curiosa discrepância entre a pesquisa e a pratica. Quando
avaliadas como instrumentos psicrométricos, a grande maioria não se sai muito bem.
Mas a sua popularidade no uso clínico continua inalterada (Bellak, 1992; Lubin, Larsen
& Matarazzo, 1984; Piotrowski, 1984; Piotrowski, Sherry & Keller, 1985; Piotrowski &
Zalewski, 1993; Watkins, 1991).
Um dos aspectos distinguidor importante das técnicas projetivas é encontrado em
suas tarefas relativamente não-estruturadas, isto é, tarefas que permitem uma
variedade quase ilimitada de respostas possíveis. Para permitir liberdade total à
fantasia do individuo, só são dadas instruções breves e gerais. Pela mesma razão, os
estímulos de testes normalmente são vagos ou ambíguos. A hipótese subjacente é a
maneira como oindividuo percebe e interpreta o material de teste ou “estrutura”, a
situação ira refletir aspectos fundamentais de seu funcionamento psicológico. Em
outras palavras, espera-se que os materiais de testes sirvam como uma espécie de
tela, na qual os respondentes “projetam” seus processos de pensamentos, suas
necessidades, suas ansiedades e seus conflitos característicos.
Tipicamente, os instrumentos projetivos também representam procedimentos de
testagem disfarçada, na medida em que os testandos raramente se dão conta do tipo
de interpretação psicológica que suas respostas terão. As técnicas projetivas também
se caracterizam por uma abordagem global à avaliação da personalidade, a atenção
centra-se em um quadro composto de toda a personalidade, e não na mensuração de
traços separados. Finalmente, as técnicas projetivas habitualmente são consideradas
por seus expoentes como especialmente efetivas para revelar aspectos da
personalidade encobertos, latentes ou inconscientes. Afirma-se que quanto menos
estruturado for o teste, mais sensível ele será a esse material encoberto.

1.1. Principais métodos projetivos e suas características


Psicodiagnóstico de Rorschach:
Em meio aos instrumentos projetivos de avaliação psicológica empregados no Brasil e
no panorama mundial, encontra-se o Psicodiagnóstico de Rorschach, publicado em
1921, elaborado pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach (1884-1922). Esta técnica
de investigação da personalidade tem apontado eficiência e sensibilidade na
compreensão da dinâmica do psiquismo humano em uma linguagem universal(Weiner,
1993; Anastasi & Urbina, 2000).
Este instrumento tem o designo de compreender aspectos da estrutura e da dinâmica
da personalidade (Werlang, Villemor-Amaral & Nascimento, 2010; Weiner, 2000), “por
meio de analise de processos perceptivos envolvidos na produção de respostas”
(Werlang, Villemor-Amaral & Nascimento, 2010, p. 89). O método de investigação da
personalidade de Rorschach pode ser aplicado a pessoas procedentes de qualquer
raça ou cultura, embora haja diferenças em formas de reação a ele não simplesmente
em aspectos individuais, mas também em fatores sociais e culturais (Nascimento,
2010).
Uma das técnicas projetivas mais populares é empregada nas manchas de tinta do
Rorschach (Aronow & Reznikoff, 1983; Aronow, Reznikoff & Moreland, 1994; Erdberg
& Exner, 1984; Exner, 1993).
Rorschach foi o primeiro a aplicar manchas de tinta à investigação diagnostica da
personalidade como um todo. No desenvolvimento dessa técnica, Rorschach
experimentou varias manchas de tinta, que aplicou a diferentes grupos psiquiátricos.
Como resultado de suas observações clinicas, aquelas respostas características que
diferenciavam as várias síndromes psiquiátricas foram gradualmente incorporadas a
um sistema de pontuação. Os procedimentos de pontuação foram aperfeiçoados por
meio da testagem suplementar de pessoas mentalmente retardadas e normais, de
artistas, acadêmicos e outros grupos distintos de pessoas. A metodologia de
Rorschach representou assim uma aplicação do gabarito de critério.
É composto por dez lâminas, em cada um tem impressa umamancha de tinta
bilateralmente simétrica. Cinco das manchas são em tons de cinza e preto, apenas;
duas contêm toques adicionais de vermelho vivo; e três restantes combinam vários
tons pastel. Tipicamente, durante a aplicação do Rorschach, é mostrada ao
respondente uma lâmina de cada vez, e ele é solicitado a dizer o que a mancha
poderia representar. Alem de registrar textualmente as respostas a cada cartão, os
examinadores geralmente observam o tempo de reação e a duração das respostas, a
posição ou as posições em que a lâmina é mantida, comentários espontâneos,
expressões emocionais e outros comportamentos incidentes durante a sessão de
testagem. Em algum momento após a apresentação das 10 lâminas, a maioria dos
examinadores questiona sistematicamente o individuo em relação às partes e aos
aspectos de cada mancha sobre os quais foram feitas associações. Durante este
interrogatório, os respondentes têm a oportunidade de elaborar e esclarecer suas
respostas anteriores.
Basicamente, o foco de preocupação na interpretação do Rorschach pode ser
colocado tanto no conteúdo das respostas quanto em suas características formais, tais
como localização, determinantes, qualidade de forma e os diversos sumários
quantitativos derivados das respostas.
Na aplicação habitual do Rorschach, é dada uma grande ênfase à descrição “global”
final do individuo, em que o clinico integra os resultados de diferentes partes do
protocolo e leva em conta as inter-relações de diferentes escores e índices. Na pratica,
as informações derivadas de fontes externas, como outrostestes, entrevistas e
historias de caso, também são usadas na preparação dessas descrições.
Teste de Apercepção Temática (T.A.T.):
Criado por Henry A. Murray em 1938; o teste é composto por 20 lâminas, sendo 19
lâminas com figuras e 1 lâmina em branco. Segundo o manual o teste deve ser
aplicado em duas sessões, encontros de cerca de 1 hora, sendo reservadas para o
segundo encontro as lâminas com conteúdo mais estranho, grotesco, ambíguo,
dramático. O sujeito é instigado neste teste a criar uma história à figura apresentada
em cada lâmina sendo que, na lâmina em branco ele também deve descrever uma
cena e contar a respectiva história. Técnica pictória na qual o estímulo e a resposta
são mais estruturados e elaborados do que nas técnicas de mancha de tinta.
A maioria dos clínicos utiliza series abreviadas de lâminas especialmente
selecionadas, raramente apresentando mais de dez lâminas para um único
respondente.
No método original de interpretar as histórias do TAT, o examinador primeiro
determina quem é o “herói”, o personagem de um dos sexos com o qual o
respondente presumivelmente se identificou. O conteúdo das historias é então
analisado principalmente em referencia à lista de Murray das “necessidades” e das
“pressões”. O TAT tem sido amplamente usado na pesquisa da personalidade.
Foi publicada uma quantidade razoável de informações normativas relativas às
características de resposta mais freqüentes para cada lâmina, incluindo a maneira
como cada lâmina é percebida, os temas desenvolvidos, os papeis atribuídos aos
personagens, os tonsemocionais expressos, a velocidade das respostas, a extensão
das histórias e assim por diante (J.W. Atkinson, 1958; W.E. Henry, 1956; Murstein,
1972).
Muitas aplicações do TAT foram desenvolvidas para finalidades especiais. Algumas
adaptações do TAT centraram-se na mensuração intensiva de uma única necessidade
ou impulso, como o sexo ou a agressão.
Embora o TAT original seja aplicável a crianças a partir dos 4 anos de idade, o Teste
de Apercepção Infantil – Children’s Apperception Test (CAT) foi planejado
especialmente para uso entre 3 e 10 anos (Bellak, 1993). As lâminas do CAT
substituem as pessoas por animais, na suposição de que as crianças pequenas
projetam mais facilmente em figuras de animais do que em figuras de seres humanos.
Os vários animais nas figuras são retratados em situações tipicamente humanas, à
maneira antropológica característica das tiras crônicas e dos livros infantis. As figuras
são planejadas para evocar fantasias relacionadas com problemas de alimentação e
outras atividades orais, rivalidade fraterna, relações pais-filhos, agressão, treinamento
esfincteriano e outras experiências infantis. Os autores do CAT prepararam uma
versão humana do teste (CAT-H) para uso com crianças mais velhas, especialmente
aquelas com idade mental alem de 10 anos (Bellak & Hurvich, 1966).
Um teste desenvolvido mais recentemente, o Roberts Apperception Test for Children -
RATC aproxima-se mais dos padrões psicrométricos de construção e avaliação de
testes do que outras técnicas deste tipo (McArthur & Roberts, 1982; ver também
Sines, 1985). ORATC oferece dois conjuntos sobrepostos de 16 lâminas-estímulo, um
para meninas e um para meninos. Um conjunto suplementar com figuras de crianças
negras também foram escolhidas para descrever situações interpessoais familiares
envolvendo crianças em suas relações com adultos ou com outras crianças. As
historias são pontuadas em uma serie de escalas abrangendo os tipos de problemas
pelos quis as crianças comumente são trazidas aos terapeutas. Este instrumento
representa claramente um serio esforço de combinar a flexibilidade das técnicas
projetivas com os procedimentos de aplicação, pontuação e avaliação de um teste
padronizado.
TEMAS é a palavra espanhola (e portuguesa) para “themes” e um inteligente acrônimo
para “Tell-Me-A-Story” (Conte-me uma historia), um instrumento planejado
especificamente para a avaliação de características cognitivas, afetivas e de
personalidade de crianças de 5 aos 18 anos de idade (Constantino, Malgady & Rogler,
1988). O TEMAS utiliza dois conjuntos paralelos de lâminas-estímulo coloridas, um
para cada criança de minorias étnicas e um para crianças brancas. Embora o TEMAS
tenha sido elogiado como uma distinta melhoria em relação às lâminas do TAT original
em termos de sua adequação para crianças afro-americanas e hispânicas, as
propriedades psicrométricas desse instrumento, especialmente em sua fidedignidade
de teste-reteste e consistência interna, têm sido repetidamente questionadas (para
revisões, ver Dana, 1993, Capitulo 8; Lang, 1992; Ritzler, 1993ª).
O Rosenzweig Pcture-Frustration Study - P-F Study, é maiscircunscrito em sua
abrangência e requer respostas mais simples. Este instrumento esta disponível em
formas separadas para adultos, acima de 14 anos; para adolescentes dos 12 aos 18
anos; e para crianças de 4 aos 13 anos. Derivando da teoria de frustração e agressão
do autor, o P-F Study apresenta uma serie de historias em quadrinhos em que uma
pessoa frustra a outra ou chama a atenção para a condição frustrante.
As respostas no P-F Study são classificadas com referencia ao tipo e à direção da
agressão. Os tipos de agressão incluem: obstáculo-dominação, enfatizando o objeto
frustrante; defesa de ego, focalizando a atenção na proteção da pessoa frustrada; e
necessidade-persistência, concentrando-se na solução construtiva do problema
frustrante.
O P-F Study presta-se mais à analise estatística do que a maioria das outras técnicas
projetivas. Foi realizado um esforço sistemático, desde o inicio, para reunir normas e
verificar sua fidedignidade e validade.
Técnicas verbais:
Todas as técnicas projetivas se utilizam de respostas verbais, contudo, há técnicas
que são inteiramente verbais só empregando palavras tanto nos materiais de estímulo
como nas respostas. Como a grande maioria é formalizada por meio de questionários,
esta técnica fica inviável para uso em analfabetos, crianças muito pequenas ou
pessoas de língua estrangeira já que exige leitura por parte do sujeito que está sendo
avaliado.
Uma técnica que antecedeu o fluxo de testes projetivos por mais de meio século é o
teste de associação de palavras. Descrita sistematicamente pelaprimeira vez por
Galton (1879). O procedimento envolve simplesmente a apresentação de uma serie de
palavras desconectadas, e o examinando deve responder a cada uma com a primeira
palavra que lhe vier à mente. Os primeiros psicólogos experimentais, assim como os
primeiros examinadores da mente, viam nesses testes de associação um instrumento
para explorar os processos de pensamento.
A aplicação clinica dos métodos de associação de palavras foi grandemente
estimulada pelo movimento psicanalítico, embora outros psiquiatras como Kraepelin,
tivessem investigado previamente essas técnicas. Entre os psicanalistas, a
contribuição de Jung para o desenvolvimento sistemático do teste de associação de
palavras é notável. Jung (1910) selecionou palavras-estímulo para representar
“complexos emocionais” e analisou as respostas com referencia ao tempo de reação,
ao conteúdo e às expressões físicas de tensão emocional.
Uma abordagem diferente ao teste de associação de palavras é ilustrada pelo trabalho
inicial de Kent e Rosanoff (1910). Planejado principalmente como um instrumento de
triagem psiquiátrica o Kent-Rosanoff Free Association Test utilizava uma pontuação
completamente objetiva. As palavras-estímulo consistiam em 100 palavras comuns,
neutras, escolhidas porque tendiam a evocar as mesmas associações nas pessoas
em geral. Foi preparada uma serie de tabelas de freqüência – uma para cada palavra-
estímulo – mostrando o número de vezes que cada resposta era dada em uma
amostra de 1.000 adultos normais. Ao pontuar o teste, derivava-se um “índice de
comunalidade”a partir dos valores de freqüências das respostas de cada examinando.
Comparações de indivíduos psicóticos com normais sugeriram que os psicóticos
obtêm um índice mais baixo de comunalidade do que os normais.
Muitos outros testes de completar sentenças foram desenvolvidos para a avaliação de
diferentes populações-alvo e para uma variedade de usos de pesquisa e
psicodiagnostico. Algumas adições interessantes e recentes a este campo incluem
instrumentos planejados para detectar simulação durante exames de incapacidade,
para predizer a efetividade gerencial e para avaliar construtos, tais como mecanismo
de defesa, que podem ser relevantes na avaliação da personalidade.
Memórias autobiográficas e questionários de auto-relato:
Essas técnicas são vistas como construções, projeções e não como relatos históricos
verdadeiros. Investiga-se a personalidade por meio de memórias e relatos do início da
vida do sujeito, na tentativa de compreender os conflitos recorrentes, os traumas e
comportamentos no período de vida atual. Essa técnica teve retorno por influência da
Psicologia cognitiva, pela compreensão do papel da memória na organização da
personalidade.
Um dos progressos mais recentes e promissores na área das técnicas projetivas
verbais é o ressurgimento do interesse pelo uso das memórias autobiográficas na
avaliação da personalidade. Analisar memórias, especialmente as do inicio da vida,
para compreender conflitos recorrentes ou intratáveis em um período posterior da vida,
tem sido evidentemente a base da psicoterapia psicanalítica dede a época deFreud.
Alfred Adler, um dos seguidores de Freud que buscou sua própria escola de psicologia
individual, considerava que as primeiríssimas memórias, especificamente, encerram a
chave para o entendimento do “estilo de vida” do individuo. Outros teóricos também
reconheceram o papel central que as memórias autobiográficas – normalmente vistas
como construções ou projeções e não como relatos históricos verdadeiros – podem
desempenhar na evolução da personalidade.
Desde o inicio da década de oitenta, como resultado da influencia do ponto de vista
cognitivo na psicologia, houve uma renovação do interesse pela memória
autobiográfica, em geral, e pela sua fundação especial na organização da
personalidade em particular. Após revisar os modelos previamente aplicados por
freudianos, adlerianos e psicólogos do ego à interpretação das primeiras memórias,
ele propôs uma nova estrutura conceitual para elas e também uma maneira mais
sistemática de utilizá-las. Na teoria cognitivo-preceptual de Bruhn, as memórias
autobiográficas (Memórias Iniciais – Mis) são centrais para o entendimento da
personalidade. Assim, o desenvolvimento de um método padronizado para reuni-las e
interpretá-las foi uma das prioridades de Bruhn. O Early memories Procedure (EMP –
Bruhn, 1989, 1992ª, 1992b) é um instrumento de lápis-e-papel auto-aplicado, que
amostra 21 memórias autobiográficas de todo o período de vida, não apenas da
infância. A primeira parte requer seis lembranças gerais ou “espontâneas”, delimitadas
principalmente por estruturas temporais especificas (i. e., as cincolembranças mais
iniciais e uma lembrança de vida particularmente importante); e a segunda parte
compreende 15 memórias especificas ou “dirigidas”, que exploram uma serie diversa
de eventos e áreas que podem ser clinicamente relevantes (p. ex., uma memória
traumática, a lembrança do primeiro castigo ou a lembrança mais feliz da pessoa).
Alem de descrições narrativas de cada memória, o EMP inclui varias investigações
relativas à clareza, ao tom afetivo, ao significado e a vários outros elementos das
memórias. Bruhn considera as MIs de eventos específicos como historias – ou
metáforas – que refletem o que as pessoas conscientemente aprenderam ou intuíram
a partir de suas experiências de vida.
O EMP é claramente uma técnica que ainda esta em processo de desenvolvimento.
Ainda não foi realizado nenhum trabalho normativo. Embora tenha sido obtidos níveis
adequados de concordância interjuízes em varias das categorias de pontuação
planejadas por Bruhn e seus colegas, não há muitas evidencias empíricas de outros
tipos de fidedignidade para as MIs. Indubitavelmente, a obtenção destes e de outros
dados psicrométricos sobre o EMP pode ser problemática. Como acontece com outros
materiais projetivos, o simples ato de categorizar e quantificar as memórias
autobiográficas necessariamente acarreta uma perda conseqüente de informações
que talvez sejam singularmente valiosas e apropriadas para compreendermos a
pessoa em questão. No entanto, o procedimento tem o potencial para se tornar um
instrumento muito útil na avaliação da personalidade, especialmente nocontexto da
psicoterapia. Alem disso, é mais provável que a amostra sistemática de memórias
autobiográficas sejam clinicamente significativas do que outros tipos de material verbal
– tais como relatos de sonhos, amostras de verbalização livre, ou historias – que têm
sido usados para finalidades semelhantes e de maneiras semelhantes.
Técnicas de desempenho
Uma categoria grande e amorfa de técnicas projetivas compreende muitas formas de
auto-expressão relativamente livres. É característico de todas essas técnicas que elas
tenham sido empregadas como procedimentos terapêuticos e também diagnósticos.
Por meio das oportunidades de auto-expressão permitidas por estas atividades,
acredita-se que o individuo não apenas releve as suas dificuldades emocionais como
também as reviva. Os métodos empregados mais freqüentemente nesta categoria são
vários tipos de técnicas de desenhar e brincar, incluindo o uso dramático de
brinquedos. Não surpreendentemente, a maioria desses métodos foi especialmente
planejada para a avaliação de crianças, embora em muitos casos possa ser usada
também com adultos.
Técnicas de desenho
Neste teste, o individuo recebe papel e lápis e é solicitado a “desenhar uma pessoa”.
Depois de concluir o primeiro desenho, ele é solicitado a desenhar uma pessoa do
sexo oposto – ou de um gênero diferente – ao da primeira figura. Enquanto o
respondente desenha, o examinador fica atento aos seus comentários e a seqüência
em que diferentes partes são desenhadas e a outros detalhes de procedimento. O
desenho habitualmente é acompanhado por umaserie de perguntas para eliciar
informações especificas sobre idade, escolaridade, ocupação e outros fatos
associados aos personagens desenhados. A investigação pode incluir um pedido para
o respondente criar uma historia sobre cada pessoa desenhada.
A interpretação do Draw-a-Person Test - D-A-P, conforme proposta pó Machover, é
essencialmente qualitativa e inclui abundantes generalizações baseadas em
indicadores isolados, tais como “cabeças desproporcionalmente grandes serão
freqüentemente desenhadas por indivíduos que sofrem de doença cerebral orgânica”.
Embora sejam feitas referencias a “milhares de desenhos” examinadores em
contextos clínicos, e alguns casos selecionados sejam citados para fins ilustrativos,
nenhuma apresentação sistemática de dados acompanha o relato original publicado
sobre o teste. Alem disso, estudos subseqüentes de validação de outros
investigadores em geral não apoiaram as interpretações diagnosticas de Machover
(ver, p. ex., Klopfer & Taulbee, 1976, p. 558-561).
Outro método para a utilização de desenhos da figura humana de crianças e
adolescentes jovens – um método baseado em fundamentos empíricos mais sólidos –
foi desenvolvido por Koppitz (1968,1984). Como resultado de sua persistente crença
na utilidade clinica dos desenhos da figura humana na avaliação de crianças, Koppitz
desenvolveu e padronizou dois sistemas de pontuação objetiva utilizando desenhos
produzidos por ação objetiva utilizando desenhos produzidos por 1.856 crianças de
escola publica entre 5 e 12 anos de idade. Um dos sistemas, baseado
primeiramenteno Goodenough – Harris Drawing Test e na experiência clinica pessoal
de Koppitz, usa os desenhos da figura humana como um teste de desenvolvimento de
maturidade mental. O outro, derivado do trabalho de Machover e outros, é um teste
projetivo das atitudes interpessoais e preocupações das crianças. Ele consiste em 30
“indicadores emocionais” que diferenciam os desenhos das crianças com e sem
problemas emocionais. Esses indicadores ocorreram raramente entre as crianças
normais da amostra e, diferentemente do sistema evolutivo, presumivelmente não
estão relacionados com o nível de idade e maturação. Eles incluem: (a) sinais de
qualidade, tais como transparências e sombras no rosto; (b) características especiais,
tais como cabeças minúsculas ou figuras grotescas; (c) omissões de itens esperados,
como o pescoço ou os olhos.
Alguns dos aspectos agregados do desenho da figura humana tais como o caráter
bizarro ou o numero total de “indicadores emocionais”, parecem discriminar as
crianças que apresentam problemas daqueles que são bem-ajudadas. Entretanto,
tanto Koppitz quanto outros investigadores alertaram contra o uso de indicadores ou
“sinais” isolados para objetivos diagnósticos. O consenso relativo aos desenhos da
figura humana parece ser o de que eles oferecem apenas uma idéia muito geral do
nível de ajustamento emocional da criança. Alem disso, no que se refere às aplicações
diagnosticas, a maioria dos peritos concorda que os desenhos só devem ser usados
para gerar hipóteses, e devem ser interpretados no contexto de outras informações
sobre oindividuo.
Apesar destes alertas e restrições, a popularidade dos desenhos da figura humana
não só continuou inalterada como, de fato, foram desenvolvidas varias tarefas
adicionais de desenho. Uma das mais amplamente utilizadas é a técnica House – Tree
– Person H-T-P (casa, árvore, pessoa) que como nome indica, requer que o
respondente faça desenhos separados de uma casa, de uma árvore e de uma pessoa.
As características e os aspectos dos desenhos, juntamente com uma investigação
bastante ampla das tarefas de desenho, são tipicamente utilizados como uma fonte de
hipóteses sobre áreas gerais de conflito e preocupação. Uma técnica mais recente que
parece ter um potencial incomum como instrumentos clínicos é o Kinetic Family
Drawing – Desenho Clinico da Família (KED – R.C. Burns, 1982; R.C. Burns &
Kaufman, 1970, 1972). Este teste pede que a criança desenhe todas as pessoas de
sua família incluindo ela própria, “fazendo alguma coisa”. Handler e Habenicht (1994)
afirmam que, apesar de problemas metodológicos na pesquisa realizada com essa
técnica, existem vários achados promissores que justificam investigações com
analises mais sofisticadas, tais como regressão múltipla.
Continuam sendo criadas tarefas cada vez mais imaginativas. Por exemplo, a técnica
colaborativa de desenho requer literalmente que toda a família ou um casal, desenhe
cooperativamente na presença de um ou mais terapeutas, os quais observam
atentamente o comportamento de todos os participantes (G. Smith, 1991). Essa
técnica interativa inspirou-se no KFD e é usada principalmente nocontexto da terapia
familiar.
Técnicas de brincar e testes que utilizam brinquedos
Vários tipos de técnicas de brincar e testes que utilizam brinquedos, envolvendo
objetos como marionetes, bonecas e miniaturas, têm sido amplamente utilizadas na
testagem projetiva. Originando-se da ludoterapia com crianças, estes materiais foram
subseqüentemente adaptados para a testagem diagnostica de adultos e crianças. Os
objetos normalmente são selecionados em função de seu valor associativo. É
esperado que o brincar da criança com estes artigos revele sua atitude em relação à
família, assim como rivalidades fraternas, medos, agressividade, conflitos e assim por
diante. O examinador observa os itens que a criança escolhe e aquilo que ela faz com
eles, assim como suas verbalizações, expressões emocionais e outros
comportamentos manifestos.
Com as crianças, o examinador simplesmente apresenta a coleção de brinquedos
para o brincar livre. Com os adultos, os materiais são apresentados com instruções
gerais para executar alguma tarefa de natureza altamente não-estruturada.
As técnicas de brincar para diagnostico e avaliação de crianças foram catalogadas em
um volume abrangente editado por Schaefer, Gitlin e Sandgrud (1991). Alem de
instrumentos projetivos, como as técnicas de marionete, este trabalho descreve uma
ampla variedade de escalas de brincar para a avaliação de problemas específicos –
variando do autismo à hiperatividade – e para a avaliação do desenvolvimento de
áreas como competência, motivação para a maestria e temperamento do bebê.
ConformeSchaefer e seus colaboradores reconhecem, muitas das técnicas
apresentadas por eles ainda estão em um estagio inicial de desenvolvimento.
1.2. Avaliação das técnicas projetivas
É evidente que as técnicas projetivas diferem amplamente entre si. Algumas parecem
mais promissoras do que outras em virtude de achados empíricos mais favoráveis,
orientação teórica mais solida ou ambos.
Uma observação relacionada é que as diferenças entre as técnicas projetivas e os
testes padronizados não são tão grandes ou tão fundamentais quanto podem parecer
à primeira vista. Não apenas em suas propriedades psicrométricas como também na
natureza da tarefa apresentada aos testandos e na maneira de interpretar os
resultados, foi convincentemente argumentado que as técnicas projetivas e os
inventários de auto-relato diferem mais em grau do que em gênero (Levy, 1963). Os
instrumentos individuais situam-se em um continuo; embora nos extremos as
diferenças sejam facilmente reconhecíveis, no centro está evidente uma sobreposição
em vários aspectos.
Rapport e Aplicabilidade: A maioria das técnicas projetivas representa um meio efetivo
de “quebrar o gelo” durante os contatos iniciais entre o terapeuta e o paciente. A tarefa
geralmente é intrinsecamente interessante e divertida. Ela tende a afastar a atenção
do individuo de si mesmo e, assim, reduzir embaraço e a defensividade. Ela oferece
pouca ou nenhuma ameaça ao prestigio do respondente, uma vez que qualquer
resposta que a pessoa dá está “certa”.
Simulação (fraude): em geral, os instrumentos projetivos são menossuscetíveis à
simulação do que os inventários de auto-relato. O objetivo das técnicas projetivas
normalmente está disfarçado. Mesmo que o individuo tenha certa sofisticação
psicológica e esteja familiarizado com a natureza geral de um determinado
instrumento, como o Rorschach ou o TAT, ainda é improvável que ele possa predizer
a maneira intricada pela qual as respostas serão pontuadas e interpretadas. Por outro
lado, não podemos supor que os testes projetivos sejam completamente imunes à
simulação.
O examinador e as variáveis situacionais: é obvio que a maioria das técnicas
projetivas é inadequadamente padronizada em relação à aplicação e à pontuação, ou
não é usada de maneira padronizada na pratica clinica. A interpretação final das
respostas aos testes projetivos pode revelar mais sobre orientação teórica, hipóteses
favoritas e idiossincrasias pessoais do examinador do que sobre a dinâmica da
personalidade do examinando.
Normas: na ausência de normas objetivas adequadas, o terapeuta recorre à sua
“experiência clinica geral” para interpretar o desempenho no teste projetivo. Mas tal
estrutura de referencia está sujeita a todas as distorções de memória que são em si
mesmas reflexos de tendências teóricas, preconcepções e outras idiossincrasias do
terapeuta. A interpretação do desempenho em testes projetivos muitas vezes envolve
normas de subgrupo, de natureza subjetiva ou objetiva. Essas normas podem levar a
interpretações errôneas, menos que os subgrupos tenham sido equiparados em outros
aspectos.
Fidedignidade: para as técnicas projetivas, umamedida apropriada da fidedignidade do
avaliador deveria incluir não apenas a pontuação mais objetiva, preliminar, mas
também os estágios integrativos e interpretativos finais. A fidedignidade interpretativa
do avaliador refere-se à extensão em que diferentes examinadores atribuem ao
responder as mesmas características de personalidade, com base em suas
interpretações de um registro idêntico. Poucos estudos adequados deste tipo de
fidedignidade do avaliador foram realizados com testes projetivos. Alguns
investigadores revelaram divergências acentuadas nas interpretações fornecidas por
usuários de testes razoavelmente bem-qualificados. Uma ambigüidade fundamental
nestes resultados origina-se da contribuição desconhecida da habilidade do
interpretador.
A fidedignidade de reteste também apresenta problemas especiais. Com longos
intervalos, podem ocorrer mudanças genuínas de personalidade que o teste deve
detectar. Com intervalos curtos, um reteste pode mostrar apenas a lembrança das
respostas originais. Quando investigadores instruíram respondentes a escrever
historias diferentes em um reteste do TAT, a fim de determinar se os mesmo temas
voltariam a ocorrer, a maioria das variáveis pontuadas produziu correlações de reteste
insignificantes (Lindzey & Herman, 1955).
Validade: para qualquer teste, a questão mais fundamental é a da validade. Muitos
estudos de validação de testes projetivos têm sido dedicados à validação concorrente
relacionada ao critério. A maioria deles comparou o desempenho de grupos
contrastante, tais como grupos ocupacionais ou dediagnostico. Outras investigações
de validade concorrente utilizaram essencialmente uma técnica de equiparação, em
que as descrições de personalidade derivadas de registros de teste são comparadas
com descrições ou dados a respeito das mesmas pessoas, retirados de estudos de
caso, entrevistas psiquiátricas ou registros comportamentais de longo alcance. Alguns
estudos investigaram a validade preditiva em comparação com critérios como o
sucesso em um treinamento especializado, o desempenho no trabalho ou a resposta à
psicoterapia. Há uma crescente tendência para investigar a validade de construto dos
instrumentos projetivos testando-se hipóteses especificas que fundamentem o uso e a
interpretação de cada teste.
A grande maioria dos estudos de validade publicados sobre técnicas projetivas é
inconclusiva, em virtude de deficiências de procedimentos nos controles experimentais
ou nas analises estatísticas, ou ambas.
Um crescente numero de usuários de testes enfatiza a importância de princípios
holísticos e integrativos na avaliação da personalidade, tais como o uso de padrões
configurais e variáveis contextuais. Muitos deles criticaram as tentativas continuas de
validar indicadores únicos, escores isolados ou “sinais” diagnósticos derivados de
técnicas projetivas. Que correlações insignificantes podem resultar de não
considerarmos padrões complexos de relações entre as variáveis de personalidade
pode ser ilustrado por inúmeros achados contraditórios sobre muitas das técnicas
projetivas que os terapeutas consideram extremamente úteis.
A ausência decorrelação significativa entre a expressão da agressão nas historias do
TAT e no comportamento manifesto em uma amostra aleatória de indivíduos é
consistente com a expectativa, uma vez que a relação pode ser positiva em algumas
pessoas e negativas em outras. Mas essa ausência de correlação obviamente também
é consistente com a hipótese de que o teste não tem nenhuma validade para detectar
tendências agressivas.
Hipótese projetiva: a tradicional suposição relativa às técnicas projetivas é a de que as
respostas do individuo aos estímulos ambíguos apresentados refletem atributos de
personalidade significativos e relativamente duradouros. Embora esteja claro que as
respostas aos testes projetivos podem refletir e realmente refletem os estilos de
resposta e os traços duráveis dos indivíduos, um grande e crescente corpo de
pesquisa indica que muitos outros fatores podem afetar essas respostas. Na extensão
em que foi medida a fidedignidade de reteste, foram observadas acentuadas
mudanças temporais, indicando a operação de considerável erro de acaso.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Em sua obra "Psicodiagnóstico", Rorschach menciona, tangencialmente, alguns
conceitos psicanalíticos como inconsciente, regressão e fixação. Considera, porém,
claramente, nessa obra, que o seu teste não se propõe a investigar conteúdos
inconscientes do psiquismo, não constituindo um "método de penetração no
inconsciente" (Rorschach, 1921/1974, p.130). Afirma, ainda, que o seu
Psicodiagnóstico se afasta de outros métodos psicanalíticos como a interpretação dos
sonhos e as provasde associação livre. Para Rorschach, esse afastamento é
compreensível visto que a prova não suscita uma criação livre, tendo como ponto de
partida o inconsciente mas que, ao contrário, exige uma adaptação a determinados
estímulos externos, uma atuação da 'fonction du réel'". (p.130)
A ênfase, inicialmente atribuída por Rorschach aos elementos perceptivos do teste,
levou este autor a dar pouca importância à análise de conteúdo que poderia, talvez,
"revelar, uma vez ou outra, certas tendências do inconsciente" (p.130). Nesse
momento, destacar-se-ia, para Rorschach, o mecanismo de percepção na formação
das respostas; a projeção seria estimulada de forma apenas secundária.

Em seu instigante artigo "Procurando a projeção no Rorschach", Exner (1985) retorna


a discussão a respeito dos mecanismos psicológicos envolvidos na resposta aos
testes projetivos. Exner, nesse artigo, assinala o acentuado desacordo que reina, até
hoje, a respeito do conceito de projeção em sua correspondência com os testes
projetivos. Este autor identifica duas acepções para o termo projeção:
1. Projeção em seu papel defensivo dentro de um referencial teórico psicanalítico; e
2. Projeção em um sentido mais amplo como "processo que revela informação sobre a
personalidade" (p.521).

O desgaste e a conotação múltipla atribuída à expressão "teste projetivo", porém,


indicam que ela deveria ser substituída por uma denominação menos dúbia.
Nesse sentido, Murray, já em 1951, assinalou (o que também é referido no artigo
"Procurando a projeção no Rorschach", de Exner,1989): Se o termo (projeção) é
usado para denotar todas as formas de expressão... então devemos encontrar uma
nova palavra para designar o processo de projeção... Se a projeção significa tudo, ela
nada significa (apud Exner, 1989, p.552).
Mais recentemente, Willock (1992) e Aronow, Reznikoff & Moreland (1995), teóricos de
orientação psicodinâmica, fizeram duas ressalvas à posição adotada por Exner em
seu Sistema Compreensivo. A primeira remete ao que consideram como uma ênfase
excessiva desse último autor no mecanismo de percepção como principal responsável
pelas respostas aos testes projetivos; este enfoque levaria os especialistas no
Psicodiagnóstico de Rorschach a subestimar a importância da análise de conteúdo na
interpretação do teste. A segunda restrição refere-se à pouca importância atribuída por
Exner ao processo de projeção enquanto constitutivo dessas respostas.
Aronow & cols. (1995) utilizam a distinção proposta por Allport (1961) entre a
perspectiva ideográfica (caracterizada pelo estudo das qualidades singulares do
indivíduo) e a nomotética (com ênfase na descoberta de leis gerais) para defender a
sua opinião. Para estes autores, a perspectiva nomotética coincidiria com a ênfase nos
elementos perceptivos do teste; daí resultaria uma maior importância dos aspectos
relacionados a como o indivíduo percebe, conforme revelado no Psicodiagnóstico de
Rorschach. Por outro lado, a perspectiva ideográfica estaria orientada para o que o
indivíduo percebe; focalizaria, então, os aspectos inconscientes do funcionamento
mental, destacando-se aía projeção, em seu sentido defensivo, como determinante
das respostas aos testes projetivos.
Para Aronow & cols. (1995), enfim, o próprio Rorschach se direcionou, como é
corroborado pela sua conferência publicada postumamente, para uma perspectiva
idiográfica-projetiva. Defendem, assim, a importância da "análise de conteúdo e das
verbalizações que a acompanham como forma de penetrar no mundo singular de cada
indivíduo, particularmente em relação ao seu autoconceito" (p.215-216)
As técnicas projetivas não se tratam de um continuum ontológico ou fenomenológico,
isto é, uma espécie de oposição ao signo; escrito nome de alguém” e a foto da
pessoa do próprio nome, pelo contrário, pois não se escolhe um signo; ele é sempre
motivado de forma intrínseca, a imaginação é um espécie de dinâmica organizadora e
homogeneizada na representação (Durand, 1997). Isto é:
A imaginação é potência dinâmica que deforma as cópias pragmáticas fornecidas pela
percepção, e esse dinamismo reformador das sensações torna-se o fundamento de
toda a vida psíquica porque as leis da representação são homogêneas, metáforas,
assim, uma vez que ao nível da representação tudo é metafórico toda as metáforas se
equivalem.” (p. 30)
De forma generalizada a projeção são tendências inconscientes - de uma pessoa -
que são atribuídas - a outras pessoas ou coisas - após uma transformação,
geralmente no oposto. As técnicas projetivas implicam em uma solicitação ao sujeito
para que libere sua criatividade, sob as condições impostas pelo teste”, podendo,
através destes testes, projetarem omau objeto, obtendo controle sobre a fonte de
perigo revelada ficando livre, para atacar ou destruí-lo, como também, evitar a
separação do bom objeto, reparando-o. (Fine, 1981)
Desta maneira, as técnicas projetivas utilizadas pelos psicólogos, ou por alguns,
ajudariam a captar esse mundo simbólico que, a maioria das vezes é difícil de ser
expressado pelo indivíduo em sua linguagem verbal. Assim, podendo ser lido quando
na sua projeção excitada pela técnica associativa, facilita o psicólogo a compreensão
do problema e sua solução. Vale destacar na história da arte, que muitos dos artistas
através de seus quadros expressaram, ou melhor revelaram - falaram - muito do seu
mundo psíquico e da sua realidade humana” (Ostrower, 1998, 26), analogamente as
técnicas projetivas favorecem ao indivíduo revelar seu mundo e a sua realidade
pessoal.
3. CONCLUSÃO
Na realização deste trabalho conseguimos compreender melhor que os métodos
projetivos são instrumentos de testagem psicológica mais eficaz em revelar conteúdos
inconscientes, latentes e partes ocultas da personalidade. Teve origem em um
ambiente clínico e permaneceu predominantemente um instrumento clínico. Em sua
estrutura teórica, a maioria das técnicas projetivas reflete a influencia dos conceitos
psicanalíticos tradicionais e modernos. Também houve tentativas esparsas de
estabelecer fundamentos para as técnicas projetivas na teoria do estímulo-resposta e
nas teorias perceptuais da personalidade (ver, p. ex.. Lindzey, 1961/1977).
Muitas técnicas projetivas não correspondem às expectativasquando avaliadas
segundo padrões de teste, isso é evidente a partir dos dados resumidos nas seções
precedentes com relação à padronização dos procedimentos de aplicação e
pontuação, adequação das normas, fidedignidade e validade.
Em vez de serem considerados e avaliados como instrumentos psicrométricos, ou
testes no sentido estrito do termo, a maioria dos instrumentos projetivos passou a ser
considerada mais como instrumentos clínicos. Assim, eles poderiam servir como
auxílios suplementares qualitativos à entrevista nas mãos de um terapeuta experiente.
Seu valor como um instrumento clinico é proporcional à habilidade do terapeuta e,
portanto, não pode ser avaliado independente do terapeuta que os utiliza. Assim, as
tentativas de avaliá-los em termos dos procedimentos psicrométricos habituais podem
ser inadequadas. Pela mesma razão, o uso de sistemas de pontuação elaborados que
produzem escores quantitativos não é apenas perda de tempo como também algo
enganador. Estes procedimentos de pontuação emprestam aos resultados uma
aparência ilusória de objetividade e podem criar a impressão injustificada de que
aquela técnica pode ser tratada como um teste.
É mais provável que o valor especial que as técnicas projetivas podem ter emerge
quando elas são interpretadas através de procedimentos qualitativos, clínicos, do que
quando são quantitativamente pontuadas e interpretadas como se fossem
instrumentos psicrométricos objetivos.
Essa técnica possui testes com características que os fazem únicos, possuindo
vantagens que mais nenhum tipo de teste possui. Oindividuo testado, desconhece o
que está a ser testado, enganando assim os possíveis mecanismos de defesa ou
tentativas de enganar o examinador. Outra grande vantagem, é que com os Testes
Projetivos o examinador tem acesso ao inconsciente do individuo, algo que nem ele
próprio tem acesso, ou seja, é uma forma de pesquisa que consegue retirar
informações que o entrevistado não consegue, ou não está disposto a responder a
questão diretamente. Porém, essa técnica é muito complexa e não deve ser usada
ingenuamente, pois é difícil de avaliar a validade e a confiabilidade dos testes
projetivos, com isso, podem conduzir a resultados distorcidos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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