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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG

FACULDADE DE HISTÓRIA – FH
DISCIPLINA – Culturas, fronteiras e identidades 1 e 2
Docente: Ms. Danielle Silva Moreira dos Santos
Discente: Dyeenmes Procópio de Carvalho

ELABORAÇÃO DE DUAS PERGUNTAS REFERENTES AOS TEXTOS DO


FOUCAULT.

1)- De que maneira o conceito de “regime” se encaixa no método de Foucault em


relação à constituição do objeto da análise do discurso e a contribuição disso para a
constituição do estudo dos acontecimentos?

Foucault, em especial na sua fase genealógica, traçou em recortes temporais


específicas certas ordens de saber tidas como cientificamente verdadeiras. Essas ordens
de saber é que ele chama de regime. Esses regimes são diferenciados pelas regras distintas
na formação dos enunciados aceitos como verossímeis que, por sua vez, perfazem a
constituição de uma forma de discurso identificável de acordo com os critérios adotados
em cada respectivamente para a afirmação de validade desses discursos.

Contudo, no que tange ao método de Foucault, o tônus axial de sua busca


intelectual não era tão somente as variações ou rupturas dos discursos ao longo de
determinados períodos, mas sobretudo a forma como os efeitos do poder se articulam na
constituição desses enunciados ou, em outras palavras, o regime interior do poder dentro
desses regimes mais globais. Por isso, o objeto corporificado do método foucaultiano é
como o poder rege os enunciados de forma a constituir um conjunto de discursos tidos
como verdadeiros e como estes forjam sujeitos, estabelecem práticas, fundam
instituições, regulamentam áreas do saber humano etc. Ademais, Foucault conseguiu
perceber e circunscrever as mudanças dos discursos ao longo do tempo ao adentrar as
fissuras dos acontecimentos, suas redes de entrelaçamento e a que níveis pertencem.

Por isso, a partir da identificação de um regime de saber tornou-se possível um


eixo de análise distinto em relação ao acontecimento, visto agora, a partir do prisma de
Foucault, como um ponto dentro de um novelo entremeado por discursos como formas
de exercício de um poder. Daí, depreende-se que antes de estabelecer um acontecimento,
seria fundamental relacioná-lo à forma de regime peculiar a que esse acontecimento
pertence. Essa nuança posta-se como uma das mais importantes contribuições da análise
do discurso de Foucault para o saber histórico.

2)- Em contraposição à fenomenologia marxista, como do afastamento de Foucault,


no seu percurso intelectual, do conceito de repressão na acepção marxista emerge
uma percepção distinta do poder?

A transposição de uma fenomenologia calcada num sujeito constituinte (a


constituição de um tipo de conhecimento e discursos sem a necessidade de referência
tácita a um sujeito “quase-pronto”) enfrentava um obstáculo, a ideologia e repressão como
categorias de análise aceitas por quase todos na emergência da idade moderna. A fim de
fazer ranger e estilhaçar esse sujeito constituinte, percebeu-se que a noção de repressão
não daria conta dessa tarefa. A repressão vista como exercício de poder de tônica negativa
pura que se faz obedecida como elemento de sua manutenção e permanência não
preenchia mais as condições explicativas dos acontecimentos em suas irrupções. Por isso,
ao invés de um fluxo hierarquizado de cima para baixo de um poder que ordena e de um
sujeito que obedece, Foucault transcende esse esquema ontológico rígido para a
demonstração de uma espécie de poder que permeia, induz, articula, produz discurso,
negocia e se transmuta de acordo com a contingência.

Assim, ele prefere ver uma certa “economia” de poder ao mostrar os


procedimentos pelos quais os efeitos do poder se adaptam, se inscrevem e perscrutam o
que ele chama de “corpo social”. Ao contrário de uma análise infra estrutural, os efeitos
do poder entremeados nas práticas institucionais, discursivas do corpo social dão conta
de explicar como os discursos forjam esses sujeitos e que essa individualização do poder
consegue explicar melhor os acontecimentos já que os saberes não são apreendidos por
um sujeito formado, dado, homogeneizado de consciência de classe, mas ressignificados
por sujeitos moldados na esteira das práticas de poder perceptíveis no corpo social.

Portanto, a acepção foucaultiana de poder é mais do que a constituição de um meto


método de análise, por mais válida que seja, mas desnudados esses aspectos
metodológicos, percebemos, antes disso, uma propositura peculiar epistemológica que
rompe com axiomas clássicas e categorias de análise sacramentadas da fenomenologia
marxista.

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