Вы находитесь на странице: 1из 6

TESTES E EXAMES 12

Cotações

PROVA-MODELO DE EXAME 1 12N.O


o
11N.O
o
1
A A

GRUPO I 100

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.


PARTE A
Leia o poema.

POBRE VELHA MÚSICA!


Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

5 Recordo outro ouvir-te.


Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva


10 Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
[1924]
Fernando Pessoa, Poesias
(Nota explicativa de João Gaspar Simões
e Luiz de Montalvor). Lisboa, Ática, 1995.

1. 
Explique a funcionalidade do primeiro verso na sua relação com a totalidade da 16 (10+6)
composição poética.
2. 
Justifique a referência a dois tempos distintos e a sua influência no sujeito poético. 16 (10+6)

3. 
Descodifique o sentido dos dois últimos versos do poema, relacionando-os com 16 (10+6)
o conteúdo dos versos 9 e 10.

PARTE B
Leia o excerto.

– Vamos ao terraço! Dá-se um olhar ao jardim, e abalamos!


Mas deviam atravessar ainda a memória mais triste, o escritório de Afonso da
Maia. A fechadura estava perra. No esforço de abrir, a mão de Carlos tremia. E Ega,
comovido também, revia toda a sala tal como outrora, com os seus candeeiros Carcel
5 dando um tom cor-de-rosa, o lume crepitando, o reverendo Bonifácio sobre a pele
de urso, e Afonso na sua velha poltrona, de casaco de veludo, sacudindo a cinza do
cachimbo contra a palma da mão. A porta cedeu: e toda a emoção de repente findou,
na grotesca, absurda surpresa de romperem ambos a espirrar, desesperadamente,
sufocados pelo cheiro acre dum pó vago que lhes picava os olhos, os estonteava. Fora
10 o Vilaça, que, seguindo uma receita de almanaque, fizera espalhar, às mãos cheias,

1
Prova-modelo de Exame 1

Cotações

sobre os móveis, sobre os lençóis que os resguardavam, camadas espessas de pi-


menta branca! E estrangulados, sem ver, sob uma névoa de lágrimas, os dois conti-
nuavam, um defronte do outro, em espirros aflitivos que os desengonçavam.
Carlos, por fim, conseguiu abrir largamente as duas portadas de uma janela. No
15 terraço morria um resto de sol. E, revivendo um pouco ao ar puro, ali ficaram de pé,
calados, limpando os olhos, sacudidos ainda por um ou outro espirro retardado.
– Que infernal invenção! – Exclamou Carlos, indignado.
Ega, ao fugir com o lenço na face, tropeçara, batera contra um sofá, coçava a ca-
nela:
20 – Estúpida coisa! E que bordoada que eu dei!...
Voltou a olhar para a sala, onde todos os móveis desapareciam sob os largos su-
dários brancos. E reconheceu que tropeçara na antiga almofada de veludo do velho
Bonifácio. Pobre Bonifácio! Que fora feito dele?
Eça de Queirós, Os Maias, 28.a ed.,
Lisboa, Edição Livros do Brasil, s/d.

16 (10+6) 4. 
Explicite os sentimentos evocados pelos dois amigos ao revisitarem este espaço
do passado.
16 (10+6) 5. 
Demonstre que as características físicas deste espaço assumem, no contexto da
obra, um caráter simbólico, fundamentando a sua resposta com citações textuais
pertinentes.

PARTE C
20 (12+8) 6. 
O quotidiano é frequentemente retratado em obras e em autores com que já con-
tactou.
Escreva uma breve exposição sobre o modo como o quotidiano é representado em dois
dos autores ou em duas das obras que estudou no Ensino Secundário.
A sua exposição deve incluir:
•  uma introdução ao tema;
•  u
 m desenvolvimento no qual explicite um aspeto que evidencie o modo como o
quotidiano é representado em cada um dos autores ou obras que selecionou, fun-
damentando esse aspeto em, pelo menos, um exemplo pertinente;
•  uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

2
TESTES E EXAMES 12

Cotações
GRUPO II 50

 eia o seguinte texto e responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha
L
múltipla, selecione a opção correta.

ROMANCE SOBRE A CULPA


Afonso Cruz acaba de publicar dois livros, um novo volume da Enciclopédia da
estória universal, mil anos de esquecimento, que, devido à sua complexidade, recen-
searemos mais tarde, e o romance Nem todas as baleias voam. Não se pode dizer
que haja novidade no conteúdo dos dois livros. Pelo contrário, ambos prolongam
5 tanto os habituais temas que envolvem a sua escrita como o estilo do autor desde
o seu segundo romance. No entanto, entre todos, Nem todas as baleias voam é por-
ventura o seu melhor romance: um estilo já totalmente depurado de retórica, de
floreados empolados ou de um número excessivo de preciosismos eruditos, eviden-
ciando o autor como um dos mais cultos escritores portugueses atuais, em conjunto
10 com Patrícia Portela e Gonçalo M. Tavares; uma coesão muito, muito sólida entre
o universo das personagens e a história que as vincula à mesma ação e ao mesmo
enredo; jogos paralógicos (paradoxos, contradições, situações absurdas, habituais
nos seus livros) descritos com evidente clareza, espantando o leitor; caracterização
assombrosa das personagens através de uma fortíssima simbiose entre imaginação
15 e realismo.
Mais do que os restantes, talvez este seja o romance de Afonso Cruz no qual
as personagens assumem o lugar principal. O seu tema explícito consiste na ten-
tativa feita pela CIA, na década de 1960, de “converter” ao liberalismo as massas
russas através da música americana não erudita, jazz, blues, folk, sobretudo através
20 de concertos de músicos negros (desconhecemos se este tema corresponde a uma
realidade efetiva ou se se trata de uma efabulação do autor). Porém, o tema “oculto”
ou latente, que atravessa e caracteriza todas as personagens, consiste na explora-
ção do sentimento de culpa existente camufladamente na nossa sociedade após a
II Grande Guerra: como foi possível a morte de 60 milhões de homens às mãos de
25 outros tantos em pleno século da Ciência, da Razão, do Progresso? Como foi possível
o Holocausto?
Porém, tanto como o tema, são as personagens que atraem o leitor, tão fabuloso é
o seu desenho, com características além ou aquém das propriamente humanas, um
desenho racional e voluntariamente desequilibrado. […]
30 Como se constata, tanto como o tema da culpa, são as personagens, de recorte
maravilhoso e extraordinário, benigno ou maligno, que estruturam a arquitetura de
Nem todas as baleias voam. Este título exprime um grito de revolta humanista con-
tra a estratificação rígida da sociedade, no sentido de ser possível a uma instituição
dominante e ditatorial (a CIA) manipular de tal modo a sociedade que até pode con-
35 vencer as multidões que as baleias voam. Não, haverá sempre alguém que resiste
e afirme que “nem todas as baleias voam”.
Miguel Real, in Jornal de Letras, Artes e Ideias,
edição online de 20 de julho de 2017 (consultado em setembro de 2017).

3
Prova-modelo de Exame 1

Cotações
5 1. O texto apresenta uma reflexão sobre uma obra do escritor Afonso Cruz
(A) que não acrescenta nada à sua vida literária, dada a repetição dos temas.
(B) cujo tema é recuperado de outros livros, embora o estilo apresente inovações.
(C) que, para o crítico, projeta o seu autor como um dos melhores em Portugal.
(D) escrita em conjunto com Patrícia Portela e Gonçalo M. Tavares.
5 2. Do universo de componentes da obra literária, no romance em apreço é destacado
(A) o conjunto de personagens pelos laços que estabelecem entre si, mas que não
se adequa ao enredo.
(B) o enredo, embora se considere que as personagens não são suficientemente
fortes.
(C) o desenho das personagens, que se consideram assombrosas e em contraste
com a realidade.
(D) o realismo com que foram desenhadas as diversas personagens e a sua per-
feita adequação à história.

5 3. Na opinião do crítico, subjacente ao tema explícito


(A) esconde-se a culpabilização da sociedade pelo genocídio durante a II Guerra
Mundial.
(B) oculta-se o medo de situações de guerra idênticas às da II Grande Guerra,
por parte das personagens.
(C) está o conjunto de personagens, que apresenta características desumanas
e irracionais.
(D) está a ideia de que a sociedade é estratificada, o que facilita a vida das dita-
duras.

5 4. No primeiro período do texto apresenta-se uma situação com valor aspetual
(A) imperfetivo.
(B) habitual.
(C) perfetivo.
(D) genérico.
5 5.  oração “que atravessa e caracteriza todas as personagens” (l. 22) classifica-se
A
como subordinada
(A) adverbial consecutiva.
(B) adjetiva relativa explicativa.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adverbial causal.
5 6.  segmento “na exploração do sentimento de culpa existente camufladamente na
O
nossa sociedade após a II Grande Guerra” (ll. 22-24) desempenha a função sintática
de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento oblíquo.

4
TESTES E EXAMES 12

Cotações
7.  terceiro parágrafo (compreendido entre as linhas 27 e 29) denomina-se, predo-
O 5
minantemente, como sequência textual
(A) narrativa, pois apresenta a narração das características das personagens.
(B) explicativa, dado que se explica a composição das personagens.
(C) descritiva, procedendo-se à caracterização pormenorizada das personagens.
(D) dialogal, uma vez que se apresenta um diálogo das diversas características
da obra.

8. 
Indique a relação temporal que se estabelece entre a ação referenciada no primeiro 5

período do texto e o momento da sua escrita.

9. 
Refira a modalidade configurada no segmento “Nem todas as baleias voam é por- 5

ventura o seu melhor romance” (ll. 6-7).

10. 
Identifique o mecanismo de coesão que se estabelece entre os termos jazz, blues 5

e folk e a expressão “música americana não erudita” (l. 19).

GRUPO III 50
(30+20)

 passado é, por vezes, objeto de reflexão e condiciona o nosso comportamento


O
e/ou a maneira de ser e de pensar no presente.
Apresente a sua perspetiva sobre a importância que a reflexão sobre o passado
assume nas escolhas que fazemos no presente.
Redija um texto de opinião com 170 a 200 palavras.

5
Prova-modelo de Exame 1

PROVA-MODELO DE EXAME 1 – Proposta de correção GRUPO I – PARTE C


6. Ao longo dos diferentes períodos literários, o quotidiano
GRUPO I – PARTE A
surge representado em diferentes obras e por diferentes
1. No primeiro verso, refere-se o símbolo que, embora
autores. Por isso, basta recuarmos até à obra vicentina
provoque sentimentos nostálgicos no eu lírico, o leva a
ou determo-nos em autores do século XIX e XX para nos
desejar o regresso a um outro tempo. A dupla adjetiva-
confrontarmos com a representação do seu quotidiano.
ção anteposta remete não para características físicas da
Se começarmos pela Farsa de Inês Pereira, verifica-se
música – pobre e velha – mas para o estado de espírito
que o retrato dessa época pode ser percecionado através
do sujeito poético ao ouvi-la; os adjetivos são, portanto,
das personagens e por aquilo que representam, concre-
denunciadores da afetividade e das emoções que ela
tamente o papel destinado à mulher e o que para ela re-
desperta no “eu”.
presentava o casamento. É evidente o conflito de valores
2. Na composição poética, cruzam-se o passado e o presente. entre Inês e a mãe no que concerne ao papel atribuído à
O presente é o momento em que o “eu” ouve “uma música” mulher. Também a poesia de Cesário Verde, nomeada-
que lhe traz “agrado”, mas também uma certa nostalgia mente em “O sentimento dum ocidental”, retrata o dia
(“Enche-se de lágrimas/Meu olhar parado”). Através da a dia citadino, os diferentes tipos sociais, o seu modo de
rememoração, este momento traz-lhe outro tempo – o da vida contrastivo, denunciando-se as desigualdades.
infância. Embora não tenha a certeza de ter escutado esta Deste modo, os leitores atuais acedem, através da pro-
música, o eu lírico precisa de recuperar/reviver essa sua dução literária de vários autores, a realidades distantes,
“infância” no presente (“Com que ânsia tão raiva/Quero conseguindo, assim, perceber o modo de organização
aquele outrora”) para atenuar a dor que sente. das sociedades retratadas e aceder aos costumes, hábi-
3. Através da interrogação do verso 11 e da respetiva tos e valores adotados em épocas distintas.
resposta, o sujeito poético introduz a dúvida relativa- 169 palavras
mente a uma verdade que parece assumida desde o
GRUPO II
início da composição poética e também nos versos 9 e
1. (C); 2. (D); 3. (A); 4. (C); 5. (B); 6. (D); 7. (B).
10 – a vontade de regressar ao tempo mítico da infância.
A “ânsia” desse tempo parece indiciar que se tratou de 8. Anterioridade.
uma época feliz, o que é posto em causa pelo conteúdo 9. Epistémica com valor de probabilidade.
do verso 11. Esta constatação é “reafirmada” no último 10. Coesão lexical por hiperonímia/hiponímia.
verso da composição, ao afirmar-se, paradoxalmente,
que o “agora” da recordação, esse sim, foi um momento GRUPO III
de felicidade. Resposta de caráter pessoal. Sugere-se, no entanto, o se-
guinte plano:
GRUPO I – PARTE B Introdução: a análise e a reflexão sobre os nossos (ou da so-
4. Ao revisitarem o Ramalhete, aquando do regresso de ciedade, de forma geral) comportamentos e atitudes pode ser
Carlos, dez anos após a sua partida, os dois amigos recu- uma mais-valia para evitar (ou contornar) situações que se
peram da memória os tempos em que Carlos aí vivia com tenham revelado incorretas ou desajustadas.
o seu avô, Afonso da Maia. O local que mais recordações Desenvolvimento: apresentação de dois exemplos de situa-
lhes traz é o escritório de Afonso que é caracterizado ções que se tenham revelado complexas em virtude das esco-
como “a memória mais triste”. Enquanto tentam abrir a lhas/decisões dos seus agentes, nomeadamente:
porta, são destacadas, através da focalização de Ega, a − os comportamentos nazis durante a segunda guerra mundial;
felicidade e a harmonia dos tempos em que Afonso era − algumas decisões do Estado Novo, como a criação da PIDE
vivo quer através da descrição do espaço quer pela des- e a sua atuação, por exemplo.
crição do avô de Carlos. Conclusão: constatação de que os erros cometidos, depois de
5. Da descrição física deste espaço destacam-se os len- identificados e reconhecidos, devem ser evitados.
çóis brancos que cobrem os móveis que, assemelhados
a “sudários”, remetem para a ideia de fim, de morte; este
parece ser o destino final (e fatal) da família Maia – o seu
desaparecimento. Esta ideia é complementada pela utili-
zação do verbo desaparecer (“os móveis desapareciam”).
Além destes aspetos, pode referir-se também o momento
do dia em que decorre a ação e que remete também para
a ideia de fim (“No terraço morria um resto de sol”).

Вам также может понравиться