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ELIANE POTIGUARA
~f!r'~
Copyright by (c)
GRUMIN - Grupo Mulher-Edu cação Indígena
Rua da Quitanda, 185 s/ 503 - CEP 20 .091
Rio de Janei ro - RJ - Brasi l
• Quem somos nós
População indígena
Sociedade indígena
Sociedade envolvente
Educação e família indígena
Costumes e tradições
- Vida do índio
- Participação indígena
• O Descobrimento do Brasil
- Escravidão indígena
• Entradas e Bandeiras
- As Bulas Papais
- Cronologia da scravidão indígena
• Nossos guerreiros
- Desconhecimento e preconceito
• Século XX
O Poder
- Relação fndio x Estado
• O índio na Constituinte
• Energia, um desafio à natureza
• O que fazer
Apresentação
N a proposta do GRUMIN- Grupo Mulher-Educação Indígena destaca-se o traba-
lho voltado para a Educação dentro das aldeias como forma de contribuição à
luta do mov1mento indígena de resgate de sua história , de sua cultura e até mesmo de
sua identidade, nas regiões onde o processo de colonização foi mais destruidor. E de
preservação. onde essa cultura ainda não foi tocada.
Nesse trabalho de reconstrução . a educação e a saúde despontam como pilares do
projeto a ser desenvolvido. E ele é totalmente viável na medida em que está em mar-
cha todo um processo de conscientização dos povos indígenas para a defesa de seus
direitos a terra . a natureza da qual são valorosos guardiães , à vida, enfim .
Uma vida livre. sem tutelas , de organização social. pol ítica e econômica. Uma vida
sem ameaças, opressão ou d1scnminação .
Para que isso aconteça . não basta apenas a conscientização do índ1o dos seus
problemas em função da realidade da sociedade envolvente. E necessário que essa
sociedade envolvente também se conscientize de que o índio não é um ser estranho
ou incapaz. Ele. ao longo destes cmco séculos, tem sido apenas um guerreiro em
luta pela defesa de sua gente. de suas terras . na guerra mais longa de que o mundo
tem memória .
O GRUMIN -Grupo Mulher-Educação Indígena. ao lançar este livro-cartilha · A
TERRA É A MAE DO fNDIO '', pretende tão somente somar aos esforços de todos os
1rmãos índios em busca desse objetivo , levando aos monitores de educação , enfer-
meiros indígenas e professores das cidades seu apoio , para a compreensão das ra-
zões socia1s . políticas e econômicas que deram ongem à opressão, discriminação
social e racial que sempre os envolveram .
Compreende o GRUMIN que só entendendo a nossa H1stóna , vamos enfrentar o
presente para construirmos o futuro: um futuro de trabalho e organização , dentro de
um clima de Paz .
.. Junho de 1989
GRUMIN- Grupo Mulher-Educação Indígena
-
,
Muitas sociedades indígenas con-
tinuam resistindo à influência da
sociedade capitalista envolvente,
conservando, por isso mesmo, sua
cultura , costumes e tradições, como,
por exemplo, os YANOMAMI.
São 20 mil índios Yanomami , que
vivem na Serra dos Surucucus, na
Amazônia , que ali resistem às cons-
tantes ameaças das empresas mine-
radoras e garimpeiros atraídos pela
riqueza mineral de seu solo. Vivem
como guardiães da natureza , numa
luta que valeu a seu grande líder,
David Yanomami , o prêmio Global
POPULAÇÃO da riqueza, que a ele era garantida
através do nome e sobrenome.
2.000, conferido pela Organização
das Nações Unidas - ONU.
A mulher, antes homenageada e
indígena respeitada, passa a trabalhar _ju nt?
com a família, para o dono do d1 nhel-
ro. Poderia ser ele um conhecido, o
irmão ou até mesmo o próprio marido.
orígem dos povos primitivos
A americanos continua ainda a ser
pesquisada pela ciência. Mas o que se
Todo esse sistema estava (e está)
centrado na relação:
a) Poder (quem tem di~hei~o) .
sabe, é que os índios habitavam a
b) Política (quem tem dmhe1ro em-
América, muitos séculos antes de sua
fluência)
invasão pelo europeus. .
Antes de 1500, os índios no Brasil
eram 5 milhões, formando 900 naçf>~s
indígenas. Hoje, com o seu exte.rmmiO
pelos invasores, for~m reduzidos a
pouco mais de 200 mil! ocupan?o 180
nações, falando 120 llnguas diferen-
tes.
As civilizações indígenas foram le-
vadas a transformar seu modo de vida,
ao conhecerem a acumulação de
bens, produtos, metais, moeda, pro-
Sociedade Sociedade
priedade privada, dentro do modelo
capitalista.
indígena envolvente
Assim sucumbiram , transformando , 1 Sentido de terra coletiva 1 Propriedade privada
em sua grande maioria, seus costu- 2 Economia de subsistência 2 Economia acumulativa
mes e tradições, como , por exen:'plo. 3 Sociedade igualitária 3 Sociedade discriminatória
os iroqueses, nos Estados Um~os , 4 Troca de objetos 4 Troca de dinheiro
onde deixou de prevalecer o reg1me por objetos por mercadorias
matriarcal. 5 - Respeito à vida e à natureza 5 - Ação predatória
O homem, nessa nova sociedade,
ao juntar dinheiro e bens, ficava dono
COSTUMES E
TRADIÇOES
s danças, festas e músicas são
Abanhadas com comidas e bebi-
das preparadas pelas mulheres e fi-
lhos. Fazem-se festas para as co-
lheits, para a chuva , sol, pássaros e
uma infinidade de elementos da na-
Educação tureza.
Os utensílios do dia-a-dia - são
construídos pela comunidade, assim
e família como a cestaria , a rede ou jirau onde
dormem, a tecelagem , a construção
das casas (coletivas ou não) , con-
fecção de canoas, adornos, artesa-
indígena natos de plumagem.
A divisão de trabalho, o ofício de
tecer, pintar e tatuar varia de aldeia
educação da criança indígena é para aldeia onde os homens podem
A muito sábia e simples. Os fi lhos
acompanham os pais nas tarefas diá-
exercer a pintura em uma e em outra
ser uma arte exclusivamente das
mulheres. As pinturas são feitas com ções de grupos para grupos. Alguns
rias, nas caçadas, nas colheitas do ro-
jenipapo e urucum, para festas , povos, como os MARUBO, por
çado , na confecção da comida e be-
bida ' nas festas, nas danças, na guerras, morte ou doença. exemplo- estão divididos em clãs e
. pro-. A organização social e polftica das a descendência de cada clã é de or-
dução do artesanto, etc .. Ass1m va1
comunidades indígenas é buscada dem matrilinear, isto é, descendên-
aprendendo desde cedo a ser inde-
no parentesco, com algumas varia- cia da mãe.
pendente a gostar do trabalho. Essa
relação, onde não há espaços para
violências ou repressões, aliada ao
sentimento coletivo da terra, ao sen-
timento de solidariedade, à vivência e
experiência dos pais, avós e tios , con-
duz a uma Educação natural e sadia,
de todas as crianças e jovens. Os pri-
meiros contatos com os brancos,
trouxe para a aldeia a educação-
escola, que tem aspectos positivos e
negativos.
Os Pajés cuidam dos doentes. São frentistas nesta metade do século.
VIDA
sábios anciãos da tribo que conhe-
cem os segredos da cura pelas plan-
tas, invocando a proteção dos espíri-
tos através de rituais.
Hoje, o conselho-tribal vem sendo re-
tomado em algumas comunidades,
assim como outras tradições ecos-
tumes. Esse conselho é que, nessas
DO
comunidades, elegem por consenso,
***
Antes da chegada dos europeus,
havia o conselho tribal que reunia os
mais velhos e experientes membros
o Cacique.
***
fNDIO
da coletividade. O conceito de caci- As lendas indígenas relatam a
que-chefe da tribo foi introduzido criação do mundo de maneira mítica,
pelo europeu e significa "pequeno onde o inicio surge da interelação
rei despótico" de uma micro-região. dos elementos da natureza, animais,
O "capitão" foi introduzido pelos acidentes geográficos, etc.
não foi
peu. No Brasil, nos séculos XV e XVI
os colonizadores escravizaram os
indígenas. Porém os índio~ não acei-
ESCRAVIDÃO INDfGENA
taram a escravidão e muttos deles pesar da resistência ao trabalho deu origem à população brasileira:
TIARAJU
Fculo
oi um guerreiro Guarani do sé-
XVIII assassinado pelos es-
panhóis e portugueses aos 33 anos,
em 7 de fevereiro de 1756, próximo a
Bagé, sudoeste do Rio Grande do
Sul.
Ele comandou um exército de mi-
lhares de índios. Todos o respeita-
vam e o admiravam. O projeto jesuí-
tico das missões encabeçado pelos
padres Cataldino e Maceta se encer- ... ~·. --~ . _,_ - _
.. ........... .............__
rou naquele momento com a morte -- .... - ._
do guerreiro. Hoje, no Rio Grande do
Sul , nas ruínas das Missões só se vê
mato e ervas daninhas, locais onde
os sinos tocavam. Lá existiu a Repú-
blica Comunista Guarani, reduto
KUNHAMBEBE
onde se arrebanhavam almas indíge-
nas para efeito da colonização cris- .. Kunhambebe era chefe da aldeia
tã. Nesta luta morreram milhares de escravos na fazenda de Brás Cubas. Tupinamb_á, localizada em Angra dos
Depois da morte de seu pai, Aimberê Re1s, e ele1to também primeiro chefe
índios Charruas, Guarani , além das
pedia justiça e criou a Confederação ~ da Confederação dos Tamoios para
lideranças Alexandre , Nhendiru e
mais tarde Marina, a esposa de Se pé. dos Tamoios, juntamente com Pin- acabar com Piratininga, a cidade dos
dobriçu , Koa Kira, Araraí e outros ín- portugueses. Os padres que vieram
Aimberê dios Goitaká e Aymoré.
Depois da morte de Kunhambebe,
para ajudar os índios- na realidade
para aculturá-los- foram Manoel da
Aimberê era da aldeia de Uruçumi- Aimberê foi chefe da Confederação Nóbrega e José de Anchieta, que
rim da nação Tupinambá. Seu pai era dos Tamoios. Na Batalha, Tibiriçá trai eram tuberculosos.
o chefe, o índio Kairuçu, que foi preso a Confederação dos Tamoios. Mem Kunhambebe morreu de doença
com Aimberê pelos portugueses em de Sá e Estácio de Sá foram os Go- dos portugueses, assim como a maio-
S. Vicente. Muitos índios morreram vernadores naquela época. Nesta ria do_s índi.os. A Confederação dos
lutando e Kairuçu e Aimberê foram luta morrem todos os Tamoios. _Tamo1os fot uma luta de resistência
de 1554 a 1567.
HÁ 500 ANOS
OS fNDIOS
DO NORDESTE
RESISTEM MAPA DOS (or;
POVOS INDfGENAS ~
A invasão do B rasil começou do
Nordeste em di reção ao Leste
portugueses, holandeses. fran ceses
e sertanejos.
DO LESTE
pelo lito ral. Por isso mesmo foram os Enfrentaram também ao lo ngo
desse período a p ressão de séculos
E NORDESTE
índios dessas terras os que mais so- (
freram . para que deixassem de ser índios, a )
A luta armada mais conhecida fo i catequese das Missões, a em ancipa-
travada pela Confederação dos Ta- ção de Pombal , o desprezo e os pre- (
1- Tremembé. 16 - Genpankô 20
moios, reunindo vários povos. conceitos dos sertanejos e, atu al- Pop. 2.643 hab Pop.?
A mentira dos po rtugueses e a trai- mente, a sociedade cap italista. 2- Tapeba 17 - Xokó
Pop. 914 hab Pop. 230 hab.
ção venceram , mas não subjugaram Apesar disso estão unidos na 3 - Poltguara 18- Tuxá
Pop. 4.418 hab Pop. 700 hab
estes povos. Preferiram a morte à es- mesma convicção : conti nuam sendo 4 - Xacuru 19 - Pankararé. ~
cravidão e hoje existem só na lem- índios e com um alto grau de soli da-
~~~~~é~oo t~-s
Pop. 3.391 hab
5- Kapinawa 20 - hab.
brança, assim , como os povos Tup i- riedade, fundamentada na idéia de Pop. 250 hab Pop. 1 100 hab. 2~
nambá, Kaeté, Goiataká, Aymoré e sua origem , de uma natu reza e u m 6- Kambiwá. 21 - Kiriri.
Pop 675 hab. Pop. 1.630 hab '26
Tom iminó. destino comum que os d isting ue 7- Atikum 22 - Pataxó Hã-Hã-Hãe. 11 · i.5
Por tudo isso, os índios remanes- como povo. 8 -
Pop . 2 645 hab.
Pankararu
Pop. 1.029 hab. ~
23 - Pataxó {Coroa Vermelha) ~_,~
centes do Nordeste e Leste foram as- Daí sua organização e o traba lho Pop 3.523 hab. Pop.? \
similando a cultura dos colonizado- político e cultural que realizam no 9 - Tuká 24 - Pataxó {Barra Velha).
Pop.? Pop 1 082 hab. -/. ~ _)
res. Muitos perderam seu próprio sentido de resgatar suas tradições, 10- Wasú 25 - Tupinikim CJ
Pop 830 hab Pop. 884 hab.
idioma, adotaram a alvenaria de reafirmar sua própria identidade ét- 11 - Kariri-Xokó. 26- Krenak
pau-a-pique na construção de suas nica e recuperar suas terras. É a luta Pop 1 040 hab Pop 102 hab.
12 - Karapotó. 27 - Pataxó.
casas, usam roupas como lavradores dos Potiguara, dos Kukuru , dos Ful- Pop 209 hab. Pop 62 hab.
e adotaram , também , esse tipo de ni-Ó, dos Pankakaru , dos Tupiniquim , 13 - Tingu i 28 - Xakriabá
Pop.? Pop. 4.235 hab.
atividade econômica. dos Xoco e outros. 14 - Xukuru-Kariri. 29 - Fulni-õ.
Até mesmo os usos e costumes ou Contra tudo isso, enfrentam em- 15 -
Pop 510 hab.
Xukuru-Kariri.
Pop. 3.500 hab
30 - Maxakali.
as danças cultuadas como símbolos presas multinacionais interessadas Pop 110 hab Pop. 500 hab.
da origem indígena sofreram altera- nas suas terras e riquezas naturais,
ções, em conseqüência do processo os fazendeiros e madeireiros locais e
de aculturação, sofrido por quase até mesmo os garimpeiros, além dos
cinco séculos, em que enfrentaram políticos tradicionais.
A HISTÓRIA DE UM
COTIWARA QUE VIVEU
_QNGE DE SUA ALDEIA
Contam os índios Tukano, do
Alto Rio Negro, uma história que
vem sendo passada de pai para fi-
lho há muitos e muitos anos.
Era uma vez um cotiwara (espé-
cie de cotia) que deixou sua aldeia,
onde vivia com seus parentes, e
atravessando florestas chegou até
uma aldeia onde só viviam pesso-
as como a gente.
O cotiwara foi bem recebido e
convivendo com os humanos pas-
sou a se comportar exatamente
como eles. Comia da mesma comi-
da, vestia-se como uma pessoa, fa-
lava, cantava e até dançava como
os humanos.
Anos depois, uma saudade
enorme apertava o peito do cotiwa-
ra. Ele então decidiu voltar para a
sua aldeia. Quase chegando, en- ú
controu um outro cotiwara seu pa-
rente na floresta. Depois de se l
cheirarem, o parente perguntou:
- Você viveu tanto tempo com
os humanos, como é que foi?
E o cotiwara respondeu:
- Vivi com os humanos,
aprendi tudo sobre a vida dos hu-
manos, comi como eles e cheguei
até a falar e dançar como eles. Mas
não virei humano. Continuo coti-
wara.
Nterras
os dias de hoje, as invasões às
ind ígenas por latifund iá-
rios, as ameaças constantes às fam í-
lias ind ígenas por pistoleiros, os
grandes projetos de mineração, hi-
drelétricas, estradas, madeireiras fo- reza, às violências contra sua gente.
ram e são os responsáveis nos últi- São os nossos guerreiros do século
mos anos de mortes, violências e 20. Vamos conhecer alguns deles :
agressões aos povos indígenas .
Como no passado, também no pre-
sente as lideranças ind ígenas resis- MARÇAL TUPA-Y
tem com luta a essas invasões às
suas terras , às agressões à mãe natu- Foi um índio Guarani assassinado
pelas costas no Mato-Grosso do Sul
g
:!
D
em novembro de 1983. Era enfer-
o
& meiro da Funai e criou a Organização
c e Assembléias indígenas e idealizou
<
a unidade entre as nações indígenas.
Foi ele quem entregou um dossiê so-
bre as arbitrariedades acometidas ao
índio, para o Papa Paulo VI , em Ma-
naus. Hoje, Marçal Tupã-Y é um sím-
bolo de luta. Seu assassinato conti-
nua impune. Sua luta continua ma-
Marçal TLJpã nifesta nas vitórias da organização
indígena, hoje.
ÂNGELO KRETA
SIMÃO BORÔRO
I
Waimiri-Atroari por abuso de poder.
Os índios Tikuna vêm desenfre- (
ando uma batalha para terem as suas
terras demarcadas e garantidas. Em
t:XTfA!
28 de março de 1988, 14 índios Ti-
ku na foram mortos e 22 foram feri- fXfRA!
dos, inclusive crianças, numa embos-
cada em S. Leopoldo, no Amazonas ,
armada pelo madeireiro Oscar Cas-
extRA!
telo Branco.
As áreas indígenas do Amazonas e
do Pará, ricas em castanha , em látex,
em minerais (bauxita, estanho, ouro,
cassiterita, madeiras) , são violenta-
mente molestadas por garimpeiros e
madeireiros. Os índios do Pará têm
combatido as construções das hidre-
létricas.
SOCIEDADE INDfGENA
SD~ o QUE A
Faz-se então o jogo dos opressores,
ao se tentar o hum o r através de di tos
.SOCiEDADE~
e expressões como essas ·
Di% $OBIS ND1 ··[ndio quer apito, se não der pau vai
comer"
"[ndio é preguiçoso e não quer traba-
lhar"
" [ndio é bêbado, ladrão , bugre "
'' Ele é índio , mas é limpinho"
" [ndio é pessoa do passado"
"Como viviam os índios? " (como se
os fndios não vivessem hoje)
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_____,
CONCEITOS
OPRESSOR
X DOMINANTES
OPRIMIDO
Os colonizadores subjugaram os povos indígenas, sob a
marca da violência. Pode-se comparar, nos quadros abaixo, as
diferenças entre brancos e índios que determinaram a ocupa-
ção.
BRANCOS fNDIOS
1 - Superioridade em armas . 1 -Arcos e flechas , lanças, laços,
2 - Transporte : cavalos e navios. boleadores.
3 - Emprego de aço e outros me- 2 - Caminhavam a pé ou em ca-
tais. noas.
4 - Imposição de uma supenori- 3 - Emprego artesanal.
dade psicológtca, racial, intelec- 4- Cultura e tradições indígenas,
tual e religiosa. não compreendidas.
5 - Cltma de violência, injustiça e 5 - Clima de luta e resistência
hipocrisia. contra a escravidão.
v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v
preguiçoso 6 6 6 ó 6 6 A 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 A A 6 6 A 6 6 6 6 A 6 6 6 6
O fndio na Constituinte
NO T(TULO VIII - " DA ORDEM SOCIAL " * 5. E vedada a remoção dos grupos indíge-
0 -
Cap1tulo VIII - " Dos fndios" nas de suas terras. salvo. ad referendum do
Congresso Nacional. em caso de catástrofe ou
epidemia que ponha em risco sua população,
Art. 231 - São reconhectdos aos índios sua or- ou no mteresse da soberania do Pa1s. após de-
ganização soctal . costumes. lmguas . crenças e liberação do Congresso Nacional. garantindo.
trad ições. e os direitos origtnários sobre as ter- em qualquer hipótese, o retorno imediato logo
ras que tradiciOnalmente ocupam , competindo que cesse o risco.
à União demarcá- las , proteg er e fazer respettar * 6 ° - São nulos e extintos. não produzindo
todos os seus bens. efeitos JUrídicos. os atos que tenham por obje-
* 1.o - São terras tradtclonalmente ocupadas ttvo a ocupação. o dom ínio e a posse das terras
a que se refere este artigo. ou a exploração das
pelos ind1os as por eles habitadas em caráter
permanente , as utilizadas para suas attvidades riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos
produ tivas . as tmprescindívets à preservaçao nelas existentes, ressalvado relevante inte-
dos recu rsos ambientais necessários a seu resse público da União , segundo o que dispu-
bem-estar e as necessárias à sua rep rodução fí- ser le1 complementar , não gerando a nulidade e
sica e cultural. segundo seus usos . costumes e a extinção direito à indenização ou ações con-
tradi ções tra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
~ 2.0 - As terras tradicionalmente ocupadas ~enfe1tonas derivadas da ocupação de boa fé.
pelos índios destmam-se à sua posse perma- * 7 ° - Não se aplica às terras indígenas o dis-
nente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das posto no art. 174, **
3 o e 4.0 .
riquezas do sol o , dos ri os e dos lagos nelas
existentes . Art. 232- Os índ ios. suas comunidades e orga-
~ 3.0 - O aproveitamento dos recursos hídri- mzações são partes leg ít1mas para ingressar
cos , incluídos os potenciais energét icos, a em juízo em defesa de seus d1 rei tos e mteres-
pesquisa e a lavra das nquezas minerais em ter- ses. intervindo o Mtntsténo Públtco em todos
A unidade, organização e o alto ras indígenas só podem ser efetivados com au- os atos do processo.
grau de conscientização política dos torização do Congresso Nacional , ouvidas as
índios ficaram demonstrados no tra- comunidades afetadas, ficand o-l hes assegu - NO " ATO DAS DISPOSIÇOES
rada partici pação nos resultados da lavra, na CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS "
balho que realizaram na Constituinte
forma da lei ,
para yerem consagrados na Nova ~ 4.0 - As terras de que trata este art1go são Art. 67 - A Untão concluirá a demarcação das
Carta os seus direitos . Direitos esses inalienáveis e d ispo níveis . e os dire1tos sob re terras Indígenas no prazo de c1nco anos a partir
que vão desde o reconhecimento de elas, imprescritíveis . da promulgação da ConstitUição.
sua organização social , costumes ,
línguas, crenças e tradições, aos di-
reitos orig inários sobre as terras ,
proteção e respeito a todos os seus
bens. Na página seguinte, publ ica-
mos a íntegra dos capítulos consti-
tucionais envolvendo os interesses
indígenas.
ENERGIA,
UM DESAFI()À NATUREZA
A política desenvolvimentista no
agressões à natureza, ao meio
Brasil foi implantada a partir da se- ambiente. Terras foram inundadas,
gunda metade do século XX. Em rios e mares envenenados, áreas
1964 , no entanto, o governo militar. desvastadas , doenças e desequilí-
de então , tentando transformar subi- brios social e étnico. No caso dos ín-
tamente um país de Terceiro Mundo dios, além do mercúrio, do vinhoto,
num país de Primeiro Mundo, pôs em que contaminam os seus rios, e_x-
prática um plano desenvolvimentista terminam sua fauna e sua flora, sao
que implicou em c.o ntratos d_e em- eles os que mais sofrem, pelo des-
préstimos no extenor, que nao sa- caso das autoridades com a sua
bemos quando acabaremos de pa- sorte e o desrespeito com que tratam
gar. Resultado, todo o povo brasi- as suas questões.
leiro está empobrecido
Com a Implantação desses gran- Desenvolvimento, sim. Massacre,
des projetos, registraram-se graves não!
Os índios só serão respeitados
no dia em que a sociedade
brasileira neles reconhecer a
Energia, um desafio à natureza sua cultura, língua e tradições.
No dia em que, ao olhar para um
índio, o veja como a um irmão,
A Energia Hidrelétrica
um chefe de família, um
brasileiro que carece como
B Energia Mineral qualquer outro de apoio, mas
1 - Setor Energético c Energia Nuclear
que dispensa o paternalismo.
Que o veja não como pobre.
O Energia Alternativa Afinal eles têm a fortuna da
natureza e todo o bem que ela
encerra.
tot.rta Naamento
,
puma. óleo diesel, querosene etc ...) ta-bois, a cobra de uivado, a cascavel. Os pei-
A Petrográs é o órgão responsável pela ex- xes dos rios , nem contar ... Hoje, tudo poluído.
ploração e produção de petróleo e existem ou- O camurim , a saúna, a traíra . o pitu .
tros órgãos subsidiários que cuidam do pro- Nossa terra , dava tudo : capi , manga, manga-
cesso de Refinarias do produto e persquisas ba, goiaba, pinho , graviola, jaca, banana. ca-
(Shell , Essa, Britsh Petroleum , Ida Mitsu e Elf na-caiana, abacax i. A batata-doce e o rnhame
Equitaine) vinham crescendo de dentro da terra e ficavam
imensos. Com a calda (vinhoto) da usina e o
C- ENERGIA NUCLEAR: desmatamento, as terras do potiguara estreita-
É uma energia derivada do átomo. da ma té- ram . Agora temos que reconstruir o que so-
ria. E um assunto muito polêmrco, porque tra- brou , porque é uma vergonha ."
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VAMOS ALPE,'A5 ,' ... VAMOS
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fORMAR Pi5( UTi~ NOJ5A5
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I GRUP05/ P/ F,' ClJL lJAPE5!
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P ara a transformação social do
nosso país, não bastam críticas.
É necessário, além das críticas,
monitoria em educação. Profissiona-
lização e salário. Pesquisas voltadas
para a realidade indígena, material
apresentarmos soluções, na prática didático, material escolar, garantia
para essa mudança. Todas as lutas da cultura, tradições e língua). Ainda
empreendidas pelo respeito aos po- a educação-escola nas aldeias é irre-
vos indígenas, até hoje, são valiosís- al, apesar dos esforços. Esse tipo de
simas. A nova Constituição foi con- educação prejudicou os costumes e
quistada. É preciso agora novas for- lrnguas indígenas, por isso se neces-
mas de luta e programas de trabalho , sita de uma transformação radical
sugestões para garantir os direitos neste setor.
ali estabelecidos.
Daí a necessidade da Organização
do Movimento Indígena. A UNI , os
C - Saúde (capacitação da moni-
toria em saúde, profissionalização e
salário. Medicamentos que não vio-
H á pessoas, presentes, anônimas ou ausentes
que muito contribuíram com este projeto GRU-
MIN (Grupo Mulher-Educação Indígena). Algumas,
conselhos, as organizações indíge- lentem a cultura indígena. Resgate pela força que deram, outras pelas críticas que aju-
nas existem. O Projeto Grumin sur- da medicina natural. Uso dos hospi- daram a construir esta obra.
giu como um braço para sensibilizar tais só em caso de problemas gra- Nosso trabalho nasceu da consciência, do san-
e fortalecer e divulgar os trabalhos ves) . gue nas veias e da luta contra qualquer tipo de
que as mulheres e crianças já vêm fa- D - Organização de Projetos escri- opressão ou discriminação. Ele está aí, pronto a
zendo. Assim , chegaremos lá. A pro- tos e como encaminhá-los. Esses discussão.
fecia será cumprida e os povos indí- Projetos podem ser voltados para Continuaremos nosso projeto, porque o chão é
genas sobreviverão, a partir da uni- cada assunto (educação, saúde, muito grande.
dade. E a unidade se constrói com agricultura etc ... ) A terra, a natureza e Tupã têm sido destemunhas
trabalho e persistência. E - Para encaminhar projetos so- das marcas de sangue, dor e preconceito que o
Precisamos sugerir e até exigir do licitando recursos, precisamos lega- povo indígena tem sofrido.
órgão tutelar um Programa de Saú- lizar juridicamente o grupo de traba- Nossa história verdadeira é pouco conhecida .
de, Educação e Agricultura, bus- lho, ter uma conta bancária e traba- Nossos avós , muitos deles desgostosos , preferi-
cando apoios nas Secretarias Muni- lhar realmente com a comunidade. ram o silêncio, que , também como a luta e a persis-
cipais e Estaduais. Podemos buscar - Escreva para o Projeto GRU- tência , representa a SABEDORIA.
soluções r.o Ministério da Educação, MIN , que temos um manual. Precisamos, com essa sabedoria, que a nós foi
Saúde e Agricultura. Muitos traba- - Nossas culturas, tradições, re- passada, mergulhar no fundo do rio, do mar, pene-
lhos e encontros já foram realizados ligiões, línguas preservadas e res- trar nas montanhas, no seio das matas e das cacho-
pelas lideranças indígenas. Preci- gatadas (porque são as nossas raí- eiras e sentir a origem do povo indígena e lutar com
samos efetivar, isto é, colocar na prá- zes). e por ele.
tica , essas exigências. - O movimento indígena unido e É o resgate e a preservação da nossa identidade.
organizado, como nos ensinou Mar- ~ão haverá natureza preservada, se os seus guardi-
MAS COMO? aes -os índios- não mais existirem.
çal Tupã-Y, e como vêm lutando para
NOS ORGANIZANDO EM GRU- isso todas as comunidades indíge- Vivamos então!
POS DE TRABALHO DENTRO nas e suas lideranças.
DA ALDEIA OU FORA DELA E
Assim:
DIVIDINDO AS TAREFAS ESTAREMOS RESPEITANDO A
São eles: NOSSA TERRA E NOS FORTALE-
A - Direito à terra e sua demarca- CENDO. JAMAIS ABRIREMOS MAO
ção. Como garantir essas terras. Ter DELA, PORQUE ELA É A NOSSA
um advogado. A UNI tem um núcleo ORIGEM, A NOSSA MAE.
de direitos indrgenas.
B - Educação (capacitação da Fim
ORAÇÃO PELA LIBERTAÇÃO DOS POVOS INDfGENAS
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