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NHJÇNDEC~

ELIANE POTIGUARA

~f!r'~

GRUMIN GRUPO MULHER - EDUCAÇÃO INDfGENA


A TERRA É A MAE DO (NDIO
Publicação do GRUMIN
Projeto '' O (NDIO CONTA SUA HISTÓRIA

Criação de texto: ELIANE POTIGUARA

Concepção Visual e Ilustrações: YKENGA

Edição e Su pervisão Gráf ica : ALCINO SOEIRO

Arte- Final e Montagem: CLÁUDIO


Composição: WJ - EDITORA E FOTOCOMPOSIÇAO L TOA .
Revisão: LEILA NUNES
Fot olitos: GRAFICA UFRJ

Impressão: PONTIFfCIA UNIVERSIDADE CATÚLICA DE MINAS GERAIS


Pró-reitoria de Extensão
APOIO: Programa de Combate ao Racismo (CMI)

Dedico este trabalho a

V ~ Maria de Lourdes , pela consciência.


Mae Elza , pela vida .
Filhos (Moí.na ,,Tajira e Potiguara) pela força .
Aos povos 1nd1genas do Brasil , péla sua garra e luta.
El 1ane Potiguara

Copyright by (c)
GRUMIN - Grupo Mulher-Edu cação Indígena
Rua da Quitanda, 185 s/ 503 - CEP 20 .091
Rio de Janei ro - RJ - Brasi l
• Quem somos nós
População indígena
Sociedade indígena
Sociedade envolvente
Educação e família indígena
Costumes e tradições
- Vida do índio
- Participação indígena

• O Descobrimento do Brasil
- Escravidão indígena

• Entradas e Bandeiras
- As Bulas Papais
- Cronologia da scravidão indígena

• Nossos guerreiros
- Desconhecimento e preconceito

• Século XX
O Poder
- Relação fndio x Estado

• O índio na Constituinte
• Energia, um desafio à natureza
• O que fazer
Apresentação
N a proposta do GRUMIN- Grupo Mulher-Educação Indígena destaca-se o traba-
lho voltado para a Educação dentro das aldeias como forma de contribuição à
luta do mov1mento indígena de resgate de sua história , de sua cultura e até mesmo de
sua identidade, nas regiões onde o processo de colonização foi mais destruidor. E de
preservação. onde essa cultura ainda não foi tocada.
Nesse trabalho de reconstrução . a educação e a saúde despontam como pilares do
projeto a ser desenvolvido. E ele é totalmente viável na medida em que está em mar-
cha todo um processo de conscientização dos povos indígenas para a defesa de seus
direitos a terra . a natureza da qual são valorosos guardiães , à vida, enfim .
Uma vida livre. sem tutelas , de organização social. pol ítica e econômica. Uma vida
sem ameaças, opressão ou d1scnminação .
Para que isso aconteça . não basta apenas a conscientização do índ1o dos seus
problemas em função da realidade da sociedade envolvente. E necessário que essa
sociedade envolvente também se conscientize de que o índio não é um ser estranho
ou incapaz. Ele. ao longo destes cmco séculos, tem sido apenas um guerreiro em
luta pela defesa de sua gente. de suas terras . na guerra mais longa de que o mundo
tem memória .
O GRUMIN -Grupo Mulher-Educação Indígena. ao lançar este livro-cartilha · A
TERRA É A MAE DO fNDIO '', pretende tão somente somar aos esforços de todos os
1rmãos índios em busca desse objetivo , levando aos monitores de educação , enfer-
meiros indígenas e professores das cidades seu apoio , para a compreensão das ra-
zões socia1s . políticas e econômicas que deram ongem à opressão, discriminação
social e racial que sempre os envolveram .
Compreende o GRUMIN que só entendendo a nossa H1stóna , vamos enfrentar o
presente para construirmos o futuro: um futuro de trabalho e organização , dentro de
um clima de Paz .
.. Junho de 1989
GRUMIN- Grupo Mulher-Educação Indígena

-
,
Muitas sociedades indígenas con-
tinuam resistindo à influência da
sociedade capitalista envolvente,
conservando, por isso mesmo, sua
cultura , costumes e tradições, como,
por exemplo, os YANOMAMI.
São 20 mil índios Yanomami , que
vivem na Serra dos Surucucus, na
Amazônia , que ali resistem às cons-
tantes ameaças das empresas mine-
radoras e garimpeiros atraídos pela
riqueza mineral de seu solo. Vivem
como guardiães da natureza , numa
luta que valeu a seu grande líder,
David Yanomami , o prêmio Global
POPULAÇÃO da riqueza, que a ele era garantida
através do nome e sobrenome.
2.000, conferido pela Organização
das Nações Unidas - ONU.
A mulher, antes homenageada e
indígena respeitada, passa a trabalhar _ju nt?
com a família, para o dono do d1 nhel-
ro. Poderia ser ele um conhecido, o
irmão ou até mesmo o próprio marido.
orígem dos povos primitivos
A americanos continua ainda a ser
pesquisada pela ciência. Mas o que se
Todo esse sistema estava (e está)
centrado na relação:
a) Poder (quem tem di~hei~o) .
sabe, é que os índios habitavam a
b) Política (quem tem dmhe1ro em-
América, muitos séculos antes de sua
fluência)
invasão pelo europeus. .
Antes de 1500, os índios no Brasil
eram 5 milhões, formando 900 naçf>~s
indígenas. Hoje, com o seu exte.rmmiO
pelos invasores, for~m reduzidos a
pouco mais de 200 mil! ocupan?o 180
nações, falando 120 llnguas diferen-
tes.
As civilizações indígenas foram le-
vadas a transformar seu modo de vida,
ao conhecerem a acumulação de
bens, produtos, metais, moeda, pro-
Sociedade Sociedade
priedade privada, dentro do modelo
capitalista.
indígena envolvente
Assim sucumbiram , transformando , 1 Sentido de terra coletiva 1 Propriedade privada
em sua grande maioria, seus costu- 2 Economia de subsistência 2 Economia acumulativa
mes e tradições, como , por exen:'plo. 3 Sociedade igualitária 3 Sociedade discriminatória
os iroqueses, nos Estados Um~os , 4 Troca de objetos 4 Troca de dinheiro
onde deixou de prevalecer o reg1me por objetos por mercadorias
matriarcal. 5 - Respeito à vida e à natureza 5 - Ação predatória
O homem, nessa nova sociedade,
ao juntar dinheiro e bens, ficava dono
COSTUMES E
TRADIÇOES
s danças, festas e músicas são
Abanhadas com comidas e bebi-
das preparadas pelas mulheres e fi-
lhos. Fazem-se festas para as co-
lheits, para a chuva , sol, pássaros e
uma infinidade de elementos da na-
Educação tureza.
Os utensílios do dia-a-dia - são
construídos pela comunidade, assim
e família como a cestaria , a rede ou jirau onde
dormem, a tecelagem , a construção
das casas (coletivas ou não) , con-
fecção de canoas, adornos, artesa-
indígena natos de plumagem.
A divisão de trabalho, o ofício de
tecer, pintar e tatuar varia de aldeia
educação da criança indígena é para aldeia onde os homens podem
A muito sábia e simples. Os fi lhos
acompanham os pais nas tarefas diá-
exercer a pintura em uma e em outra
ser uma arte exclusivamente das
mulheres. As pinturas são feitas com ções de grupos para grupos. Alguns
rias, nas caçadas, nas colheitas do ro-
jenipapo e urucum, para festas , povos, como os MARUBO, por
çado , na confecção da comida e be-
bida ' nas festas, nas danças, na guerras, morte ou doença. exemplo- estão divididos em clãs e
. pro-. A organização social e polftica das a descendência de cada clã é de or-
dução do artesanto, etc .. Ass1m va1
comunidades indígenas é buscada dem matrilinear, isto é, descendên-
aprendendo desde cedo a ser inde-
no parentesco, com algumas varia- cia da mãe.
pendente a gostar do trabalho. Essa
relação, onde não há espaços para
violências ou repressões, aliada ao
sentimento coletivo da terra, ao sen-
timento de solidariedade, à vivência e
experiência dos pais, avós e tios , con-
duz a uma Educação natural e sadia,
de todas as crianças e jovens. Os pri-
meiros contatos com os brancos,
trouxe para a aldeia a educação-
escola, que tem aspectos positivos e
negativos.
Os Pajés cuidam dos doentes. São frentistas nesta metade do século.
VIDA
sábios anciãos da tribo que conhe-
cem os segredos da cura pelas plan-
tas, invocando a proteção dos espíri-
tos através de rituais.
Hoje, o conselho-tribal vem sendo re-
tomado em algumas comunidades,
assim como outras tradições ecos-
tumes. Esse conselho é que, nessas
DO
comunidades, elegem por consenso,
***
Antes da chegada dos europeus,
havia o conselho tribal que reunia os
mais velhos e experientes membros
o Cacique.

***
fNDIO
da coletividade. O conceito de caci- As lendas indígenas relatam a
que-chefe da tribo foi introduzido criação do mundo de maneira mítica,
pelo europeu e significa "pequeno onde o inicio surge da interelação
rei despótico" de uma micro-região. dos elementos da natureza, animais,
O "capitão" foi introduzido pelos acidentes geográficos, etc.

A cultura indígena é rica. A pureza


dos seus costumes, no entanto, vive
ameaçada pelas tentativas dos
brancos de aculturá-los, para
colocá-los a seu serviço. Se
permitissem continuar como sempre
viveram , terramos sempre presente
histórias tão belas como as que os
Toyuca, da Amazônia, nos contam a
seguir.
" A tribo Toyuca faz parte das na-
ções indígenas muito antes de existir
o Brasil. Tendo seus princípios, mito-
logia, costumes e tradições pró~rias.
Hoje em dia, a tribo Toyuca é ma1s ou
menos conservadora, isto é conserva
a sua cultura. A gente faz festa à natu-
reza, à mandioca, ao peixe, ao milho,
PARTICIPAÇÃO
fazemos o DABUCURI que é uma
festa que a gente junta p~ixe , frutas
para ofertar aos parentes. E ~ma festa
INDfGENA
tradicional. Prepara-se a beb1da que é
o CAXIRI que é preparada com a
mandioca ralada. Quem prepara é
a mulher. Ela mastiga a mandioca e
cospe dentro da talha porque ela
acredita que com aquele mastiga-
mente dá mais força ao CAXIRI e
ajuda a fermentar a bebida. Sem CA-
XIRI, não tem festa agradável. Fuma-
mos tabaco natural sorocaba, que é
um tabacão comp rido, que a gente

enrola e fica bem grande e tem que


permanecer uma noite acesso. Nós
não fumamos como na cidade. Fu-
mamos pouco e nos rituais. O EPADU,
é uma planta tradicional que não deve
acabar. É usado somente no ritual No I Encontro dos Povos do Xtngu em Altamlfa
PS{Jtr to ue 11ta a oraafl•Zêtçâo
os indtos deram uma demonstração tnsof;smàvel oe seu

porque faz concentrar as idéias do~


velhos, dos pajés , dos pensadores. E o passado até hoje, os índios têm ciando seus sofrimentos e os grandes
uma planta que nos faz entrar em con-
tato com os espíritos e que nossos
N sido guerreiros na luta pela vida.
Hoje, como resultado dessa luta, uma
projetos governamentais que dese-
quilibram o ecossistema, agridem à
avós e pais usam também como esti- constituição voltada para seus direi- ecologia e atentam contra sua estru-
mulantes para não ter fome em longas tos históricos, foi promulgada. Porém tura social.
viagens. muito trabalho deverá ser feito para Dentro das aldeias, os problemas
Nós fazemos reza para a força da garantir esses direitos. Além disso, os que afetam os índios têm sido discu-
natureza, força fenomenal das chu- índios vêm divulgando-os seus direi- tiso em assembléias, ou nos encon-
vas, do relâmpago e rezamos ao Deus tos na televisão, nos jornais, nas rá- tros regionais. As lideranças exigem a
do verão. E quem faz a reza é o pensa- dios, nas conferências em escolas, discussão dos seus problemas dire-
dor e se eu quiser fazer reza tenho que universidades e sindicatos. tamente com o governo. Muitas vitó-
estar perto do reza dor'' . Outros foram à ONU (ORGANIZA- rias têm sido conquistadas. Todas
ÇÃO DAS NAÇOES UNIDAS), nos como resultado de consciência e da
fNDIO TOYUCA, 1986 congressos internacionais, denun- unidade indígena.
DESCOBRIMENTO
DO
BRi~SIL
s povos oprimidos, discrimina-
O dos do mundo inteiro (África,

O Brasil Ásia, América Latina,Central, Austrá-


lia etc ... ) sofreram séculos de subor-
dinação, imposta pelo poder euro-

não foi
peu. No Brasil, nos séculos XV e XVI
os colonizadores escravizaram os
indígenas. Porém os índio~ não acei-
ESCRAVIDÃO INDfGENA
taram a escravidão e muttos deles pesar da resistência ao trabalho deu origem à população brasileira:

descoberto. como os GUARANI no sul do Brasil


jogavam as esposas, velhos e cri~n­
A forçado , houve a escravidão
indígena pela força das armas, que
brancos, caboclos , negros e os
índios que já aqui existiam.
ças do alto das rochas e em se~u1da fizeram muitas mortes. A história do Em 130 anos, dois milhões de
se suicidavam. Isso era uma at1tude Brasil, infelizmente, nada registra índios guarani, das bacias dos rios
de protesto e coerente. sobre isso. No entanto, existem Paraná, Paraguai e Uruguai, foram
Jamais o índio iria aceitar, em sua centenas de livros e documentos mortos ou escravizados.
própria terra , imposição, racism? , narrando atos heróicos das Entradas Conta-se que num mesmo ano
violência contra seu povo . Jama1s e Bandeiras, do trabalho dos duas mil toneladas de algodão foram
iria trabalhar horas à força para os jesuítas , dos Governadores Gerais. produzidas pelos índios, além de
invasores, de cultura , língua e vidas História se faz com a trajetória das possuírem um milhão de cabeças de
diferentes da sua. vidas humanas e com a verdade. gado na Região do GUArRA, sob os

Foi Para o colonizador daquela época .


resistência , luta, dignidade e cultura
indígenas eram sinônimos de pre-
Assim teríamos a história real que olhos da escravidão

invadido. guiça e incompetência.

Ângelo Kretã , cacique K_a.igang , to~ o primeiro


índio a participar da po1Jt1ca no p~1s . por acre-
ditar que essa participação rendena resultados
positivos à luta que o índio trava ~or sua.s t~r­
ras . Como vereador é sua a frase: · O Brasil na o
não foi descoberto. Foi invadido."
ENTRADAS BANDEIRAS

s Entradas e Bandeiras, de que se


A contam tantos atos gloriosos,
nada mais eram que grandes contin-
gentes pára-militares de captura aos
índios para a escravidão. Esses con-
tingentes de caça ao índio eram for-
mados por degradados de toda es-
pécie, que vinham para a terra nova
- o Brasil.
Quando 90°/o da população índia já
havia sido destruída pelos maus-tratos
da escravidão, pelas doenças, pelos
massacres etc. , iniciou-se, então , no
Brasil , a escravidão dos negros. Os
fndios já não serviam mais . Eram
" incompetentes e pregu içosos", se-
gundo os portugueses.
••• E AS BULAS P PAIS
,, POR
ESTA BULA As missões jesuítas formaram ver-
dadeiros impérios. Em 1609, os
EU f>RO(BO_A padres italianos Cataldino e Maceta
ESCRAVIDAO receberam da Espanha título exclu-
sivo para catequizar a região do
DO {NDiO! .u iSSO NÃO GUAIRA (Rio Grande do Sul). Esses
padres fundaram cerca de 30 alde-
VAi DA~ CfRfol
I
amentos , onde os índios se ··prote-
giam " da escravidão dos portugue-
ses e espanhóis. Ali os índios teciam ,
aprendiam música, construíam ca-
sas, plantavam , aprendiam línguas e
oravam ao Deus cristão. Durou 1 sé-
culo e meio o grande projeto social-
religioso , que proibia a cultura indí-
gena, na realidade.
Os jesuítas apaziguavam, catequi-
savam , criando hábitos diferentes da
.. cultura indígena. Os europeus rei-
nantes inquietavam-se com o cres-
cimento do exército indígena criado
pelos padres. Daí a briga da Igreja
com o Estado.
A Igreja proibia a escravidão indí-
gena através das bulas papais e de-
cretos, que foram inúmeros. Porém ,
tudo funcionava contra o índio. As
medidas de defesa do índio nunca
passaram do papel.
escravidão indígena na realidade 131.658 habitantes.
CRONOLOGIA DA A sempre existiu, apesar das leis de
proibição dos reis e papas. Os colo-
1756- Morte de Sepé Tiaraju e 01-
ZIMAÇAO de 10 mil GUARANI.
nos que viviam aqui reclamavam que 1757- É extinto o cativeiro ao índio.
ESCRAVIDÃO IND(GENA sem índios não haveria economia co-
lonial . No entanto, há uma contradi-
ção muito grande daqueles que não
Expulsão dos jesuítas do Brasil.
1763- Nova epidemia fez 7.414 ví-
timas indígenas. Os índios continua-
queriam a escravidão. Infelizmente vam escravos.
EM 1500, O BRASiL. liNHA para o índio , ter um escravo era o que
todos queriam. Os acontecimentos
1770-30 aldeamentos jesuíticos
contavam com 115 mil índios.
5 MâL-HÕES DE ÍNDiOS & abaixo relatados provam a existência
desse processo de escravidão.
1755- Lei que iguala as etnias in-
dígenas aos emigrantes europeus,
900 NAç,ÕE S :ND(GEHAS 1337- Bula de Urbano Espanha
VIII, proibindo a escravidão indígena.
favorecendo o casamento entre eles.
1758- Era proibido igualar os ín-
1462- Bula Papal que proibia es- dios aos negros escravos.
cravidão dos índios e negros da Áfri- 1759- Francisco Xavier , irmão do
ca. Marquês de Pombal, criou o cargo de
1557-40 mil Guarani subjugados à '' diretor dos índios . em face da bruta-
escravidão no sul do Brasil pelos es- lidade natural e manifesta ignorância
panhóis. dos índios". Prenúncio da tutela e da
1563- 70 mil índios vítimas de va- discriminação às pop ulações ind í-
... rEMOS OUE ríola.Guerra dos Caetés .
1566- Mem de Sá nomeia capitães ,
genas.
1808- D. João VI revogou a escra-
ACABAR LOGO que maltratavam as índias e as usa- vidão indígena e abriu guerra aos bo-
COM ELES! vam em serviços para proveito pró- tocudos.
prio. 1823/ 24- José Bonifácio ap resenta
1570 a 1609- Escravidão decretada à comissão de colonização , civiliza-
aos índios aprisionados em guerras ção e catequese aos índios um d o-
justas (essas guerras, na realidade , cumento para o p rojeto da Co nsti-
eram a favor do colonizador) . tuinte que menciona " o cu idado de
1612 - Chega da Espanha padre criar estabelecimento para a cate-
Montoya (realizador do Estatuto dos quização e civil ização dos índios ",
Jesuítas) para ajudar os ideólogos da mas na Constituição promulgada por
catequese. D. Pedro I, nada é mencionado.
1631 - Estatutos das reduções ( Es-
- panha) confirma que os índios não
poderiam ser subjugados à escravi-
1845- Criação do " regulamento
acerca das missões de catequese e
dão. civilização" , que cria um diretor de
índios para cada província.
1628 a 1630- 60 Mil Guarani foram
arrancados de suas terras pelo capi- 1910- A legislação regulariza o SPI
tão-do-mato (Entradas e Bandeiras). (Serviço de Proteção ao lndio) .
1639- Bula de Urbano VIII- decla- De 1500/ 750, 155 cartas dos reis fo-
rava excomunhão para quem cati- ram escritas regulamentando a li-
vasse e vendesse índios. berdade dos índios : tratavam basi-
1718 a 1729- Total de índios cate- camente da escravidão. aldeamen-
quisados pela república GUARANI : tos e trabalho indígena.
QUEM roRAM
E QUEM
SÃO N05SOS
GUERREiROS ?•
SEPÉ ~es~ tempo, moravam muitos índios na beira do mo 1
s md1os que moravam no beira do mar eram:

TIARAJU
Fculo
oi um guerreiro Guarani do sé-
XVIII assassinado pelos es-
panhóis e portugueses aos 33 anos,
em 7 de fevereiro de 1756, próximo a
Bagé, sudoeste do Rio Grande do
Sul.
Ele comandou um exército de mi-
lhares de índios. Todos o respeita-
vam e o admiravam. O projeto jesuí-
tico das missões encabeçado pelos
padres Cataldino e Maceta se encer- ... ~·. --~ . _,_ - _
.. ........... .............__
rou naquele momento com a morte -- .... - ._
do guerreiro. Hoje, no Rio Grande do
Sul , nas ruínas das Missões só se vê
mato e ervas daninhas, locais onde
os sinos tocavam. Lá existiu a Repú-
blica Comunista Guarani, reduto
KUNHAMBEBE
onde se arrebanhavam almas indíge-
nas para efeito da colonização cris- .. Kunhambebe era chefe da aldeia
tã. Nesta luta morreram milhares de escravos na fazenda de Brás Cubas. Tupinamb_á, localizada em Angra dos
Depois da morte de seu pai, Aimberê Re1s, e ele1to também primeiro chefe
índios Charruas, Guarani , além das
pedia justiça e criou a Confederação ~ da Confederação dos Tamoios para
lideranças Alexandre , Nhendiru e
mais tarde Marina, a esposa de Se pé. dos Tamoios, juntamente com Pin- acabar com Piratininga, a cidade dos
dobriçu , Koa Kira, Araraí e outros ín- portugueses. Os padres que vieram
Aimberê dios Goitaká e Aymoré.
Depois da morte de Kunhambebe,
para ajudar os índios- na realidade
para aculturá-los- foram Manoel da
Aimberê era da aldeia de Uruçumi- Aimberê foi chefe da Confederação Nóbrega e José de Anchieta, que
rim da nação Tupinambá. Seu pai era dos Tamoios. Na Batalha, Tibiriçá trai eram tuberculosos.
o chefe, o índio Kairuçu, que foi preso a Confederação dos Tamoios. Mem Kunhambebe morreu de doença
com Aimberê pelos portugueses em de Sá e Estácio de Sá foram os Go- dos portugueses, assim como a maio-
S. Vicente. Muitos índios morreram vernadores naquela época. Nesta ria do_s índi.os. A Confederação dos
lutando e Kairuçu e Aimberê foram luta morrem todos os Tamoios. _Tamo1os fot uma luta de resistência
de 1554 a 1567.
HÁ 500 ANOS
OS fNDIOS
DO NORDESTE
RESISTEM MAPA DOS (or;
POVOS INDfGENAS ~
A invasão do B rasil começou do
Nordeste em di reção ao Leste
portugueses, holandeses. fran ceses
e sertanejos.
DO LESTE
pelo lito ral. Por isso mesmo foram os Enfrentaram também ao lo ngo
desse período a p ressão de séculos
E NORDESTE
índios dessas terras os que mais so- (
freram . para que deixassem de ser índios, a )
A luta armada mais conhecida fo i catequese das Missões, a em ancipa-
travada pela Confederação dos Ta- ção de Pombal , o desprezo e os pre- (
1- Tremembé. 16 - Genpankô 20
moios, reunindo vários povos. conceitos dos sertanejos e, atu al- Pop. 2.643 hab Pop.?
A mentira dos po rtugueses e a trai- mente, a sociedade cap italista. 2- Tapeba 17 - Xokó
Pop. 914 hab Pop. 230 hab.
ção venceram , mas não subjugaram Apesar disso estão unidos na 3 - Poltguara 18- Tuxá
Pop. 4.418 hab Pop. 700 hab
estes povos. Preferiram a morte à es- mesma convicção : conti nuam sendo 4 - Xacuru 19 - Pankararé. ~
cravidão e hoje existem só na lem- índios e com um alto grau de soli da-
~~~~~é~oo t~-s
Pop. 3.391 hab
5- Kapinawa 20 - hab.
brança, assim , como os povos Tup i- riedade, fundamentada na idéia de Pop. 250 hab Pop. 1 100 hab. 2~
nambá, Kaeté, Goiataká, Aymoré e sua origem , de uma natu reza e u m 6- Kambiwá. 21 - Kiriri.
Pop 675 hab. Pop. 1.630 hab '26
Tom iminó. destino comum que os d isting ue 7- Atikum 22 - Pataxó Hã-Hã-Hãe. 11 · i.5
Por tudo isso, os índios remanes- como povo. 8 -
Pop . 2 645 hab.
Pankararu
Pop. 1.029 hab. ~
23 - Pataxó {Coroa Vermelha) ~_,~
centes do Nordeste e Leste foram as- Daí sua organização e o traba lho Pop 3.523 hab. Pop.? \
similando a cultura dos colonizado- político e cultural que realizam no 9 - Tuká 24 - Pataxó {Barra Velha).
Pop.? Pop 1 082 hab. -/. ~ _)
res. Muitos perderam seu próprio sentido de resgatar suas tradições, 10- Wasú 25 - Tupinikim CJ
Pop 830 hab Pop. 884 hab.
idioma, adotaram a alvenaria de reafirmar sua própria identidade ét- 11 - Kariri-Xokó. 26- Krenak
pau-a-pique na construção de suas nica e recuperar suas terras. É a luta Pop 1 040 hab Pop 102 hab.
12 - Karapotó. 27 - Pataxó.
casas, usam roupas como lavradores dos Potiguara, dos Kukuru , dos Ful- Pop 209 hab. Pop 62 hab.
e adotaram , também , esse tipo de ni-Ó, dos Pankakaru , dos Tupiniquim , 13 - Tingu i 28 - Xakriabá
Pop.? Pop. 4.235 hab.
atividade econômica. dos Xoco e outros. 14 - Xukuru-Kariri. 29 - Fulni-õ.
Até mesmo os usos e costumes ou Contra tudo isso, enfrentam em- 15 -
Pop 510 hab.
Xukuru-Kariri.
Pop. 3.500 hab
30 - Maxakali.
as danças cultuadas como símbolos presas multinacionais interessadas Pop 110 hab Pop. 500 hab.
da origem indígena sofreram altera- nas suas terras e riquezas naturais,
ções, em conseqüência do processo os fazendeiros e madeireiros locais e
de aculturação, sofrido por quase até mesmo os garimpeiros, além dos
cinco séculos, em que enfrentaram políticos tradicionais.
A HISTÓRIA DE UM
COTIWARA QUE VIVEU
_QNGE DE SUA ALDEIA
Contam os índios Tukano, do
Alto Rio Negro, uma história que
vem sendo passada de pai para fi-
lho há muitos e muitos anos.
Era uma vez um cotiwara (espé-
cie de cotia) que deixou sua aldeia,
onde vivia com seus parentes, e
atravessando florestas chegou até
uma aldeia onde só viviam pesso-
as como a gente.
O cotiwara foi bem recebido e
convivendo com os humanos pas-
sou a se comportar exatamente
como eles. Comia da mesma comi-
da, vestia-se como uma pessoa, fa-
lava, cantava e até dançava como
os humanos.
Anos depois, uma saudade
enorme apertava o peito do cotiwa-
ra. Ele então decidiu voltar para a
sua aldeia. Quase chegando, en- ú
controu um outro cotiwara seu pa-
rente na floresta. Depois de se l
cheirarem, o parente perguntou:
- Você viveu tanto tempo com
os humanos, como é que foi?
E o cotiwara respondeu:
- Vivi com os humanos,
aprendi tudo sobre a vida dos hu-
manos, comi como eles e cheguei
até a falar e dançar como eles. Mas
não virei humano. Continuo coti-
wara.
Nterras
os dias de hoje, as invasões às
ind ígenas por latifund iá-
rios, as ameaças constantes às fam í-
lias ind ígenas por pistoleiros, os
grandes projetos de mineração, hi-
drelétricas, estradas, madeireiras fo- reza, às violências contra sua gente.
ram e são os responsáveis nos últi- São os nossos guerreiros do século
mos anos de mortes, violências e 20. Vamos conhecer alguns deles :
agressões aos povos indígenas .
Como no passado, também no pre-
sente as lideranças ind ígenas resis- MARÇAL TUPA-Y
tem com luta a essas invasões às
suas terras , às agressões à mãe natu- Foi um índio Guarani assassinado
pelas costas no Mato-Grosso do Sul
g
:!
D
em novembro de 1983. Era enfer-
o
& meiro da Funai e criou a Organização
c e Assembléias indígenas e idealizou
<
a unidade entre as nações indígenas.
Foi ele quem entregou um dossiê so-
bre as arbitrariedades acometidas ao
índio, para o Papa Paulo VI , em Ma-
naus. Hoje, Marçal Tupã-Y é um sím-
bolo de luta. Seu assassinato conti-
nua impune. Sua luta continua ma-
Marçal TLJpã nifesta nas vitórias da organização
indígena, hoje.

ÂNGELO KRETA

fndio Kaigang foi vereador, assas-


sinado em 1980, quando dirigia seu
David Yanomam1 , Prêmio Global 2,000, carro numa estrada de volta à sua ca-
na assembléia dos Tuxauas. em Surumu -AO
sa. Dizem que foi ACIDENTE. Sua es-
posa relatou que dias antes havia
sido ameaçado de morte porque de-
nunciava as invasões às terras e lu-
tava pelos direitos índios. Foi o pri-
meiro vereador índio no Paraná.

SIMÃO BORÔRO

fndio Borôro, assassinado em Ma-


to-Grosso por denunciar os inciden-
tes na área Borôro, na Região do
Barra do Garça.
O crime continua impune, assim
No I Encontro dos Povos do Xingu . em Altamira . a presença das guerreiras Kalapó . como todos os outros, até hoje.
Os Pataxó Hã-Hã, Hãe em 1982 fo- No sul do Brasil , os Kaigang e os
, ram espancados, humilhados. Os Guarani têm lutado pelas suas terras
Maxacali, Krenak Xacriabá, Kapi- e na maioria das vezes são prejudi-
I~ nauwá, Xucuru, Kariri-Xocó , Kiriri, cados pelo latifúndio.
Pankararé, Potiguara foram alvos de O Projeto Calha Norte foi implan-
violência nas últimas décadas. tado na área dos índios Tukano. É um
As áreas indígenas do Alto Rio Ne- Projeto do Governo que visa a inte-
gro encontram-se totalmente lote- gração do índio. Um dia nós teremos
adas por empresas mineradoras. As uma resposta e reação diferente do
áreas mais atingidas são as dos ín- que acontece hoje em dia, porque a
dios Tenharim, Waimiri-Atroari , Tu- repressão conduz à luta de liberta-
kano, Dessana e Toyuca. ção.
Outras áreas indígenas que vêm
sofrendo invasões são as dos índios
Yanomami na serra, de Surucucus,
os Manduruku , os Sataré-Mawé e os

I
Waimiri-Atroari por abuso de poder.
Os índios Tikuna vêm desenfre- (
ando uma batalha para terem as suas
terras demarcadas e garantidas. Em
t:XTfA!
28 de março de 1988, 14 índios Ti-
ku na foram mortos e 22 foram feri- fXfRA!
dos, inclusive crianças, numa embos-
cada em S. Leopoldo, no Amazonas ,
armada pelo madeireiro Oscar Cas-
extRA!
telo Branco.
As áreas indígenas do Amazonas e
do Pará, ricas em castanha , em látex,
em minerais (bauxita, estanho, ouro,
cassiterita, madeiras) , são violenta-
mente molestadas por garimpeiros e
madeireiros. Os índios do Pará têm
combatido as construções das hidre-
létricas.
SOCIEDADE INDfGENA

1 - Na sociedade indígena as re-


lações de trocas se dão através do in-
tercâmbio de objetos, víveres de
primeira necessidade e não por di-
nheiro.
2 - Não há soc iedade de classes
" Os Yanomami têm medo dos ga- entre os índios, porque a terra e os
rimpeiros. Muitos deles são crimino- bens de produção são co letivos, não
sos, levam muita arma de fogo, como existindo assim nem ricos e nem po-
revólver, espingarda. Eles têm todas bres.
as armas e também falam que têm 3 - A sociedade indfgena é co-
metralhadora. A Polícia Militar fica munitária. O trabalho é comunitário.
do lado dos garimpeiros e os Yano- Não havendo relação de poder, as re-
mami acham que por qualquer coisa lações humanas são harmon iosas
a polícia fica do lado dos garimpei- (pais e filhos, marido e mulher etc.) e
ros." IVANILDO WAWNAWEYTHERI a ajuda, bem como solidariedade
(liderança dos Yanomami) . mútuas são altamente presentes.
4 - O índio não acumula bens ma-
teriais ; produz o necessário para vi-
ver.
5 - A sociedade indígena é dife-
rente da sociedade envolvente, nos
costumes, nas tradições, na história,
na economia, na política social e na
religião.
DESCONHECIMENTO E PRECONCEITO
O s portugueses quando chegaram
ao Brasil não entendiam a vida, a
sociedade indígena.
As cartas a Portugal escritas por
Pero Vaz de Caminha a Aspilcueta
Navarro demonstraram a ignorância
e o desconheci menta acerca da re-
alidade do povo indígena.
Vamos apresentar algumas cita-
ções que demonstravam esse des-
conhecimento e o preconceito;
''Tudo neles revelava um povo no
estado de atrasadíssima civilização. "
' 'Eram falsos, infiéis, desconfiados
e até bárbaros. "
" Sobre a língua destes índios , é a
única em toda a costa brasileira, mas
se observa a falta de três fonemas-
F-L-R- demonstrando assim que os
índios não tem Fé, Lei, nem Rei e
desta maneira vivem sem justiça e de
maneira desordenada."
Os espanhóis ao encontrarem acivi-
lização indígena levantaram a dúvida
se índio pertencia à raça humana.
Chegou-se a considerá-lo " CASI
MONO" (quase macaco).
- Nos aldeamentos, o moralismo
europeu, agravado pela noção reli-
giosa de pecado , levou os jesuítas a
vestirem um roupão branco até os
pés nas índias.
- No GOROTIRE, um missionário
via na cultura indígena hábitos ab-
surdos.
E até hoje, como resultado do pre-
conceito daquela época, e do pater-
nalismo exercido durante séculos , o
índio teve a sua cultura escondida,
para que através dos tempos essa
cultura fosse dizimada, sem deixar
registro na História.
O que pode parecer uma simples
brincadeira esconde um ranço de
preconceito cultivado através dos
séculos pelos colonizadores, para
desinformar a sociedade com o obje-
VEJAM tivo de destruir a cultura indígena.

SD~ o QUE A
Faz-se então o jogo dos opressores,
ao se tentar o hum o r através de di tos
.SOCiEDADE~
e expressões como essas ·

Di% $OBIS ND1 ··[ndio quer apito, se não der pau vai
comer"
"[ndio é preguiçoso e não quer traba-
lhar"
" [ndio é bêbado, ladrão , bugre "
'' Ele é índio , mas é limpinho"
" [ndio é pessoa do passado"
"Como viviam os índios? " (como se
os fndios não vivessem hoje)

Em 1759, tem-se um marco oficial


do paternalismo ao índio :
A criação do cargo de " Diretor dos
lndios" diante da brutalidade natural
e manifesta ignorância do índio por
Francisco Xavier, irmão do Marquês
de Pombal , que expulsou os jesuítas
do Brasil.
Além dos exemplos que temos so-
bre os preconceitos social e racial na
história do índio , vamos agora de-
monstrar as conseqüências desse
comportamento.
Quem tem o poder são os que :
....._ __ Têm o capital nacional ou estran-
geiro . Têm o dinheiro mas não distri-
Detêm os meios de produção e re- buem a renda
têm os bens. Têm a terra só para si
~ ·--
Têm a tecnologia avançada e não a Têm as armas e as usam para re-
empregam para benefício de todos . primir.
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CONCEITOS
OPRESSOR
X DOMINANTES
OPRIMIDO
Os colonizadores subjugaram os povos indígenas, sob a
marca da violência. Pode-se comparar, nos quadros abaixo, as
diferenças entre brancos e índios que determinaram a ocupa-
ção.

BRANCOS fNDIOS
1 - Superioridade em armas . 1 -Arcos e flechas , lanças, laços,
2 - Transporte : cavalos e navios. boleadores.
3 - Emprego de aço e outros me- 2 - Caminhavam a pé ou em ca-
tais. noas.
4 - Imposição de uma supenori- 3 - Emprego artesanal.
dade psicológtca, racial, intelec- 4- Cultura e tradições indígenas,
tual e religiosa. não compreendidas.
5 - Cltma de violência, injustiça e 5 - Clima de luta e resistência
hipocrisia. contra a escravidão.

1 - fndios (menores de idade, pre-


guiçosos e incapazes) .
2 - Negros (favelados, marginais,
etc ... ).
utros fatores também contribuíram parao aniquilamento da 3 - Trabalhadores rurais (homens
O sociedade indígena pelos brancos :
1 - Degradação btológica (doenças, envelhecimento pre-
sem direito à terra, bóia-fria, mão-
de-obra inferi o r).
coce) 4 - Mulheres (inferiores e incapa-
2- Degradação econômi ca (engajamento do índio na força zes).
de trabalho e sem opções.) 5 - Crianças (nada sabem) .
3 - Degradação psicológica (a inferiorização do índio). 6 - Velhos (superados, não servem
4 - Degradação Social (desajuste social). mais para a produção).
7 - Deficientes físicos (aleijados e
incapazes).
CONSEQÜ~NCIAS
DA
elite e o poder ao emitirem tais
A conceitos violentam o ser huma-
no. Atribuem à massa a falta de edu-
cação , quando essa elite não lhe
DISCRIMINAÇÃO
permite a educação. Assim se dá
quando se referem também às suas
atividades. T Y Y Y Y T Y Y Y Y Y T Y Y Y T T y T Y y Y y y Y y y Y y y Y Y Y Y
Trabalho - Não há trabalho = • • • • Á • • • • Á • • • • • Á • Á Á • • Á Á Á Á Á Á • • • Á Á • Á

v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v v
preguiçoso 6 6 6 ó 6 6 A 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 A A 6 6 A 6 6 6 6 A 6 6 6 6

Saúde - Não há saúde = doente


Moradia - Não há moradia =
mendigo
Alimentação - Não há alimentos A desintegração social dos povos indígenas afeta mais ainda
= miserável as comunidades indígenas aculturadas e os índios desald eados
que vivem à margem , nas cidades , provocando :
Exemplos :
Invasões de terra Insegurança
I - Os marginais existem (os me- Mortes ou su icídios Timidez
nores abandonados são os futuros Estupros Desânimo
bandidos) . Massacres Desequilíbrio psicológico
2- Os indivíduos buscam o traba- Bebedeira
lho e há uma carência de empregos
no Brasil.
3- O governo faz campanha con-
tra a mortalidade infantil (quando as
crianças têm fome, são desnutridas e
morrem mesmo antes de nascerem
por falta de higiene e saúde da mãe,
com índice de mortalidade infantil al-
tíssimo).
A sociedade brasileira por desco-
nhecimento emite conceitos pre-
conceituosos porque não valoriza
nem mesmo o que é seu .
É moralista com o próximo e con-
seqüentemente consigo mesma. É
repressora e mal-educada na alimen-
tação e na saúde.
Tudo isso envolve um aspecto
educacional altamente defasado.
PEQUENA HISTÓRIA

o porto de Manaus, um índio de-


N saldeado, desesperado, descal-
ço, sujo, sem camisa, tentava enfiar
uma faca no peito e não conseguia.
Cena angustiante aquela com o san-
gue escorrendo em fio ralo na cara
do índio molhada de lágrimas. Suor e
desafio na dor do desespero.
Mas o índio não conseguiu se ma-
tar.
Por que queria se matar?
Por que estava na marginalidade
da cidade?
Por que bebia?

ESSA SITUAÇÃO TEM QUE


MUDAR .
E VAI MUDAR!
RE, LAÇAO
INDIO
X
ESTADO
PEQUENA HISTÓRIA

o porto de Manaus, um índio de-


N saldeado , desesperado, descal-
ço , sujo, sem camisa , tentava enfiar
uma faca no peito e não conseguia .
Cena angustiante aquela com o san-
gue escorrendo em fio ralo na cara
do índio molhada de lágrimas. Suor e
desafio na dor do desespero.
Mas o índio não conseguiu se ma-
tar.
Por que queria se matar?
Por que estava na marginalidade
da cidade?
Por que bebia?

ESSA SITUAÇÃO TEM QUE


MUDAR.
E VAI MUDAR!
RE, LAÇAO
INDIO
X
ESTADO
Spl -fndioServiço de Proteção ao
é o resultado dos decre-
falecido de doenças tropicais resu 1-
tantes de seu trabalho.
Desde a ocupação o índio tem estado submetido ao Estado. Se- tos de proibição à escravatura indí- Foram os irmãos Villas-Boas os
não, vejamos: gena. primeiros idealizadores do Parque
Foi criado em 191 O, baseado nos Ind ígena do Xingu , apesar da resis-
princípios de defesa do índio brasi- tência dos índios. Megaron e seu
leiro, elaborado por José Bonifácio, povo lutaram muito contra a trans-
após pressão da opinião pública in- ferência das terras dos povos do
ternacional. No início a proposta era Xingu .
SÉCULO XV Catequese e Colonização positiva e de apoio. Marechal Ron- O SPI pertenceu ao Ministério do
don evidenciou-se como um grande Trabalho. Indústria e Comércio. Em
Escravidão indígena sertanista, estudioso dos índ ios bra- 1934 foi para o Ministério da Guerra e
Entradas e Bandeiras sileiros, humanitário, assistencia- depois Ministério da Agricultura.
lista e pacificador.
Na década de 60 essa instituição
FUNAI
foi perdendo as reais características Foi criada pela Lei 5.371 e objetiva
e se tornou um terrível fracasso . e integração do fndio à sociedade e a
A sua ideologia passou a ser dis- tutela ao índio (proteção) . Esta enti-
criminatória e desestruturadora. Ou- dade tem uma política de atração de
tras sertanistas evidenciaram seu índios não contados , usa as mesmas
SÉCULO XVII - Criação do cargo " Diretor dos fndios " táticas e comete os mesmo erros pa-
apoio aos povos da floresta. Foram
( 1759) eles Noel Nütels, Roquete Pinto, Curt ternalistas do SPI.
Nimuendaju , os irmãos Villas-Boas, Cria os Chefes encarregados das
Darcy Ribeiro e muitos outros. tribos, abafando as verdadeiras lide-
Embora alguns contatos sejam ranças indígenas. Assim aconteceu
questionáveis, ressaltamos Noel Nü- com o povo Potiguara. Os outros
tels que estudou as lendas, os cânti- grupos ind ígenas agora podem
cos e publicou-os em livro para que a compreender o que aconteceram as
SÉCULO XIX Catequisação e civilização dos lndios lideranças Potiguara e também
sociedade pudesse ter conheci-
(1823 a 1934) mento da cultura índia. Darcy Ri- compreender o sentido da frase d ita
(Projetos de Constituição) beiro escreveu em 1950 um roteiro uma vez, dentro da Funai: " Os Poti-
histórico chamado " Os índios e a ci- guara são gente boa, não ficam vindo
vilização brasileira ". à Brasília a toda hora". Porém , não
Roquete Pinto defendeu os direi- vamos esquecer que os Potiguara fo-
ram os primeiros a demarcar as ter-
tos indígenas do século dizendo :
ras, às vistas da política militar e de
"Proteger sem dirigir os índios."
helicópteros sobrevoantes. A atitude
Jornalista Hipólito da Costa red i-
guerreira da derrubada dos postes
SÉCULO XX - Tentativas de Incorporação dos Silvíco- gia, em Londres , o Correio Brasileiro
de luz , pelo então cacique na época
e muito defendeu a liberdade e os di-
las à Comunhão Nacional (1934 a 1988) Severino Fernandes que foi envol-
reitos indígenas.
SPI (Serviço de Proteção ao fndio) ( 1910) vido num inquérito, por ter defen-
Luiz Bueno Horta dizia : " Que o ín- dido à sua terra, demonstra a comba-
FU NAI ( 1965) dio torne-se um melhor índ io e não tividade Potiguara. Não esqueçamos
um mísero homem sem classificação que nós, estamos há século no lito-
social ". ral , próximo a sociedade envolvente,
Os irmãos Villas-Boas viveram a resistindo . E continuamos índios . As
maior parte de suas vidas entre os mu lheres são trabalhadoras e guer-
· índios do Amazonas, tendo um deles reiras.
A ron-;tillllção da Rt•r>ut•'ICd F-.•d,.ratlva c1o Bras11 e<;tatJe
h!Cf' d•rt:ltu., .10 r ··"'n" nd•gtmas a lravo'•c; 11t· o to mc•sos e paràgratos QIJt' c.o,.,s-
tam d•! d1t. wntl's T1tu O!>, lf•• 11n1 Cnrututo C!>tJeclfiCO "Dos 'nd1os" no Titu!o
"Da Or dern Soc,<~l " '!de urn ar ligo qw• m tt•gra as "D1spos•cões Const•tuc•o
n oJI<; Translll'•lloJs" As reteri!nr.l:iS const•ltJC,tonats ans rlit~ •t tos lndllJI)IIilS siio as
SP<JUtrl l !!S •

O fndio na Constituinte
NO T(TULO VIII - " DA ORDEM SOCIAL " * 5. E vedada a remoção dos grupos indíge-
0 -

Cap1tulo VIII - " Dos fndios" nas de suas terras. salvo. ad referendum do
Congresso Nacional. em caso de catástrofe ou
epidemia que ponha em risco sua população,
Art. 231 - São reconhectdos aos índios sua or- ou no mteresse da soberania do Pa1s. após de-
ganização soctal . costumes. lmguas . crenças e liberação do Congresso Nacional. garantindo.
trad ições. e os direitos origtnários sobre as ter- em qualquer hipótese, o retorno imediato logo
ras que tradiciOnalmente ocupam , competindo que cesse o risco.
à União demarcá- las , proteg er e fazer respettar * 6 ° - São nulos e extintos. não produzindo
todos os seus bens. efeitos JUrídicos. os atos que tenham por obje-
* 1.o - São terras tradtclonalmente ocupadas ttvo a ocupação. o dom ínio e a posse das terras
a que se refere este artigo. ou a exploração das
pelos ind1os as por eles habitadas em caráter
permanente , as utilizadas para suas attvidades riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos
produ tivas . as tmprescindívets à preservaçao nelas existentes, ressalvado relevante inte-
dos recu rsos ambientais necessários a seu resse público da União , segundo o que dispu-
bem-estar e as necessárias à sua rep rodução fí- ser le1 complementar , não gerando a nulidade e
sica e cultural. segundo seus usos . costumes e a extinção direito à indenização ou ações con-
tradi ções tra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
~ 2.0 - As terras tradicionalmente ocupadas ~enfe1tonas derivadas da ocupação de boa fé.
pelos índios destmam-se à sua posse perma- * 7 ° - Não se aplica às terras indígenas o dis-
nente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das posto no art. 174, **
3 o e 4.0 .
riquezas do sol o , dos ri os e dos lagos nelas
existentes . Art. 232- Os índ ios. suas comunidades e orga-
~ 3.0 - O aproveitamento dos recursos hídri- mzações são partes leg ít1mas para ingressar
cos , incluídos os potenciais energét icos, a em juízo em defesa de seus d1 rei tos e mteres-
pesquisa e a lavra das nquezas minerais em ter- ses. intervindo o Mtntsténo Públtco em todos
A unidade, organização e o alto ras indígenas só podem ser efetivados com au- os atos do processo.
grau de conscientização política dos torização do Congresso Nacional , ouvidas as
índios ficaram demonstrados no tra- comunidades afetadas, ficand o-l hes assegu - NO " ATO DAS DISPOSIÇOES
rada partici pação nos resultados da lavra, na CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS "
balho que realizaram na Constituinte
forma da lei ,
para yerem consagrados na Nova ~ 4.0 - As terras de que trata este art1go são Art. 67 - A Untão concluirá a demarcação das
Carta os seus direitos . Direitos esses inalienáveis e d ispo níveis . e os dire1tos sob re terras Indígenas no prazo de c1nco anos a partir
que vão desde o reconhecimento de elas, imprescritíveis . da promulgação da ConstitUição.
sua organização social , costumes ,
línguas, crenças e tradições, aos di-
reitos orig inários sobre as terras ,
proteção e respeito a todos os seus
bens. Na página seguinte, publ ica-
mos a íntegra dos capítulos consti-
tucionais envolvendo os interesses
indígenas.
ENERGIA,
UM DESAFI()À NATUREZA
A política desenvolvimentista no
agressões à natureza, ao meio
Brasil foi implantada a partir da se- ambiente. Terras foram inundadas,
gunda metade do século XX. Em rios e mares envenenados, áreas
1964 , no entanto, o governo militar. desvastadas , doenças e desequilí-
de então , tentando transformar subi- brios social e étnico. No caso dos ín-
tamente um país de Terceiro Mundo dios, além do mercúrio, do vinhoto,
num país de Primeiro Mundo, pôs em que contaminam os seus rios, e_x-
prática um plano desenvolvimentista terminam sua fauna e sua flora, sao
que implicou em c.o ntratos d_e em- eles os que mais sofrem, pelo des-
préstimos no extenor, que nao sa- caso das autoridades com a sua
bemos quando acabaremos de pa- sorte e o desrespeito com que tratam
gar. Resultado, todo o povo brasi- as suas questões.
leiro está empobrecido
Com a Implantação desses gran- Desenvolvimento, sim. Massacre,
des projetos, registraram-se graves não!
Os índios só serão respeitados
no dia em que a sociedade
brasileira neles reconhecer a
Energia, um desafio à natureza sua cultura, língua e tradições.
No dia em que, ao olhar para um
índio, o veja como a um irmão,
A Energia Hidrelétrica
um chefe de família, um
brasileiro que carece como
B Energia Mineral qualquer outro de apoio, mas
1 - Setor Energético c Energia Nuclear
que dispensa o paternalismo.
Que o veja não como pobre.
O Energia Alternativa Afinal eles têm a fortuna da
natureza e todo o bem que ela
encerra.
tot.rta Naamento

A - ENERGIA HIDRELÉTRICA ta-se de uma energra muito potente e perigosa


São barragens construídas nos grandes rios que se escapar de sua origem pode contaminar
que vão gerar energia, luz para as fábricas . as a população com sua radioatividade. O último
cidades etc ... Quando abrem as comportas desastre aconteceu em Goiânia, onde morre-
dessas barragens. cidades. aldeias indígenas. ram muitas pessoas.
populações ribeirinhas têm que deixar suas
terras. D - ENERGIA ALTERNATIVA:
A fauna e flora da região alagada apodrecem E uma energia derrvada da cana-de-açúcar.
e morrem, causando doenças como a malária e Surgiu para suprir a falta de gasolina.
a leishman1ose. Mais de 90 hidroelétricas estão Foi criado o Programa PRO-ÁLCOOL. O vi-
planejadas na Região Amazônica e Sul. nhoto (lixo da cana-de-açúcar) é despejado às
toneladas. envenenando os rios .
8 - ENERGIA MINERAL: Com a chegada dos usineiros foi morrendo
É uma energia derivada do petróleo. Com o tudo. O tijuaçu , o camaleão preto e verde, o cá-
petróleo se faz gasolma e com o seu derivado gado, o jacaré. As cobras também morreram .
milhares de utilidades (plásticos, isopor, es- Eu me lembro delas, a maracatifa, a salaman-

,
puma. óleo diesel, querosene etc ...) ta-bois, a cobra de uivado, a cascavel. Os pei-
A Petrográs é o órgão responsável pela ex- xes dos rios , nem contar ... Hoje, tudo poluído.
ploração e produção de petróleo e existem ou- O camurim , a saúna, a traíra . o pitu .
tros órgãos subsidiários que cuidam do pro- Nossa terra , dava tudo : capi , manga, manga-
cesso de Refinarias do produto e persquisas ba, goiaba, pinho , graviola, jaca, banana. ca-
(Shell , Essa, Britsh Petroleum , Ida Mitsu e Elf na-caiana, abacax i. A batata-doce e o rnhame
Equitaine) vinham crescendo de dentro da terra e ficavam
imensos. Com a calda (vinhoto) da usina e o
C- ENERGIA NUCLEAR: desmatamento, as terras do potiguara estreita-
É uma energia derivada do átomo. da ma té- ram . Agora temos que reconstruir o que so-
ria. E um assunto muito polêmrco, porque tra- brou , porque é uma vergonha ."
------

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VAMOS ALPE,'A5 ,' ... VAMOS
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I GRUP05/ P/ F,' ClJL lJAPE5!
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I

I
P ara a transformação social do
nosso país, não bastam críticas.
É necessário, além das críticas,
monitoria em educação. Profissiona-
lização e salário. Pesquisas voltadas
para a realidade indígena, material
apresentarmos soluções, na prática didático, material escolar, garantia
para essa mudança. Todas as lutas da cultura, tradições e língua). Ainda
empreendidas pelo respeito aos po- a educação-escola nas aldeias é irre-
vos indígenas, até hoje, são valiosís- al, apesar dos esforços. Esse tipo de
simas. A nova Constituição foi con- educação prejudicou os costumes e
quistada. É preciso agora novas for- lrnguas indígenas, por isso se neces-
mas de luta e programas de trabalho , sita de uma transformação radical
sugestões para garantir os direitos neste setor.
ali estabelecidos.
Daí a necessidade da Organização
do Movimento Indígena. A UNI , os
C - Saúde (capacitação da moni-
toria em saúde, profissionalização e
salário. Medicamentos que não vio-
H á pessoas, presentes, anônimas ou ausentes
que muito contribuíram com este projeto GRU-
MIN (Grupo Mulher-Educação Indígena). Algumas,
conselhos, as organizações indíge- lentem a cultura indígena. Resgate pela força que deram, outras pelas críticas que aju-
nas existem. O Projeto Grumin sur- da medicina natural. Uso dos hospi- daram a construir esta obra.
giu como um braço para sensibilizar tais só em caso de problemas gra- Nosso trabalho nasceu da consciência, do san-
e fortalecer e divulgar os trabalhos ves) . gue nas veias e da luta contra qualquer tipo de
que as mulheres e crianças já vêm fa- D - Organização de Projetos escri- opressão ou discriminação. Ele está aí, pronto a
zendo. Assim , chegaremos lá. A pro- tos e como encaminhá-los. Esses discussão.
fecia será cumprida e os povos indí- Projetos podem ser voltados para Continuaremos nosso projeto, porque o chão é
genas sobreviverão, a partir da uni- cada assunto (educação, saúde, muito grande.
dade. E a unidade se constrói com agricultura etc ... ) A terra, a natureza e Tupã têm sido destemunhas
trabalho e persistência. E - Para encaminhar projetos so- das marcas de sangue, dor e preconceito que o
Precisamos sugerir e até exigir do licitando recursos, precisamos lega- povo indígena tem sofrido.
órgão tutelar um Programa de Saú- lizar juridicamente o grupo de traba- Nossa história verdadeira é pouco conhecida .
de, Educação e Agricultura, bus- lho, ter uma conta bancária e traba- Nossos avós , muitos deles desgostosos , preferi-
cando apoios nas Secretarias Muni- lhar realmente com a comunidade. ram o silêncio, que , também como a luta e a persis-
cipais e Estaduais. Podemos buscar - Escreva para o Projeto GRU- tência , representa a SABEDORIA.
soluções r.o Ministério da Educação, MIN , que temos um manual. Precisamos, com essa sabedoria, que a nós foi
Saúde e Agricultura. Muitos traba- - Nossas culturas, tradições, re- passada, mergulhar no fundo do rio, do mar, pene-
lhos e encontros já foram realizados ligiões, línguas preservadas e res- trar nas montanhas, no seio das matas e das cacho-
pelas lideranças indígenas. Preci- gatadas (porque são as nossas raí- eiras e sentir a origem do povo indígena e lutar com
samos efetivar, isto é, colocar na prá- zes). e por ele.
tica , essas exigências. - O movimento indígena unido e É o resgate e a preservação da nossa identidade.
organizado, como nos ensinou Mar- ~ão haverá natureza preservada, se os seus guardi-
MAS COMO? aes -os índios- não mais existirem.
çal Tupã-Y, e como vêm lutando para
NOS ORGANIZANDO EM GRU- isso todas as comunidades indíge- Vivamos então!
POS DE TRABALHO DENTRO nas e suas lideranças.
DA ALDEIA OU FORA DELA E
Assim:
DIVIDINDO AS TAREFAS ESTAREMOS RESPEITANDO A
São eles: NOSSA TERRA E NOS FORTALE-
A - Direito à terra e sua demarca- CENDO. JAMAIS ABRIREMOS MAO
ção. Como garantir essas terras. Ter DELA, PORQUE ELA É A NOSSA
um advogado. A UNI tem um núcleo ORIGEM, A NOSSA MAE.
de direitos indrgenas.
B - Educação (capacitação da Fim
ORAÇÃO PELA LIBERTAÇÃO DOS POVOS INDfGENAS

A Marçal Tupã - Y (Cacrque Guarani Nhandewa


assassinado em 1983)

Parem de podar as minhas folhas e tirar a minha enxada


Basta de afogar as minhas crenças e torar minha raiz .
Cessem de arrancar os meus pulmões e sufocar minha razão
Chega de matar minhas cantigas e calar a minha voz .
Não se seca a raiz de quem tem sementes
Espalhadas pela terra pra brotar. AGRADECIMENTOS
Não se apaga dos avós- ri ca memória
Sangue ancestral : rituais pra se lembrar
Não se aparam largas asas Programa de Combate ao Rac1smo (Conselho Mund1al de Igrejas) Ouitéria Pankararu
Taller de las Mu jeres em las Amencas Deputada Benedita da S1lva
Que o céu é liberdade
Re1tor Horário Macedo (UFRJ) Lélia Gonzalez
E a fé é encontrá-la. Vi ce-Reitor Alexand re Ca rdoso (UFRJ) Sueli Carneiro
Rogai por nós, meu pai-Xamã Conselho Nacional dos D1rei tos da Mulher Lênin Nova1s
Pra que o espírito ruim da mata Conselho Nac1onal de Mulheres do Brasil Rogério Garc1a Silveira
Não provoque a fraqueza . a miséria e a mo rte. Conselho Estadual dos D1re1 tos da Mulher Esmeralda Brow
Parque Naci onal do Xin gu Jaquellne Pitanguy
Rogai por nós -terra nossa mãe Romy Medeiros
IBASE
Pra que essas roupas rotas LBA Branca More1ra Alves
E esses homens maus CIMI - Conselho lnd1 genista Missionário Herbert de Souza - Betmho
Se acabem ao toque dos maracás. Cacique potiguara João Batista Faustino Cacique Megaron
Afastai-nos das desgraças, da cachaça e da drscórdia . Reverendo Antonio Olímpio de Santana Cac1que Raoni
Reverendo Mozart Noronha Cac1que Tutu Pombo
Ajudai a unidade entre as nações Cac1que David Yanomami
EnúgbariJó Vfdeos
Alumiai homens . mulheres e crianças . Fundação Am1g os da Terra Ailton Krenak
Apagai entre os fortes a inveja e a ingratidão Antonio Pere1ra Filho Marcos Terena
Dai-nos luz, fé, a vida nas pajelanças , OAB I Mulh er Jorge Terena
Evitai , Ó Tupã , a violência e a matança Sindicato dos Urbanitários - RJ Domingos Veríssimo Marcos
Fundação Basso (Roma) Paulo Bororo
Num lugar sagrado Junto ao rgarapé . Mário Juruna
Gerardo Bamonte
Nas noites de lua cheia . ó MARÇAL, chamai Assoc1ação Brasilei ra de Imprensa Paulo Paiakan
Os espíritos das rochas pra dançarmos o Toré Alcino Soeiro Apolômo Xocó
Trazei-nos nas festas da mandroca e pajés· Floricena Moratti Domingos Xavante
Uma resistência de vida Mana Uc1a Can iné - Ruça Manuel Fernandes Moura (Tukano)
Nina Rosa Saraiva Catarino Gavião
Após bebermos nossa chi cha com f é. Dulce Tupy T1uré
Rogai por nós , ave-dos-céus Lúcia Canedo Severino (Potig uara)
Pra que venham onças , caititus , srriemas e capivaras Pedrina de Deus Tonhô (Potlg uara)
Cingir rios Juruena, São Francisco ou Paraná. Miriam Terena Paulinho Punkararu
Cingir até os mares do Atlântico Deolinda Prado Estêvão Taukane (Baka1 ri)
Dona Marta Francisco Kai gang
Porque pacíficos somos, no entanto. Enaiê Maitê Ma rauê (POXI N)
Mostrai nosso caminho feito boto Jupira Terena Jeremi as Tsowaapré
Alumiai pro futuro nossa estrela. Inês Karajá ldjarru ri Karajá
Ajudai a tocar as flautas mágicas
Pra vos cantar uma cantiga de oferenda IN MEMORIAN
Ou dançar num ritu al lamaká. Marcos Augusto Mac1el Lopes
Rogai por nós , ave-Xamã
No Nordeste, no Sul toda manhã.
No Amazonas. agreste ou no coração da cunhá .
Rogai por nos . araras, pintados ou tatu s. E a todos os homens e mulheres 1nd1genas. brancos e negros que lu tam pela 1gualdade.
Vinde em nosso encontro
Meu Deus, NHENDIRU!
Fazei feliz nossa mintã
Que de barrigas índias vão renascer
Dai-nos cada dia a esperança
porque só pedi mos terra e paz
Pra nossas pobres - essas ricas crianças .
ELIANE POTIGUARA
•••
Nhéndiru = Deus
Mintã = criança
Boto = um peixe que mostra o caminho
Maria Nascimento

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