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Edward F. Edinger
Editora: Cultrix, São Paulo
4ª Ed. 2012
400 pg.
SUMÁRIO
O Ego Inflado
1. Ego e Si-mesmo
2. Inflação e Totalidade Original
3. Adão e Prometeu
4. Hybris e Nêmesis
O Ego Alienado
1. O eixo Ego-Si-mesmo e o Ciclo da Vida Psíquica
2. Desespero e Violência
3. A Alienação e a Experiência Religiosa
4. A reconstrução do Eixo Ego- Si – mesmo
Encontro com o Si-mesmo
1. O papel do Coletivo
2. A irrupção
3. O Livro de Jó
4. O Ego Individuado
A Busca de Significado
1. A Função do Símbolo
2. As Falácias Concretista e Redutivista
3. A vida Simbólica
Ser um Indivíduo
1. A Existência A Priori do Ego
2. A Mônada e o Monogene
3. Unidade e Multiplicidade
A Metafísica e o Inconsciente
1. Metafísica Empírica
O Sangue de Cristo
1. Introdução
2. O Significado do Sangue
3. Retorno ao princípio
4. A Extração pelo Sacrifício
5. Atributos do Sangue de Cristo
6. Relações com a Alquimia
7. Sonhos Modernos
A pedra Filosofal
1. Introdução e Texto
2. Transformação e Revelação
3. O Princípio da Fertilidade
4. A União dos Opostos
5. A Ubiquidade
6. O alimento Espiritual e a Árvore da vida
7. O Um no Todo
PARTE I – A INDIVIDUAÇÃO E OS ESTÁGIOS DE
DESENVOLVIMENTO
E se é verdade que nosso conhecimento foi adquirido antes de
nosso nascimento, e que o perdemos no momento em que viemos
ao mundo,
nossos sobremas que,sensíveis,
objetos posteriormente, mediante
recuperamos o exercício dede
o conhecimento
que antes dispúnhamos, suponho que aquilo a que damos o nome
de aprendizagem se caracterizará como a recuperação de nosso
próprio conhecimento... - Platão
1. EGO E SI-MESMO
“Nascemos num estado de inflação. Na mais tenra infância, não existe ego
ou consciência. Tudo está contido no inconsciente. O ego latente encontra-
se completamente identificado ao Si-mesmo. ” Pg. 27
“O Si-mesmo nasce, mas o ego é construído; e, no princípio, tudo é Si-
mesmo. ” Pg. 27
“Como o Si-mesmo é o centro e a totalidade do ser, o ego – totalmente
identificado ao Si-mesmo – percebe-se como divindade. ” Pg. 27
“Muitos mitos descrevem o estado srcinal do Homem como um estado de
harmonia, unidade, perfeição ou de vida paradisíaca. ” Pg. 27
“ Na idade paradisíaca, as pessoas estão em comunhão com os deuses. Isso
representa o estado do ego que ainda não nasceu, que ainda não se separou
do útero do inconsciente e que, por conseguinte, ainda partilha da plenitude
e da totalidade divina. ” Pg. 28
“Ser redondo no período inicial da existência, equivale a considerar -se a si
mesmo como total e completo e, portanto, como um deus, capaz de todas as
coisas. ” Pg. 28
3. ADÃO E PROMETEU
4. HYBRIS E NÊMESIS
Sobre hybris:
“Em seu uso srcinal, esse tema significava a violência ou a paixão
voluptuosas que emergem do orgulho. ” Pg. 57
“Hybris representa a arrogância humana que se apropria daquilo que
pertence aos deuses. Significa transcender os limites humanos. ” Pg. 57
“Aidos significa reverência aos poderes suprapessoais, assim como o
sentimento de vergonha quando esses poderes são desacatados. ” Pg. 58
“Nêmesis é a reação provocada pela falta de Aidos, ou hybris. ” Pg. 58
“O temor à boa sorte excessiva encontra-se profundamente entranhado no
homem. Há um sentimento instintivo de que os deuses invejam o sucesso
humano. Sob o prisma psicológico, isso significa que a personalidade
consciente não pode ir muito longe sem considerar o inconsciente. ” Pg. 59
“Uma interpretação que reduza um conteúdo psíquico às suas fontes infantis
constitui uma rejeição do seu significado consciente e óbvio, e por isso levo
“É algo que parece vir de uma divindade implacável. Essa aparência tem
duas srcens. Em primeiro lugar, a projeção do Si-mesmo nos pais, feita pela
criança, atribuirá às ações destes uma importância transpessoal. Em segundo
lugar, o pai rejeitador – que funciona inconscientemente – estará agindo em
sua própria área de identidade ego-Si-mesmo e ficará, portanto, inflado numa
identificação com a divindade. A consequência disso, do ponto de vista da
criança, é um dano infligido ao seu eixo ego-Si-mesmo, e que lhe pode afetar
permanentemente a psique. ” Pág. 68 -69
Sobre o Si-mesmo: “Como inclui a totalidade, deve ser capaz de aceitar todos
os elementos da vida psíquica, por mais antitéticos que possam ser. O
sentimento de ser aceito pelo Si-mesmo dá ao ego força e estabilidade. Esse
sentimento de aceitação é veiculado para o ego através do eixo ego- Si-
mesmo. Um sintoma de danificação desse eixo é a falta de auto-
aceitação. ” Pág. 69
“Os pacientes cujo eixo ego- Si-mesmo se encontra danificado se
impressionam mais, na psicoterapia, pela descoberta de que o psicoterapeuta
os aceita. ” Pág. 69
“Todavia, se a aceitação do terapeuta puder ser reconhecida como fato,
aparece prontamente uma poderosa transferência. A fonte dessa
transferência parece ser a projeção do Si-mesmo, especialmente em sua
função de órgão de aceitação. ” Pág. 69
“O terapeuta como pessoa torna-se o centro da vida e dos pensamentos do
paciente. ” Pág. 69
“Os encontros com o terapeuta serão experimentados como um contato
rejuvenescedor com a vida, um contato que veicula um sentimento de
esperança e de otimismo. ” Pág. 69
“A experiência de aceitação não só repara o eixo ego-Si-mesmo, como
reativa a identidade
ego-Si-mesmo estejaresidual entre eles.
completamente Isso deve ocorrer
inconsciente. desde que o eixo
” Pág. 70
“Assim, emergirão atitudes infladas, expectativas possessivas, etc., que
evocam uma rejeição adicional por parte do terapeuta ou do ambiente. O eixo
ego-Si-mesmo será danificado mais uma vez, produzindo-se, desse modo,
um estado de relativa alienação. Tanto em psicoterapia como no
desenvolvimento natural, o ideal é que ocorra uma dissolução progressiva da
identidade entre o ego e o Si-mesmo, de uma forma suave o bastante para
não danificar o eixo ego-Si-mesmo. Na realidade, essa condição desejável
raramente ocorre. ” Pág. 70
2. DESESPERO E VIOLÊNCIA
1. O PAPEL DO COLETIVO
“O atual texto
condições do livro se
de determinar dedecorre
Jó é um documentodacomposto
efetivamente experiênciae não temos
real de um
indivíduo. Todavia, é bem provável que isso seja verdade e, nas observações
a seguir, considerarei que o texto descreve uma experiência individual de
imaginação ativa. Trata-se de um processo em que a imaginação e as
imagens que gera são experimentadas como algo distinto do ego – um “tu”
ou um “outro” – com quem o ego pode estabelecer uma relação e manter um
diálogo. ” Pág. 118 - 119
“Se os humores e afetos da pessoa, que assinalam o ponto de partida do
esforço da imaginação ativa, forem considerados fortuitos ou decorrentes de
causas exclusivamente externas ou fisiológicas, não haverá base para buscar-
lhes o significado psicológico. ” Pág. 119
“O conhecimento de que há um significado psicológico só é adquirido
através da experiência. No início, é necessário ter pelo menos fé suficiente
para estar disposto a tomar a proposição de significado psicológico como
hipótese a testar. ” Pág. 119 (sobre imaginação ativa)
“A serpente desempenhou o mesmo papel junto a Adão e Eva no Jardim do
Éden. É igualmente similar à situação do Éden o fato de a provação de Jó ter
tomado a forma de uma tentação. Ele deverá ser tentado a blasfemar contra
Deus. Isso significaria, psicologicamente, que o ego está sendo tentado a
inflar-se, a colocar-se acima dos desígnios de Deus, isto é, a identificar-se
com o Si-mesmo. ” Pág. 120
“Se for possível identificar propósitos anteriores através da análise dos
efeitos, poderemos dizer que o propósito de Deus foi tornar Jó consciente de
Sua existência. ” Pág. 120
“Aparentemente, o Si-mesmo precisa da percepção consciente e é obrigado,
pela urgência da individuação, a tentar o ego e a testa-lo com o fito de
provocar a plena consciência do ego com relação à existência do Si-mesmo.
” Pág. 120
“Quando um ego se encontra particularmente inflado, tal como é
representado na torre, a irrupção das energias vindas do Si-mesmo pode ser
perigosa. O aparecimento do Si-mesmo inaugura uma espécie de “juízo
final” (Ilustração 24). Sobrevive apenas o que for sólido e estiver fincado na
realidade. ” Pág. 122
“O significado da vida de Jó estava ligado, evidentemente, à família, à
propriedade e à saúde. Ao ser privado disso, ele ficou desesperado e penetrou
na noite escura do espírito. ” Pág. 122
“Esse tipo de mistura contaminada de coisas diferentes constitui algo comum
no processo de imaginação ativa. ” Pág. 125
“Jó está convicto de sua inocência e retidão, e portanto, inconsciente da
sombra. ” Pág. 127
“O processo de individuação requer a aceitação consciente e a assimilação
do lado sombrio, inferior. ” Pág. 131
“Em outras palavras, dizem-lhe que sacrifique o intelecto, que se comporte
como alguém menos
uma regressão e ele,consciente
com razão,do oque é. EsseJócomportamento
rejeita. representaria
prefere queixar-se a Deus,
perguntando-lhe, com efeito. “Se és um pai amoroso e bom, por que não agis
como tal?” Ao atrever-se a discutir com Deus, não há dúvida que Jó, sob
determinado ponto de vista, está agindo de forma inflada. Mas o contexto
global mostra que essa inflação é necessária e controlada; é essencial para
um encontro com Deus. ” Pág. 131 - 132
“Uma inflação fatal teria ocorrido se ele seguisse o conselho da esposa para
blasfemar contra Deus e morrer. Mas Jó evita os extremos. Não sacrifica o
grau de consciência que atingiu, mas também não blasfema contra Deus.
Continua contestando o significado de sua provação e não descansará
enquanto não souber a razão de estar sendo punido. ” Pág. 132
“É claro que o inconsciente de Jó tentou corrigir sua atitude consciente,
através dos sonhos, mas sem sucesso. ” Pág. 133
“É interessante descobrir nesse texto antigo uma descrição da função
compensatória dos sonhos cuja existência só recentemente foi demonstrada
por Jung. ” Pág. 133
“As perguntas de Jó foram respondidas, não de forma racional, mas através
da experiência vivida. Ele encontrou o que procurava: o significado do seu
sofrimento. ” Pág. 137
“Esse significado é nada menos que a percepção consciente da psique
arquetípica autônoma; e essa percepção só pode ocorrer mediante a
provação. ” Pág. 137
“Os favoritos de Deus são submetidos às mais severas provações, isto é, o
potencial para a individuação constitui a causa do teste. ” Pág. 138
“Tendo
posição experimentado o centro
subordinada e está transpessoal
preparado da psique,
para servir o egoereconhece
à totalidade sua
aos seus fins,
em lugar de fazer exigências pessoais. Jó tornou-se um ego individuado. ”
Pág. 142 – 143
4. O EGO INDIVIDUADO
1. A FUNÇÃO DO SÍMBOLO
“Os estágios
de contas psíquicos
presas sucessivos
a um único colar.por que passamos
Dependendo constituem
de nossa atitudeuma espécie
consciente,
experimentaremos esse rosário da vida tanto como uma sucessão de sintomas
sem sentido quanto, através da consciência simbólica, como uma série de
encontros numinosos entre o ego e a psique transpessoal. ” Pág. 167
“Nossos prazeres, assim como nossas dores, serão sintomas quando não
tiverem importância simbólica. ” Pág. 167
3. A VIDA SIMBÓLICA
“Jesus parecedireta
uma relação enquadrar
com o-se
painacelestial
descrição aqui apresentada.
(arquetípico) Ele experimentou
e descreveu, por meio de
numerosas e vivas imagens simbólicas, a natureza do reino dos céus (a
psique arquetípica). É evidente, considerando-se seus ensinamentos, que ele
tinha uma profunda consciência da realidade da psique. Enquanto a Lei de
Moisés só reconhecia a realidade das escrituras, Jesus reconheceu a realidade
dos estados psíquicos interiores. ” Pág. 186
“Os inimigos de um homem são seus próprios familiares porque estes são as
pessoas mais próximas dele e é com elas que ele está mais sujeito a
identificar-se inconscientemente. Essas identificações devem ser
dissolvidas, pois um dos pré-requisitos da individuação é a consciência de
uma separação radical. ” Pág. 187
“Trata-se do atingimento da condição solitária, do estado de indivíduo
autônomo. Isso só se pode alcançar através da separação da identificação
inconsciente com os outros. Nos primeiros estágios, a separatio é
experimentada com conflito e hostilidade dolorosa. Os pais e a família são
os mais frequentes objetos de identificação inconsciente. ” Pág. 188
“Não chamar nenhum homem de pai significa retirar todas as projeções do
arquétipo do pai e descobri-lo no íntimo. Jesus exige um compromisso com
o Si-mesmo que transcende a lealdade de qualquer relacionamento pessoal.
” Pág. 188
“Vista simbolicamente, a vida de Cristo é um paradigma que deve ser
entendido no contexto de sua própria realidade exclusiva e não algo a imitar
de modo servil. ” Pág. 189
2. O ENSINAMENTO ÉTICO
“O principal
exaltação do ponto das Bem-aventuranças,
ego esvaziado ou não-inflado.entendidas
” Pág. 192psicologicamente, é a
“De acordo com o ensinamento de Jesus, o ego deve ser esvaziado dessas
identificações infladas antes de ser capaz de perceber a psique transpessoal
como algo distinto de si. ” Pág. 193
“Somos ensinados a amar nosso inimigo interno, a nos reconciliar com o
nosso adversário interno e a não oferecer resistência aos elementos do nosso
íntimo que consideramos maus (inferiores, inaceitáveis de acordo com os
padrões do ego). Com efeito, isso não significa agir com base no impulso
puro externamente;
psicológico, do ladorefere-se,
rejeitadonae verdade,
negativo adeuma aceitação
nossa própriainterna, de caráter
natureza. ” Pág.
197
“O oponente interno do nosso ponto de vista consciente deve ser respeitado
e tratado com generosidade. A sombra deve ser aceita. Só então se poderá
chegar à totalidade da personalidade. ” Pág. 197
Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que te pedir emprestado.
(Mateus 5:42)
“O mendigo interno é o aspecto submetido à privação e negligenciado da
personalidade, aquilo que Jung denomina função inferior. Esse aspecto
precisa ter seu lugar na consciência e deve receber o que se pede. ” Pág. 197
Não acumulei tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem [a tudo]
consomem ... mas acumulai tesouros no céu ... (Mateus 6:19-20)
“Em outras palavras, não projete valores psíquicos em objetos externos. Os
valores projetados são extremamente vulneráveis à perda (traça e ferrugem).
Quando um valor é projetado, a perda do objeto é experimentada como perda
do valor interno que carrega. Desfaça essas projeções e reconheça que os
valores têm sua srcem no mundo interior . ” Pág. 198
Não vos preocupeis quanto à nossa vida. Com o que haveis de comer ou com
o que haveis de beber. (Mateus 6:25)
“A vida psíquica e o bem-estar não se sustentam com objetos materiais. Estes
são necessários mas não constituem recipientes do significado fundamental.
A fonte de sustentação psíquica deve ser encontrada no interior . ” Pág. 198
Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgais
sereis julgados, e com a medida com que medirdes sereis medidos. (Mateus
7:1,2)
“Eis uma afirmação explícita do fato de o inconsciente assumir para com o
ego a mesma atitude que este assume com relação ao inconsciente. Assim é
insensato que o ego presuma que decide, através de suas pré-concepções, o
que deve e o que não deve existir na psique. A atitude de julgamento com
relação com inconsciente é uma inflação do ego e sempre se voltará contra
ele. ” Pág. 198
“Aquilo que libera energia construtiva e promove o bem-estar psíquico é um
valor a ser alimentado. ” Pág. 199
“A parte perdida é a mais importante porque traz consigo a possibilidade de
totalidade. A função inferior, que se perdeu para a vida consciente, precisa
ser valorizada de forma especial se o objetivo da pessoa for a totalidade do
Si-mesmo. O último torna-se o primeiro e a pedra que os construtores
rejeitaram torna-se a pedra angular. ” Pág. 199
“Isso tem como significado, em termos psicológicos, que as camadas mais
profundas da psique transpessoal são alcançadas através do aspecto
indiferenciado, semelhante a uma criança, da personalidade. ” Pág. 199
“Todos esses
tem como aspectos em
significado, da sombra rejeitada são equiparados
termos psicológicos, ao “Rei”,
que a aceitação o quee
da sombra
a compaixão pelo homem interno inferior equivalem à aceitação do Si-
mesmo. ” Pág. 200
“O tesouro é o Si-mesmo, o centro suprapessoal da psique. Ele só pode ser
descoberto através de um total comprometimento. Ele custa tudo o que se
tem. ” Pág. 200
Se o teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e atira-o longe; é melhor
perder um dos membros do que ter todo o corpo lançado ao inferno. E se
tua mão direita te leva a pecar, corta-a e atira-a longe; é melhor perder um
dos membros que ter todo o corpo lançado ao inferno .
“Do ponto de vista de um ego bem desenvolvido, que busca a totalidade e a
cura das dissociações, a imagem do corte de membros ofensivos do corpo
não é aplicável. Todavia, numa fase anterior de desenvolvimento, em que o
ego ainda se encontra amplamente identificado ao Si-mesmo, a imagem é
bem apropriada. Nesse caso, a totalidade srcinal inconsciente precisa ser
quebrada, precisa submeter-se ao desmembramento. Nesse estágio, requer-
se a separação entre ego e sombra para evitar que a personalidade total caia
no inconsciente (isto é, vá para o inferno). ” Pág. 201
“Cortar a mão direita suger iria um sacrifício do ponto de vista consciente e
da função superior para garantir mais realidade à função inferior e ao
inconsciente. ” Pág. 201
“O modo pelo qual essas imagens vão ser interpretadas deve levar em conta
o estágio de desenvolvimento psíquico da pessoa envolvida. ” Pág. 202
imagem, refletida
posse do objeto denum poço,. ”e Pág.
seu amor ele morreu,
220 desesperado por não poder ter a
“Narciso representa o ego alienado incapaz de amar, isto é, incapaz de dar
interesse e libido à vida – pois ele ainda não está ligado a si mesmo. O ato
de apaixonar-se pela própria imagem refletida só pode ter como significado
que ainda não possuímos a nós mesmos. ” Pág. 220
“Narciso aspira unir-se a si mesmo simplesmente porque está alienado do
seu próprio ser. Como Platão o exprimiu claramente no simpósio, amamos e
aspiramos àquilo que nos falta. ” Pág. 220
“O narcisismo em suas implicações mitológicas srcinais, não é, por
conseguinte, um excesso desnecessário de auto-estima; é justamente o
oposto, um estado frustrado de busca de uma autopossessão que ainda não
existe. A solução para o problema de Narciso é antes realização da auto-
estima que renúncia à auto-estima. ” Pág. 220
“A auto-estima realizada constitui um pré-requisito do amor genuíno por
qualquer objeto e do fluxo de energia psíquica em geral. ” Pág. 221
“No caso de Narciso, a realização da auto-estima, ou união com a imagem
das profundezas requer uma descida até o inconsciente, uma nekyia ou morte
simbólica. ” Pág. 221
“Depois que morreu, Narciso virou um narciso. [...] O narciso foi consagrado
a Hades e abriu as portas ao seu reino subterrâneo. Perséfone havia colhido
um único narciso quando a terra se abriu e Hades emergiu para rapta-la. A
conclusão inescapável é que o narcisismo, pelo menos em seu sentimento
mitológico srcinal, é o caminho que leva ao inconsciente, onde devemos ir
para buscar a individualidade. ” Pág. 221
“A etimologia é o lado inconsciente da linguagem, e por isso se reveste de
relevância para os estudos psicológicos. ” Pág. 222
“Jung demonstrou que as imagens da viúva e do órfão são parte do processo
de individuação. ” Pág. 222
“O simbolismo nos diz que a viuvez é uma experiência no caminho da
realização da individualidade; na verdade, a individualidade é a progênie
dessa experiência. Isso só pode significar que o homem deve separar-se
daquilo de que depende, mas que ele não é, antes de poder tornar-se
consciente daquilo que ele é, único e indivisível. ” Pág. 223
2. A MÔNADA E O MONOGENE
3. UNIDADE E MULTIPLICIDADE
1. O TRÊS E O QUATRO
processo
elementos de desenvolvimento;
estruturais. no segundo,
Três simbolizaria seriaquatro,
um processo; uma umtotalidade de
alvo. ” Pág.
249 – 250
“Também fiz uso de um padrão ternário – sendo as três entidades o ego, o
si-mesmo (ou não-ego) e o vínculo que os liga (o eixo ego-Si-mesmo). De
acordo com essa hipótese, o desenvolvimento da consciência ocorre através
de um ciclo de três fases que se repete muitas vezes ao longo da vida do
indivíduo. As três fases desse ciclo repetitivo são: (1) O ego identificado ao
Si-mesmo; (2) o ego alienado do Si-mesmo; (3) o ego unido de novo ao Si-
mesmo, esses três estágios poderiam ser denominados: (1) estágio do Si-
mesmo; (2) estágio do ego; e (3) estágio do eixo ego-Si-mesmo. Esses três
estágios correspondem precisamente aos três termos da trindade cristã: a
idade do Pai (Si-mesmo); a idade do Filho (ego); e a idade do Espírito Santo
(eixo ego-Si-mesmo). ” Pág. 250 – 251
“A ideia medieval de que o homem é composto de corpo, alma e espírito é
outra representação trinitária da totalidade. ” Pág. 251
2. TRANSFORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
1. A METAFÍSICA EMPÍRICA
problema para
grandiosas o psicoterapeuta
e refratárias empírico,
à prova sobre queespecialmente
a vida, reluta em darconsiderando-se
crédito a idéias
que essas idéias com frequência se associa à inflação óbvia, por exemplo, na
psicose. ” Pág. 263
“Para o psicólogo, a palavra metafísica tende a apresentar uma conotação de
arbitrárias profissões de fé acerca da natureza da realidade essencial. Ela
evoca atitudes dogmáticas que causam repugnância ao temperamento
empírico. ” Pág. 263
“Para o cientista, o dogmatismo metafísico constitui uma demonstração do
fato de que “ignoramos mais precisamente aquilo de que mais estamos
certos”. ” Pág. 264
“Deve-se acrescentar que um conteúdo metafísico projetado, quando retirado
da projeção, deve manter sua qualidade metafísica. ” Pág. 266
2. UMA SÉRIE DE SONHOS “METAFÍSICOS”
3. RETORNO AO PRINCÍPIO
Sonho 3:
Sonho 5:
Fui convidado para uma festa por Adão e Eva. Eles jamais morreram.
Foram o começo e o fim. Percebi isso e aceitei sua existência permanente.
Eram enormes, ultrapassando as escalas, como as esculturas de Maillol.
Tinham um ar escultural e não-humano. A face de Adão estava escondida
por um véu ou coberta e fiquei curioso por saber como era sua face. Atrevi-
me a tentar descobri-la e o fiz. A capa era uma camada muito pesada de
musgo ou alguma espécie de vegetal. Afastei-a apenas um pouco e olhei por
debaixo dela. Sua face era bela, mas assustadora – Era o rosto de um gorila
ou de alguma espécie de macaco gigante.
“O reino da festa é, evidentemente, o reino da eternidade, o reino arquetípico.
As personagens não morrem, mas vivem um eterno presente. O “Reino dos
céus” é o local onde encontramos os valores eternos. ” Pág. 275
“As personagens do sonho foram consideradas o princípio e o fim.
Tradicionalmente, a característica de princípio e fim jamais foi aplicada a
Adão. Todavia foi aplicada a Cristo, que foi chamado segundo Adão. ” Pág.
276
“Assim, a apresentação do sonhador a Adão sugere que lhe está sendo
mostrada a “face srcinal” anterior ao nascimento do ego e implica a chegada
de um processo de desencarnação. ” Pág. 276
Sonho 6:
Dois pugilistas profissionais estão empenhados numa luta ritual. Sua luta é
bela. No sonho, eles não são tanto antagonistas quanto colaboradores,
trabalhando a partir
imperturbáveis de um projeto
e concentrados. Noelaborado, planejado.
final de cada assalto,Eles
eles estão calmos,
vão para um
vestiário. No vestiário, aplicam “maquiagem”. Observo um deles mergulhar
o dedo em sangue e passa-lo no rosto do oponente e no seu próprio. Eles
retornam ao ringue e continuam sua veloz e furiosa, mas altamente
controlada, exibição.
“A pugna entre os contrários se reconcilia ao ser considerada como parte de
um projeto mais amplo. Há uma luta mas ninguém se fere; trata-se apenas de
um belo espetáculo dramático. Há sangue, mas é apenas “maquiagem”, parte
do mundo das aparências e ilusão. ” Pág. 279
Sonho 8:
Estou sozinho num grande jardim formal semelhante aos que vemos na
Europa. A grama é um tipo incomum de turfa, centenário. Há grandes cercas
de madeira de buxo e tudo está em perfeita ordem. No final do jardim, vejo
um movimento. No início, parece uma enorme rã feita de grama. Quando me
aproximo, vejo que é, na realidade, um homem verde, herbóreo, feito de
grama. Ele está dançando. É uma dança muito bonita e penso no romance
de Hudson, Green Mansions. Isso me deu uma sensação de paz, embora eu
não consiga entender realmente o que estava observando . ” Pág. 282
“A esse homem, prestes a morrer, o inconsciente exibe uma imagem vívida
e bela da natureza eterna da vida, cujas manifestações particulares estão em
contínua morte, mas que está em contínuo renascimento sob novas formas.
” Pág. 284
5. A CONCLUSÃO DA OPUS
Sonho 10:
Tal como nas Lendas dos Judeus, de Ginsberg, em que Deus estava em
comunicação pessoal com vários indivíduos, Ele pareceu me apresentar um
teste, completamente desagradável, para o qual eu não estava preparado,
técnica ou emocionalmente. Primeiramente, eu deveria procurar e
encontrar um homem que me esperava; juntos, deveríamos seguir
exatamente as instruções.
abstrato além de nossa Ocompreensão,
resultado final
comviria a tornar-sereligiosas
conotações um símbolo
ou
sagradas, ou ainda, de tabu. A tarefa envolvia a remoção das mãos do
homem nos pulsos, ordenando-as e unindo para criar uma forma hexagonal.
Dois retângulos, um de cada mão, deveriam ser removidos, deixando uma
espécie de janela. Os próprios retângulos também era símbolos de grande
valor. O resultado deveria ser mumificado, ressecado e negro. Tudo isso
durou um longo tempo; foi extremamente delicado e difícil. Ele o suportou
estoicamente, pois era o seu, assim como o meu, destino; e o resultado final,
nós acreditamos, foi o que tinha sido perdido. Quando olhamos o símbolo
resultante
mistério emdatorno
nossadelabuta, vimos que
si. Estávamos ele tinha
exaustos comuma impenetrável aura de
a tarefa.
“Se a vida da pessoa é governada pelo sentido de uma tarefa divina, isso
significa, psicologicamente, que o ego está subordinado ao Si-mesmo e foi
libertado das preocupações que têm o ego como centro. A natureza da tarefa
imposta no sonho indica algo dessa idéia. ” Pág. 286
“As mãos de um homem devem ser amputadas. Essa imagem tão rudemente
primitiva expressa um processo psicológico. [...] As mãos são o agente da
vontade consciente. Assim, ter as mãos cortadas corresponderia à
experiência da impotência do ego. Nas palavras de Jung, “a experiência do
Si-mesmo é sempre uma derrota para o ego”. ” Pág. 286
“O próximo passo da tarefa do sonho é unir as mãos amputadas para formar
um hexágono. Temos aqui uma referência à união dos contrários: direita e
esquerda, consciente e inconsciente, bem e mal. ” Pág. 286
“O produto da união é uma figura de seis lados. Um símbolo de seis lados
bem conhecido também se forma por meio da união de dois elementos
similares
seis está mas contrastantes,
associado no chamado Signo
à complementação de Salomão.de
ou cumprimento [...]uma
O número
tarefa
criadora. No Gênesis, o mundo foi criado em seis dias, e o ato final, a criação
de Adão, ocorreu no sexto dia. ” Pág. 287
“Resumindo o significado dessas amplificações, o sonho parece dizer que é
necessário realizar uma tarefa por intermédio da qual os poderes do ego
individual, para o bem e para o mal, são separados ou extraídos de sua união
com o ego e reunidos numa imagem abstrata ou suprapessoal. Quando duas
janelas retangulares são unidas, cria-se um efeito bastante misterioso, que
nos lembra de uma máscara primitiva. O resultado final é uma imagem
geométrica que – eu me aventuraria a sugerir – é uma representação
simbólica da face de Deus. ” Pág. 288
Sonho 11:
Foi-me atribuída uma tarefa praticamente difícil demais para mim. Uma
tora de madeira dura e pesada está oculta na floresta. Devo descobri-la,
serrar ou cortar dela um pedaço circular e entalhar na peça um desenho. O
resultado deverá ser preservado a todo custo, como se representasse algo
que não mais voltará a existir e que corre o risco de perder-se. Ao mesmo
tempo,
é, o queérepresenta
preciso fazer umaseu
e qual gravação em fita
significado descrevendo
total. No final, aem detalhes
própria o que
peça ea
fita devem ser entregues à biblioteca pública. Alguém diz que só a biblioteca
saberá evitar que a fita se deteriore dentro de cinco anos.
“Temos aqui, mais uma vez, o tema da tarefa difícil atribuída, que é análoga
à obra alquímica. A tora coberta é o material oculto, srcinal, que
primeiramente deve ser descoberto ou tornado manifesto e então receber uma
forma especial que tem uma certa singularidade, já que não voltará a existir.
O desenho entalhado é uma imagem com cinco pontas. O número cinco volta
ser mencionado na observação de que há o risco de deterioração em cinco
anos. O simbolismo do cinco aparece na quintessência dos alquimistas. É a
quinta forma e a unidade última dos quatro elementos e, portanto, o alvo final
do processo. ” Pág. 290
“Jung afirma que o número cinco sugere a predominância do homem físico.
O que corresponderia ao fato de a imagem do sonho lembrar uma figura
humana abstrata com cinco protuberâncias – quatro membros e a cabeça.
Assim sendo, a imagem sugeriria o alvo ou complementação da existência
física. ” Pág. 290
“Em alguns aspectos, o objeto e a gravação da fita podem ser considerados
sinônimos, já que o esboço do objeto tem bastante semelhança com um
carretel de fita de gravador. Nessa linha de associações, a tarefa pode ser
vista como a transformação da Madeira em Verbo, isto é, da matéria em
espírito. É possível que esse sonho estivesse pressagiando que eu publicaria
uma série de sonhos dele no futuro. A tarefa seria, então, gravar seus sonhos
e depositá-los comigo. Todavia, especialmente no contexto dos outros
sonhos, essa interpretação simples e personalista é completamente
inadequada aos dados. Muito mais provável é a suposição de que a tarefa do
sonho se refira tarefa de sua psicológica, cujos resultados deveriam ser
depositados como um permanente incremento de uma biblioteca coletiva ou
transpessoal, isto é, um tesouro do verbo ou do espírito. ” Pág. 291
Sonho 13:
1. INTRODUÇÃO
consigo.
tratemos Se devemos
de forma trabalharOcom
respeitosa. ego explosivos
ingênuo queem nossouma
aborda laboratório,
imagem que os
dessas
de modo descuidado pode sucumbir à hybris e ser fulminado pela ação
inevitável da nêmesis. ” Pág. 298
“Com esses pensamentos em mente, tomei duas citações alquímicas como
divisa. A primeira exprime a atitude do empirismo científico e da
psicoterapia prática. Ela diz: “A teologia sem a alquimia é como um corpo
nobre a que falta a mão direita”. Mas, para nos guardar da hybris da vontade
humana, a segunda citação deve ser apresentada imediatamente: “Nossa arte,
sua teoria, assim como sua prática, é, de qualquer forma, um dos de Deus,
Que a concede quando e a quem Ele escolhe: Não é daquele que deseja, nem
daquele que se apressa; ela vem simplesmente graças à misericórdia divina.
” Pág. 298
“Jung demonstrou que a figura de Cristo é um símbolo do Si -mesmo e essa
descoberta nos permitiu avançar consideravelmente na direção do
estabelecimento de uma relação entre a mitologia cristã tradicional e a
moderna psicologia profunda. Uma importante imagem corolário associada
ao simbolismo de Cristo é a imagem do sangue de Cristo. Minha atenção se
voltou para esse tema, no início, quando deparei com vários sonhos que
faziam referência ao sangue de Cristo. Esses sonhos indicam que o sangue
de Cristo é um símbolo vivo que ainda funciona na psique moderna. Por
conseguinte, eu me proponho a examinar esse símbolo e suas ramificações à
luz da psicologia Junguiana. ” Pág. 298
“Para demonstrar que essa imagem, junto com seus vínculos associativos,
constitui um organismo vivo, e não uma construção teórica, devemos seguir
a abordagem empírica, descritiva, fenomenológica. Todavia, essa
abordagem exige muito do leitor. Conforme vão sendo traçadas as
vinculações entre os vários paralelos e analogias, o leitor corre o perigo de
se perder na rede intricada de inter-relações. Não conheço forma de evitar
esse problema, se se pretende ter uma atitude de honestidade com relação ao
método empírico. Apesar dos críticos que não a entenderam, a psicologia de
Jung não é uma filosofia ou teologia, mas uma ciência sujeita a verificação.
Para não obscurecer esse fato, vemo-nos forçados a usar o incômodo método
empírico-descritivo, que sempre mantém sob atenção imediata as
manifestações reais da psique, apesar da complexidade, passível de levar à
confusão, que elas exibem. Para dar uma orientação geral, incluo um gráfico
que mostra algumas das imagens inter-relacionadas que, como veremos, são
associadas à imagem do sangue de Cristo. ” Pág. 300
2. O SIGNIFICADO DO SANGUE
“Da mesma
a partir de forma,
ocasiõesna de
vidaintenso
internaafeto,
do indivíduo, o ego
encaradas de descobre, justamentea
forma consciente,
existência do Si-mesmo – e a ele se liga. A intensidade da libido simbolizada
pelo sangue é necessária para forjar a conexão entre homem e homem e entre
homem e Deus. ” Pág. 305
“O sacrifício da pureza inocente também implica a realização da sombra, que
nos liberta da identificação com o papel da vítima inocente e da tendência a
projetar o executante demoníaco em Deus ou no próximo. ” Pág. 309
3. CRISTO E DIONISO
“Por
casa exemplo, apresentamos,
cuja identidade pessoal ae seguir, um havia
feminina sonho sido
de uma jovem
muito dona-de-
amplamente
submersa por um tratamento arbitrário e danoso na infância. A paciente em
questão é dotada de um talento criativo que, até a época do sonho, mantinha-
se totalmente despercebido. Pouco depois de iniciar a psicoterapia, ela teve
o seguinte sonho: ” Pág. 333 - 334
Uma figura, um anjo, com um vestido drapeado de branco sob os
joelhos, está debruçada, escrevendo com a mão direita numa pedra oval,
cor de areia, fixada num gramado novo. Ela está escrevendo com o sangue
que está num vaso seguro por uma figura masculina que se encontra do seu
lado direito. A figura masculina segura o vaso com a mão esquerda . ” Pág.
334
“Após o sonho, a sonhadora pintou um quadro que o representava. No
quadro, o anjo transformou-se numa grande ave branca que escreve com o
bico. O homem que segura o cálice de sangue na mão é uma figura de barba
vestida num robe e é claramente uma representação de Cristo. A sonhadora
não fez essencialmente nenhuma associação pessoal e disse apenas que o
homem a lembrou de Cristo e a ave do Espírito Santo. ” Pág. 334
“De acordo com a pintura do sonho, Cristo fornece o sangue mas o Espírito
Santo escreve. Isso corresponde de forma bastante estreita às palavras de
Jesus: “ ... a vós convém que eu vá, pois se não vou, não virá a vós o
Paráclito”. (João 16:7) A partida é o meio pelo qual se extrai o sangue,
deixando a energia da individuação livre para se expressar pelo espírito
autônomo em sua manifestação individual. Provavelmente é significativo
que essa paciente tenha crescido como católica romana e que, na época do
sonho, estivesse num processo de retirada de sua projeção da autoridade
última da igreja e em suas doutrinas. ” Pág. 335
“O próximo sonho é o de um jovem aluno de graduação. Quando criança,
houve um cardíaca
disfunção diagnóstico errôneo
devido a umsobre ele,disfuncional
sopro no qual se do
lhe coração.
atribuiu Essa
uma
experiência provocou-lhe muita ansiedade na época e o deixou com uma
reação fóbica diante do sangue ou da perspectiva de ver sangue. Quando
exploramos esse sintoma, descobrimos que o sangue representava afetos ou
intensidades emocionais de todos os tipos. Ele temia todas as reações vindas
do coração. Depois de um encontro particular com seu “complexo de
sangue”, durante o qual fez um esforço particular para se manter firme e
encarar sua ansiedade de frente em vez de fugir dela, ele teve o seguinte
sonho: ” Pág. 335- 336
1. INTRODUÇÃO E TEXTO
srcinal de totalidade
Pedra Filosofal, e união
em outro prima346
da” Pág.
nível. matéria é, portanto, restaurado na
2. TRANSFORMAÇÃO E REVELAÇÃO
“O texto nos diz que a Pedra Filosofal possui um poder de revelação. Ela
abre “todo o curso da natureza”, revela os vínculos existentes entre as
dimensões pessoais e transpessoais (terra e céu) da psique, e torna evidente
que nosso ego pessoal tem um fundamento “metafísico” e, por conseguinte,
um direito inalienável de existir em toda a sua peculiaridade. Esses efeitos
correspondem estreitamente aos efeitos de um encontro com um símbolo do
Si-mesmo que pode emergir, num sonho ou fantasia, durante a psicoterapia.
” Pág. 353
3. O PRINCIPIO DA FERTILIDADE
instrumento. O útero,
apropriados para o seio
o próprio e o pênis
princípio são,– por
da vida que, conseguinte,
nas palavras símbolos
do nosso
texto, gera todas as formas de vida e sabe “como produzi -las e fazê-las
crescer, florescer e gerar frutos. ” Pág. 358
“Consideradas em termos psicológicos, as qualidades de promoção do
crescimento que a Pedra possui referem-se ao fato de o Si-mesmo ser a fons
et srco da existência psíquica. A vida, o crescimento e a fertilidade são
expressões da libido ou energia psíquica. ” Pág. 358
(5) além de sua parte masculina – associada a uma qualidade solar através
de cujo calor inexcedível será queimada e destruída qualquer criatura,
planta, etc. – Há uma parte lunar e feminina que, (se aplicada
imediatamente), mitigará [os efeitos da parte masculina] com sua extrema
frieza; e, de maneira similar, a qualidade lunar imobiliza e congela qualquer
animal, etc., a não ser que lhe venha o auxílio imediato e o combate [ao frio]
da qualidade do Sol; pois, embora ambas as partes provenham de uma única
substância natural, em sua operação exibem qualidades opostas: não
obstante, há uma assistência natural entre elas, [que determina que] aquilo
que uma delas não é capaz de fazer a outra tanto pode fazer como o fará.
“Aqui somos informados de que a Pedra Filosofal é uma união de duas
entidades opostas: uma entidade quente, masculina, solar; e uma entidade
fria, feminina, lunar. Isso corresponde aquilo que Jung demonstrou de forma
tão exaustiva: o fato de o Si-mesmo ser experimentado e simbolizado como
união de opostos. A Pedra Filosofal costuma ser descrita como uma
coniunctio entre o Sol e a Lua. Muitos quadros alquímicos tentam descrever
esse paradoxo. ” Pág. 359
“O texto descreve também as qualidades negativas e perigosas que cada uma
dessas partes pode exibir quando opera sozinha. A parte solar, encontrada
em sua forma pura, é destrutiva em função do seu calor e de sua intensidade
excessivos. ” Pág. 359
“Encontramos o componente solar unilateral da Pedra Filosofal em seu
aspecto destrutivo, em termos psicológicos, tanto interior como
exteriormente, na projeção. Exteriormente, pode ser experimentado como o
ardor provocado pelo afeto extremo por outra pessoa. Interiormente, pode
ser
do encontrado quando
inconsciente, alguém
e é por se identifica Em
ela consumido. com ambos
uma fúria
os extrema,
casos, háemanada
efeitos
psíquicos danosos, cuja anulação requer um tempo considerável. As
quantidades moderadas de libido solar são criadoras, frutíferas e promotoras
de vida, mas um excesso unilateral é inimigo da vida psíquica. ” Pág. 360
“O texto nos diz que a parte lunar da Pedra Filosofal, quando encontrada em
sua forma pura, também pode ser destrutiva, já que sua extrema frieza
“imobiliza e congela”. O exemplo clássico do aspecto imobilizador é o mito
da Górgona Medusa. Olhar para ela tem o efeito de transformar quem olha
em pedra. O ego do homem é o mais vulnerável a esse efeito. ” Pág. 360 –
361
“O efeito de congelamento e de imobilização da qualidade lunar é uma forma
extrema assumida pela capacidade do princípio feminino no sentido de
promover a coagulatio. As imagens e necessidades prementes de natureza
espiritual, que prefeririam ficar afastadas da influência da terra, são
obrigadas, pelo princípio do Eros feminino, a se relacionar com a realidade
pessoal, concreta. Se o ego estiver bastante afastado dessa realidade, sua
experiência do encontro com o feminino será sentida como uma queda
paralisadora. ” Pág. 362
“Pode ser muito útil perceber que os efeitos danosos do perigoso poder lunar
e do poder solar destrutivo são, não obstante, aspectos da Pedra Filosofal.
Quando estamos nos recuperando dos efeitos de um encontro com qualquer
dessas potências, ajuda a manter a orientação e a perspectiva o fato de saber
que estamos sofrendo de algo emanado da própria Pedra. Quem procura a
Pedra Filosofal está repetidamente sujeito a se tornar vítima de um dos seus
aspectos parciais. Esses eventos constituem as operações alquímicas que
gradualmente produzem a transformação. Mas as operações estão em nós
mesmos. Nós experimentamos a calcinatio do fogo solar ou a coagulatio
paralisadora do poder lunar. Em meio a esses rigores, é extremamente útil
saber que elas são parte de um processo significativo mais amplo. ” Pág. 362
“O aspecto positivo do princípio solar da consciência masculina, espiritual,
deriva do fato de este ser produtor de luz. Tudo se torna claro, brilhante e
transparente sob a intensidade de sua iluminação. A experiência do Si-
mesmo pode transmitir uma considerável dose de numinosidade e em geral
se faz acompanhar de símbolos de luz – iluminação brilhante, fisionomia
irradiante, halos, etc. ” Pág. 364
5. A IBIQUIDADE
(9) S. Dunston a chama alimento dos anjos; e ela é chamada por outros
viático celestial; árvore da vida; e é sem dúvida (imediatamente abaixo de
Deus) o verdadeiro
torna capaz de viver elemento
um longovital;
tempopois,
sem por seu intermédio,
se alimentar; o homem
e de forma se
alguma
se poderia pensar que o homem que dela fizer uso possa morrer. Não tenho
muita admiração ao pensar sobre o porquê de os seus possuidores – que têm
essas manifestações de glória e de eternidade apresentadas diante dos seus
olhos carnais – desejarem viver; o porquê de eles, em lugar de desejarem
ser dissolvidos e ter o prazer da plena fruição, preferirem viver num lugar
em que devem contentar-se com a mera especulação...
“A Pedra é chamada “alimento dos anjos”. Normalmente, não concebemos
os anjos como entidades que precisem de alimento. Todavia, talvez sua
condição seja análoga à dos espíritos mortos do mundo inferior encontrados
por Ulisses. Para fazer surgir os espíritos ele foi obrigado a sacrificar dois
cordeiros e a derramar-lhe o sangue, que atrairia os espíritos que têm fome
de sangue. Trata-se de uma interessante imagem que expressa o modo com
a libido deve ser derramada no inconsciente para ativá-lo. Evidentemente,
algo similar ocorre com os anjos: eles precisam do alimento da Pedra
Filosofal para se manifestarem aos homens. O alimento é o símbolo da
coagulatio. Assim, a idéia pode ser a de que um reino eterno, angelical, é
concretizado ou trazido à existência temporal através da consciência com
relação ao Si-mesmo. ” Pág. 376
“Há uma situação semelhante, em nossos dias, que envolve a psicologia
analítica e a religião. Àquele que já não vê sentido nas formas religiosas
tradicionais, a psicologia analítica oferece um novo contexto para a
compressão dos símbolos transpessoais, um contexto mais apropriado para
os aspectos mais desenvolvidos da consciência moderna. ” Pág. 377
7. O UM NO TODO
“Pela primeira vez, o texto usa o termo prima matéria como sinônimo de
Pedra Filosofal e o faz numa passagem que enfatiza os múltiplos e
diversificados aspectos da Pedra. À primeira vista, parece haver uma
confusão entre o final e o princípio. A prima matéria é a primeira matéria
srcinal, que deve ser submetida a um longo procedimento para que se
alcance, finalmente, sua transformação em Pedra Filosofal, o alvo da obra.
Mas essas ambiguidades são características do pensamento alquímico, tal
como são características do simbolismo do inconsciente. ” Pág. 381 - 382
“As descrições da prima matéria enfatizam sua ubiquidade e multiplicidade.
Diz-se que ela tem “tantos nomes quantas são as coisas”, e na verdade Jung,
em seu seminário sobre Alquimia, menciona 106 nomes para a prima
matéria, sem ter começado a esgotar a lista. Apesar de suas diversas
manifestações, as fontes insistem também em que a prima matéria é,
essencialmente, uma unidade. Nosso texto faz a mesma afirmação: “há uma
diversidade de dons, mas só um espirito”. Assim, a Pedra Filosofal, o final
do processo, tem a mesma multiplicidade na unidade que a matéria srcinal
tem no início. A diferença entre elas reside no fato de, no final, haver uma
Pedra, isto é, uma realidade concreta, indestrutível. Talvez seja significativo
o fato de o início do processo alquímico ser mencionado nesse penúltimo
parágrafo da descrição do alvo. Isso sugere que o ciclo se completou, que o
fim é um novo início da circulatio eterna e que a Pedra, tal como Cristo, é
tanto Alfa quanto Ômega. ” Pág. 382
“Em termos psicológico, o tema de unidade e multiplicidade envolve o
problema da integração de fragmentos em conflito da nossa própria
personalidade. Essa é a essência do processo psicoterapêutico. O alvo do
processo é experimentar-se a si mesmo como uno; mas, ao mesmo tempo, o
ímpeto para fazer o esforço parece derivar da unidade que estava ali, a priori,
o tempo inteiro. Nosso texto implica que a unidade, uma vez alcançada, deve
partir-se outra vez, numa nova multiplicidade, se se pretende que a vida siga
seu curso. ” Pág. 382
Resumo feito por Gustavo Bianchini Porfírio, sem fins lucrativos. Bons
estudos!