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Parte III
Trabalho de Metodologia
Conclusão do Ensino
de Curso
Superior
Francely Aparecida dos Santos
Liliane Campos Machado
Luís A. de Oliveira Freitas
Parte III
Trabalho de Conclusão
de Curso
2012
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
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UNIDADE 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Enfoques epistemológicos, métodos e técnicas de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
UNIDADE 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Normatização para a Organização do Trabalho de Conclusão de Curso . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Profª. Drª. Francely Aparecida dos Santos
Apresentação
A tecnologia é uma experiência mediada entre o professor em formação e sua
imagem de si mesmo, sua percepção da auto-estima, e tem em vista especial-
mente o seu potencial como professor. Nesse contexto, a experiência do uso
da tecnologia está intrinsecamente ligada à visão que o professor em formação
tem de seu papel, de sua missão, e de seu próprio ‘estar no mundo’. (MARTIN
WILD, 1996 p. 139)
Este caderno didático foi elaborado com o objetivo de possibilitar reflexões e discussões em
torno do quinto módulo, do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação a Distância e tem
como objeto de estudo a didática, a metodologia do Ensino Superior e a normatização da pes-
quisa.
Essa terceira etapa do módulo cinco é tão importante quanto as duas primeiras. Ela está sis-
tematizada em duas unidades, sendo a primeira a que trata das dificuldades de pesquisar em
educação, dos métodos e técnicas para a elaboração e apresentação do trabalho acadêmico de
curso. E a segunda a que trata da normatização para o trabalho de Conclusão de Curso.
Esperamos que este caderno propicie leituras e análises críticas sobre as temáticas e que
você possa utilizá-lo como um material de apoio em situações várias na prática pedagógica.
Os textos elaborados para esse módulo facilitarão o seu trabalho enquanto pós-graduando,
mas eles não dispensam a pesquisa em outros livros e materiais diversos.
Ao selecionar e organizar as unidades, julgamos estar elaborando um bom caderno didáti-
co, mas esse só terá significado, se você fizer parte da nossa rede de aprendizagem e que essa
seja colaborativa.
Os autores.
9
Didática do Ensino Superior
UNIDADE 1
Enfoques epistemológicos,
métodos e técnicas de pesquisa
Objetivo da unidade
Introdução
11
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
Por isso não podemos e não devemos fazer de nossos ouvidos “ouvidos de mercadores”, que
são os que ouvem, mas não pensam sobre o que ouviram, pois tudo não passa de um amonto-
ado de conversas, sem reflexão sobre elas. Todos os dias entramos e saímos de nossa casas, de
nossa sala de aula de forma tão automática, que, em muitos casos,não temos tempo de ouvir os
colegas ou os alunos, e muito menos os nossos familiares.
Essas atitudes não nos ajudarão a enxergar os problemas que afligem a nossa sociedade,
e problematizar sobre eles; talvez uma das dificuldades que temos nas pesquisas em educação
seja essa forma tão automática de viver. No problema de uma pesquisa deve ser apresentado o
gosto e necessidade do pesquisador, se ele não perceber qual é esse problema, devido à forma
de viver, então ficará difícil elaborar uma problemática.
Precisamos perceber que as nossas contribuições no mundo são importantes para nós mes-
mos e para todo um contexto social e só podemos fazer isso ficando alerta sobre os problemas e
as questões que observamos como necessidade de pesquisa.
O mundo da pesquisa na universidade não pode existir se os dirigentes, professores, pesqui-
sadores, alunos e comunidade não se sentirem inseridos nele, atuarem e agirem sobre ele.
Por isso, quando alunos e professores desejam realizar pesquisa dentro de uma universida-
de, existem procedimentos legais para que ela aconteça. Esses procedimentos devem seguir as
regras estabelecidas pela Resolução n° 196/1996, publicada em 16 de outubro, pela Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que faz parte do Ministério da Saúde.
Essa resolução
É importante lembrar que esses cuidados são válidos porque no decorrer da história já tive-
mos muitos triunfos nas pesquisas, como as curas para várias doenças, e as respostas para vários
problemas educacionais e sociais, mas também tivemos sérios abusos, como as pesquisas nos
campos de concentração nazistas e muitos casos de experimentos realizados além da vontade
humana inclusive e, também, indiscriminadamente com animais.
A pesquisa na universidade deve ser planejada levando em consideração, além dos obje-
tivos da existência dela própria, também meios para que deixe de ser um mito e torne-se uma
realidade necessária. Algumas outras questões, além das discutidas, podem ser pensadas, como
a formação dos professores e as disciplinas que compõem o currículo dos cursos.
Em relação aos professores, deve-se, na formação continuada, deles promover o aprimora-
mento no ato de pesquisar. Por isso todos que estão ingressados na vida acadêmica procuram
os cursos de pós-graduação stricto sensu, em nível de mestrado e doutorado. Sugere-se que os
docentes titulados, nestes cursos, sejam os responsáveis por trabalharem com os acadêmicos in-
gressantes e com os de orientação de iniciação científica, através de vários programas de bolsas.
Eles também assumem a orientação de monografias que são elaborados na disciplina TCC/Mo-
nografia, Trabalho de Conclusão de Curso/Monografia, na maioria dos cursos da universidade.
Outro aspecto importante a ser refletido por nós é a utilização de instrumentos que podem
auxiliar alunos e professores a elaborarem e executarem suas pesquisas. Você, como acadêmico
de um curso da Universidade Aberta do Brasil –UAB, estudou em seu segundo módulo as disci-
plinas de Metodologia Científica, ela é um importante instrumento “na elaboração e apresenta-
ção de suas intenções de estudo bem como na construção de seus relatórios de pesquisa” (TEI-
XEIRA, 2005, p. 142).
Ressaltamos que outro aspecto importante nessa caminhada da pesquisa em educação na
universidade é a participação em eventos científicos, pois esses geralmente resultam de traba-
lhos e pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores das universidades, quer sejam alunos ou
professores. Além do aprendizado, do conhecimento e da troca de experiência com várias pesso-
as e de várias áreas de pesquisa, a participação nesses eventos de cunho científico, como ouvinte
ou com a apresentação de trabalhos (posters, comunicação oral, mesa redonda e outros), pode
compor pontos no currículo de formação profissional e acadêmica do pesquisador.
Sugerimos aos professores e aos alunos ficarem atentos aos vários eventos dentro e fora das
instituições, (do município, estado ou país), para que, surgindo a oportunidade, inscrevam-se e
caminhem por esse mundo da pesquisa na universidade sob várias formas: seminários, mesas
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Didática do Ensino Superior
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UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
tos sem sentidos e sem significados para eles. Indicando, dessa forma, que escrever é um grande
complicador em nossa vida, e que nesse ato não existe nenhum ponto positivo, mas somente
sofrimento, e só pode ser feito sob coação, ou sob pressão psicológica.
Além da dificuldade em escrever, a outra que está diretamente ligada a ela é a dificuldade em
ler e interpretar textos variados e, principalmente, os científicos e da área acadêmica. Essa se deve
em alguns casos à situação semelhante a da escrita onde pais e escola, muitas vezes, assumem pos-
turas diversas de dizer à criança, ao jovem ou ao adolescente que, ao comportar-se de forma ina-
DICA dequada, eles deverão pegar um livro e ir ler no quarto, ou na biblioteca, como forma de “punição”
Ler os textos “A
pelo comportamento inadequado.
organização da Outro ponto que pode nos ajudar a refletir sobre o assunto em pauta refere-se à pouca li-
vida de estudos berdade que é dada ao aluno de apresentar uma interpretação que sirva de ponto de discussão/
na universidade” e reflexão e que permita chegar a uma conclusão coesa sobre a leitura feita. Em alguns casos, são
“Diretrizes para Leitura, apresentados textos e perguntas onde as respostas de cada pergunta aparecem em uma ordem
análise e interpretação
de textos” está na
sequencial dentro do texto; ou seja, a resposta da primeira pergunta está no primeiro parágrafo e
seguinte referência: assim por diante.
SEVERINO, Antônio Essa falta de liberdade é percebida na prática pedagógica quando ouvimos frases do tipo
Joaquim. Metodologia “não coloque palavras na boca do autor” ou “tome cuidado com o que você está dizendo que o
do Trabalho Científico. autor disse”. São frases usadas em discussões ou orientações de leitura e interpretação de texto,
São Paulo: Cortez, 2000.
Capítulos I e II.
mas que têm como objetivo cercear a interpretação crítica e a criatividade do aluno, desenca-
deando um processo de reprodução e alienação, inviabilizando uma reflexão sobre o que o alu-
no está escrevendo ou falando acerca do foi lido e interpretado.
Outro fator dificultador é a forma como algumas escolas trabalham e desenvolvem nos alu-
nos a concepção de pesquisa e do ato de pesquisar. Essa é apresentada como cópia de livros,
sites, enciclopédias e outros, quer sejam esses físicos ou virtuais. Nesse caso os alunos se debru-
çam sobre eles e copiam literalmente as páginas referentes à temática e entregam aos profes-
sores que em alguns casos validam essa ação como uma pesquisa. Com isso a concepção e o
conceito de pesquisa está sendo formado nos estudantes de forma extremamente inadequada.
Contrária à idéia do que entendemos como pesquisa, e que está descrita no início da unidade
um, “compreendemos a pesquisa como uma ação desejada, intencional, estruturada medologi-
camente (sistematizada), que busca respostas para questões previamente elaboradas (proble-
mas), que exige ainda do pesquisador ser criativo e alguém que, com um olhar particular, conse-
gue reinventar a história e os fazeres humanos, tornando o cotidiano significativo de identidades
e histórias sociais e culturais” (p.6)
A terceira dificuldade indicada por Fazenda (2002) refere-se à condição da linguagem oral.
Ela indica que alguns de nós somos “filhos do silêncio” e que isso pode nos ter prejudicado no
desenvolvimento adequado da linguagem oral. É interessante lembrar que o ser humano é natu-
ralmente curioso e que, dos 3 aos 7 anos de idade, as crianças adoram fazer perguntas, pois psi-
cologicamente estão em uma fase chamada de “fase dos por quês”, pois querem saber de tudo, e
por isso perguntam sempre.
Alguns pais não entendem essa necessidade de perguntar e pedem às crianças para se ca-
larem; ora por não saberem o quanto é importante o diálogo desde a infância, ora por estarem
muito ocupados ou prestando atenção em outras situações e não darem conta de atender à ne-
cessidade da construção mental da criança, a fim de que essa possa elaborar conceitos acerca
do mundo em que vive. Quando essa criança entra na escola, a relação entre pergunta, resposta
e diálogo, permanece na maioria das vezes da mesma forma, no silêncio, também pelos mes-
mos motivos; ora o professor não percebeu a importância de ação da criança, ora porque ele tem
um número de alunos muito grande na sala de aula e, consequentemente, não consegue dar a
atenção devida e necessária. Ou ainda por esse professor também ser “filho do silêncio”, sendo
assim, ele está reproduzindo as condições em que foi formado.
Sob esse quadro, quando as crianças dão continuidade aos estudos, em alguns casos eles
não persistem nos questionamentos, e deixam a curiosidade problematizadora adormecer em
seu íntimo, em relação aos interesses escolares, criando uma barreira no desenvolvimento da lin-
guagem oral e dificultando a condição de criar problemas de cunho científico.
Nesse caso, quando chegam à universidade e se deparam com a necessidade de problema-
tizar para realizar pesquisas, o que conseguem, na maioria das vezes, é elaborar questões óbvias,
e não formulando adequadamente tema/problema de pesquisa, gerando o que Fazenda (2002)
nos indica como a quarta grande dificuldade em pesquisar, dizendo que
se o hábito de pesquisar já estivesse presente desde o 1° grau, evidentemente
não haveria dificuldade em encontrar o tema [...],um pesquisador familiarizado
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Didática do Ensino Superior
Julgamos imprescindível apontar essas dificuldades que podem ser superadas ou, pelo me-
nos, minimizadas. Elas não são específicas de uma única pessoa, mas da maioria dos estudantes
brasileiros, inclusive da própria autora, como ela mesma afirma, ao escolher um tema de pesqui-
sa em início de carreira, que não era muito explorado na época.
Sobre essas dificuldades, a autora nos sugere alguns caminhos possíveis para sua melhoria;
as indicaremos para que você, acadêmico de Pedagogia, também reflita sobre a sua própria vida
e as formas que está encontrando para aprender e realizar suas pesquisas acadêmicas e científi-
cas. Fazenda (2002, p. 16) apresenta ideias que nos apontam possíveis caminhos como “atributos
básicos para o exercício do pesquisador, ao lado do aprimoramento do gosto por conhecer, a
inquietude no buscar e o prazer pela perfeição”.
Sabemos que vencer barreiras criadas à revelia de nossa vontade não é tarefa muito fácil,
mas, com a nossa experiência como estudantes e pesquisadores que somos, podemos indicar
que é possível vencer várias barreiras para elaborarmos e realizarmos pesquisas no campo da
educação de forma consciente, responsável, ética e compromissada, ou seja, uma pesquisa que
gere emancipação do profissional da educação.
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UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
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Didática do Ensino Superior
1.3.2 Fenomenologia
17
SINI, 2004, p.63).
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
DICA O enfoque fenomenológico é compreendido como a trajetória que será percorrida pelo pes-
Assista aos filmes Galileu quisador a partir das interrogações feitas ao fenômeno, fazendo com que haja “um envolvimento
Galilei e Laranja Mecânica. pessoal do pesquisador no mundo-vida dos sujeitos da pesquisa” (FINI, 1997, p. 29).
Galileu Galilei – o filme
demonstra o trabalho do
cientista Galileu Galilei através
dos vários experimentos
1.3.2.2 Objetivo do enfoque fenomenológico
e criações científicas
realizados por ele através
da utilização do Método Para Santana (2002, p. 32),
Científico: observação,
hipóteses, experimentação e O objetivo central da fenomenologia é compreender o fenômeno. Compreen-
generalização. A sugestão é dê-lo para dizer como funciona, e não para explicar seus motivos últimos e po-
que o professor trabalhe com líticos. O alvo, portanto, é compreender o mundo do fenômeno por inteiro, ou
o filme e discuta a relação seja, como ele aparece para o pesquisador nas suas múltiplas formas. A ciência,
das ações apresentadas nele para a fenomenologia, é um processo de pesquisa que se inicia com uma inter-
e a pesquisa de enfoque rogação e tem uma metodologia específica para ser investigado.
positivista e reflita com os
alunos sobre os motivos;
Laranja Mecânica – Nele são
apresentadas experiências 1.3.2.3 Características do enfoque Fenomenológico
científicas com seres
humanos, tendo como base
o enfoque positivismo no • Descrição do fenômeno.
sentido de se tentar mensurar • A investigação deve partir das coisas e dos problemas (a priori ou epoché).
os sentimentos humanos. A • Os fatos devem excluir as dúvidas de modo absoluto e imediato (evidência e apodíctica).
sugestão é que também,o
• Intencionalidade que parte do eu e invade temporariamente os dados materiais, unifi-
professor trabalhe com o
filme e discuta a relação das cando-os em ordem à constituição e designação do objeto enquanto consciente e signi-
ações apresentadas nele ficado.
e a pesquisa de enfoque • Intersubjetividade na interpretação do fenômeno.
positivista e reflita com os
alunos sobre os motivos; além
de relacionar com o contexto
educacional. 1.3.2.4 Procedimentos Metodológicos do Enfoque Fenomenológico
GLOSSÁRIO Nesse tópico vamos conversar sobre procedimentos que nos ajudarão a compreender as
a priori: anterior a qualquer
etapas de execução do trabalho científico na perspectiva fenomenológica. Dessa forma, apresen-
experiência. (MARTINSet al., tamos a seguir os procedimentos estabelecidos por Masini (2004).
1990),
epoché: significa suspender, • O primeiro momento é chamado de “pré-reflexivo”, ou seja, existe então alguma coisa
diante do fenômeno, as sobre a qual o pesquisador tem dúvidas; algo que ele quer conhecer, mas que ainda não
crenças referentes ao mundo
natural. Significa que o
está bem explicitado para ele” (MASINI, 2004, p. 27). As interrogações que serão feitas
pesquisador deve deixar de pelo pesquisador determinarão a trajetória a ser seguida por ele.
olhar o fenômeno de uma • O segundo momento é chamado de “epoché” pelos estudiosos do método em ques-
forma comum, abandonando tão. É o momento antes de praticar a pesquisa, no qual o pesquisador suspende as suas
os preconceitos e concepções conceituais sobre o fenômeno, esvaziando-se dos preconceitos particulares
pressupostos em relação
aquilo que está interrogando.
e inerentes ao ser humano. Conforme Masini (2004, p. 27), é um momento da pesquisa
(MARTINs et al., 1990), que significa redução, suspensão ou retirada de toda e qualquer crença, teorias ou ex-
evidência apodíctica: os plicações existentes sobre o fenômeno. Abandonar ou deixar de lado por enquanto os
fatos devem ser apresentados pressupostos ou pré-conceitos estabelecidos a priori, a fim de permitir o encontro do
de modo absoluto e imediato. pesquisador com o fenômeno.
(FINI, 1997),
regras de inquérito: para
• O terceiro momento da pesquisa fenomenológica é estabelecer uma “região de inquéri-
que a partir destas se chegue to”, para que a partir desta se chegue aos dados necessários para compreender a experi-
aos dados necessários para ência vivida pelos sujeitos. Uma estratégia de abordagem científica que prioriza as várias
compreender a experiência maneiras de destacar um determinado fenômeno, pois será através dos vários ângulos a
vivida pelos sujeitos (MASINI, partir dos quais os sujeitos veem o objeto que este será esgotado em seu conhecimento.
2004),
hermenêutica: como um
método de pesquisa assenta- Os três momentos apresentados acima denominam-se de fenomenologia hermenêutica e
se na tese ontológica de que podem ser sintetizados com esquema (FIG. 2) que retrata o ciclo hermenêutico.
a experiência vivida é em
si mesma essencialmente
um processo interpretativo.
(COHEN e OMERY, 1994, p.
148).
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Didática do Ensino Superior
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UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
• Analisar a realidade a partir de sua história com intenção de elaborar propostas de inter-
venção, a fim de transformá-la.
• Desvelar as contradições encontradas no contexto histórico em que se produz o objeto
estudado.
• Propor transformar a realidade através da interferência tanto da pesquisa quanto do pes-
quisador, no que se refere aos aspectos sociais, históricos, econômicos, políticos e cultu-
rais.(FRIGOTTO, 2004)
Primeiro momento -ao iniciar uma pesquisa, o pesquisador tem em mãos não um proble-
ma específico, mas, sim, uma problemática, ou seja, uma situação que precisa ser investigada.
Isso se torna importante pelo fato de o pesquisador já ter algum conhecimento prévio da situa-
ção. As condições já existentes fazem com que o pesquisador não chegue intelectualmente vazio
em relação à problemática a ser estudada. (FRIGOTTO, 2004, p. 87).
20
Didática do Ensino Superior
Segundo momento - no trabalho de pesquisa executado pelo pesquisador, este terá como GLOSSÁRIO
esforço primário fazer um resgate crítico da produção científica já efetivada sobre a problemáti- Tese (A) é uma
ca escolhida para estudo.O pesquisador terá, portanto, o controle da pesquisa, estruturando as afirmação;
questões e a análise tanto dos fatos quanto dos documentos. O objetivo nesse momento é fa- Antítese (B), é uma
zer um inventário teórico orientado em direção aos propósitos estabelecidos anteriormente pelo afirmação contrária, e
pesquisador, para posteriormente estes serem criticados conforme os propósitos do trabalho Síntese (C), como
o nome indica, é o
(FRIGOTO, 2004, p. 88). Esse segundo momento da pesquisa pode ser denominado como coleta resultado da síntese
de material para análise, período este muito especial para a fundamentação teórica da pesquisa. entre as duas primeiras.
A síntese supera
Terceiro momento - após feito o levantamento seletivo das teorias estudadas, cabe ao pes- a tese e a antítese
quisador definir os métodos utilizados para a organização, análise e interpretação desse material. (portanto, é algo de
natureza diferente), ao
É o momento de criticar e discutir com os teóricos apresentados no início da pesquisa. Desse mesmo tempo em que
movimento investigativo surgem novas derivações sobre a problemática em questão (FRIGOTTO, conserva elementos
2004, p. 88). das duas e conduz
a discussão, nesse
Quarto momento - no desenrolar da análise dos dados pelo pesquisador, surgirão as co- processo, a um grau
mais elevado. E, na
nexões, mediações e contradições dos fatos que constituem a problemática pesquisada. Neste sequência, dá origem
momento será superada aquela percepção imediata e primeira sobre a problemática da pesquisa a uma nova tese, que
(FRIGOTTO, 2004, p. 88). O pesquisador fará as múltiplas relações entre a parte estudada e a tota- inicia novamente
lidade (a realidade social). É nesse momento da análise que acontece o processo interacional das o ciclo.Disponível
partes com o todo para que este seja criado e recriado a partir das suas inter-relações. em:http://educacao.
uol.com.br/filosofia/
marx-teoria-da-
Quinto momento - caberá ao pesquisador estabelecer a síntese da investigação como re- dialetica.jhtm. Acesso
sultado da elaboração efetivada durante o seu processo de pesquisa. Esta síntese consistirá nas em: 01 ago. 2009.
exposições orgânicas, coerentes, concisas das “múltiplas determinações”.
Acreditamos que o procedimento do en- ◄ Figura
foque materialista histórico dialético pode ser 3:Esquematização da
ilustrado no esquema que se segue. Pesquisa Materialismo
Rememorando: como construímos um Histórico Dialético
exemplo de tema e problema para a pesquisa Fonte: LIMA, 2003.
positivista e fenomenológica, veja o exemplo
de tema e problema na pesquisa de cunho
Materialista Histórico Dialético. DICA
Vale a pena assistir
Exemplo: Enfoque Materialista Históri- ao filme: O Jardineiro
Fiel para discutirmos a
co Dialético (Adaptado de TRIVIÑOS, 1992)
dialética.
O JardineiroFiel -Nele
TEMA: O Fracasso Escolar. são demonstrados os
resultados de fármacos
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA: O fracasso destinados a um grupo
de mulheres em uma
escolar nas escolas estaduais de ensino funda-
região da África, que
mental da cidade de Montes Claros, MG. acabam causando
infertilidade e outros
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA: Quais são os aspectos do desenvolvimento do fracasso es- problemas, indiferente
colar a nível local, regional e nacional e suas relações com o processo da educação e da comuni- da vontade delas.
Os protagonistas
dade nacional e como se apresentam as contradições, primordialmente, em relação ao currículo,
lutam, em perspectiva
formação e desempenho profissional dos professores e a situação de lugar da escola, centro ou dialética, buscando
periferia, dos alunos que fracassam, e especificamente escolas estaduais de ensino fundamental documentos,
da cidade de Montes Claros-MG. depoimentos para
No enfoque materialista histórico dialético, percebemos a historicidade do fenômeno, o que embasar uma denúncia
pública, tendo como
não se observa nos enunciados do enfoque positivista e fenomenológico; suas relações a nível
preocupação a melhora
mais amplo situam o problema dentro de um contexto complexo ao mesmo tempo em que, di- social, econômica e da
namicamente e de forma específica, estabelece contradições possíveis de existir entre os fenô- saúde de determinado
menos que caracterizam particularmente o tópico. grupo social através da
pesquisa científica. Aos
professores sugerimos
uma análise do filme,
partindo dos objetivos
e características
do enfoque
epistemológico da
21
dialética.
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
A pesquisa quantitativa tem, segundo Gamboa (2007), sua origem nos fundamentos no en-
foque filosófico positivista, que pressupõe a neutralidade do sujeito a favor do fator quantidade.
Sendo assim, é apropriada quando existe a possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis
e inferências a partir de amostras de uma população. Essa pesquisa usa medidas numéricas para
testar constructos científicos e hipóteses, ou busca padrões numéricos relacionados a conceitos
cotidianos. Ela se caracteriza, principalmente, pela presença de medidas numéricas e análises es-
tatísticas (DIAS, 1999).
Silva (2006) afirma que, entre os métodos de investigação, a abordagem quantitativa é bem uti-
lizada no desenvolvimento de investigação descritiva, uma vez que ela procura descobrir e classificar
a relação entre variáveis, assim como na investigação da relação de causalidade entre os fenômenos,
causa e efeito. Ou seja, é quantificar opiniões, dados, na forma de coleta de informações.
Exemplo:
Pesquisar os índices de evasão e repetência escolar dos alunos do ensino médio na E.E Bea-
bá. Após coleta, tabulação e análise dos dados, o resultado será demonstrado de forma numéri-
ca, estatística.
22
Didática do Ensino Superior
Essa pesquisa não se preocupa com uma representatividade numérica, e sim com o apro-
fundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, entre outros.
Podemos afirmar que as pesquisas qualitativas têm caráter exploratório, pois estimulam
os entrevistados a pensar e falar livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem
emergir aspectos subjetivos, atingem motivações não explícitas, ou mesmo não conscientes, de
forma espontânea.(GOLDENBERG, 1999)
PARA REFLETIR
Para Liebscher (apud DIAS, 2000, p. 02),
É importante ressaltar
É apropriada quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e que as pesquisas
não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento quantitativas e
do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para qualitativas oferecem
aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e anali- perspectivas diferentes,
sar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas. mas não são opostas.
De fato, representam
abordagens que
Exemplo:
podem ser utilizadas
em conjunto, de acordo
Pesquisar os fenômenos de evasão e repetência escolar dos alunos do ensino médio na E.E com a necessidade
Beabá. Estudo, interpretação e análise dos dados serão feitos de forma qualitativa, onde será da pesquisa, obtendo
considerado o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, entre assim mais informações
acerca do problema de
outros.
pesquisa.
Nas pesquisas na área de Ciências Humanas, em especial na área de educação, é muito co-
mum adotar uma perspectiva quanti-qualitativa, entendendo como afirma Laville e Dione que as
Segundo Martins (2000) o enfoque “qualitativo” insere-se na complexidade nas Ciências Hu-
manas, por fundamentar-se no modo de ser do homem.
[...] pode-se dizer que só haverá Ciências Humanas se nos dirigirmos à maneira
como os indivíduos ou os grupos representam palavras para si mesmos utili-
zando suas formas de significado, compõem discursos reais, revelam ou ocul-
tam neles o que estão pensando ou dizendo, talvez desconhecido para eles
mesmos, mais ou menos o que desejam, mas de qualquer forma, deixam um
conjunto de traços verbais daqueles pensamentos que devem ser decifrados e
restituídos, tanto quanto possível, na sua vivacidade representativa. (MARTINS,
2000, p. 51)
Gamboa (2007) afirma que é nas diferentes formas de abordar a realidade educativa que
estão explícitos diferentes pressupostos que necessitam ser desvelados. E que, nesse contexto,
os “estudos de caráter qualitativo sobre os métodos utilizados na investigação educativa e seus
pressupostos epistemológicos ganham significativa importância” (GAMBOA, 2007, p.24).
Afirma também que a pesquisa educacional não se reduz a uma série de instrumentos, téc-
nicas e procedimentos, apenas constituem parte do método científico.
23
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
[...] de igual maneira, toda teoria de ciência se afirma numa teoria do conhe-
cimento, onde as concepções de objeto, sujeito e suas mútuas relações se
explicitam entre si. Na mesma seqüência de complexidade não existe uma teoria
do conhecimento sem uma ontologia, sem uma concepção do real, sem uma
cosmovisão. (GAMBOA, 2007, p.184).
A pesquisa quantitativa é descrita por Laville e Dionne (1999, p.224), como uma abordagem
que, após ter reunido os elementos tirados dos conteúdos em categorias, o pesquisador constrói
distribuições de frequência e outros índices numéricos, colocando em movimento o “aparelho
estatístico habitual”.
Laville e Dione (1999) afirmam que a disputa ente os partidários da abordagem quantitativa
e da abordagem qualitativa é, no mais das vezes, inútil e até falsa. Inútil, porque os pesquisado-
res aprenderam, há certo tempo, a combinar suas abordagens conforme as suas necessidades,
inútil ainda, porque “[...] é querer se colocar frente a uma alternativa estéril” (LAVILLE e DIONE,
1999, p.43), ou seja,
A partir do momento em que a pesquisa centra-se em um problema específico,
é em virtude desse problema específico que o pesquisador escolherá o proce-
dimento mais apto, segundo ele, para chegar à compreensão visada. Poderá
ser um procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma mistura de ambos. O
essencial permanecerá: que a escolha da abordagem esteja a serviço do objeto
da pesquisa, e não o contrário, com o objetivo de daí tirar o melhor possível, os
saberes desejados. (LAVILLE e DIONNE, 1999, p.43).
Exemplo:
Pesquisar os índices e fenômenos de evasão e repetência escolar dos alunos do ensino mé-
dio na E.E Beabá. Estudo, interpretação, análise descritiva e estatística dos dados serão feitos de
forma quanti-qualitativa, onde será considerado o aprofundamento da compreensão de um gru-
po social, histórico, econômico, político e cultural, com o intuito de propor transformações à rea-
lidade pesquisada.
Amaral (2007) nos apresenta a pesquisa bibliográfica como uma etapa fundamental do tra-
balho científico, esse tipo de pesquisa influenciará todas as etapas de uma pesquisa, pois é a par-
tir do embasamento teórico que iniciamos o nosso trabalho de pesquisa.
Durante a realização da pesquisa bibliográfica, fazemos levantamentos, seleção, fichamento
e coleta de informações referentes à temática em estudo.
A pesquisa bibliográfica tem os seguintes objetivos:
Trujillo (1982, p.210) sugere um roteiro para que o pesquisador possa direcionar suas
ações, evitando possíveis omissões ou esquecimento, veja o roteiro:
24
Didática do Ensino Superior
A pesquisa bibliográfica fornece dados para qualquer outro de tipo de pesquisa. É impor-
tante salientar que podemos fazer uma pesquisa só bibliográfica (denominamos esse tipo de
pesquisa de “revisão de literatura”), mas não podemos fazer uma pesquisa só de campo, essa pre-
cisa de fundamentação teórica que a pesquisa bibliográfica oferece.
Exemplo:
Uma abordagem de investigação social por meio da qual se busca a participação plena da
comunidade na análise de sua própria realidade. É uma pesquisa realizada mediante a integra-
ção entre pesquisador e pessoas envolvidas no problema sob investigação (SILVA, 2006).
Tem por objetivo:
• Promover a participação social dos participantes da investigação com o intuito de possi-
bilitar uma reflexão sobre a sua realidade, uma vez que os participantes são os excluídos
e/ou deixados de lado pela sociedade. Assim sendo esse tipo de pesquisa torna-se uma
atividade educativa, de investigação e ação social. (BRANDÂO, 1984).
• Obter conhecimento mais profundo do grupo pesquisado. Esse grupo tem conhecimen-
to da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador. (SILVA, 2006,
p. 59)
• Observar as ações no momento em que elas ocorrem. (SILVA, 2006).
Acreditamos que esse tipo de pesquisa é muito indicado para estudo de grupos, comu-
nidades, uma vez que envolve diferenças: de valores, de costumes, de pensamento e outros.
A seguir apresentamos alguns exemplos, e evidenciamos que os nomes da escola e da pro-
fessora são fictícios.
25
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
Exemplo:
Para Thiollent (1996), uma pesquisa pode ser identificada como pesquisa ação quando hou-
ver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação.
Essa ação não pode ser do cotidiano e sim ação problemática capaz de merecer uma investigação.
Exemplo:
Na E.E. Beabá tem um laboratório de informática que não é muito utilizado pelos professo-
res, embora exista uma política do governo para que esses professores utilizem os conhecimen-
tos da informática e da internet em suas aulas. Algumas professoras da Universidade Estadual in-
trigadas sobre o porquê de os professores não utilizarem os computadores resolveram fazer uma
pesquisa na escola e optaram pela pesquisa ação. Na organização do trabalho as pesquisadoras
planejaram um diagnóstico da realidade da escola e dos professores, em seguida fizeram um tra-
balho de oficina sobre o uso pedagógico do laboratório de informática. Todos os professores da
escola que participaram da oficina desenvolveram atividades no laboratório com os seus alunos
e em um novo encontro os professores relatam às pesquisadoras os resultados do trabalho.
Pesquisa sobre “o cotidiano das mulheres professoras na década de 1920 na cidade de Montes
26
Claros”
Didática do Ensino Superior
Para Alberti (1989, p. 1-2 apud ALARCON; ELIAS; REIS, 2005), a história oral é um método DICA
de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica, etc.) que: “privilegia a realização de entrevis-
Acesso o site: http://
tas com pessoas que participam de, ou testemunharam acontecimentos, conjunturas, visões de www.cpdoc.fgv.br/
mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo”. Para a autora, as entrevistas gravadas Historal/htm/ho_
e transcritas constituem-se em um documento de uma versão do passado, mas “[...] não mais o oqueehistoria.htme leia
passado tal como, efetivamente, ocorreu, e sim a versão do entrevistado”. um pouco mais sobre a
história oral.
27
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
1.6.1 Entrevista
Sendo ela uma das técnicas de coleta de dados que favorece o entrosamento entre pes-
quisador e sujeito da pesquisa, podemos afirmar que ela privilegia um grande enriquecimento,
amplo campo de questionamentos que são resultados de toda as informações que ele recolheu
sobre o fenômeno investigado, e da teoria que alimenta seu trabalho de pesquisa. “Através dela,
o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais” (NETO,1994, p.56).
Para Triviños é um
[...]dos principais meios que tem o investigador para realizar coleta de dados
[...] pois ela ao mesmo tempo que valoriza a presença do investigador, ofere-
ce todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade
e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação. (TRIVIÑOS, 1987,
p.146).
Pode-se afirmar que a entrevista não é uma técnica muito simples, assim, como todas as
outras, ela tem características próprias que precisam ser observadas para que a coleta de dados
aconteça de forma segura e correta, que pode ser utilizada em pesquisas de cunho qualitativo,
quantitativo, ou quanti-qualitativo, dependendo do tema/problema de pesquisa.
Ela não pode ser vista como uma simples conversa e não pode acontecer de forma desaten-
ciosa ou neutra, pois ela representa uma determinada realidade que está sendo focalizada no
momento da pesquisa.
Essa técnica “busca levantar dados que possam ser utilizados em análise qualitativa, quan-
titativa, ou quanti-qualitativa, selecionando-se os aspectos mais relevantes de um problema de
pesquisa” (BARROS; LEHFELD,1990, p.81).
A entrevista, como técnica de coleta de dados, apresenta algumas qualidades, como, por
exemplo, não apenas suprir carências documentais, quanto comprovar ou pôr em causa dados
escritos, além disso, pode-se também expressar dados sobre populações e realidades excluídas
das documentações tradicionais ou tratadas de forma equivocada (GROPPO; MARTINS, 2007).
A principal característica da entrevista é que a pergunta é feita pelo entrevistador e respon-
dida pelo entrevistado, e as respostas são registradas com o uso de um gravador.
Podemos indicar algumas ações que são importantes no planejamento da entrevista:
28
Didática do Ensino Superior
dade do trabalho, pois “algumas pessoas afirmam que o gravador inibe o informante [...]
mas rapidamente qualquer sujeito faz caso omisso de aparelho e atua espontaneamente”
(TRIVINOS, 1987, p. 148).
7. O pesquisador pode, no decorrer da entrevista, anotar questões gerais que esteja obser-
vando sobre as atitudes ou comportamentos do entrevistado, e isso pode contribuir me-
lhor ainda para os esclarecimentos que persegue o cientista (TRIVINOS, 1987).
8. Depois de terminar essa parte da entrevista, o pesquisador deve realizar toda a transcri-
ção, respeitando as respostas do sujeito; ou seja, não se modifica, acrescenta, corrige ou
muda qualquer fala apresentada no ato da entrevista.
9. Depois dessa etapa, o pesquisador precisa encaminhar o texto transcrito ao sujeito para
que o mesmo leia o que foi dito por ele e transcrito pelo cientista, solicitando ao mesmo
que observe se tudo está de acordo com o que foi dito, ou se deseja acrescentar ou retirar
alguma parte da entrevista. (textualização da entrevista pelo entrevistado)
GLOSSÁRIO
Observadas e finalizadas essas etapas, o pesquisador pode partir para a apresentação, inter- Textualização
pretação e análise dos dados coletados, de entrevistas: o
pesquisador realiza
fugindo do empiricismo, procurando problematizar os diferentes tipos de in- a coleta de dados e,
formação recolhida, e nesse caso é fundamental que se considere a dimensão depois de transcrita
sociológica e ideológica que envolve as verbalizações (BARROS; LEHFELD,1990, a entrevista, ela é
p.83). encaminhada ao
entrevistado para que
Depois dessas orientações sobre a entrevista passaremos às do questionário. ele possa ler e alterar,
corrigir, mudar ou
acrescentar algum
item, bem como fazer
1.6.2 Questionário correções de suas
próprias respostas.
Para o graduando
É uma técnica de coleta de dados que utilizamos para o levantamento de informações e se sugerimos essa
difere da entrevista, pois nele é o próprio sujeito da pesquisa quem preenche as respostas, é ele contextualização
somente do ponto de
quem deverá “respondê-las de acordo com sua interpretação e sem ocorrer a mediação dialógica
vista do entrevistado,
do pesquisador” (GROPPO; MARTINS, 2007, p. 50). mas em estudos
A forma de realizar a coleta de dados através do questionário pode variar dependendo da strictu sensu, essa
necessidade da pesquisa, e da melhor forma de se ter os dados com segurança e organização: contextualização pode
e-mail, correio ou pessoalmente. ser feita inclusive do
ponto de vista do
É um instrumento considerado barato para o pesquisador, mas ao mesmo tempo o
entrevistador.
pesquisador deve ter muita paciência e tranquilidade com a utilização dele porque nem sem-
pre consegue um grande retorno dos que foram distribuídos. Por isso é sempre sugerido que o
universo de coleta de dados através do questionário seja sempre o maior possível, no sentido
de não comprometer os dados da pesquisa. Se tiver um número pequeno de sujeitos, o melhor
mesmo é utilizar a entrevista.
O roteiro deve conter sempre uma pequena carta de intenção onde o pesquisador se apre-
sente, apresente a instituição de que faz parte, bem como os objetivos da pesquisa, e informação
segura de que os dados serão utilizados de forma ética, e que os nomes dos mesmos não serão
divulgados sem o consentimento livre e esclarecido. Também é importante esclarecer aos sujei-
tos que os dados coletados serão a eles devolvidos, quando o trabalho de pesquisa for encerra-
do.
Sendo assim, é importante que o pesquisador tenha claro para si mesmo e para a sua pes-
quisa que a utilização do questionário requer certa persistência. O pesquisador, depois de definir
o universo e sujeitos da pesquisa, deve procurar um por um (se for realizado pessoalmente), ex-
plicar os motivos e objetivos da pesquisa, solicitar a participação e, se for aceito, ele deve deixar
uma cópia do mesmo para os sujeitos, perguntando em que horário/dia poderá voltar para bus-
cá-lo. Ele deverá apresentar uma escrita simples e direta, tendo “uma preocupação com o tipo de
letra, de disposição das questões e do papel, pois ele se apresenta sozinho, e não exige a habi-
lidade presente dos entrevistadores” (BARROS; LEHFELD,1990, p. 74), e sugere-se que se faça um
pré-teste antes de ir a campo. O pré-teste impedirá problemas que se apresentem nas questões:
perguntas que, dentro delas, já constam respostas, perguntas tendenciosas, perguntas dúbias,
perguntas contagiosas ou outras situações.
29
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
Se o pesquisador deseja sucesso com essa forma de buscar respostas é necessário que se
organize os selos para que os sujeitos enviem de volta os questionários, caso contrário eles po-
dem até ficar consternados e atender ao apelo, mas, por motivos financeiros, não remetê-los de
volta. Embora ele apresente a vantagem de abranger um número maior de pessoas, pode-se ter
dificuldades com ele, se o planejamento não for bem elaborado e executado.
É preciso ainda lembrar que é
aconselhável que não se exija muito mais de 15 a 20 minutos para ser respondi-
do.Um questionário muito extenso é desmotivador e pode condicionar respos-
tas muito rápidas e superficiais do informante. (BARROS; LEHFELD,1990, p.73).
As questões dessa técnica podem ser abertas ou fechadas, ou então abertas e fechadas; a
escolha vai depender do objeto de pesquisa. As abertas dão ao informante uma maior liberdade
sobre o que pensa do assunto questionado, já as fechadas limitam o participante a explanar os
pensamentos no papel. No entanto pode-se “combinar as perguntas fechadas com as perguntas
abertas, a fim de se obter um levantamento mais amplo e exaustivo a respeito do assunto pes-
quisado” (BARROS; LEHFELD,1990, p. 74).
Julgamos necessário aproveitar a oportunidade e informar que outra técnica de coleta de
dados que apresenta quase todas as características do questionário é o formulário. A diferença se
dá no momento da coleta de dados, pois o questionário é enviado e o informante responde e de-
volve ao pesquisador; no formulário, o pesquisador pergunta e, ao obter as respostas, o mesmo
as anota no papel do roteiro do formulário. Além disso ele não pode ser enviado por e-mail ou
correio, pois, se assim for, perde-se a característica e se torna um questionário. Um bom exemplo
de formulário é o do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) utilizado pelo governo
brasileiro para coletar dados sobre o senso populacional.
Uma vez apresentadas as orientações e informações sobre o questionário, passaremos a dis-
correr sobre a observação, como técnica de coleta de dados.
1.6.3 Observação
características” (TRIVIÑOS, 1987, p. 153), por isso pode-se afirmar que ela é importante em qua-
se toda a pesquisa científica, e isso “significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto para
dele adquirir conhecimento claro e preciso” (BARROS; LEHFELD,1990, p.76), pois alguns objetos
de pesquisa não podem ser coletados de outra forma, sendo ela, nesses casos, imprescindível à
pesquisa.
A observação do cotidiano não tem as mesmas características da observação com o objeti-
vo de realizar pesquisa. Mas pode-se dizer que, ao aprimorar a busca do conhecimento científi-
co, aprimoraremos a nossa capacidade de questionar, e, ao fazermos isso, estamos aprendendo
a observar os fenômenos, a fazer perguntas sobre eles e então, ao observarmos de forma mais
criteriosa, estaremos em um caminho para o aprendizado científico e a busca de mais e mais per-
guntas. Barros e Lefheld (1990, p. 77) nos indicam que “na medida em que a observação sofre
uma sistematização, planejamento e se for submetida a controle de objetividade, ela pode ser
considerada uma técnica científica”.
Como em todas as outras técnicas de coleta de dados, a observação apresenta cuidados, or-
ganização e planejamento próprio. Quando se decide que ela fará parte da pesquisa, em primeiro
lugar é preciso entender como ela acontece, e depois saber o que será observado, onde, em qual
tempo e de que forma. Normalmente quando o objeto de pesquisa exige que ela seja feita, é pre-
ciso saber como fazer, as possibilidades e viabilidade de realização; não se pode realizá-la de forma
irresponsável e descompromissada; sugerimos os cuidados aos pesquisadores iniciantes no quesi-
to tempo. Não podemos observar determinado fenômeno, simplesmente por um dia ou dois dias,
ou por algumas horas e acreditar que essa coleta de dados seja o suficiente para que a pesquisa
tenha respeito entre os pares e no edifício científico. Nesse caso o “bom observador é aquele que,
ao decidir-se pela observação, deverá preparar o seu desenvolvimento, o seu emprego e as formas
de registro” (BARROS; LEHFELD, 1990, p. 77), além de um roteiro organizado e transparente do que
será observado, bem como a devida autorização de que ela possa acontecer.
Para ajudar na análise dos dados, sugere-se agrupar às anotações todo o material que puder
ser coletado, como fotografias, filmagens, lembrando que, para a utilização de qualquer material
que não seja do pesquisador, é preciso que o termo de consentimento livre e esclarecido esteja
assinado. Outro fator importante na observação é que, além do roteiro, pode ser de boa ajuda
que o pesquisador tenha em mãos um caderno de anotações, pois,ao realizar a referida técnica,
pode surgir ou acontecer algo interessante, que até o momento não estava previsto, mas torna-
-se importante.
Alertamos aos que utilizam a observação, que, antes de fazerem as anotações, devem ter o
cuidado de registrar o dia e horário, além das impressões pessoais e leituras do fato observado.
Por exemplo, ao observar as aulas de algum professor, e o mesmo manter um diálogo com os
alunos, e as perguntas ou respostas dos alunos demonstrarem algum dado que ainda não havia
sido pensado pelo pesquisador, mas que o ajudará na análise do seu objeto de pesquisa, esse se
torna um dado observado e importante.Ao estar atento e preparado para os acontecimentos im-
previsíveis, a pesquisa terá maiores chances da obtenção de dados ricos e interessantes.
Para Neto (1994, p. 59-60),
a importância dessa técnica reside no fato de que podemos captar uma varie-
dade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas,
uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que
há de mais imponderável e evasivo na vida real.
É uma técnica de coleta de dados que oferece informações de natureza qualitativa e pode
ser também chamado de Grupo de Foco. “É considerado um instrumento muito útil para a ob-
tenção de opinião e atitudes a respeito de políticas, serviços, instituições, produtos” (BARROS;
LEHFELD, 1990, p. 85) ou outras questões ligadas aos fenômenos sociais e humanos. Como todas
as outras técnicas, ela deve antever um bom estudo e um bom planejamento, e os dados coleta-
dos depois de analisados não devem ser considerados como verdade para todos os casos, pois
“são, basicamente, grupos de natureza qualitativa e intencionalmente formados” (BARROS; LEH-
FELD, 1990, p. 85).
31
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A quantidade de grupos, assim como a quantidade de pessoas em cada grupo, deverá ser
respondida pela necessidade do objeto de pesquisa; normalmente em cada grupo a sugestão
é que tenha no máximo 10 (dez) pessoas, que apresentem características em comum e que “são
necessários pelo menos dois grupos para que o pesquisador possa comparar as observações fei-
tas e os dados obtidos” (BARROS; LEHFELD, 1990, p. 85).
As discussões, observações e anotações devem ser guiadas e realizadas por um moderador,
que é o líder do grupo. Ele tem por objetivo anotar e registrar as revelações explanadas acerca
das experiências, dos sentimentos, das percepções e das preferências ditas pelos participantes
acerca do assunto da discussão, que é anteriormente enviado ao grupo para conhecimento do
que será discutido.
As vantagens do trabalho com essa técnica são várias: tem custo mais baixo, apresenta re-
sultados rápidos, tem um formato mais flexível e permite que o moderador explore as perguntas
não previstas no roteiro de trabalho, e por último o ambiente de grupo minimiza opiniões falsas
ou extremadas, o que pode proporcionar certo equilíbrio e fidedignidade dos dados.
No entanto é necessário lembrar que apontam que
a sala de reuniões do grupo focal deve estar equipada com mesa, cadeira e
equipamentos de gravação e/ou videoteipe. Recomenda-se que tudo deva es-
tar colocado de forma mais discreta possível para não se perder a naturalidade
e espontaneidade dos pesquisadores. (BARROS e LEFHELD, 1990, p. 85).
É uma técnica utilizada nas pesquisas qualitativas e em maior ênfase nas pesquisas quanti-
tativas, principalmente nas áreas dos conhecimentos da natureza e exatas, como nos casos médi-
cos, mas também na área da psicologia, ou psiquiatria, ele é muito abordado.
Ela permite a reunião de diversas técnicas de pesquisa, que coletam e regis-
tram dados de um caso em particular, para analisar e compreender uma situa-
ção específica, uma situação singular. (GROPPO; MARTINS, 2007, p. 53).
E também pode ser focada em uma pessoa, uma experiência pedagógica ou uma situação.
Para Triviños (1987, p. 133), o estudo de caso “é uma categoria de pesquisa cujo objeto é a
unidade que se analisa profundamente” e dentro dessa técnica outras técnicas podem acontecer,
como a observação, entrevista, análise documental, etc. Ao analisar os dados coletados através
dessa técnica, é importante que se fique esclarecido que os resultados encontrados não podem
32
Didática do Ensino Superior
ser tomados como verdade para outros casos. Será o leitor quem dirá se existem semelhanças e
quais do caso apresentado com o que está sendo vivenciado, ou experienciado por ele. O pes-
quisador não deve fazer do estudo de caso uma prescrição dos resultados da pesquisa, pois “os
resultados, como regra geral, são aplicáveis apenas àquele caso e naquele momento em que fo-
ram coletados”(GROPPO; MARTINS, 2007, p. 53).
Quando o pesquisador decide que o estudo de caso será uma técnica que responderá ao
seu objeto de pesquisa, ele deve ter em mente que a científica e social da pesquisa deverá ser
justificada, o que será um grande esforço do cientista. Para isso precisamos organizá-la bem, ela-
borar um planejamento seguro e benéfico à pesquisa, e ter um amplo conhecimento acerca do
assunto da pesquisa.
A seguir conversaremos sobre a análise histórica documental e a análise de conteúdo tam-
bém como técnica de pesquisa.
É outra técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas. Ela é indispensável
porque a maior parte das fontes escritas – ou não escritas – é quase sempre a base do trabalho
de investigação, sendo apresentada como uma recolha e verificação de dados de cunho escritos
ou não, nas fontes primárias ou originais. Mas também podemos obter documentos de fontes
secundárias, como bibliografias de alguns livros e referências já produzidas sobre os mesmos.
[...] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo
pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qual-
quer reconstituição referente a um passado
relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade
dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, mui-
to freqüentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades
particulares ocorridas num passado recente. (CELLARD, 2008, p. 295 apud SIL-
VA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).
Na área da educação as fontes documentais podem ser, entre tantas, as seguintes: diários de
classe, cadernos de planejamento, livros de atas, cadernos de recados, planos de aula ou de ensi-
no, projetos pedagógicos, projetos político-pedagógicos, históricos dos alunos, ficha de identifi-
cação dos alunos/professores, livro de resultados parciais e finais e outros.
A pesquisa documental deve muito à História e, sobretudo, aos seus métodos críticos de in-
vestigação sobre fontes escritas, na busca pela síntese dos acontecimentos históricos.
A propósito das fontes documentais existe uma grande aproximação na definição de con-
ceitos, senão uma certa unanimidade em considerar as mesmas integradas na tipologia de fon-
tes primárias e fontes secundárias.
Para Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 4),
33
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Por isso, concordamos com esse autor quando ele ainda assevera que a documentação é
uma etapa importante e não pode deixar de ser considerada pelo pesquisador, uma vez que as
questões do problema e sua definição rigorosa, os fundamentos teóricos em que serão baseados
o trabalho científico e é claro também a forma pretendida de analisar os dados coletados ajuda-
rão a definir e identificar quais documentos serão utilizados na pesquisa.
Assim, ao tomar conhecimento dos significados e importância da análise documental como
técnica de pesquisa, é muito interessante que se elabore um roteiro para análise dos documen-
tos utilizados, antes de ir ao campo de pesquisa.
Essa não é uma técnica de interpretação de textos, ela exige uma articulação com o conteú-
do apresentado nos instrumentos e as ideologias, tendências “ou outras determinações caracte-
rísticas dos fenômenos que estamos analisando” (GOMES, 1994, p. 76), para não perder o caráter
científico que lhe é próprio, buscando coerência entre o “material a ser analisado, os objetivos da
pesquisa e da posição ideológica e social do analisador.” (CHIZZOTTI, 2005, p. 98)
A seguir, na unidade 2, vamos compreender as questões referentes à normatização para a
elaboração do trabalho de conclusão de curso – TCC.
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37
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
38
Didática do Ensino Superior
UNIDADE 2
Normatização para a Organização
do Trabalho de Conclusão de
Curso
Objetivo da unidade
Introdução
Como anunciamos na unidade 1 desse caderno, você terá que planejar, desenvolver e apre-
sentar os resultados de uma pesquisa científica como trabalho de conclusão deste curso de pós-
-graduação. Assim sendo, procuramos nesta unidade 2 sistematizar para você as questões relati-
vas à normatização do TCC.
Vamos ao trabalho.
◄ Figura 3: Esquema
das fases da pesquisa
científica
Fonte: elaborado pelos
autores (2012)
39
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
▲
Figura 4:esquema
projeto de pesquisa.
Fonte:elaborado pelos
autores (2012) 2.2.1.1 Elementos pré-textuais
Optamos por apresentar primeiro a FIG. 4 como esquema que apresenta os elementos tex-
tuais, e após a leitura da imagem você encontrará a descrição de cada elemento.
Figura 5: Esquema ►
apresentação dos
elementos pré-textuais
Fonte: elaborado pelos
autores (2012)
40
Didática do Ensino Superior
• Capa (opcional): nome da entidade – quando solicitado; nome(s) do(s) autor(es); tí-
tulo; subtítulo – se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação ao título, prece-
dido de dois-pontos ou distinguido tipograficamente; local – cidade da entidade onde
deve ser apresentado; ano de depósito – entrega.
•
◄ Figura 6: Sugestão de
modelo de capa.
Fonte: elaborado pelos
autores (2012).
◄ Figura 7: Sugestão de
modelo de folha de
rosto capa
Fonte:elaborado pelos
autores (2012)
41
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
Figura 8: Modelo de ►
lista de ilustrações.
Fonte:elaborado pelos
autores (2012).
Figura 9: Modelo de ►
lista de abreviaturas e
siglas.
Fonte:elaborado pelos
autores (2012).
42
Didática do Ensino Superior
• Sumário (obrigatório): é a enumeração das divisões, seções e outras partes de uma pu-
blicação, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede. Elaborado confor-
me a ABNT NBR 6027.
◄ Figura 10:Modelo de
sumário.
Fonte:elaborado pelos
autores (2012).
BOX 1
ABNT NBR 6027
Localização
O sumário deve ser localizado:
• como último elemento pré-textual;
• quando houver mais de um volume, deve ser incluído o sumário de toda a obra em todos
os volumes, de forma que se tenha conhecimento do conteúdo, independente do volu-
me consultado.
43
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
• Introdução (na qual devem ser expostos o tema do projeto, o problema a ser abordado,
a(s) hipótese(s), quando couberem, bem como o(s) objetivo(s) a ser(em) atingido(s) e a(s)
justificativa(s).
• Referencial teórico (deve conter a revisão de literatura sobre a temática da pesquisa.
Você deve identificar sempre o autor consultado).
• Metodologia (deve conter o tipo de pesquisa, o método, o enfoque epistemológico, a
população, amostra e área de abrangência da pesquisa, descrição dos instrumentos de
coleta de dados e da análise e interpretação dos dados coletados.
• Cronograma(detalhamento dos períodos de cada etapa da pesquisa).
BOX 2
ABNT NBR 6023
Localização
Exemplos:
APÊNDICE A – Avaliação do rendimento escolar de alunos da Escola Nossa Senhora das Graças
• Anexo (opcional): O(s) anexo(s) é(são) identificado(s) por letras maiúsculas consecuti-
vas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente, utilizam-se letras maiúscu-
las dobradas na identificação dos anexos, quando esgotadas as letras do alfabeto.
Exemplos:
46
Didática do Ensino Superior
2.3.1.1 Margem
• As folhas devem apresentar margem esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior de 2 cm.
2.3.1.2 Espaçamento
• Todo o texto deve ser digitado ou datilografado com espaço 1,5, entrelinhas, excetuan-
do-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, legendas das ilus-
trações e das tabelas, tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade, que devem ser
digitados ou datilografados em espaço simples. As referências ao final do projeto devem
ser separadas entre si por dois espaços simples.
• Os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou que os sucede
por um espaço de 1,5.
• Na folha de rosto, o tipo de projeto de pesquisa e o nome da entidade a que é submeti-
do (nota) devem ser alinhados do meio da mancha para a margem direita.
• As notas devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens, ficando separadas
do texto por um espaço simples e por filete de 3 cm, a partir da margem esquerda.
• Os títulos sem indicativo numérico – lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lis-
ta de símbolos, sumário, referências, glossário, apêndice(s), anexo(s) e índice(s) – devem
ser centralizados.
BOX 3
NBR 6024
47
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
pertence, seguido do número que lhe for atribuído na sequência do assunto e separado por pon-
to. Repete-se o mesmo processo em relação às demais seções.
Exemplo:
Seção primária Seção secun- Seção terciária Seção quater- Seção quinaria
1 dária 1.1.1 nária 1.1.1.1.1
2 1.1 2.1.1 1.1.1.1 2.1.1.1.1
3 2.1 3.1.1 2.1.1.1 3.1.1.1.1
. 3.1 . 3.1.1.1 .
. . . . .
. . . . .
8 . 8.1.1 . 8.1.1.1.1
9 8.1 9.1.1 8.1.1.1 9.1.1.1.1
10 9.1 10.1.1 9.1.1.1 10.1.1.1.1
11 10.1 11.1.1 10.1.1.1 11.1.1.1.1
11.1 11.1.1.1
• Não se utilizam ponto, hífen, travessão ou qualquer sinal após o indicativo de seção ou
de seu título.
• Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando os recursos de negrito, itá-
lico ou grifo e redondo, caixa alta ou versal e outro. O título das seções (primárias, se-
cundárias etc.) deve ser colocado após sua numeração, dele separado por um espaço. O
texto deve iniciar-se em outra linha.
2.3.1.7 Paginação
• Todas as folhas do projeto, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencial-
mente, mas não numeradas.
48
Didática do Ensino Superior
2.3.1.8 Citações
• Mencionada pela primeira vez no texto, a forma completa do nome precede a abreviatu-
ra ou a sigla colocada entre parênteses.
Exemplos:
• Para facilitar a leitura devem ser destacadas no texto e, se necessário, numeradas com
algarismos arábicos entre parênteses, alinhados à direita. Na sequência normal do texto,
é permitido o uso de uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes,
índices e outros).
Exemplos:
x2 + y2 = z2 …(1)
2.2.1.11 Ilustrações
• Qualquer que seja o seu tipo (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos,
mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos e outros), sua identificação aparece na
parte inferior, precedida da palavra designativa, seguida de seu número de ordem de
ocorrência no texto, em algarismos arábicos, do respectivo título e/ou legenda explicati-
va (de forma breve e clara, dispensando consulta ao texto), e da fonte. A ilustração deve
ser inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere, conforme o projeto gráfi-
co.
QUADRO 1
Abreviações úteis
ABREVIAÇÕES ÚTEIS
Expressão latina que significa “junto a”, equivalente a expressão “citado por”, “conforme”,
Apud “segundo”. Recurso utilizado para QUANDO NÃO FOR POSSÍVEL ter acesso ao documento
original.
(confronte ou confira). Citação para ser confrontada. Usada como abreviatura para reco-
cf.
mendar a consulta a um trabalho.
(sequentia). Seguinte; o que se segue. Usada quando não se quer mencionar todas as
et. seq.
páginas da obra referenciada.
Ibid (ibidem). Na mesma obra. Usado para referir a mesma obra variando apenas a paginação.
(idem). Do mesmo autor. Usada em substituição ao nome do autor para citar a mesma
Id
obra em data diferente.
(lócus citatum). No lugar citado. Usada logo após o nome do autor, em obra já citada em
loc. cit.
nota não imediatamente precedente, mas na mesma página.
(opus citatum). Na obra anteriormente citada em nota de rodapé, porém não imediata-
Op. Cit.
mente precedente, mas na mesma página e quando houver intercalação e outras notas.
(Sine Loco). Para local: abreviada e entre colchetes. Usada para local sem possibilidade de
[S.I.]
identificação.
[1974 ou
Um ano ou outro.
1975]
[entre 1904
Use intervalos menores de 20 anos.
e 1011]
2.3 Resultados
Na terceira fase da pesquisa registramos os dados investigados, e que resultaram em sua
pesquisa bibliográfica e de campo. O registro pode ser feito em forma de monografia ou relató-
rios, ou comunicações ou artigos. Nesse curso você terá que apresentar um artigo como trabalho
de conclusão de curso, por isso a seguir apresentamos o artigo.
O artigo pode ser “original” (relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso, etc.); ou de
50 revisão.
Didática do Ensino Superior
2.3.1 1 Estrutura
Título e subtítulo: O título e subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do
artigo, diferenciados tipograficamente ou separados
por dois-pontos (:) e na língua do texto.
Autor(es): Nome(s) do(s) autor(es), acompanhado(s) de breve currículo que o(s) qualifique
na área de conhecimento do artigo. O currículo, bem como os endereços postal e eletrônico, de-
vem aparecer em rodapé indicado por asterisco na página de abertura ou, opcionalmente, ao
final dos elementos pós-textuais, onde também devem ser colocados os agradecimentos do(s)
autor(es) e a data de entrega dos originais à redação do periódico.
Resumo na língua do texto: Elemento obrigatório, constituído de uma sequência de frases
concisas e objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 250 pala-
vras, seguido, logo abaixo, das palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é, palavras-
chave e/ou descritores, conforme a NBR 6028.
51
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
BOX 4
NBR 6028
Exemplo:
Introdução: Parte inicial do artigo, onde devem constar a delimitação do assunto tratado,
os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do artigo.
Desenvolvimento: Parte principal do artigo, que contém a exposição ordenada e porme-
norizada do assunto tratado. Divide-se em seções e subseções (Metodologia, resultados e discus-
são), conforme a NBR 6024, que variam em função da abordagem do tema e do método.
Conclusão (Considerações finais): Parte final do artigo, na qual se apresentam as conclu-
sões correspondentes aos objetivos e hipóteses.
Título, e subtítulo em língua estrangeira: O título, e subtítulo (se houver) em língua es-
trangeira, diferenciados tipograficamente ou separados por dois pontos (:), precedem o resumo
em língua estrangeira.
52
Didática do Ensino Superior
Exemplos:
No texto
Os pais estão sempre confrontados diante das duas alternativas: vinculação escolar ou vin-
culação profissional1.
Na nota explicativa
1
Sobre essa opção dramática, ver também Morice (1996, p. 269-290).
No texto
Na nota explicativa
2
Se a tendência à universalização das representações sobre a periodização dos ciclos de
vida desrespeita a especificidade dos valores culturais de vários grupos, ela é condição para a
constituição de adesões e grupos de pressão integrados à moralização de tais formas de inserção
de crianças e de jovens.
Exemplo:
APÊNDICE A – Avaliação numérica de células inflamatórias totais aos quatro dias de evolução
Anexo(s): Elemento opcional. O(s) anexo(s) é(são) identificado(s) por letras maiúsculas con-
secutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente utilizam-se letras maiúsculas
dobradas, na identificação dos anexos, quando esgotadas as 23 letras do alfabeto.
Exemplo:
O indicativo de seção precede o título, alinhado à esquerda, dele separado por um espaço
de caractere.
53
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
2.3.1.5 Citações
2.3.1.6 Siglas
Quando aparecem pela primeira vez no texto, a forma completa do nome precede a sigla,
colocada entre parênteses.
Aparecem destacadas no texto, de modo a facilitar sua leitura. Na sequência normal do tex-
to, é permitido o uso de uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes, índices
e outros). Quando destacadas do parágrafo são centralizadas e, se necessário, deve-se numerá
-las. Quando fragmentadas em mais de uma linha, por falta de espaço, devem ser interrompidas
antes do sinal de igualdade ou depois dos sinais de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Exemplo:
x2 + y2 = z2 (1)
(x2 + y2)/5 = n (2)
2.3.1.8 Ilustrações
Qualquer que seja seu tipo (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas,
organogramas, plantas, quadros, retratos e outros), sua identificação aparece na parte inferior,
precedida da palavra designativa, seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em
algarismos arábicos, do respectivo título e/ou legenda explicativa de forma breve e clara, dispen-
sando consulta ao texto, e da fonte. A ilustração deve ser inserida o mais próximo possível do
trecho a que se refere, conforme o projeto gráfico.
2.3.1.9 Tabelas
54
Didática do Ensino Superior
2.4.2 Estatística
A coleta, a organização e a descrição dos dados estão a cargo da Estatística Descritiva, enquanto
a análise e a interpretação desses dados ficam a cargo da Estatística Indutiva ou Inferencial.
Diante da impossibilidade de manter as causas constantes, admite todas essas causas pre-
sentes variando-as, registrando essas variações e procurando determinar, no resultado final, que
influências cabem a cada uma delas.
55
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
De acordo com o professor Noriyoshi Kakuda (2012), depois de obtidos os dados, estes
Por mais diversa que seja a finalidade que se tenha em vista, os dados devem ser apresen-
tados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando mais fácil o exame daquilo que está
sendo objeto de tratamento estatístico e ulterior obtenção de medidas típicas.
O objetivo último da Estatística é tirar conclusões sobre o todo (população) a partir de infor-
mações fornecidas por parte representativa do todo (amostra). Assim, realizadas as fases ante-
riores (Estatística Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através dos métodos
da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por base a indução ou inferência, e tiramos desses
resultados conclusões e previsões.
56
Didática do Ensino Superior
Ao conjunto de entes portadores de, pelo menos, uma característica comum denomina-
mos população estatística ou universo estatístico.
Assim, os estudantes, por exemplo, constituem uma população, pois apresentam pelo me-
nos uma característica comum: são os que estudam.
Como em qualquer estudo estatístico temos em mente pesquisar uma ou mais característi-
cas dos elementos de alguma população, esta característica deve estar perfeitamente definida. E
isto se dá quando, considerado um elemento qualquer, podemos afirmar, sem ambiguidade, se
esse elemento pertence ou não à população. É necessário, pois, existir um critério de constitui-
ção da população, válido para qualquer pessoa, no tempo ou no espaço.
Por isso, quando pretendemos fazer uma pesquisa entre os alunos das escolas de 1º grau,
precisamos definir quais são os alunos que formam o universo: os que atualmente ocupam as
carteiras das escolas, ou devemos incluir também os que já passaram pela escola? É claro que a
solução do problema vai depender de cada caso em particular.
Na maioria das vezes, por impossibilidade ou inviabilidade econômica ou temporal, limita-
mos as observações referentes a uma determinada pesquisa a apenas uma parte da população.
A essa parte proveniente da população em estudo denominamos amostra.
Como já vimos, a Estatística Indutiva tem por objetivo tirar conclusões sobre as populações,
com base em resultados verificados em amostras retiradas dessa população.
Mas, para as inferências serem corretas, é necessário garantir que a amostra seja representa-
tiva da população, isto é, a amostra deve possuir as mesmas características básicas da população,
no que diz respeito ao fenômeno que desejamos pesquisar. É preciso, pois, que a amostra ou as
amostras que vão ser usadas sejam obtidas por processos adequados.
2.4.3.1.7 Amostragem
Existe uma técnica especial – amostragem – para recolher amostras, que garante, tanto
quanto possível, o acaso na escolha.
Dessa forma, cada elemento da população passa a ter a mesma chance de ser escolhido, o
que garante à amostra o caráter de representatividade, e isto é muito importante, pois, como vi-
mos, nossas conclusões relativas à população estarão baseadas nos resultados obtidos nas amos-
tras dessa população. As principais técnicas de amostragem são: amostragem casual ou aleatória
simples, amostragem proporcional estratificada, amostragem sistemática.
Para Gonçalves (2007, p. 16), a amostragem casual ou aleatória simples:
57
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
BOX 5
TABELA DE NÚMEROS ALEATÓRIOS
Quando o número de elementos da amostra é grande, esse tipo de sorteio torna-se muito
trabalhoso. A fim de facilitá-lo, foi elaborada uma tabela – tabela de números aleatórios -, construí-
da de modo que os dez algarismos (0 a 9) são distribuídos ao acaso nas linhas e colunas.
Para obtermos os elementos da amostra usando a tabela, sorteamos um algarismo qualquer
da mesma, a partir do qual iremos considerar números de dois, três ou mais algarismos, confor-
me nossa necessidade, os números assim obtidos irão indicar os elementos da amostra.
A leitura da tabela pode ser feita horizontalmente (da direita para a esquerda ou vice-versa),
verticalmente (de cima para baixo ou vice-versa), diagonalmente (no sentido ascendente ou des-
cendente) ou formando o desenho de uma letra qualquer. A opção, porém, deve ser feita antes
de iniciado o processo.
Assim, para o nosso exemplo, considerando a 18ª linha, tomamos os números de dois alga-
rismos (tantos algarismos quanto formam o maior número da população), obtendo:
610201 81 73 92 60 66 73 58 53 34
Evidentemente, o numeral 92 será desprezado, pois não consta da população, como será
também abandonado um numeral que já tenha aparecido. Temos então:
610201 81 73 60 66 58 53
Medindo as alturas dos alunos correspondentes aos números sorteados, obteremos uma
amostra das estaturas dos noventa alunos.
10 x 54 = 5,4
M 54 5
100
10 x 36 = 3,6
F 36 4
100
10 x 90 = 9,0
TOTAL 90 9
100
58
Didática do Ensino Superior
572892 90 80 22 56 79 53 18 53 03 27 05 40
Temos, então:
2.4.4.1 Tabelas
Um dos objetivos da Estatística é sintetizar os valores que uma ou mais variáveis podem as-
sumir, para que tenhamos uma visão global da variação dessa ou dessas variáveis. E isto ela con-
segue, inicialmente, apresentando esses valores em tabelas e gráficos, que irão nos fornecer rá-
pidas e seguras informações a respeito das variáveis em estudo, permitindo-nos determinações
administrativas e pedagógicas mais coerentes e científicas.
59
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
De acordo com a Resolução 886 da Fundação IBGE, nas casas ou células devemos colocar:
• Um traço horizontal (–) quando o valor é zero, não só quanto à natureza das coisas,
como quanto ao resultado do inquérito.
• Três pontos (...) quando não temos os dados.
• Um ponto de interrogação (?) quando temos dúvida quanto à exatidão de determina-
do valor.
• Zero (0) quando o valor é muito pequeno para ser expresso pela unidade utilizada. Se
os valores são expressos em numerais decimais, precisamos acrescentar à parte deci-
mal um número correspondente de zeros (0,0; 0,00; 0,000; ...)
2.4.4.2 Gráficos
O gráfico estatístico é uma forma de apresentação dos dados estatísticos, cujo objetivo é o de
produzir, no investigador ou no público em geral, uma impressão mais rápida e viva do fenôme-
no em estudo, já que os gráficos falam mais rápido à compreensão que as séries.
A representação gráfica de um fenômeno deve obedecer a certos requisitos fundamentais,
para ser realmente útil:
• Simplicidade: o gráfico deve ser destituído de detalhes de importância secundária, assim
como de traços desnecessários que possam levar o observador a uma análise morosa ou
com erros.
• Clareza: o gráfico deve possibilitar uma correta interpretação dos valores representativos
do fenômeno em estudo.
• Veracidade: o gráfico deve expressar a verdade sobre o fenômeno em estudo.
60
Didática do Ensino Superior
Uma boa apresentação oral começa com a elaboração de um bom resumo. Um resumo que
contenha uma ou duas frases introdutórias, os objetivos da pesquisa, a metodologia utilizada e
os resultados obtidos, além da conclusão. Faça isso com antecedência. Escreva o que vai falar du-
rante a apresentação, este procedimento deixará você mais seguro(a), e certifique-se de que sua
apresentação oral responde às seguintes perguntas:
• “O que te fez pensar no assunto?” = introdução;
• “Por que você fez a pesquisa?” = objetivos e hipóteses;
• “Como foi feita a pesquisa?” = delineamento da metodologia utilizada; descrição da po-
pulação: seleção, critérios de inclusão e exclusão;
• “Quais os resultados alcançados?” = procure uniformizar os resultados alcançados;
• “O que você aprendeu?” = apresentar uma conclusão, a qual deve estar relacionada aos
objetivos do trabalho. Para concluir, o palestrante ainda pode apresentar a significância
social do estudo, ou seja, em que a pesquisa irá ajudar a comunidade, além de possíveis
recomendações ou sugestões.
Finalmente, durante a apresentação oral de seu trabalho acadêmico, devem ser evitados os
modismos de linguagem, que são expressões inexistentes, mas usadas em sentido diferente do
original. São exemplos de modismos:
a) Abrir as comportas;
b) Administrar a vantagem;
c) A nível de;
d) Chocante;
e) Conquistar o espaço;
f ) Correr atrás do prejuízo, deitar e rolar;
g) Em grande estilo;
h) Em termos de;
i) Em última análise;
j) Entrar em rota de colisão;
k) Extrapolar;
l) Imperdível;
m) Junto a;
n) Pano de fundo;
o) Praticar preços ou juros;
p) Receber sinal verde;
q) Sentir firmeza;
r) Trocar farpas;
s) Ou seja, ...;
t) A gente vai tá fazendo, vai tá analisando, vai tá olhando, vai tá ...
61
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
IMPORTANTE!
Deverão ser entregues exemplares do TCC (artigo), com encadernação em espiral, até a
data prevista pela coordenação para serem distribuídas as bancas. As cópias deverão ser entre-
gues na Coordenação do Curso para que os membros da banca tenham condições de fazer a
leitura do trabalho.
A banca examinadora é composta, a princípio, pelo professor orientador, o professor coor-
denador do TCC e mais um (1) ou dois (2) professores convidados.
Essa é uma etapa importante do trabalho, é a oportunidade de o aluno demonstrar os co-
nhecimentos adquiridos durante a fase de pesquisa e apresentar suas reflexões aos professores
que integram a banca examinadora.
Elaborado o TCC, sob a supervisão do professor orientador, a defesa é muito mais um diá-
logo entre pessoas unidas por um interesse comum, qual seja a troca de ideias entre alunos e
professores a respeito do tema pesquisado, do que propriamente uma avaliação.
Diante disto, a defesa é a coroação de um trabalho, desde que bem realizado, motivo pelo
qual deve ser muito mais razão de orgulho do que de preocupação para o aluno.
Considerando que a defesa do TCC é uma experiência nova para a maior parte dos alunos,
é recomendável a adoção das seguintes condutas:
• leitura crítica do texto;
• elaboração de um breve resumo da pesquisa, que possa ser apresentado em, no máxi-
mo, 15 minutos – neste resumo deve conter: título e subtítulo se tiver, os objetivos da
pesquisa, o percurso metodológico, os principais autores que sustentam a discussão
do trabalho, a metodologia utilizada, os resultados encontrados e as novas indaga-
ções surgidas com a pesquisa;
• divida de forma harmoniosa o tempo;
• enriqueça sua apresentação com soluções audiovisuais (transparências, slides, vídeos,
fotos, etc);
• mantenha-se tranquilo durante toda a explanação, respondendo detalhadamente e
sem pressa a todas as questões que os examinadores fizerem e, acredite, elas não se-
rão poucas.
É conveniente que o aluno tenha consigo, durante a apresentação, um exemplar de seu
trabalho, para que possa consultá-lo e, ainda, fazer as anotações das observações feitas pelos
examinadores.
Também é conveniente que o aluno procure relaxar na véspera como no dia da apresen-
tação, sendo importante lembrar que se trata de trabalho por você elaborado, cujos termos lhe
são familiares, razão pela qual não há motivo para preocupação. Ademais, os aspectos a serem
abordados pela banca foram objeto de pesquisa e discussão com o professor orientador.
Uma apresentação oral pode ter como apoio slides, cartazes ou transparências. Ao elaborar
este material de apoio, lembre-se das seguintes orientações :
a) Inicie com o título (sempre com todas as letras em maiúsculo), e para as demais informa-
ções faça uso de letras minúsculas.
b) Não polua o layout do material de apoio. Utilize no máximo 7 linhas e 7 palavras por li-
nha.
c) Não use letras pequenas demais; além de causarem desconforto, muitos não conseguem
ler à longa distância.
d) Evite abreviações.
e) Em apresentação de tabelas com 2 colunas, utilize no máximo 4 linhas.
f ) Em gráficos de barra use no máximo 8 barras por elemento.
g) Se mostrar dados de outros autores, coloque as referências bibliográficas.
h) Aponte os tópicos no material visual para orientar a plateia e use as mesmas palavras
dos tópicos.
62
Didática do Ensino Superior
Principais autores
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64
Didática do Ensino Superior
3. Procedimentos técnicos, materiais e operacionais (Como? Que dados? Com quê? Quando? Quanto?)
a) De que tipo de pesquisa se trata?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
b) Qual a abordagem será dada a ela?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
c) Como a pesquisa se realizará?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
d) Em quanto tempo?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
e) Quais as características do universo e da amostra selecionada?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
f ) De que maneira os dados serão coletados, interpretados e analisados?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
g) Quais os recursos técnicos necessários a sua realização?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
h) Qual a previsão de custos para a sua execução?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
i) Quais métodos verificarão os dados coletados?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
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UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
Objetivos específicos (ações que serão desenvolvidas para atingir o objetivo geral e para responder ao problema)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Hipótese(s)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Justificativa (contextualização, desejo/interesse pela pesquisa e importância/necessidade da pesquisa para a área da
saúde)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
66
Didática do Ensino Superior
2. MARCO TEÓRICO (Revisão de literatura. Use tantas páginas quantas forem necessárias para argumentar
sobre as suas ideias, identificando sempre o autor consultado). (construção à parte em função do número
de folhas necessárias).
ABREVIAÇÕES ÚTEIS
Expressão latina que significa “junto a”, equivalente a expressão “citado por”, “con-
Apud forme”, “segundo”. Recurso utilizado para QUANDO NÃO FOR POSSÍVEL ter acesso
ao documento original.
(confronte ou confira). Citação para ser confrontada. Usada como abreviatura
cf.
para recomendar a consulta a um trabalho.
(sequentia). Seguinte; o que se segue. Usada quando não se quer mencionar
et. seq.
todas as páginas da obra referenciada.
(ibidem). Na mesma obra. Usado para referir a mesma obra variando apenas a
ibid
paginação.
(idem). Do mesmo autor. Usada em substituição ao nome do autor para citar a
id
mesma obra em data diferente.
(lócus citatum). No lugar citado. Usada logo após o nome do autor, em obra já
loc. cit.
citada em nota não imediatamente precedente, mas na mesma página.
(opus citatum). Na obra anteriormente citada em nota de rodapé, porém não
Op. Cit. imediatamente precedente, mas na mesma página e quando houver intercala-
ção e outras notas.
(passim). Aqui e ali. Usada em informação retirada de várias páginas do docu-
passim
mento referenciado.
sic Serve para destacar erros gráficos no texto original.
(Sine Loco). Para local: abreviada e entre colchetes. Usada para local sem possibilida-
[S.I.]
de de identificação.
[S.I.: s.n.] Sem local e sem editora.
[1974 ou 1975] Um ano ou outro.
[1969?] Data provável.
[1989] Data certa, porém não indicada na publicação.
[entre 1904 e 1011] Use intervalos menores de 20 anos.
[ca. 1980] Data aproximada.
[197-] Década certa.
[197-?] Década provável.
[19--] Século certo.
[18--?] Século provável.
67
UAB/Unimontes - Módulo VI - Didática e Metodologia do Ensino Superior
PERÍODO
Ano
Atividades jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Aprofundamento do marco
teórico
Elaboração dos instrumentos
Aplicação do(s) pré-teste(s)
Revisão do(s) instrumento(s)
Aplicação do(s) instrumento(s)
definitivo(s)
Levantamento e análise dos
dados
Tratamento dos dados
Discussão dos resultados
Revisão da pesquisa
Redação e revisão textual
Divulgação dos resultados
68
Didática do Ensino Superior
Material permanente
Discriminação Quant. Valor Unit. Valor Total
Computador 1 1300,00 1300,00
Impressora 1 400,00 400,00
Sub-Total 1700,00
Material de consumo
Discriminação Quant. Valor Unit. Valor Total
Reagentes
Sub-Total
Serviços prestados por terceiros
Discriminação Quant. Valor Unit. Valor Total
Impressão/encadernação 10,00
Sub-Total 40,00
Fonte dos recursos
Discriminação Total Pesquisadores FAPEMIG UNIMONTES Outros
Material permanente
Material de consumo
Serviços de terceiros
TOTAL GERAL 1740,00
REFERÊNCIAS
Os elementos essenciais são: autor(es), título, edição, local, editora e data de publicação.
Exemplo:
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Inclui índice. ISBN 85-7285-026-0.
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Inclui mapa rodoviário.SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Coordenadoria de
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tém iconografia e depoimentos sobre o autor.
MEY, Eliane Serrão Alves. Catalogação e descrição bibliográfica: contribuições a uma teoria.
Brasília, DF: ABDF, 1987. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universi-
dade de Brasília, 1986.
GLOSSÁRIO (opcional)
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
APÊNDICE (opcional)
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
ANEXO (opcional)
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______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
ÍNDICE (opcional)
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
Observação: não se esqueça da normatização quando estiver organizando a versão impressa do seu
projeto de pesquisa.
Material adaptado de:
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Projetos de Pesquisa Científica. 2.ed. São Paulo: Avercamp. 2007, p.61-
69.
70
Didática do Ensino Superior
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