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3 UNIDADE 1 - Introdução
6 UNIDADE 2 - Neonatologia
6 2.1 Evolução da neonatologia
SUMÁRIO
19 3.3 Os equipamentos básicos da UTIN
UNIDADE 1 - Introdução
Segundo a Portaria GM/GS nº 3432/98, mínimo 6% dos leitos totais. Se o hospital
as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) atende gestantes de alto risco, deve dis-
são unidades hospitalares destinadas por de leitos de UTI para adulto e neona-
ao atendimento de pacientes graves ou tal;
de risco que dispõem de assistência e de
nos hospitais de nível terciário,
enfermagem ininterruptas, com equipa-
deve ainda ser realizada avaliação por
mentos específicos próprios, recursos hu- 1
meio do Apache II se for UTI para adulto,
manos especializados, e que têm acesso 2
PRISM II se for UTI pediátrica e PSI modifi-
a outras tecnologias destinadas ao diag-
cado se for UTI neonatal.
nóstico e terapêutica.
Visto que a assistência ao prematuro
As UTIs atendem grupos etários es-
em UTIN – Unidades de Terapia Intensiva
pecíficos: Neonatal – tem passado por transforma-
neonatal – pacientes de 0 a 28 ções importantes, devido, dentre outros
dias; fatores, às inúmeras implicações para os
envolvidos no processo de hospitalização
pediátrica – pacientes de 28 dias a (sejam eles o recém-nascido, a família, a
14 ou 18 anos; equipe de profissionais) dedicamos este
adulto – pacientes maiores de 14 módulo para analisar e discutir desde a
ou 18 anos; humanização a este público, bem como à
“classe” pediátrica.
especializada – voltada para pa-
cientes atendidos por determinada espe- Mas o que é mesmo Neonatologia? (do
cialidade ou pertencentes a grupo especí- latim: ne(o) - novo; nat(o) - nascimento e
fico de doenças. logia - estudo), é o ramo da Pediatria que
se ocupa das crianças desde o nascimento
Nesta mesma portaria está dispos- até aos 28 dias de idade (quando as crian-
to que: ças deixam de ser recém-nascidos passam
as UTIs passaram a ser classifica- a ser lactentes).
das em tipos I, II e III, sendo cadastradas (a A história da Neonatologia é indissoci-
partir da vigência da mesma) no Sistema ável da história da Pediatria e através de
Único de Saúde (SUS), automaticamen- leituras, tanto de fontes diretas quan-
te como tipo I, e as demais, conforme for
comprovado atendimento aos critérios de 1- A escala denominada “Acute Physiology And Chronic Health
Evaluation - APACHE” foi desenvolvida por Knaus, em 1981, e revi-
classificação; sada e simplificada em 1985. O método tem o intuito de responder
à possibilidade de recuperação (CASTRO JUNIOR et al., 2006).
todo hospital de nível terciário, com 2-O escore do PRISM (Pediatric Risk of Mortality) foi introduzido em
1988 e durante
capacidade instalada igual ou superior a duas décadas foi o índice prognóstico mais usado em unidades de
Terapia Intensiva. Pediátrica, mas tem sido gradualmente substitu-
cem leitos, deve dispor de leitos de tra- ído por outros índices como o PIM2 (Pediatric Index of Mortality) ou
tamento intensivo correspondentes a no por índices de gravidade como o PELOD (Pediatric Logistic Organ
Dysfunction) (MORAES et al., 2010).
4
UNIDADE 2 - Neonatologia
os dados de todo o País – tanto nos seto- recém-nascido fornece informações epi-
res público e privado da saúde como nos demiológicas e serve como subsídio para
domicílios. O principal instrumento do SI- a avaliação e monitoramento das políticas
NASC é a declaração de nascido vivo (DN), de saúde materno-infantil (MASCARE-
que é preenchido logo após o nascimento NHAS et al., 2006), inclusive para implan-
por um profissional de saúde adequada- tação e onde implantar UTIN.
mente treinado (BRASIL, MS, 2004).
XIV - capnógrafo: 01 (um) para cada 10 XXVII - kit (“carrinho”) contendo medi-
(dez) leitos; camentos e materiais para atendimento
às emergências: 01 (um) para cada 05 (cin-
XV - ventilador pulmonar mecânico mi-
co) leitos ou fração;
croprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois)
leitos, com reserva operacional de 01 (um) XXVIII - equipamento desfibrilador e
equipamento para cada 05 (cinco) leitos, cardioversor, com bateria, na unidade;
devendo dispor cada equipamento de, no
XXIX - marca-passo cardíaco temporá-
mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
rio, eletrodos e gerador: 01 (um) equipa-
XVI - equipamento para ventilação pul- mento para a unidade;
monar não-invasiva: 01(um) para cada 10
XXX - equipamento para aferição de
(dez) leitos, quando o ventilador pulmonar
glicemia capilar, específico para uso hos-
microprocessado não possuir recursos
pitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
para realizar a modalidade de ventilação
ou fração;
não invasiva;
XXXI - materiais para curativos;
XVII - materiais de interface facial para
ventilação pulmonar não-invasiva: 01 XXXII - materiais para cateterismo ve-
(um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; sical de demora em sistema fechado;
XVIII - materiais para drenagem toráci- XXXIII - maca para transporte, com
ca em sistema fechado; grades laterais, com suporte para equi-
pamento de infusão controlada de fluidos
XIX - materiais para traqueostomia;
e suporte para cilindro de oxigênio: 01
XX - foco cirúrgico portátil; (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
XXI - materiais para acesso venoso pro- XXXIV - equipamento(s) para monito-
fundo, incluindo cateterização venosa rização contínua de múltiplos parâmetros
central de inserção periférica (PICC); (oximetria de pulso, pressão arterial não-
-invasiva; cardioscopia; frequência respi-
XXII - material para flebotomia;
ratória) específico para transporte, com
XXIII - materiais para monitorização de bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos
pressão venosa central; ou fração;
nizados pela unidade e baseados em evi- quenos tubos inseridos na veia do bebê,
dências científicas. que possibilitam a administração de soro
e medicação que o bebê necessita nas
§2º A quantidade dos materiais e me-
primeiras horas e talvez dias. Este cate-
dicamentos destes kits deve ser padro-
ter pode ser periférico e estar colocado
nizada pela unidade, de acordo com sua
nos membros superiores, inferiores ou
demanda.
na cabeça. Já o cateter central pode ser
§3º Os materiais utilizados devem es- colocado nos primeiros dias de vida numa
tar de acordo com a faixa etária e biotipo das veias ou artéria do cordão umbilical
do paciente (lâminas de laringoscópio, tu- ou pode ser colocado numa das veias dos
bos endotraqueais de tamanhos adequa- braços, da região do pescoço, virilha e tó-
dos, por exemplo); rax. Os cateteres centrais (PICC) são de
longa duração e como tal evitam que o
§4º A unidade deve fazer uma lista
bebê tenha que ser puncionado (picado)
com todos os materiais e medicamentos a
repetidamente.
compor estes kits e garantir que estejam
sempre prontos para uso (BRASIL, 2010). O ventilador permite fazer vários tipos
de ventilação, que vão desde a ventilação
completa até uma pequena ajuda quando
o bebê esquece de respirar. A ventilação
3.3 Os equipamentos bási- é feita através de tubos que entram na
cos da UTIN incubadora e se ligam ao bebê através de
um tubo endotraqueal que se encontra
A incubadora tem basicamente a fun-
na boca ou no nariz e vai até a traqueia do
ção de substituir o útero materno, man-
bebê.
tendo um ambiente quente e regulando a
temperatura do bebê. Proporciona a umi- Quando o bebê necessita apenas de
dade necessária ao equilíbrio do bebê e o uma pequena ajuda para respirar, utiliza-
protege das infecções e do barulho. -se um aparelho chamado CPAP, que atra-
vés de pequenos tubos colocados no nariz
Os monitores de frequência cardíaca e
e fixos a uma touca o ajudam a respirar.
respiratória são utilizados através de fios
CPAP é a sigla para “Continuous Positive
que terminam em pequenos adesivos que
Airway Pressure”, que significa pressão
são colocados no peito e no lado esquerdo
positiva contínua nas vias aéreas.
da barriga do bebê, informando como é o
ritmo cardíaco e respiratório do bebê. Por fim, a sonda gástrica é um peque-
no tubo que pode ser introduzido na boca
Os oxímetros: através de uma pequena
(oro) ou no nariz (naso) e que vai até o
tira com uma luzinha vermelha colocada
estômago, servindo para verificar o con-
no braço ou no pé do bebê, mede continu-
teúdo do estômago (resíduo gástrico) e,
amente a oxigenação do sangue e permi-
principalmente, para alimentar o bebê
te regular a quantidade de oxigênio que
(CENTENO, 2012).
ele precisa.
Enfim, o ambiente das Unidades de Tra-
Cateteres centrais e periféricos são pe-
20
A autora acima cita Oliveira (2007) que Ao “virar” política, passou a aspirar pre-
em um artigo científico modalidade estu- sença em todas as ações da saúde como
do de caso, abordando a questão da hu- diretriz transversal e favorecer, entre ou-
manização da assistência, entende que tros, a troca e construção de saberes, o
a palavra humanização passou a ser uti- diálogo entre profissionais, o trabalho em
lizada para nomear diversas iniciativas equipe e a consideração às necessidades,
e possui diferentes sentidos, porém na desejos e interesses dos diferentes ato-
saúde adotou o significado de um proces- res do campo da saúde.
so de transformação da cultura institucio- A humanização da assistência é enten-
nal que reconhece e valoriza os aspectos dida pelo MS como “o aumento do grau de
subjetivos, históricos e socioculturais corresponsabilidade na produção de saú-
de usuários e profissionais, assim como de e de sujeitos” e “mudança na cultura da
funcionamentos institucionais importan- atenção dos usuários e da gestão dos pro-
tes para a compreensão dos problemas e cessos de trabalho” (MELLO, 2008).
elaboração de ações que promovam boas
condições de trabalho e qualidade de Falar em humanização nos leva a pen-
atendimento. sar em “cuidado” e vice-versa!
Para Mello (2008), as ideias centrais de Segundo Waldow (1998, 2004), o cui-
humanização do atendimento na saúde dado voltado para a enfermagem englo-
são as de: oposição à violência, compre- ba o processo de saúde, de adoecimento,
endida como a negação do outro, em sua de invalidez e de empobrecimento, pois
humanidade, necessidade de oferta de ele busca promover, manter ou recuperar
atendimento de qualidade, articulação a dignidade e a totalidade humana e nos
dos avanços tecnológicos com acolhimen- lembra ainda que a enfermagem é cuida-
to, melhorias nas condições de trabalho dora em sua essência e foi a primeira a
do profissional e ampliação do processo profissionalizar o cuidado.
de comunicação.
A humanização dos cuidados em saúde
Vamos direto à Política Nacional de pressupõe considerar a essência do ser, o
Humanização (PNH, 2003) que iniciou- respeito à individualidade e a necessida-
-se em 2000 com o Programa Nacional de da construção de um espaço concreto
27
nos, para que a atuação seja pautada no va na perspectiva mais dialógica do que
modelo de atenção à saúde humanizada monológica, apoiando e promovendo con-
(SCOCHI, 2000). dições para que os pais possam ver e tocar
seu bebê, proporcionando um ambiente
Isso significa considerar a valorização
acolhedor.
dos diferentes sujeitos implicados no
processo de produção de saúde: usuá- Entretanto, compreender a família não
rios, trabalhadores e gestores; fomento é um processo simples, pois, durante a
da autonomia e do protagonismo desses internação dos bebês, [...] o profissional
sujeitos; aumento do grau de correspon- enfermeiro deve procurar conhecê-las e
sabilidade na produção de saúde; estabe- compreender reações, sentimentos, sig-
lecimento de vínculos solidários e de par- nos, significados, hábitos, costumes e
ticipação coletiva no processo de gestão; valores. Para isso, faz-se necessário inte-
identificação das necessidades sociais de ragir, apoiar e orientar, amenizando a dor
saúde; mudança nos modelos de atenção (CENTA; MOREIRA; PINTO, 2004).
e gestão dos processos de trabalho, ten-
Dessa maneira, o enfermeiro da UTINs
do como foco as necessidades dos cida-
pode criar possibilidades que permitam
dãos e a produção de saúde (OLIVEIRA et
ampliar o foco do cuidado, em busca da
al., 2006).
perspectiva de se ver a criança internada
De todo modo, é importante que os e a família como um conjunto a ser cuida-
profissionais que atuam em UTIN estejam do (PEDROSO, 2004).
aptos para amenizar o dano emocional
causado aos familiares pela internação da
criança, por meio de uma assistência hu-
manizada prestada não só à criança, mas
também aos pais. Agindo de forma inte-
gral, tentando interagir com os familiares,
atendendo necessidades, apoiando, ensi-
nando e incentivando a participação des-
tes no cuidado (CENTA; MOREIRA; PINTO,
2004).
Resumo:
Pesquisa de natureza qualitativa do
tipo bibliográfica cujo objetivo foi identi-
32
UNIDADE 6 - A qualidade de vida da criança
em uti pediátrica
A internação em um hospital não é agra- de uma UTI pediátrica necessita ter essa
dável! Em uma Unidade de Terapia Intensi- percepção aguçada, pois a criança muitas
va, então, é uma experiência marcante e vezes não sabe ou não pode se expressar
desagradável para qualquer ser humano. verbalmente. Com a prática da profissão,
Para uma criança, é excessivamente trau- a observação vai se aperfeiçoando, pro-
matizante, pois esta é uma fase da vida em porcionando o aprimoramento dos senti-
que o indivíduo precisa muito da presença dos de forma a perceber o imperceptível.
de seus pais ao seu lado, acompanhando e Observa-se comportamentos, padrões
auxiliando o seu desenvolvimento. respiratórios, expressões faciais, aspec-
tos de incisões, exsudatos, colorações de
É pertinente concordar com Chaud et
pele, ritmos cardíacos, odores, alterações
al. (1999) ao inferirem que a hospitaliza-
em nível de consciência, secreções, etc.
ção é considerada uma experiência muito
(CIANCIARULLO, 2000).
estressante, tanto para a criança quanto
para os pais, onde muitas vezes o vínculo Na busca de se prestar uma assistência
afetivo entre a criança internada, sua fa- mais humanizada em meio a tanta tecno-
mília e ambiente em que vive é rompido. logia, aprender a estar com os que viven-
ciam a experiência de internação em UTI
Decorre também desta situação, a bus-
requer emergir em uma situação existen-
ca pela qualidade de vida da criança inter-
cial. Na maior parte das UTIs, os modelos
nada em UTI pediátrica, portanto, dentro
teóricos apropriados e sistemáticos no
de uma UTIP toda a equipe deve dar ao pa-
planejamento da assistência de enfer-
ciente total atenção, já que seu estado de
magem, raramente são identificados com
saúde encontra-se seriamente abalado e
clareza. Dentre os registros de enferma-
não pode ter seus familiares junto de si
gem, os mais frequentes referem-se aos
em tempo integral. Além do cuidado ideal,
parâmetros dos grandes sistemas vitais,
deve-se proporcionar à criança conforto,
assim como o funcionamento de apara-
alívio do sofrimento e garantir seus direi-
tos como ventiladores mecânicos, drenos,
tos em um âmbito geral (MOSSATE; COS-
cateteres, sondas, quase todos se con-
TENARO, 2001).
centrando apenas na sobrevivência como
O primeiro passo para a realização de meta do trabalho em saúde (BARBOSA,
todos os cuidados de enfermagem é a 1999).
observação, esta habilidade irá decidir o
Hoje, também é um assunto de gran-
sucesso ou o fracasso do processo cuida-
de discussão a planta física de uma UTI.
tivo, pois é através da observação que se
A possibilidade de outros contatos, ilumi-
reunirá subsídios para a construção des-
nação natural, cores, música, enfim, qual-
te processo. Mas não se observa apenas
quer maneira de deixar o paciente mais
com o olhar, esta habilidade implica usar
próximo do mundo é muito importante
todos os órgãos do sentido – olfato, audi-
para o restabelecimento da saúde do
ção, visão, gustação e tato. O enfermeiro
33
doentes. A estratégia para o melhor tra- nâmica, a experiência prévia, fatores eco-
tamento da dor e da ansiedade depende nômicos e, inclusive, práticas e tendências
de uma avaliação precisa e oportuna das locais baseadas em critérios subjetivos ou
necessidades de cada paciente. A idade do indefinidos. Deve-se, portanto, valorizar
paciente, a história médica, o estado clíni- as experiências ansiogênicas e dolorosas
co, bem como o tipo da dor, devem sempre a que são submetidas as crianças interna-
ser considerado (LAGO et al., 2003). das em unidades de cuidados intensivos,
tratando-as adequadamente e, sempre
A sedação e a analgesia tornaram-se,
que possível, antecipando procedimentos
nos últimos anos, prioridades no atendi-
que causem dor e desconforto (LAGO et
mento de pacientes criticamente doentes.
al., 2003).
Além do bloqueio da percepção nocicepti-
va, objetiva-se satisfazer as necessidades
ansiolíticas, hipnóticas e amnésticas dos
pacientes internados em unidades de te-
rapia intensiva pediátrica (UTIP) (MARTIN
et al., 2001 apud SFOGGIA et al., 2003).
A sepse é uma entidade mórbida que terações são respostas à liberação de me-
representa um grande problema no cam- diadores pelos macrófagos e por outras
po da saúde, quer nos países desenvolvi- células do sistema imune do hospedei-
dos, quer nos países em desenvolvimento ro, quando estimuladas pela endotoxina
(BIHARI, 1990 apud RIBEIRO; MOREIRA, da bactéria gram-negativa ou similar na
1999). gram-positiva. Uma vez na circulação, es-
ses mediadores desencadeiam mecanis-
Desde os mais remotos estudos sobre
mos humorais e enzimáticos, envolvendo
sepse, essa entidade nosológica assume
o sistema complemento, o sistema de co-
aspectos relevantes quanto à alta mor-
agulação, a fibrinólise e a via das cininas
talidade e à severa morbidade, pelas suas
(CARVALHO et al., 1992).
complicações clínicas graves, tais como
choque séptico, coagulação intravascu- Estabelecida a suspeita de um quadro
lar disseminada (CIVD), síndrome do des- infeccioso sistêmico, o próximo passo
conforto respiratório agudo, meningite obrigatório é a colheita de sangue para
e insuficiência renal aguda, entre outras cultura. A hemocultura é o único teste
(PITREZ, 1987 apud RIBEIRO; MOREIRA, usado para definir a bacteremia (ARON-
1999). SON; BOP, 1987 apud RIBEIRO; MOREIRA,
1999). A recuperação do microrganismo
A sepse é uma doença infecciosa de
do sangue é um dos mais importantes
etiologia variada (bactérias, vírus, fungos
procedimentos do microbiologista, pois
ou até mesmo protozoários), determinan-
permite, quando necessário, a adequação
do respostas inflamatórias e metabólicas
da terapêutica baseada na susceptibilida-
de diversos graus (CARVALHO; BRANCHI-
de in vitro do microrganismo aos antibió-
NI, 1993 apud RIBEIRO; MOREIRA, 1999).
ticos (WASHINGTON; ILSTRUP, 1986 apud
A etiologia mais frequente é a bacteria- RIBEIRO; MOREIRA, 1999).
na, sendo mais comuns as bactérias gram-
O tratamento precoce com antimicro-
-negativas (KREGER; CRAVEN; MCCABE,
bianos apropriados é essencial para a re-
1990 apud RIBEIRO; MOREIRA, 1999).
dução da mortalidade, embora esta ainda
Porém, dependendo da epidemiologia, as
seja alta: mesmo quando a infecção é cau-
gram-positivas podem assumir posição de
sada por bactéria susceptível ao antibióti-
destaque (BENNET; ERICKSON; ZETTERS-
co empregado.
TRÖN, 1992).
Sendo a sepse uma doença de alta pre-
Uma vez presente no organismo, o
valência em pediatria, com alta morbidade
agente infeccioso pode provocar dife-
e mortalidade e de custos elevados no seu
rentes respostas no hospedeiro, que vão
tratamento, fazem-se necessários estu-
desde a febre, passando por alterações
dos mais profundos para melhor inter-
hemodinâmicas e hemorrágicas, até a fa-
venção no seu curso. O conhecimento da
lência de múltiplos órgãos. Todas essas al-
realidade local, dos aspectos epidemioló-
36
gicos e dos agentes causais são fatores sinais clínicos inespecíficos. Nos países
importantes para a prevenção e o trata- em desenvolvimento, a sepse neonatal
mento dessa patologia. alcança níveis de até 15,4 casos para cada
1000 nascidos vivos, en¬quanto que nos
Estas foram algumas das razões de Ri-
Estados Unidos a incidência varia de um
beiro e Moreira (1999) ao se proporem
a cinco para cada 1000 nascidos vivos.
estudar o perfil epidemiológico das crian-
Neste último, o Streptococcus do grupo B
ças hospitalizadas com sepse, ou que vie-
(SGB) é a bactéria mais comum envolvida
ram adquiri-la em um Hospital Infantil, e
na etiologia da sepse neona¬tal precoce,
os respectivos agentes etiológicos, com
sendo responsável por aproximadamen-
seus padrões de sensibilidade aos antibi-
te 6000 casos por ano (GOULART et al.,
óticos.
2006).
Goulart et al. (2006) apresentaram es-
Na literatura existem fatores de risco
tudos mais recentes sobre a sepse justi-
documentados para a sepse neonatal, os
ficando que a mortalidade infantil é vista
quais podem ser agrupados em fatores
atualmente como um bom indicador de
maternos, neonatais ou ambientais. Den-
qualidade de vida e dos serviços de saúde
tre eles se destacam trabalho de parto
em geral. Esse coeficiente vem sofrendo
prematuro, ruptura de membranas mais
decréscimos na faixa acima do período
de 18 horas antes do parto, co¬loniza-
neonatal como resultado de boas cam-
ção materna pelo SGB, febre materna (≥
panhas de vacinação, incentivo ao alei-
38 ºC) durante ou imediatamente após o
ta¬mento materno e divulgação de medi-
trabalho de parto, sexo masculino, baixo
das preventivas de doenças infecciosas.
peso ao nascimento (< 2500 g), corioam-
Entretanto, o componente ne-onatal da
nionite e filho anterior com infecção ne-
mortalidade infantil engloba relações en-
ona¬tal (GOULART et al., 2006). Apesar
tre serviços de saúde mais complexos de
disto, a grande maioria destes estudos é
se manipular, o que dificulta redução mais
realizada em grandes centros, onde a pro-
significativa da mortalidade dessa faixa
filaxia para SBG é rotina, o que não pode
etária. Estima-se que 50% dos óbitos no
ser considerado a realidade de diversos
primeiro ano de vida ocorram na primeira
hospitais materno-infantis do Brasil.
semana, o que se denomina período ne-
onatal precoce, números estes que têm Isto justifica a importância do conheci-
chamado atenção dos pesquisadores para mento dos fa¬tores de risco associados
causas e formas de prevenção (ARAÚJO; à sepse neonatal precoce em unidade
BOZZETTI; TANAKA, 2000). de neonatologia inserida na realidade de
nosso sistema de saúde, no sentido de se
A sepse neonatal precoce pode ser de-
detectar aqueles passíveis de prevenção,
finida como uma infecção sistêmica que
para que se possam adotar medidas espe-
se apresenta até 72 horas após o nasci-
cíficas e reduzir as taxas de mor¬talidade
mento, caracterizada por alterações clí-
nessa faixa etária.
ni¬cas e laboratoriais diversas. Habitual-
mente, observa-se maior ocorrência de
sepse no primeiro dia de vida, através de
37
so, devido à posição mais horizontal das min vs 4 mL/kg/min). Ao mesmo tempo,
costelas, quase perpendiculares à coluna possuem menor capacidade residual fun-
vertebral. cional e menores reservas de oxigênio,
que propiciam maiores chances de desen-
Com o crescimento, as costelas se tor-
volver hipoxemia e hipóxia tissular com
nam oblíquas, dirigindo-se para baixo e
maior rapidez quando ocorre qualquer al-
para frente. No final do primeiro ano de
teração da respiração.
idade, o diâmetro transverso torna-se
maior que o ântero-posterior, adquirindo No recém-nascido, a síndrome do des-
o formato elíptico do adulto, por volta dos conforto respiratório é uma das causas
7 anos de idade. mais frequentes de insuficiência respira-
tória e de morte no recém-nascido de pré-
O formato arredondado do tórax confe-
-termo. É também denominada doença de
re desvantagem à mecânica respiratória
membranas hialinas (DMH), denominação
de crianças pequenas, porque ocorre me-
essa que traduz, porém, um quadro emi-
nor elevação das costelas durante a con-
nentemente anatomopatológico, muitas
tração da musculatura intercostal.
vezes não tão bem conhecido do neona-
9. A inserção do diafragma em crian- tologista quanto seu quadro clínico (BER-
ças é mais horizontal e elevada (na altu- TAGNON, 2004).
ra da oitava e nona vértebras torácicas),
São manifestações clínicas da DMH:
enquanto que no adulto, o diafragma in-
sere-se obliquamente, na altura da nona dispnéia, taquipnéia ou bradipnéia
e décima vértebras torácicas. Consequen- em casos graves;
temente, em crianças, o movimento do
gemido expiratório;
diafragma é menor durante a inspiração,
o que limita a expansibilidade da caixa to- cianose;
rácica.
batimentos de asas nasais;
10. As crianças são mais suscetíveis
à fadiga respiratória do que os adultos, retração esternal;
porque possuem musculatura respirató- dificuldade em iniciar a respiração
ria menos desenvolvida e frequência res- normal;
piratória mais elevada.
tiragem intercostal e subcostal;
11. As vias de ventilação colateral
alveolar, como os poros intra-alveolares crises de apneia.
de Kohn e os canais bronquíolo – alveola-
Segundo o manual de Rotinas Assisten-
res de Lambert, são menos desenvolvidas
ciais da Maternidade-Escola da Universi-
em crianças, o que facilita a formação de
dade Federal do Rio de Janeiro (2013), as
atelectasias, escape de ar de unidades se-
principais atitudes da equipe contra a sín-
miobstruídas e hiperinsuflação pulmonar.
drome do desconforto respiratório são:
12. As crianças têm taxa metabólica
prevenir a hipoxemia e a acidose;
mais alta e desta forma, consumo de oxi-
gênio maior que os adultos (6-8 mL/kg/ otimizar o manejo hídrico;
40
pneumotórax;
pneumomediastino;
pneumopericárdio;
enfisema intersticial;
Ventilação mecânica
- Ventilação líquida
Terapia medicamentosa
- Surfactante
- Oxido nítrico
Analgesia e sedação
Suporte nutricional
Rotta; Kunrath; Wiryawan (2003) res- O uso desses cateteres raramente altera
saltam que o paciente com SDRA repre- o manejo baseado em dados obtidos com
senta um estrato relativamente grave a tecnologia auxiliar descrita acima. Pa-
da população de uma UTI terciária. Assim cientes submetidos a bloqueio neuromus-
sendo, esses pacientes requerem um ní- cular contínuo devem ser monitorados
vel de monitorização alto para que os da- com eletroestimuladores, para evitar uso
dos sejam obtidos e integrados em tempo de doses exageradas.
real na individualização da estratégia de
tratamento.
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