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DIMENSIONAMENTO DE REVESTIMENTOS EM

PEDRA NATURAL COM FIXAÇÃO POR CAVILHAS


Soluções em Granito
Maria de Fátima Silva*
mfs@isep.ipp.pt

Rui Camposinhos†
rdc@isep.ipp.pt

Resumo
No revestimento de edifícios com pedra natural os sistemas de fixação e
de instalação dos respectivos componentes devem ser projectados e dimen-
sionados de acordo com as capacidades e limitações de cada tipo de pedra e
método de fixação, de forma a resistir a todas as acções ao longo do período
de vida útil dos edifícios. Os princípios que têm vindo a ser adoptados para o
dimensionamento da pedra e das respectivas fixações são, geralmente, empí-
ricos. Os coeficientes de segurança e os deslocamentos que se admitem
baseiam-se, geralmente, em métodos ultrapassados que não se revelam ade-
quados às actuais aplicações da pedra natural no revestimento exterior, nem
aos modernos procedimentos de dimensionamento. Com base num número
relevante de ensaios de arrancamento foi aferido um modelo de dimensiona-
mento para revestimento de placas de pedra natural, utilizando o método de
fixação mecânico perno cavilha. Este artigo tem por objectivo divulgar os
modelos de rotura associados à fixação de placas de pedra natural, utilizando
o sistema perno cavilha.

Palavras-chave: Revestimento, fixação mecânica, sistemas de ancoragem, cavilha,


ensaios.

1 Introdução
A fixação de placas de pedra natural por colagem ao longo da superfície de
suporte acarreta várias desvantagens, devidas à incompatibilidade por falta de
aderência entre o elemento de revestimento e a base de suporte, problemas
estes potenciados pelas variações térmicas e higrométricas. Esta situação leva
a que os sistemas de fixação mecânicos tenham vindo a ser preferidos em rela-

*
Mestre em Georrecursos – Departamento de Engenharia Civil (DEC)

Doutor em Engenharia Civil, Prof. Coordenador ISEP – (DEC)
ção aos sistemas de fixação directa. Existem vários tipos de furações que são
realizadas em função dos dispositivos metálicos usados Figura 1.

Figura 1: Exemplo de furações ou ranhuras em placas de pedra.

Os sistemas de ancoragem devem garantir a transferência das acções para a


estrutura de suporte, sem pôr em causa a resistência das próprias placas de
revestimento. Devendo localizar-se de forma a permitir uma distribuição de
tensões tão uniforme quanto possível, ao longo do painel, a fim de optimizar a
capacidade de carga lateral do próprio painel, devendo ser suficientemente
rígidos e simples para resistir às acções a que são sujeitos e por serem instala-
dos de forma a não comprometerem o seu desempenho. Na maioria das aplica-
ções, as propriedades físicas e mecânicas das rochas são decisivas para uma
escolha adequada, sendo necessário efectuar ensaios em número suficiente
para definir a qualidade e o desempenho da pedra natural [1]. De facto, o tra-
tamento estatístico dos resultados de ensaios em pedra natural revela-se fun-
damental, interessando conhecer, não só a resistência à flexão bem como a
resistência à compressão e o módulo de elasticidade. A densidade, a resistência
aos ciclos de gelo e degelo, o coeficiente de dilatação térmica e o envelheci-
mento em ambientes agressivos são os parâmetros físicos mais relevantes.

2 Sistema de Ancoragem Perno e Cavilha


A Figura 2 identifica as soluções mais correntes para a aplicação de siste-
mas de ancoragem com cavilha, nomeadamente quando as placas se encontram
na posição vertical.

Figura 2: Corte esquemático da fixação por cavilhas em placas na posição vertical.


Nestes sistemas de fixação as placas recebem dois furos por bordo, a uma
profundidade adequada, em função da orientação vertical ou horizontal. O
peso próprio das pedras solicita os pernos ao corte. A acção do vento solicita
as cavilhas ao corte e os pernos à tracção ou compressão. Para evitar estados
de sobretensão por falta de alinhamento das furações, as placas apenas se
devem apoiar em dois furos por bordo, devido à dificuldade de obter uma fura-
ção perfeitamente alinhada [2].
2.1 Caso de Estudo
O trabalho desenvolvido teve por objectivo estudar os modelos de rotura
associados à fixação de placas de granito e envolveu duas fases: caracterização
mecânica de um granito e do sistema de fixação e calibração dos resultados e
modelação do comportamento da ligação. Os ensaios foram realizados de
acordo com as normas, quantidades e dimensões dos provetes constantes da
Tabela 1. O granito utilizado – “Branco Aguiar” – é um granito de cor cinzenta
clara, levemente azulada, homogénea, com granulado fino a médio, de duas
micas e muito levemente porfiróide. Os ensaios foram realizados em provetes
secos e em provetes saturados, em igual número. Para a caracterização mecâ-
nica do granito em estudo, foram realizados ensaios para a determinação da
resistência à compressão, de acordo com a NP EN 1926, em 70 provetes no
estado seco e no estado saturado – Tabela 2. Os provetes saturados foram
imersos em água, durante 48 horas, a uma temperatura de 22º C. Os provetes
não saturados foram secos a 65ºC e arrefecidos até 22ºC. Os resultados dos
ensaios são apresentados na Tabela 3. Os valores médios das características
físicas mais relevantes que foram determinados são 0,2% para absorção de
água, 2647kg/m3 para a massa volúmica e 0,6 para a porosidade aberta.
Tabela 1: Ensaios, normas, quantidades e dimensões dos provetes de granito.

Ensaio Norma NP Qtd. Dimensões dos provetes (mm)


Resist. compressão EN 1926 70 Cubos: aresta 50; cilindros: h=Φ = 50
Flexão - carga centrada EN 12372 50 Prismas: 60 x 120 x 360
Flexão - mom. constante EN 13161 50 Prismas: 60 x 120 x 360
Arrancamento cavilha EN 13364 118 Placas quadradas: 200 x 30
Tabela 2: Valores da resistência à compressão do granito [3].

Forma e condições de ensaios Nº provetes


Tensão de rotura  - Desvio
à compressão (MPa) padrão (MPa)
Seco - cúbica 18 202,62 26,06
Saturado - cúbica 18 184,71 16,79
Seco - cilíndrica 17 190,61 14,55
Saturado - cilíndrica 17 175,22 11,62
Tabela 3: Valores da resistência à flexão do granito [4, 5].

Condições de ensaios Normas


Nº pro- Módulo de  - Desvio
vetes rotura (MPa) padrão (MPa)
Seco - carga centrada EN 12372 25 15,68 1,63
Saturado - carga centrada EN 12372 25 14,66 1,65
Seco - mom. constante NP EN 13161 25 14,25 1,61
Saturado - mom. constante NP EN 13161 25 14,21 1,36

2.1.1 Determinação da carga de rotura ao nível do orifício de ancoragem


Para a determinação da carga de rotura ao nível do orifício de ancoragem
(ensaio de arrancamento), foram utilizados 118 provetes com acabamentos
diferentes em faces opostas (polida e serrada), de acordo com a NP EN 13364.
Os provetes foram fixados entre duas placas de metal do dispositivo de
fixação, em 60% do seu comprimento. A carga foi exercida na direcção per-
pendicular ao eixo da cavilha, numa distância máxima de 2mm da face menor
do provete, por intermédio do dispositivo ilustrado na Figura 3. As cavilhas,
em aço inoxidável do tipo 1.4571 [EN 10088-1], com 6.0mm de diâmetro e
60mm de comprimento, foram introduzidas em orifícios com 30mm de profun-
didade e 10mm de diâmetro. O espaço entre as cavilhas e as paredes dos orifí-
cios foi selado com uma argamassa de cimento, com a relação W/C, em massa,
igual 6.0, conforme a norma NP EN 13364.

Figuras 3 e 4: Fixação do provete e esquema de rotura em alçado


A carga foi aplicada monotonicamente, à taxa de 50 N/s, até à rotura do
provete. Foram medidos os valores da distância entre a parede do orifício e a
face na qual ocorreu a fractura (d1) e a distância máxima entre o centro do ori-
fício e o bordo da fractura (bA), como se mostra na Figura 4.
2.1.2 Resultado dos ensaios
Os resultados obtidos, para o valor da força de arrancamento, são apresen-
tados na Tabela 4 [7].
Tabela 4: Valores do ensaio de arrancamento do granito “Branco Aguiar” [6].
Nº de Valor médio (Rm) Coeficiente de
Referência Estado e face do provete
provetes (kN) variação (%)
A Seco -serrado 27 2,90 14,25
B Saturado - serrado 31 2,92 12,07
C Seco - polido 29 2,70 10,64
D Saturado - polido 37 2,70 14,02
Tabela 5: Valores do coeficiente de variação, do coeficiente de enviesamento e do
valor característico inferior da resistência do sistema estudado [6].
Caso Estado e face do provete C. V. (%) C. Env. (α) Rkinf (kN)
A Seco - serrado 9,57 0,2879 2,502
B Saturado - serrado 17,52 0,5311 2,251
C Seco - polido 17,33 0,5251 2,092
D Saturado - polido 23,69 0,7240 1,531
Na Figura 5 compara-se o efeito da saturação e do tipo de acabamento, em
termos de valor médio de rotura. De igual modo, na Figura 6 fez-se compara-
ção equivalente, em termos de valor característico, correspondente ao quanti-
lho inferior de 5%. Verifica-se, para este tipo de granito, com baixo teor de
absorção que não há perda sensível de resistência quando no estado saturado.
No entanto, o acabamento com a face polida tem influência significativa nos
valores da força de arrancamento. Em termos médios, verifica-se uma diminui-
ção da força de arrancamento de cerca de 7%. Este efeito é originado pelo
aquecimento elevado a que a superfície tratada é sujeita, pois este fragiliza a
rocha que tem constituintes com coeficientes de dilatação térmica bastante
diferentes.

3,0 3,0

2,5 2,5

2,0 2,0

FKinf (kN)
Fm (kN)

1,5 1,5

1,0 1,0

0,5
0,5
0,0
0,0 secos saturados
secos saturados

Serrado Polido Serrados Polidos

Figura 5: Valores médios da Força de arran- Figura 6: Valores característicos da


camento. Força de arrancamento.

2.2 Modelo de Cálculo – Aferição


O modelo de cálculo utilizado para a determinação da força de arrancamen-
to, Fp, do estado limite último de rotura por arrancamento transversal da cavi-
lha (“pull-out”), tem por base a seguinte equação (Camposinhos, R., 2006) [2]:

1   e    tan   
FP   t lp (1)
2 K  tan  
em que  – diâmetro da cavilha, e – espessura da pedra, lp – comprimento de
embutimento da cavilha,  t – tensão de resistência à tracção da pedra e α–
ângulo de destacamento na rotura, medido no bordo da placa de pedra. O
valor de K corresponde ao factor de concentração de tensões, assumindo um
contacto rígido entre a cavilha e a placa, que pode ser explicitado a partir da
equação (1). A partir de 118 ensaios de arrancamento efectuados, foi possí-
vel aferir o valor deste coeficiente, medindo as dimensões das cunhas de
destacamento, de acordo com a Norma EN 13364, e determinando o valor
médio do ângulo de destacamento das cunhas, que se situou em 32º. Na
Figura 7 apresenta-se o valor do coeficiente de concentração de tensões, K,
encontrado para os provetes secos com face serrada.
O valor médio encontrado para todos os provetes é praticamente o mesmo,
sendo aproximadamente igual a 3. Para furos circulares, o valor teórico des-
te coeficiente, obtido pela teoria elástica de tensões, é exactamente igual a 3,
confirmando que os valores encontrados em laboratório se ajustam à expres-
são adoptada.
3,80
3,60

Factor de concentração de tensões, K


3,40
3,20
3,00
2,80 valor médio

2,60
2,40
2,20
2,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27

Figura 7: Factor de concentração de tensões em provetes secos de face serrada.

3 Considerações Finais
As práticas tradicionais de corte e de transformação, sem fundamentação
técnica que justifique as espessuras e outras dimensões adoptadas para os
revestimentos em pedra natural, têm-se mostrado ineficientes e pouco econó-
micas. Por outro lado, a informação fornecida pelos fabricantes dos sistemas
de fixação mecânica tem-se limitado à resistência dos dispositivos, indepen-
dentemente das dimensões das pedras e das suas características. Os ensaios
realizados permitiram validar uma formulação com vista ao dimensionamento
da força de resistência ao arrancamento da cavilha, em particular, para os gra-
nitos com características semelhantes ao “Branco Aguiar”, de utilização cor-
rente, evidenciando a necessidade de se estabelecerem regras e modelos de
dimensionamento para o projecto e para a aplicação de pedra natural fixada
mecanicamente em fachadas de edifícios.

4 Bibliografia
[1] LAMBERTO, V. Contribuição para a Caracterização da Aptidão Físico-
Mecânica dos Mármores de Estremoz. Rochas & Equipamentos, 2000.
[2] CAMPOSINHOS, R. Dimension stone cladding design using dowel an-
chorage, Construction Materials, Journal, Thomas Telford, ICE, London,
2008.
[3] NP EN 1926. Determinação da Resistência à Compressão: Documentos
impressos. Instituto Português da Qualidade, 2000.
[4] NP EN 13161. Determinação da Resistência à Flexão sob Momento Cons-
tante: Documentos impressos. Instituto Português da Qualidade, 2006.
[5] EN 12372. Determination of Flexural Strength under Concentrated Load.
European Committee for Standardization, 1999.
[6] NP EN 13364. Determinação da Carga de Rotura ao nível do Orifício de
Ancoragem: Documentos impressos. Instituto Português da Qualidade,
2006.
[7] SILVA, M.F. Revestimento de fachadas de edifícios em pedra natural fixa-
da mecanicamente. Dissertação (Mestrado em Georrecursos) – Instituto
Superior Técnico, Lisboa, 2008.

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