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A acção educativa centra-se no trabalho diferen- dem contar com a ajuda do professor e com a
ciado de aprendizagem dos alunos e não no ensino dos restantes colegas da turma, e facilitar o de-
simultâneo do professor. senvolvimento da autonomia na planificação,
Sérgio Niza
gestão e avaliação do seu trabalho e da sua
(Princípios Estratégicos da Intervenção Educativa aprendizagem (processo e produto).
do Modelo Pedagógico do MEM) A opção de pôr em prática um modelo que
inclui tempos de aula para estudo autónomo
resulta da minha reflexão sobre diversos fac-
tores:
O trabalho diferenciado de aprendizagem
concretiza-se na sala de aula fundamen-
talmente no tempo de estudo autónomo, ou
– O conhecimento resulta de um processo
de construção individual e de interacção com
seja, no tempo em que os alunos desenvolvem os pares.
individualmente, a pares ou em pequenos gru- – A construção do conhecimento faz-se à
pos, um conjunto de actividades por eles selec- base do trabalho pessoal e das experiências de
cionadas de acordo com as suas necessidades, aprendizagem com que o aluno é confrontado,
dificuldades e interesses. (Figura 1, 2, 3). mais do que através dos saberes transmitidos
Ainda que fazendo parte de um todo cons- pelo professor.
tituído por tempos de aula diferenciados, – As aprendizagens só são efectivas e dura-
numa perspectiva de organização social das douras se o professor tiver em conta o ponto
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aprendizagens (tempo de comunicação do pro- de partida dos alunos e, a partir dele, apoiá-los
fessor, tempo de trabalho nos projectos dos na sua progressão.
alunos, tempo de comunicação dos alunos,
tempo de estudo autónomo), este texto centra-
se essencialmente na descrição de práticas de
estudo autónomo nas aulas de Inglês, com alu-
nos do 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Se-
cundário.
Tanto num ciclo como noutro, o objectivo é
facilitar e consolidar a aprendizagem da Língua
Estrangeira, num espaço onde os alunos po-
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Princípios Orientadores para organização Seja qual for o ciclo ou o ano de escolari-
e gestão do currículo: dade em que se encontrem, o desenvolvi-
(…) mento das actividades de aprendizagem por
b) Flexibilidade na construção de percur- parte dos alunos implica a diferenciação de:
sos formativos; – conteúdos – para treino de assuntos já lec-
(…) cionados e para superação de dificuldades e
h) Alargamento da duração dos tempos consolidação de novas aprendizagens;
lectivos, de forma a permitir maior diversi- – processos – para adequação de métodos
dade de metodologias de ensino e melhor con- de trabalho e de estudo às necessidades dos
solidação das aprendizagens. alunos;
Decreto-Lei n.º 74/2004 (Decreto-Lei n.º 24/ – produtos – para consecução dos objecti-
/2006) vos definidos para as tarefas propostas e para
visibilidade das aprendizagens realizadas pelos
alunos.
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e pelos alunos, tornando-se assim um «acto in- – permitir a reformulação constante dos
tencional que agindo sobre mecanismos de aprendi- métodos de ensino e das estratégias de
zagem [contribui] directamente para a progressão aprendizagem;
e/ou redimensionamento dessa aprendizagem» (De- – dar indicações aos alunos que lhes permi-
partamento da Educação Básica, 2001). tam progredir no currículo;
A avaliação também tem a função de dar ao – basear-se na recolha de informações atra-
professor a possibilidade de disponibilizar ao vés de instrumentos diversificados;
aluno o feedback indispensável que lhe permita – permitir a intervenção atempada do pro-
ir ajustando as suas estratégias e o apoie na to- fessor junto dos alunos com mais dificul-
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estudo e de treino planeadas, o professor individua- A selecção das actividades é feita com base
liza o seu trabalho de ensino para os alunos com ne- no conhecimento que, gradualmente, o aluno
cessidade de apoio específico. vai adquirindo sobre o estado das suas apren-
Niza, 2000 dizagens. Este conhecimento resulta do seu
confronto com as dificuldades que vai sen-
tindo na realização das tarefas, com os resulta-
1.1. O Plano Individual de Trabalho (PIT) dos dos testes e outros trabalhos, com o feed-
back regular do professor.
O trabalho que o aluno desenvolve nas au- Os alunos fazem a previsão do tipo e nú-
las de estudo autónomo é regulado por um PIT mero de tarefas a desenvolver num determi-
(Figura 5), cuja utilização lhe permite: nado período de tempo e procedem ao seu re-
– envolver-se e responsabilizar-se pelo seu gisto no PIT (Figura 5: Practising Activities –
percurso de aprendizagem; I’m going to do…), estabelecendo assim um
– desenvolver o conhecimento de si próprio contrato didáctico com o professor. Findo o pe-
enquanto aprendente; ríodo de execução do plano, os alunos regis-
– tomar consciência das suas dificuldades tam as actividades que efectivamente fizeram
reais; (Figura 5: Practising Activities – I’ve done…) e
– tomar decisões em relação à sua aprendi- comparam estes dados com as suas previsões
zagem; iniciais. Esta reflexão permite ao aluno tomar
– definir percursos para aprender; consciência do que é capaz de fazer e das ra-
– desenvolver determinadas competências, zões que o levaram a cumprir ou não o seu
nomeadamente: plano. É também solicitado ao aluno que de-
– a capacidade de planificar/gerir o tempo fina as alterações a introduzir no plano subse-
em função das actividades seleccionadas; quente. Assim, com o PIT, o aluno aprende a
– a capacidade de seleccionar as actividades estabelecer metas e a definir objectivos indivi-
que melhor se adequam às suas necessi- duais, a estabelecer prioridades e a definir es-
dades; tratégias para as atingir. O feedback do profes-
– a capacidade de seleccionar os modos de sor apoia-o ao longo de todo o processo e in-
trabalhar mais adequados ao seu modo de centiva-o a continuar a trabalhar.
aprender; Além das actividades para treino, consoli-
– a capacidade de assumir e cumprir com- dação ou aprofundamento das aprendizagens,
promissos;
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aprendizagem é diferenciado. Ainda que em não substitui aquele que tem de ser feito em
relação às aulas no colectivo (tempo de comu- sala de aula. (Fig. 9).
nicação do professor), o professor tente que te- O número de alunos que realizam tarefas
nham um carácter o mais interactivo e prático extra em casa e o número de actividades reali-
possível, as actividades são normalmente zadas fora da aula aumentam significativa-
iguais para todos os alunos e, na maior parte mente, e este facto constitui um indicador da
das vezes, envolvem a participação da turma motivação que os alunos sentem para o estudo
na sua globalidade (para actividades de orali- e aprendizagem da Língua Estrangeira.
Constata-se assim que estes trabalhos feitos
dade, para exposição ou sistematização de
em casa são facilmente assumidos pelos alunos
conteúdos, para a realização de exercícios de
já que partem de uma necessidade por eles
aplicação de conhecimentos, etc.). É nas aulas
sentida e reconhecida e, por isso, os efeitos que
de estudo autónomo que os alunos têm opor-
produzem na melhoria das suas aprendizagens
tunidade de estar todos a trabalhar, ao mesmo são mais positivos. No entanto, é preciso que o
tempo, mas não estão todos a trabalhar sobre aluno esteja na posse das ferramentas necessá-
o mesmo conteúdo ou a resolver a mesma ac- rias para realizar as tarefas de forma autó-
tividade. noma, uma vez que em casa não pode contar
Apesar de por hábito não marcar trabalhos nem com o apoio do professor nem com a
de casa, os alunos realizam regularmente tra- ajuda de colegas mais competentes.
balho em casa relacionado com a disciplina, Todos os produtos do trabalho dos alunos
mesmo sabendo que o trabalho feito em casa são organizados numa capa individual (junta-
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Competências Essenciais:
➣ Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem adequadas
a objectivos visados.
➣ Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa.
➣ Cooperar com os outros em projectos e tarefas comuns.
* ✓ = verificado.
Fig. 15 – Currículo Nacional do Ensino Básico, 2001.
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gressos dos alunos, quanto de regulação para per- Salienta-se o facto de os alunos não só ad-
mitir que os alunos possam ir construindo um sis- quirirem e construírem conhecimento e treina-
tema pessoal de aprendizado e adquiram a maior rem as aprendizagens realizadas, mas também
autonomia possível». desenvolverem competências integradoras de
conhecimentos, capacidades e atitudes, enten-
Jorba e Sanmarti, 2003
didas como o saber em acção ou em uso (Currí-
culo Nacional do Ensino Básico, 2001). (Fig. 15).
3. Considerações Finais Se observarmos o quadro que se segue, ve-
rificamos que a prática de estudo autónomo na
O tempo de aula aqui descrito faz, como já sala de aula vai ao encontro das orientações
referi, parte de um todo e é enquanto parte in- normativas no que respeita ao desenvolvi-
tegrante desse modelo pedagógico global, que mento de competências nos alunos.
o trabalho realizado para, com e pelos alunos Estas práticas pressupõem a existência de
ganha sentido e coerência. professores que desempenham um papel muito
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