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LEITURA E UTILIZAÇÃO DE PLANTAS E

CARTAS TOPOGRÁFICAS
Miguel BAIO

Texto de apoio às aulas da unidade curricular de Cartografia


Ano Lectivo 2006/2007
Endereço da Página da Unidade Curricular de Cartografia na ESTBarreiro/IPS:

http://www.estbarreiro.ips.pt/PagDisciplinas/PagTopografia.htm
ÍNDICE

1 Introdução...............................................................................................................1

2 Enquadramento das Cartas e Plantas Portuguesas............................................2

2.1 Cartas Topográficas ..........................................................................................2


2.2 Plantas Topográficas.........................................................................................4
2.3 Informação Marginal das Cartas Topográficas Portuguesas.............................5

3 Representação do Relevo......................................................................................8

3.1 Curvas de Nível e Pontos Cotados ...................................................................8


3.2 Formas de Relevo .............................................................................................9
3.3 Declives...........................................................................................................11
3.4 Perfis ...............................................................................................................11

4 Cartografia Numérica ...........................................................................................12

Bibliografia...................................................................................................................16
LEITURA E UTILIZAÇÃO DE PLANTAS E CARTAS
TOPOGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO
As cartas e as plantas topográficas são representações planas da informação dita topo-
gráfica. Esta informação engloba tanto objectos naturais como artificiais sobre a superfície
terrestre: relevo, hidrografia, vegetação, edificado, vias de comunicação, redes de transporte
de energia, limites administrativos, etc.. A designação carta topográfica costuma ser utilizada
para representações compreendidas entre as escalas 1:10000 e 1:500000, enquanto a planta
topográfica é usada para representações a escalas iguais ou superiores a 1:10000.

A informação topográfica representada nas plantas e cartas topográficas é geo-referenciada


associada a um dado sistema de projecção cartográfica, datada, seleccionada e classificada.
Como a informação é geo-referenciada é possível relacionar espacialmente os objectos e
medi-los, avaliando-os relativamente à sua forma e dimensões. As plantas e cartas
topográficas apresentam os objectos existentes numa determinada data, que corresponde à
data em que foram efectuadas os levantamentos de campo. Deste modo quanto maior for a
intervalo de tempo entre os trabalhos de campo e a data de utilização de carta maior será a
probabilidade de a folha estar desactualizada. Esta desactualização é, no entanto, sempre
maior em regiões de forte crescimento urbano que em zonas mais rurais.

As cartas topográficas não são representações do tipo fotográfico, pois apenas alguns dos
objectos são representados, tendo sido submetidos a uma selecção criteriosa. Esta selecção
de objectos conduz à sua legibilidade. A ortofotocartografia, que consiste rectificação de
fotografias aéreas verticais, eliminando os problemas de escala e perspectiva, é um produto
cartográfico em que todos os objectos visíveis à escala da fotografia estão representados. Os
objectos representados nas plantas e cartas topográficas estão perfeitamente identificados e
classificados, ao contrário dos apresentados nas ortofotocartas em que tem de ser o utilizador
a efectuar a sua interpretação.

As cartas e plantas topográficas são utilizadas em diversas funções como, por exemplo, no pla-
neamento e ordenamento do território, no estudo de planificação e execução de obras de
engenharia civil, ou mesmo em actividades de laser. Actualmente a carta de maior escala que
cobre a totalidade do país é Carta Militar de Portugal à escala 1:25000, produzida e publicada
pelo Instituto Geográfico do Exército (IGeoE). Esta carta é utilizada, por exemplo, nos planos
directores municipais de quase todos os municípios portugueses, na planificação de grandes

Cartas Topográficas 1
obras de engenharia civil, e como suporte a cartas temáticas. Está actualmente em execução a
planta à escala 1:10000, produzida por várias empresas mas sob a égide do Instituto Geográ-
fico Português (IGP), que poderá tornar-se na planta a maior escala a cobrir a totalidade do
território português. As plantas topográficas são usadas, por exemplo, no cadastro rústico e ur-
bano, projecto e execução de estradas, pontes e barragens, no planeamento e gestão urbana.

Actualmente existem três organismos públicos em Portugal responsáveis pela cartografia


topográfica e hidrográfica nacional: o Instituto Geográfico Português (IGP), O Instituto Geográfi-
co do Exército (IGeoE) e o Instituto Hidrográfico (IH). O IGP (http://www.igeo.pt) é a
Autoridade Nacional de Cartografia, sendo responsável pela produção de informação
geográfica oficial (geodesia, cartografia e cadastro), desenvolvimento e coordenação do
Sistema Nacional de Informação Geográfica, e investigação em ciências e tecnologias de
informação geográfica (nas áreas do ambiente, ordenamento do território, sócio-economia,
detecção remota, geodesia, cartografia e cadastro). Produz ainda a Carta de Portugal nas
escalas 1:50000 e 1:100000, e plantas topográficas e ortofotomapas à escala 1:10000. O
IGeoE (http://www.igeoe.pt/) além de ser responsável pela Carta Militar de Portugal à escala
1:25000, disponibiliza ainda para civis a Carta Imagem à escala 1:50000, a carta itinerária à
escala 1:250000. O IH (http://www.hidrografico.pt/hidrografico/), ligado à Marinha
Portuguesa, é responsável pela cartografia hidrográfica e cartografia náutica.

2 ENQUADRAMENTO DAS CARTAS E PLANTAS PORTUGUESAS

2.1 Cartas Topográficas


1 2 3 4
Apesar de produzidas por entidades diferentes o enquadramento 5 6 7 8

das cartas portuguesas é igual para as cartas às escalas 9 10 11 12

1:100000 (100k), 1:50000 (50k) e 1:25000 (25k), sendo a sua 13 14 15

16 17 18
área útil de 64×40cm2. A Carta de Portugal à escala 100k é
19 20 21
constituída por 53 folhas numeradas sequencialmente de Oeste 22 23 24 25

pata Este e de Norte para Sul, de acordo com a figura 1. A figura 26 27 28 29

30 31 32 33
3 apresenta a imagem da folha 34 da Carta de Portugal à escala
34 35 36 37
100k.
38 39 40 41

42 43 44
As folhas das cartas portuguesas à escala 50k (do IGP e do
45 46 47
IGeoE) resultam da divisão em 4 partes iguais das folhas da
48 49 50
Carta de Portugal à escala 100k, e têm por base a numeração 51 52 53

destas. As cartas na escala 50k são constituídas por 175 folhas.


Figura 1 – Folhas da Carta de
No caso da numeração das folhas do IGP segue uma sequência
Portugal à escala 1:100000 (100k).
das 4 primeiras letras do alfabeto dispostas de Este para Oeste e

2 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


64cm
de Norte para Sul, enquanto nas folhas do IGeoE
é usada a numeração romana orientada no
A B sentido inverso, começando no quadrante
IV I
Nordeste da folha 100k. De acordo com as figuras
40cm

34
431 432
NW NE 2 e 3, a numeração da folha 50k que cobre o
C D
III 442 II 443 concelho do Barreiro (canto sudeste da folha
SW SE
número 34 na escala 100k) tem a designação de

Figura 2 – Enquadramento das folhas das cartas 34-D no caso de ser publicada pelo IGP, e 34-II no
portuguesas nas escalas 100k, 50k e 25k. caso de ser produzida pelo IGeoE.

Cada uma destas folhas 50k dá origem a 4 folhas da MAFRA VILA FRANCA DE XIRA

401-A 402 403 404


Carta Militar de Portugal à escala 25k, num total de 638
34-A 34-B
LOURES BENAVENTE
folhas. A sua numeração também é sequencial de 415
SINTRA
416 417 418
AMADORA

Norte para Sul do território. A folha do Barreiro, que tem 34 LISBOA


ALCOCHETE
429 CASCAIS 430 OEIRAS 431 432
MONTIJO
o número 442, corresponde ao canto inferior esquerdo, 34-C 34-D
ALMADA
MOITA

canto sudoeste (SW), da folha 34-D no caso da folha 441-B 442


SEIXAL
BARREIRO
443
PALMELA

do IGP e 34-II no caso da folha IGeoE.


453 454
SETÚBAL

38-B
Na figura 4 apresentam-se as diferentes folhas das SESIMBRA
464 465
cartas portuguesas nas escalas 100k, 50k e 25k que 38
cobrem a região de Lisboa e a Península de Setúbal,
As duas folhas 34 e 38, à escala 100k representadas a
vermelho, dão origem a 5 folhas à escala 50k (34-A,
34-B, 34-C, 34-D e 38-B), representadas a azul, e às 19 Figura 3 – Folhas 24 e 38 100k e restantes
folhas 50k e 25k.

Figura 4 – Imagem reduzida da folha 34 Carta de Portugal à escala 1:100000 (100k).

Cartas Topográficas 3
Figura 5 – Imagem reduzida da folha 442 da Carta Militar de Portugal à escala 1:25000.

folhas numeradas representadas a verde, na escala 25k. Na figura 5 está representada uma
imagem da folha 442 da Carta Militar de Portugal.

2.2 Plantas Topográficas


A dimensão das folhas das plantas topográficas portuguesas é de 80×50cm2, e a sua numera-
ção tem origem na numeração das folhas 25k. Dividindo uma folha 25k em quatro partes iguais
e ampliando-a para a dimensão das plantas obtém-se 4 folhas à escala 1:10000 (10k). A
numeração é efectuada de oeste para este e de norte para sul, de acordo com a figura 6. Por
exemplo a folha do Barreiro à escala 10k tem a designação 442.2, já que se situa no canto
superior direito da folha 442 da carta à escala 25k. As
plantas à escala 1:5000 (5k) resultam da divisão em
quatro das folhas 10k, e seguem o mesmo tipo de 442.1 442.2

numeração. A folha 5k correspondente à cidade do


40cm

442

Barreiro tem a designação de 442.2.2.


442.3 442.4

A numeração das plantas à escala 1:2000 (2k) é efec-


tuada dividindo a folha 10k em 5 linhas constituídas
Figura 6– Enquadramento das folhas
por 5 colunas, de acordo com a figura 7. A numeração 1:10000 nas folhas 1:25000.
é apresentada em forma de fracção em que no nume-
rador é colocado o número da folha 10k e no denominador a linha e a coluna correspondente à
442.2
folha 2k. Por exemplo, a ESTBarreiro situa-se na folha à escala 2k. Dividindo essa folha
1 .5
em 4 obtêm-se 4 folhas à escala 1:1000 (1k), e nessa folha a ESTBarreiro situa-se no canto

4 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


inferior esquerdo. A designação da folha 1k correspondente à localização da ESTBarreiro é
442.2
.3 , que é folha que se encontra a tracejado na figura 7.
1 .5

1 2 3 4 5
1 2
1
3 4

50cm
3

80cm

Figura 7 – Enquadramento das plantas topográficas nas escalas 2k e 1k nas plantas à escala 10k.

2.3 Informação Marginal das Cartas Topográficas Portuguesas


As cartas topográficas portuguesas além de apresentarem a informação topográfica impressa,
apresentam ainda uma série de informações relativas ao modo como a folha foi produzida,
sistemas de coordenadas, escala, data de produção, legenda, etc., impressas nas margens da
folha que facilitam a sua leitura e interpretação. A seguir apresentam-se a título de exemplo, as
informações marginais constantes na Carta Militar de Portugal à escala 25k.

Nome da carta e produtor: esta carta designa-se por Carta Militar de Portugal cujo produtor é o
Instituto Geográfico do Exercito; noutras cartas o produtor é o Instituto Geográfico Português;
para as plantas topográficas a grandes escalas o produtor pode ser uma empresa de levanta-
mentos topográficos e o proprietário uma Câmara Municipal ou qualquer outro organismo.

Número e designação da folha: sendo as cartas constituídas por várias folhas, convém que a
ela seja atribuído um número e uma designação (por exemplo, folha 442 do Barreiro).

Enquadramento da folha: são apresentadas também as folhas adjacentes à folha em questão


bem como as folhas de outras escalas em que esta folha se enquadra.

(a) (b)

Figura 8 – (a) enquadramento da folha 442 (25k) com as folhas adjacentes; (b) nome, número e
enquadramento da folha 442 nas escalas 50k (IGeoE) e 250k.

Cartas Topográficas 5
Sistema de Projecção Cartográfica: associado a cada carta há um sistema de projecção
cartográfico, relativo a uma dada projecção cartográfica, posicionado num determinado ponto,
que dá origem a um dado sistema de coordenadas (por exemplo para esta carta foi usada a
projecção de Gauss, sobre o elipsóide de Hayford, posicionado pelo datum de Lisboa para as
coordenadas cartográficas, e com altitudes relativas ao datum altimétrico de Cascais. Estas
informações podem ser visualizadas na figura 9.

Figura 9 – Sistemas de projecção cartográfica e sistemas de coordenadas da carta 25k

Sistemas de Coordenadas: além do sistema de coordenadas que esteve na origem da carta


(sistema Hayford-Gauss, datum de Lisboa) podem ser representados outros sistemas de
coordenadas (p.ex. Rede Geodésica Europeia Unificada). Estas informações também constam
da Figura 9. As coordenadas podem ser lidas na margem das folhas conforme se observa na
figura 10.

Quadrícula: para facilitar a determinação de coordenadas cartográficas são impressas quadrí-


culas, que tanto podem estar impressas sobre toda a carta, como apenas na margem, ou em
forma de pequenas cruzes; no caso da Carta Militar Portuguesa é impressa uma quadrícula
quilométrica na margem a castanho que é referida ao sistema Hayford-Gauss, datum de
Lisboa, com origem no ponto fictício, e outra a azul referente ao sistema UTM Fuso 29,
elipsóide internacional, datum europeu.

Figura 10 – Quadrículas e coordenadas da carta 25k

6 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


Escala: as cartas podem apresentar uma escala numérica (p.ex. 1:25000) e uma escala gráfi-
ca; enquanto para a escala numérica é necessário fazer umas pequenas contas para determi-
nar as dimensões de um dado objecto, com a gráfica pode-se ler directamente o comprimento
de um objecto, utilizando conveniente o talão da escala (parte à esquerda da escala gráfica).

Figura 11 – escalas numérica e gráfica da folha 25k

Data de Execução: as cartas apresentam, em geral, as datas do levantamento aerofotogra-


métrico (data de aquisição das fotografias aéreas), dos trabalhos de campo e da edição; estas
datas permitem averiguar do possível estado de desactualização da
informação topográfica impressa. Na figura 9 pode-se ver que a data do
levantamento aerofotogramétrico e trabalhos de campo é 1988, apesar
da data de edição da folha ser de 1993.

Norte Cartográfico: o norte cartográfico é paralelo à imagem da meridi-


ana (meridiano central de projecção); as folhas costumam ser seccio-
nadas segundo a direcção da meridiana e da perpendicular à meridia-
na; o norte geográfico é o norte verdadeiro, e o norte magnético repre-
senta o local para onde aponta a parte magnetizada da agulha da bús-
sola; o ângulo entre as direcções do norte magnético e do norte geo-
gráfico é designado por declinação magnética, e o ângulo entre a direc-
ções do norte cartográfico e do norte geográfico por convergência dos
meridianos.
Figura 12 – Nortes
Equidistância Natural: é a diferença de altitude entre duas curvas de nível das folhas 25k

consecutivas.

Legenda: na legenda estão representados todos os objectos impressos na carta, e represen-


tados por sinais convencionais quando à escala da carta não têm representação cartográfica.

Figura 13 – Parte da legenda da carta 25k


Cartas Topográficas 7
3 REPRESENTAÇÃO DO RELEVO

3.1 Curvas de Nível e Pontos Cotados


Actualmente a representação do relevo mais comum na cartografia impressa é efectuada com
a conjugação de curvas de nível com pontos cotados. Os pontos cotados são pontos com
altitude conhecida situados em posições dominantes do terreno, como em colos, cimos de
elevações, ou em depressões, e que ajudam a definir melhor o relevo.

As curvas de nível são linhas que resultam da intersecção de planos horizontais com o relevo,
unindo pontos a uma dada altitude. Estes planos estão igualmente espaçados, e a diferença de
altitude entre eles é designada por equidistância natural. Para que cartas a escalas diferentes
tenham uma mesma densidade de curvas de nível, de modo a que a leitura do relevo seja
semelhante quando se muda de escala, é comum utilizar uma mesma equidistância gráfica. A
equidistância gráfica é a equidistância natural reduzida à escala da carta. Em Portugal é
comum utilizar-se a equidistância gráfica de 1mm para as plantas (0.8mm nas escalas quádru-
plas), enquanto para as cartas os valores utilizados são metade destes valores, 0.5mm e
0.4mm.

Para uma melhor interpretação de um relevo representado por curvas de nível é comum dese-
nhar algumas curvas a um traço mais grosso. Estas curvas de nível são designadas por
curvas mestras. As curvas mestras são múltiplas da equidistância natural, sendo a primeira
mestra a curva de nível de altitude 0m. O valor da altitude das curvas de nível é apenas
colocado sobre as curvas mestras.

O traçado das curvas de nível obedece a algumas regras. Por exemplo as curvas de nível são
sempre fechadas nos limites da representação cartográfica (apenas são interrompidas no
interior de um edifício, ou em determinados acidentes topográficos como escarpas ou muros de
suporte, por exemplo), não se cruzam na sua representação horizontal, cruzam apenas num
único ponto uma dada linha de água, e sofrem uma inflexão ao cruzarem uma linha de água,
cuja concavidade fica virada para jusante e convexidade para montante.

O desenho das curvas de nível pode ser efectuado por processos de restituição fotogramétrica,
por interpolação automática a partir de modelos numéricos de relevo, ou por interpolação
manual a partir de pontos cotados. Se for efectuado por métodos de interpolação é necessário
considerar que o relevo se comporta de modo uniforme entre dois pontos cotados. Para isso é
necessário que os pontos estejam próximos e que o topógrafo tenha levantado todos os pontos
dominantes do terreno e aqueles onde há mudanças de declive.

Um modo simples para a determinação das curvas de nível começa por se traçar uma rede de
triângulos o mais regular possível, de modo que os lados triângulos sejam semelhantes. Para
que o traçado das curvas se aproxime da forma do relevo do terreno representado é essencial
8 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS
que estes triângulos não cruzem as chamadas linhas de quebra, linhas de mudança acentua-
da de declive (por exemplo, linhas de crista e de base de taludes, muros de suporte, linhas de
água, etc.). Depois, para cada aresta dos triângulos interpola-se a posição das curvas de nível,
através de uma regra de três simples a partir das altitudes dos seus vértices. A diferença de
altitude entre os A e B (HB–HA, onde HA representa o ponto de menor altitude e HB o ponto de
maior altitude) está para a distância medida entre os pontos A e B (dAB), assim como a diferen-
ça de altitude entre o ponto da curva de nível que se pretende representar e o ponto de menor
altitude (HXA) está para a distância pretendida (dAX), em que HX, é a altitude da curva de nível
pretendida. O resultado é obtido pela seguinte expressão:

H X −H A
d AX = d AB
HB −H A B HB
X
HX

HAB
O mesmo raciocínio pode ser usado para determinar a

HAX
A
altitude de um ponto situado entre duas curvas de nível HA
dAX
sucessivas. Primeiro considera-se que o declive é constante dAB
entre essas duas curvas, traçando um segmento de recta
Figura 14 – Interpolação de altitudes.
entre as duas curvas a passar pelo ponto a determinar
(menor distância entre as duas curvas), e depois medem-se as distâncias entre as curvas, e
entre a curva e o ponto. Pelo mesmo método determina-se a diferença de altitude entre a curva
e o ponto. A altitude deste é dada pela a altitude da curva mais a diferença de altitude determi-
nada. Pode-se utilizar a seguinte expressão:
B
DAB
X
H X = H A + AX (H B − H A )
d
HB
DAX

d AB
A HA
Em ambos os casos não foi necessário executar o exercício
a uma dada escala. Por exemplo, as medidas da distância
podem ser medidas com uma simples régua, enquanto os Figura 15 – Interpolação de altitudes
entre curvas de nível.
valores das altitudes podem estar expressos em unidades
reais. É preciso ter em consideração que diferentes redes de triângulos sobre uma dada super-
fície geram curvas de nível também diferentes, pelo que deve-se ter o maior cuidado ao dese-
nhar a rede de triângulos.

3.2 Formas de Relevo


Quem lê uma carta topográfica não deve ter dificuldade a identificar as diferentes formas de
relevo representadas por curvas de nível. Todas as formas representadas resultam de duas
formas mais simples: o vale e o tergo. O vale é identificado por as curvas de nível de menor
altitude envolverem as de altitude mais elevada. A linha que une os pontos mais baixos
designa-se por linha de água ou talvegue, e é o local para onde as águas confluem. Estas

Cartas Topográficas 9
linhas costumam ser representadas tornando as cartas mais legíveis. O tergo é representado
por curvas de nível que decrescem em altitude do centro para o exterior, do topo para baixo. A
linha que une os pontos mais elevados, e que faz a separação das águas, designa-se por linha
de festo ou de cumeeira, e não costuma ser representada nas cartas topográficas.

linha de água linha de festo


90 60
80 70
70 80
60 90
60 90
70 80
80 70
90 60

VALE TERGO

Figura 16 – Formas elementares de relevo

As restantes formas resultam da combinação destas duas: a colina ou elevação da união de


dois tergos, a depressão da união de dois vales, e o colo ou portela da união de dois tergos
com dois vales. O colo tem uma forma aproximada à de sela de um cavalo.

60

50
70
80
90
100
80 60 110
70 70 110
60 80 100
90 120 90

COLINA 80 COLO
DEPRESSÂO
7
60 0

Figura 17 – Formas compostas de relevo

Na figura 18 está representado um extracto da folha 465 da Carta 25k onde podem ser
observados colos (um dos quais está localizado no ponto cotado 441), elevações, vales com
linhas de água, etc..

Figura 18 – Extracto de carta 465 (25k) onde se podem encontrar diferentes formas de
relevo representadas por curvas de nível

10 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


3.3 Declives
Designa-se por declive (δ) a tangente trigonométrica da inclinação (i) do terreno. A inclinação
de um plano é determinada pelas rectas de maior declive, aquelas que maior ângulo fazem
com o plano horizontal, e que são perpendiculares às rectas B
horizontais, que são as de nível. A representação matemática

HAB
do declive, e que está expressa graficamente na figura 19, é i
A
expressa por:
DAB
H AB
δ = tgi =
D AB Figura 19 – Inclinação de um plano

Nesta expressão é necessário utilizar os valores da distância e das altitudes nas mesmas
unidades. O declive por vezes é representado em forma de percentagem. Por exemplo, δ=0.1,
pode também ser representado por δ=10%, e corresponde a vencer um desnível de 10m
quando se avançam 100m a horizontal.

Quando numa carta topográfica as curvas de nível se encontram muito próximas umas das
outras os declives são acentuados, enquanto quando estão afastadas representam terrenos
com menores declives. Se as curvas de nível estiverem igualmente afastadas o declive do
terreno entre essas curvas é constante.

3.4 Perfis
Uma das melhores formas que ajudam a interpretação do relevo é efectuado a partir da
construção de perfis. Um perfil é obtido pela intersecção de uma superfície vertical com o
terreno, representado por curvas de nível e pontos cotados. A superfície vertical que intersecta
o terreno pode ser plana dando origem a um perfil rectilíneo, ou curva dando origem a um perfil
curvilíneo. O perfil pode ainda ser classificado de acordo com o modo como a superfície
vertical é colocada relativamente ao objecto em estudo: longitudinal se for ao longo de uma
determinada linha ou direcção, ou transversal se for perpendicular a essa linha. Os perfis têm
várias aplicações das quais se destacam os projectos de vias de comunicação.

Na execução de um perfil são utilizados dois eixos: o das ordenadas que representa as altitu-
des e o das abcissas que representa as distâncias. Na construção do perfil seleccionam-se os
pontos das curvas de nível intersectados pela geratriz da superfície vertical. Quando o perfil
atravessa uma zona extensa sem curvas de nível, devem ser interpoladas as altitudes de
pontos intermédios para melhor definir a forma do terreno.

Para fazer evidenciar a forma do terreno na execução de um perfil, exagera-se a escala vertical
relativamente à escala horizontal, tornando-a 5 a 10 vezes maior. A este processo dá-se o

Cartas Topográficas 11
nome de sobreelevação. Na parte superior da figura 20 está representado o perfil do terreno
entre os pontos A e B, dado pelas curvas de nível e pontos cotados da parte inferior da figura.

Figura 20 – Perfil rectilíneo entre os pontos A e B com sobreelevação de 5 vezes.

4 CARTOGRAFIA NUMÉRICA
A cartografia impressa em papel começa a ser substituída por cartografia numérica, disponível
quer em ficheiro, quer via Internet. Esta cartografia deverá obedecer a um catálogo de caracte-
rísticas definido, e ter um dado nível de generalização de acordo com o fim a que se destina. O
catálogo de características deve apresentar uma estrutura que permita a sua agregação. O
nível de generalização deve estar de acordo com a escala a que se pretendem representar os
objectos.

Como os objectos são agrupados por níveis ou camadas diferentes (por exemplo level no caso
da cartografia em formato dgn da MicroStation, ou layer no caso de cartografia em formato dwg
da Autodesk), pode ser dispensada alguma simbologia. Por exemplo, a representação de um
edifício pode fazer-se através de uma linha fechada contínua, de uma dada espessura, com
uma cor específica e colocada na camada com o nome Edificação, não sendo necessário o seu
preenchimento com uma trama a tracejado, que é comum aparecer nas plantas topográficas
impressas das escalas 1k ou 2k.

12 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


Neste tipo de cartografia o utilizador tem ainda a possibilidade de poder escolher as camadas
que pretende visíveis, aproximando a cartografia dos fins a que se destina, pois pode exibir
apenas a informação essencial, correspondente aos objectos pretendidos.

As figuras seguintes apresentam exemplos distintos de produtos cartográficos numéricos


disponíveis no Portal Geográfico de Portugal LuisiGlob (www.it-geo.pt). A figura 21 apresenta o
portal mostrando a cartografia vectorial à escala 1:2000 da zona da ESTBarreiro. Estão visíveis
as camadas correspondentes aos edifícios, anotações de via, outros elementos, curvas de
nível, pontos cotados e limites administrativos. Na figura 22 é apresentada a cartografia
vectorial disponível da mesma zona ampliada para a escala 1:1000. Em ambos os casos as
imagens não estão à escala, pois são imagens retiradas directamente do portal, no entanto é
possível ser impressa na escala desejada a partir do portal.

Figura 21 – Portal Geográfico de Portugal LusiGlob, com planta da zona da ESTBarreiro à escala 2k.

Cartas Topográficas 13
Fonte: IT-Geo, O Portal Geográfico de Portugal LusiGlob
Figura 22 – Imagem com a cartografia vectorial da zona da ESTBarreiro (imagem original à escala 1k).

Nas figuras 23 e 24 são apresentados dois outros produtos que podem também ser observa-
dos no mesmo portal: um modelo numérico de superfície obtido por laser-scaning, e uma orto-
fotoplanta (fotografia aérea ortorrectificada e que pode ser utilizada como um produto cartográ-
fico, pois a perspectiva cónica foi transformada em cilíndrica).

Fonte: IT-Geo, O Portal Geográfico de Portugal LusiGlob


Figura 23 – Modelo Numérico de Superfície obtido por laser-scaning da ESTBarreiro.

14 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS


Fonte: IT-Geo, O Portal Geográfico de Portugal LusiGlob
Figura 24 – Ortofotoplanta do Barreiro (Terminal e moinhos de maré)
Nas figuras seguintes são apresentadas duas outras imagens de produtos cartográficos obtidas
da página da Câmara Municipal do Barreiro (www.cm-barreiro.pt). A figura 25 representa planta
da zona da ESTBarreiro, e a figura 26 a ortofotoplanta correspondente à mesma zona.

Fonte: Câmara Municipal do Barreiro


Figura 25 – Planta da CMBarreiro da zona da ESTBarreiro.

Cartas Topográficas 15
Fonte: Câmara Municipal do Barreiro
Figura 26 – Ortofotoplanta da CMBarreiro da zona da ESTBarreiro.

BIBLIOGRAFIA
Casaca, João; João Matos, Miguel Baio (2000) – Topografia Geral, Lidel, Lisboa.
Gaspar, Joaquim Alves (2000) – Cartas e Projecções Cartográficas, Lidel, Lisboa.
Matos, João Luis de (2001) – Fundamentos de Informação Geográfica, Lidel, Lisboa.

16 Miguel Baio – ESTBarreiro/IPS

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