Вы находитесь на странице: 1из 9

ARTIGO ORIGINAL

PROCESSO DE ENFERMAGEM: TEORIA E PRÁTICA


The nursing proctss: theory and practice

Ver a Regina Waldow (1)

RESUMO ABSTRACT

O estudo tece algumas considerações sobre o The study makes some considerations about the
Processo de Enfermagem e suas fases de acordo com Nursing Process and its phases according to some
alguns autores. Comenta alguns problemas teóricos authors. lt comments on some theorctical and p ractical
e práticos que tem dificultado a plena utilização do problems that have rendered its full utilization difficult
mesmo, fazendo algumas sugestões em relação à ade· and gives some suggestions concerning the adequacy
quação e viabilização do processo. and feasibility of the process:

Unitermos: Processo de Enfermagem/ Key Words: Nursing Processl


Teoria de Enfermagem Theory of Nursing

1 Introdução no desenvolvimento de todo o Processo de Enferma-


gem parece refletir a falta de embasamento para a
O Processo de Enfermagem é introdu zido por implementação em sua totalidade, o qual envolveria
HORTA (1973) na década de sessenta, e a prática interpretação. análise c cr.ítica~, conforme ANGERAMI &
do mesmo inicia por volta de 1965, quando a autora BOEMER (1984).
aplica o histórico de enfermagem com alunos de enfer· Parece-nos oportuno perguntar hoje, quase duas
magem, na época, denominado, anamnese de enferma• décadas após o seu início, como anda o Processo
gem *. Posteriormente, HORTA (1975) levanta alguns de Enfermagem? Como estão as escolas de enferma-
questionamentos, expressos como dúvidas, entre os gem preparando seus alunos para a assistência de en-
quais: Estariam as escolas de enfermagem preparando fermagem? Que metodologia científica está sendo
seus alunos para a função de assistir o ser humano, aplicada? Como os profissionais de enfermagem estão
utilizando uma metodologia científica? Os profissio- desenvolvendo o Processo de Enfermagem? Como es-
nais de enfermagem estariam capacitados a aplicar tão pensando os profissionais de enfermagem em rela-
o processo de enfermagem? ção à assistência de enfermagem após a aprovação
Por alguns anos, as escolas persistiram no ensino da Lei n.o 749? Enfim, como tem evoluído o Processo
e estudo do Processo de Enfermagem, e, na realidade, de Enfermagem?
o modelo preconizado por Horta foi praticamente o
único amplamente divulgado e implementado. (Arge- Este trabalho tem por finalidade apresenta alguns
rami & Boemer, 1984). sentimentos em relação ao Processo de Enfermagem,
Este processo, por sua vez, é desenvolvido pelas os quais têm sido experimentados e sentidos ao longo
escolas e profissionais de enfermagem com ênfase de dez anos de docência e que se fundamenta na crença
na primeira fase, ou seja, a fase denominada por de que a enfermagem é algo mais do que o fazer.
Horta de Histórico de Enfermagem. A dificuldade O passar dos anos e a experiência adquirida têm-nos
permitido observar, pensar, analisar, deduzir e pro-
curar.
(1) Professora Assistente no Departamento Médico-Cirúrgico
da Escola de Enfermagem na Universidade Federal do Rio
A busca às respostas e soluções, tem-nos impul-
Grande do Sul. sionado a seguir. A caminhada é muito longa, porém
• Grifo d a autora. enriquecedora.

14 R.Gaúcha Enfem1., Porto Alegre. 9(1 ) :1 4 -22. jan .1988


Processo de enfermagem . .. Waldow, Vera Regina

O que nos preocupa é o estado de acomodação mudam ,influem umas nas outras e estão constante-
por parte de muitos profissionais de enfermagem e mente inter-relacionadas".
de muitos docentes. A forma como a profissão vem Para DU GAS (1984), o Processo de Enfermagem
desenvolvendo a assistência de enfermagem é pouco é a aplicação da abordagem científica e lógica à práti-
questionada. ca de enfermagem.
Em relação às perguntas feitas anteriormente, Para STANTON et alii (1985), o Processo de
consternadamente temos constatado que o Processo Enfermagem pode ser definido como atividade inte-
de Enfermagem não evoluiu. Poucos estudos e pesqui- lectual deliberada, pela qual a prática de enfermagem
sas têm sido feitos quanto ao processo independen- é implementada de forma sistemática e ordenada. Paa
temente do enfoque teórico. as autoras, o Processo de Enfermagem é a "ferra-
O Processo de Enfermagem parece ser uma ativi- menta" e metodologia de enfermagem, a qual auxilia
dade desenvolvida quase que exclusiva pelos alunos o enfermeiro* * em suas decisões e a predizer e ava-
de enfermagem, e as raras instituições, nas quais a liar conseqüências.
enfermagem aplica o Processo de Enfermagem, fazem- Processo de Enfermagem para HORTA (1979,
no de forma mecânica, despersonalizada e desatua- p.35) é "a dinâmica das ações sistematizadas e inter-
lizada. relacionadas, visando à assistência ao ser humano".
Se o aluno. após formado, não utiliza o Processo Portanto , algumas idéias coincidem, e o Processo
de Enfermagem, por que não o faz? Devido a proble- de Enfermagem funcionaria como um guia, dando di-
mas organizacionais, administrativos? Ou será que reção à prática.
a Escola não o está habilitando para aplicá-lo, ade- STANTON ct alii (1985) mencionam o fato de
quando-o às necessidades e peculiaridades da institui- que prática do profissional de enfermagem é de natu-
ção e sua clientela? reza in terpessoal e que o relacionamento enfermei-
O desenvolvimento do saber da enfermagem está ro-cliente ou paciente ocorre em todas as fases do
incipiente. As aplicações das teorias são raras, e estas processo. Por outro lado, salientam a visão holística
são pouco propagadas. O modelo de Horta tem sofrido do ser humano, o qual responde como um todo.
críticas, contudo , não tem sido aperfeiçoado, tampou- Os autores variam um pouco em relação ao núme-
co outros modelos tem sido desenvolvidos. ro de fases do processo , geralmente em torno de qua-
Apresentaremos algumas considerações em rela- tro a seis, bem como a sua terminologia.
ções ao Processo de Enfermagem sem nos atermos HORTA (1979) descreve seis fases do Processo
especificamente em alguma teoria. Acreditamos que de Enfermagem: histórico de enfermagem, diagnós-
o Processo de Enfermagem é a única forma de atua ção tico de enfermagem, plano assistencial, plano de cui-
do profissional de enfermagem de maneira organizada dados , evolução de enfermagem e prognóstico de en-
e científica. Após os comentários sobre o Processo fermagem.
de Enfermagem e suas fases, permitiremo-nos fazer
Como as idéias de Horta têm sido do conheci-
algumas sugestões, face aos problemas que têm sido
mento da comunidade de enfermagem, tentaremos tra-
identificados quanto ao mesmo.
zer algumas idéias de outros autores o que não s igni-
fica desprestigiar o Processo de Enfermagem de Hor-
ta, o qual consideramos da maior relevância, mesmo
2 Processo de Enfermagem e suas fases
porque as idéias , embora de maneira diferente, na
verdade têm o mesmo significado .
Alguns livros-textos de enfermagem utilizados
por algumas escolas definem e explicam o Processo Em todas as fases do processo , a reaviliação
de Enfermagem, no entanto o uso dos mesmos parece deve estar presente e pode levar a mudanças imediatas
restrito a conteúdos referentes a procedimentos técni- em qualquer uma das fases (STATON et alii, 1985).
cos. FUERST et alii (1977, p.48) descrevem o pro- A primeira fase do processo, con hecida por le-
cesso de Enfermagem como um sistema aberto, com- vantamento, avaliação, histórico de enfermagem,
posto por seus subsistemas e que estão sujeitos a consiste na coleta e análise de dados do cliente/pa-
influências do meio, e definem o sistema de processa-
mento de enfermagem* como um "conjunto de ações
• Grifo dos autores.
usadas para determinar, planejar e aplicar o cuidado • • Utilizaremos o termo enfermeiro em sentido genérico, en-
de enfermagem. As ações são dinâmicas, isto é, elas globando sexo masculino e feminino.

R.Gaú cha Enfcm1., Porto Alegre. 9( I ):14-22.jan.l988 15


\\'a ldo\\. \ 'era Regi na

ciente de forma sistemática e ordenada, com o propó- gem. O diagnóstico de enfermagem identifica a situa-
sito de definir a situação do mesmo, ou seja, de ção, o déficit, a preocupação, o problema de saúde
elaborar o diagnóstico ele enfermagem . Esta fase é atual ou potencial do cliente, o qual pode ser modifi-
vital, pois um levantamento insuficiente ou incorreto cado pelas ações de enfermagem. O diagnóstico pode,
pode levar a um diagnóstico incorreto e, conseqüente- portanto, intervir com um atual (presente-orientado)
mente. a uma assistência ineficiente. Evidentemente , ou um potencial (futuro-orientado) problema de saú-
a visão holística deve assegurar as esferas biológica, de.
psicológica, social e esp iritual do indivíduo. Após estabelecer o(s) diagnóstico(s) de enferma-
O uso dos instrumentos básicos mencionados por gem, deve-se classificar em ordem de prioridades ,
HORTA ( 1979) é imprenscindível, e a entrevista deve levando-se em consideração ambas as opiniões , isto
ser realizada com aten ção e cuidado, pois estabelece é, do enfermeiro e do cliente.
o início do relacionamento terapêutico. As áreas de maior impacto para o cliente e/ou
Além dos dados de identificação, o estado geral fam ília devem merecer maior atenção. Por outro lado,
do cliente é também averiguado pela entrevista com o enfermeiro também determina prioridades baseadas
o mesmo ou com o responsável, o que constitui os em experiências passadas e no conhecimento cientí-
dados subjetivos . E, através de exame e observação fico do ser humano, verificando-se o grau de ameaça
do cliente, para a obten ção de dados que podem ser em nível de bem estar do cliente.
vistos ou medidos objetivamente, constituem-se os Cumpre mencionar também o uso do termo diag-
dados objetivos. Outros dados podem ser investiga- nóstico de enfermagem segundo KOMORITA (1983),
dos, tais como: crenças , valores, expectativas, filoso- para indicar um problema de enfermagem, um fenôme-
fia de vida, etc. no, um método e um exercício de julgamentos por
Após a coleta dos dados, procede-se à análise parte dos enfermeiros. Isto pressupõe o estabeleci-
dos mesmos. Esta é responsabilidade única do profis- mento de um corpo científico de conhecimentos. De-
sional de enfermagem . (STANTON et alii, 1985). O ve , pois, também refletir Sobre os conceitos teóricos
primeiro passo do processo , fornece, pois , o perfil utilizados como guias , através do modelo teórico ado-
do cliente/paciente. O enfermeiro deve selecionar os tado.
dados relevantes em função da situação, ou seja, em Os termos utilizados por alguns autores (DU
relação às condições , necessidades , tempo, sem des- · GAS, 1984; STANTON et alii , 1985) tais como pro-
considerar o conjunto , reunindo, analisando e plane- blemas reais ou atuais e potenciais, referem-se, os
jando a assistência de forma lóg ica e racional , auxi- primeiros, àqueles apresentados, sentidos ou percebi-
liando a suprir deficiências e fornecend o condições dos no momento; e os segundos , ou seja, os potenciais
para o cliente atuar como uma pessoa total. que decorrerão em fun ção da situação, caso não forem
É durante o estágio de análise dos dados coleta- utilizadas medidas a curto ou longo prazo.
dos que o enfermeiro utiliza seu conhecimento em Observe-se a menção da participação do cliente
relação as várias teorias e conceitos para integrá-los. em relação ao que lhe é mais significativo , combinan-
O diagnóstico consiste na reunião de dados que evi- do-se aquelas situações que deverão ser trabalhadas
dencia relacionamentos , mostram sentido e conduzem em primeiro lugar. Este enfoque é preconizado por
a uma conclusão lógica (Stanton et alii, 1985) . O KlNG (1981), em que o estabelecimento do diagnós-
diagnóstico de enfermagem é baseado em dados atuais tico , suas prioridades e o estabelecimento dos objeti-
evitando-se suposições. vos é fei to em comum acordo, enfatizando a·interação
CIANCIARULLO (1976a, p.162) define o histó- interpessoal entre enfermeiro e cliente.
rico de enfermagem de acordo com Horta, como: Reproduziremos , aqui, um exemplo fornecido
"Um roteiro sistemati zado para o levantamento por STANTON et alii (1985) em relação á forma
de dados que sejam significativos para a enfermagem de estabelecer-se o diagnóstico de enfermagem para
sobre o paciente , família ou comunidade, a fim de pr oblemas atuais e potenciais.
tornar possível a identificação dos seus problemas No caso de um c liente X, um dos problemas a
de modo que, ao analisá-los adequadamente, possa ser indentificado é a falta de informação com respeito
chegar ao diagnóstico de enfermagem." ao manejo do diabetes. Este, é baseado nos dados
ST ANTON et alii (1985) definem o diagnóstico sobre seu peso, alt ura, padrões nutricionais, pessoais
de enfermagem como a identificação das respostas e familiares e o estado do seu sistema integumentar.
humanas e limitações do cliente para o propósito geral Dados objetivos e subjetivos coletados anteriormente
de identificação e condução do cuidado de enferma- indicaram que a cliente é obesa, bem como os demais
16 R.Gaúcha Enfcrm., Porto Alegre, 9(1 ) :14-22,jan.l 988
Processo de enfennagem ••• W aldow, Ver a Regina

componentes da família, de meia idade, com história máticas fe itas.


familiar de diabetes, hábitos alimentares irregulares ST ANTON et alii (1985) referem dois estágios
e com excesso de carboidratos, pele e cabelos secos, no planejamento: · o primeiro estágio é o estabeleci-
unhas quebradiças. Neste caso, o diagnóstico de en- mento de metas e objetivos. Os objetivos devem ser
fermagem poderia ser •• informação inadequada rela- claramente definidos, realistas, atingíveis e aceitá-
cionada ao manejo do diabetes: falta de informação veis pelo cliente, bem como compreensíveis a toda
com referência à causa, efeito e ação terapêutica asso- a equipe de enfermagem.
c iado com manejo do diabetes (mais necessidades nu- O registro escrito deve conter o sujeito da ação,
tricionais específicas)". Este diagnóstico de enferma- o seu executor e a mudança de comportamento a ser
gem também oferece a categoria onde a falta de infor- efetuada. Deve, este registro ser observado para que
mação é pertinente. Isto auxilia o enfermeiro no de· sejam estabelecidos resultados desejados em termos
senvolvimento de um plano de ação. Outra forma do cliente e não para comportamentos do enfermeiro.
de relatar o diagnóstico poder ia ser: "alterações na A segunda fase do planejamento é a identificação
nutrição (sólidos e lfquidos)" . Esta afirmação envolve das ações de enfermagem para cada diagnóstico de
a necessidade de investigar os hábitos alimentares enfermagem, baseado em cuidados e racional pensa-
do cliente, sua motivação para mudanças e seu conhe- mento científico.
cimento sobre necessidades nutricionais. As ações especificam o tipo de cuidado a ser
Outro diagnóstico de enfermagem do cliente X executado de forma efetiva, a fim de resolver o pro•
pode intervir com problemas potenciais, os quais po- blema do cliente, as quais podem ser referidas como
dem ser identificados através de avaliação e/ou reava- hipóteses estabelecidas para testar sua contribuição
liação. Estes problemas estão relacionados a fatores na solução do problema. Entretanto , ao selecioná-las,
de risco significantes, que podem ser modificados é importante analisar as opções disponíveis e determi·
para reduzir a evolução do problema. Neste caso, nar as probabilidades de sucesso no alcance dos objeti-
o diagnóstico poderia ser: "inadequado conhecimento vos (STANTON et alii, 1985).
relacionado ao cuidado da pele do diabético: falta A fase seguinte do Processo de Enfermagem é
de informação com referência ao cuidado especial a fase de implementação (DU GAS, 1984; KOMO·
da pele, circulação periférica e processo de cicatriza- RITA, 1983; STANTON et alii, 1985) ou intervenção
ção". Este diagnóstico de enfermagem estabelece o de enfermagem (FUERST et alü, 1977). Para HORTA
problema potencial e identifica as categorias onde (1979), a fase de implementação é denominada plano
a fa lta de conhecimento pode criar problemas para de cuidados ou prescrição de enfermagem. É a presta-
auxiliar o enfermeiro no desenvolvimento do plano ção do cuidado de enfermagem ou a colocação do
de cuidados . Ainda outra forma poderia se: "possibi- plano em ação segundo STANTON et alii (1985).
lidade para alterações na integridade da pele". Este Estas autoras ressaltam que a filosofia de enfermagem
diagnóstico implica a necessidade de avaliar o conhe- utilizada pelo enfermeiro afetará as ações de enferma-
cimento básico do cliente sobre cuidado especial com gem que ele usa ao satisfazer as necessiddes do clien-
a pele e o processo de cicatrização em pessoas dia- te. Embora o enfoque desta fase esteja na ação, ela
béticas. exige habilidades intelectuais, interpessoais e ma·
Para a maioria dos autores (DU GAS, 1984; nuais.
FUERST et alii , 1977; KING, 1981; STANTON et As ações de enfermagem recaem em várias cate-
alii 1985), a fase seguinte do Processo de Enferma- gorias, tais como ensino, aconselhamento , provisão
gem, é a fase de planejamento: planejamento dos cui- de cuidado físico, administração de terapêutica médi-
dados, planejamento da assistência ou plano assisten- ca, coordenação de recursos , encaminhamentos e ou•
cial para HORTA (1979). tras fontes de ajuda e comunicação terapêutica (verbal
Conforme FUERST et alii (1977), esta fase tam- e não verbal) (STANTON et alii, 1985).
bém deve ser elaborada com a colaboração do cliente/ Estas ações deverão ter sido muito bem especifi·
paciente. Este, deve ser estimulado a assumir respon- cadas, a fim de não serem interpretadas de forma
sabilidades e, para KING (1981) , ambos estabelecem incorreta ou não executadas corretamente, quando im·
metas e objetivos a serem alcançados. O enfermeiro, plementadas pela equipe de enfermagem. Por outro
após analisar as funções e necessidades do cliente/pa- lado, as intervenções deverão considerar a resposta
c iente com base em seu conhecimento e experiência, do cliente/paciente de forma total, ou seja, como
estabelece prioridades e determina os objetivos dos uma pessoa inteira. Isto permite avaliar melhor as
cuidados de enfermagem, isto é, descreve que compor- conseqüências a serem esperadas em cada ação poste-
tamentos espera que ocorram e sob que condições rior, auxiliando o enfermeiro a selecionar as ações
o mesmo deverá ocorrer a curto ou longo prazo. mais apropriadas. Os resultados das ações são regis·
O plano deve ser flexível e sujeito a modifi- trados, o que facili tar~ a tarefa de avaliação .
cações de acordo com as avaliações contínuas e siste- A quinta fase do processo, avaliação é definida

R.Gaúcha Enferm .• Porto Alegre. 9(1):14-22.jan.l988 17


Processo de enfermagem ••• Waldow, Vera Regina

por STANTON et alii (1985, p.27) como "a aprecia- do como a " estimativa da capacidade do ser humano
ção das mudanças de comportamento do paciente devi· em entender suas necessidades básicas alteradas ap6s
do às ações de enfermagem" . a implemen tação do plano assistencial e à luz dos
O enfermeiro , ao avaliar os resultados, deve le- dados fornecidos pela evolução de enfermagem". Na
var em consideração a opinião do cliente/paciente. verdade, ele consiste em uma avaliação e, como a
Os objetivos tendo sido claramente definidos, e espe· pr6pria autora refere, é uma previsão a qual já é
cificados os resu ltados a serem esperados, ficará mais delineada " ao fazer mos o diagn6stico e mesmo na
fácil determinar se as ações implementadas foram bem própria co leta de dados já teremos uma idéia do prog-
sucedidas. n6stico".
STANTON et alü (1985) referem que a avaliação
baseada em mudanç as de comportamento é denomi-
nada avaliação de resultado e mencionam dois tipos 3 A Viabilização do Processo de Enfermagem e
de avaliação a serem consideradas: avaliação de estru- seus Problemas
tura e avaliação de processo.
A avaliação de estrutura refere-se aos meios O Processo de Enfermagem possibilita ao enfer-
apropriados utilizados para avaliar o cliente ou desen- meiro um conhecimento real e profundo acerca do
volver o plano, pode relacionar-se também à organiza- cliente/paciente, para o qual é elaborada uma assistên-
ção em que fatores tais como tempo e pessoal impedem cia individualizada. Consiste o processo no planeja-
a plena realização do processo. mento e implementação da assistência de enfermagem,
A avaliação do processo refere-se às atividades o qual é calcado em conhecimento científico.
desenvolvidas pelo enfermeiro durante as fases do Embora seja admitida a importância do Processo
processo ou no seu final. de Enfermagem , observa-se que existe uma certa resis-
As autoras STANTON et alii (1985) sugerem tência por parte dos enfermeiros em aceitar esse méto-
exemplos de questões de avaliação de processo, as do científico de trabalho. Ele é considerado uma carga
quais podem ser utilizadas na avaliação de cada fase a mais entre as suas atividades. Demanda tempo, pes-
do processo. soal, além do que, para muitos, é uma atividade teóri-
- Levantamento (ou hist6rico de enfermagem ca, sem aplicabilidade prática.
ou dados de avaliação do cliente/paciente) Na realidade, o Processo de Enfennagem é desen-
1. Os dados hist6ricos foram relaconados aos volvido nas escolas e com exceção de poucas institui-
problemas de saúde identificados? ções de saúde, praticamente s6 é utilizada em hospi-
2. O exame físico foi realizado e os resultados tais escola. Na opinião de alguns, é impossível de
reg istrados ? ser viabili zado pa prática, KOCH & OKA (1977) rea•
3. A análise foi lógica? Fez uso dos dados cole- lizaram estudo em relação ao Processo de Enferma-
tados? gem, no qual os alunos avaliaram-no, dando sua opi-
- Diagn6sticos de enfermagem ou identificação nião. Quanto às opiniões desfavoráveis, elas pode-
de problemas. riam ser interpretadas mais como um reflexo da situa-
1. O diagn6stico foi baseado na análise? ção do profissional, isto é, o aluno considera-o váli-
2. A conclusão diagn6stica é lógica em relação do, permite um melhor atendimeóto ao paciente, po-
aos dados coletados? rém em termos de: "seria o ideal, se fosse seguido",
- Planejamento ou plano assistencial "se fosse aplicado a todos os pacientes" .
1. As metas e os objetivos foram estabelecidos? Isto quer dizer que o aluno percebe que está
2. O plano apresenta racionalidade e continui- recebendo um ensino o qual não é utilizado na prática,
dade em relação ao diagn6stico? e isto com toda a r azão merece ser questionado.
3. As metas e objetivos foram mutuamente esta• No estudo de Koch & Oka (1977), as colocações
belecidos com o cliente? dos alunos r etratam muito bem o problema, pois men-
- Implementação ou intervenção ou plano de cionam situações tais como : o paciente tem alta sem
cuidados ter sido completado o Processo de Enfermagem, é
1. Que atividades o enfermeiro desempenhou? utópico em relação ao número de enfemeiros e pacien-
2. Que atividades o cliente desempenhou? tes nos hospitais, é muito complexo e extenso. Os
3. As atividades foram executadas de acordo a lunos mencionaram também o problema de "entrosa-
com os objetivos traçados? mento com a equipe de enfermagem e continuidade
- Avaliação ou evolução nas observações". Este último confirma a constatação
1. As metas e os objetivos foram alcançados? feita de que é uma atividade te6rica e praticamente
2. Que métodos de avaliação foram utilizados? resumida às escolas.
A sexta fase do processo utilizada por Horta Por outro lado, nos locais onde o Processo de
(1979, p.36), o progn6stico de enfermagem, é defini- Enfermagem é utilizado, observa-se que este perdeu

18 R.Gatích:t Enfcrm .. Po rto Alegre, 9(1):14-22.jan.l988


Processo de enfennagem,,, W aldow, V era Regina

sua função, pois o mesmo é realizado de forma mecâ- cialização.


nica, pouco elaborado, repetitivo e não reflete exata- Outro problema constatado é o de que carecem
mente as necessidades dos clientes/pacientes. Os alu- estudos em relação ao Processo de Enfermagem, e
nos, por sua vez, são orientados a seguirem as normas para que este torne-se prático e exeqüível pressupõe
adotadas pela instituição para um processo que carece o uso e testagem de teorias. No entanto, as teorias
de avaliação, atualização, enfim, de uma revisão e pouco têm sido abordadas e, quando o são, o fazem
avaliação contínua e sistemática. Novas abordagens de forma teórica, com pouca utilização e testagem
e novos modelos comprometem a rotina e o sistema na prática. As teorias são criticadas, porém não tem
adotado . sido testadas a fim de serem verificadas.
Portanto, evidencia-se a grande fa lha por parte O Processo de Enfermagem que tem sido mais
de ambas as instituições, escola e as de saúde, em amplamente divulgado e implementado é o de Horta,
fornecer uma metodologia científica que direcione o que não exclui o fato de também receber críticas.
a assistência de enfermagem e que melhor se adapte Entretanto, raros esforços têm sido realizados no sen-
às condições e características das instituições e de tido de desenvolverem estudos em relação às teorias
sua clientela, e que seja estudada e planejada de co- e adaptá-los, se necessários, as peculiaridades, dife-
mum acordo. renças e realidades contextuais de cada campo.
I sto não surpreende, já que inexiste uma afetiva As teorias são a base para o desenvolvimento
integração docente-assistencial. As escolas pouco têm da prática de enfermagem, e o Processo de Enferma-
oferecido em termos de extensão do saber à comuni- gem, o guia norteador desta prática. Entretanto, cabe
dade, e as institu ições pouco têm procurado assessoria mencionar a colocação feita por ALMEIDA (1984),
junto às escolas. quanto à viabilização da prática através do desenvol-
Cabe questionar aqui, qual o posicionamento do vimento de teorias no cuidado ao paciente, e que
professor em programar e estimular o conhecimento deve levar em conta o sistema de saúde e as forças
científico e aplicação do mesmo? Ainda, estaria sendo políticas em relação aos modelos de prestação de saú-
o Processo de Enfermagem ensinado nas escolas, de de, distribuição de profissionais da enfermagem em
forma a que o aluno possa realmente utilizá-lo de relação às demais categorias e profissionais de saúde,
modo racional, adequando-o ao contexto de trabalho? a divisão de trabalho e sua relação à questão de divi-
Acredito que necessitaríamos de uma revisão no são social e a monopolização do poder.
estudo do ensino do Processo de Enfermagem. Acredi· Alguns destes problemas poderão ser minimiza-
to, também que um dos problemas existentes diz res- dos principalmente através da luta do profissional
peito a uma certa inflexibilidade por parte das escolas pelos seus direitos, porém é necessário que o enfer-
no que se refere à adequação no ensino e uso do meiro assuma seu papel. O enfermeiro está habilitado
Processo de Enfermagem. Em geral, ao aluno é apre- legalmente a desenvolver o Processo de Enfermagem.
sentado apenas uma forma de realizar o processo, Em relação à equipe e à viabilização do processo ,
sem op ções de escolha, limitando o seu conhecimento. parece que, com a extinção da categoria atendentes
Em conseqüência, observa-se que, na prestação da de enfermagem, tornará mais fácil a instrumentali-
assistência, falta criatividade, imaginação e coragem . zação no que se refere a pessoal mais capacitado
O Processo de Enfermagem deve ser uma ativi- para administrar um cuidado.
dade que facilite a atuação de enfermagem, mas, para O problema, portanto, parece relacionar-se mais
tanto, ele deverá se pensado em função de priorida- a entraves e barreiras oferecidas pelo próprio profis-
des, necessidades, disponibilidade de tempo e recur- sional, pois caso ele não esteja seguro de que o Pro-
sos materiais e humanos. Isto requer discernimento cesso de Enfermagem é realmente o seu instrumento
a fim de que o enfermeiro possa, após levantamento · de trabalho, ele não será capaz de usá-lo e de argumen-
da situação, estudar as possibilidades e planejar como tar de forma convincente quanto a sua eficácia.
o processo poderá ser implementado e de que forma, Outro estudo que pode confirmar alguns dados
para atender as necessidades reais. Outra dificuldade em relação do Processo de Enfermagem e sua realiza-
que se observa é a de que a enfermagem tende a ção é o de RESENDE et alii (1981), no qual evidencia
acomodar-se em uma situação em que predomina a que da população estudada, 38% dos enfermeiros sen-
atividade administrativa, esta, sem dúvida importan- tiam-se seguros na aplicação do processo, 4% insegu-
te, mas, muitas vezes, mais em fun ção de aspectos ros e 58% com alguma dúvida. Quanto ao nível de
burocráticos desvinculados da assistência direta. A dificuldade em relação às fases do processo, 12%
prestação do cuidado é em sua grande parte delegada, acharam que era o histórico, 32% o diagnóstico, 25%
além do que, o enfermeiro pouco se desenvolve profis- o plano assistencial, 4% o plano de cuidado diário,
sionalmente, seja através de atualização em termos 5 % a evolução e 22% não encontraram dificuldade.
de leitura científica, participação em debates, seja Em relação ao diagnóstico, os maiores problemas re-
realizando pesquisa e/ ou cursos de atualização e espe- caíram na identificação das necessidades básicas

R.Gaú cha En ferm .. Porto Alegr e. 9( 1):1-l-22.jan.l 988 19


Processo de enfermagem ••• W aldow, Ver a Regina

(28%) e na determinação do grau de dependência vezes não demonstra muita vontade em contar seus
(25% ). Em relação ao plano assistencial, 59% relacio-problemas. CANCIARU LLO (1976a) também mencio-
naram dificuldade pelo pouco tempo disponível, e na o aspecto da disponibilidade de tempo e pessoal
25 % pela curta permanência do paciente no hospital. para o preenchimento dos dados para o histórico de
Quanto à dificuldade na elaboração da evolução, enfermagem .
os enfermeiros responderam estar nas deficiências das Estes pr oblemas poderão ser sanados pela busca
anotações de enfermagem (50%), falhas na elaboração de um modelo mais prático que não exija muito tempo
do plano de cuidado diário (18%) . Apresentamos ape- no registro dos dados e que suprimisse dados os quais
nas as r espostas que obtiveram maior freqüência, bem já teriam sido previstos e coletados por outros profis-
como apenas alguns dos itens pesquisados pelas au- sionais, princi palmente alguns dados médicos. Evi-
toras. dentemente, poderia ser necessário um estudo multi-
As opiniões dos enfermeiros quanto às barreiras disciplinar até pelo fato de elaborar-se um modelo
em relação à implementação total do Processo de En- que possibilitasse o acesso aos dados por toda a equi-
fermagem evidenciaram que 49% não identificaram pe.
barreiras e 51% identificaram barreiras tais quais: Acredito que, em algumas instituições de saúde,
planta física deficiente (20%), falta de profissionaisé necessário objetivar-se a reunião de dados através
(10% ), escassez de tempo (10% ), ~eficiência nos re- de um fic ha ou formulário o qual torna-se mais conci-
gistros de enfermagem (30%) e pessoal auxiliar não so e prático, além do que o registro é às vezes muito
treinado (30% ). cansativo, pois muitos enfermeiros têm dificuldade
Este estudo mostra-nos que em relação ao profis- em escrever de forma clara, sintética e objetiva, difi-
sional de enfermagem, é possível identificar-se que cultando e desistimulando a sua leitura.
o Pr ocesso de Enfermagem realmente necessita revi- Os dados devem ser coletados em relação ao tem-
são e treino por parte dos enfermeiros , pois ele não po de permanência do cliente/paciente na instituição,
está totabnente seguro na sua utilização e encontra e em r elação ao motivo básico que determinou o uso
dificuldades na sua execução , as quais em grande da instituição e de acordo com as características e
parte devem-se à fa lta de conhecimento do enfermeiro filosofia do serviço, isto é, caso tenha serviço de
para estabelecer o diagn6stico, falha no planejamento Saúde Pública; caso o enfoque seja na área curativa,
preventiva, de reabilitação; que tipo de clientela aten-
da assistência e falta de avaliação durante a sua imple-
mentação. Outro problema que se observa é que o de em termos de recursos, cultura, etc. É preciso
enfermeiro, seguramente, ao realizar o Processo de levar em conta que o ideal não é impossível, porém
Enfermagem, expõe o seu trabalho, ou seja, seu nível formas alternativas poderão ser empreendidas.
de conhecimento, sua habilidade em observação, pla- Em alguns serviços, de acordo com suas caracte-
nejamento, aplicação de princípios científicos, entre rísticas e de acordo com o modelo adotado, poderá
outros. ser possível a utilização do pr6prio cliente/paciente
quanto ao preenchimento dos dados. CIANRIARU-
LLO (1976b) fez um estudo em relação ao assunto.
4 Alguma s Sugestões em Relação a Todavia, lembramos que esta experiência deve ser
Viabilização do Processo de Enfermagem testada e devem ser analisadas suas possibilidades
de execução, pois algumas limitações devem ser con-
Das fases do Processo de Enfermagem, o hist6- sideradas tais como: analfabetismo, idade, condições
rico de enfermagem tem sido a fase priorizada, pois físicas e mentais do cliente/paciente, linguagem ex-
a partir dele seguir-se-ão as demais fases . Ele é o cessivamente técnica, entre outras.
ponto de partida, embora já tenha sido constatado A utilização de um formu lário padronizado ocu-
que alguns enfermeiros prescrevem sem haver sido pa menos tempo , permite clareza nas respostas e as
feita uma coleta de dados e uma avaliação mais apura- objetiva . Em relação ao aspecto de fornecimento de
da das condições do cliente/paciente. Pode dar certo, informações mais individualizadas , que através do
porém não respeitará devidamente a individualidade uso de um fo rmulário poderia uniformizar as respos-
do cliente, e mostrará uma assistência despersona- tas descaracteri zando o cliente/paciente, poderá ser
lizada já que não houve um conhecimento profundo corrigido por meio de um item o qual fosse destinado
e uma análise da situação com previsão de metas a inform ações adicionais e de caráter mais pessoal.
a alcançar. Além do mais , o for mulário permitiria uma verifica-
Um dos problemas apontados em relação ao his- ção mais clara das áreas específicas de interesse para
t6rico de enfermagem, segundo estudo de KOCH & a elaboração do plano assistencial, sem ser necessária
OKA (1 977) , é de que o mesmo é muito exteríso c. a leitura integral do conteúdo, principalmente quando
por isso, pouco objetivo , com muitos dados pessoais o processo é desenvolvido por mais de um profissional
e qu e é muito cansativo para o paciente, o qual por de enfermagem nas vinte e quatro horas.

20 R.Gaúcha Enfc rm .• Porto Alegre. 9( I ):14-22. jan. l 988


Processo de enfermagem ••• Waldow, Vera Regina

Em relação ao plano de cuidados, ou seja, a do e compartilhando experiências.


implementação das ações de enfermagem planejadas Entretanto, não acredito na forma como a inte•
em função do diagnóstico, o maior problema consiste gração docente-assistencial tem sido viabilizada, ou
justamente em quem o implementa. Este fato refere-se seja, o docente prestando serviço para a instituição.
à falta de congruência na execução do cuidado por Creio ser muito difícil a neutralidade, e o que se
pessoal que não foi envolvido no processo de elabora- tem constatado é que uma das razões para que a Inte-
ção e não fo i treinado para tal. O enfermeiro neces• gração Docente Assistencial - IDA não se concretize
sita habilitar os ocupacionais de enfermagem a efeti- é o fato de que além de o docente atuar como um
vamente desenvolverem as ações planejadas. Outros• empecilho ao crescimento profissional do enfermeiro
sim, cabe·lhe boa parte na implementação, pois quem em termos de progressão profissional, ele passa a
tem a posse das informações é o enfermeiro, bem incorporar os problemas da instituição dificultando
como a posse do conhecimento, da razão da ação, a sua observação e visualização de forma crítica e
de seus propósitos. A interação terapêutica foi inicia· imparcial.
da pelo enfermeiro e a filosofia que norteará suas A atividade do docente deve ser a de colaboração
ações deve ser do conhecimento da equipe, e esta e assessoria à instituição junto ao enfermeiro, discu-
deverá estar preparada para auxiliar- quanto à consecu- tindo, analisando, estudando a assistência de enferma·
ção dos resultaqos. O enfermeiro deverá determinar gem, um complementando o outro, teoria e prática
quem fará o quê e isto equivale a capacitar os elemen• num único objetivo, o de crescimento científico em
tos executores. Se, como KURCGANT (1976) ao men- prol de uma melhor qualidade na assistência ao clien-
cionar algumas dificuldades referidas por enfermeiros te/ paciente.
chefes quanto ao plano de cuidados de enfermagem O Processo de Enfermagem, então, deve ser revi-
como: não utilização do plano como guia no atendi- sado e avaliado por ambos, docentes e enfermeiros,
mento ao cliente, desatualização dos planos e elabora- de forma sistemática. As formas que tornem sua viabi-
ção apenas por estudantes, por que o Processo de lização mais prática e acessível devem ser testadas
Enfermagem? e avaliadas para identificação de falhas e adaptação
Concluindo , o Processo de Enfermagem é uma de forma racional. O processo de busca pesquisa é
tarefa absoluta e única do enfermeiro quanto à sua uma tarefa que conduz ao crescimento e à conduta
elaboração através de planejamento dos meios para em direção à natureza e ao conhecimento mais amplo
a sua execução. Por outro lado, é uma atividade de de enfermagem.
responsabilidade docente-assistencial. LEININGER (1 978, p.15) coloca que o exame
A escola deve instrumentalizar o aluno quanto de teorias e o estabelecimento de um corpo de conhe-
ao Processo de Enfermagem de uma forma realista cimentos básicos como disciplina e profissão têm sido
e se possível neutra, ou seja, possibilitar-lhe o contato mais promissores, porém, embora os enfermeiros dia·
com vários enfoques teóricos e modelos, a fim de riamente falem em .. dispensar cuidado"*, este não
que ele possa conhecer as diferentes abordagens para, tem sido investigado de forma ampla e profunda. O
futuramente, optar pela que melhor se adaptar à sua fenômeno de cuidar, segundo a autora, é bem mais
filosofia e às características do serviço, da clientela, amplo e complexo e , para os enfermeiros, sugere que
dos recursos, da especialidade em que irá atuar. Da "o cuidar deveria ser o foco e o domínio crítico,
mesma forma, possibilitar ao aluno assumir atitudes central e unificador para o conhecimento do cuidado
mais críticas e que desenvolvam a criatividade em de enfermagem".
termos de tomada de decisão na utilização e integra• As tentativas, embora poucas, merecem mérito
ção de conhecimentos para assumir seu papel de lide- pelo esforço e coragem, pois denotam preocupação
rança, de ensino, de integrador, de controlador, de no sentido de melhorar a assistência e no desenvolvi·
transmissor do saber. mento científico da profissão, visando à sua autono-
O enfermeiro deve instrumentalizar-se, bem co- mia, tais como o Processo de Enfermagem em Saúde
mo a sua equipe, para implementar o Processo de Comunitária a partir da teoria de MYRA E. Levine
Enfermagem. Deve oferecer condições para que os apresentado por FAGUNDES (1983), o Processo de
estudantes exerçam o Processo de Enfermagem de Enfermagem segundo a teoria de Imagene King, adap-
forma integral permitindo sua continuidade. tado por NEVES et alii (1984) e posteriormente ade-
Portanto, frisamos que, para o Processo de En- quado por um grupo de professores ao ensino de enfer-
fermagem ser efetiva e eficazmente viabilizado, é magem da Disciplina Assistência de Enfermagem ao
imprescindível uma integração docente assistencial. Adulto I da Escola de Enfermagem da Universidade
Docentes de enfermagem e enfermeiros devem reunir- Federal do Rio Grande do Sul.
se e expor suas dificuldades, suas experiências, suas
expectativas em relação á assistência. Ambos trocan- *Grifo do autor.

R.Gaúcha Enfcrm.,Porto Alegre, 9(1):14 -22,jan.l988 21


Processo de enfermagem ••• W aldow, Vera Regina

Referências BibUogclficas 10 __ • Processo de Enfermagem. São Paulo, EPU/EDUSP,


1979, 99p.
1 ALMEIDA, Maria C.P. de. A Construção do saber na EnfeJ.>o 11 . KING, LM. A theory for Nursing: systems, concepts, pro-
magem: evoluçlio histórica. SEMINÁRIO NACIONAL DE cess. USA, W. LEY & SONS, 1981, 181p.
PESQUISA EM ENFERMAGEM, 3, Anais, Florianópolis, 12 KOCH, R.M. & OKA N. Processo de Enfermagem - avalia-
3·6 abr. 1984. p.S8·77. ção feita pelos alunos do Departamento de Enfermagem
2 ANGERAMI, E.L.S. & BOEMER MR. Avaliação do estado da UPC. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasma,
das teorias de Enfermagem. SEMINÁRIO NACIONAL 3({3):274-85, jullago/set 1977.
DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 3, Anais. Florianó- 13 KOMORITA, N.I. Nursing diagnosis.American Joumal Nur-
polis, 3-6 abr. 1984. p.249o69. sing, New York, 63(12):83-6, Dec. 1983.
3 CIANCIARULLÔ,-: T.I. Histórico de Enfermagem; sua utili- 14. KURCGANT, P. Plano de cuidados de Enfermagem- nece&o
zação em pacientes hospitalizados (parte 0. R e vista sidade administrativa. Revista Enfermagem em Novas
Enfermagem em Novas Dimensões, São Paulo,2(3):162•3, Dimensões, São Paulo, 2(3):139-41, jullago 1976.
jullago 1976a. 15 LEININGER, M. The phenomenon of caring: importance,
4 • Histórico de Enfermagem e histórias clinicas research, questions and theoretical considerations. In:
convencionais e auto-administradas. (parte IV). Revista NATIONAL CARING CONFERENCES, 3, Utah, 27.1)
Enfermagem em Novas Dimensões, Slio Paulo, 2(6):321-6, Apr., 1978. p.3.
dez. 1976b. 16 NEVES, Eleita P. et alii. A teoria de Imagene King: consido-
5 DU GAS, Beverly. Processo de Enfermagem. In: • Enfer- raç~es sobre sua aplicabilidade na assist~ncia de Enfer-
magem prática. Rio de Janeiro, Interamericana, 1984, magem. In: REUNIÃO ANUAL, 36, São Paulo, 1984.
Cap. 5, p.49-70. SBPC, 1984.
6 FAGUNDES, N.C. O processo de Enfermagem em sadde 17. RESENDE, L.B. et alii. lmpkmenta çào de metodologia assi'·
comunitâria a partir da Teoria de Myra Levi ne. Revista tencial de Enfermagem ao IASERJ. R e vista Brasileira
Brasileira de Enfermagem, BrasOia, 36:265-73, juiJdez. de Enfermagem , Brasnia, 34(2):123•37, abrJmaio/jun.
1983. 1981.
7 FUERST, E.U. et alü. Sistema de processamento da Enfer• 18. STANTON, M. et alii. An overview of the Nursing process.
magem. In: • Fundamentos de Enfermagem. Rio de In: GEORGE J.B. Nursing theories- the base of profes-
Janeiro, Inter americana, 1977. Unidade 2, Cap. 5·10, sional nursing pr:actice. New Jersey, Prentico-HaD, 1985,
p.46-94. p.14-33.
8 HORTA, Wanda de A. A função especlfica da enfermeira(o)
(Editorial). Revista Enfermagem em Novas Dimensões,
São Paulo, 2(3):III, julJago. 1975.
9 __ • O histórico de Enfermagem simplüicado. Revista El'l'"
fermagem em Novas Dimensões, São Paulo, 2(3):131-8, Endereço do Autor: Vera Regina Waldow
julJ ago. 1973. Author's address: Rua São Manoel, 963 • 90.620 • POA/RS

22 R.Gaúcha Enferm., Porto Alegre, 9(1):14•22, .jan.1988

Вам также может понравиться