Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Clara Morato Dias1, Stanislau Parreira Cardoso2, Maisa Araújo Pereira1, Joice Rodrigues de
Paula Lemes1 Maria Auxiliadora Andrade3
1. INTRODUÇÃO
1Acadêmica em Medicina Veterinária, Bolsista em Iniciação Científica, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, clara.mvet@gmail.com
2 Médico Veterinário, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Escola de Veterinária e Zootecnia,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, Caixa Postal 131, CEP 74. 690. 900, (62) 3521-1527, maa@ufg.br
“Revisado pelo orientador”
salmoneloses humanas, que estão frequentemente associados ao consumo de carne e produtos
avícolas (LIRIO et al. 1998).
As galinhas “caipiras” são obtidas a partir de criações não tecnificadas, as quais são
comercializadas vivas ou abatidas (GUIMARÃES, 2006). As aves vivas podem albergar as
salmonelas no intestino sem apresentar nenhum sinal clínico e pelas excretas podem contaminar
o ambiente, o homem e outros animais o que caracteriza um fator de risco para a proliferação
de microrganismos patogênicos como as bactérias do gênero Salmonella (ALCÂNTARA,
2015). Este fato se agrava na ausência de condições higiênicas sanitárias das gaiolas utilizadas
no transporte e exposição nas feiras. Mesmo em uma atividade econômica de pequena escala
como a produção caipira, ainda há relatos de resistência da Salmonella a diversos
antimicrobianos. Para minimizar tais riscos ações de vigilância e monitoramento do
desenvolvimento da resistência devem ser adotadas (ALCÂNTARA, 2015).
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de bacteriologia do Setor Preventiva
do Departamento de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade
Federal de Goiás.
No trabalho a campo, foram visitadas 117 feiras no município de Goiânia onde realizou-
se a coletas de excretas em 32 feiras que comercializavam galinhas vivas.
As excretas foram colhidas com espátulas esterilizadas e mãos revestidas com luvas que
foram devidamente identificadas, armazenadas em embalagens do tipo stomacher,
acondicionadas em caixa isotérmica com gelo, e imediatamente conduzidas ao laboratório para
início do processamento.
Após o enriquecimento seletivo e incubação a 37° +/- 1°C por 18-24h, uma alíquota dos
caldos Rappaport Vassiliadis e de Selenito Cistina foi retirada com alça de níquel cromo e
transferida para os ágares placas de Petri por semeadura superficial por esgotamento (fase de
plaqueamento diferencial) nos ágares verde brilhante (VB) e Xilose Lisina Tergitol (XLT4)
respectivamente e incubado nas mesmas condições descritas anteriormente.
Seguida a incubação das placas, foram feitas as leituras das unidades formadoras de
colônias (UFC). As UFCs que apresentaram características fenotípicas sugestivas do gênero
Salmonella, isto é, colônias lactose negativas sem produção de H2S em meio VB e colônias
lactose negativas com produção de H2S em meio XLT4, foram inoculadas (fase de triagem da
identificação bioquímica) em tubos contendo meio ágar tríplice açúcar ferro (TSI)através de
picada profunda e estriamento na superfície no intuito de avaliar o consumo de glicose, sacarose
e lactose .
Na execução deste teste as UFCs foram suspensas diretamente em caldo Casoy de modo
a obter a concentração equivalente ao padrão de turbidez 0,5 da escala McFarlande. Após quatro
horas de crescimento comparou-se visualmente os dois tubos, suspensões que apresentaram
densidades distintas ao padrão de turbidez esperado foram ajustadas com solução salina ou
permaneceram por mais tempo em crescimento, caso a concentração estivesse maior ou menor,
respectivamente, ao valor de referência.
Cada suabe contendo o inóculo foi espalhado uniformemente sobre o meio ágar Müeller
Hinton em placas de Petri (150 mm) de modo a recobrir toda a placa e após 15 minutos os
discos contendo os antimicrobianos foram aplicados sobre o ágar e incubado a18-24h a 37°C
+/- 1°C.
Na leitura das placas de ágar Mueller-Hinton, foi utilizado uma régua para aferir os
diâmetros dos halos de inibição em milímetros. Para tal, as bordas dos halos foram lidas no ponto
de completa inibição e valores obtidos interpretados segundo os valores de corte do CLSI.
3. RESULTADOS
NOR: norfloxacina; AMO: amoxicilina; ENO: enrofloxacina; ATM: aztreonam; SUL: sulfonamida; CTF:
ceftiofur; TET: tetraciclina; CIP: ciprofloxacina; GEN: gentamicina; SUT: trimetoprim-sulfametoxasol; FOS:
fosfomicina; CLO: cloranfenicol. Comportamento do isolado frente ao antimicrobiano: sensível (S),
intermediário (I) ou resistente (R)
4. DISCUSSÃO
Os achados do presente trabalho, corrobora com os resultados de Alcântara (2015) a qual
determinou, 0,30% de positividade para a bactéria em uma amostragem de 3.040 aves
provenientes de 190 criações alternativas nas regiões Central e Sul do Estado de Goiás entre
2011 a 2013. Também com Guimarães (2006) que coletou 300 amostras de suabes cloacais em
criações de aves não tecnificadas no Distrito Federal e nenhuma amostra foi positiva para o
gênero Salmonella. A baixa frequência de positividade de Salmonella se deve provavelmente à
rusticidade das aves e a criação em grupos de várias idades, pois, segundo FURLAN et al.,
2004), o maior contato com diferentes bactérias intestinais durante os primeiros dias de vida,
bicando fezes de aves adultas, desenvolve nos pintinhos recém-eclodidos uma microbiota que
persiste e inibe o crescimento de bactérias patogênicas (princípio de exclusão competitiva),
como as salmonelas.
Heidelberg tem ocupado quarto lugar como causador de infecções em humanos nos Estados
Unidos e terceiro sorotipo mais frequentemente isolado na avicultura no Canadá (CHITTICK
et al., 2006), enquanto no Brasil os dados sobre a prevalência deste sorotipo são escassos, no
entanto, trabalhos têm mostrado a tendência de maior isolamento (DICKEL, 2004;
REZENDE et al., 2005).
Assim como na presente pesquisa, em estudo descritivo realizado pelo Programa Nacional
de Monitoramento da Prevalência de Resistência Bacteriana em Frango (PREBAF) também foi
identificado alta incidência de resistência a múltiplas drogas para o sorotipo Heidelberg a partir
de análise de carcaças de frangos provenientes de 15 capitais brasileiras nas cinco regiões do
país no período de setembro de 2004 a julho de 2006 (MEDEIROS, 2011). A circulação de
sorotipos multirresistentes de Salmonella spp. é um achado preocupante, pois pode ocorrer
aumento das hospitalizações, mortalidade e custos econômicos quando comparado com cepas
suscetíveis (MARTIN, 2004). Isso mostra a importância do aprimoramento dos programas
sanitários em criações de subsistência.
Santos et al. (2000) verificaram 48 de 150 amostras positivas para Salmonella spp. em
carcaças de frango congeladas e observaram, em consonância a este estudo científico, 100% de
suscetibilidade ao cloranfenicol e maior suscetibilidae ao aztreonam (1/48, 2,1%).
Cortez et al. (2006), por sua vez, coletaram 288 amostras, incluindo água de
escaldagem, de evisceração e de resfriamento; carcaça não eviscerada, eviscerada e resfriada;
fezes e penas e identificaram, dentre os antibióticos testados, halos intermediários para
cloranfenicol (7/29, 24,14%) em 29 amostras positivas para Salmonella. A proibição do uso de
cloranfenicol na prática veterinária em animais de produção desde 1998 pode ter contribuído
para o decréscimo da resistência a esse antibiótico, conforme verificado neste estudo e por Mion
et al. (2014) frente aos isolados de S. Heidelberg em 2005 e 2009.
Os resultados intermediários, como observados para ciprofloxacina (100% dos isolados
intermediários), preconizam cautela no uso do antimicrobiano, uma vez que aumenta-se as
chances de possíveis resistências de cepas bacterianas, limitando, futuramente, a
disponibilidade de antibióticos ao tratamento de infecções na clínica humana.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
3. CARDOSO M.; RIBEIRO A.R; SANTOS L.R; PILOTTO F.; MORAES H.L.S;
SALLE C.T.P; ROCHA S.L.S; NASCIMENTO V.P. Resistência a antibióticos em
Salmonella Enteritidis isoladas de carcaças de frangos de corte. Braziliam Journal
Microbiology, vol. 37 (pág. 299-302), 2006.
5. CHITTICK, P.; SULKA, A.; TAUXE, R.V.; FRY, A.M. Summary of National Reports
of foodborn outbreaks of Salmonella Heidelberg infections in the United States: clues
for disease prevention. Journal of Food Protection, v.69, n.5, p.1150-1153. 2006.
9. FIGUEIREDO, R.; HENRIQUES, A.; SERENO, R.; MENDONÇA, N.; SILVA, G.J.
Resistência a antibióticos em isolados de Salmonella enterica em alimentos de origem
animal. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 108 (585-586), p. 39-43,
2013.
10. FURLAN, R.L; MACARI, M.; LUQUETTI, B.C. Como avaliar os efeitos do uso de
prebióticos e flora de exclusão competitiva. 5° Simpósio técnico de incubação,
matrizes de corte e nutrição, Cambuiú, p. 6-28, 2004.
13. LÍRIO, V. S.; SILVA, E. A.; STEFONI, S.; CAMARGO, D.; RECCO, E. A. P.;
MALUF, Y. T.; MIYAZAWA, T. T.; NEVES, D. V. D. A.; OLIVEIRA, V. M. R.
Freqüência de 17 sorotipos de Salmonella isolados em alimentos. Higiene Alimentar,
v. 12, n. 55, p. 36-42, 1998.
14. MAIA, T. A. C.; RIBAS, J. R. L.; MOURA. L. G.; BATISTA, M. B.; GARRIDO, I.;
SANTOS, J. C. M. Aves de quintal reagentes a Salmonella criadas entorno de
matrizeiros no pólo avícola de Feira de Santana, Bahia. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 38., Florianópolis. Santa Catarina,
Revista de agro veterinárias.p. 611, 2011.
18. MION, L.; COLLA, F.L.; CISCO, I.C.; WEBBER, B.; DIEDRICH, L.N; PILOTTO,
F.; RODRIGUES, L.B.; NASCIMENTO, V.P.; SANTOS, L.R. Perfil de resistência a
antimicrobianos por Salmonella Heidelberg isoladas de abatedouro avícola em
2005 e 2009. Acta Scientiae Veterinarie, 42: 1197, 2014.