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X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1

A SUPER-FÍSICA DOS SUPER-HERÓIS: PROJETOS, FÍSICA E SUPER-PODERES

Luciano Denardin de Oliveiraa [denardin@cpovo.net]


a
Colégio Monteiro Lobato -Porto Alegre, RS e Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física- IF-UFRGS

RESUMO

Neste trabalho são apresentados a metodologia e os resultados do projeto “a super-Física


dos super-heróis” desenvolvido no Colégio Monteiro Lobato-RS com alunos do 2º ano do ensino
médio. O projeto teve duração aproximada de um mês, quando os alunos, em grupos, pesquisaram
curiosidades e poderes de super-heróis, realizando posteriormente uma investigação dos super-
poderes sob uma visão da Física. Para a pesquisa foram disponibilizados a biblioteca e o laboratório
de informática da escola e o professor da disciplina de Física sempre se fez presente para discutir
possíveis indagações dos estudantes. Numa data pré-determinada, cada grupo apresentou sua
pesquisa. Pôde-se averiguar através de relatos que os alunos se mostraram motivados na realização
do projeto, bem como julgaram que, quando a Física está associada a assuntos do dia-a-dia o
aprendizado se dá com “maior facilidade”. Pôde-se verificar que é possível o aluno aprender com o
colega e/ou através da pesquisa, sendo o professor um facilitador nesse processo de construção do
conhecimento.

INTRODUÇÃO

Atualmente, o ensino da Física no nível médio consiste basicamente em aulas expositivas e


resolução de problemas. Atividades experimentais, por incrível que possa parecer, não possuem
uma grande incidência nas aulas dessa disciplina [1]. Menezes e Vaz [2] mostram a necessidade do
professor inovar na sua prática pedagógica, em contraposição a um ensino cada vez mais fraco e
descontextualizado, uma vez que a maneira como a Física é ensinada atualmente está muito distante
dos interesses e do dia-a-dia do aluno.
Muitos trabalhos e relatos de experiências que apresentam atividades inovadoras, buscando
contextualizar o ensino de Física com o cotidiano do aluno, têm sido apresentados nos últimos anos
[3-8]. Trabalhar com projetos em sala de aula pode ser uma alternativa viável para permitir a
contextualização do conteúdo a ser ensinado com o dia-a-dia do aluno, bem como facilitar seu
processo de aprendizagem, uma vez que envolve um planejamento coletivo e uma troca de saberes
entre professores e alunos. Trabalhar com projetos valoriza o trabalho em grupo, estimulando a
socialização de saberes, a cooperação, a iniciativa, a participação e a tomada de decisões, sendo
uma possibilidade para a promoção de inter-relações entre diferentes fontes e os desafios impostos
pelo cotidiano, ou seja, uma maneira de articular os pontos de vista distintos do saber num ciclo
ativo [9]. Dessa forma, o aluno, no seu processo de aprendizagem, poderá ter um desenvolvimento
da compreensão que se constrói a partir de uma produção ativa de significados e do entendimento
daquilo que pesquisa, identificando diferentes fatos, buscando explicações, formulando hipóteses,
confrontando dados para poder realizar “uma variedade de ações de compreensão que mostrem
uma interpretação do tema e ao mesmo tempo, um avanço sobre o mesmo” [10]. Pensando nisso,
desenvolveu-se no Colégio Monteiro Lobato- Porto Alegre, RS, o projeto “a super-Física dos
super-heróis” onde tentou-se “aproximar” a Física do dia-a-dia do aluno através de um tema de seu
interesse, para que ele construísse o seu conhecimento de maneira satisfatória. Feder [11] relata uma
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experiência de trabalho com super-heróis, onde princípios da Física são utilizados para corroborar
situações apresentadas em histórias em quadrinhos. O projeto “a super-Física dos super-heróis” tem
uma dimensão diferente acerca desse tópico, uma vez que o aluno é o agente ativo no processo de
aprendizagem, pois ele mesmo fará a pesquisa, procurando as respostas para as suas indagações. O
professor é o facilitador nesse processo de ensino-aprendizagem. Os objetivos, a metodologia e os
resultados desse trabalho são aqui apresentados.

OBJETIVOS

Super-heróis sempre foi um tema que “circulou” na mente dos adolescentes. Possivelmente
todos nós temos o nosso “super-herói preferido”. Com o aumento de filmes envolvendo super-
heróis exibidos nos cinemas nos últimos anos, esse tema se tornou ainda mais presente na vida dos
adolescentes. Dessa forma, sabendo que o aluno constrói o conhecimento com propriedade quando
a sua aprendizagem é significativa [12], o projeto intitulado “A super-Física dos super-heróis”
visou relacionar a disciplina de Física com os super-heróis, tendo como objetivo principal permitir a
construção de conhecimentos de Física por parte dos estudantes através da análise dos super-
poderes dos heróis e sua associação com conceitos, princípios e leis da Física, bem como propiciar
atitudes de investigação, pesquisa e socialização de saberes.

METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido com alunos do 2o ano do ensino médio do Colégio Monteiro
Lobato- Porto Alegre, RS, tendo duração aproximada de um mês. Inicialmente, foi proposto o
trabalho, discutindo-se seus objetivos, bem como o planejamento e organização das ações a serem
realizadas. Posteriormente, os alunos formaram grupos onde cada grupo definiu um ou mais super-
herói(s) e/ou vilão(ões) para a posterior investigação dos super-poderes destes sob uma visão da
Física.
Após a formação dos grupos e escolha dos personagens os alunos realizaram uma pesquisa
acerca da origem, da história e curiosidades de cada herói, bem como investigaram como ele
adquiriu os super-poderes. Uma lista detalhada dos super-poderes também foi confeccionada, nessa
etapa do projeto. Periodicamente, cada grupo socializava os resultados obtidos nas suas
investigações, de forma que cada aluno tinha conhecimento do andamento do trabalho dos colegas,
bem como se incentivava a troca de informações, de fontes de pesquisa e referências.
A etapa seguinte consistiu em associar os poderes dos super-hérois com conceitos de Física,
verificando onde eles violam (ou não) leis e princípios físicos.
Para a realização dessa pesquisa foi disponibilizada a biblioteca, onde revistas e livros
puderam ser consultados. O laboratório de informática da escola também foi utilizado, permitindo
uma busca via internet de sites que apresentassem informações pertinentes.
Em todas as etapas o professor da disciplina de Física encontrava-se à disposição para
indicar literatura pertinente à pesquisa, dar suporte para a realização do projeto, para discutir os
fenômenos físicos envolvidos em determinadas situações, enfim, para orientar o trabalho, sendo o
professor um facilitador no processo de ensino-aprendizagem.
Numa data pré-determinada cada grupo apresentou os resultados de sua pesquisa para os
demais colegas, permitindo assim a socialização do conhecimento, quando os alunos puderam
aprender com os seus colegas. A apresentação do projeto poderia se dar por cartazes, porém todos
os grupos optaram por realizar uma exposição oral utilizando como recurso de apoio um projetor
multimídia (datashow) disponível na escola. Cada grupo teve de 10 a 20 minutos para a
apresentação e discussão de sua investigação. É válido salientar que muitos tópicos da Física
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envolvidos na apresentação dos alunos ainda não haviam sido “oficialmente” discutidos em aula e,
mesmo assim, os alunos conseguiram compreender os fenômenos envolvidos, corroborando a idéia
de que o aluno pode aprender por si só e com seus colegas, sendo o professor um facilitador desse
aprendizado, um “maestro”, que irá “reger” o aluno mostrando o caminho que este deve seguir para
construir o seu conhecimento com propriedade.
Ao final, cada aluno relatou por escrito as suas dificuldades, aprendizagens, superações,
enfim sua vivência nesse projeto.

RESULTADOS

Super-heróis como homem-aranha, Hulk, super-homem, mulher-maravilha, quarteto


fantástico e X-men foram os escolhidos pelos alunos para a realização de suas pesquisas. Dentre as
conclusões dos alunos, são exemplos: o fato da mulher-invísivel ser cega, uma vez que a imagem de
um dado objeto não se formaria na retina (por essa ser transparente); tendo conhecimento da massa
e da altura alcançada por um salto do Hulk, os alunos estimaram a força média de interação deste
com uma superfície quando do salto; verificaram ainda que o super-homem não poderia voar nem
emitir raios-X (e mesmo que emitisse, não observaria uma imagem, uma vez que ele se encontra do
mesmo lado da fonte emissora de radiação e o olho não é sensível a essa faixa de comprimento de
onda).
Com base nos relatos escritos pelos alunos no final do projeto, pode-se verificar que tal
trabalho lhes pareceu muito interessante. Entre as diversas opiniões expressas, as mais presentes
relatam a escassez de material relacionando ciência e heróis e a pertinência do tema proposto, uma
vez que super-heróis é um tópico de interesse dos alunos. Sendo um assunto interessante, os
estudantes se sentiram motivados em realizar o trabalho, bem como salientaram que, quando a
Física encontra-se associada a um tema de seu dia-a-dia, o aprendizado se torna “mais fácil”, uma
vez que eles apresentam uma maior pré-disposição para aprender.
Abaixo algumas citações dos alunos são reproduzidas:

“Tivemos que examinar os poderes e pesquisar para poder explicá-los.”


“Foi um jeito de aprender física de um modo diferente.”
“...pudemos rever alguns assuntos que já tínhamos estudado.”
“O professor esteve à disposição dos grupos para que estes pudessem tirar dúvidas, o que é
fundamental na realização desse trabalho.”
“...com o projeto pudemos passar a Física que estudamos para o cotidiano.”
“Ter aulas práticas é sempre bom, porque podemos criar uma imagem dos conceitos que
nos são passados e assim compreender melhor o que é dito para nós.”

CONCLUSÃO E SUGESTÕES

Pode-se concluir que, quando tópicos de Física estão associados a temas de interesse dos
alunos, esses mostram uma maior pré-disposição para o aprendizado. O uso de projetos pode ser
uma maneira de conciliar conceitos de Física com o dia-a-dia do estudante, fazendo com que este
construa o seu conhecimento com propriedade. Verifica-se que o aluno pode aprender com o colega
e/ou através da pesquisa, bem como que o professor pode ser um facilitador nesse processo de
ensino-aprendizagem. Como sugestão, esse projeto pode ter um caráter interdisciplinar, quando, por
exemplo, as disciplinas de química, biologia e filosofia poderiam explorar também os super-poderes
sob outros aspectos, a disciplina de língua portuguesa contribuir na confecção dos textos do
trabalho, a de língua estrangeira no auxílio na leitura de fontes de pesquisa em outros idiomas.
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AGRADECIMENTOS
O autor agradece aos professores Paulo Machado Mors e Eliane Angela Veit, pelas
sugestões e pela leitura crítica desse trabalho.

Apoio: CAPES, PROPESQ-UFRGS

REFERÊNCIAS

[1] HERNANDES, C.L., CLEMENT, L., TERRAZZAN, E.A. Uma atividade experimental
investigativa de roteiro aberto partindo de situações do cotidiano. In: Vianna, D. M.;
Peduzzi, L. O. Q.; Borges, O. N.; Nardi, R. (Orgs.). Atas do VIII Encontro de Pesquisa em
Ensino de Física. São Paulo: SBF, 2002. (CD-Rom).

[2] MENEZES, P.H.D., VAZ, A. M.. Tradição e inovação no ensino de Física: a influência da
formação e profissionalização docente. In: Vianna, D. M.; Peduzzi, L. O. Q.; Borges, O. N.;
Nardi, R. (Orgs.). Atas do VIII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física. São Paulo: SBF,
2002. (CD-Rom).

[3] OLIVEIRA, L.D., GALLI, C., SCOLARI, L.M. Atividades interativas de Física no museu de
ciências como parte do currículo escolar. In: Vianna, D. M.; Peduzzi, L. O. Q.; Borges, O.
N.; Nardi, R. (Orgs.). Atas do VIII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física. São Paulo:
SBF, 2002. (CD-Rom).

[4] BARCO, R., et al. A Física dos brinquedos. In: Anais da 51ª Reunião Anual da SBPC, 1999,
Porto Alegre.

[5] FERREIRA, M.C., CARVALHO, L. M. O. A evolução dos jogos de Física, a avaliação


formativa e a prática reflexiva do professor. Revista Brasileira de Ensino de Física, v.26,
n.1, p.57-61 (2004).

[6] LEVADA, C.L., FERRARI, P.R. Colisões entre veículos – opção técnica para ensino de
mecânica. In: Anais da 52ª Reunião Anual da SBPC, 2000, Brasília.

[7] PENA, F. L. A. ‘Tirinhas’ no Ensino de Física. Física na Escola, v. 4, n. 2, 2003.

[8] OLIVEIRA, L. D. de. Aprendendo Física com o Homem-aranha: utilizando cenas do filme para
discutir conceitos de Física no Ensino Médio. (A ser submetido à Revista Brasileira de
Ensino de Física).

[9] MORIN, E. El método: la natureleza de la natureleza. Madrid: Catédra, 1981.

[10] HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 2000.

[11] FEDER, T. Teaching physics with superheroes. Physics Today, Melville, v.55, n.11, p.29-30,
November 2002.

[12,] MOREIRA, M.A. Teorias de Aprendizagem. Ed. Pedagógica e Universitária, São Paulo, 1999.

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