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professores-sobre-o-aprendizado-dos-alunos

Publicado em NOVA ESCOLA 07 de Novembro | 2019

Pesquisa Aplicada

Como aumentar o impacto dos


professores sobre o aprendizado
dos alunos?
Estudos mostram que é fundamental criar oportunidades para trocas de
experiências efetivas entre os docentes. Juntos eles podem aprimorar suas
habilidades
Priscilla Albuquerque Tavares

Crédito: Getty Images

Diversas áreas do conhecimento dedicam-se a investigar os fatores associados ao aprendizado dos


estudantes, na tentativa de identificar políticas que sejam capazes de melhorar a qualidade da
Educação, sobretudo em países em desenvolvimento. Há um consenso na literatura especializada: o
professor é o insumo educacional mais importante. No entanto, inúmeros estudos mostram que existe
uma grande heterogeneidade entre os professores da Educação Básica no que tange ao seu
comportamento e às práticas de ensino empregadas; à capacidade de conduzir de maneira eficiente os
processos de gestão da sala de aula, de forma a maximizar o tempo efetivo de instrução; à habilidade
de promover equidade, utilizando estratégias de ensino diferenciadas para estudantes em estágios de
aprendizagem distintos etc. Em resumo, professores diferem segundo suas habilidades e, portanto,
segundo sua efetividade (medida pelo impacto que são capazes de promover sobre o aprendizado dos
estudantes).

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Idealmente, os sistemas escolares deveriam ser capazes de identificar e selecionar os professores mais
efetivos e ter mecanismos adequados de contratação e retenção desses profissionais. Entretanto, isso
não é simples. A formação acadêmica e o conhecimento do professor são atributos importantes, mas
não suficientes para definir o que é ser um bom professor. Alguns estudos mostram que as
certificações do professor ou mesmo o seu desempenho em exames de seleção e progressão
apresentam correlação positiva, mas pequena, com a sua efetividade em sala de aula (Gordon, Kane e
Staiger, 2006; Angrist e Guryan, 2008; Kane, Rockoff e Staiger, 2008). Por essa razão, não é fácil
reconhecer um bom professor apenas observando seu currículo ou colocação em um concurso de
seleção, por exemplo, já que essas não são métricas informativas do seu engajamento, gestão de sala
de aula e práticas pedagógicas. Isso torna a tarefa de selecionar bons professores ainda mais
desafiadora.

Uma outra questão importante refere-se às políticas e programas capazes de elevar a efetividade de
professores em serviço. Isso é fundamental no caso das redes públicas de ensino estaduais e
municipais no Brasil, que oferecem estabilidade na carreira aos profissionais concursados. Felizmente,
os estudos têm sido exitosos em identificar mecanismos de aprimoramento profissional de
professores já atuantes. Jackson e Bruegmann (2009) argumentam que professores podem aprender
muito uns com os outros: em particular, novos professores beneficiam-se significativamente da
convivência com bons professores mais experientes. Esses efeitos são persistentes ao longo do tempo
e explicam boa parte da efetividade dos docentes.

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O aprendizado aos pares pode ser, inclusive, reforçado com políticas que intencionalmente buscam
elevar a qualidade docente. Papay et. al. (2015) avaliam um programa implantado em escolas de
educação básica no Tennessee, estado no sudeste dos Estados Unidos, para encorajar o aprendizado
entre professores com diferentes níveis de habilidades. O programa funciona da seguinte maneira:
inicialmente, os docentes respondem a um questionário sobre gestão de sala de aula e práticas
pedagógicas. Então, aqueles que apresentam mais dificuldades formam pares com outros educadores
que demonstram maior domínio dessas capacidades, para trabalharem juntos durante o ano letivo,
trocando experiências. O resultado identificado ao final do estudo foi: os alunos dos professores que
receberam ajuda dos colegas apresentaram aumento de proficiência em linguagem e matemática.

Kraft e Papay (2014) mostram ainda que o ambiente de trabalho é fundamental para promover o
aprendizado entre professores de maneira informal, mas bastante significativa. Os autores destacam a
necessidade de se criar uma cultura de altas expectativas na execução do trabalho e oportunidades
para que haja trocas de experiência efetivas entre os profissionais. O reconhecimento de professores
excelentes e ações como avaliação e feedbacks entre os pares são mecanismos que promovem o
aprendizado mútuo entre os docentes.

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Kraft e Blazear (2017) avaliam um programa de coaching desenhado para aprimorar as práticas
pedagógicas gerais e a gestão de sala de aula de professores de Educação Básica nos Estados Unidos.
O programa foca em orientar os professores quanto ao emprego de técnicas instrucionais e de uso do
tempo, a partir de um curso intensivo e do trabalho de um coach , durante todo o ano letivo. A
assessoria individual do coach consiste em discutir e estabelecer com o educador um plano de metas,
com foco em implantar algumas das práticas aprendidas no curso – aquelas em que o professor sente
mais dificuldade, por exemplo. O coach realiza observação de sala de aula e fornece feedback
formativo ao professor, levando em conta as suas próprias impressões, bem como avaliações
realizadas pelo diretor e pelos alunos. A cada período, as dificuldades do professor são identificadas e
ele recebe auxílio do assessor para aprimorar suas práticas. Os autores mostram que o programa é
bem-sucedido em aumentar o emprego dessas práticas pedagógicas específicas.

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No Brasil, um programa bastante semelhante foi implantado e avaliado de forma experimental em


escolas de ensino médio no Ceará (Bruns, Costa e Cunha, 2018). As técnicas pedagógicas e de gestão
de sala de aula ensinadas nos programas americano e brasileiro são praticamente as mesmas. No caso
do programa cearense, cada coordenador pedagógico conduziu a assessoria para um grupo de
professores de uma mesma escola. Cada coordenador pedagógico, por sua vez, recebeu suporte
individual via Skype de um especialista em Educação da instituição que implementou o programa. A
avaliação de impacto desse programa experimental mostrou que os professores que receberam
assessoria aumentaram o tempo de instrução em sala de aula e o engajamento dos alunos, na medida
em que passaram a empregar as técnicas ensinadas. Além disso, também foram observados ganhos
nas notas dos estudantes nos exames padronizados de Língua Portuguesa e Matemática.
Esses resultados sugerem que é possível aprimorar as capacidades dos docentes que já atuam na
educação básica e, portanto, elevar o impacto que cada professor gera nos estudantes, em termos de
aprendizado.

Priscilla Albuquerque Tavares é doutora em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV),
mestre e bacharel em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). É professora da Escola de
Economia de São Paulo, da FGV, pesquisadora na área de Economia da Educação e autora de
diversos artigos que avaliam impactos de políticas educacionais no Brasil.

Para saber mais

Angrist, J. and Guryan, J. (2008) ‘Does Teacher Testing Raise Teacher Quality? Evidence from State Certification
Requirements’ Economics of Education Review vol. 27(5) pp. 483–503.

Bruns, B., Costa, L. and Cunha, N. (2018) ‘Trough the looking glass: Can classroom observation and coaching improve
teacher performance in Brazil?’. Economics of Education Review, vol. 64, pp. 214-250.

Gordon, R., Kane,T. and Staiger, D. (2006) ‘Identifying Effective Teachers Using Performance on the Job.’ The Hamilton
Project White Paper, 2006-01, Washington, DC.

Jackson, C.K. and Bruegmann, E. (2009) ‘Teaching Students and Teaching Each Other: The Importance of Peer Learning
for Teachers’ American Economic Journal: Applied Economics vol 1:4, 85–108.

Kane, T., Rockoff, J. and Staiger, D. (2008) ‘What does certification tell us about teacher effectiveness? Evidence from
New York City.’ Economics of Education Review , vol.27 (6), pp. 615–631.

Kraft, M. and Papay, J. (2014) ‘Can Professional Environments in Schools Promote Teacher Development? Explaining
Heterogeneity in Returns to Teaching Experience.’ Educational Effectiveness and Policy Analysis . vol.36(4) pp.476-500.

Kraft, M.A. & Blazar, D. (2017). Individualized coaching to improve teacher practice across grades and subjects: New
experimental evidence. Educational Policy, 31(7), 1033-1068.

Papay, J., Taylor, E., Tyler, J. and Laski, M. (2015) ‘Learning Job Skills from Colleagues at Work: Evidence from a Field
Experiment Using Teacher Performance Data’ mimeo.

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