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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

3ª Vara Criminal de Taguatinga

Número do processo: 0716664-14.2019.8.07.0007

Classe judicial: PETIÇÃO CRIMINAL (1727)

AUTOR: MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS

RÉU: EURICO CANDIDO DE MIRANDA, LUIS CLAUDIO FERNANDES MIRANDA, HALISON


RIBEIRO VITORINO

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Vistos etc.

Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público do Distrito Federal, em face de Luis Cláudio
Fernandes Miranda, Halison Ribeiro Vitorino e Eurico Cândido de Miranda, dando-os como incursos no
artigo 171, caput, do Código do Penal (ID 47795872).

O investigado Luís Cláudio Fernandes Miranda, por meio da petição de ID 48050590, requer a rejeição da
peça acusatória, em relação a sua pessoa.

Argumenta que a denúncia não narrou, de forma individualizada, nenhuma conduta imputável ao
investigado. Que, a referência que se faz à sua pessoa está relacionada à cártula de cheque devolvida por
insuficiência de fundos, mencionando, sem maiores esclarecimentos, que a empresa responsável pela
emissão da cártula era ligada aos investigados Luis Cláudio e Halison.

Noticia que, na condição de fiador, diante da ausência de quitação do débito pelo devedor principal,
efetuou o pagamento integral da dívida junto ao credor, resultando, inclusive na extinção do processo de
execução.

Destaca também que, quanto à cártula de cheque fraudada, a denúncia não faz referência acerca de
eventual conduta sua.

Número do documento: 19111213331879200000047463106


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Finaliza afirmando que, em relação à sua pessoa, a peça acusatória carece de justa causa, sendo manifesta
a atipicidade da conduta e que o valor irrisório do cheque impede a configuração do ardil ou meio
fraudulento necessário à configuração do crime de estelionato.

Instado, o Ministério Público oficiou pelo indeferimento dos pedidos e pelo recebimento da denúncia.
Aduz, em síntese, que a peça acusatória atende aos requisitos do artigo 41, do Código de Processo Penal e
que os argumentos carreados pelo investigado Luís Cláudio Fernandes Miranda demandam análise de
mérito.

Breve relato. DECIDO.

Os argumentos trazidos pela Defesa do investigado Luís Cláudio Fernandes Miranda, pode-se adiantar,
não merecem prosperar.

Com efeito, ao investigado Luís Cláudio é imputada a prática, em tese, de crime de estelionato, porque,
segundo a peça acusatória, em conluio com os investigados Halison Ribeiro Vitorino e Eurico Cândido de
Miranda, e na qualidade de fiador em contrato de locação de imóvel, teria efetuado pagamento de dívida
de aluguel com duas cártulas de cheque no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) e R$ 4.500,00 (quatro mil
e quinhentos reais), sendo a primeira objeto de fraude e, a segunda, devolvida por insuficiência de fundos.

Olvida-se o investigado que nos crimes societários, de autoria coletiva, tanto a doutrina como a
jurisprudência têm abrandado o rigor do disposto no art. 41 do Código de Processo Penal, dada a natureza
dessas infrações, que nem sempre possibilita a descrição detalhada da atuação de cada um dos indiciados.

A propósito do assunto, vale trazer à baila orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, nos
termos da ementa a seguir transcrita:

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. FRAUDE OU


FRUSTRAÇÃO AO CARÁTER COMPETITIVO DE PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ARGUIÇÃO
DE INÉPCIA DA PEÇA ACUSATÓRIA E DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. DENÚNCIA GERAL.
POSSIBILIDADE. INÉPCIA NÃO CONFIGURADA. LASTRO MÍNIMO PROBATÓRIO
COMPROVADO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DESCABIMENTO. PRECEDENTES.
RECURSO DESPROVIDO. 1. A teor do entendimento desta Corte, é possível o oferecimento de
denúncia geral quando uma mesma conduta é imputada a todos os acusados e, apesar da aparente
unidade de desígnios, não há como pormenorizar a atuação de cada um dos agentes na prática
delitiva. No caso, a denúncia não é inepta, mas apenas possui caráter geral, e tampouco prescinde
de um lastro mínimo probatório capaz de justificar o processo criminal. Precedentes. 2. A denúncia
descreve a conduta delituosa em tese praticada pelo acusado (determinação de abertura dos envelopes
mesmo diante de flagrante ilegalidade), relatando, em linhas gerais, os elementos indispensáveis para a
demonstração da existência dos crimes, nomeadamente o modus operandi do delito (alteração repentina
de cláusula significativa do edital, a cinco dias do certame, com o fim de impossibilitar a concorrência) e

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a vantagem indevida supostamente visada pelos agentes (emissão de empenho no valor total de R$
2.338.226,94 à empresa beneficiada), bem assim os indícios suficientes para a deflagração da persecução
penal. 3. Nos crimes de autoria coletiva, é prescindível a descrição minuciosa e individualizada da
ação de cada acusado, bastando a narrativa das condutas delituosas e da suposta autoria, com
elementos suficientes para garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório, como verificado na
hipótese. 4. Não se pode, pois, de antemão, retirar do Estado o direito e o dever de investigar e processar,
quando há elementos mínimos necessários para a persecução criminal. 5. Recurso desprovido.” (RHC
36.651/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 25/11/2013)

Assim tem-se por válida a denúncia quando, apesar de não descrever minuciosamente as atuações
individuais de cada um dos invetigados, demonstra o liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa,
possibilitando, pois, o exercício da ampla defesa.

Na hipótese, a peça acusatória atribui a conduta delituosa ao investigado Luís Cláudio porque, em tese, o
investigado Eurico Cândido de Miranda teria procurado a vítima para quitar a dívida, sob as ordens de
Luís Cláudio e Eurico Candido. Logo, ainda que de forma suscinta, é possível identificar a narrativa do
liame subjetivo que justificou o oferecimento da denúncia em face de Luís Cláudio Fernandes Miranda.
Eventual aprofundamento do tema guarda relação com o mérito e merecerá análise em momento
oportuno.

No mais, como bem realçado pelo Ministério Público, “...o pagamento posterior da dívida civil gerada
pela conduta descrita na denúncia não ilide o crime, conforme entendimento já pacificado perante do
Superior Tribunal de Justiça.”.

A respeito do assunto, vale reportar ao entendimento jurisprudencial do e. TJDFT, sintetizado nos termos
da ementa a seguir:

“APELAÇÃO CRIMINAL. ESTELIONATO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. FORMA SIMPLES.


COMPANHIA ENERGÉTICA DE BRASÍLIA. PAGAMENTO DO DÉBITO. ATIPICIDADE.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. JUSTA CAUSA. ARREPENDIMENTO
POSTERIOR. RECURSO PROVIDO. 1. A reparação do prejuízo sofrido antes do recebimento da
denúncia, na forma básica do crime de estelionato, não elide a punibilidade da conduta, sendo inaplicável
na hipótese o enunciado sumular nº 554 do Supremo Tribunal Federal. (...)” (TJDFT, 2ª Turma Criminal,
Relator: Des. Silvanio Barbosa dos Santos, Acórdão nº 982222, Publicação: DJE 25.11.2016, págs.
68-81).

Ante o exposto, é a presente decisão para:

1) Indeferir o pedido deduzido pela Defesa na petição de ID 48050590;

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2) Diante da presença dos requisitos previstos no art. 41 do CPP, notadamente pelo início de prova
acostada aos autos, e da ausência de qualquer das hipóteses do art. 395 do mesmo Diploma legal,
RECEBER A DENÚNCIA, determinando a citação dos Denunciados para responder à acusação, por
escrito e por intermédio de Advogado devidamente constituído, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos dos
arts. 396 e 396-A, ambos do CPP.

Na ocasião da citação, os Citandos deverão ser advertidos de que, em caso de procedência da acusação, a
sentença poderá fixar valor mínimo à reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387, inciso IV, do CPP).

O Oficial de Justiça intimará os Réus a constituírem Advogado (caso em que deverá fornecer os dados
pelos quais possa ser intimado, tais como nome e nº de OAB), sendo que, na ausência de Advogado
particular, ser-lhes-á nomeado o NPJ/IESB para patrocinar suas defesas, informando, neste caso, o
próprio telefone (se solto), ou telefone de alguém da família, para contatar, se preciso, com o NPJ
nomeado.

Os Citandos deverão, ainda, ser cientificados de que é sua obrigação manter o endereço atualizado nos
autos, sob pena de o processo seguir sem as suas presenças.

Ressalto, ademais, que deverá constar nos mandados citatórios a ressalva prevista no art. 362 do referido
Diploma legal.

Atenda-se à manifestação ministerial retro, à exceção de requisição de informações, exames,


perícias e documentos, considerando a possibilidade desta ser feita pelo próprio membro do
Ministério Público, a teor do que dispõe o art. 8º, inciso II, da LC n. 75/93, bem como o art. 47 do
CPP, ressalvando a possibilidade de análise posterior, caso seja justificada a necessidade de
intervenção judicial.

Façam-se as anotações e comunicações necessárias, atentando-se ao disposto no art. 5º do Provimento


Geral da Corregedoria, bem como quanto à capitulação do crime descrito na denúncia.

Em cumprimento ao art. 6º do Provimento Geral da Corregedoria e, analisando a Folha Penal dos


Acusados (IDs 47967665, 47967635 e 47967736), verifico que os mesmos não são beneficiários de
suspensão condicional do processo ou de transação penal.

Verifico também que os denunciados Luís Cláudio Fernandes Miranda e Eurico Cândido de
Miranda possuem sentença penal condenatória transitada em julgado. Diante disto, oficie-se à Vara
de Execuções Penais, comunicando-se o recebimento da denúncia em questão.

Número do documento: 19111213331879200000047463106


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E ainda, quanto ao Acusado Eurico Cândido de Miranda, verifico que figura como denunciado em
processo suspenso pelo artigo 366, do Código de Processo Penal, em curso neste Juízo, distribuído
sob o nº 2009.07.1.030446-9. Diante disto, cite-se o acusado, naquele processo, no endereço
constante dos presentes autos.

Oferecida resposta à acusação, havendo questionamentos preliminares ou a juntada de documentos,


ouça-se o Ministério Público.

Após, faça-se nova conclusão.

Taguatinga, DF, 11 de novembro de 2019 16:08:18.

JOÃO LOURENÇO DA SILVA

Juiz de Direito

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