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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

UNIDADE I
A METODOLOGIA DO
VALOR E SUA INTEGRAÇÃO
EM GESTÃO DE PROJETOS

AVALIAÇÃO
DE PROJETOS
Professor Dr.
Daniel Eduardo dos Santos

UNIDADE II
DESENVOLVENDO UNIDADE III
UM PLANO DE TRABALHO ANALISANDO
CONFORME METODOLOGIA PROJETOS SOB A ÓTICA
DO VALOR DO VALOR AGREGADO

o conceito o plano de trabalho implementação


de valor da metodologia do valor
palavra do reitor

Reitor
Wilson de Matos Silva

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um institucionais e sociais; a realização de uma


grande desafio para todos os cidadãos. A busca por prática acadêmica que contribua para o desen-
tecnologia, informação, conhecimento de qualida- volvimento da consciência social e política e, por
de, novas habilidades para liderança e solução de fim, a democratização do conhecimento aca-
problemas com eficiência tornou-se uma questão dêmico com a articulação e a integração com
de sobrevivência no mundo do trabalho. a sociedade.
Cada um de nós tem uma grande responsa- Diante disso, o Centro Universitário Cesumar
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
nossos fará grande diferença no futuro. sitária de referência regional e nacional pela qualidade
Com essa visão, o Centro Universitário e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
Cesumar – assume o compromisso de democra- petências institucionais para o desenvolvimento de
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
e contribuir para o futuro dos brasileiros. sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e
No cumprimento de sua missão – “promo- a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
do conhecimento, formando profissionais cida- trativa; compromisso social de inclusão; processos
dãos que contribuam para o desenvolvimento de cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro como também pelo compromisso e relacionamento
Universitário Cesumar busca a integração do permanente com os egressos, incentivando a edu-
ensino-pesquisa-extensão com as demandas cação continuada.

Direção Unicesumar

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson
C397 de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora
Avaliação de Projetos / Daniel Eduardo dos Santos Cláudio Ferdinandi.
Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
93 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. NEAD - Núcleo de Educação a Distância
1. Gestão de Projetos. 2. Metodologia. 3. Plano de Trabalho. EaD.
I.Título. Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, Coordenação
CDD - 22 ed. 658 de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Dutra, Coordenação de Graduação Kátia Coelho, Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados
Evandro Bolsoni, Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Brait, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design Educacional
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Fernando Henrique Mendes, Rossana Costa Giani, Diagramação Aline Morais, Revisão Textual Jaquelina
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Kutsunugi, Ilustração Aline Morais, Fotos Shutterstock.
boas-vindas

Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick
de Matos Silva

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do


Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade.
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está
disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer.
sobre pós-graduação

a importância da pós-graduação

O Brasil está passando por grandes transformações, em especial


nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática,
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida,
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal
e profissional.

Professor Dr. Renato Dutra


Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais
NEAD - UNICESUMAR
apresentação do material

Professor Doutor
Daniel Eduardo dos Santos

Olá, pós-graduando(a) da Unicesumar! Sou o valor. Este quadro é estabelecido sobre seus ele-
professor doutor Daniel Eduardo dos Santos, atuo mentos constitutivos: desempenho, custo, tempo
na área financeira e de projetos e ministro disci- e risco. Esses elementos são comunicados através
plinas na graduação e pós-graduação de cursos de uma língua comum – a função. Este livro tenta
no Brasil e exterior. Fiquei com a feliz missão de mostrar como a fluência em cada uma das variá-
escrever um livro com uma linguagem que nos veis de síntese é essencial para a compreensão de
aproximasse, mesmo estando a distância. E ele foi valor e estabelece, por consequência, a noção ne-
elaborado especialmente para auxiliá-lo(a) em seus cessária para análise de projetos.
estudos e ainda agregar novos conhecimentos em O aumento das áreas profissionais de projeto
seu curso de pós-graduação. Nosso objetivo é que e gestão de programa criou uma espécie de re-
você faça dele uma referência para suas atividades nascimento das ciências gerenciais. Projetos
do dia a dia e, especialmente, em sua vida profissio- são, em grande parte, sobre as coisas, enquanto
nal no gerenciamento de projetos, em particular no que a gestão tradicional é principalmente sobre
tocante a um assunto ainda não muito abordado pessoas. A incorporação dos conceitos de síntese
no Brasil: falamos aqui sobre análise do valor agre- criou uma demanda por conhecimento sobre
gado a projetos ou, de forma mais simples e direta, como gerenciar melhor tanto através da síntese
Metodologia do Valor. da teoria quanto das técnicas aplicadas. A gestão
Mas, afinal, o que é valor? Valor começa quando do escopo, custo, cronograma, comunicação,
a necessidade é expressada por uma pessoa e, pos- qualidade e risco são todas as áreas de conheci-
teriormente, satisfeita por outra. mento fundamentais para a prática moderna de
A comunicação envolvida nesta troca é funda- gerenciamento de projetos. As teorias e técni-
mental e essencial na criação de um quadro para cas da Metodologia de Valor fornecem um meio
o valor, tanto para o produtor quanto para o con- de se considerar o efeito sinérgico de todos os
sumidor. Infelizmente, a comunicação é raramente componentes de síntese dentro do contexto de
eficiente no desenvolvimento do conceito de valor, gerenciamento de projetos e como eles se rela-
mas normalmente é o único meio que temos para cionam com o valor do projeto.
fazer isso. Ela se inicia com a natureza abstrata de Muitos processos de melhoria de gestão e
pensamento, que é submetido à ambiguidade da modismos vieram e foram nas últimas décadas.
linguagem, e, em seguida, é diluída pelos inúme- A Metodologia do Valor (VM), conforme apresen-
ros vieses cognitivos que estão entre a percepção tado neste livro, tem resistido ao teste do tempo
e significado. como um meio de melhorar o valor comprovado.
Este livro é antes de tudo sobre a definição de A Metodologia do Valor pode ser ajustada para
atender às necessidades de qualquer projeto. Esta organizações são desafiadas a fazer um melhor uso
metodologia pode ser aplicada desde os mais de seu recurso mais importante, as pessoas.
simples itens manufaturados e até projetos de infra- Esta ideia tem sido demonstrada por meio da
estrutura inimaginavelmente grandes e complexos. inovação introduzida pelo movimento da qualidade
Metodologia do Valor é um processo replicante. e pela evolução do programa e gerenciamento de
Uma vez compreendidos sua estrutura e conjunto projetos, que tem sido experimentado nos últimos
de ferramentas, estes podem ser duplicados projeto anos. A gerência executiva aprendeu através da
após projeto. Finalmente, a Metodologia do Valor ênfase de programas e projetos e pelo desenvol-
é atemporal em sua relevância. Embora possa ser vimento de uma cultura de melhoria da qualidade
evasivo, o valor é a medida do que vai fazer um que a eficácia de uma organização pode gerar
projeto um sucesso ou um fracasso. ganhos significativos. Apesar dos benefícios de tais
O público principal deste livro são aqueles que inovações, estes gerarão pouco, a menos que a or-
estão envolvidos no desenvolvimento e entrega ganização possua uma ativa compreensão de qual
de projetos e programas. Isso inclui os gerentes é o valor que os seus clientes estabelecem sobre
de projeto e programa, designers, engenheiros, seus produtos e serviços, e seja capaz de defini-lo,
arquitetos, agentes de compras, avaliadores de medi-lo e melhorá-lo.
custos, programadores e gestão de riscos, assim Em 2008, o mundo experimentou o fim súbito
como ainda inclui todos aqueles que se encontram para um crescimento desenfreado da economia
envolvidos na administração direta de qualquer mundial ocorrido durante toda uma década. No
organização, uma vez que todos estes devem ter centro da “exuberância irracional” promovia-se a
interesse no desenvolvimento de habilidades de ilusão de tudo só melhorar, os mercados conti-
trabalho com a Metodologia do Valor. nuariam a subir, o crescimento seria perpétuo, a
A maioria das pessoas hoje concorda que, a incerteza representada pelos riscos poderia ser
longo prazo, rentabilidade é o principal objetivo da completamente evitada, e que valor poderia ser
iniciativa privada, enquanto que a entrega dos ser- criado a partir do nada. Estas concepções, sola-
viços necessários descreveria o objetivo de órgãos vancadas pela realidade, demonstraram que a
públicos. Notoriamente se evidencia que os pro- análise de projetos, em qualquer esfera ou linha
dutos e serviços que estas entidades produzem de investimentos, com claro intuito de lucro ou am-
devem ter preços competitivos e/ou uma forma bicionando apenas o bem social, exige clareza de
eficiente para atender ou exceder as expectati- síntese para ser verdade. Como as leis da física, as
vas de desempenho de seus clientes. A fim de se leis de valor não podem ser contornadas. O valor é
adaptar ao ambiente em constante mudança, as baseado na realidade. Exige honestidade.
01
sumário
A METODOLOGIA DO VALOR
E SUA INTEGRAÇÃO EM
GESTÃO DE PROJETOS

Por Que Usar a Metodologia do


12
Valor?
Gestão de Projetos e Metodologia
14
do Valor
21 O Conceito de Valor

25 Teoria do Valor

27 Teorias da Utilidade

36 Razões Para um Baixo Valor


02
DESENVOLVENDO UM PLANO
03
ANALISANDO PROJETOS
DE TRABALHO CONFORME SOB A ÓTICA DO
METODOLOGIA DO VALOR VALOR AGREGADO

O Plano de Trabalho da Metodologia 96


54 Desenvolvimento
do Valor
57 Preparação 112 Apresentação

65 Informações 118 Implementação

74 Função 122 Métrica de Valor

81 Especulação

87 Avaliação
1 A METODOLOGIA DO VALOR E SUA
INTEGRAÇÃO EM GESTÃO DE PROJETOS

Professor Dr. Daniel Eduardo dos Santos

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
• Por que usar a Metodologia do Valor
• Gestão de Projetos e Metodologia do Valor
Objetivos de Aprendizagem • O conceito de valor
• Compreender qual o objetivo da Metodologia do • Teoria do valor
Valor (VM) e como ela se instrumentaliza. • Teorias da Utilidade
• Visualizar o que agrega a VM ao Gerenciamento • Razões para um Baixo Valor
e Análise de Projetos tradicional.
• Desenvolver pressupostos básicos da VM em
projetos.
Este livro é destinado aos interessados na disciplina de gestão de projetos, e enfatiza
a aplicação prática de técnicas de Análise de Projetos, especialmente as voltadas para
a Metodologia do Valor, que busca para otimizar o valor das instalações, produtos,
serviços e processos. Metodologia do Valor tem existido sob vários nomes diferentes
ao longo dos anos, como o Value Engineering (VE), Análise de Valor ou ainda Gestão
de Valor. Não há diferenças essenciais entre estas designações, que são, para todos
os efeitos práticos, intercambiáveis. A engenharia de valor de longo prazo tem sido
tradicionalmente usada sempre que a metodologia de Valor é aplicada ao design
industrial ou à indústria da construção. A análise de valor de longo prazo é aplica-
da para o conceito de planejamento ou aplicações de processos, e a gestão valor de
longo prazo é utilizada para aplicações de administração ou de gestão. Metodologia
do Valor (VM) é o termo mais comumente utilizado hoje e refere-se ao corpo abran-
gente de conhecimento relacionado à melhoria do valor, independentemente da
área de aplicação.
A metodologia do valor é um processo organizado que foi efetivamente utilizado
dentro de uma ampla gama de empresas privadas e entidades públicas para atingir
seus objetivos de melhoria contínua, e em agências governamentais para gerir melhor
os seus orçamentos limitados.
Há dois elementos essenciais que separam a metodologia do valor de outras técni-
cas, metodologias e processos:
1. A aplicação do método único de análise de funções e a sua relação com o custo
e desempenho.
2. A organização dos conceitos e técnicas em um plano de trabalho específico.
Esses fatores diferenciam a VM de outras metodologias de análise ou de resolução
de problemas.
VM é muitas vezes confundida com a redução de custos, no entanto, redução de
custos e VM são muito diferentes. Exemplos de medidas típicas de redução de custos
incluem a eliminação de componentes ou elementos, substituindo sistemas por
outros menos dispendiosos, flexibilizando tolerâncias, ou ainda mudando a consti-
tuição de materiais.
A VM, ao contrário, está mais preocupada com a forma como as coisas funcionam
e não com o que elas efetivamente são. Essa mentalidade orientada à função exige
uma transformação radical em nossa percepção, na forma como abordamos os desa-
fios, novos e antigos. Essa forma funcional de pensar é, por sua natureza, predisposta
a nos levar a soluções inovadoras, abrindo nossos olhos e aprofundando nossa com-
preensão de como as coisas funcionam. Esse conceito de função é a própria essência
da metodologia do valor.
Avaliação de Projetos
12

por que usar a


metodologia
do valor ?
A
saúde econômica de um organismo refere-se a uma utilização efi-
ciente dos recursos disponíveis. Como a nossa sociedade evolui,
somos confrontados com o aumento da consciência de que os re-
cursos parecem estar diminuindo. Não temos opções ilimitadas em materiais,
tipos de energia ou fontes de trabalho. A disponibilidade de capital também
é limitada, especialmente quando se considera que o custo de capital de em-
préstimo é sempre flutuante e o poder de compra de nossa moeda parece
estar diminuindo continuamente.
Além disso, o ritmo acelerado dos avanços tecnológicos pode nos deixar
com projetos ou métodos que estão muito atrás da vanguarda do progresso.
O proprietário, seja um indivíduo, uma empresa ou um organismo público
financiado por impostos, não pode se dar ao luxo de pagar por um projeto
cujo desempenho ou características não contribuem em nada na função
básica do objeto a ser adquirido.
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Tais recursos são frequentemente e des- em materiais e métodos de produção, e


necessariamente colocados em projetos aplicando a nossa capacidade criativa para
porque há uma comunicação inadequada cada projeto, pode-se, em alguma medida,
entre o proprietário, que controla o orçamen- compensar o rápido aumento do custo de
to, o usuário, que identifica os requisitos, e a aquisição de bens e serviços. Esses custos
equipe do projeto, que transforma essas exi- subiram acentuadamente na última década,
gências em planos e especificações. e normalmente os aumentos ocorridos neste
Para alcançar o máximo de benefícios de ano superam o aumento do ano anterior. Por
nossos recursos limitados, devemos fazer uso exemplo, na indústria da construção, o custo
total de nosso único recurso ilimitado, a nossa dos materiais de construção tem se elevado
capacidade de pensar criativamente. Ao gradativamente, como pode ser considera-
tomar vantagem dos avanços tecnológicos do na figura a seguir.

Ano Mês Valor em R$/m2 Variação % Acumulada dos últimos 12 meses


2013 Jan. 1.010,85 7,09
2013 Fev. 1.013,50 7,07
2013 Mar. 1.020,59 6,97
2013 Abr. 1.023,10 6,80
2013 Maio 1.041,82 7,29
2013 Jun. 1.057,25 7,76

Figura 1: CUB/m2(Custo Unitário Básico) Médio Brasil – 1º Semestre 2013


Fonte: <http://www.cub.org.br/p_reports_br.php?id=23>
Avaliação de Projetos
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gestão de projetos e
metodologia do valor

A
Metodologia de Valor, como um corpo de conhecimento, está preo-
cupada com a melhoria do valor das coisas, seja uma nova instalação,
um artigo manufaturado, ou mesmo um procedimento de gestão. A
aplicação da metodologia de valor tipicamente ocorre dentro do contexto de
um programa, a um nível de organização e num estudo de valor, a um nível de
projeto.
Gerentes de projeto experientes, especialmente aqueles com uma com-
preensão completa do preconizado pelo PMBOK (Project Management Body of
Knowledge) da PMI, vão apreciar as semelhanças entre a gestão de um estudo
de valor e gestão de um projeto. Na verdade, um estudo de valor em si é um
projeto. Ele atende a todos os critérios de um projeto:
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• É único? Sim, um estudo de valor é independentes. Os gerentes de projeto têm


um esforço único tendo o objetivo um papel especial a desempenhar na apli-
de melhorar o valor de um produto, cação da Metodologia de Valor.
independentemente de se tratar Os gerentes de projeto são geralmente
de um novo produto ou de um já posicionados dentro de uma organização,
existente. onde podem receber um papel direto ou in-
• É de natureza temporária e tem um direto na realização de estudos de valor. Nas
começo e um fim? Sim, um estudo organizações projetizadas e matriciais, pode
de valor tipicamente envolve um haver um departamento de VM onde espe-
intenso gasto de recursos dentro cialistas em análise de valor desenvolvem
de um curto espaço de tempo, que estudos para tomada de ações específicas.
ocorre normalmente durante algumas Este envolvimento de um gerente de projeto
semanas ou meses. em um estudo de valor pode assumir uma
• Existe uma maneira de determinar variedade de formas:
quando ele é concluído? Sim, o • O gerente de projeto pode atuar como
estudo de valor é completado quando um especialista de valor para facilitar
o processo de estudo formal for um estudo em alguns projetos e
concluído e relatórios orais e escritos organizações. Esta abordagem pode
forem apresentados detalhando ser preferível se o projeto ainda está na
as melhorias de valor específico fase de iniciação.
desenvolvidas pela equipe. • O gerente de projeto pode solicitar e/
• Existe uma maneira para determinar a ou patrocinar um estudo de valor a
satisfação das partes interessadas? Sim, ser realizado para um projeto que ele
a satisfação das partes interessadas é ou ela esteja gerenciando ativamente.
determinada pela realização de uma Neste caso, o estudo de valor pode
reunião formal de implementação. ser conduzido por um especialista de
Isso permite que a equipe do projeto valor de um departamento diferente
e as partes interessadas determinem a dentro da organização, por um
aceitabilidade das melhorias de valor especialista consultor ou mesmo por
recomendadas. um especialista em valor de um dos
Estudos de valor podem ser conduzidos stakeholders externos do projeto.
como parte de um projeto em andamen- • O gerente de projeto pode ser o
to ou podem ser projetos completamente destinatário de um estudo de valor
Avaliação de Projetos
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em um projeto que ele ou ela esteja projeto assumir mais do que um dos papéis
gerenciando ativamente. Outra identificados acima. Independentemente
entidade dentro da organização, ou de qual papel desempenhará, este será
talvez uma das partes interessadas importante na determinação do sucesso
externas, pode ter solicitado que do estudo de valor. Os gerentes de proje-
um estudo de valor seja conduzido tos em todas as organizações devem ter
sobre aquele projeto. Neste caso, uma compreensão fundamental da VM e
o gerente de projeto pode ser um estar cientes de como ela pode melhorar
participante “relutante” e será exigido o custo, desempenho, riscos e valor de
pela organização que colabore com o seus projetos.
especialista em valor que participará na É importante entender que a Metodologia
equipe, atuando em papéis decisórios de Valor, ao contrário de muitos modismos de
ou mesmo de apoio. gestão, é mais do que apenas um conceito.
• O gerente de projeto pode ser um Esta proporciona um meio real de alcançar
tomador de decisão preliminar, no melhorias. A universalidade da sua aplicação
tocante à aceitação de alternativas de a todo o projeto torna-se uma ferramenta
valor desenvolvidas como parte de um ideal de gerenciamento de projeto. Nenhum
estudo com este critério. gerente de projeto deveria operar sem ter
Não é incomum para alguns gerentes de este foco de análise.

Metodologia do Valor e Trabalho em Equipe

O
sucesso da aplicação da VM, como é que o produto final seja superior à soma
originalmente concebida por Larry de seus esforços individuais.
Miles, sempre foi focado na impor- Trabalho em equipe genuíno deve ser
tância das equipes multidisciplinares. Na sempre baseado em valores. Em outras pa-
verdade, a VM foi uma das primeiras disci- lavras, deve ser comportamentalmente
plinas a reconhecer o valor da sinergia de enraizado em valores mutuamente compar-
um grupo, com indivíduos que representam tilhados. O especialista em valor vai exercer
diferentes formações técnicas. VM é, portan- uma influência considerável sobre os valores
to, um processo de equipe e, como tal, exige que fundamentalmente afetam o trabalho
que os membros da equipe trabalhem juntos em equipe. Deve-se ainda ressaltar que a
em harmonia e em uníssono, se seu desejo esfera de influência do especialista em valor
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deve se estender além dos limites da sua mais essa ideia, o esforço deve incluir na
equipe de valor. O especialista deve pensar discussão o cliente ou usuário, a equipe do
na equipe de valor como uma extensão da projeto e as partes interessadas no projeto,
equipe de desenvolvimento de projeto (veja como parte do esforço total da equipe, como
figura ilustrativa a seguir). Ampliando ainda ilustrado na figura a seguir.

Sinergia de Equipes

Equipe de Valor

Equipe de Projeto

Interessados

Cliente

Figura 2: Equipe de Trabalho e Metodologia de Valor


Fonte: elaborada pelo autor

Uma série de valores e princípios devem ser a comunicação entre os membros


seguidos na criação de equipes de sucesso. da equipe. Por isso, é importante
Estes incluem: estabelecer um nível básico de
• A inovação exige uma discussão aberta confiança entre os membros da
sobre as coisas que estão “erradas” no equipe, que se baseia na compreensão
projeto atual. Isto é conseguido através de que o objetivo do esforço de valor
da validação de hipóteses, fortalecendo é a melhoria global do projeto. Não se
a compreensão dos problemas a trata de criticar os membros da equipe
serem resolvidos, melhorando assim por deficiências percebidas.
Avaliação de Projetos
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• Nenhum indivíduo deve jamais o responsável. Dentro do contexto do


intencionalmente ser elogiado ou esforço de valor, as equipes, em vez de
recompensado por boa aparência indivíduos, devem ser competentes
em detrimento do outro. Quando os para resolver problemas.
membros da equipe sentem que tal • As pessoas devem ter respeito por
comportamento é recompensado, dados e manter sua análise objetiva,
eles vão usar as informações sobre a fim de promover o trabalho
o projeto, de maneira a subverter o em equipe. Os membros de uma
esforço de valor e evitar trabalho em equipe estão mais dispostos a criar
equipe. Os jogadores da equipe estão interdependências que envolvam
comprometidos com o sucesso do confiança e vulnerabilidade quando
projeto, que por sua vez fará com que sentem que fatos e dados neutros são
todos sejam um sucesso. valorizados.
• Grandes organizações e burocracias • Todos os membros da equipe que
tendem a proteger os indivíduos fazem parte do esforço de valor
de conflitos por meio de políticas devem ser valorizados da mesma
e procedimentos. Desconforto forma, não importa quão baixo dentro
com o conflito são maiores nesses da hierarquia de uma organização
ambientes por esse motivo. Assim, o estejam. O especialista em valor deve
especialista precisa desenvolver fortes procurá-los para solicitar informações e
habilidades de facilitação, a fim de ideias de todos. Muitas vezes, aqueles
deixar as pessoas mais confortáveis ​​ dentro dos escalões inferiores de uma
com resolução de conflitos em um organização mantêm informações
ambiente de equipe ou grupo. O importantes que geralmente são
esforço de valor, por natureza, deve ser ignoradas.
um processo de consenso ao invés de A “cultura de trabalho em equipe” deve re-
um único autocrático. conhecer as interdependências que existem
• Gestores dentro de uma burocracia em uma organização complexa. Valores sobre
em geral entendem que a clarificação justiça e igualdade devem apoiar as inter-
de responsabilidades é necessária, dependências dentro de toda a equipe que
a fim de evitar a paralisia que pode participa do esforço de valor, caso contrário,
se desenvolver quando há incerteza o trabalho em equipe é prejudicado e o re-
dentro de uma equipe sobre quem é sultado será comprometido.
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Valor para o Cliente

O
conceito de valor para o cliente está determinadas a compor o valor: preço global
construído sobre a ideia de que as e desempenho global. O impacto do preço
pessoas tomam suas decisões de versus desempenho é muito diferente, de-
compra com base na relação entre preço e pendendo da indústria ou produtos que
desempenho. O princípio fundamental nesta estão sendo medidos. O valor para o cliente
decisão é o valor total, ou colocando de outra é claramente ilustrado através do Mapa de
forma: o cliente está obtendo o máximo pelo Valor do Cliente, como ilustrado na figura a
seu dinheiro? As duas variáveis são aquelas seguir.

Alto Pior Valor

S TO
JU
R
A LO
V
Preço

DO
HA
LIN

Baixo Melhor Valor

Inferior Superior
Desempenho Percebido pelo Consumidor

Figura 3: Mapa de Valor do Cliente


Fonte: Marle, (1992)
Avaliação de Projetos
20

M
ais uma vez, é importante lembrar que o valor para
o cliente se relaciona diretamente com a função
ou funções que o cliente está tentando adquirir. A
linha de valor justo representa os pontos em que o preço e
o desempenho estão “em equilíbrio”. Um serviço, produto ou
estabelecimento que fica à direita da linha (performance su-
perior, preço mais baixo) seria percebido como oferecedor de
um “melhor valor” para seu cliente ou usuário. Por outro lado,
um serviço, produto ou estabelecimento que cai para a es-
querda da linha (desempenho inferior, o preço mais alto) seria
considerado como aquele que proporciona “pior valor” e que
perde a confiança e/ou uma parte da sua base de clientes.
Ao destacar o melhor desempenho em cada fator de
compra chave, os comerciantes podem obter dados impor-
tantes sobre uma determinada posição de valor do cliente
para a organização e dos seus concorrentes. Embora não seja
a intenção deste texto analisar a forma como as organizações
optam por comercializar os seus produtos, é importante que
aqueles que procuram aplicar a Metodologia do Valor desen-
volvam uma apreciação da importância da compreensão dos
desejos e necessidades de seus clientes na melhoria do valor.
Em última análise, o sucesso de uma organização depende
de quão bem ele satisfaz as necessidades dos seus clientes. O
principal critério para medir isso é valor. A VM, como descrito
nas páginas desta obra, fornecerá ao estudante um meio de
criar e melhorar o valor para os produtos, serviços ou insta-
lações que sua organização oferece. Uma organização deve
se esforçar para ver o valor através dos olhos de seus clientes
ou usuários finais.
Pós-Graduação | Unicesumar
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o conceito de
valor
Avaliação de Projetos
22

O
objetivo da Metodologia do Valor é características executadas por um
melhorar o valor de tudo o que está produto ou serviço, para as quais este
sendo estudado. Entretanto, todos produto, instalação ou serviço foi
nós temos nossas próprias opiniões sobre inicialmente concebido.
o que afeta o valor de um produto, projeto • Projeto: o Project Management
ou serviço, e isso pode variar muito, depen- Institute (PMI) define um projeto como
dendo da nossa própria perspectiva. Muitas um esforço temporário, empreendido
vezes, as decisões são baseadas em um único para criar um produto ou serviço único.
critério, tais como custo, performance, ou A palavra “temporário” implica em
tempo, o que pode levar a muitos caminhos, começo e fim definidos. Desta forma,
mas nem sempre a uma decisão ótima. Uma podemos considerar um projeto como
decisão que melhora o desempenho, mas qualquer esforço que traz um produto
aumenta o custo para um ponto em que o à existência. Um projeto começa no
produto não é mais comercializável é tão ina- início de um conceito, evolui para a
ceitável como aquele que reduz o custo em sua concepção e/ou desenvolvimento
detrimento do desempenho. É também im- e continua com a sua produção,
portante para evitar a confusão com o valor construção ou implementação.
de custo. Material adicionado, trabalho ou Utilizaremos o termo “projeto” para nos
sobrecarga vão aumentar o custo, mas não referirmos ao sujeito de um estudo de
necessariamente aumentar o valor. Valor é valor, seja este um produto, serviço,
menor se o custo adicional não melhora a ca- processo ou instalação.
pacidade de executar as funções necessárias. • Cliente: a palavra “cliente” refere-se
A chave para a compreensão do concei- a qualquer pessoa que receba um
to de valor é uma tomada de consciência de produto para utilização final. Um
vários outros termos críticos e suas defini- cliente é também por vezes referido
ções utilizadas na VM: como um “usuário”, dependendo da
• Função: são as ações naturais ou aplicação.
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23

H
á quatro elementos básicos que for- o desempenho pretendido e
necem uma medida de valor para o características do produto. Escopo
usuário, os quais, usando os termos do projeto descreve o trabalho
de gerenciamento de projetos, são: desem- necessário para entregar um produto
penho, tempo, custo e risco. Esses quatro ou um serviço no âmbito do produto
elementos fornecem os blocos básicos de pretendido. Embora o escopo do
construção em que todos os projetos são produto esteja centrado no cliente
gerenciados: ou usuário do produto, o escopo
1. Desempenho. Em termos de do projeto é a preocupação das
gerenciamento de projetos, o pessoas que irão executar o projeto.
desempenho é definido através Ao discutir o escopo, vamos usar o
de escopo de um projeto. Há conceito de desempenho como meio
dois aspectos que devem ser de defini-lo.
considerados: escopo do produto e 2. Tempo. O cliente exige a entrega
o escopo do projeto. Cada projeto aceitável, geralmente vinculada a
bem-sucedido produz um produto um lugar específico dentro de um
único: um item tangível ou um determinado tempo. Os melhores
serviço. Esse poderia ser uma nova produtos ou serviços têm nenhum
autoestrada, uma ratoeira melhor, valor se não podem ser fornecidos
um novo processo de gestão ou ao cliente em tempo hábil. O tempo
uma pizza menos calórica. Clientes também é comumente referido
ou usuários normalmente têm como “agenda” ou “cronograma”.
expectativas sobre as características 3. Custo. Semelhante à definição
dos produtos que procuram adquirir. anterior, os custos incluem todos os
Escopo do produto descreve recursos necessários para entregar o
Avaliação de Projetos
24

projeto. O custo inclui as pessoas e se relacionar com estes quatro elementos, e é


equipamentos que fazem o trabalho, o seu trabalho encontrar um equilíbrio entre
os materiais que eles usam e todas as eles a fim de alcançar o melhor valor possí-
outras circunstâncias que exigem um vel para o cliente ou usuário. Maximizando
gasto de recursos. a relação desses elementos é importante
4. Risco. Poucas são as vezes que para satisfazer o cliente (Figura 4). A partir
podemos ter absoluta certeza de que dessa relação, é fácil ver que o valor pode
um projeto será entregue da forma ser aumentado pelo aperfeiçoamento do
como foi definido no plano. Portanto, escopo, cronograma ou através da redução
devemos considerar o impacto que a de custos. Enquanto a maioria dos estudos
incerteza pode ter sobre o projeto. Os de valor tem objetivos específicos, tais como
riscos podem ser classificados como a melhoria do desempenho, redução de
ameaças (riscos negativos) ou como custos, melhoria da prestação, ou a gestão
oportunidades (riscos positivos). dos riscos, as relações de valor identificadas
Pode haver muitos riscos em um aqui requerem uma abordagem equilibrada.
projeto, conhecidos e desconhecidos, Um estudo de valor apropriado deveria pro-
que podem afetar um ou todos os curar ajustar as contribuições desses quatro
elementos antes mencionados. elementos em um esforço para otimizar o
Os gerentes de projeto devem ser capazes de valor.

Desempenho

Risco VALOR Custo

Tempo
Figura 4: Otimização do Valor
Fonte: elaborada pelo autor
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25

teoria do valor
Avaliação de Projetos
26

A
evolução do conceito de valor tem executado. O conceito de utilidade
sido um processo longo. A base fi- é essencial para a compreensão do
losófica para o conceito de valor valor de uso.
foi estabelecida pela primeira vez na Grécia 6. Estima. As propriedades,
antiga, no diálogo Protágoras de Platão. características ou atratividade de uma
Acompanhando de perto esta obra filosó- determinada coisa que torna sua
fica, em 350 a.C., Aristóteles identificou sete propriedade desejável.
classes de valor que são usadas ainda hoje: 7. Câmbio ou Troca. O preço pelo qual
ética, judicial, religiosa, política, social, esté- um bem ou serviço serão negociados
tica e econômico. em um determinado mercado.
Nosso entendimento atual do conceito 8. Mercado. A estimativa racional e
não começou a tomar forma totalmente senão imparcial do preço potencial de um
no século XVIII. Durante este período, Adam bem, serviço ou ativo, considerando-
Smith publicou “Uma Investigação sobre a se fatores como:
Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, • Custos de aquisição / produção /
um marco no estudo da Economia, tendo distribuição
ainda escrito “A Teoria dos Sentimentos Morais”, • Oferta versus demanda
que discute a influência dos valores morais • A incerteza (risco)
sobre valores econômicos. Enquanto isso, os • Utilidade real
escritos de Immanuel Kant na filosofia moral, • Utilidade subjetiva, que inclui
incluindo a Fundamentação da Metafísica dos avaliações individuais de valor, bem
Costumes, Crítica da Razão Pura, e Metafísica como os efeitos do viés cognitivo.
dos Costumes, considerou e desenvolveu a (É interessante notar que a utilidade
base humanística para o valor. Kant, que foi subjetiva não é racional nem
contemporâneo de Smith, diferenciou entre tendenciosa e, na verdade, conflita
preferências e valores e argumentava que as com a definição costumeira do “valor
considerações de direitos individuais eram de mercado”).
pelos cálculos de utilidade agregada. Todos estes quatro tipos de valor econômico
A Metodologia do Valor está principal- são importantes, no entanto, deve-se notar
mente preocupada com o valor econômico que o valor de mercado incorpora os con-
em um nível mais fundamental. Existem ceitos de utilização, estima e valor de troca
quatro tipos de valor econômico: e adiciona uma série de outras considera-
5. Uso. As propriedades ou qualidades ções macro e microeconômicas. Portanto,
de um item que permitem o se pudermos melhorar o valor de mercado,
trabalho ou serviço exigido para ser melhoraremos o valor total.
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27

teorias da
utilidade
O conceito de utilidade é um passo importante ao considerarmos “valor de
uso”, que é um conceito essencial no VM. A utilidade é, essencialmente, uma
medida do grau de satisfação derivada da utilização de bens ou serviços.
Ela está intimamente relacionada com o desempenho, o que proporciona
um meio de medir a utilidade, sendo um dos principais componentes do
valor apresentado no início desta unidade. Várias teorias têm evoluído ao
longo dos séculos para ajudar a descrever como as pessoas incorporam o
conceito de utilidade na tomada de decisões: Teoria da Utilidade Esperada,
Teoria da Utilidade Marginal e Teoria da Perspectiva.
Avaliação de Projetos
28

teoria da Cara, você ganha $ 2 e uma oportunidade


utilidade esperada de jogar novamente. Toda vez que você virar
outra Cara, o seu prêmio em dinheiro para as
A Teoria da Utilidade Esperada foi sugerida rodadas duplica o da rodada anterior. O jogo
pela primeira vez por Daniel Bernoulli em termina quando a primeira Coroa aparecer.
1738. Bernoulli foi um matemático hábil e Quanto você estaria disposto a apostar para
seus interesses foram muito abrangentes. jogar este jogo?
O trabalho de Bernoulli formou a base para Do ponto de vista puramente matemáti-
o futuro desenvolvimento da teoria da utili- co, a resposta é que você deve estar disposto
dade esperada e a ideia de aversão ao risco. a pagar qualquer quantia até o prêmio es-
Uma de suas principais contribuições perado, cujo valor é obtido multiplicando-se
para a teoria da utilidade esperada é a solução todos os possíveis prêmios pela probabili-
de um problema hipotético referido como dade de que eles são obtidos e somando os
o Paradoxo de São Petersburgo. Aliás, seu números resultantes. A chance de ganhar $
primo Nicolas Bernoulli é creditado como 2 é 1/2 (Cara no primeiro lance), a chance de
motivador do paradoxo. O paradoxo desafia ganhar $4 é 1/4 (Coroas após Cara), a chance
a ideia de que as pessoas valorizam os jogos de ganhar $ 8 é 1/8 (Coroa seguido por Cara
de azar de acordo com retorno esperado. O seguida por Cara), e assim por diante. Uma
paradoxo fez a seguinte proposição: vez que o retorno esperado de cada possível
Você está convidado a jogar um jogo de consequência é de $ 1 ($ 2 × 1/2, $ 4 × 1/4,
azar. O jogo consiste em lançar uma moeda. etc.) e há um número infinito deles, o prêmio
Na primeira rodada, saindo Coroa o jogo total esperado é uma soma infinita de dinhei-
termina e você não ganha nada, mas saindo ro, conforme vislumbrado na tabela a seguir.

n (Rodadas) Probabilidade (n) Prêmio Prêmio Esperado

1 1/2 $2 $1
2 1/4 $4 $1
3 1/8 $8 $1
4 1/16 $16 $1
5 1/32 $32 $1
6 1/64 $64 $1
7 1/128 $128 $1
8 1/256 $256 $1
9 1/512 $512 $1
10 1/1024 $1024 $1

Tabela 1: Prêmios esperado no Paradoxo de São Petersburgo


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29

Um jogador racional iria entrar no jogo se, e dobro da utilidade de US$ 1 milhão. Assim, a
somente se, o preço da aposta fosse menor quantidade importante no Paradoxo de São
do que o prêmio esperado, ou a soma dos Petersburgo é a utilidade esperada do jogo.
prêmios previstos. No Paradoxo de São Neste contexto, refere-se a utilidade espera-
Petersburgo, qualquer preço finito de entrada da a utilidade do prêmio multiplicada pela
é menor do que o prêmio esperado do jogo, sua probabilidade, que é muito menos do
que é infinito. Assim, o jogador racional iria que o esperado prêmio.
jogar, não importa o quão grande é o preço A indústria de seguros opera sobre esse
de entrada seja! Mas há claramente algo de princípio. A existência de uma função de uti-
errado com isso. Estudos têm demonstra- lidade significa que a maioria das pessoas
do que a maioria das pessoas que oferecem prefere, por exemplo, ter 98 reais em dinheiro
entre $ 5 e $ 20, alegando que a chance de para o jogo em uma loteria, onde eles po-
ganhar mais de US $ 4 é de apenas 25 por deriam ganhar US $ 75 ou $ 125, cada um
cento e as chances de ganhar uma fortuna com uma chance de 50 por cento, apesar
são muito pequenas. Este é o paradoxo sobre de a loteria ter um prêmio máximo de US $
o qual Bernoulli opinou: 100. A diferença de US $ 2 é o prêmio que a
A determinação do valor de um elemento maioria de nós estaria disposta a pagar pelo
não deve ser baseada no preço, mas sim sobre seguro. É interessante notar que, enquanto
a utilidade gerada [...] Não há dúvida de que a maioria de nós paga prêmios substanciais
um ganho de mil ducados é mais significa- para o seguro para evitar o risco, também
tivo para o pobre que para um homem rico, estamos dispostos a buscar uma certa quan-
quando ambos ganhem a mesma quantia. tidade de risco através da compra de bilhetes
A solução de Bernoulli a este mistério de loteria, cujo preço excede em muito a uti-
aborda o mundo do comportamento eco- lidade esperada.
nômico e psicologia. Ele ressaltou que uma Teoria da utilidade esperada foi poste-
determinada quantidade de dinheiro não riormente refinada por Oskar Morgenstern
tem sempre a mesma utilidade para seu pro- e John von Neumann em 1944. Esta teoria
prietário. É, de fato, relativa. Por exemplo, afirma que as pessoas vão sempre escolher
para um bilionário acostumado a pensar em o resultado que lhes darão o maior grau de
termos de dezenas de milhões de dólares, utilidade.
dar R$20 de gorjeta a um garçom pode ser A teoria da utilidade subjetiva esperada
insignificante. No entanto, para um mendigo foi sugerida pela primeira vez por Leonard
sem dinheiro, pode representar a diferença Savage, em 1954. Essa permutação da Teoria
entre fome e sobrevivência. da Utilidade Esperada adicionou as variá-
De um modo semelhante, a utilidade de veis de utilidade e probabilidade pessoal,
2 milhões de dólares não é simplesmente o o que sugere que as pessoas avaliam esses
Avaliação de Projetos
30

elementos através de sua própria perspectiva


teoria da
única. Essa teoria está intimamente rela-
cionada com o conceito de valor, que será
perspectiva
discutido mais adiante nesta unidade. Esta teoria foi apresentada pela primeira
vez em 1979 por Daniel Kahneman e Amos
Tversky, dois psicólogos que foram posterior-
mente agraciados com o Prêmio Nobel por
teoria da suas pesquisas. Eles sugerem que a maioria
das pessoas não avalia as perspectivas da
utilidade marginal “máxima utilidade” sugerida pela Teoria da
A Teoria da Utilidade Marginal foi desenvol- Utilidade Esperada. Consideremos a seguin-
vida ao mesmo tempo, em 1870, por vários te situação:
economistas, incluindo William Stanley Imagine que o Brasil está se preparando
Jevons, Carl Menger e Marie-Esprit-Léon para o surto de uma cepa mortal da gripe
Walras. Teoria da Utilidade Marginal, também que está prevista para matar 60.000 pessoas.
conhecida como marginalismo, é a teoria de Dois programas alternativos para combater
que o valor econômico resulta da utilidade a doença têm sido propostos. Suponha que
marginal e do custo marginal. Marginalismo as estimativas científicas exatas das conse-
é a noção de que o que é mais importante quências dos programas sejam as seguintes:
para a tomada de decisão é a unidade mar- • Se o programa A for adotado, 20.000
ginal ou a última unidade de consumo ou pessoas serão salvas.
de produção. • Se o programa B for adotado, há
Por exemplo, um automóvel é muito um terço de probabilidade de que
útil para nossa locomoção. Um automóvel 60 mil pessoas sejam salvas e uma
adicional pode ser útil no caso do primei- probabilidade de dois terços de que
ro estar em um conserto, mas não é tão útil nenhuma pessoa será salva.
como o primeiro. Um terceiro automóvel tem Qual dos dois programas você escolheria?
ainda menos utilidade do que os dois primei- Suponha agora que dois programas al-
ros. Dado o preço dos carros, não podemos ternativos para combater a doença tenham
esperar que muitas pessoas possuam três sido propostos. Suponha que as estimativas
carros, pois o benefício derivado do tercei- científicas exatas das consequências dos pro-
ro carro não iria provavelmente ser igual ou gramas sejam as seguintes:
superior a seu preço.
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31

• Se o programa C for adotado, 40.000 selecionou os programas A e D, o que é


pessoas vão morrer. completamente ilógico do ponto de vista
• Se o programa D for adotado, há matemático. O que poderia ter causado essa
uma probabilidade de 33 por cento quebra na lógica?
de que ninguém irá morrer e uma A explicação tem a ver com a maneira
probabilidade de 66 por cento de que como os resultados potenciais estão enqua-
todas as 60 mil pessoas vão morrer. drados. O ponto de referências implícito à
Qual desses dois programas que você questão é que, se nenhum programa for
escolheria? adotado, 60 mil pessoas vão morrer. Os resul-
Um estudo científico foi realizado por tados dos programas A e B são apresentados
Kahneman e Tversky colocando questões em termos de ganhos, e as pessoas tendem
semelhantes para as pessoas. Os resultados a fugir de riscos quando se deparam com
foram realmente interessantes: oportunidades de ganho – entrevistados
• Se o programa A for adotado, 20.000 geralmente preferem ter o resultado conhe-
pessoas serão salvas (72 por cento). cido em vez de uma aposta (probabilidade).
• Se o programa B for adotado, há Os resultados dos programas de C e D
um terço de probabilidade de que são apresentados em termos de perdas, e
60 mil pessoas serão salvas e uma as pessoas tendem a se tornarem mais sus-
probabilidade de dois terços que cetíveis ao risco quando confrontadas com
nenhum pessoa será salva (28 por a probabilidade de perda, o que demonstra
cento). que os respondentes normalmente preferem
• Se o programa C for adotado, 40.000 a aposta sobre a certeza de perdas.
pessoas vão morrer (22 por cento). A Teoria da Perspectiva postula que as
• Se o programa D for adotado, há pessoas avaliam a partir da perspectiva do
um terço de probabilidade de status quo sugerido pela forma como um pa-
que ninguém vai morrer e uma norama geral lhes é apresentado, e pensam
probabilidade de dois terços de que 60 em cada perspectiva como envolvendo um
mil pessoas morrerão (78 por cento). ganho, um resultado neutro ou uma perda.
Os resultados do estudo de Kahneman e A forma pela qual o problema é levantado
Tversky foram fascinantes. Matematicamente ou definido tem influência na tomada de
falando, os programas A e C são idênticos, decisão, e esta influência denominada de
tanto quanto os programas B e D também efeito de enquadramento (o, em inglês,
o são. No entanto, a maioria das pessoas framing effect) pode conduzir a uma tomada
Avaliação de Projetos
32

de decisão irracional que, consequentemen- de uma perspectiva afeta o valor que é pon-
te, gera pouco valor agregado. derado sobre a utilidade dos resultados
A figura a seguir ilustra como a definição esperados.

Ponto A Região de
Ganhos Aversão ao Risco
Ponto C

Perdas Ganhos

Região de
Perdas
Preferência ao
Risco =
Ponto B

Inferior VALOR Superior

Figura 5: O Efeito do Enquadramento da Prospecção no Valor


Fonte: elaborada pelo autor

O
status quo serve como ponto de re- no campo de preferência ao risco.
ferência, que é indicado no gráfico No ponto B, mais perdas não levam a
como o ponto A. Muitas escolhas uma grande diminuição no valor, no entanto,
envolvem decisões entre manter o status quo os ganhos comparáveis podem levar a um
ou aceitar uma alternativa a ele. Uma vez que grande aumento no valor. A pessoa no ponto
as perspectivas são avaliadas em relação ao B correrá o risco de pequenas perdas, a fim
status quo, os ganhos serão avaliados com de obter benefícios potenciais significativos.
cautela, de um ponto de vista de aversão ao Esta predisposição é chamada de sunk cost,
risco, enquanto que as perdas serão avaliadas ou efeito do custo irrecuperável. O Efeito do
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33

custo irrecuperável apresenta dois aspectos área fascinante de estudos. O campo da


fundamentais: primeiro, as pessoas tendem economia comportamental continua a de-
a ter um viés de probabilidade excessiva- senvolver novas teorias para explicar como as
mente otimista, em que, depois de fazer um pessoas fazem julgamentos de valor de forma
investimento inicial, a percepção de que o aparentemente irracionais. Obviamente, fica
investimento pagamento de dividendos é fácil perceber mesmo por esta breve explana-
aumentado. Em segundo lugar, os custos ir- ção a importância da compreensão do valor,
recuperáveis p​​ arecem operar principalmente e torna-se claro perceber como o entendi-
naqueles que sentem pessoal responsabilida- mento de valor é um processo desafiador.
de pelos investimentos que são vistos como
irrecuperáveis.
O sunk cost é muitas vezes é percebi-
do quando são analisadas obras públicas. valor para o cliente
Projetos cujos custos crescem de forma des-
controlada são exemplos clássicos, onde os O conceito de valor para o cliente é estabe-
funcionários públicos se recusam a cancelar lecido sobre a ideia de que as pessoas ou
um projeto devido aos grandes investimen- organizações realizam suas decisões de in-
tos financeiros e políticos feitos, mesmo que vestimento ou compra com base na relação
este cancelamento representasse um bene- entre preço e desempenho. O princípio fun-
fício muito maior para o bem-estar público. damental nessa decisão é o valor total ou,
Por outro lado, uma pessoa no ponto C fundamentalmente, a seguinte questão: o
será relutante em arriscar mesmo se tratando cliente está obtendo o máximo pelo seu
de pequenas perdas frente a grandes ganhos. dinheiro? As duas variáveis ​​são aquelas de-
Isso ocorre porque as perdas tendem a apa- terminadas como os principais componentes
recer maiores do que os ganhos e, portanto, do valor: preço global e desempenho global.
um tomador de decisão será tendencioso em O impacto do preço versus desempenho é
favor da manutenção do status quo. Isto é de- muito diferente, dependendo da indústria ou
nominado o Endowment Effect, ou aversão produtos que estão sendo medidos. O valor
à perda, que explica a relutância das pessoas para o cliente é claramente ilustrado através
em arriscar ativos de seu patrimônio. de um mapa de valor para o cliente, confor-
O estudo da utilidade e do valor é uma me figura a seguir.
Avaliação de Projetos
34

Alto Pior Valor

S TO
JU
R
A LO
V
DO
Preço

H A
LIN

Baixo Melhor Valor

Inferior Superior

Desempenho Percebido pelo Consumidor


Figura 6: Mapa de Valor do Consumidor
Fonte: elaborada pelo autor

M
ais uma vez, é importante lembrar direita da linha (performance superior, preço
que o valor para o cliente se rela- mais baixo) seria percebido como o que
ciona diretamente com a função oferece “melhor valor” para seu cliente ou
ou funções que o cliente está tentando ad- usuário. Por outro lado, aqueles que ficam à
quirir. A linha de valor justo representa os esquerda da linha (desempenho inferior, o
pontos em que o preço e o desempenho preço mais alto) seriam considerados como
estão em equilíbrio. Um projeto que fica à os que oferecem “pior valor”, perdendo a
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confiança e/ou uma parte de sua base de organização depende de quão bem ele sa-
clientes. tisfaz as necessidades dos seus clientes, e
O estudo do valor é importante porque por consequência um projeto terá sucesso
pode nos ajudar a entender melhor como quão bem este satisfizer as necessidades e,
são realizadas as escolhas entre os forne- se possível, os interesses dos patrocinadores
cedores concorrentes de bens e serviços. e stakeholders envolvidos. O principal crité-
Quando consideramos a gestão de proje- rio para medir isso é valor. Uma organização
tos, percebemos profunda relação entre a deve se esforçar para ver o valor através dos
determinação do escopo, o interesse dos olhos de seus clientes. Uma vez que a organi-
stakeholders, o envolvimento do patroci- zação tenha atendido a essa primeira etapa,
nador e os resultados esperados. O PMBoK estará em melhor posição para:
(Project Managemente Book of Knowledgde), • Compreender o que os clientes
o Livro de Conhecimentos do Gerenciamento realmente reconhecem de valor
de Projetos, do Project Management Institute, pelos investimentos realizados em
em sua quinta edição publicada em 2013, instalações, produtos e serviços.
trata ainda com maior detalhamento da ne- • Medir e comunicar valor ao cliente.
cessidade de planejamento anterior a cada • Priorizar o que o cliente deseja como
etapa a ser desenvolvida em um projeto. A valor e provê-lo.
determinação da entrega daquilo que o pa- • Reter clientes já existentes (o custo de
trocinador precisa nem sempre é exatamente encontrar um novo é geralmente de
aquilo que ele pede. cinco a dez vezes mais alto do que a
Com isto queremos dizer que, ao de- manutenção de um cliente existente).
terminarmos o escopo, este, se alcançado, • Converter clientes desconhecidos em
apenas produzirá o benefício desejado pelo conhecidos.
patrocinador se sua definição considerou, • Criar uma vantagem competitiva
desde o planejamento até a execução, o valor através do desenvolvimento de um
ou benefício desejado. projeto ou uma organização focada no
Em última análise, o sucesso de uma cliente.
Avaliação de Projetos
36

razões
para um baixo valor

V
alor parece ser algo que a maioria • Fixação em conceitos de design
das organizações se esforça para anteriores.
entregar em seus produtos e servi- • Circunstâncias temporárias.
ços para o cliente, no entanto, raramente é • Certezas honestas e equivocadas.
o melhor valor alcançado. Por que isso acon- • Hábitos e atitudes.
tece? Existem muitas razões pelas quais os Os três primeiros itens desta relação são
esforços de uma organização resultam em os principais contribuintes para a deter-
menos do que o valor ideal. Algumas das minação de um baixo valor. O primeiro é
mais comuns são as seguintes: de natureza universal e se relaciona com
• Foco em valor interno ao invés de valor praticamente todas as organizações, inde-
para o cliente. pendentemente de eles estarem envolvidos
• Comunicação pobre ou falta de com projetos, produtos, serviços ou insta-
consenso no desenvolvimento de lações. O segundo e o terceiro aplicam-se
escopo do projeto. principalmente a empresas e organiza-
• Alterações nas necessidades do cliente ções envolvidas no desenvolvimento de
ou desejos. instalações e serviços. Novamente perce-
• Padrões de design desatualizados ou bemos a profunda relação entre a correta
mudança de tecnologia. e acurada determinação de escopo de um
• Suposições incorretas com base em projeto com aquilo que produzirá real valor
informações pobres. no projeto.
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37

foco em valor interno ao


invés de valor para o cliente

C
onsidere a seguinte afirmação: “As de modelos em um curto período de tempo,
organizações devem focar primei- elas ampliaram “plataformas”, modificando o
ro nos projetos, produtos e serviços design de carrocerias, mas deixando a estru-
que elas fornecem”. Você estaria inclinado(a) tura básica inalterada nos novos modelos.
a concordar ou discordar? Embora isso possa O problema é que os clientes não querem
parecer uma afirmação razoável, muitas em- mais carros iguais, e o excessivo volume de
presas e organizações colocam as medições modelos em um curto período de tempo
internas de valor de seus produtos e serviços acabou por gerar designs com pouca diferen-
à frente de seus clientes. Às vezes, isso pode ciação. Os consumidores queriam modelos
levar a consequências negativas. com características únicas que captassem a
Basear as decisões importantes relacio- imaginação e tornassem fácil a diferencia-
nadas ao desenvolvimento de projetos ou ção entre os modelos. Enquanto as empresas
produtos em valores derivados internamen- cumpriram as suas metas internas, eles per-
te pode produzir resultados desastrosos para deram a diferenciação de seus produtos,
uma organização em nível individual, ou, resultando em confusão entre os consumido-
como no caso da indústria automobilística res, o que literalmente entregou seu mercado
dos EUA, a todo um segmento de negócios. a montadoras estrangeiras.
Ao longo das últimas décadas, as montado- Durante anos, Detroit erroneamente via
ras ficaram focadas apenas nas medições de os tipos de produtos como os segmentos de
valor interno. A fim de minimizar os custos mercado. Carros foram classificados como su-
de design e produzir uma maior variedade percompactos, compactos, sedans, peruas
Avaliação de Projetos
38

etc., mas nenhum consumidor nunca saiu de por cento das trinta e cinco empresas que
casa apaixonado para comprar uma perua. estudou não incluem o valor do cliente no
Segmentos são grupos de clientes, e não seu processo de gestão de carteiras.
produtos. Os poucos que o fizeram ainda pareciam
Poucas empresas utilizam o valor do agir considerando que tal ação implicava em
cliente como um parâmetro na gestão do seu adicionar apenas um atrativo ao projeto em
portfólio. Em seu livro Liderança de Produtos, estudo, ao invés de considerá-lo fator primor-
Robert Cooper descobriu que quase 90 dial na concepção e análise.

comunicação pobre ou falta de consenso


no desenvolvimento de escopo do projeto

A
maioria dos projetos, especialmente o cliente ou usuário. Esse viés muitas vezes
aqueles que lidam com instalações leva ao desenvolvimento de um escopo do
e processos de gestão, envolve múl- projeto que não irá otimizar o valor para
tiplas partes interessadas. Em nenhum lugar todos os stakeholders.
isso é mais evidente do que nas organizações Relacionados a este fenômeno vincu-
públicas, onde normalmente há uma série la-se o tipo de estrutura de comunicação
de entidades regionais e locais do governo, ainda mais difundida na maioria das organi-
agências reguladoras, interesses especiais e zações, que ocorre essencialmente em mão
grupos de cidadãos envolvidos no proces- única. Em uma estrutura a comunicação de
so de desenvolvimento do projeto. Muitas mão única, a informação flui essencialmen-
vezes, essas partes interessadas manterão po- te de cima para baixo. Isto é especialmente
sições radicalmente diferentes com relação verdade para a maior parte das estruturas de
à importância dos objetivos de um projeto. empresas públicas e muitas outras que são
Normalmente, a parte interessada dominante funcionais ou departamentais por natureza.
(normalmente o “dono” do projeto) irá colocar A figura a seguir ilustra a estrutura organiza-
seus objetivos à frente de todos os outros, cional e o modelo funcional de comunicação
o que muitas vezes não são alinhados com associado.
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39

Diretor

Gerente A Gerente B Gerente C

Equipe Equipe Equipe

Equipe Equipe Equipe

Equipe Equipe

Estrutura de uma Organização Funcional


A

B F

C E
D

Modelo de Comunicação de Mão Única


Figura 7: Estrutura de uma Organização Funcional e o Modelo de Comunicação de Mão Única
Fonte: elaborada pelo autor

A B
Facilitador

Membro da Membro da
Equipe Equipe

F C

Membro da Membro da
Equipe Equipe

Membro da
E D
Equipe

Estrutura de Organização em Equipe Modelo de Comunicação Multidirecional


Figura 8: Estrutura de Organização em Equipes e Modelo de Comunicação Multidirecional
Fonte: elaborada pelo autor
Avaliação de Projetos
40

Sob essa estrutura, a maior parte da comuni- com compreensão da metodologia de VM


cação segue em uma direção, dos escalões precisa fornecer orientação e estrutura, per-
superiores da administração para baixo mitindo o livre fluxo de informações entre
através da hierarquia. Assim como um exér- os membros. Obviamente, as comunicações
cito que faz uso deste modelo, é mais fácil que fluem livremente entre os membros são
manter o controle sobre a organização na rea- aquelas elencadas no desenvolvimento do
lização de objetivos, especialmente naqueles projeto, indicando quem fala o que com qual
muito amplos. No entanto, são poucas as interessado e com que frequência isto ocorre.
oportunidades de resposta ou comunicação Longe de uma confusão e disseminação ir-
de retorno, e, como resultado, a probabili- restrita da informação, o que se estabelece
dade é que a informação recebida pelas aqui é que os agentes envolvidos tratarão li-
camadas mais baixas será mal compreendi- vremente sobre todos os assuntos indicados
da ou mesmo mal interpretada. Além disso, e considerados essenciais para o desempe-
esse modelo tende a sufocar a crítica cons- nho de suas funções ou do interessado.
trutiva e feedback, que são essenciais para a A aplicação da VM dentro do contexto de
inovação e melhoria. um estudo de valor é um esforço intenso e
A VM utiliza uma estrutura organizacio- concentrado, onde os membros da equipe de
nal funcional cruzada. Uma das vantagens valor, a equipe do projeto, o proprietário e o
principais desta estrutura é que ela utiliza usuário representantes se reúnem na mesma
uma comunicação completamente diferen- sala, como uma única equipe que possui um
te, conforme pode ser percebido na figura único objetivo, que é melhorar o valor do
acima. Em um modelo de comunicação mul- projeto. Além disso, as técnicas de VM apli-
tidirecional, as informações fluem livremente cadas em cada etapa reúnem, organizam e
entre todos os participantes. Isso é muito desenvolvem a informação sobre o projeto,
mais favorável à inovação e melhoria. A figura tirando conclusões significativas a partir dele
anterior ilustra esta estrutura organizacional através da aplicação de análise de funções e
e seu modelo de comunicação. métricas de valor, e promovem a comunica-
Para que essa estrutura seja eficaz, um ção direta entre os membros da equipe por
habilidoso e objetivo gerente de projetos meio de um processo de consenso.
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41

alterações nas necessidades


ou desejos do cliente

M
udanças nas necessidades dos necessidades dos usuários no momento da
clientes ou desejos podem ocorrer entrega do projeto.
dentro de um período de tempo re- A VM pode ser utilizada para acelerar
lativamente curto, muitas vezes bem debaixo o processo de entrega do projeto, reunin-
do nariz de uma equipe de projeto. Exemplos do os participantes do projeto, que muitas
desse fenômeno são abundantes em pratica- vezes possuem diferentes desejos e neces-
mente todos os tipos de projetos. Mesmo na sidades em relação ao resultado do projeto,
concepção e desenvolvimento de instalações, e ajudando-os a ver o quadro mais amplo. A
os requisitos dos utilizadores podem mudar chave para fazer isso é transformar as ques-
rapidamente. No que diz respeito a instalações tões organizacionais e técnicas complexas
públicas, por exemplo, a excessiva demora na em pontos mais simples, em elementos de
entrega do projeto e o crescimento popula- fácil compreensão e identificar as suas re-
cional podem tornar os critérios do projeto lações no contexto da estrutura do projeto
original obsoletos pelo tempo que o projeto total. Além disso, a aplicação dos proces-
levará para estar pronto para a construção. sos de análise de funções e métricas de
Muitos departamentos de transpor- valor irá fornecer um meio para identifi-
te lutam com a questão de melhorias de car e definir as questões incompletas, ou
rodovias, normalmente em total descom- riscos e objetivos ignorados pelo projeto.
passo entre as demandas de crescimento Com um projeto bem definido no início, o
dos padrões de tráfego e a capacidade de esforço de projeto pode ser melhor focado
ofertar adequadamente estes serviços. O e a entrega do projeto acelerada, proporcio-
escopo do projeto não pode manter o ritmo nando assim um melhor valor por atender
com a mudança de escopo do problema e, às necessidades tão rapidamente quanto
portanto, se torna incapaz de satisfazer as possível for.
Avaliação de Projetos
42

padrões de design desatualizados


ou mudança de tecnologia

N
o mundo de hoje, a mudança tecno- Grande parte dessa resistência está enraiza-
lógica é algo normal (até hoje ainda da na crença de que as novas tecnologias
fico me questionando o que fazer não são comprovadas e inerentemente de-
com os dois discman que estão enfiados feituosas. Com essa linha de pensamento,
em gavetas de meu escritório). Uma tecno- os indivíduos e as organizações podem ra-
logia, por mais revolucionária que seja, tem pidamente ficar para trás dos concorrentes.
tempo de validade e manter-se atualizado Alguns exemplos relevantes são:
quanto ao momento de mudança de tec- Estudos de valor são iniciados por uma
nologia pode significar algo mais do que organização sob a premissa de que a inova-
simplesmente um modismo, mas algo como ção é necessária a fim de melhorar o valor. À
a morte ou vida de um projeto ou de uma luz disto, a VM fornece um excelente veículo
organização inteira. para apresentar as ideias e tecnologias em
Apesar disso, as organizações ainda estão desenvolvimento, desafiando as normas de
propensas a manter padrões ultrapassa- ontem, dentro de um ambiente que é pro-
dos ou se apoiando em tecnologia antiga. pício para a introspecção e consideração.

suposições incorretas com


base em informações pobres

A
básica falta de informação pode grandes líderes e pensadores do mundo
levar a algumas decisões incrivel- fazendo suposições equivocadas com
mente ruins. Os livros de história base em dados de má qualidade ou
estão cheios de inúmeros exemplos de desatualizados.
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43

Em um projeto para uma de valor do percurso desse com um número de indivídu-


nova unidade de rodovia, projeto, a equipe observou os que tinham conhecimen-
quatro opções potenciais que o valor das três opções to de primeira mão da área,
de alinhamento foram ini- de trajeto havia sido elimina- uma descoberta surpreen-
cialmente desenvolvidas. do da avaliação, uma vez que dente ocorreu: as zonas de
Três desses dividiam a área estas eram afetadas pela área charco já não existiam mais!
das zonas de charco (ou alagada. Além disso, estas Aparentemente, as áreas
alagadas) de acordo com a três opções de alinhamento alagadas foram resultado
documentação do projeto, ofereciam inúmeras vanta- de liberação de excesso de
que tinha menos de um ano gens significativas quando águas de uma estação de
de idade. Com base nessas comparadas ao trajeto sele- tratamento de águas nas
informações, a equipe do cionado. À luz disso, a equipe proximidades. À luz desses
projeto selecionou a opção de análise de valor agregado resultados, as três opções
de alinhamento que evitava decidiu continuar a investi- de alinhamento que tinham
essas áreas devido a preo- gar a natureza das zonas de sido previamente eliminadas
cupações relacionadas com charco afetadas para ver se instantaneamente tornaram-
a obtenção de licenças am- poderia haver maneiras de se opções viáveis.
bientais das agências regu- mitigar os impactos.
ladoras. Durante o estudo Depois de entrar em contato

O que é uma boa informação hoje muitas com uma série de pressupostos básicos.
vezes pode tornar-se uma péssima informa- Muitas vezes, conforme os projetos avançam,
ção amanhã. As condições podem mudar esses pressupostos podem converter-se em
rapidamente e sem o nosso conhecimento, “critérios”, “requerimentos” não questionados.
como era o caso no exemplo anterior. A esse Estudos de valor fornecem uma maneira
respeito, uma análise adequada do valor refle- estruturada para questionar suposições ori-
tirá a qualidade da informação ofertada para ginais, identificando seus custos e impactos
o desenvolvimento desta própria análise. no desempenho, substituindo ou questio-
Todos os projetos geralmente começam nando-os com fatos.
Avaliação de Projetos
44

fixação em conceitos de design anteriores

H
á uma tendência natural nos seres cegueira à evidência que refuta a teoria do-
humanos para resistir à mudança, minante ou apoia uma explicação alternativa.
especialmente em relação às so- Se, e apenas se, a hipótese de tentativa ori-
luções de longa data que parecem estar ginal for eventualmente correta, a nossa
funcionando muito bem. “Em time que está investigação leva a qualquer contribuição
ganhando, não se mexe!” deve ter saltado à significativa para o conhecimento.
sua memória ao ler as primeiras linhas deste Através destas observações, Chamberlin
tópico. Estamos todos familiarizados com este (1843 - 1928) desenvolveu o método de múl-
mantra. Enquanto há um senso comum de tiplas hipóteses de trabalho que envolve o
inegável aceitação a esta frase, não devemos desenvolvimento, antes da pesquisa, de várias
deixá-lo constranger nossa criatividade e o hipóteses que podem explicar o fenômeno a
desejo de encontrar uma solução que pode ser estudado. Muitas dessas hipóteses serão
funciona melhor. contraditórias, de modo que alguns, se não
O notável geólogo americano Thomas C. todos, irão revelar-se falsos. No entanto, o
Chamberlin (1843-1928) abordou esse con- desenvolvimento de várias hipóteses antes
ceito que se aplica à execução do método da investigação nos permite evitar a armadi-
científico. Ele observou que houve uma forte lha da hipótese de decisão e, portanto, torna
tendência entre os cientistas e pesquisadores mais provável que a nossa pesquisa possa
em seu desejo de chegar a uma interpreta- levar a resultados significativos. Através desta
ção ou explicação, que normalmente levou abordagem, todas as possíveis explicações
a uma interpretação preliminar com base para o fenômeno a ser estudado podem ser
em um exame inicial de um único exemplo consideradas com a mente aberta, incluindo
ou caso. Ele percebeu que essa tentativa de a possibilidade de que nenhuma das explica-
explicação, como tal, não era uma ameaça ções ou soluções seja viável e a possibilidade
à objetividade, mas se ele começou acre- de explicação de algo novo possa surgir.
ditado como confiável sem maiores testes, Como no caso do primeiro exemplo, “em
poderia cegar-nos para outras possibilida- time que está ganhando, não se mexe”, as
des que foram ignoradas à primeira vista. observações de Chamberlin são bastante re-
Essa explicação prematura pode se tornar levantes. Geralmente, há uma fixação com a
uma teoria experimental e, em seguida, uma solução existente ou modo de fazer as coisas.
teoria dominante, e, posteriormente, a nossa Isto pode inibir o potencial para a melhoria
investigação torna-se focada em confirmar do valor.
aquela teoria dominante. O resultado é uma O processo de VM ajuda a resolver este
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45

problema, uma vez que as alternativas quantificados para os tomadores de decisão.


estão livres para ser desenvolvidas, inclu- Muitas vezes, é o risco associado a não
sive desafiando status quo. Os benefícios mudar que se torna a justificativa convin-
e os riscos associados com a mudança são cente para a ação.

circunstâncias temporárias

C
ircunstâncias temporárias surgem tão logo a perturbação cesse. No entanto,
em resposta a uma interrupção do em muitas circunstâncias e, especialmen-
fluxo de trabalho habitual e pode te, dentro de organizações maiores, há uma
manifestar-se de várias maneiras, tais como tendência a ignorar essas soluções rápidas
a falta de um determinado material ou um como temporárias, e a mudança de volta às
problema de produção inesperado. Quando operações normais nunca acontece.
estas circunstâncias surgem, invariavelmen- A comunicação que ocorre durante um
te, a solução será desenvolvida como uma estudo de valor dentro da equipe multidis-
medida paliativa. Geralmente, a forma de ciplinar que aplica a metodologia do valor
contornar é mais dispendiosa ou demorada, ajuda a trazer à tona essas questões e fornece
e a intenção é voltar para o método antigo um meio de corrigir a situação.

certezas honestas e equivocadas

E
ssas podem resultar de condiciona- subjacentes, os quais ele discute longamen-
mento mental, bem como da pronta te. Dois deles se encaixam muito bem com
aceitação de uma opinião, de um a noção de “crenças honestas e equivoca-
boato ou especulação sem justificação ou das”. Esses são:
verificação. Elas são muitas vezes resultado 1. A sabedoria popular está muitas
da propagação contínua e de longa data vezes errada. É algo normalmente
de motivações fracas, conforme citamos aceito no Brasil que o dinheiro ganha
anteriormente. Em seu livro best-seller eleições. Basta olhar para a eleição
Freakonomics, o autor Steven Levitt iden- presidencial de 2010 para confirmar
tifica uma série de princípios econômicos isso, certo? Os gastos declarados
Avaliação de Projetos
46

na campanha presidencial daquele por cento do valor da venda das casas ven-
ano totalizaram quase meio bilhão didas. Isso é, algo em torno de nove mil reais
de reais. A candidata do governo, sobre a venda de uma casa de 300 mil reais.
cujo apoio de imagem e máquina Onde o uso da informação privilegiada entra?
governamental foi essencial no Veja que, se o cliente vendedor insistir em uma
processo, ainda que seu orçamento venda do imóvel pelo valor de R$330 mil, este
estivesse alguns poucos milhões adicional de trinta mil significa muito para ele:
atrás do principal adversário político. dez por cento a mais, e dá pra se fazer muita
Com base na análise dos dados coisa com essa soma de dinheiro. A lógica
apresentados no Freakonomics, um comum é que, se vender por este preço, o
candidato vencedor pode cortar agente também receberá maior comissão.
seus gastos em 50 por cento e Na realidade, o que se percebe é outra
perder apenas 1 por cento dos votos, coisa, já que o esforço necessário para vender
enquanto um candidato perdedor o mesmo imóvel por um preço maior exigirá
que duplica seus gastos pode mais tempo, recursos, contatos, enfim, o be-
igualmente esperar para pegar um nefício percebido diminui conforme a venda
por cento a mais de votos. não é efetivada, mesmo que este seja três
2. Peritos usam sua vantagem por cento do valor mais alto: R$9.900. Chega
informacional para atender a seus um momento em que o vendedor pondera
próprios interesses. Aqui, Levitt que esperar tanto e investir muito mais para
mostra como os especialistas podem ganhar apenas novecentos reais não vale
facilmente explorar a nossa confiança a pena, o que o leva a solicitar uma baixa
e nos levam a acreditar que eles de preço ao vendedor. Uma venda facilita-
estão trabalhando a nosso favor da torna a comissão de nove mil reais muito
ao invés de si mesmos. Agentes mais próxima, ao custo de novecentos reais
imobiliários costumam trabalhar para o agente imobiliário, mas TRINTA MIL
para uma comissão da venda total REAIS para o vendedor da casa.
de um imóvel. É lógico que os seus A aplicação da Metodologia do Valor faci-
interesses estão em linha com os lita desafiar tais crenças com fatos verdadeiros
seus clientes, e quanto maior o valor e ajuda a dissipá-los através do desenvol-
da venda obtido pelo corretor em vimento de alternativas que poderiam ser
uma propriedade de um cliente, mais ignoradas sem análise e quantificação dos
dinheiro ganhará. benefícios no ambiente atual. Através do foco
No entanto, como Levitt mostra, os dados da VM no usuário, equívocos, como os acima
pintam um quadro muito diferente. O corre- identificados, podem ser revelados e estraté-
tor de imóveis ganha aproximadamente 3% gias desenvolvidas para enfrentá-los.
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47

hábitos e atitudes

H
ábitos e atitudes são desenvolvidos assim, sua mãe respondia que assim ficava
por indivíduos ao longo de suas mais gostosa a carne, e que havia aprendido
vidas. Esta forma enraizada de com- isto com a avó da jovem. Não muito satisfeita
portamento pode levar a um grau terrível de e ainda muito curiosa, na primeira oportu-
ignorância no que diz respeito à tomada de nidade que foi possível, viu a vó fazendo a
decisões que conduzem a um bom valor. Há mesma coisa: cortando uma parte da carne
uma série de camadas de hábitos e atitudes e colocando a maior parte na panela. Com
que todos nós possuímos relacionados com um grande sorriso, perguntou à querida vovó
a nossa cultura, religião, profissão e estilos de como cortar aquele pedaço deixaria a carne
vida. Enquanto muitos de nossos hábitos e mais saborosa. Qual o espanto da avó pela
atitudes são bastante positivos, eles também curiosidade da jovem... “Mais saborosa? Não,
podem criar pontos cegos em relação à nossa só corto a carne porque o pedaço que seu
capacidade de tomar decisões de alto valor avô sempre compra é muito grande para pôr
agregado no local de trabalho. As empre- na panela...”
sas muitas vezes entram em apuros quando As pessoas executam tarefas o tempo
a motivação de lucro – que está enraizado todo sem realmente pensar sobre elas ou
na cultura corporativa – assume o controle saber por que estão as fazendo. Se elas pa-
absoluto. rassem para perguntar coisas como: “Por que
Hábitos e atitudes representam o maior estamos a apresentar estes relatórios?” ou “por
obstáculo para alcançar um bom valor. Um que tanto a contabilidade quanto as compras
pensamento habitual pode ser extrema- precisam aprovar essa requisição?” Abaixo
mente difícil de superar. Se você perguntar segue bons exemplos de hábitos e atitudes
a alguém repetidamente “Por que você faz de comportamento que influenciam no am-
assim?”, Geralmente pela terceira vez, eles biente de trabalho: Nós fizemos isso dessa
vão responder: “Porque esse é o jeito que eu maneira em nosso último trabalho.
sempre fiz isso!” Esta resposta por vir até mais • Nós fizemos isso dessa maneira em
rápido no local de trabalho. nosso último trabalho.
Lembro-me de uma anedota sobre • Isto se desvia dos procedimentos
hábitos que meu pai contava quando tinha padrão.
oportunidade ao proferir seus sermões. • Nós nunca fizemos isso antes.
Contava que uma jovem via que sua mãe, ao • Isto vai criar um precedente.
cozinhar, sempre tirava a ponta de um pedaço • É muito arriscado.
de carne. Ao questioná-la a razão de fazer • A administração não vai gostar.
Avaliação de Projetos
48

• Não foi testado. vida, no entanto, a sua própria natureza reflete


• Isto não está em conformidade com a ausência de ponderação. A melhor maneira de
política da empresa. superar o pensamento habitual é conscienti-
• A matriz nunca vai aprovar isto. zar as pessoas sobre o que elas estão dizendo
As respostas acima identificadas representam e, para em seguida, levá-las a pensar sobre
obstáculos à mudança com base em formas isso. As pessoas geralmente não são cons-
habituais de fazer as coisas. É importante re- cientes de que suas respostas habituais estão
conhecê-las pelo que são e não deixá-los enraizadas tão profundamente e, uma vez
entrar no caminho da inovação. Lembre-se, que as raízes são expostas pelo que elas são,
os hábitos são uma parte necessária da nossa estas estão mais aptas a aceitar as alterações.

O efeito dos custos irrecu- no da obra. Veja o que Márcio de seu patrimônio.
peráveis, ou sunk costs, é Chalegre Coimbra escreveu Este é o pano de fundo para
um aspecto a se considerar em outubro de 2000 (<http:// entender como os custos ir-
quando da análise de proje- jus.com.br/artigos/1884/ recuperáveis são considera-
tos. Como exemplo, lembre- trt-de-sao-paulo-terminar dos quando da decisão de
se do escândalo envolven- -a-obra>). O desvio de re- continuar ou paralisar um
do a construção do Tribunal cursos, algo dimensionado projeto ou uma obra. Cen-
Regional do Trabalho – TRT, em torno de R$169 milhões tenas de outros milhões de
nos anos 90. Naquela época, naquela época, ocorreu com reais foram dispendidos para
vieram à tona as extravagân- a conivência de pessoas fí- concluir a construção do TRT
cias do presidente do TRT, o sicas, jurídicas, funcionários em São Paulo, elevando ain-
então juiz Nicolau dos Santos públicos, e há pouco tempo da mais os custos envolvidos
Neto, vulgo Lalau, cuja ges- o presidente do grupo OK, e tornando obviamente mais
tão consumiu R$263,9 mi- senador da república cassa- lenta e difícil a recuperação
lhões de 1992 a 1998, quan- do, Luiz Estevão, fez acordo deste investimento. Ainda
do a obra foi paralisada por com a Advocacia Geral da assim, optou-se por concluí
decisão da Justiça Federal. União, propondo devolver -lo mesmo diante de custos
Um artigo a este respeito aos cofres públicos a soma políticos, sociais e repercus-
pode esclarecer e fundamen- de R$468 milhões, em 96 são pública de uma obra fa-
tar melhor a análise que foi parcelas, ou como foi alarde- raônica inacabada.
realizada para decidir o desti- ado, algo em torno de 10%
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49

considerações finais

Desenvolver uma compreensão básica de valor não é


essencial apenas para o especialista na metodologia de
valor, mas para todos os indivíduos e organizações en-
volvidas na criação e entrega de produtos, instalações
ou serviços. É realmente surpreendente que tão pouco
seja entendido sobre a natureza do valor quando tanto
depende da garantia de que um bom valor seja alcan-
çado. Em última análise, é o cliente ou usuário final que
vai decidir o valor, e não a organização.
Avaliação de Projetos
50

atividades de autoestudo

1. Enumere cinco situações neste ano pelas quais você passou, em que fez as coisas
por impulso, ou seja, sem qualquer questionamento sobre as razões de agir daquela
maneira.

1.

2.

3.

4.

5.

2. Pondere agora sobre estes fatos e desenvolva duas alternativas conscientes para
elas. Não considere outros aspectos quaisquer, como custos etc.

1 A) 1 B)

2 A) 2 B)

3 A) 3 B)

4 A) 4 B)

5 A) 5 B)
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51

Livro
Título: Análise de Valor Agregado – Revolucionando o Gerenciamento de Prazos e Custos
Autor: Ricardo Vargas
Editora: Brasport
Sinopse: quinta edição do mais atual e completo livro sobre análise de valor agregado
(Earned Value Analysis), uma das ferramentas de avaliação e gerenciamento de proje-
tos mais utilizada no mundo e em todos os contratos do governo norte-americano. O
livro aborda desde conceitos básicos até a viabilidade da ferramenta em projetos es-
pecíficos, incluindo um capítulo sobre o uso do Microsoft Project 2010 na análise de
valor agregado.
2 DESENVOLVENDO UM PLANO DE TRABALHO
CONFORME METODOLOGIA DO VALOR

Professor Dr. Daniel Eduardo dos Santos

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• O Plano de Trabalho da Metodologia do Valor
• Preparação
Objetivos de Aprendizagem • Informações
• Reconhecer e distinguir as etapas que compõem a • Função
Metodologia do Valor (VM). • Especulação
• Estruturar ações de análise de projeto conforme VM. • Avaliação
O método prático da metodologia de valor desenvolve uma hipó-
tese científica (solução) ou, em alguns casos, múltiplas hipóteses de
trabalho. O Plano de Trabalho dedica uma fase inteira para a criação
de ideias que irão abranger as funções. Há uma clara e deliberada
separação do processo criativo (imaginação) da análise (julgamen-
to pelo conhecimento e experiência).

Desde a criação do Plano de Trabalho básico, uma infinidade de


variações foram desenvolvidas para atender às necessidades e exi-
gências específicas dos indivíduos e organizações aplicando a VM.
Qualquer Plano de Cargos que não inclui tais etapas, e na mesma
ordem relativa, como veremos a seguir, não está aplicando corre-
tamente a Metodologia de Valor.
Avaliação de Projetos
54

o plano de trabalho
da metodologia
do valor

O
bserve que o Plano de Trabalho que está
sendo apresentado neste livro é com-
posto por oito fases abaixo identificadas.
Trataremos da primeira até a quinta fase (Preparação
a Avaliação) nesta unidade, e as demais restarão para
discussão na Unidade III.
1. Preparação
2. Informações
3. Função
4. Especulação
5. Avaliação
6. Desenvolvimento
7. Apresentação
8. Implementação
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55

O moderno Plano de Trabalho VM é ilustrado na figura a seguir.

Preparação Desenvolvimento Apresentação

Informação Avaliação Implementação

Função Especulação

Figura 9: Plano de Trabalho da Metodologia de Valor


Fonte: elaborada pelo autor

Normalmente, a fase de preparação é realizada antes do estudo de valor, e a fase de execu-


ção ou implementação é realizada após o estudo de valor.
Avaliação de Projetos
56

ra
s à ob
m ão
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57

preparação

P
reparação completa é fator crítico para seguintes passos:
o sucesso de qualquer estudo de valor. • Identificar os projetos de estudo de
A primeira parte dessa preparação é valor
identificar qual projeto está sendo estuda- • Identificar o momento do estudo de
do e quando será estudado. Uma variedade valor
de técnicas podem ser utilizadas para sele- • Realizar uma reunião pré-estudo
cionar os melhores projetos para estudar e Cada uma dessas etapas será abordada
identificar o timing correto para o estudo de a seguir.
valor em relação ao ciclo de vida do projeto. Identificar o projeto ou
Um nível básico de compreensão é al- parte de um projeto
cançado pelo ajuntamento e revisão da Identificar o projeto certo ou partes de
informação apropriada antes de iniciar um um projeto (se for de tamanho, custo ou
estudo. Dependendo do tipo de estudo, as complexidade considerável) é o primeiro
informações necessárias podem sofrer va- desafio na preparação para um estudo de
riação. No entanto, em todos os estudos das valor. Na maioria dos casos, a necessidade
necessidades e objetivos do projeto, os atri- de um estudo de valor em um projeto es-
butos e requisitos de desempenho devem ser pecífico será óbvia.
compreendidos, objetivos específicos devem Em grandes organizações, normalmen-
ser definidos, e custos atuais devem ser reu- te os recursos são limitados para realizar os
nidos e organizados. estudos de valor, ou ainda existem muitos
Um dos passos fundamentais no cum- projetos potenciais para se escolher. Em
primento desses requisitos é a realização ambos os casos, pode ser necessário dar
de uma reunião de análise para organizar atenção na seleção de projetos que irão pro-
e planejar o estudo de valor. Esta reunião piciar melhor retorno sobre o investimento.
geralmente inclui o especialista de valor, o Nas situações descritas acima, um pro-
gerente do projeto, a equipe do projeto, as grama para estimular a geração de itens para
partes interessadas e, em alguns casos, os estudos de valor é essencial, principalmente
demais membros da equipe de valor. Este durante as fases iniciais de um programa de
encontro vai resultar em um estudo de valor gestão de valor. Conforme as pessoas ficam
bem definido e irá identificar metas, objeti- mais familiarizadas com a VM e seus benefí-
vos, suposições e restrições. cios, a geração e obtenção de boas áreas de
A fase de preparação apresenta os estudo se tornam algo quase automático,
Avaliação de Projetos
58

tornando os métodos formais de geração projeto deve acolher esse processo, uma vez
menos essenciais. que auxilia na compreensão do proprietá-
Estudos têm mostrado que é a equipe do rio e/ou das verdadeiras necessidades do
projeto que tem de longe o maior impacto usuário, eliminando ainda no processo quais-
sobre o custo do ciclo de vida total de um quer ambiguidades.
projeto. O proprietário também tem um Identificar o momento do
impacto significativo sobre os custos, ele es- Estudo de Valor
tabelece os requisitos que se tornam a base É responsabilidade do gerente de projeto,
para os esforços da equipe de desenvolvi- ou idealmente do gerente do programa de
mento do projeto. Entre eles, o proprietário valor, assegurar que os estudos de cada
e a equipe do projeto estabelecerão cerca projeto sejam agendados no momento certo.
de 70 por cento do custo do ciclo de vida Isso requer consciência de toda a gestão e do
total do projeto até o final da fase de pla- pessoal de desenvolvimento de projetos dos
nejamento do projeto. Assim, é evidente benefícios que podem ser alcançados através
que uma análise da VM feita durante a fase do processo de VM, assim como da necessi-
de planejamento tem um enorme poten- dade de incorporá-los em todas as fases de
cial para melhorar o desempenho e reduzir desenvolvimento do projeto. Muitas vezes,
custos. Nessa fase do projeto, o esforço da os projetos estão bem avançados antes de
VM pode ajudar o proprietário no estabele- estudos de valor serem realizados.
cimento de suas verdadeiras necessidades. Quando a VM deve ser aplicada a um
Isto requer uma compreensão completa da projeto? Teoricamente, a VM pode ser apli-
função básica a ser executada pelo projeto. cada a qualquer momento durante o ciclo
O diálogo entre o especialista de valor, o pro- de vida de um projeto, desde a concepção
prietário e a equipe do projeto deve visar até a conclusão e eventual substituição. De
profundidade e, uma vez que para a VM nada forma objetiva, podemos considerar que a
é absolutamente verdadeiro ou garantido, VM deve ser aplicada em fases específicas do
esta questiona tudo e insiste sobre a justi- desenvolvimento de um projeto a fim de al-
ficação de todos os requisitos. A equipe do cançar o máximo de resultados.
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Alto
Potenciais
Benefícios
Valor

Ponto de
Equilíbrio
Custo das
Baixo Mudanças

Planejamento Design Compras

Figura 10: Potencial de Melhoria de Valor


Fonte: elaborada pelo autor

A
primeira aplicação do esforço de da fase de concepção, uma estimativa or-
VM deve ser feita durante a fase de çamental é produzida, a qual define metas,
planejamento do projeto. Esse é o requisitos e critérios aplicáveis​​.
ponto do ciclo de vida do projeto onde existe Estudos têm mostrado que é a equipe do
a máxima flexibilidade para realizar mudan- projeto que tem, de longe, o maior impacto
ças, sem incorrer em despesas indevidas sobre o custo do ciclo de vida total de um
em redesign. Conforme o desenvolvimento projeto. O proprietário também tem um
do projeto progride, o custo de fazer altera- impacto significativo sobre os custos, uma
ções aumenta até um ponto de não retorno vez que estabelece os requisitos e estes se
ser atingido, onde os benefícios potenciais tornam a base para os esforços da equipe de
são dissolvidos pelos custos de redesenho, desenvolvimento do projeto. Entre o proprie-
reordenamento e reescalonamento. Isto é tário e a equipe do projeto temos cerca de
mostrado na figura a seguir. Logo no início 70 por cento do custo do ciclo de vida total
Avaliação de Projetos
60

do projeto até o final da fase de planejamen- ser tomada, e quando o empreiteiro, fabrican-
to do projeto. te ou fornecedor identifica as áreas em que
Com o avanço do desenvolvimento ele ou ela sentem que algo pode ser melho-
do projeto, desde os estágios conceituais rado. Pode surgir a primeira situação, quando,
através dos estágios finais de desenvolvi- por exemplo, um item for identificado pelo
mento, o esforço da VM deve manter o ritmo. esforço de VM durante a fase preliminar de
De preferência, o especialista em valor deve desenvolvimento do projeto, mas que exige
acompanhar cada etapa do projeto, a fim de testes ou pesquisa antes de decisão. Mesmo
fornecer orientação contínua para a equipe depois, com o atraso inerente a um tal proces-
do projeto e garantir que juízos de valor so, pode ser vantajoso para segui-lo quando
sejam suficientemente destacados, atrain- o potencial de economia e melhoria são de
do a atenção do proprietário para decisão. No grande magnitude. Cláusulas de Incentivo
mínimo, a análise de VM deve ser realizada de Valor fornecem um meio para a partilha
no início da fase de projeto e acompanhada de redução de custos entre os empreiteiros
nas etapas preliminares. Neste ponto, as de- e proprietários.
cisões de desenvolvimento do projeto que Realizar reunião
foram feitas permitem um grau razoável de de pré-estudo
precisão na determinação dos custos ini- Começar com o pé direito em um estudo
ciais. Estudos adicionais de VM podem ser de valor é semelhante a iniciar um novo tra-
proveitosamente realizados até no máximo balho. Estabelecendo as responsabilidades de
na fase final de desenvolvimento, apesar de cada participante teremos um esforço bem
que os elementos que podem ser alterados coordenado. Isto pode ser melhor tratado em
sem causar maiores atrasos de cronograma uma reunião de orientação com o proprie-
e despesas de redesenho caros estão sensi- tário, a equipe do projeto e o especialista de
velmente limitados. valor que irá facilitar o estudo. Nessa reunião,
O esforço da VM também pode ser apli- o especialista de valor deve delinear todo o
cado durante a fase de aquisição ou compras processo da Metodologia do Valor. É impor-
(produção, a construção, ou a aplicação) do tante lembrar que, em muitos casos, esta
produto. Isto ocorre a partir de duas situações será a primeira exposição do proprietário e
possíveis: quando um item for identificado da equipe do projeto à Metodologia de Valor.
por um estudo de VM anterior, o qual precisa A equipe do projeto pode ficar perplexa, ao
de mais investigação antes de uma decisão perceber que o especialista em valor está
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avaliando o projeto. Haverá muitos medos “afirmação de necessidade e finalidade” como


subjacentes e questões que devem ser res- um elemento padrão dentro do processo de
pondidas nessa sessão. desenvolvimento do projeto.
O que se segue é uma lista de passos que Uma vez que as funções e os requisitos
contribuem para uma reunião de pré-estu- básicos são compreendidos e acordados
do de sucesso: em relação ao escopo do projeto, o próximo
• Coletar informações sobre o projeto. passo é começar o processo de definição de
• Identificar o escopo do projeto, desempenho. O desempenho ou objetivos
cronograma e custo. do projeto em terminologia de gerenciamen-
• Definir os requisitos de desempenho e to de projetos pode ser dividido em duas
atributos – Métricas de Valor. categorias: requisitos e atributos. O termo
• Estabelecer metas de estudo de valores “requisitos” é usado para descrever as caracte-
e objetivos. rísticas de desempenho que são obrigatórias,
• Definir escopo do estudo o valor. enquanto que “atributos” podem possuir
• Identificar os participantes do estudo uma faixa de valores aceitáveis. Atributos
de valor. são flexíveis, enquanto requisitos são rígidos.
• Definir a agenda do estudo de valor. Uma solução potencial que não satisfaz um
• Organizar a logística do estudo de requisito de desempenho não pode ser con-
valor. siderada, mas um atributo de desempenho
É importante ter os dados necessários dis- pode ser ainda definido através da criação de
poníveis antes do início do estudo, a fim de uma gama de parâmetros aceitáveis. Ambos
economizar tempo e esforço. Esses dados são – atributos e requisitos de desempenho –
normalmente adquiridos pelo especialista devem ser identificados nesta fase inicial do
em valor e dado aos membros da equipe de plano de trabalho da VM.
valor para a revisão antes da primeira reunião Na tabela a seguir, um requisito de desem-
da equipe. penho e um atributo de desempenho foram
A informação acima identificada irá identificados. Os exemplos dados são de um
fornecer ao especialista de valor detalhes es- estudo de produtos de uma empilhadeira de
pecíficos relevantes para o escopo do projeto, 1,5 toneladas. Claro, haveria inúmeros requi-
cronograma e custo. A VM deve começar sitos e atributos definidos para um projeto
nesse nível fundamental. A maioria dos pro- como este, mas vamos nos concentrar em
jetos inclui a “declaração do escopo” ou uma apenas um de cada neste exemplo.
Avaliação de Projetos
62

Requisito Atributo
Capacidade de Carga Ergonomia
Uma medida de quão bem o veículo pode ser ajustado para otimizar
O veículo deve ser capaz de levantar 1,5 toneladas a uma altura de 2,5
o uso da máquina para um usuário específico. Este atributo considera
metros acima do piso.
conforto, facilidade de uso e produtividade.
Tabela 2: Atributos e Requisitos de Desempenho
Fonte: elaborada pelo autor

E
stabelecer as metas e objetivos de um estudo de valor é fator crítico.
Estudos de valor podem ter diferentes objetivos, dependendo dos tipos
de problemas que a equipe do projeto venha a enfrentar. Os partici-
pantes da equipe de VM devem ter uma compreensão clara de quais são os
objetivos do patrocinador do estudo antes do início do estudo de valor. Eles
podem variar drasticamente, dependendo do estado do projeto ou da razão
para a realização do estudo de valor.
Por exemplo, as metas e objetivos de um estudo de valor podem ser:
• Objetivo: identificar um meio para reduzir o tempo de processamento.
• Meta: reduzir em duas semanas.
• Objetivo: construir um consenso entre as partes interessadas de um
escopo do projeto ideal.
• Meta: identificar um escopo do projeto que possa ser entregue
dentro do orçamento anual.
• Objetivo: aumentar a participação de mercado do produto.
• Meta: aumentar em 5 por cento.
• Objetivo: reduzir os custos do projeto.
• Meta: recolocar o projeto dentro do orçamento.
• Objetivo: reduzir os custos de produção.
• Meta: reduzi-los em 10 por cento.
• Objetivo: Reduzir o risco do projeto.
• Meta: identificar os métodos específicos para reduzir os riscos de
litígio.
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63

C
omo estes objetivos e metas indicam, para começar a identificação dos partici-
a metodologia de valor pode ser pantes para a equipe de estudo de valor.
utilizada de inúmeras formas dife- Dependendo do orçamento do estudo de
rentes, todas visando à melhoria valor. Ela valor e desejos do patrocinador do estudo,
deve sempre relacionar-se com o escopo os participantes da equipe de valor podem
do projeto, cronograma, riscos e custos. Ter ser selecionados a partir de uma variedade
uma declaração clara de metas e objetivos do de fontes:
estudo vai ajudar a equipe de valor a manter • Membros da equipe do projeto.
o foco nas expectativas do patrocinador do • Proprietário do projeto ou o
estudo para o esforço de VM. representante do patrocinador do
O valor a ser alcançado deve ser deter- estudo.
minado durante a fase de preparação. O • Os clientes ou usuários.
especialista em valor terá de dar orientação • Partes interessadas externas do projeto.
do patrocinador do estudo e/ou da equipe • Consultores técnicos especialistas.
do projeto. Será que o estudo de valor con- A maioria das equipes de estudo de valor
siderará o projeto inteiro ou apenas alguns inclui uma mistura de indivíduos prove-
elementos? Relacionada com a questão do nientes dessas fontes. Isto é desejável, pois
escopo, o estudo de valor é a necessida- proporciona a melhor secção transversal de
de de identificar os parâmetros em que a perspectivas sobre o projeto atual. Membros
equipe de valor pode recomendar mudanças da equipe do projeto serão capazes de con-
no escopo do projeto original. Por exemplo, tribuir com seu conhecimento íntimo do
pode a equipe questionar os objetivos do projeto e sua história.
projeto, tais como os critérios de projeto ou A composição da equipe técnica é outro
marcos de entrega do projeto? Definir cor- aspecto importante na seleção dos membros
retamente o escopo do estudo de valor vai da equipe de estudo de valor. Idealmente,
ajudar a garantir que a equipe de valor não uma equipe multidisciplinar estará envolvi-
ultrapasse seus limites ou gaste um tempo da, representando a especialização de cada
valioso com questões sobre as quais não tem campo específico de conhecimento neces-
capacidade para promover a mudança. sário para desenvolver plenamente o projeto.
Uma vez que o(a) especialista de valor Selecionando uma equipe técnica bem equi-
desenvolveu uma compreensão básica do librada irá multiplicar consideravelmente a
projeto, ele ou ela estará em uma posição sua eficácia. Como a equipe de estudo de
Avaliação de Projetos
64

valor desenvolve conceitos alternativos, ela estudo de valor deve se encaixar perfeitamen-
será capaz de resolver problemas técnicos te no cronograma do projeto. Idealmente, o
que possam surgir. Frequentemente, uma estudo de valor pode ser agendado durante
nova alternativa gerará impactos não pre- um marco (ou milestone), quando o projeto
vistos em outras áreas técnicas ou mesmo será submetido a uma revisão intercalar ou
outros projetos relacionados. Uma equipe período de aprovação.
multidisciplinar geralmente agrega conheci- O especialista em valor deve preparar
mentos de várias áreas, e tais conhecimentos uma lista de contatos identificando os papéis
garantem maior probabilidade de capacidade dos vários participantes que irão participar.
de resposta a demandas que eventualmen- Essa lista deve incluir todos os que estarão
te ocorram. envolvidos no esforço de valor, incluindo os
Uma das preocupações mais importantes participantes da reunião. Nomes, endereços,
para a equipe do projeto será o cronograma números de telefone e endereços de e-mail
para o estudo de valor. O cronograma de devem ser incluídos.
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informações

O
objetivo principal da fase de in- é produzido, construído, fornecido,
formação é a obtenção de um instalado, consertado, mantido,
entendimento completo do projeto substituído, operado e quais materiais
em estudo. As informações coletadas antes são utilizados na sua produção. É
e durante o estudo são analisadas e discuti- sempre útil se os fatos relacionados ao
das pela equipe. Normalmente, a equipe do projeto podem ser analisados.
projeto e/ou o gerente do projeto vai apre- • Toda a informação é relevante,
sentar o status atual do projeto para a equipe independentemente de quão
de valor e responder às suas perguntas. As desorganizada ou aparentemente
principais considerações nessa fase incluem: não relacionada esteja. Depois
• As relações humanas são muito de reunir todas as informações
importantes para o sucesso de disponíveis, os fatos devem, então,
qualquer estudo de valor. “Pessoas ser organizados, assim como cópias
problemas” causam muitas vezes de todos os documentos importantes
situações mais difíceis de resolver do serem obtidos. Quanto maiores as
que problemas técnicos. A eficácia informações trazidas a respeito do
dos esforços de um(a) especialista problema, maior é a probabilidade de
em valor depende da quantidade de desenvolvimento de um estudo de
cooperação que ele ou ela é capaz valor bem-sucedido e produtivo. A
de obter da equipe de projeto de falta de informação não deve impedir
desenvolvimento, dos clientes, dos o desempenho do esforço da VM, pois
stakeholders e dos membros da equipe provavelmente maiores e melhores
de estudo de valor. informações tornar-se-ão disponíveis
• Todos os fatos pertinentes ao projeto conforme avança o estudo. De fato, a
devem ser expostos e elaborados em disponibilidade de informação deve
conjunto, incluindo os requisitos de desempenhar um papel significativo
desempenho do cliente e os objetivos na definição do escopo e dos objetivos
do proprietário ou patrocinador, a do esforço de estudo de valor.
história do projeto, seu custo e ainda Diz-se que vivemos na Era da Informação e
a performance esperada. Todos que, como todos os estágios de evolução
os aspectos do projeto devem ser da sociedade, isto traz consigo as dualida-
questionados e examinados: como des inevitáveis de crescimento e decadência.
Avaliação de Projetos
66

Durante a Era Industrial, o mundo viu um Se o sucesso de um projeto está dire-


crescimento sem precedentes na eficiên- tamente relacionado com a qualidade e
cia do esforço humano, especialmente no pontualidade das informações em que se
domínio da construção, fabricação e do baseia, então isso é duplamente verdadeiro
transporte. Ao mesmo tempo, ele também para estudos de valor. A maioria dos projetos,
testemunhou a generalizada, e às vezes ca- especialmente durante as últimas fases do
tastrófica, degradação do meio ambiente em seu desenvolvimento, terá volumes gerados
termos de poluição, o desmatamento e a ex- de informação. A equipe do projeto, que
tinção de espécies. tem sido responsável pela geração, coleta
Conforme se passam as eras, a tendência e organização dos dados, possui um nível
tem sido de que essas forças desequilibradas de familiaridade com ele que a equipe de
tendam a voltar ao equilíbrio. O crescimento valor não será capaz de alcançar. Além disso,
que temos visto na última década em termos poucos, se houver, membros da equipe do
de nossa capacidade de criar informação ul- projeto terão uma plena apreciação e com-
trapassou em muito a nossa capacidade de preensão de todos os aspectos da informação
organizar, analisar e tirar conclusões signifi- utilizada para desenvolver o projeto.
cativas a partir delas. Somos bombardeados Com relação a informações sobre o
por palavras e imagens assistindo televisão, projeto, a equipe de valor estará em uma
ouvindo o rádio, lendo o jornal, ou simples- posição incomum. Enquanto os membros
mente andando pela rua. A informação que é começam o estudo do ponto de vista re-
gerada no ambiente de trabalho é igualmen- lativamente desinformado, essa falta de
te impressionante. Precisamos apenas abrir conhecimento também lhe dá liberdade a
nossas contas de e-mail depois de alguns partir dos pressupostos e conclusões que
dias longe do escritório para apreciar este foram feitas pela equipe do projeto. Nessa
fenômeno. O desafio do dia, então, ao que fase do plano de trabalho, o objetivo do es-
parece, é nos concentrarmos em maneiras pecialista em valor, assim como de outros
de direcionar nossos esforços para o desen- membros da equipe de valor, será primeiro
volvimento e organização de dados de forma desenvolver uma compreensão aprofundada
significativa. do projeto relevante para a sua declaração do
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escopo (ou seja, a necessidade e finalidade), que a fase de informação não é uma rua de
que, se bem escrita, é baseada em exigências sentido único. Em outras palavras, o desen-
do cliente ou usuário. Uma vez que isto foi volvimento de uma compreensão completa
realizado, cada membro da equipe de valor do projeto é melhor alcançado através do es-
pode então se concentrar em suas respectivas tabelecimento de um diálogo ativo entre a
áreas de especialização, em preparação para equipe do projeto, os clientes, os proprietá-
o desenvolvimento de conceitos alternativos. rios, as partes interessadas e a equipe de valor.
A Fase de Informação apresenta os se- É fundamental que a equipe de valor
guintes passos: tenha ampla oportunidade de rever toda a
• Coletar e analisar informações de informação relevante do projeto antes do
escopo do projeto. início do estudo de valor. É recomendado
• Coletar e analisar informações do um tempo de pelo menos uma semana para
cronograma do projeto. que os membros da equipe de estudo de
• Coletar e analisar informações de valor possam analisar as informações. Tempo
custos do projeto. adicional pode ser justificado para projetos
• Os custos iniciais. particularmente grandes ou complexos.
• Os custos do ciclo de vida. Em um mundo perfeito, os diferentes
• Coletar e analisar informações de risco tipos de informações sobre o projeto serão
do projeto. distribuídos aos membros da equipe de valor
• Conduzir a reunião de lançamento do em um tempo hábil. No entanto, como todos
estudo de valor. sabemos, não vivemos em um mundo per-
• Identificar e avaliar o desempenho do feito. Invariavelmente, haverá pedaços de
projeto – Métricas de Valor. informação que serão desenvolvidos poste-
• Conduta visita ao local (se aplicável). riormente ou então não estão organizados
Na fase de preparação, nos preocupamos num formato que seja imediatamente utili-
com a coleta das informações do projeto. O zável pela equipe de valor. Esperamos que
foco da fase de informação está na revisão essas “lacunas de informação” tenham sido
e análise das informações feitas pela equipe identificadas durante a fase de preparação, e
de estudo de valor. É importante lembrar a equipe do projeto estará trabalhando para
Avaliação de Projetos
68

desenvolver essa informação para que ela a WBS (Work Breakdown Structure, termo da
possa ser disponibilizada durante o estudo EAP em inglês) pode existir em vários níveis
de valor. Muitas vezes, no entanto, a informa- diferentes dentro do projeto. Por exemplo,
ção irá simplesmente não estar disponível na um EAP pode definir a entrega do projeto
hora. Este é um fenômeno bastante comum de uma instalação, enquanto outra EAP pode
em estudos de valor, especialmente naqueles definir a sua construção. Dependendo do
que são realizados no início do ciclo de vida tempo e âmbito do estudo de valor, um ou
do projeto (ou seja, no início do projeto ou ambos EAP podem ser relevantes.
fase de planejamento). Quando, por qualquer O cronograma do projeto é geralmen-
motivo, essa situação ocorre, será necessário te derivado da EAP. Existem hoje várias
identificar os pressupostos que serão utiliza- ferramentas de programação do projeto e
dos no lugar da informação. O especialista de inúmeras técnicas para gerentes de projeto.
valor deve trabalhar com a equipe do projeto Alguns dos programas mais prevalentes no
para identificar essas suposições e documen- mercado hoje incluem Microsoft Project e
tá-las para inclusão no relatório que resume Primavera. Programas como esses permitem
as conclusões da equipe de valor. o desenvolvimento de cronogramas detalha-
Uma revisão completa de informações de dos a serem desenvolvidos a partir de uma
agenda de um projeto é um passo importante EAP. Além disso, esses programas permitem
na fase de informação. Felizmente, o projeto que os recursos do projeto sejam ligados a
terá uma estrutura analítica de projeto bem atividades que ocorrem dentro da EAP.
desenvolvida. Para aqueles não familiariza- Várias também são as maneiras em que a
dos com esse conceito, a estrutura analítica programação ou cronograma de um projeto
do projeto (EAP) é um agrupamento orien- pode ser representado graficamente, os quais
tado para entrega de elementos do projeto podem ser realizados através da utilização de
que organizam e definem o escopo total software de gestão do projeto. Esses incluem:
do projeto. A EAP identifica todas as ativida- • Os gráficos de barras (também
des que ocorrem na prestação de saída do conhecidos como gráficos de Gantt).
projeto, seja um produto, processo ou serviço. • Diagramas de rede do projeto
O especialista valor deve estar ciente de que (também conhecido como diagramas
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PERT – Programa de Avaliação e que o projeto está bem avançado e tudo foi
Revisão Técnica). totalmente desenvolvido, pode a tarefa de
• Diagramas de fluxo de trabalho. estimar os custos do projeto ser relativamen-
• Fluxogramas de processo. te fácil e simples. Infelizmente, a essa altura,
O potencial para alcançar grandes economias pode ser tarde demais para mudar, e o custo
em qualquer projeto é maior durante as fases de redesenhar será muito alto e muitas al-
iniciais do ciclo de vida do projeto. Torna-se ternativas de valor devem ser descartadas
cada vez mais caro e demorado para fazer para o esquecimento. É essencial, portanto,
mudanças, independentemente de benefí- olhar para métodos pelos quais o especia-
cios, conforme o projeto progride em direção lista em valor possa ganhar uma apreciação
à conclusão. Finalmente, um ponto é alcan- dos custos logo no início do ciclo do projeto.
çado onde o custo para fazer uma mudança O custo é um dos itens mais mal com-
excede qualquer benefício potencial, é então preendidos no mundo dos negócios hoje. O
simplesmente tarde demais. Portanto, a apli- custo de um produto em estudo pode variar
cação da Metodologia de Valor em uma fase muito, dependendo de para quem você per-
precoce é importante. guntar e do nível de custos com os quais
Como disse alguém certo dia, o custo estão familiarizados. O verdadeiro custo dos
é a principal dimensão na análise de valor. procedimentos e processos dentro das orga-
Sem custos para comparação, a análise do nizações é muitas vezes desconhecido.
valor deve necessariamente ser subjetiva e, Embora o objetivo principal de muitos
consequentemente, ficar aquém do seu real estudos de valor seja a redução de custos,
potencial. É desejável desenvolver uma es- algumas organizações têm os seus siste-
timativa de custo para cada alternativa de mas de custeio criados para determinar se
valor, o qual pode então ser comparado com as metas de custo e/ou lucro serão cumpri-
o conceito de projeto original. No entanto, dos, e não necessariamente respondendo à
nas fases iniciais de um projeto, quando o pergunta de quanto custa para produzir o
potencial de poupança é de um ponto alto, produto. Como mencionado anteriormente,
muitas áreas que estão a ser estimadas ainda o custo de procedimentos de gestão, políti-
não estão claramente definidas. Só depois cas e processos pode ser desconhecido. Em
Avaliação de Projetos
70

ambos os casos, a utilização de técnicas de ajuda a equipe de valor no início do estudo


visibilidade de custo é essencial no desen- a saber onde os principais custos devem ser
volvimento de uma compreensão dos custos encontrados. A lei de econômica de Pareto
do projeto. indica que 80 por cento dos custos envolvi-
Técnicas de visibilidade de custo esta- dos totalizarão não mais do que 20 por cento
belecem regras de custeio para determinar dos itens a serem estudados.
o que está incluído no custo do projeto. Isso Ciclo de vida do custeio é o custo eco-
ajuda a equipe de estudo de valor organizar o nômico total de propriedade e operação
custo e compreender a situação atual custo, de uma unidade, dos processos de manu-
incluindo os elementos orientados. faturados ou do produto. O ciclo de vida do
Após o recebimento das informações de custeio reflete os custos presentes e futuros
custo do projeto da equipe do projeto, o es- do projeto ao longo de sua vida útil. Ele
pecialista em valor deve preparar um modelo permite a avaliação de uma determinada
de custo para o projeto. O primeiro passo na solução, e é uma ferramenta para fazer com-
preparação do modelo de custo é validar as parações. O tema subjacente é que o ciclo de
informações de custo fornecidas pela equipe vida do custeio é uma ferramenta universal
do projeto. A razão da verificação de infor- para expressar os elementos multifacetados
mações de custos é garantir que ambos os de custo e tempo em um critério uniforme
grupos concordem com os preços unitários de moedas equivalentes.
e com a quantidade de materiais e/ou de O risco é algo com que lidamos na nossa
trabalho que entraram na preparação da es- vida diária. A maioria de nós avalia os riscos
timativa de custo. Se houver discrepâncias inerentes à vida em um nível inconsciente,
nos custos, estes devem ser identificados geralmente por força do hábito. Será que
precocemente para evitar confusão ou vou ser atropelado por um carro se eu atra-
mal-entendidos durante a fase de implemen- vessar a rua? Vou queimar a minha mão se
tação do projeto. Para construir o modelo eu tirar uma panela do forno sem uma luva
de custo, o especialista em valor e/ou o es- térmica? Se você está lendo este parágra-
timador na equipe de estudo distribui valor fo agora, é provavelmente seguro assumir
de custo por processo, por comercialização, que você é muito bom em lidar com esses
pelo sistema e outras áreas identificáveis​​. Isto riscos seculares. Esse tipo de análise de risco
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é intuitivo e é construído em anos de expe- sequer ser identificados, não importa quanto
riência, observação e instinto. De um modo tempo fosse investido nisso. Incerteza é a na-
geral, a tomada de decisão envolvida é bas- tureza fundamental do risco e, embora não
tante simples e raramente vamos dedicar possamos saber nada com 100 por cento
muito tempo para nossa análise. Parece que, de certeza, podemos chegar razoavelmen-
quando nos deparamos com riscos pessoal- te perto, se temos uma estrutura lógica com
mente, eles são geralmente mais fáceis de a qual trabalhar.
lidar e chegamos a respostas rapidamente. Quando tratamos da reunião para dar
Por outro lado, quando os riscos são re- o pontapé inicial nos trabalhos de análise
tirados de nós, eles parecem assumir uma de valor, o objetivo dessa reunião é intro-
complexidade adicional. Isto é especialmente duzir os participantes no processo de VM e
verdadeiro quando consideramos as deci- no cronograma de estudo de valor e objeti-
sões relacionadas com o desenvolvimento e vos, fornecendo uma visão geral do estado
entrega de projetos. Há inúmeros riscos em atual do projeto, proporcionando uma opor-
que um projeto pode incorrer em qualquer tunidade para que a equipe de valor receba
ponto do seu ciclo de vida. E se a informa- esclarecimentos da equipe do projeto, de-
ção geotécnica estiver errada e a fundação senvolvendo uma compreensão de como o
desmoronar? E se o preço do aço sobe daqui projeto está sendo encaminhado em relação
a dois anos, quando iniciará a construção? à sua declaração de escopo. Esta reunião
E se ele cai? E se o documento ambiental deve focar nas seguintes atividades:
do projeto é submetido à análise criteriosa • Introduzir processo de estudos de
e atrasa a data proposta de construção? As valor, objetivos e cronograma.
respostas a estes problemas nem sempre • Proporcionar visão geral do projeto
são claras, às vezes nem apresentam as com- atual.
plexas interdependências de como esses • Identificar as restrições do projeto e as
problemas se relacionam entre si. O melhor questões das partes interessadas.
que podemos fazer é elaborar suposições • Identificar o desempenho de Projeto –
sobre as probabilidades dos maiores riscos Métricas de valor.
e seus impactos potenciais. É duvidoso que • Medir o desempenho de Projeto –
todos os riscos do projeto potencial poderiam Métricas de valor.
Avaliação de Projetos
72

Devem estar presentes na reunião equipe ou na restrição desta, fotografias aéreas.


de valor, a equipe do projeto, o proprietário As visitas ao local para estudos de pro-
do projeto e/ou patrocinador, representante dutos podem incluir uma explicação passo
do cliente(s), e quaisquer outros interessados a passo das operações de manufatura atuais.
que não fazem parte da equipe do projeto, Isso vai ajudar a equipe a ganhar uma melhor
mas têm interesse no projeto compreensão para visualizar o processo exis-
Dependendo do tipo de projeto que está tente. Muitas vezes, os membros da equipe
sendo estudado, uma visita ao local pode ser de valor irão perceber pequenos detalhes de
agendada e pode ser uma parte importante processos de fabricação que abrirão portas
da fase de informação. Sempre que possível, para uma série de perguntas. É surpreendente
as visitas devem ser realizadas para projetos o quanto a criatividade pode ser estimulada
relacionados com a concepção e construção através desse processo.
de instalações. As visitas ao local também Se o estudo concentra-se em um produto
são fortemente recomendadas para estudos já existente, pelo menos uma unidade com-
de produtos. Uma incrível quantidade de in- pletamente montada deve estar disponível
formações valiosas pode ser obtida através para a equipe de valor estudar. As várias
dessa visão em primeira mão do local e con- partes também devem ser disponibilizadas
dições existentes. para inspeção mais minuciosa. Também é útil
Visitas in loco realizadas para projetos de para visualizar o produto em funcionamen-
construção devem prever tempo suficien- to. Isso nem sempre é possível no local de
te para examinar todo o local. Idealmente, o fábrica, por isso deve-se considerar a visita
gerente de projeto ou engenheiro de projeto de um cliente ou usuário para testemunhar
levará o visitante ao local e identificará a lo- o funcionamento do produto. Se o produto é
calização dos elementos-chave do projeto: produzido em grande escala, recomenda-se
utilitários existentes, a circulação local, estru- que o estudo de valor seja fisicamente loca-
turas de construção montadas e as questões lizado perto de ou adjacente a uma unidade
de propriedade podem ser discutidas em montada. A capacidade da equipe de valor
uma linha-base de primeira mão. Se a re- para chegar perto e estudar o produto irá no-
alização de uma visita ao local não é algo vamente ajudar a estimular a criatividade e
prático ou viável, deve-se considerar a ob- desenvolver uma melhor compreensão das
tenção de uma pesquisa de vídeo do local, funções do produto.
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O filho ilegítimo de um ta- do pintando e esculpindo, o título da Primeiro Pintor,


belião de 25 anos de idade mas ele também colocou Engenheiro e Arquiteto do
e uma camponesa, Leonar- Leonardo para trabalhar Rei por Francisco I da Fran-
do nasceu em 15 de abril projetando armas, edifícios ça. Seu último e talvez o mais
de 1452, em Vinci, na Itália, e máquinas. De 1485-1490, generoso patrono, Francisco
nos arredores de Florença. Leonardo produziu estudos I proveu Leonardo com em-
Crescendo na casa de seu sobre uma ampla variedade prego estável e confortável,
pai, Leonardo teve acesso a de assuntos, incluindo a na- incluindo uma bolsa e man-
textos acadêmicos perten- tureza, máquinas voadoras, são perto do palácio real em
centes à família e amigos. geometria, mecânica, cons- Amboise. Leonardo morreu
Ele também foi exposto à trução municipal, canais, e em 2 de maio de 1519, em
tradição da pintura de lon- arquitetura, projetar tudo, Cloux, França. Diz a lenda
ga data da cidade, e quando desde igrejas a fortalezas. que o rei Francisco estava ao
ele tinha uns 15 anos, seu pai Seus estudos desse período seu lado quando ele morreu,
o fez aprendiz na oficina de contêm desenhos de armas segurando a cabeça de Leo-
renome de Andrea del Veroc- avançadas, incluindo um nardo em seus braços.
chio em Florença. Mesmo na tanque e outros veículos de Leonardo da Vinci foi apeli-
condição de aprendiz, Leo- guerra, vários dispositivos de dado pela história como o
nardo demonstrou seu talen- combate, e até mesmo um homem renascentista origi-
to colossal. Sua genialidade submarino. Também durante nal, devido à sua ampla gama
parece ter impregnado um esse período, Leonardo pro- de atividades intelectuais e
número de peças produzidas duziu seus primeiros estudos artísticas. Na verdade, o ter-
pela oficina de Verrochio do anatômicos. Sua oficina Mi- mo Renascimento refere-se
período 1470-1475. Leonar- lan era uma verdadeira col- ao tema central do período,
do permaneceu na oficina meia de atividade, repleta de o da renovação vigorosa de
Verrocchio até 1477, quando aprendizes e estudantes. realização intelectual e ar-
ele resolveu tentar sua pró- Depois de deixar o Milão tística. Era aspecto central
pria sorte. em 1499, Leonardo viajou para a experiência pessoal
Em 1482, ele entrou para por toda a Itália por um pe- de Leonardo o seu profun-
o serviço do duque de Mi- ríodo de aproximadamente do desejo de entender o
lão. Ele passou 17 anos em 16 anos, passando por vários funcionamento ou funções
Milão, deixando a cidade empregadores. Em aproxi- das coisas. Isto incluiu suas
em 1499. Foi durante esses madamente 1503, Leonardo invenções fantásticas, estu-
anos que Leonardo atingiu supostamente começou a dos científicos, e sua análise
seu apogeu, alcançando no- trabalhar na Mona Lisa. Após detalhada e ilustrações da
vos patamares de realização a morte de seu patrono, Giu- anatomia humana.
científica e artística. O duque liano de Medici, em março
manteve Leonardo ocupa- de 1516, foi-lhe oferecido
Avaliação de Projetos
74

função

A
nálise de função é o coração da VM. também conhecidas pelo nome
O objetivo final da Fase de Função FAST (em inglês Function Analysis
é identificar as funções que não System Technique). Os diagramas
estão oferecendo um bom valor e aquelas FAST mostram como as funções se
que são desnecessárias. Há três etapas na relacionam entre si e fornecem a
fase de análise de função: equipe uma imagem visual dessas
1. Identificar as funções do projeto. A relações funcionais.
função básica (ou funções básicas) 3. Avaliar as funções através do
também deve ser identificada neste desenvolvimento de relações entre
momento. custo, desempenho, tempo, risco
2. Classificar as funções por tipo, de e função através da atribuição
preferência utilizando a técnica de componente ou processo de
sistêmica de análise da função, custos, níveis de risco, de tempo
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ou programação de cronograma, palavras, um verbo e um substantivo.


além de atributos de desempenho A parcela verbo deve responder à per-
para as diversas funções. Através gunta “O que ele faz?”. Essa questão focaliza
deste processo, referido como o a atenção sobre a função e não sobre o
dimensionamento, a equipe pode produto ou o seu design e leva diretamente
analisar a forma como as funções para o coração da abordagem funcional. Essa
fornecem valor para o cliente. A é uma mudança radical a partir do esforço de
seleção de funções é então focada redução de custos típicos, onde a primeira
durante a fase de especulação para a pergunta é “O que é isso?”; seguido por uma
melhoria. segunda pergunta, “Como podemos torná-lo
Em um projeto típico, várias funções nor- mais barato?”. Essa ênfase mais tradicional em
malmente destacam-se exigindo melhoria, a fazer o mesmo produto mais barato dá pouca
partir das relações de custo / performance / atenção às considerações mais importantes
função que foram desenvolvidas ou através de componentes funcionais do projeto ou à
da identificação de uma função ou algumas necessidade e finalidade do usuário.
funções como a causa raiz de um problema Depois de responder à pergunta “O que
de desempenho. ele faz?” com um verbo que define a ação
Função é o propósito específico ou uso necessária do item (que pode, por exemplo,
pretendido para qualquer produto, processo gerar, controlar, bombear, fechar, proteger
ou serviço, é a característica que o faz funcio- ou transmitir), a segunda pergunta “O que
nar ou vender. Em suma, é a razão pela qual faz ele fazer isso?” deve ser respondida com
o proprietário, cliente ou usuário precisa de um substantivo que indica o que é atendido
uma coisa em particular. A função está estrei- (eletricidade, temperatura, líquidos, luz, su-
tamente relacionada com o valor de utilização perfície, espaço, som e assim por diante). Essa
ou ainda o quanto são satisfatórias e confiá- parte substantiva da súmula de suas palavras
veis as propriedades e qualidades para atingir deve ser mensurável, ou pelo menos enten-
uma plena utilização. dida em termos quantitativos, uma vez que
O primeiro princípio na definição de uma uma medida específica deve ser atribuída a
função deve ser feito usando apenas duas ele durante o processo de avaliação posterior
Avaliação de Projetos
76

que relaciona o custo e o desempenho de qualidade.


função. Um substantivo mensurável em • Em estudos de processos de negócios,
conjunto com um verbo ativo fornece uma um sistema de folha de pagamento é
descrição de uma função de trabalho (por projetado para distribuir dinheiro, um
exemplo, isolar a energia, transmitir a carga, procedimento de relatório de inspeção
objeto de suporte, e assim por diante). Tais é projetado para identificar condições,
pontes de verbo-substantivo estabelecem e um procedimento de homologação
declarações quantitativas e são chamadas de pedido de alteração destina-se a
de funções de trabalho. autorizar a mudança.
A seguir, exemplos de funções de tra- Simples declarações como essas garantem
balho para vários tipos de estudos de valor: a clareza de pensamento e de comunicação
• Em estudos de design de produto, da função de trabalho com pouca confusão.
motores elétricos produzem torque, O sistema de definição de uma função em
lâmpadas emitem luz, tanques duas palavras, um verbo e um substantivo,
de combustível contêm líquido, é conhecido como súmula de duas palavras.
elementos de aquecimento produzem As vantagens deste sistema são:
calor. • Obriga concisão, definindo uma
• Em estudos de concepção e função em duas palavras. Se com duas
construção, colunas estruturais fazem palavras o componente funcional
transferência de carga, paredes ainda é muito grande para ser definido
interiores separam espaços, portas ou entendido pela equipe, então este
fazem controle de acesso, janelas com é um sinal para aprofundar ainda mais
grades admitem luz e forros atenuam o para proporcionar uma definição de
som. duas palavras melhor elaborada.
• Em estudos de processo de fabricação, • Evita combinar funções e definir
um processo de usinagem ou fundição mais de uma simples função. Usando
é projetado para dar forma ao material, apenas duas palavras, você é forçado a
enquanto um procedimento de dividir o problema em seus elementos
manuseio de material é projetado mais simples.
para fornecer material, e um processo • Ele ajuda a atingir o nível mais amplo
de Controle de Qualidade verifica a de dissociação de detalhes. Quando
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77

são usadas apenas duas palavras, a inovar é diminuída.


possibilidade de falha de comunicação Existem várias classificações de funções:
e mal-entendidos é reduzido a um • Funções básicas.
mínimo. • Funções secundárias.
Funções e valor funcional • Funções de ordem superior.
Funções servem de base para o valor. • Funções assumidas.
Um proprietário, cliente ou usuário quer uma Funções básicas
função ou grupo de funções desempenha- A função básica é a finalidade específica
das. Ele pode escolher entre uma variedade para a qual existe um projeto. A função básica
de manifestações físicas que entregam a responde à pergunta “O que ele deve fazer?”
função específica desejada. O critério utiliza- As funções básicas têm valor (uso e valor fun-
do na escolha de qual delas utilizar é o valor. cional). Um item pode possuir mais do que
As quatro variáveis anteriormente conside- uma função básica. Isso é determinado con-
radas – desempenho custo, tempo e risco siderando-se as necessidades do cliente. A
– foram apresentadas como as principais vari- parede de papelão de um barraco pode ser
áveis de valor funcional. Se pensarmos sobre definido inicialmente pela descrição funcio-
isso em termos de questões, chegamos ao nal de definir espaço. Ao considerarmos
seguinte: uma parede de tijolos, por exemplo, além da
• Função: “O que ele faz?”. descrição básica de definir espaço, a análise
• Performance: “Quão bem ele faz isso?”. adicional determina que, para essa parede
• Custo: “Quanto custa?”. especial, há duas funções mais relevantes do
• Time: “Quanto tempo vai levar?”. que a acima indicada (por exemplo, proteger
• Risco: “Quão certos estamos?”. a área de segurança e restringir vista). Ambas
Se não formos capazes de responder a todas respondem à pergunta: “O que deve fazer?”.
essas cinco perguntas, não podemos total- As quatro regras que governam a seleção
mente entender o valor. Em última análise, de funções básicas são:
as pessoas procuram desempenhar funções 1. Uma vez definida, uma função básica
mais do adquirir as coisas. Funções têm prio- não pode mudar.
ridade; sem elas, a tecnologia perde o seu 2. A contribuição de custo de uma
significado. Se elas não são totalmente com- função básica é geralmente uma
preendidas, então a nossa capacidade de fração do custo global do projeto.
Avaliação de Projetos
78

3. As funções básicas não podem ser necessários para o desempenho funcional


vendidas sozinhas, no entanto, as básico daqueles incorridos para funções
funções secundárias que suportam secundárias não essenciais. Uma vez iden-
a função básica não podem ser tificados, torna-se mais fácil reduzir o custo
vendidas sem satisfazer a função das funções secundárias, enquanto continua
básica. a fornecer o recurso necessário para permi-
4. A perda da função básica irá causar tir a concepção de vender. Ao concentrar-se
uma perda de valor. apenas naquilo que é essencial para a ne-
Funções secundárias cessidade e objetivo do projeto, a VM pode
Funções secundárias respondem à per- conseguir eliminar muitas funções secundá-
gunta “O que mais ele faz?”. Para fins de rias desnecessárias.
VM, todas as funções secundárias conside- Funções de ordem superior
radas não têm valor. Funções secundárias Esta função identifica a necessidade
são as funções de apoio e, geralmente, o global do cliente e, geralmente, relaciona-se
resultado de uma configuração ou arranjo com a declaração de “necessidade” e finalida-
especial ou mesmo abordagem diferenciada. de do projeto. Por exemplo, a função básica
Geralmente, as funções secundárias contri- de uma ratoeira clássica é matar ratos. A
buem grandemente para o custo e podem função de ordem superior seria eliminar
ou não ser essenciais para o desempenho ratos.
da função de base. Funções secundárias que As funções pressupostas
levam ao valor estimado (conforto, satisfa- Funções pressupostas descrevem funções
ção do usuário, e aparência) são permitidas que estão fora do escopo do estudo. Essas
apenas na medida em que elas são necessá- funções pressupostas não fazem, em geral,
rias para permitir ao item comprar ou vender. parte do processo de análise de funções,
Portanto, enquanto as funções secundárias a menos que o nível de abstração altere o
tiverem zero valor de uso, elas podem, por escopo do problema. Exemplos de funções
vezes, desempenhar um papel importante na básicas e secundárias incluem:
comercialização e aceitação de um projeto • Projetor multimídia. Sua função
ou produto. A VM tenta separar os custos básica é projetar a imagem. Além
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disso, o projetor tem muitas funções • Processo de fabricação. Sua função


secundárias necessárias, como básica é montar o produto. Além
converter energia, gerar luz, focar disso, o processo de fabricação tem
imagem, ampliar a imagem, receber muitas funções secundárias, tais
corrente, transmitir corrente, e assim como dar forma, mover o material,
por diante. Funções indesejáveis, tais anexar componentes, inspecionar
como gerar calor e gerar ruído e o produto, e assim por diante. Gerar
a função de venda de aumentar a sucata é uma função indesejada que
conveniência também existem. assola a maioria dos processos de
• Shopping. Sua função básica fabricação.
é a de atrair clientes. Além • Procedimentos de Contratação.
disso, o centro de compras tem Sua função básica é a de preencher
muitas funções secundárias, tais vaga. Além disso, o procedimento
como espaço preparado, ar de contratação tem muitas funções
condicionado, controle de acesso, secundárias, tais como criar anúncio,
o estacionamento de veículos, e entrevistar candidatos, avaliar
assim por diante. Funções de venda currículos, orientar conduta, avaliar
como melhorar a aparência também pedidos, selecionar candidato, e
podem existir. assim por diante.
• Sistema de climatização. A função A equipe de valor deve primeiro procurar
básica do sistema de climatização é identificar aleatoriamente as funções do
produzir um ar condicionado. As projeto. O especialista em valor deve iniciar
outras funções, tais como ar quente, esse exercício. Funções devem ser relacio-
ar frio, movimento de ar, controle nadas, sem qualquer importância quanto à
de humidade, de distribuição do classificação. Depois de uma lista razoável
ar, e assim por diante, são funções de funções ser preparada, o próximo passo é
secundárias. Também existem funções começar a pensar em classificação de função.
indesejáveis, tais como geração de Essa abordagem para a classificação de função
ruídos. foi originalmente desenvolvida por Miles, que
Avaliação de Projetos
80

se referia a ela como determinação da função “funcionar” ou qualquer outro verbo que se
aleatória. Nesse processo, faz-se uma lista dos apresente em uma análise superficial.
componentes do sistema e, em seguida, iden- Avaliando Funções
tificam-se as funções associadas. No exemplo anterior sobre as funções
A determinação da função básica não de um simples objeto ou sistema, a determi-
é sempre um processo fácil. Por exemplo, a nação do que é a função básica e quais são
função básica mais indicada para uma roda as funções secundárias pode parecer óbvia.
é rodar. Esta definição, no entanto, imediata- Esse não é sempre o caso, especialmente
mente tropeça em uma pergunta óbvia: “E a quando se consideram os projetos mais com-
roda não apresenta outros usos possíveis?”, plexos. Comparar, por exemplo, as funções
“Reduzir atrito” ou “transferir torque” são níveis desempenhadas por uma empilhadeira será
de abstração que podem ser alcançados con- radicalmente mais desafiador do que consi-
forme se aprofunda na análise. Ocorre outro derar as de uma ferramenta simples, como
exemplo disso quando pensamos em um um martelo. É preciso tempo e experiência
motor, por exemplo. Um motor poderia ser para treinar a mente a pensar com a abor-
apresentado como “Gerar energia”, “Inflamar dagem funcional, e às vezes a classificação
o combustível” ou ainda “Gerar torque”, nota- das funções requer uma análise e avaliação
damente funções mais claras do que apenas mais cuidadosa.
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81

especulação

N
a Fase de Especulação do Plano de para identificar inúmeras ideias sobre cada
Trabalho, uma sessão de criativida- função que requer melhorias. Gerar uma
de é realizada para cada função alvo grande quantidade de ideias é o objetivo, e
de melhoria detectada durante a fase de não há preocupação direta com a qualida-
função. Durante essas sessões criativas, qual- de delas. Uma grande quantidade de ideias
quer ideia que possa ser relacionada com a conduzirá a um maior número de ideias de
função é gravada de modo que ela possa qualidade. Um elemento-chave da criati-
ser avaliada posteriormente. Técnicas de vidade é evitar avaliar as ideias durante o
brainstorming são normalmente utilizadas processo criativo.

Imaginação é mais
importante do que
conhecimento.
(Albert Einstein)

Todos os membros da equipe de estudo devem ser encorajados a par-


ticipar. Um alto nível de participação servirá para motivar e dinamizar o
processo criativo. Devem ser feitos todos os esforços durante esta fase
para se afastar da forma “normal” ou convencional de fazer as coisas.
A experiência tem demonstrado que muitas vezes é a nova, fresca
e radicalmente diferente abordagem que revela a melhor solução de
valor. O foco deve ser em primeiro lugar o desenvolvimento de formas
de realizar a função e, em segundo lugar, as formas de melhorar o de-
sempenho da função.
Em seu livro pioneiro sobre a criatividade, “A Whack on the Side of
the Head”, que em uma tradução livre seria algo como “Uma Pancada
no lado da Cabeça”, Roger von Oech identificou uma série de “bloqueios
mentais” que inibem a criatividade. Existem duas razões para esses
Avaliação de Projetos
82

bloqueios mentais. A primeira é que nós ge- Esses bloqueios mentais, ou barreiras, agem
ralmente não precisamos ser criativos para a sufocando a criatividade, a menos que eles
maioria das coisas que fazemos. Esse é o lugar sejam reconhecidos e superados. O espe-
onde os nossos hábitos e rotinas individuais cialista em valor deve tomar a iniciativa de
entram em jogo. Assim, na maioria das vezes, fazer isso.
nós realmente não temos nenhum incenti- Pode-se argumentar que somos mais
vo para sermos criativos. A segunda razão é criativos quando crianças, pois não temos
que, quando nós realmente precisamos ser absolutamente nenhum conhecimento do
criativos, os próprios hábitos, rotinas e atitu- mundo nessa fase. Portanto, não sabemos o
des, que dependem de nós para nos levar que é possível ou impossível. Nós ainda não
através das nossas vidas diárias, literalmen- temos formados todos os hábitos, rotinas
te, bloqueiam o nosso lado criativo. O que ou atitudes nem temos qualquer conceito
segue são os 10 bloqueios mentais identifi- do que são essas coisas. Somos, puramente,
cados por von Oech. criaturas de imaginação.
1. “A resposta certa.” À medida que amadurecemos e come-
2. “Isso não é lógico.” çamos a desenvolver a capacidade de pensar
3. “Siga as regras.” de forma crítica, os primeiros limites para
4. “Seja prático.” nossa criatividade estão definidos, algo como
5. “Evite ambiguidade.” cercas. Eventualmente, ouvimos a palavra
6. “Errar é errado.” “Não!” dirigida a nós pela primeira vez por
7. “O jogo é frívolo.” um pai preocupado. Durante um período de
8. “Isso não é minha área.” tempo e de uma ladainha constante de “nãos”,
9. “Não seja tolo.” começamos a desenvolver uma compreen-
10. “Eu não sou criativo”. são de certo e errado, bom e mau, sim e não.
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Predominantemente
Criativos

Predominantemente
Críticos

0 2 6 17 21
Idades

Figura 11: Pensamento Crítico versus Criativo


Fonte: elaborada pelo autor

L
enta e insidiosamente, este assalto em domina nosso sistema educacional. Estamos
nosso pensamento criativo aumenta à atendendo apenas a oportunidades fugazes
medida que aprendemos as regras. Se para exercer o pensamento criativo durante
a mudança de nossa preferência para o pen- a nossa educação, a maioria desses pensa-
samento criativo contra críticas fosse plotada mentos está limitada à arte, música e aulas
em um gráfico, poderia ser algo como o mos- de redação.
trado na figura anterior. Em qualquer caso, independentemente
No momento em que nós completamos de estarmos a desenvolver nossas habilida-
nossa educação primária, fomos ensinados des de pensamento criativo e crítico, somos
que geralmente há apenas uma resposta ensinados a fazê-lo dentro do contexto da
certa para qualquer problema e que a res- escola, que por sua vez é regido por inúme-
posta certa é aquela que é comumente ras regras, regulamentos e expectativas de
aceita. Essa ênfase no pensamento crítico comportamento. No momento em que nós
Avaliação de Projetos
84

estabelecemos nossas carreiras profissio- Indivíduos envolvidos em profissões


nais, criamos uma vida de condicionamento como marketing, publicidade e design são
mental a partir do qual é muito difícil escapar. geralmente mais hábeis no uso do lado direito
No início de uma sessão de criatividade, do cérebro porque eles estão mais preocu-
o especialista em valor deve fazer duas coisas pados com o desenvolvimento de conceitos
ao abordar esses obstáculos: e ideias criativos. Por outro lado, os indivídu-
1. Comunicar a equipe de valor de os envolvidos em disciplinas técnicas, como
que não existem respostas “certas”. engenheiros, programadores e analistas são
O objetivo principal da Fase de particularmente predispostos a operar com o
Especulação é gerar tantas ideias lado esquerdo do cérebro, porque eles estão
diferentes quanto possível. A fim mais preocupados em transformar conceitos
de fazer isso, nenhuma crítica será em realidade concreta.
permitida! As ideias serão avaliadas Obviamente, precisamos usar tanto o lado
na fase seguinte, então todo mundo esquerdo quanto o direito do nosso cérebro
vai ter a oportunidade de expressar para sermos bem-sucedidos, no entanto,
as suas opiniões sobre as ideias mais durante uma sessão de criatividade, é o lado
tarde. direito que precisa da estimulação extra.
2. Deixe claro que não há regras. As Para ser criativo é preciso coragem, como
ideias devem estar focadas em aponta o famoso pintor Henri Matisse, que é
abordar a função ou funções que creditado com a paternidade do movimen-
a equipe de valor identificou para to fauvista, que ocorreu por volta de 1900. A
melhoria do valor durante a fase de razão pela qual se exige a coragem da criati-
função. Uma vez que essa primeira vidade é a existência da possibilidade de que
condição foi cumprida, não deve qualquer ideia nova ou original pode resul-
haver outras regras que possam travar tar em falha. É importante reconhecer que
o processo de pensamento criativo. o fracasso, por si só, não é necessariamente
A ênfase do nosso sistema educacional no uma coisa ruim. Não é o medo do fracasso,
pensamento crítico coloca maior valor no mas sim o medo da vergonha que está na
pensamento lógico, ordenado e prático, do raiz desse obstáculo particular. Os erros são
que em pensar no que é ambíguo, caótico uma parte natural do processo de aprendiza-
e abstrato. Esse pensamento com o lado es- gem e são uma parte essencial do processo
querdo do cérebro tende a subordinar o criativo.
nosso pensamento no hemisfério direito, O especialista em valor em algum
fazendo nossa criatividade sofrer. momento irá se deparar com um grupo de
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85

participantes durante uma sessão de criati- Outro fato interessante é que as pessoas
vidade, onde ninguém vai ter a coragem de criativas se consideram criativas, enquanto
sugerir qualquer coisa. as pessoas que não são criativas consideram
Isso pode acontecer por algumas razões. que não são criativas. Este fenômeno é co-
Pode ser que um gerente ou “patrão” esteja nhecido como profecia autorrealizável, ou o
no local e que há um temor generalizado efeito Pigmalião. Em 1971, Robert Rosenthal,
entre os subordinados de contradizer ou professor de psicologia social na Universidade
envergonhar-se na frente de um superior. de Harvard, descreveu um experimento no
Pode ser que alguns dos participantes sejam qual ele disse a um grupo de estudantes que
tímidos ou introvertidos por natureza. Pode havia desenvolvido uma cepa de ratos supe-
ser que alguns estejam genuinamente en- rinteligentes que poderia correr labirintos
tediados ou desinteressados. Seja qual for o rapidamente. Em seguida, ele passou os ratos
caso, uma das melhores coisas que o especia- aos estudantes, dizendo à metade dos alunos
lista em valor pode fazer é acender o humor que tinham os “gênios de labirinto” em suas
do grupo. Humor pode fazer maravilhas, es- mãos, e à outra metade que eles tinham os
pecialmente quando as pessoas sentem que “os ratos ordinários” consigo.
podem rir de si mesmas. Humor, por si só, Os ratos que se acreditavam ser “brilhan-
exige criatividade e é um excelente meio de tes” melhoraram diariamente a execução do
estimular a imaginação. Você não precisa ser percurso do labirinto, eles correram mais
um comediante treinado para instilar uma rápido e com mais precisão. Os ratos “normais”
sensação de leveza. se recusavam a correr a partir do ponto de
A equipe de valor provavelmente irá partida em 29% do tempo, enquanto os ratos
incluir indivíduos que representam uma va- “brilhantes” se recusavam em apenas 11% do
riedade de disciplinas que têm expertise em tempo. Rosenthal concluiu que esse impulso
diversas áreas específicas. Embora o conhe- no desempenho foi atribuído ao fato de que
cimento especializado seja essencial para o os alunos com os ratos “brilhantes” trataram
sucesso da maior parte dos projetos, pode os animais com mais delicadeza, mostravam
também criar obstáculos mentais limitando maior entusiasmo para os experimentos, e
pensamento para soluções conhecidas. Na foram mais tranquilos. Aqueles com os ratos
verdade, algumas das melhores ideias e so- “normais” essencialmente comunicavam
luções são concebidas por outros membros sentimentos oposto. Em essência, o efeito
do grupo que vêm de áreas de conhecimen- Pigmalião é um fenômeno em que as percep-
to totalmente diferentes do que aquela que ções sobre o desempenho têm um impacto
está sendo focada. direto sobre o resultado dessa performance.
Avaliação de Projetos
86

Um dos muitos benefícios de Métricas • Como podemos reduzir os custos de


de Valor é que elas oferecem um outro meio manutenção?
de estimular a criatividade, colocando maior • Como podemos reduzir os custos
ênfase em outras áreas que a melhoria de energéticos?
custo. Normalmente, as funções de alto custo Risco
são selecionadas como alvos para a equipe • Como podemos evitar ou mitigar as
de brainstorming durante essa fase. O traba- ameaças?
lho realizado na fase de função em relação • Como podemos aumentar as
ao desempenho deveria ter destacados o oportunidades existentes?
desempenho, tempo e/ou funções críticas • Como podemos criar novas
de risco, que merecem todos os pedaços de oportunidades?
atenção que é dada às funções de alto custo. O importante é que a consideração de todos
Os componentes de valor em si também os quatro componentes do valor é incluída
podem servir como estimuladores da cria- no processo de criação como um meio de
tividade, incorporando-os em perguntas aumentar a geração de ideias.
dirigidas à equipe de valor, semelhantes às
questões apresentadas acima em conjun-
to com listas de criatividade. Por exemplo,
pode-se perguntar:
Desempenho Era uma vez quatro pessoas que se
chamavam TODO MUNDO, ALGUÉM,
• Como poderíamos melhorar a QUALQUER UM e NINGUÉM.
ergonomia? Havia um importante trabalho a ser
feito e TODO MUNDO acreditava que
• Como podemos reduzir o raio de ALGUÉM é que iria executá-lo.
manobra? QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas
NINGUÉM o fez. ALGUÉM ficou abor-
• Como poderíamos melhorar a recido com isso, porque entendia que
velocidade de elevador? a execução do trabalho era responsa-
bilidade de TODO MUNDO.
Tempo TODO MUNDO pensou que QUALQUER
• Como podemos reduzir o tempo de UM poderia executá-lo, mas NINGUÉM
imaginou que TODO MUNDO não o
entrega? faria.
• Como podemos acelerar a construção? TODO MUNDO culpou ALGUÉM, quan-
do NINGUÉM fez o que QUALQUER UM
• Como podemos melhorar o tempo de poderia ter feito!
processo? Disponível em: <http://www.contan-
dohistorias.com.br/historias/2004302.
Custo php>. Acesso em: 03 out. 2013.
• Como podemos reduzir os custos de
construção?
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avaliação

O
objetivo da fase de avaliação é a classificação para a ideia. Isso serve como
reduzir a grande quantidade de um filtro, e as melhores ideias são geralmente
ideias geradas na fase de especu- levadas para o próximo passo, desenvolven-
lação para algumas ideias de alta qualidade do-as ainda mais.
através do processo de avaliação. A equipe Frequentemente, várias ideias, ou uma
de valor irá discutir e avaliar cada ideia em combinação de ideias que competem entre
relação a atributos de desempenho do projeto si permanecem. Quando isso ocorre, uma
e custo. Esse processo identifica as principais matriz de avaliação é utilizada para quan-
vantagens e desvantagens de cada ideia e tificar o impacto das ideias concorrentes
como ela afetaria a performance do projeto. para identificar aquela que melhor atende
Uma vez feito isso, a equipe concorda com às necessidades do projeto, seus objetivos,
Avaliação de Projetos
88

desempenho e os custos diretos. Principais especulação e fases de avaliação como


considerações incluem: estas tendo uma natureza cíclica. As
• Gaste o dinheiro do projeto como se ideias sobreviventes são refinadas e
fosse o seu próprio. Esta é uma regra mais informações de custo são obtidas.
importante quando se considera o Estimativas detalhadas são elaboradas
custo de implementação de uma ideia. somente para as alternativas mais
• Avalie as ideias relativas aos atributos promissoras.
de desempenho do projeto. Como a • Selecione as ideias para o
ideia pode afetar o desempenho do desenvolvimento. Ideias com maior
projeto em relação à necessidade e potencial de melhoria de valor
finalidade? normalmente são escolhidas para
• Semelhante ao desempenho, ser desenvolvidas com mais estudo,
considere como as ideias vão impactar testes, refinamento e coleta de
tempo e risco. Esta ideia irá tomar mais informações. Se houver mais do que
ou menos tempo do que a abordagem uma ideia direcionada para uma
atual? Será que vai reduzir a incerteza, função específica, isto é excelente,
maximizando oportunidades e ou as diferenças entre duas ou mais
minimizando as ameaças? ideias não são claras o suficiente para
• Compare as vantagens e desvantagens eliminar qualquer uma delas, então
de cada ideia em relação ao conceito tudo deve ser mantido e conduzido
do projeto da linha de base ou design. para a próxima fase.
• Uma vez que as três considerações A fase de avaliação é muitas vezes negligen-
anteriores foram tomadas na avaliação ciada pelos profissionais de valor, porque ela
de cada ideia, ordene essas ideias com é vista como um exercício bastante simples
base em seus méritos gerais. e óbvio no pensamento crítico. No texto
• Refine as ideias que podem ser de clássico de Miles em análise de valor, ele es-
outra forma rejeitadas. Muitas vezes, creveu apenas dois parágrafos sobre a Fase
a equipe de brainstorming pode de Avaliação. Seu ponto básico é que o passo
desenvolver uma “solução” para deve ser executado por uma pessoa que
um problema que surge durante a faz consulta a outros, se necessário. Outros
avaliação de ideia. É útil pensar na profissionais e escritores notáveis​​como Art
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Mudge fornecem apenas uma orientação • Técnica de Grupo Nominal.


limitada na avaliação de ideias, primariamen- • Avaliação da Matrix – Métrica de Valor.
te conduzindo a etapa de avaliação através Avaliação por simples Rating
do uso de uma comparação de vantagens e É uma maneira relativamente rápida
desvantagens. para avaliar ideias e é comumente usada por
O fato é que a avaliação de grandes praticantes de valor, identificando um con-
grupos de ideias nem sempre é uma tarefa junto de critérios de avaliação, discutindo os
fácil. Felizmente, a equipe de valor terá inves- méritos da ideia em relação aos critérios de
tido um bocado de trabalho duro na geração avaliação, depois atribui-se à ideia uma clas-
de ideias durante a fase de especulação e sificação com base em quão bem ela aborda
ainda foram bem-sucedidos por não emiti- os critérios de avaliação.
rem qualquer julgamento até este momento. O uso de atributos de desempenho é
Muitos participantes estão agora ansiosos ideal para ser usado como critério de ava-
para compartilhar suas opiniões sobre muitas liação. Se os atributos de desempenho não
das ideias do grupo, especialmente aqueles estão sendo usados para​​ o estudo de valor,
que caem dentro de sua área específica de então o processo de seleção de critérios de
conhecimento. Muitas vezes, é muito fácil avaliação pode ser iniciado em uma breve
descartar ideias no início do processo com sessão de brainstorming. Comece pergun-
base em um único ponto e muito mais difícil tando: “Quais são as metas e objetivos deste
fornecer a avaliação completa que merecem. projeto?”. Faça uma lista de respostas do
Toda a criatividade no mundo será inútil, a grupo.
menos que a equipe de valor esteja dispos- Por exemplo, um projeto de tecnologia
ta a realizar diligência para avaliar ideias. da informação que está a tratar do desenvol-
Técnicas de Avaliação vimento de um novo programa de software
Há uma série de técnicas de avaliação de gerenciamento de banco de dados pode
que podem ser utilizadas pelo especialista em identificar os seguintes objetivos:
valor para avaliar as ideias geradas durante a • “Fazer o software amigável.”
fase de especulação. As técnicas que serão • “Fazer o software flexível, de modo que
apresentadas nesta unidade incluem: ele pode ser usado para uma variedade
• Avaliação por simples Rating. de aplicações.”
• Avaliação por comparação. • “Fazer o custo software eficaz.”
Avaliação de Projetos
90

A partir desses objetivos os seguintes crité- consideravelmente. O restante das ideias


rios de avaliação podem ser obtidos: identificadas pela equipe de investigação
• Facilidade de utilização. na fase de desenvolvimento deve ser listada
• Flexibilidade. por prioridade, com base no resultado da
• Relação custo-eficácia. avaliação.
Cada ideia deve então ser discutida em Em alguns casos, pode ser necessária uma
relação aos critérios de avaliação e uma avaliação mais aprofundada, especialmente
classificação global pode então ser atribu- se for verificado que a lista de ideias sobrevi-
ída utilizando qualquer escala numérica de ventes parece ser maior do que a equipe de
preferência (1 a 3, 1 a 5, ou de 1 a 10 são os valor pode desenvolver adequadamente no
mais comuns). A escala deve refletir aceita- tempo designado. Em casos como esse, pode
ção global da ideia, e cada número da escala ser aconselhável tentar fazer uma estimati-
deve ser definido. va rápida dos custos, a fim de desenvolver
Por exemplo, uma escala de 1 a 3 pode uma melhor compreensão da magnitude da
consistir em números com os valores corres- economia (ou aumento dos custos) envol-
pondentes, tais como: vida. Alternativamente, a técnica de grupo
1. Inaceitável. Essa ideia deve ser nominal pode ser utilizada para ajudar a clas-
descartada de uma análise mais sificar as restantes alternativas em ordem de
aprofundada. importância.
2. Mostra potencial. Essa ideia deve ser Uma vez que as ideias foram listadas de
considerada apenas depois que todas acordo com a sua prioridade, elas terão de ser
as ideias classificadas como “3” forem atribuídas aos membros da equipe de valor
desenvolvidas. para o desenvolvimento. É importante enfa-
3. Aceitável. A ideia deve ser tizar que toda a equipe deve estar envolvida
desenvolvida em uma alternativa de no desenvolvimento de uma ideia de uma al-
valor. ternativa, no entanto, é melhor atribuir a um
Independentemente da técnica empre- indivíduo na equipe a responsabilidade para
gada para avaliar as ideias, o processo de que aquele conceito seja totalmente desen-
avaliação deve diminuir a lista de ideias volvido e não caia no esquecimento.
Pós-Graduação | Unicesumar
91

Uma Equipe de Valor cios. A utilização de exercícios para ma. Os outros membros do grupo,
Uma vez que os participantes da integração de equipes irá variar então, tentam adivinhar a mentira
equipe de valor foram identifica- muito, dependendo do tamanho do outro. O objetivo é convencer
dos, o próximo passo será iniciar o do grupo e da quantidade de tem- os outros de que sua mentira é a
processo de construção do time. po disponível no estudo de valor. verdade e adivinhar corretamente
Normalmente, os membros da Dois exercícios eficazes são descri- as mentiras de outras pessoas.
equipe de valor não estarão fa- tos a seguir: Permitir cerca de cinco minutos
miliarizados uns com os outros. A Sigla do construtor. O mundo dos para que todos possam escrever
equipe de valor pode ser composta negócios é cheio de siglas. Há suas verdades e mentiras.
de pessoas de diferentes departa- gráficos GANTT, diagramas PERT Depois de concluído, cada pessoa
mentos dentro de uma organiza- e metas SMART. O objetivo desde do grupo deve ler as suas verdades
ção ou podem ser consultores. Em exercício é fazer com que todos e mentiras, sem revelar qual é qual.
todo o caso, é provável que esta desenvolvam um acrônimo que se Uma vez que uma pessoa tenha
seja a primeira vez que muitas de- relaciona com o seu primeiro nome lido todas as três declarações, ele
las estejam trabalhando em con- ou suas iniciais. Este exercício inclui ou ela deve lê-los novamente e os
junto. O especialista em valor pode as seguintes etapas: demais membros do grupo devem
querer considerar a utilização de Cada membro da equipe é convi- indicar quais eles entendem ser
exercícios de integração de equipe dado a escrever as iniciais de seus mentira ou verdade.
para ajudar a desenvolver uma for- nomes na vertical em um flip chart, O exercício pode ser executado de
te relação de trabalho e para incutir quadro branco, ou quadro negro. forma competitiva, contando-se
os valores identificados. Facultativamente, os primeiros no- quantos foram os palpites corretos
Exercícios mes poderiam ser usados, no en- sobre mentiras de outras pessoas e
Equipes de sucesso devem possuir tanto, isto pode não ser apropriado subtrair o número de pessoas que
valores comuns, conforme descri- para grupos maiores, ou quando o adivinhou corretamente a sua pró-
to nos parágrafos anteriores. No tempo é curto. pria mentira. A maior pontuação
entanto, antes que esses valores Uma palavra que o descreva deve ganha.
possam ser compartilhados, re- ser escrita para cada inicial de seu Estes exercícios podem ser conclu-
comenda-se que os membros da nome e escrito horizontalmente. ídos em um tempo relativamente
equipe compartilhem algo sobre Pode ser um pouco desafiador para curto, geralmente entre 15 e 30 mi-
si mesmo. Uma maneira popular alguns, especialmente aqueles com nutos. É fácil descartar essas ativi-
de conseguir isso é através do nomes longos! dades como frívolas, no entanto,
emprego de simples exercícios de Cada participante deve fazer isso o efeito muito positivo delas pode
construção de equipe que vai aju- na frente do grupo. ocorrer, especialmente no desen-
dar a quebrar o gelo e introduzir Contar a verdade. Os participantes volvimento de um melhor nível de
os membros da equipe uns para os apresentam sobre si três fatos inte- familiaridade para os participantes,
outros. É sempre surpreendente o ressantes para o resto da equipe. O os quais não devem ser subestima-
quanto as pessoas têm em comum, problema é que apenas dois dos do. Se os membros da equipe não
independentemente de que andar fatos são verdadeiros: um é uma se sentem confortáveis quanto ao
do prédio trabalham ou do bairro mentira. Os demais membros da meio ambiente, eles serão menos
onde vivem. equipe devem determinar se cada propensos a confiar em outras pes-
Em alguns casos, o especialista em um é verdadeiro ou falso. Esse exer- soas. Isso pode funcionar como um
valor também pode querer consi- cício inclui as seguintes etapas: entrave significativo na obtenção
derar a inclusão de indivíduos fora Isso funciona melhor em grupos da livre contribuição de todos no
da equipe de valor, tais como os de quatro a seis pessoas. Os grupos esforço de valor. Tire o máximo
membros da equipe do projeto, maiores devem ser divididos em proveito de qualquer oportunida-
partes interessadas do projeto, e aqueles deste tamanho. de para promover a integração de
até mesmo os clientes ou usuários Cada pessoa deve anotar duas ver- uma equipe, pois isto vai render
como participantes nesses exercí- dades e uma mentira sobre si mes- excelentes dividendos.
Avaliação de Projetos
92

considerações finais

O Plano de Trabalho da VM fornece um veículo de valor a desenvolver uma compreensão


para realizar um estudo de valor desde seu muito mais profunda do desempenho do
início até sua conclusão. Ele garante que a projeto através da identificação de atributos
devida atenção seja dada a todos os aspectos de desempenho e do estabelecimento de
necessários do estudo. O plano de trabalho um sistema de medição de desempenho. A
divide o estudo em conjuntos de elemen- utilização de modelos de custos e a aplica-
tos de trabalho. Ele exige que execute-se o ção de métodos de custeio do ciclo de vida
estudo de valor para definir claramente as permitirão que a equipe de valor desenvol-
funções do projeto ou elemento do projeto a va uma compreensão do custo do projeto,
ser estudado e fornece à equipe de trabalho enquanto a aplicação de técnicas de projeto
um plano para a obtenção de todas as infor- e programação de recursos por software
mações necessárias para o estudo. O Plano proporcionarão uma base sólida no que diz
de Trabalho fornece o tempo necessário para respeito à compreensão do cronograma do
a equipe de valor realizar o trabalho criativo projeto. Finalmente, o desenvolvimento de
e análise de alternativas. Isso leva a equipe uma compreensão dos riscos do projeto
para a seleção das melhores alternativas de pode descobrir um tesouro de oportuni-
valor. O Plano de Trabalho conclui com uma dades para a equipe de valor aumentar o
apresentação de recomendações específicas valor do projeto.
para os participantes do projeto, um crono- O fluxo de informações exige uma gestão
grama de implantação proposto, bem como cuidadosa de como a equipe de valor deve
um resumo dos benefícios. digerir uma imensa quantidade de informa-
Durante a fase de informação, a equipe ções em um período relativamente curto.
de valor deve ganhar uma sólida compre- Todo esforço deve ser feito para fazer o
ensão do escopo do projeto, cronograma, melhor uso da informação disponível.
custos e riscos. A equipe de valor desen- O pensamento criativo, especialmente
volve uma compreensão do escopo do na área de geração de ideias, deve ser usado
projeto através de uma análise minucio- em todas as fases de desenvolvimento de
sa de documentos de projeto, ouvindo e um projeto. Técnicas de criatividade devem
interagindo com a equipe do projeto e ser agressivamente aplicadas durante um
identificando as limitações e os problemas estudo de valor. Nenhuma combinação es-
das partes interessadas no projeto, e a rea- pecífica dessas técnicas é padrão para todos
lização de uma visita ao local. A aplicação os esforços de VM, nem existe um grau pre-
de Métricas de Valor vai ajudar a equipe determinado para sua utilização.
Pós-Graduação | Unicesumar
93

atividades de autoestudo

1. Conforme explicado nesta unidade, considere elaborar uma análise da função de


cada parte do Martelo, conforme ilustrado na imagem abaixo.

Componente Verbo Substantivo

Cabeça

Gancho

Cabo

Logotipo

2. Faça o mesmo considerando os itens que você enumerou na atividade 1, da


Unidade I deste livro.
3 ANALISANDO PROJETOS SOB A
ÓTICA DO VALOR AGREGADO

Professor Dr. Daniel Eduardo dos Santos

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• Desenvolvimento
• Apresentação
Objetivos de Aprendizagem • Implementação
• Compreender todos os conceitos que envolvem a • Métricas de Valor
Metodologia do Valor (VM).
• Desenvolver questionamentos sobre a agregação de
valor em projetos.
• Reestruturar projetos considerando a VM.
Alberto Santos Dumont, reconhecido no Brasil como “Pai da Aviação”,
nasceu no dia 20 de julho de 1873 na Fazenda Cabangu, em João Aires,
Minas Gerais. Acompanhado de sua família, Alberto visitou a terra de seu
avó - França - pela primeira vez, em 1891.

Naquele período o motor a gasolina fazia sucesso nas exposições em


Paris, isto capturou a curiosidade do jovem que, após voltar ao Brasil com
a família, regressou à França no ano seguinte.

Emancipado pelo pai aos 18 anos, e tendo recebido títulos de renda e


ações que lhe deram condições financeiras para seus experimentos sobre
motores a explosão, seu interesse era criar um aparelho que permitisse ao
homem o controle sobre o voo.

Aprofundando seus estudos sobre mecânica e motor de combustão, cons-


truiu “Nº1”, o marco inicial de uma série de “charutos voadores” motorizados.
Seus balões então começavam a marcar história e tornaram-se fato comum
nos céus de Paris. Em 20 de setembro de 1898, Santos Sumont fez o balão
subir aos céus, alcançando altura de 400 metros e voltando ao mesmo
ponto de partida.

Uma sequência de balões, aperfeiçoados um após o outro, trouxe mais fama


a Santos Dumont. Aída de Acosta, cubana, tornou-se a primeira mulher no
mundo a voar. Seus balões eram parte comum do horizonte de Paris, e - de
tanto trafegar por aqueles céus – seu balão Nº9 era chamado de “Le petit
Santos”. Já o Nº10, maior que os demais, mudou esta linha e já era reco-
nhecido como “um dirigível ônibus”, inclusive pelo próprio Santos Dumont.

O 14-BIS marcou a história em 13 de setembro de 1906, pois fez em Paris


o primeiro voo em um aparelho mais pesado que o ar. A aeronave lançou-
se aos céus com propulsão própria e chegou a uma altura de 50 metros.
Dois anos depois, Dumont constrói o Demoiselle, cujo design seria utiliza-
do como modelo a todos os projetistas que se seguiram. Alberto Santos
Dumont desenhou cada centímetro do aeroplano, da estrutura ao motor. No
ano seguinte, seu avião foi a sensação da Primeira Exposição da Aeronáutica,
no Grand Palais de Paris.
Avaliação de Projetos
96

desenvolvimento
Pós-Graduação | Unicesumar
97

D
ependendo do tipo de estudo, a fase de desenvolvimento pode
ser realizada como parte do estudo ou na sequência do estudo. O
objetivo desta fase é desenvolver as “melhores ideias” que foram
identificadas durante a fase de avaliação de alternativas, cujos valores
específicos foram validados tecnicamente. O impacto de cada alternati-
va de valor também deve ser quantificado, tanto quanto possível. Antes
de apresentar as recomendações, é necessário estabelecer um plano de
ação para organizar os esforços da equipe. Parte do trabalho é realizada
por membros individuais da equipe e alguns pela equipe como um todo.
O plano de ação deve identificar o trabalho que precisa ser feito em cada
conceito para resolver todas as questões não respondidas e confirmar
que o conceito deve ser formulado em uma recomendação. Com um
bom plano de ação em mãos, a equipe pode, então, finalizar e desenvol-
ver cada recomendação. Principais perguntas e considerações incluem:
• São os custos precisos e representativos para o projeto?
• As estimativas de custo incluem todos os custos de implementação
e testes, e são os custos bem calculados?
• O tempo (horas) para implementação e testes foram incluídos nos
custos?
• Como o conceito afetará a incerteza? Se é um conceito “não
testado”, ele irá representar um risco para o projeto? Por outro
lado, ele vai reduzir a incerteza de risco através de um melhor
gerenciamento?
Avaliação de Projetos
98

• As melhores ideias do mundo não serão aceitas a menos que razões


sejam dadas para aceitá-las.
• Prepare todas as informações técnicas e custos pertinentes e liste
todas as vantagens e as desvantagens de cada conceito alternativo.
• Forneça as informações gráficas relevantes para o valor alternativo, se
possível.
• Prepare alternativas de valor para testes e implementação.
• Determine quais mudanças serão necessárias nas programações
existentes, como design, especificações ou contratos.
• Certifique-se de que toda a informação pertinente está revisada, a
qual pode mudar o valor alternativo.
• Se várias alternativas de valor que abordam os mesmos assuntos
têm sido desenvolvidas, a equipe deve selecionar uma alternativa de
valor que é percebida como a melhor para implementação. Outras
alternativas podem estar preparadas caso a primeira opção não seja
aceita pela autoridade de homologação.
• Certifique-se de que cada alternativa de valor foi totalmente
documentada e de que será apresentada em um formato que vai
permitir aos decisores entender claramente toda a informação
relevante. Esta informação deve incluir:
• Um breve resumo do projeto e/ou elemento de projeto,
incluindo uma descrição narrativa da linha de base e conceitos
alternativos.
• Informação gráfica, como desenhos, diagramas, esboços ou
fluxogramas de processo.
• O custo estimado dos conceitos básicos e alternativos, incluindo
o ciclo de vida e os custos de implementação.
• A descrição do impacto previsto que a alternativa de valor terá
sobre o desempenho do projeto.
• Uma análise cuidadosa de risco, seja qualitativa ou quantitativa.
• Lembre-se: a incerteza pode afetar o desempenho, bem como
custo e tempo.
• Uma estimativa do tempo ou impacto no cronograma.
• Dados técnicos de apoio ao valor alternativo.
• Ações necessárias para a implementação do valor alternativo.
• Um cronograma de implementação sugerido.
Pós-Graduação | Unicesumar
99

O núcleo de um estudo de valor inclui a documentadas com descrições escritas e nar-


Análise de função, especulação e fases de rativas, proporcionando justificação, esboços,
avaliação do plano de trabalho. Após a con- avaliações de desempenho, cálculos e com-
clusão da fase de avaliação, a equipe de valor parações de custos (os custos iniciais e custos
terá identificado uma série de conceitos que de ciclo de vida, se necessário). Essas reco-
precisam ser desenvolvidos em alternativas mendações são referidas como alternativas
possíveis. de valor.
Os membros da equipe são responsáveis​​ Há duas etapas na fase de desenvolvi-
por preparar essas recomendações, que são mento. Essas incluem:
baseadas em uma comparação com o con- 1. Desenvolvimento de alternativas de
ceito determinado na linha-base do projeto. valor.
Todas as recomendações são finalmente 2. Análise das alternativas de valor.

desenvolvimento de alternativas de valor

O
s conceitos que foram pré-selecionados durante a fase de
avaliação estão agora desenvolvidos em alternativas de
valor. A informação a ser utilizada para essas alternativas de
valor deve ser recolhida e apresentada de uma forma que permita
que a equipe do projeto e tomadores de decisão entendam facilmen-
te os conceitos envolvidos, a sua justificação e seu efeito no custo e
Avaliação de Projetos
100

desempenho do projeto. certo número de elementos de informação


As alternativas de valor devem ser orga- que pode incluir:
nizadas usando um formato padronizado. • Considerações de gerenciamento de
Programas de Valor e profissionais utilizam projetos.
uma ampla variedade de formatos de alter- • Redesenho e/ou implementação de
nativas de valores que são baseados no tipo custos.
de informação que é exigida pelos toma- • Revisor técnico ou comentários das
dores de decisão de uma organização para partes interessadas.
determinar a sua aceitabilidade. O especia- • Revisão de comentários de membros
lista em valor deve, portanto, assegurar que da Equipe de Valor.
qualquer formato que será utilizado irá conter Na figura a seguir apresentamos um modelo
todas as informações que serão exigidas pela de conteúdos que deverão compor um tra-
equipe do projeto e/ou tomadores de deci- balho de Alternativas de Valor. Este formato
sões e ajustar o formato das alternativas de é destinado a capturar as informações de-
valor nesse sentido. senvolvidas para as alternativas de valor por
Independentemente do tipo de projeto, meio das seguintes etapas no processo de
há certas peças de informação que qualquer desenvolvimento:
tomador de decisão precisa ter. Um conjunto • Garantir viabilidade técnica.
completo de formas contendo essa informa- • Determinar os custos.
ção básica deve incluir: • Avaliar o desempenho – Métricas de
• As descrições de linha de base e Valor.
conceitos alternativos. • Avaliar o risco.
• Discussão e justificação do conceito • Desenvolver narrativas.
alternativo. Deve-se ressaltar que existem muitas ma-
• A informação financeira (custo inicial neiras diferentes de organizar e apresentar
e custos de ciclo de vida, conforme o informações sobre alternativas de valor. A
caso). forma é relevante se estiver determinada a
• Avaliação de desempenho (impactos alcançar seu objetivo, produzindo juntamen-
no escopo do projeto e cronograma). te com as informações contidas no relatório
• Informação gráfica (fluxogramas, o suficiente convencimento das possibilida-
diagramas, esboços etc.). des de benefício frente à alteração de projeto
Em adição a essa informação, pode haver um visando à melhoria de valor agregado. Se os
Pós-Graduação | Unicesumar
101

procedimentos identificados nesta unidade tomadores de decisão. Felizmente, essa in-


forem seguidos, a equipe do valor deve ser formação será apresentada de forma clara
bem-sucedida no desenvolvimento de alter- e concisa o suficiente pela equipe de valor
nativas de valor, transitando bem entre os para tornar o processo de tomada de decisão
conceitos junto à equipe do projeto e aos facilitado.

Custo do Ciclo de Vida Estimado

Custo Inicial Estimado

Suposições e Cálculos

Esboços

Discussões e Justificativas

Página de Resumo

FORMATO ALTERNATIVO DE
VALOR

Figura 12: Formato Alternativo de Valor


Fonte: elaborada pelo autor
Avaliação de Projetos
102

garantir a viabilidade técnica

S
upondo que todas as ideias pré-se- questões antes de prosseguir com o
lecionadas foram atribuídas no final desenvolvimento da alternativa.
da fase de avaliação, os membros da • Um conceito que envolve o
equipe de valor estarão prontos para começar desenvolvimento de um formulário
a documentar as informações que serão de- padronizado a ser usado por seis
senvolvidas para cada alternativa de valor. O agências diferentes da cidade
primeiro passo desse processo consiste em para controlar as solicitações de
assegurar a viabilidade técnica da alternativa financiamento deve incluir uma
de valor. Em outras palavras, ele vai funcionar? reunião com o pessoal do orçamento
Dependendo da natureza do conceito, de cada agência para identificar as
a viabilidade técnica pode ou não ser óbvia. informações necessárias para processar
Se não for, a equipe de valor deve conside- o pedido. Será que cada agência deve
rar essa questão em primeiro lugar, antes usar a mesma terminologia? Se não,
de gastar qualquer tempo adicional sobre pode uma linguagem padronizada
o conceito. Verificar a viabilidade técnica ser desenvolvida? Será que cada
pode envolver diversas atividades, como por agência requer o mesmo número
exemplo: de assinaturas para aprovação? Se
• Um conceito que envolve um não, elas podem ser consolidadas
alinhamento alternativo de uma e padronizadas? Neste caso, a
rodovia pode exigir que o projetista equipe de valor terá de trabalhar
da equipe de valor esquematize a diretamente com os interessados para
geometria num mapa topográfico, realmente desenvolver um formulário
a fim de assegurar que as distâncias padronizado, antes de completar
de visão horizontal e vertical possam outras atividades de desenvolvimento
ser alcançadas. Haverá um aumento alternativo.
na capacidade de ultrapassagem Em alguns casos, especialmente para pro-
com segurança? Será necessário um jetos que envolvem instalações, pode ser
adicional de trabalho de aterramento? necessário apenas o desenvolvimento do
Será que o alinhamento alterará os conceito de um primeiro nível para assegurar
impactos ambientais? A equipe de que este está fundamentalmente correto. Em
valor terá de lidar com todas estas outras palavras, não é necessário desenvolver
Pós-Graduação | Unicesumar
103

o desenho de um novo componente no viabilidade técnica da alternativa, todos os


software de engenharia, pois esta é uma ati- cálculos ou premissas devem ser documen-
vidade que pode demorar muito mais tempo tados. Estes, juntamente com os esboços,
do que é disponível para a equipe de valor. diagramas, gráficos ou outras informações
Tanto a equipe de valor quanto a equipe do serão incluídos como parte da documen-
projeto devem ter em mente que qualquer tação da alternativa de valor. Se verificar-se
valor alternativo que é finalmente aceito terá que o conceito não é tecnicamente viável,
de ser integrado ao projeto pela equipe do então o motivo por que ele não vai funcio-
projeto. nar deve ser documentado e o conceito vai
Como a equipe de valor verifica a para uma análise mais aprofundada.

determinar os custos

U
ma vez que a equipe de valor se Se os custos do ciclo de vida forem afe-
sinta confiante de que o conceito tados pela alternativa de valor, a análise do
vai realmente funcionar, o próximo ciclo de vida deve ser incluída como parte
passo será avaliar seus impactos financeiros. da documentação da alternativa de valor.
Felizmente, a equipe de valor terá sido abas- Informações referentes aos períodos do
tecida de dados de custo da linha-base do ciclo de vida e taxas de desconto devem ser
projeto antes do estudo de valor. Esses dados obtidas a partir da equipe do projeto ou pa-
de custos devem servir como base para o trocinador do projeto.
desenvolvimento dos custos para a alterna- Na realização de estimativas de custo,
tiva de valor. Em alguns casos, o conceito é sempre aconselhável que faça a compa-
subjacente a uma alternativa valor pode ser ração lado a lado da linha-base e os custos
tão radicalmente diferente do conceito de alternativos, a fim de mostrar as áreas que
base que será necessário desenvolver uma diferem. Ao desenvolver os custos do con-
forma completamente nova de estimativa de ceito alternativo, nem sempre é necessário
custo. Nesses casos, a equipe de valor deve fornecer uma estimativa do projeto comple-
ter o cuidado de documentar onde estão to, que normalmente só é necessária para
obtendo informações de custos para apoiar incluir os custos do projeto que vão mudar
a alternativa. Suposições devem ser bem do- com o resultado da implementação da al-
cumentadas e justificadas. ternativa de valor.
Avaliação de Projetos
104

avaliar o desempenho – métricas de valor

U
ma vez que a viabilidade técnica e os e peso do atributo pode ser usado, bem
custos foram determinados, a equipe como um espaço para gravar pontuação
de valor deve ter uma boa concep- de desempenho do conceito alternativo. A
ção se a ideia ou a alternativa de valor irá alteração no desempenho, se for o caso, deve
proporcionar uma melhoria em termos de ser avaliado usando as escalas e parâmetros
valor. O próximo passo é avaliar os impac- inicialmente estabelecidos e precisam estar
tos previstos que a alternativa de valor terá relacionados ao efeito da variação em todo o
sobre o desempenho do projeto. projeto. Uma alternativa pode fornecer uma
Cada um dos atributos de desempenho dramática melhoria em relação ao elemen-
que foram originalmente identificados e de- to do projeto que está sendo considerado,
finidos, feito o benchmark durante a fase de no entanto, o efeito global sobre o total do
informação, deverá ser analisado com res- projeto pode ser relativamente pequeno ou
peito à alternativa de valor. A declaração de mesmo insignificante. A justificativa deve re-
desempenho deve ser feita para cada atribu- lacionar-se a ambos, no entanto, a avaliação
to, e as razões para a mudança (ou mesmo de desempenho deve estar relacionada com
nenhuma mudança) em relação à linha-ba- o projeto total. Isso é importante para en-
se devem ser consideradas. tender como o objetivo do estudo de valor
Um formulário padrão que inclui a pon- é melhorar o valor total do projeto como
tuação do conceito base do desempenho um todo.

avaliar o risco

D
eve ser dada consideração sobre a podem incluir:
incerteza da alternativa e/ou o seu • Riscos associados à implementação
efeito sobre a incerteza inerente do da alternativa. A equipe de valor deve
projeto. Para cada alternativa, o risco pode refletir um pouco sobre as incertezas
ser considerado qualitativa ou quantitativa- que enfrentam na implementação
mente, dependendo do nível de informação da alternativa. Por exemplo, se uma
e tempo disponível para a equipe de valor. alternativa propõe a incorporação
Principais considerações sobre risco de uma inovação técnica que nunca
Pós-Graduação | Unicesumar
105

tenha sido testada, pode haver o melhorar as chances de aceitação.


risco de que o conceito não funcione. • O impacto para os riscos do projeto
Isso poderia resultar em uma perda existentes. É possível que uma
de tempo e/ou dinheiro e poderia alternativa de valor possa aumentar
afetar negativamente o projeto. ou diminuir a probabilidade e/
Neste caso, a equipe de valor seria ou impactos dos riscos do projeto
sábia para articular a sua opinião existente. Na verdade, algumas
sobre a probabilidade de sucesso e alternativas são desenvolvidas
os impactos relacionados tanto para especificamente para minimizar
sucesso quanto para fracasso. Se os as ameaças ou maximizar as
tomadores de decisão não estão oportunidades em projetos. A equipe
cientes dos riscos envolvidos com de valor deve discutir o efeito que uma
uma alternativa de valor, eles podem alternativa de valor terá sobre esses
ser mais propensos a tomar decisões riscos como parte da narrativa.
débeis. Alternativas de valor podem servir como
• A probabilidade de que a alternativa estratégias de resposta aos riscos, intencio-
será implementada. Em alguns casos, nalmente ou não, tanto pelo projeto como
as decisões relativas à aceitação por um subproduto. Vale a pena considerar
ou rejeição de um valor alternativo em que tipo de estratégia de resposta uma al-
pode envolver um número de ternativa de valor se enquadra. De um modo
participantes. A equipe de valor pode geral, há quatro tipos de estratégias que se
querer considerar a articulação de sua aplicam a ameaças (riscos negativos) e três
opinião sobre a probabilidade de uma que se aplicam a oportunidades (riscos po-
alternativa a ser aceita, dado o processo sitivos). O pensamento deveria ser investido
e o ambiente em que a decisão será considerando a forma como a alternativa
tomada. É muitas vezes o caso de que a pode ser empregada ao longo destas linhas.
probabilidade de aceitação irá diminuir As ações disponíveis para os riscos de
inversamente com o número de partes endereços são baseadas nas seguintes estra-
envolvidas no processo de decisão. tégias de resposta aos riscos para lidar com
Portanto, uma alternativa que envolve as ameaças:
apenas um “guardião” pode ser menos • Evitar. O caminho certo para lidar com
arriscada do que aquela que tem um risco é evitá-lo completamente.
três. Essa é uma informação útil para Há um certo número de maneiras
fornecer juntamente com a alternativa diferentes de o fazer. Uma forma é
e também pode ajudar a equipe de modificar o escopo do projeto.
valor a desenvolver estratégias para Por exemplo, suponha que um muro de
Avaliação de Projetos
106

arrimo de uma residência possui um risco no equipamento fornecido pela agência e


de custo relacionado às condições geoló- mover uma ação judicial. Uma estratégia para
gicas desconhecidas. Se o muro de arrimo lidar com esse risco seria transferi-lo para o
for eliminado, o risco pode ser totalmente contratante, exigindo que este apresente a
evitado. No entanto, os custos do projeto sua própria máquina de tunelamento. Claro,
podem precisar ser aumentados para adqui- essa transferência de risco vai ter um preço,
rir o imóvel subjacente, a fim de substituir mas a análise da equipe de valor indica que o
a parede com um aterro. A questão, então, custo de fazê-lo foi menor do que o impacto
é “será que o custo para evitar este risco é esperado de não fazê-lo.
menor do que o seu impacto esperado?” Se a • Mitigação. Mitigação de risco é uma
resposta for sim, isso pode ser uma boa estra- estratégia que não impede que
tégia a adotar. Muitos riscos identificados no um risco ocorra, mas reduz a sua
início do ciclo de vida de um projeto podem probabilidade à gravidade do seu
ser evitados quando informações adicionais impacto. A adequação da redução do
são produzidas. risco é muitas vezes relacionada com o
• Transferência. Transferência de um risco tempo de vida útil do projeto, quando
é um eufemismo para “passar a batata ele é considerado. Muitas vezes, é
quente”. Em outras palavras, o risco mais fácil mitigar riscos no início dos
pode ser repassado para outra pessoa, projetos, e certamente é dispendioso
talvez alguém mais hábil em lidar fazê-lo mais tarde no ciclo de vida do
com um risco específico. De modo projeto.
geral, há geralmente um preço a ser Por exemplo, vamos supor que um projeto
pago para fazer isso. É muito comum rodoviário vai exigir um longo período de
passar alguns riscos para um terceiro, construção pesada na distância de três
como um empreiteiro ou consultor. O metros de várias residências. Se nada for feito
sucesso desta estratégia depende da para lidar com esse risco, é provável que os
capacidade do terceiro para assumir e moradores afetados movam uma ação ju-
reduzir o risco. dicial, aumentando os custos do projeto e,
Por exemplo, uma agência encarregada da mais significativamente, atrasar construção
construção de um projeto de metrô deter- indefinidamente. A estratégia de resposta de
mina que irá fornecer o maquinário pesado mitigação para esse risco seria iniciar nego-
necessário para construir os túneis ao contra- ciações com os moradores para realocá-los
tante. A equipe de valor sente que havia uma temporariamente, por um período de tempo,
grande quantidade de risco associado a essa assim eliminando a possibilidade de longos
abordagem, como o contratante podendo atrasos no projeto. Essa estratégia de mitiga-
culpar qualquer problema de produtividade ção em particular iria aumentar os custos do
Pós-Graduação | Unicesumar
107

projeto, no entanto, permitiria a redução de opção são coisas como as intempéries


sua gravidade do risco, especialmente em e outros incidentes naturais como
termos de impactos no cronograma. terremotos e inundações.
• Aceitação. A última estratégia é A seguir, está uma lista de estratégias
simplesmente aceitar o risco. Esta de resposta aos riscos que se aplicam às
é uma opção viável para estratégia oportunidades:
e pode ser adequada para os riscos • Explorar. Oportunidades que possuem
que são muito pequenos, muito benefícios potenciais muito fortes
improváveis, ou muito difíceis para devem ser ativamente exploradas.
responder à utilização de uma Isso é feito através do aumento da
das estratégias anteriormente probabilidade de que a oportunidade
mencionadas. Exemplos de riscos vá acontecer, ou melhor ainda, garantir
onde a aceitação pode ser uma boa que isso aconteça. Muitas vezes,
Avaliação de Projetos
108

adotar essa estratégia vai exigir algum para maximizar as oportunidades.


investimento de tempo do projeto Uma maneira de empregar a estratégia de
e dinheiro para conseguir, mas se o “share” é através de uma Cláusula de Incentivo
retorno sobre o investimento está lá, de Valor, como discutido anteriormente.
provavelmente vai valer a pena. Basicamente, esta cláusula de contrato es-
Por exemplo, suponha que um projeto de tabelece um mecanismo de participação nos
edifício de escritórios tem a oportunidade lucros entre um proprietário e um emprei-
de receber um financiamento adicional se teiro em que o contratante é encorajado a
atender a certos requisitos de eficiência ener- desenvolver modificações econômicas no
gética. Essa oportunidade pode ser explorada custo para o projeto. Economias de custo
por meio de melhorias para aquecimento, são normalmente divididas, por vezes com
ventilação do edifício, ar condicionado e sis- o proprietário recebendo a parcela menor.
temas de isolamento. A equipe de valor deve • Aprimorar. Esta estratégia visa
analisar os custos necessários para atender às aumentar a probabilidade de uma
exigências em relação ao financiamento adi- ocorrência de oportunidade e/ou
cional que pode receber. Se o retorno sobre o grau dos benefícios resultantes.
o investimento está definido, as chances de Aprimoramento nem sempre é algo
conseguir o financiamento podem ser refor- garantido, mas muitas vezes pode
çadas pelo gasto de fundos adicionais nas revelar-se uma abordagem de valor.
melhorias. Por exemplo, assumindo uma oportunidade
• Compartilhar. Às vezes, uma que é identificada durante o estudo de valor
oportunidade pode ser capitalizada, que indica que existe uma possibilidade de
assim os benefícios são compartilhados que o tipo de licença ambiental necessária
com outros, como na criação de uma para um grande projeto de infraestrutura
situação “ganha-ganha”. A maioria pode ser alterado. Se o tipo de avaliação pode
dos projetos tem muitas partes ser reduzido de uma Avaliação Ambiental
interessadas com diferentes objetivos (AE) para a Declaração Negativa (DN), o cro-
em mente. Muitas vezes, uma pequena nograma pode ser acelerado em três meses.
colaboração gera um longo caminho Essa oportunidade pode ser melhorada se
Pós-Graduação | Unicesumar
109

os impactos para uma determinada área do de análise de risco primário, então a equipe
projeto são evitados. Isso pode exigir uma valor deve considerar a aplicação da mesma
modificação do escopo do projeto ou, talvez, técnica para as alternativas de valor. Fornecer
uma análise adicional. Independentemente um nível proporcional de análise em linha
disso, as chances disso acontecer (oportu- com o resto do projeto adicionará validade
nidade) podem ser aumentadas se as ações para as alternativas de valor e dará à equipe
específicas forem tomadas. do projeto um maior nível de confiança ao
Vale a pena avaliar várias estratégias de considerar a sua aceitação.
resposta para lidar com os riscos, especial- Se técnicas quantitativas de análise de
mente os riscos que têm um alto impacto risco têm sido aplicadas, em seguida, a equipe
esperado. Frequentemente, a resposta de valor também deve considerar aplicá-las
apropriada é bastante autoevidente. Para para as alternativas. Se, por exemplo, a si-
projetos maiores, é importante a realização mulação de Monte Carlo foi realizada para
de uma abordagem mais abrangente para o os riscos do projeto, em seguida, a equipe
desenvolvimento de estratégias de respos- de valor deve considerar executar uma si-
ta aos riscos, mantendo-se um workshop da mulação paralela, que considera o efeito do
VM. A combinação da análise de risco e VM valor alternativo sobre o risco do projeto. A
fornece um meio muito eficaz para reduzir maioria dos modelos quantitativos tem a ca-
o risco do projeto. Existem soluções criati- pacidade de análise de risco, e alguns podem
vas disponíveis para lidar com muitos riscos, considerar o efeito de risco em termos de
no entanto, tempo deve ser dedicado para custo e cronograma. Em estudos de cons-
encontrá-los. trução, por exemplo, é comum executar um
Se as técnicas de análise de risco qua- modelo de risco “pré-mitigado” que avalia
litativas forem aplicadas no projeto, então o efeito do risco nos custos e cronograma,
pode valer a pena considerar estender essas sem o benefício de análise de alternativas
mesmas técnicas para o desenvolvimento de valor desenvolvidas sobre modelo de
das alternativas de valor. Por exemplo, se risco de “pós-mitigado”, onde os seus efeitos
uma matriz de probabilidade e impacto tem seriam avaliados. Tal análise pode fornecer
sido utilizada para o projeto como técnica uma visão muito necessária e um grande
Avaliação de Projetos
110

impulso para a aceitação de alternativas que valores esperados para os modelos de risco
auxiliam no risco do projeto atenuante. A pré e pós-mitigado no que diz respeito aos
figura a seguir mostra uma comparação dos custos.

Custo Total do Ano Corrente


100%

90%

80%

70%
Probabilidade

60%

50%

40%

30% Pré-mitigrado
20%
Pós-mitigado
10%

0%
.8
57
4

6
.5

46

2
94

68
.5

.2

.0

.7

.2

.9

.7

5.
81

0.

9.

4.
62

67

72

76

86

90

95

10
10

10

11

Custo Total ($ M)

Figura 13: Curvas de Probabilidade de Cenários de Riscos Pré e Pós-Mitigados para Custo do Projeto
Fonte: elaborada pelo autor

Em qualquer caso, o risco deve ser considerado de projeto, das informações disponíveis, do
em algum nível na fase de desenvolvimen- tempo disponível durante o estudo de valor
to. O nível de detalhe vai depender do tipo e do estágio de desenvolvimento do projeto.
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111

desenvolver narrativas

O
último passo para finalizar a docu- uma descrição minuciosa dos
mentação para uma alternativa de detalhes técnicos em todas as línguas
valor está no preparo das narrati- necessárias, que irão fornecer a lógica
vas e qualquer informação gráfica adicional, das razões pelas quais a mudança é
como desenhos ou diagramas. Tendo de- justificada.
senvolvido o conceito técnico, os custos • Um resumo do impacto financeiro
identificados e desempenho avaliado, os alternativo.
membros da equipe de valor devem agora Essa informação deve ser documentada em
ter uma compreensão completa do concei- uma série de formas que permitirá que a
to alternativo. Essa informação deve agora equipe do projeto e os tomadores de decisão
ser resumida em desenvolvimento de uma a analisem de forma organizada.
narrativa minuciosa da alternativa de valor, A escrita deve ser preparada de modo
que deve incluir: a permitir que o pessoal de gestão, que
• Uma breve descrição do conceito de pode ser de um fundo não-técnico, com-
linha de base. preenda os conceitos básicos envolvidos
• Uma breve descrição do conceito na alternativa de valor. Informações técni-
alternativo. cas detalhadas deverão ser incluídas para
• Uma lista de vantagens e desvantagens complementar essa discussão, dessa forma
do conceito alternativo em relação ao a equipe do projeto pode analisar e verifi-
conceito-base. car os detalhes técnicos da alternativa de
• A discussão das alternativas, incluindo valor.
Avaliação de Projetos
112

apresentação

U
m relatório final contendo alter- decisão e seus assessores. Portanto,
nativas da equipe de valor e uma é importante que as alternativas de
apresentação para a equipe do valor sejam feitas da forma mais clara e
projeto conclui o estudo de valor. O obje- concisa.
tivo é informar ao proprietário, à equipe de • Seja específico e evite generalidades
projeto, às partes interessadas e ao cliente ou sempre que possível. Se uma exceção
usuário finais os resultados levantados pela pode ser percebida em um termo ou
equipe de valor. Essa apresentação inicial definição genérica, esta exceção pode
não deve ser anunciada como uma reunião ser usada para derrotar a totalidade
de tomada de decisão, já que esta só ocorre da alternativa de valor, mesmo que
na fase final: a implementação. A equipe de a exceção não afete diretamente o
valor normalmente fornece o relatório escrito problema. É necessário apresentar fatos
após a apresentação. As principais considera- e estar preparado para suportá-los.
ções na apresentação de resultados incluem: • Tanto apresentações escritas quanto
• A apresentação das alternativas orais precisam chamar a atenção das
de valor, escrita e oral, deve gerar pessoas que não têm tempo a perder.
a cooperação dos tomadores de Certifique-se de que todos os fatos
Pós-Graduação | Unicesumar
113

necessários são apresentados de forma • A equipe de valor deve ser diplomática


concisa, e depois pare. na apresentação de suas alternativas.
• A realização de uma apresentação Muitas vezes, os membros da equipe
oral é mais útil quando apresenta as do projeto podem se sentir ameaçados
alternativas de valor para a equipe por resultados da equipe de valor.
do projeto. A equipe pode discorrer Cuidados devem ser tomados
sobre os pontos que não estão claros para respeitar o trabalho realizado
para os ouvintes, e as perguntas sobre anteriormente e não constranger a
as alternativas de valor podem ser equipe do projeto. Mudanças nem
respondidas na hora. sempre são fáceis de aceitar.

vendendo mudança

A
s melhores ideias do mundo con- conjuram quando o tópico de vendas é dis-
tinuarão não realizadas a menos cutido é o da temida imagem do vendedor
que possam ser comunicadas de de carros usados​​. Em suas mentes, a venda
maneira clara e convincente para aqueles geralmente vem carregada de desonestida-
em posição de agir sobre elas. Aqueles de, deturpação da verdade, exagero, e até
com experiência em marketing, vendas e mesmo fraude absoluta.
publicidade, sem dúvida, compreendem a O especialista em valor provavelmente
importância da venda de novas ideias e con- terá que ajudar alguns membros da equipe de
ceitos. Aqueles que estão empregados em valor a superar esses obstáculos mentais para
cargos técnicos, ou mesmo gerentes de pro- mudança no paradigma de vendas. A seguir,
jetos, podem não entender o valor da venda são apresentadas estratégias que podem ser
na mudança. empregadas para vender a mudança:
A maioria dos engenheiros, designers, • Compartilhe o crédito. Muitas vezes, a
programadores e outros especialistas téc- equipe do projeto terá investido uma
nicos geralmente se encolhem quando o quantidade enorme de esforço no
assunto “vender” é trazido à tona. Por que desenvolvimento de conceito de base
isso? Claramente, essa aversão às vendas do projeto. O importante é reconhecer
está enraizada na cultura profissional de que não só tempo e esforço foram
lidar com fatos absolutos. Na experiência do investidos, mas orgulho também. O
autor, a imagem que as pessoas mais técnicas orgulho pode ser um grande obstáculo
Avaliação de Projetos
114

para superar a mudança. Se a equipe em valor deve trabalhar com o


de valor desenvolveu um conceito que patrocinador do estudo e a equipe do
é particularmente forte, ela pode ser projeto na preparação para a mudança.
sábia para demonstrar como as partes Todos os envolvidos no processo
interessadas e/ou membros da equipe precisam entender que a equipe de
do projeto têm contribuído para o valor é simplesmente uma extensão da
desenvolvimento da alternativa de equipe do projeto. A equipe de valor
valor. Se outras pessoas fora da equipe está lá para ajudar a desenvolver um
de valor podem sentir algum orgulho projeto melhor, para não constranger
na posse de um novo conceito, eles ou criticar qualquer pessoa, uma vez
serão menos aptos a resistir a ela. que terá a vantagem da experiência
• Procure campeões de mudança. que a equipe do projeto não tinha.
Provavelmente serão membros da Os tomadores de decisões devem
organização patrocinadora, que serão perceber esse processo como um
defensores da mudança. Felizmente, esforço colaborativo.
esses indivíduos foram identificados • Use uma linguagem para comunicar
no início do processo pelo especialista ideias com entusiasmo. A equipe
de valor. A equipe de valor deve de valor deve considerar maneiras
procurar incluir essas pessoas nas de brainstorming de venda de
reuniões do grupo e procurar facilitar seus conceitos mais importantes
sua participação, uma vez que podem e potencialmente mais valiosos.
constituir uma alavanca importante Desenvolver frases-chave e frases de
para motivar a mudança dentro de efeito pode realmente ajudar a vender
uma organização. grandes ideias, criando ligações entre
• Venda o conceito de mudança mais palavras e conceitos. O objetivo de
cedo. As pessoas mais antigas podem vender uma ideia é convencer os
se envolver com o processo de valor, outros de que uma boa ideia é algo
e mais tempo haverá para prepará- digno de maior atenção. Não se trata
las para a mudança. O especialista de mentir ou deturpar a verdade. O uso
Pós-Graduação | Unicesumar
115

de algumas palavras bem escolhidas compensado quando a equipe de


pode ajudar a tornar as ideias mais valor for atingida com as questões
claras na mente dos tomadores de técnicas duras da equipe do projeto.
decisão e incentivá-los a explorar as Uma das melhores maneiras de vender
alternativas desenvolvidas pela equipe ideias aos colaboradores técnicos
de valor. é ter desenvolvido todos os fatos.
• Venda melhoria no valor. Tenha em Se surge uma pergunta a respeito
mente que o objetivo da Metodologia de uma questão que a equipe de
de Valor é melhorar o valor total do valor não abordou durante a fase de
projeto e não apenas reduzir os custos. desenvolvimento, importa reconhecer
Isto significa comunicar a equipe do que a equipe de valor irá pesquisar a
projeto e os tomadores de decisão que questão e desenvolver uma resposta.
a equipe de valor aposta em todos No afã de vender ideias, não tente
os aspectos da equação de valor, que encobrir desvantagens ou problemas
incluem desempenho, tempo, risco e potenciais. A equipe do projeto e os
custo. Assumindo que a abordagem tomadores de decisão irão apreciar
de métrica de valor foi utilizada como a franqueza e honestidade, que por
parte do processo de VM, a equipe sua vez só promovem a confiança e
de valor vai ser capaz de mostrar em respeito.
detalhes como o desempenho do • Crie emoção. Entusiasmo visível por
projeto será afetado pelas alternativas parte da equipe de valor será, por si
que desenvolveram. Vender melhoria só, benéfico ao vender suas ideias.
de valor será muito mais fácil do que Se a equipe de valor está consciente
simplesmente vender redução de e tranquila sobre a qualidade do seu
custos. trabalho, então você pode apostar
• Esteja preparado. Todo o sangue, que todo mundo vai estar bem. Uma
suor e lágrimas que foram exigidos atitude entusiasta é contagiante e vai
no desenvolvimento dos aspectos ser difícil de resistir, se ela é genuína.
técnicos das alternativas de valor será • Usar gráficos para transmitir ideias. O
Avaliação de Projetos
116

uso de imagens gráficas é uma das de hoje. Ele existe desde meados
melhores maneiras de vender ideias. dos anos 1980 e foi responsável pela
Às vezes até mesmo um simples concepção e entrega de bilhões de
esboço ou diagrama pode vender um apresentações. Dito isto, pode-se
conceito de forma que um relatório argumentar que a grande maioria
completo nunca poderia alcançar. Ao dessas apresentações foi realmente
utilizar gráficos, menos é mais. Procure horrível. Existe um crescente corpo
comunicar ideias visualmente simples de evidências para apoiar a teoria
e claras. de que a própria natureza do
• Supere o viés visual. Outra PowerPoint é contraproducente para
consideração importante na os apresentadores e os destinatários
apresentação de gráficos, desenhos das apresentações. Em seu livro de
e, especialmente, de concepções de referência sobre a apresentação visual
projeto é apresentar os conceitos de dados Beautiful Evidence, Edward
básicos e alternativas de uma maneira R. Tufte dedica um capítulo inteiro
equilibrada. O uso de plataformas à discussão e análise da estrutura
como Autocad® apresenta vantagens cognitiva e estilo apresentações do
quando comparadas a esboços PowerPoint. Tufte fornece uma série
realizados em papel vegetal. Mas em de exemplos muito convincentes
ambos os casos o que importa não é que explicam como o fornecimento
o meio, mas sim a informação útil. A de informações técnicas através de
apresentação de dados gráficos em PowerPoint pode realmente prejudicar
conjunto com estes dois formatos é a apresentação dos dados. Além disso,
uma maneira infalível para influenciar o uso do “Assistente de Conteúdo
o público para o conceito que foi Automático”, o supérfluo assistente de
apresentado de uma forma mais gráficos e uso excessivo de estruturas
detalhada (ou seja, o conceito de linha de pontos enumerados serve muitas
de base). vezes mais para confundir a mensagem
• Duvide do PowerPoint. PowerPoint do que torná-la mais clara. Outro
é o software de desenvolvimento de autor, Seth Godin, observou que tem
apresentação dominante no mundo uma abordagem um pouco diferente
Pós-Graduação | Unicesumar
117

para as deficiências de apresentações de nível de executivo. Evite entrar em


PowerPoint a partir de uma perspectiva minúcias ao apresentar alternativas de
de marketing. A lição a ser aprendida valor durante o briefing de entrega.
com esses autores é que a estrutura Concentre-se nos fatos e apresente
do PowerPoint nunca deveria ditar a os conceitos da forma mais concisa
apresentação, o conteúdo sim. Use possível.
o PowerPoint para vender as ideias A venda de alternativas é muitas vezes de-
(como recomendado pela Seth Godin) pendente não só de fatos do estudo, mas
e use folhetos informativos como também de como os fatos são apresenta-
flyers para apresentar os dados (como dos. A apresentação clara e concisa é muito
recomendado por Edward Tufte). mais eficaz do que um longo, prolixo, deta-
O material distribuído pode ter de lhado e tedioso relatório. Isso pode depender
uma a quatro páginas de resumo de muito da natureza do projeto, das habilida-
dados importantes, ou poderia ser um des dos membros da equipe de valor e da
relatório escrito completo. quantidade de tempo disponível para fazer
• Reconheça os outros por seus a apresentação, assim como da confiança da
esforços. O reconhecimento pode equipe tanto em suas conclusões quanto nas
ser mais importante do que pagar habilidades de apresentação.
muito. O especialista em valor deve Se o tempo é particularmente restrito,
levar algum tempo para reconhecer ou se a maior parte da equipe não se sente
a equipe do projeto e outros confiante em suas habilidades de apresen-
colaboradores por seus esforços. O tação, o especialista em valor pode querer
briefing de saída proporciona uma segurar toda a apresentação com a finali-
excelente oportunidade para fazer dade de clareza e coerência. Caso contrário,
isso diretamente. Transmitindo uma é sempre preferível ter os participantes da
sensação de graça, irá demonstrar equipe de valor diretamente envolvidos na
respeito pelo trabalho duro dos outros. apresentação. Nesse caso, os membros da
Isso não vai passar despercebido. equipe deverão apresentar essas alternati-
• Comunique-se de forma concisa. vas de valor cujos papéis desempenhados
O tempo é um bem valioso, fossem mais relevantes no desenvolvimen-
especialmente para gerenciamento to, sentindo-se o mais confortável possível.
Avaliação de Projetos
118

implementação

A
s atividades de implementação são do projeto. Uma vez que os tomadores de
fundamentais para o sucesso final decisão têm tido a oportunidade de rever o
do Plano de Trabalho. Durante essa relatório do estudo de valor e fornecer sua
fase, a equipe do projeto e os tomadores de análise escrita do valor de cada alternativa
decisão irão analisar e assimilar os dados for- para o especialista de valor, uma reunião para
necidos a eles na fase de apresentação. Uma a implementação deve ser programada para
reunião de implementação deve ser con- acordar a disposição de cada alternativa de
duzida uma vez passado suficiente tempo valor. A fase de implementação apresenta os
para rever os resultados da equipe de valor. seguintes passos:
O objetivo dessa reunião é fazer uma deter- • Revisão das alternativas de valor.
minação sobre a disposição de cada um dos • Melhorar as decisões – Métricas de
conceitos alternativos. Idealmente, a equipe Valor,
de valor estará presente para prestar escla- • Resolver alternativas de valor.
recimentos e assistência aos tomadores de • Reunião de implementação da
decisão. Alternativas que são aceitas exigirão conduta.
o desenvolvimento de um plano de imple- • Desenvolver um plano de
mentação e cronograma para a integração no implementação.
projeto. Alternativas que rejeitadas devem ter • Rastrear e auditar os resultados.
as razões para a sua rejeição documentada. A fase de implementação é sobre a mudança,
Acompanhamento da implementação como a aceitação de um valor alternativo, os
de alternativas de valor e de auditoria dos re- tomadores de decisão exigirão da equipe do
sultados ajuda a medir a eficácia do esforço projeto a integração das alterações associa-
da VM. O projeto deve ter algum tipo de me- das para o projeto em andamento e podem
canismo posto em prática que permitirá que até mesmo exigir uma mudança sistêmica
as mudanças no escopo do projeto, crono- dentro da organização para ser bem-sucedi-
grama e custo possam ser gerenciadas. da. A chave para lidar com as mudanças que
A fase de implementação centra-se na ocorrem como resultado de um estudo de
determinação da disposição das alternativas valor, seja este grande ou pequeno, é o seu
de valor e valida o seu efeito sobre o valor gerenciamento com competência.
Pós-Graduação | Unicesumar
119

as forças da mudança

O
próximo passo na gestão da mudança está em desenvolver uma
compreensão das forças envolvidas na mudança individual e or-
ganizacional. Há forças positivas e negativas em organizações que
trabalham por objetivos.

Forças positivas organização.


(catalisadores de • Mudanças no ambiente de trabalho
mudança) pela demografia dos funcionários,
estrutura, estilo de gestão, ou
Alterações no meio ambiente de uma orga- demografia organizacional relacionada
nização, tais como a introdução de novos a aquisições ou fusões podem trazer
procedimentos, normas ou regulamentos, para novas formas de comunicação e
aumento da concorrência ou mudanças im- mudanças nas cadeias de fabricação.
previsíveis na economia, podem exigir da • Reduções de produtividade, qualidade
organização a implementação de novas do produto, satisfação do cliente,
estruturas ou sistemas organizacionais de compromisso, ou um aumento na
reconhecimento. rotatividade de funcionários ou
• O desenvolvimento de novos produtos absentismo podem pedir mudanças
ou a seleção de produto resultante nas relações internas (isto é, a relação
de melhorias na tecnologia, as entre os diferentes departamentos
mudanças na concorrência ou da dentro de uma organização). Às vezes,
indústria, ou exigências incomuns de um ou dois eventos específicos fora da
um novo cliente pode ter impacto na organização precipitam a mudança.
Avaliação de Projetos
120

Forças negativas como uma empresa de consultoria ou


(resistência agência reguladora.
à mudança) • Os membros de uma organização
podem ver a mudança como uma
• Resistência à mudança ocorre quando ameaça para o prestígio e a segurança
uma mudança ignora as necessidades, do seu gerente. Eles podem perceber
atitudes e crenças dos membros de a mudança nos procedimentos da
uma organização. política como um comentário que
• As pessoas resistem à mudança o desempenho do seu gerente é
quando faltam informações específicas inadequado.
sobre a mudança. Essa ignorância • Os membros de uma organização
os impede de desenvolver uma podem perceber a mudança como
compreensão de quando, como ou por uma ameaça à sua competência,
que a mudança está ocorrendo. status ou segurança. A introdução
• As pessoas podem não perceber a de um novo sistema de computador,
necessidade de mudança quando por exemplo, pode fazer com que
elas sentem que sua organização ou alguns indivíduos sintam que não
projeto está operando de forma eficaz têm conhecimento suficiente para
ou com lucratividade. Em tal caso, a desempenhar suas funções de
mudança pode não ser voluntária ou trabalho, a revisão da estrutura de
mesmo solicitada por membros da uma organização pode desafiar os
organização. seus sentimentos de segurança do
• Os membros de uma organização trabalho, a introdução de um novo
podem sofrer de uma mentalidade do sistema de recompensa pode ameaçar
tipo “nós contra eles”, que faz com que a sua posição relativa dentro da
eles vejam o agente de mudança como organização.
seu inimigo. Estes indivíduos também Objetivando o controle, gerenciamento e
podem se sentir insignificante em face efetiva ocorrência da mudança, o especia-
da mudança, especialmente se for lista em valor ou gerente de projeto deve
imposta por representantes de “quartel- enfrentar cada uma dessas forças negativas
general”, ou por uma entidade externa, esforçando-se para superá-las.
Pós-Graduação | Unicesumar
121

Implementar a • O uso de uma direção ou comissão de


mudança supervisão para monitorar a mudança
pode aumentar a probabilidade de
A implementação bem-sucedida das mu- sucesso.
danças relacionadas às alternativas de valor • A natureza dinâmica dos sistemas
exige que as estratégias sejam delineadas organizacionais exige flexibilidade. O
adequadamente no plano de implementa- plano de implementação deve incluir
ção. Apesar de uma preparação cuidadosa planos de contingência para custos
para a mudança, incluindo a documenta- imprevistos, riscos potenciais, ou
ção adequada do valor alternativo e um resistência imprevista.
bom plano de implementação, aumentar • Um forte compromisso com o plano
as chances de sucesso, ela não garante uma de implementação por parte da gestão
ação efetiva. A sua aplicação requer uma ava- superior pode servir de pulmão nos
liação contínua das reações da equipe do esforços frente aos desafios internos e
projeto para a mudança. Estratégias para a externos e assegurar que os recursos
implementação bem-sucedida de mudança necessários sejam disponibilizados para
incluem: completar o processo de mudança.
Avaliação de Projetos
122

métricas
de valor

M
étricas de Valor são compostas por padronizado para identificar, definir, avaliar
um conjunto de técnicas que esta- e medir o desempenho. Uma vez que isto foi
belecem um meio para a medição alcançado e os custos para todas as alterna-
dos insumos de um projeto (custo e tempo) tivas de valor foram desenvolvidos, fica mais
e saídas (desempenho), e expõem como eles fácil medir o valor.
se relacionam com valor. Métricas de Valor Métricas de Valor é um sistema com-
usam os algoritmos de valor funcional como plementar de conceitos e técnicas
a base para medir a melhoria valor. desenvolvidas para aumentar o Plano de
Enquanto a quantificação do custo é Trabalho da Metodologia de Valor. Não é ab-
relativamente simples, a quantificação do solutamente essencial que Métricas de Valor
desempenho não é, e enumeramos várias sejam utilizadas a fim de realizar um estudo
razões para isso: de valor, no entanto, vale a pena o esforço
• O desempenho varia para cada adicional, pois há uma série de benefícios sig-
produto, processo e instalações. nificativos que podem transmitir. Métricas de
• O desempenho é muitas vezes de Valor pode melhorar os estudos de valor por:
natureza subjetiva. • Obtenção de consenso entre
• Os padrões de desempenho muitas os participantes do projeto
vezes não existem para o projeto. (especialmente aqueles que mantêm
Métricas de Valor fornecem um meio pontos de vista conflitantes).
Pós-Graduação | Unicesumar
123

• Desenvolver uma melhor compreensão design.


das metas e objetivos de um projeto A informação desenvolvida durante o estudo
e como eles se relacionam com o de valor com relação ao desempenho e valor
propósito e necessidade. fornece aos tomadores de decisão do projeto
• Desenvolver um entendimento básico informações adicionais em consideração a
de como o projeto está cumprindo todas as opções. O desempenho detalha-
metas e objetivos de desempenho. do da classificação lógica gerado durante
• Identificar áreas onde o desempenho a fase de desenvolvimento será particular-
do projeto pode ser melhorado através mente benéfico no processo de tomada de
do processo de VM. decisão. A consideração de possíveis estra-
• Desenvolver uma melhor compreensão tégias de implementação no contexto da
do impacto de um conceito alternativo melhoria de valor fornece aos participantes
sobre o desempenho do projeto. do projeto um meio de considerar a contri-
• Desenvolver uma compreensão buição de desempenho, custo, tempo e risco
mais profunda da relação entre à concretização do valor total.
desempenho e custo na determinação A equipe do projeto pode continuar a
do valor. usar a Matrix de Valor como um meio de me-
• Usar o valor como base para a escolha lhorias de desempenho de auditoria durante
do melhor projeto ou conceito de a implementação dos conceitos alternativos.
Avaliação de Projetos
124

Jefferson David Araujo Sales e Patrícia Katiana da Silva escreveram um artigo, tratando sobre os
fatores de resistência à mudança organizacional e suas possíveis resultantes positivas. Neste artigo,
eles apresentam que o mundo vem passando por inúmeras transformações, e com isso vem mu-
dando também o contexto organizacional. As organizações estão sendo obrigadas a acompanhar
essa evolução evitando assim a obsolescência em decorrência da morte das organizações. Para que
isso não ocorra, as mudanças organizacionais têm sido o caminho para adequar-se ao ambiente,
intensificando a criatividade e a inovação. Contudo, em processos de mudanças organizacionais são
atribuídos tradicionalmente obstáculos que precisariam ser vencidos: como a resistência às mudan-
ças. Ressalta-se a importância da eficiência da comunicação entre a empresa e seus colaboradores,
diante de todos os aspectos da mudança, tornando o processo mais claro e confiável.
Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF/34.
pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

Web

Artigo: Aplicação do método Neste vídeo, podemos observar como


EVA na tomada de decisão em um paradigma é formado e como os
Projetos, de Silvio Nunes dos seres o seguem, seja animal ou seja o
Santos, Carlos A Chaves e Álvaro homem. Apesar deste vídeo ser feito
Azevedo Cardoso. Neste artigo, por macacos, sabemos que a huma-
os autores têm como objeti- nidade na sua maioria faz a mesma
vo apresentar um resumo sobre coisa, seguem modelos de vidas,
a metodologia EVA (Economic mesmo sem saber o porquê e o para
Value Added) e uma pesquisa de quê.
campo usando esta técnica na < h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m /
Steady Company. Segundo seus watch?v=g5G0qE7Lf0A>.
criadores, o conceito é bastante
simples e recupera a antiga ideia
de lucro econômico, segundo a
qual só há lucro quando todos os
custos são cobertos, inclusive o
custo do capital.
Disponível em: <http://www. Liderança é a arte de conseguir
aedb.br/seget/artigos06/411_ alguém para fazer algo que você
EVA_SEGET.pdf>. Acesso em: 13 quer feito porque ele quer fazê-lo.
jun. 2013. (Dwight D. Eisenhower)
Pós-Graduação | Unicesumar
125

considerações finais

O sucesso da fase de desenvolvimento vai de valor, e, finalmente, o projeto, serão re-


depender muito do conhecimento técnico e compensados muitas vezes.
experiência dos membros da equipe de valor O sucesso na Fase de Apresentação
e do grau de esforço que eles são capazes exige que as alternativas de valor sejam efe-
de aplicar no desenvolvimento da docu- tivamente produto comercializável para os
mentação para as alternativas de valor. O tomadores de decisão. Isso requer a atenção
especialista em valor deverá ser um facilita- não só ao conteúdo das alternativas de valor,
dor e gerenciar os esforços dos membros da mas à forma como são apresentadas. Uma
equipe de valor para garantir que todas as pesquisa recente revelou que a persuasão
ideias selecionadas para o desenvolvimento funciona melhor quando é combinada com
na fase de avaliação sejam totalmente con- o estilo de tomada de decisão utilizado pela
sideradas e/ou desenvolvidas. administração dentro de uma organização.
Acima de tudo, é importante que a equipe A fase de implementação é o lugar onde
de valor assuma totalmente a posse dos con- todos os esforços da equipe de valor serão
ceitos que eles irão apresentar à equipe do recompensados. Para garantir que isso acon-
projeto e aos tomadores de decisão. Isso teça, o especialista de valor deve ser diligente
exige que todos os membros da equipe de para responder a problemas ou questões que
valor revejam e contribuam para o desenvol- possam surgir durante o processo de revisão e
vimento de todas as alternativas. Através do trabalhar com a equipe de projeto no desen-
trabalho em equipe e dedicação, a equipe volvimento de um plano de implementação.
Avaliação de Projetos
126

atividades de autoestudo

1. Na atividade realizada na primeira unidade, você elencou


ações feitas “no automático”, inclusive apontando alternativas
para tais ações. Na unidade II, você fez a identificação dos
elementos-chave de tais ações. Agora, prepare (grave ou
escreva) um discurso de convencimento para alguém, onde
você, como gestor ou gestora da metodologia de valor,
pretende mudar algo que fundamentalmente gerará maior
benefício do que a forma até então realizada.
Pós-Graduação | Unicesumar
127

conclusão
O número de indivíduos que escolhem carreiras re-
lacionadas à metodologia do valor tem aumentado
progressivamente nos últimos anos. Profissionais de VM
podem ser encontrados em gestão de programas de
valor para as agências governamentais e grandes cor-
porações em todo o mundo. Vivemos em uma época
de orçamentos apertados, concorrência crescente e re-
cursos cada vez mais escassos. Como essas tendências
econômicas continuam, o papel dos profissionais de
valor na melhoria do valor dos bens, serviços e instala-
ções vai crescer exponencialmente.
Muitos processos de melhoria de gestão e modis-
mos vêm e vão desde o século passado. A Metodologia
do Valor tem resistido ao teste do tempo como um meio
comprovado de aumentar o valor. Trata-se de grupo de
metodologias que foram formalmente adotadas pelas
organizações em todos os níveis. Isso é porque ela está
bem fundamentada na fonte fundamental de todos os
empreendimentos humanos, os elementos de custo,
desempenho, tempo, risco e função e como eles se re-
lacionam com valor.
Em última análise, o sucesso da aplicação do Valor
Metodologia depende muito da sua atitude.
Sucesso!
Avaliação de Projetos
128

referências
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York: HarperCollins, 2009.
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