Existe uma crença instaurada de que só seremos felizes quando

alcançarmos a perfeição. De que a felicidade está relacionada com

sucesso material, corpo ideal, relacionamento dos sonhos.

Quando olhamos pra uma celebridade, passamos a vê-la como alguém

que alcançou o patamar mais alto da vida. A prova de que existe um
continuum de gozo. Inconscientemente, ela se torna um lembrete do
que você ainda não conseguiu. Traz uma constante comparação entre o
que você é e o que você deveria “ser”.

Para Jung, o que nos tornaria felizes seria um significado pra

existência, um sentido. Não um acumulo entre fenômenos externos e
palpáveis. Na medida que essa felicidade está relacionada apenas a
bens materiais, surge o sintoma como carência de sentido.

Recentemente, Bruna Marquezine, considerada uma das mulheres

mais influentes do Brasil, falou abertamente sobre seu transtorno
depressivo: “ (..) Muitas questões de autoestima. Não me achava
bonita suficiente, boa suficiente pra nada (..) Comecei a tomar atitudes
que começaram a me assustar.”

Instantaneamente, todas as mídias sociais espalharam a noticia. Por

cerca de duas semanas, só se ouvia falar sobre a depressão. A saúde
mental foi uma grande pauta em debate.

Uma pesquisa recente feita pela Mind, sugere que 28$ dos 2 mil
entrevistados conseguiram falar de seus transtornos mentais em
consequência de uma declaração pública feita por uma pessoa famosa.
Além disso, outros 25% se identificaram e começaram a refletir sobre
suas próprias questões pessoais.

Precisamos entender que a perfeição é o utópica e o sofrimento se dá

por causa dessa busca incessante pelo que não existe. Não há uma
pessoa nesse mundo que não sofra com a sua própria imagem. E isso
não é algo que está ligado com o nosso físico, e sim com a forma que
gostaríamos que fossemos.
Esses padrões adoecem, criando um abismo entre o que você tem e “o
que você deveria ter”. É assim que se constrói um mundo de pessoas
totalmente infelizes e insatisfeitas. Você não precisa esperar o pote de
ouro no final do arco-íris chegar pra começar a viver. Comece com o
que você tem

Por que relatos de famosos são tão importantes?

"(..) Detestava meu corpo. Achava que tinha que emagrecer de todo
jeito. Tomava laxante todos os dias - por mais de três meses. Tive
depressão, não consegui procurar ajuda sozinha. Nem entendia
direito, só era infeliz."

"Junto com tudo isso eu tive depressão. Não só por isso, mas
principalmente por esses motivos. Muitas questões de autoestima. Não
me achava bonita suficiente, e, consequentemente, boa suficiente pra
nada".
"Não tive força pra ir atrás de ajuda sozinha. Minha família
começou a perceber, e pouquíssimos amigos entenderam o que tava
acontecendo.
Num determinado momento eu nem entendia muito, eu só sabia
que tava muito infeliz,
 Uma vez diagnosticada com depressão, as pessoas falam: 'Sai
dessa, você vai ficar bem'. Esse é o pior conselho porque você quer sair
dessa, só que você não sabe como.

O sintoma tem uma função

Seu sintoma traz uma história

Seu sintoma é um fragmento

Da verdade que você não dá atenção

O que o meu sintoma quer dizer?

Vem tentando lidar com a insônia ou dores gastrointestinais? Talvez

dores de cabeça, dermatites alérgicas? Falta de libido, cansaço intenso?
Autoestima, problemas renais?

Afinal, sintoma é todo tipo de sofrimento. O que está diminuindo sua

qualidade de vida? Qual é o seu sintoma?

Ao ir ao psiquiatra, na maioria das vezes, somos resumidos a um

catálogo de estereótipos, que mais nos limita do que compreende.
Recebemos a indicação de um ansiolítico como forma de inibir o sintoma, e
logo vamos pra casa.

Mas o sintoma tem a função de dar nome àquilo que a gente não
consegue dizer de outra forma, ou até mesmo, aquilo que se quer sabemos
o que é. É um fragmento da verdade que não damos atenção.

É uma espécie de protótipo criado para tentar organizar o que não

conseguimos organizar de outra forma. Ele sempre traz um rastro
indicando outro lugar, portanto, é preciso respeitá-lo até o momento em
que tomamos conta do que se é.

E você? O que tem feito para conhecer a sua história?