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Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento


ISSN 1981-9919 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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LEPTINA, OBESIDADE E EXERCÍCIO FÍSICO


1
Eduardo Chaves Monteiro
1,2
Francisco Navarro

RESUMO ABSTRACT

Introdução: A OMS (organização mundial da Leptin, obesity and physical exercise


saúde) estima que haja cerca de um bilhão de
adultos com sobrepeso no mundo, e que a The who (world health organization), estimates
obesidade é uma doença multifatorial. A that there are about one billion overweight
leptina é uma adipocina que funciona como adults worldwide, and that obesity is
um termostático regulando a fome, e que pode multifactorial disease. Leptin is adipokine that
sofrer alterações em pessoas com sobrepeso acts as a thermostast regulating hunger, and
e que praticam exercícios físicos. Objetivo: that may change in people with overwheigth
buscar conhecer os efeitos da leptina na and physical exercice adepts. Objective: to
obesidade e as possíveis alterações da seek to know the effects of leptin on obesity
mesma quando na prática de exercícios and its possible changes when in physical
físicos. Revisão de literatura: a obesidade é exercice. Literature review: obesity is an
um acúmulo de tecido gorduroso pelo corpo accumulation of fat tissue throught the body,
todo podendo ser genético ou endócrino- beign or genetic, or endocrine- metabolic
metabólico relacionado à ingestão alimentar. related to dietary intake. Adipose tissue can
O tecido adiposo é capaz de secretar secrete substances such as interleukin-6,
substâncias como a interleucina-6, adiponectin, tumor necrosis factor alpha, leptin
adiponectina, fator de necrose tumoral alfa, and some sex hormones. Some adipokines
leptina e alguns hormônios sexuais. Algumas are related white the rise of chronic diseases.
adipocinas estão relacionadas com o Leptin is elevated in obesity people, fact that
surgimento de doenças crônicas. A leptina may be associated with failure of the receptors
está elevada em pessoas obesas, isso pode in the hypothalamus. Exercice combined with a
estar associado a falha no receptores do negative caloric balance may alter the
hipotálamo. Os exercícios físicos aliado a um plasmatic leptin levels. Conclusion: there is
balanço calórico negativo podem alterar os disagreement among some be associated with
níveis de leptina plasmática. Conclusão: existe the work procedures that require possible
divergências de alguns autores quanto ao modifications.
exercício físico e as alterações nos níveis de
leptina, não estão bem claras estas relações, Key works: Obesity, Exercice, Leptin.
que podem estar associados aos
procedimentos dos trabalhos, que requerem
possíveis modificações.

Palavras-chave: Obesidade, Exercício Físico,


Leptina.

1-Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da


Universidade Gama Filho - Fisiologia do
Exercício: Prescrição do Exercício
2-Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em E-mail:
Fisiologia do exercício eduardomonteiro33@yahoo.com.br

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.4, n.19, p.54-60, Jan/Fev. 2010. ISSN 1981-9919.
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INTRODUÇÃO sobre os reguladores do apetite, provenientes


do tecido adiposo, sua relação com a
A obesidade é uma doença obesidade e descrever seus prováveis
multifatorial e segundo Organização Mundial mecanismos de ação, limitando ao
da Saúde (OMS), é considerada um problema comportamento em especial da leptina.
de saúde pública levando a complicações
psicológicas e físicas. A OMS estima que haja MATERIAIS E MÉTODOS
no mundo mais de um bilhão de adultos com
sobrepeso com índice de massa corporal Estudo bibliográfico, constituído por
(IMC) > 27, dos quais 300 milhões são obesos busca e coleta de dados de artigos e revistas.
IMC >30 (Benatti, Junior, 2007). O período de consulta de 1997 a 2009, com as
Associada ao maior risco de bases de dados do Scielo, Medline, Pubmed,
enfermidades crônicas não transmissíveis, a Birene. Foi utilizado para a busca as palavras:
ocorrência de três ou mais morbidades é obesidade e exercício, Leptina e exercício,
conceituada como síndrome metabólica, síndrome metabólica, leptin exercice/
sendo caracterizada pelo grupamento de endurance e resistance training, obesity
fatores de risco cardiovascular, como exercice. Foram encontrados mais de 200
hipertensão arterial, resistência insulínica, artigos relacionados, desses foram
hiperinsulinemia, intolerância à glicose ou selecionados 32 artigos dos quais julgava
diabetes tipo 2, obesidade central e estar mais pertinentes com a pesquisa.
dislipidemia (Guttierres e Marins, 2008).
O excesso de ingestão energética e ou REVISÃO DE LITERATURA
a redução do gasto energético associados a
uma vida sedentária sejam responsáveis pelo A obesidade pode ser considerada
aumento da prevalência dessa doença. Alem como um acúmulo de tecido gorduroso, pelo
disso, outros fatores interagem na regulação corpo todo, causado por doenças genéticas ou
da ingesta alimentar: armazenamento de endócrino-metabólicas ou por alterações
gordura, metabolismo lipídico, fatores nutricionais (Fernandez e colaboradores,
intestinais, fatores endócrinos, adipocitários e 2004). É considerada uma síndrome mundial
fatores neurais (Halpen, 2004). Alguns autores envolvendo fatores sociais, psicológicos e
enfatizam que a obesidade pode ser atribuída socioeconômicos em indivíduos de todas as
mais a fatores ambientais do que genéticos, idades e grupos (Alvez, 2006).
assim poderiam explicar o acúmulo de O aparecimento e a prevalência de
excesso de gordura corporal em grandes sobrepeso em crianças e adultos não decorre
proporções na população mundial (Benatti, somente em função da ingestão de nutrientes
Junior, 2007). ma também do decréscimo na atividade física
Salienta-se que a etiologia da levando a um balanço energético desfavorável
obesidade não é de fácil identificação. Alguns (Fernandes e colaboradores, 2004).
avanços na área da endocrinologia e O tecido adiposo está disperso pelo
metabolismo identificam que o adipócito não é organismo em depósitos celulares que além
apenas uma célula armazenadora de energia, das funções de tecido, atua na produção e
mas sim capaz de sintetizar e liberar diversas liberação de moléculas chamadas adipocinas.
substâncias, sendo considerado hoje um Na obesidade os adipócitos estão
órgão endócrino (Mota e Zanesco, 2007). aumentados, bem como, a excreção e
Podemos citar algumas substâncias liberadas expressão dessas moléculas. Os mecanismos
como a adiponectina, o fator de necrose humorais e hormonais são responsáveis pela
tumoral alfa, a interleucina-6, a leptina e atividade secretória do tecido adiposo,
alguns hormônios sexuais. A leptina atua no depositando e mobilizando triglicerídeos e
sistema nervoso central, em particular no colesterol (Costa, 2006).
hipotálamo, desempenhando importante papel As adipocinas, em sua grande maioria
no controle da ingesta alimentar e estimulando estão relacionadas, direta ou indiretamente, a
o gasto energético (Prado, Almeida e Melo, processos que contribuem na aterosclerose,
2008). hipertensão arterial, resistência insulínica (RI)
O objetivo deste trabalho é buscar o e diabetes tipo 2 DM2), dislipidemias, ou seja,
conhecimento dos efeitos do exercício físico representam o elo entre adiposidade,

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síndrome metabólica e doenças neurônios, sendo os orexígenos que


cardiovasculares (Hermsdorff, Monteiro, 2004). basicamente secretam o neuropeptídeo y e o
Os hormônios atuantes na obesidade AgRP (agout related protein); e os
podem ser alterados pelo fenótipo, distribuição anorexígenos que secretam o CART
de gordura e a gravidade da obesidade. Estes (transcrito regulado por cocaína e anfetamina)
possuem um controle direto sobre e o alfa-MSH (peptídeo de melanocortina),
neurotransmissores que interferem no derivado do POMC (propriomelanocortina). Os
comportamento alimentar como o receptores dessas duas populações é que são
neuropeptídeo y, que por sua vez pode capazes de dar a resposta para a privação ou
controlar de forma direta ou indireta a a ingesta de alimentos (Ribeiro e
lipogênese por ação da insulina e sinalizar a colaboradores, 2007).
adequação calórica mediada pela leptina
(Assumpção, Nunes e Urtado, 2008). Os Obesidade e Leptina
produtos secretados pelo tecido adiposo tem Com mais de um bilhão de adultos
função imunológica, cardiovascular, com sobrepeso, onde pelo menos trezentos
metabólica e endócrina. São identificados os milhões são clinicamente obesos, a
seguintes: IL-6 (interleucina-6), PAI-1 organização mundial da saúde considera a
(plasminogênio- 1), TZD (tiazolidenedionas), obesidade como uma epidemia global, sendo
AT-2 (angiotensina), AGL (ácidos graxos uma condição complexa com dimensões
livres), AGRP (proteína relacionada a agouti), sociais e psicológicas. Esta caracteriza-se por
visfatina, alfa-MSH (hormônio estimulante de gerar prejuízo no estado normal do organismo,
melanócitos), leptina e adipsina (Costa, 2006). modificando algumas funções vitais como a
A leptina integra o complexo fisiológico cardíaca, pulmonar, endócrina e imune (Alvez,
que regula o armazenamento, o equilíbrio e o 2006 ).
uso de energia pelo organismo, modulando o Podemos classificar o tecido adiposo
estado nutricional do organismo para outros em: tecido adiposo abdominal (TAA), tecido
sistemas fisiológicos causando inibição sobre adiposo subcutâneo abdominal (TASA), tecido
o conjunto de alterações neuroendócrinas adiposo subcutâneo glúteo-femural (TASG) e
secundárias a privação alimentar. Ela modifica tecido adiposo visceral (TAV) ou omental
a expressão e a atividade de inúmeros sendo esse o mais ativo, com alta
peptídeos hipotalâmicos que regulam o apetite sensibilidade a lipólise via catecolaminas e
e o gasto de energia (Licino e Negrão, 2000). receptores beta- adrenérgicos (Hermsdorff,
A maior parte da leptina é produzida 2004).
no tecido adiposo branco, outros órgãos O índice de massa corporal (IMC) é
produzem em menor quantidade: estômago, utilizado para identificar o grau de obesidade.
placenta, e tecido adiposo marrom (Licino e O IMC leva em consideração somente o peso
Negrão, 2000). corporal e não a quantidade de gordura
A leptina age no hipotálamo, corporal, podendo cometer erros quando
principalmente no núcleo arqueado, ela é relacionado com um indivíduo com grande
considerada um sinal adipostático ao cérebro quantidade de massa magra (Assupção,
influenciando no balanço energético. O núcleo Nunes e Urtado, 2008).
arqueado é provido de duas populações de

Tabela 1 - Classificação da obesidade segundo o índice de massa corporal.


IMC (kgm²) Classificação Risco de doenças associadas
18,5 – 24,9 Normal Normal
25,0 – 29,9 Sobrepeso Elevado
30,0 – 34,9 Obesidade 1 Muito Elevado
35,0 – 40,0 Obesidade 2 Muitíssimo Elevado
> 40,0 Obesidade 3 Doença Presente

Formas de tratamento e um dos mecanismos que envolvem os hormônios


entendimento etiológico da obesidade fazem do tecido adiposo e gastrointestinais. Parte
mover-se discussões sobre diversos dos trabalhos enfatizam a relação desses
experimentos para melhoria da compreensão hormônios com diversos tipos de exercícios

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físicos, volumes e intensidades (Almeida, A leptina age como um sinal aferente


Prado e Melo, 2008). para o sistema nervoso central (SNC), agindo
A falta de atividade física e os hábitos como feedback negativo inibindo a expressão
alimentares não apropriados, sem dúvida são do gene da leptina regulando apetite (Benatti,
os principais fatores desencadeantes da Junior, 2007). Os efeitos da leptina sobre o
obesidade. A manutenção ou preservação da peso e ingestão de alimentos são mediados
massa magra e composição corporal pelos receptores hipotalâmicos nas regiões
resultantes em um balanço preciso entre ventro basais do hipotálamo (núcleo arqueado,
ingestão e gasto energético são fundamentais ventro-medial e dorso-medial), locais onde se
na prevenção da obesidade (Assumpção, encontra uma forte presença e expressão do
Nunes e Urtado,2008). gene do receptor ob-Rb de forma longa. A
Em indivíduos obesos acredita-se que interação da leptina com seu receptor estimula
exista um defeito na atividade hormonal que a ação de neuropeptídeos e
regula o apetite e o gasto energético que está neurotransmissores que aumentam a ingestão
relacionado com a ação da leptina. Estima-se alimentar (orexígenos) como o neuropeptídeo
que a maior parte de pessoas obesas tem y (NPY) e o peptídeo relacionado a proteína
níveis séricos de leptina elevados e são agouti (AGRP) ou diminuem (anorexígenos)
proporcionais a massa de tecido adiposo, como o hormônio estimulante de melanócito
alguns estudos relatam uma quantidade de (alfa MSH), o hormônio liberador de
RNAm para leptina no tecido adiposo. (Negrão corticotropina (CRH) e o (CART) substância
e Licino, 2000), assim a maioria dos obesos sintetizada em resposta a cocaína e
não tem falta ou deficiência da leptina. anfetamina (Negrão e Licino, 2000). Sendo
A concentração circulante de leptina, assim a leptina inibe a ação desses
assim como a expressão de RNAm nos orexígenos e estimula os anorexígenos para
adipócitos, pode ser influenciada pela ingestão regulação da ingestão de alimentos.
alimentar, por variações da massa corporal, Existem mecanismos fisiológicos que
pela insulina, pelos corticosteróides e influenciam a síntese e expressão de leptina
atividade física, sendo que existe uma relação causando alterações como o jejum,
direta entre adiposidade elevação da ingesta glicocorticóides, atividade simpática, insulina,
de calorias e maior secreção de leptina exercício físico, e alterações no peso corporal
(Eugchi e colaboradores, 2008). e no balanço energético alterando
consideravelmente as quantidades de leptina
Leptina que estão associadas à massa de gordura
Hormônio com descoberta mais (Halpern, Rodrigues e Costa, 2004).
recente em 1994, onde o nome é derivado do
grego leptos (magro). A leptina é peptídeo Tabela 2 - Moduladores hipotalâmicos do
formado por 167 aminoácidos, transcrito a apetite (Negrão, Licino, 2000).
partir do gene ob sendo originalmente clonado Diminuição Aumento
em camundongos, a deficiência ou mutação Leptina NPY
desse gene pode acarretar doenças como POMC AGRP
obesidade e diabetes tipo 2 (Mota e Zanesco, CART MCH
2007). Circula na forma livre ou ligada a uma
CRH/Urocortina Orexígenas
proteína até o momento em que se liga num
Alfa-MSH Noradrenalina
receptor de superfície celular ou é excretada
pelos rins, sendo expressa e secretada pelo Serotonina
tecido adiposo branco e pela placenta
(Hermsdorff e colaboradores, 2006). Indivíduos obesos têm concentração
O tecido adiposo branco é o maior alta de leptina, estudos indicam a possível
produtor de leptina no organismo, a expressão resistência a esse hormônio. As prováveis
de RNAm para leptina é menor no tecido explicações de resistência ficam em torno de
gorduroso visceral do que em tecido alterações dos receptores hipotalâmicos ou a
subcutâneo em humanos. A expressão e falha da ação de mecanismos pós-receptores,
secreção de leptina varia de acordo com o ou seja, intracelulares (Ribeiro e
tamanho do adipócito e massa de gordura colaboradores, 2007).
total (Hermsdorff, Monteiro, 2004). Estudos correlacionam leptina e outros
hormônios. Observou-se que a concentração

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de leptina é de duas a três vezes maiores em maior a leptina nas mulheres, e em algumas
mulheres que em homens, considerando o patologias como o diabetes tipo 2, os níveis
mesmo índice de massa corporal (IMC), para plasmáticos de leptina encontram-se elevados
alguns autores pode indicar uma resistência (Ribeiro e colaboradores, 2007).

Tabela 3 - Valores basais de concentração plasmática de leptina em diversas.


Grupos N Idade IMC (kgm²) Leptina(ng/ml) Referência
Homens 51 24±6 25,5±6 4,6±4,4 33
Mulheres 46 24±6 23,0±3,5 11,9±8,5 33
Homens 281 50±16 32,0±7,9 12,7±13 16
Mulheres 687 46±14 37,5±11,4 42,7±29,1 16
Ultramaratonistas (Homens) 14 41±13 23,9±2,0 2,64±0,94 53
Homens treinados em endurance 20 21±4 21,6±2,0 2,05±0,7 34
Homens treinados em Exercícios com pesos 17 23±2 23,6±1,4 2,4±0,86 34
Pacientes com deficiência de GH(mulheres) 15 47±7 25±3 21,5±8 35
Pacientes com deficiência de GH(Homens) 21 45±7 26±3 5,2±2,2 35

A leptina quando injetada em Alguns estudos foram feitos para


camundongos ob/ob, o qual tem deficiência verificar os efeitos do exercício físico sobre a
genética desse peptídeo, reduz o consumo de leptina. Verificou-se que o treinamento de
alimentos e aumenta o gasto energético. Mas, endurance em ratos evitava o aumento dos
por outro lado quando esse peptídeo é níveis plasmáticos de leptina induzidos por
injetado em camundongos db/db que dieta hiperlipídica, e também a diminuição dos
apresenta deficiência no receptor de leptina, níveis de leptina eram acompanhados por
não há nenhuma perda de peso corporal ou menor ganho de peso corporal e massa
diminuição do consumo energético. adiposa, e níveis mais baixos de triglicérides
Assim, poderia utilizar uma administração séricos e insulina (Mota e Zanesco, 2007).
exógena de leptina para o tratamento da Investigou-se diferentes sessões de
obesidade, porém a deficiência de leptina em exercício físico sobre os níveis de leptina em
obesos é baixa, cerca de 5 a 10%, são poucos homens treinados, sendo o sangue coletado
clinicamente apresentados (Mota e Zanesco, antes, imediatamente após, com 24 e 48 horas
2007). de uma de duas sessões de exercício na
Há evidências que existam receptores esteira: um teste máximo e outro com duração
da leptina em tecidos periféricos e sugere que de 60 minutos. Somente constatou-se
ela possa atuar no metabolismo lipídico. A alterações nos níveis de leptina 48 horas após
leptina aumenta a oxidação de ácidos graxos o teste comparado com momentos anteriores.
no músculo esquelético através da ativação da Assim ficou concluído que o exercício
AMPK (proteína quinase ativada pelo AMP), prolongado de moderada intensidade diminuiu
sendo uma indicadora intracelular de energia e os níveis de leptina em 48 horas após o
atua na regulação da oxidação de ácidos exercício (Prado, Almeida e Melo, 2008).
graxos. A ação da AMPK no músculo Foram pesquisados 97 indivíduos
esquelético pode se dá pela leptina adultos obesos e sedentários, sendo 51
diretamente ou pelo sistema nervoso homens e 46 mulheres num treinamento de 20
simpático. (Benati e Junior, 2007). semanas em cicloergômetro, três vezes por
semana, intensidade de 55% inicial e final de
Leptina e exercício físico 75% do VO2max. Após 20 semanas, tanto
São bem claros e estabelecidos os homens como mulheres não apresentaram
diversos benefícios que a atividade física modificações nos níveis plasmáticos de leptina
proporciona à saúde, inúmeras experiências (Pérusse e colaboradores, 1997).
têm demonstrado que o exercício físico regular Homens obesos foram investigados
protege contra o aparecimento e durante 16 meses com dieta e exercício físico
desenvolvimento de variadas doenças aeróbios, constatou-se diminuição da leptina
crônicas como hipertensão, obesidade, plasmática no grupo treinado fisicamente
diabetes tipo 2, coronarianas e várias outras. (Pasman e colaboradores, 1998).

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Um estudo com treinamento resistido reduziu em 36% o nível plasmático de leptina


realizado com 10 homens não obesos, com após 16 semanas, isso associado a redução
idade média 21±1anos, sendo um protocolo de de peso, pois aquelas que não faziam redução
50 séries entre membros superiores e ponderal não obtiveram alterações de leptina
inferiores, com intensidade de 70 a 80% de 1 plasmática. Outra pesquisa envolvia
RM, com 5 e 10 RM alternadas e duração treinamento de força máxima, hipertrofia
média de 120 minutos. Na primeira hora após muscular e resistência muscular localizada,
o término da atividade não foram encontrados isso em dias diferentes e um dia de repouso,
valores alterados. 13 horas depois os valores observou que não houve alterações nas
sofreram modificações. Conclui-se que no concentrações plasmáticas de leptina nos
EPOC e a energia gasta durante o exercício diferentes protocolos (Mota e Zanesco, 2007).
de força induz uma diminuição dos valores de Assim podemos observar baseados
leptina circulante (Gutierrez e Marins, 2008). nestes estudos que a leptina plasmática tende
Foram encontradas reduções nos a sofrer alterações com o treinamento de força
níveis de leptina plasmática em torno de 30% quando associado a dieta ponderal, caso
48 horas após duas sessões separadas de contrario não ocorrerá modificações nos níveis
exercício, sendo uma com dispêndio séricos.
aproximadamente de 800 e 1500 kcal, porém
24 horas depois não encontrou modificações. CONCLUSÃO
Também encontraram 34% de redução de
leptina plasmática após 44 horas de duas Os trabalhos mostram a grande
horas de exercício a 75% do VO2max. Assim importância do tecido adiposo como glândula
alguns estudos concluem que a leptina não endócrina no controle de diversas funções do
altera logo após o exercício, outros já nosso metabolismo. Existe uma associação da
mencionam sua redução logo após o exercício quantidade de tecido adiposo e as mais
agudo se a atividade for extenuante, como variadas substâncias produzidas e secretadas
uma maratona, onde há um balanço para atingir direta ou indiretamente diversos
energético negativo (Benatti e Junior, 2007). sistemas. O estilo de vida sedentária e a
A execução de um exercício supra- ingestão de alimentos contribuem para a
máximo durante 45 segundos, realizado a obesidade, consequentemente um grande
120% da capacidade aeróbia não ocasionou aumento da adiposidade. Esse tecido adiposo
alterações nas concentrações de leptina, o secreta adipocinas que influenciam o balanço
autor menciona o cortisol como provável energético.
influenciador dessa resposta (Bouassida e A leptina que está relacionada com o
colaboradores, 2006). Por outro lado balanço energético influencia as ações do
exercícios de endurance de meia maratona metabolismo controlando o peso e apetite. O
estimado em 1400cal, ski-alpinismo estimado exercício físico é uma "ferramenta" importante
em 5000cal e ultramaratona 7000cal houve no controle do peso corporal e
redução na circulação sanguínea de leptina consequentemente também refletirá no
(Bouassida e colaboradores, 2006). metabolismo do tecido adiposo. A diminuição
Estudo realizado com 24 mulheres dos níveis de leptina plasmática foram mais
obesas com IMC>30kg/m², divididas em três significativos quando havia também uma
grupos iguais e com dieta em torno de 1200 a diminuição da gordura corporal associada ao
1600cal/dia, sendo 8 mulheres tomando exercício físico e dieta ponderal.
somente o medicamento anorexígeno Orlistat, Autores entram em divergências em
8 mulheres somente exercício e 8 mulheres torno das respostas das concentrações de
Orlistat+exercício físico, Sendo exercício leptina plasmática diante do exercício físico,
aeróbio 45 minutos de bicicleta 3× semana e alguns mencionam alterações e outros não,
anaeróbio todos os dias. Após 12 semanas isso pode estar associado aos protocolos
conclui-se que o grupo que fez uso do utilizados. Os estudos pesquisados mostram
Orlistat+exercício físico obteve os melhores maiores alterações de leptina em exercícios de
resultados na redução da leptinemia (Ozcelik e endurance com alto gasto energético. Foram
colaboradores, 2004). encontrados menos estudos mencionando o
Um estudo de treinamento com pesos trabalho de força e leptina, mas pode-se
em mulheres obesas após a menopausa concluir que o exercício físico é grande

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influenciador nos níveis de leptina e controle 9- Hermsdorff, M.H.H.; Vieira, M.Q.A.M.;


do peso corporal, cabendo ressaltar que uma Monteiro, R.B.J. Leptina e Sua Influência na
dieta ponderal potencializa os resultados. Patofisiologia de Distúrbios Alimentares.
Revista de Nutrição. Vol. 19. Num. 3. 2006.
REFERÊNCIAS
10- Mota, R.G.; Zanesco, A; Leptina, Ghrelina
1- Alvez, R.N.M. Os efeitos da Obesidade na e Exercício Físico. Arquivo Brasileiro de
Resposta Imune. Revista Brasileira Nutrição Endocrinologia e Metabolismo. Vol. 51. Num.
Clinica. São Paulo. Vol. 21. Num. 4. 2006. 1. 2007. p. 25-33.
p. 316-319.
11- Negrão, B.A.; Licino, J. Leptina: O Diálogo
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