Вы находитесь на странице: 1из 160

REVISTA.93-28.

04 03/04/28 18:30 Page 3

mediaXXI
REVISTA INTERNACIONAL DE COMUNICAÇÃO, MEDIA E ENTRETENIMENTO
SUMÁRIO

DIRECTOR
5 EDITORIAL
PAULO FAUSTINO
14 SOCIEDADE BIT
EDITOR
GUILHERME PIRES | editor@mediaxxi.com

CONSELHO EDITORIAL 16 8TH WMEMC


ROGÉRIO SANTOS | UNIVERSIDADE CATOLICA PORTUGUESA
REGINALDO ALMEIDA | UNIVERSIDADE AUTONOMA DE LISBOA 18 8TH WMEMC | ENQUADRAMENTO
RUI CÁDIMA | UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA PAULO FAUSTINO
JOÄO PALMEIRO | ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE IMPRENSA
ALDA MOURÄO | INSTITUTO POLITECNICO DE LEIRIA 34 8 TH
WMEMC | OPINION
JORGE PEDRO SOUSA | UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA ALAN ALBARRAN
ALAN ALBARRAN | NORTH TEXAS UNIVERSITY
ALFONSO SÁNCHEZ-TABERNERO | NAVARRA UNIVERSITY 38 8TH WMEMC | OPINIÓN
ROBERT PICARD | JONKONPING INTERNATIONAL BUSINESS SCHOOL A. SANCHEZ-TABERNERO
STEVE WILDMAN | STATE MICHIGAN UNIVERSITY
LI-CHUAN EVELYN MAI | BEIJING NORMAL UNIVERSITY 40 8TH WMEMC | OPINION
BOZENA MIERZEJEWSKA | ST. GALLEN UNIVERSITY STEVE WILDMAN

COLABORADORES 42 8TH WMEMC | OPINIÃO


HÉLIA MARTINHO MINISTRO AUGUSTO S. SILVA
ANA JERÓNIMO
48 8TH WMEMC | INTERVIEW
DESIGN ROBERT PICARD
TELMA LEONOR FERREIRA | design@mediaxxi.com
50 8TH WMEMC | PAPER
MARKETING E PUBLICIDADE ANGELA POWERS
DORA VAZ | publicidade@mediaxxi.com
65 8TH WMEMC | PAPER
ASSINATURAS M. CARVAJAL E J. GARCÍA
publicidade@mediaxxi.com

IMPRESSÃO
PUBLIDISA – PUBLICACIONES DIGITALES, S.A. 79 ANÁLISE | “FREE”

DISTRIBUIÇÃO
81 INTERVIEW | CHRIS ANDERSON
VASP/ CTT – CORREIOS DE PORTUGAL
87 PAPER | FERNANDO RAMOS
SOCIEDADE GESTORA DA REVISTA
FORMALPRESS – PUBLICAÇÕES E MARKETING, LDA.
101 PAPER | RITA FIGUEIRAS

119 ENSINAR A COMUNICAÇÃO | ESEG


*
ESCRITÓRIOS
 RUA PROFESSOR ALFREDO DE SOUSA, Nº 8, LOJA A 1600-188 121 ESTUDOS | E-READINESS 2008


*
217 573 459 | 2
LISBOA

217 576 316 | geral@mediaxxi.com@ 125 PAPER | J. PABLO MUÑOZ

|   2
 PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL, Nº 70, 4000-390 PORTO
225 029 137 149 INTERVIEW | ARJEN RADDER

REVISTA FUNDADA POR NUNO ROCHA, EM 1996 152 CIBERMEDIA


DEPÓSITO LEGAL Nº 995 16/96; REGISTO Nº 120427
TIRAGEM: 2500 EXEMPLARES 154 O NOVO CAPITAL

ED. 93 ABR | JUN 2008 156 LEITURAS


REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 4
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 5

EDITORIAL

REPOSICIONAR E
CONSOLIDAR
PAULO FAUSTINO
DIRECTOR EDITORIAL, INVESTIGADOR E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Esta edição é especial por vários motivos, especialmente


porque assinala doze anos de publicação permanente. Desde
que foi fundada, em 1996, a Media XXI passou por várias
fases – por vezes difíceis mas também compensadoras,
incluindo pela conquista de prémios de jornalismo - e em
vários momentos foi necessário fazer adaptações às novas “ (...) a
realidades que foram surgindo. importância do
sector da
Ao longo dos 92 números já editados esta publicação comunicação foi
sempre conferiu especial importância a conteúdos com crescendo como
interesse para os profissionais, professores e investigadores actividade
ligados à área da comunicação. No entanto, nos últimos cinco económica e
anos, depois de adquirida pela Formalpress, a Media XXI cultural, facto
vindo a reforçar o seu posicionamento como revista técnica, que foi
mas com também com destaque para conteúdos acompanhado
direccionados a professores e alunos, incluindo, neste pelo próprio
contexto, a publicação de artigos científicos. Aliás, esta tratamento
ligação ao mundo académico – e às ciências da comunicão - noticioso que lhe
está no ADN da revista, uma vez que foi fundada por foi sendo
professores de comunicação. conferido.”

mediaXXI 5
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 6

EDITORIAL

Os progressivos reposicionamentos da quer pela natureza dos suportes quer pela


revista decorrem da própria dinâmica no periodicidade dos jornais - não seja possível
mercado e também das transformações abordar com o desejável aprofundamento
ocorridas na última década na sociedade. Se alguns temas de relevância para os vários
nos reportarmos ao ano de 1996, facilmente actores e interessados na vasta actividade da
verificamos que as publicações sobre comunicação. Estamos convictos que
comunicação eram praticamente continua a faltar, a nível nacional e
inexistentes: a primeira a surgir foi a revista internacional, uma publicação que consiga
Meios, entretanto suspensa, publicada pela abordar e analisar aprofundadamente,
Associação de Imprensa Não Diária conciliando uma linguagem jornalística com
(actualmente designada Associação o rigor científico, vários temas relacionados
Portuguesa de imprensa). Contudo, com o com o mundo da comunicação,
decorrer dos anos a importância do sector da entretenimento e cultura, área cada vez mais
comunicação foi crescendo como actividade transversal a vários segmentos da sociedade.
económica e cultural, facto que foi Neste sentido, a Media XXI assume, a partir
acompanhado pelo próprio tratamento deste número, algumas inovações
noticioso que lhe foi sendo conferido. A substanciais, passando a designar-se como:
prova mais evidente é a existência de Revista técnica e científica de
secções de media e comunicação nos jornais comunicação, media e entretenimento.
e o aparecimento de publicações
especializadas dirigidas aos profissionais do As inovações aqui introduzidas decorrem
sector. No campo científico também têm da convergência de três aspectos
surgido algumas publicações. Embora mais fundamentais: i) necessidade de informação
centradas em abordagens qualitativas, para a instituições de media mas com
conteúdos das mensagens, sociologia da argumentação científica; ii) informação
comunicação, géneros jornalísticos, científica para as instituições de ensino mas
comunicação organizacional, entre outros com compreensão da indústria; e iii)
temas, incluindo áreas relacionadas - ou consolidação da comunicação como driver
inspiradas - pela “Escola de Frankfurt”. da sociedade da informação e do
conhecimento. Na concepção anglo-
Pode dizer-se que hoje em dia existe já saxónica, o termo media (ou média, como
uma oferta considerável de notícias sobre a alguns preferem) é mais abrangente e
hiper–actividade da comunicação, embora - engloba para além do trimedia clássico

6 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 7

EDITORIAL

(rádio, televisão e imprensa) outros suportes Por outro lado, para além de assinalar o
de comunicação, incluindo os novos media seu 12ª ano de actividade e corporizar um
(online, portáteis, etc.). E, em muito casos, novo projecto editorial, esta edição tem outro
são ainda incluídas relações muito directas significado especial: coincide com a
com outras actividades asssociadas à organização da 8ª Conferência Mundial de
indústria de conteúdos culturais e lúdicos, Economia a Gestão dos Media/World Media
como é o caso da edição de livros, Economics and Management Conference
vídeojogos e até a música. (WMEMC). Portanto, esta edição revela
também uma consolidação do seu projecto
É neste contexto, de relações cada vez editorial, traduzido também na edição de
mais estreitas entre os media, comunicação livros no âmbito da Colecção Media XXI,
entretenimento e cultura que a Media XXI irá tendo já sido publicadas cerca de 20 obras
conferir mais atenção nas suas abordagens e nos últimos três anos, algumas em inglês e
opções editoriais, tentando, sempe que espanhol, dirigidas aos mercados
possível, conciliar a prática das diferentes internacionais. No entanto, temos
instituições e actores da comunicação com a capacidade - e vontade - para fazer mais,
investigação científica produzida em Portugal razão pela qual temos uma nova ambição:
e no estrangeiro. Esta edição especial, produzir, partilhar e disseminar mais
número 93 – que se poderá considerar o conhecimento, não só à escala nacional com
número ZERO de um novo ciclo de vida – também internacional, incluindo o reforço do
espelha já o reposicionamento como revista enfoque ibérico que a Media XXI já tem
técnica e científica e contém alguns artigos contemplado, embora timidamente, nos
artigos científicos de investigadores últimos dois anos de publicação.
nacionais e estrangeiros. Sem prejuízo de
nas próximas edições acrescentarmos No que concerne a esta edição, centrada
outros conteúdos, nomeadamente na WMEMC – e da qual a Media XXI é co-
reportagens sobre acontecimentos organizadora conjuntamente com o Journal
relevantes, entrevistas a especialistas of Media Economics (revista científica norte-
internacionais, sugestões de livros e americana) e o Centro de Estudos em
conteúdos próprios promovida pela unidade Comunicação e Cultura da Universidade
de investigação associada à Media XXI, este Católica -, foi nosso propósito não deixar
número representa já uma aproximação à passar despercebida a presença em Portugal
matriz editorial do futuro da revista. de alguns dos mais reputados especialistas

mediaXXI 7
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 8

EDITORIAL

internacionais na área dos media. A WMEMC como “As novas plataformas e os desafios
é um evento bienal que congrega dos newmedia”, “Competição, concentração
investigadores e profissionais no sentido de e consolidação dos media”, “As fontes e
reflectir sobre aspectos relacionados com as repercussões da inovação na indústria dos
tendências da actividade dos media no media”ou “Controlo corporativo e opções
contexto das dinâmicas de mercado e comportamentais”, apenas para referir
políticas públicas. É considerado como um alguns exemplos.
dos certames mais prestigiados do mundo,
estando desde 1994 associada à prestigiada Apresentando comunicações de
revista Journal of Media Economics. Desde personalidades tão destacadas como Alan
essa data que a Conferência tem evoluído ao Albarran, Robert Picard, Steve Wildman ou
nível do número de participantes e de Alfonso Tabernero, entre outros, a 8ª
relevância no panorama internacional, com WMEMC constitui um orgulho para a Revista
edições realizadas em Zurique (Suiça), MediaXXI ter oportunidade não só de
Londres (Reino Unido), Pamplona publicar em antecipação algumas das
(Espanha), Turku (Finlândia), Montreal principais ideias que vão ser apresentadas,
(Canadá) e Pequim (China). A 8ª edição será como também ter “arriscado” em trazer para
certamente um marco para o debate, ensino Portugal esta conferência mundial. Costuma
e investigação sobre a actividade dos media dizer-se que“a sorte protege os audazes”, e
quer num contexto local quer global. neste caso fomos realmente compensados
pela nossa audácia, desde logo porque
Com a realização do evento, marcado batemos o recorde do número de papers
para os dias 18 a 22 de Maio - tendo Lisboa propostos (cerca de 150), como também é a
e a Universidade Católica como palcos -, a conferência até hoje realizada que mais
capital portuguesa acolhe alguns dos mais pessoas mobilizou, sobretudo no que se
prestigiados investigadores, docentes e refere a participantes provenientes de fora do
consultores na área da economia, gestão e país de organização.
política dos media, entre outros,
provenientes dos quatro cantos do planeta. Por conseguinte, esta iniciativa
Os 14 painéis previstos, correspondentes a representa o espírito presente e futuro da
mais de 100 comunicações, serão dedicados Media XXI: cooperar com instituições de
a temas tão relevantes para o debate sobre o ensino, centros de investigação e demais
presente e futuro da indústria dos media entidades na área dos media para promover

8 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 9

EDITORIAL

ou apoiar eventos que revelem potencial no Alfonso Tabernero, por exemplo. Destaque
sentido de contribuir para a partilha de ainda para a publicação, em inglês, da
conhecimento no domínio da comunicação, entrevista exclusiva com Chris Anderson,
media e entretenimento. Pode ainda dizer-se editor da WIRED, com enfoque nos novos e
que o projecto editorial que vamos tentar futuros modelos de negocio na indústria dos
desenvolver daqui para a frente caracteriza- media & entretenimento: a gratuitidade dos
se por representar um modelo híbrido e, de produtos e a teoria da Cauda Longa (Long
certa forma, inovador e arriscado, porque irá Tail). A propósito de futuro, e na qualidade de
centrar-se na produção de conhecimento editor e co-organizador, desejo a todos os
dirigido a pessoas e intituições com interesse leitores, incluindo os participantes na
diversos, mas virtualmente complementares, WMEMC, que sejam bem vindos a Portugal
no vasto sector da comunicação, desde os e, já agora, ao futuro da Media XXI...
profissionais da indústria aos docentes e
investigadores, associações, reguladores e,
por fim, os consumidores.

Neste sentido, esta edição tem como fio


de prumo a publicação integral de quatro
artigos científicos que resultam de
abordagens distintas sobre a actividade dos
media. Para além da inclusão de conteúdos
em língua portuguesa – que serão sempre
maioritários -, consideramos importante a
publicação de artigos noutras línguas,
nomeadamente inglês e castelhano. Dois dos
artigos escolhidos farão parte dos painéis da
WMEMC, da autoria de Angela Powers (1º
artigo enviado para a WMEMC) e Miguel
Carvajal, último artigo seleccionado. O
dossier sobre a Conferência engloba ainda
textos de análise de alguns dos mais
reputados investigadores internacionais no
campo dos media, como Alan Albarran ou

mediaXXI 9
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 10

EDITORIAL

REPOSITIONING AND
CONSOLIDATING
PAULO FAUSTINO
PUBLISHING DIRECTOR, RESEARCHER AND UNIVERSITY PROFESSOR

For various reasons, this is a special last decade. If we cast our mind back to
edition, but especially because it marks 1996, it will be easy to acknowledge that
twelve years of continuous publishing. Since communication publications were virtually
its foundation, in 1996, Media XXI went non-existing: the first publication to appear
through several stages – sometimes difficult, was the “Meios” magazine, later
but also rewarding, including some discontinued, published by the Non-Daily
journalism awards won – and it was Press Association (currently named
necessary, at some point, to make Portuguese Press Association). However,
adjustments to new realities. In the 92 issues throughout the years, the communications
already published, this publication has sector assumed an increasing importance, as
always given special emphasis to contents of an economic and cultural activity, a fact
interest to communication professionals, evidenced by the news coverage it
professors and researchers. Nevertheless, in progressively gained. This importance is
these last five years and following its mostly evidenced by the media and
acquisition by Formalpress, Media XXI has communications sections included in
being strengthening its positioning as a newspapers, as well as the emergence of
technical magazine, also including contents specialised publications, aimed at sector
aimed at professors and students, such as professionals. Some scientific publications
scientific articles. Effectively, this connection also appeared, although more focused on
to the academic universe – and qualitative approaches, message contents,
communication sciences – is part of the sociology of communications, journalistic
magazine’s core character, since it was genres and organisational communications,
founded by communication professors. amongst other subjects, including areas
Progressive repositioning of this related to – or inspired by – the “Frankfurt
magazine results from market dynamics, as School”.
well as social transformations occurred in the

10 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 11

EDITORIAL

It can be said that a considerable offer press), other communication supports,


exists presently regarding communication including new media (online, portable media,
business news, although some relevant etc.). And, in many cases, direct relationships
subjects for the various players and with activities associated to the culture and
interesting parties in this vast activity may leisure contents industry, such as book
not be approached with the desired depth, publishing, videogames and music, are also
due to the nature of supports or newspaper included.
periodicity. We are convinced a need still
exists, on national and international levels, In this context of increasingly closer
for a publication able to approach and relationships between the media,
analyse various subjects related to the communication, entertainment and culture,
socially transversal areas of Media XXI will focus its attention on the
communications, entertainment and culture, existing framework, attempting to combine
with the necessary depth, combining a the study of practices carried out by the
journalistic language with scientific accuracy. various communications institutions and
In this sense, Media XXI will introduce, from players with scientific research performed in
this issue onwards, some substantial Portugal and abroad, whenever possible.
innovations, being now called: Technical and This special edition, issue 93 – which may be
scientific communications, media and considered as issue ZERO in a new cycle –
entertainment magazine. already reflects our repositioning as a
technical and scientific magazine, including
he innovations introduced result from the some scientific articles from national and
convergence of three fundamental aspects: i) international researchers. Without
a need to provide information of a scientific compromising the inclusion of other
character to media institutions; ii) a need to contents, since the following issues will
provide scientific information that includes include reports on relevant events, interviews
an understanding of the industry to with international specialists, book
educational institutions; and iii) consolidation suggestions and own contents elaborated by
of communication as an information and the research unit associated with Media XXI,
knowledge society driver. In the English this issue already represents an approach to
language, the term media is more the future editorial matrix.
encompassing, including, in addition to the
traditional media (radio, television and the

mediaXXI 11
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:30 Page 12

EDITORIAL

On the other hand, in addition to relative to media activity trends, within the
commemorating its 12th anniversary and context of market dynamics and government
embodying a new editorial project, this issue policies. This is considered as one of the
has another special meaning: it coincides meetings of greatest prestige in the world,
with the organisation of the 8th World Media associated to the Journal of Media
Economics and Management Conference Economics magazine since 1994. Since this
(WMEMC). Therefore, this issue also reflects date, this Conference has grown in number
the consolidation of its editorial project, also of participants and international relevance,
materialised in book publishing, within the with editions in Zurich (Switzerland), London
scope of the Media XXI Collection, with 20 (United Kingdom), Pamplona (Spain), Turku
books already published, in the last three (Finland), Montreal (Canada) and Peking
years, some in English and Spanish, aimed at (China). The 8th edition will certainly
international markets. However, we have the constitute a milestone regarding media
ability – and the will – to do more, which is debate, teaching and research, locally and
why we have a new ambition: to produce, globally.
share and divulge more knowledge, not only
on a national scale, but also on an By organising this event, scheduled to
international level, with emphasis on the occur between the 18th and the 22nd May –
Iberian market, assumed by Media XXI, at the Catholic University, in Lisbon -, the
albeit tentatively, within the last two years. Portuguese capital will receive some of the
most reputed researchers, teachers and
Regarding this issue, focused on the consultants in the area of media economics,
WMEMC – of which Media XXI is a co- management and politics, amongst other
organiser, together with the Journal of Media subjects, from the entire world. The 14
Economics (a North-American scientific foreseen panels, including over 100
magazine) and the Communication and communications, will be dedicated to
Culture Study Centre of the Catholic relevant subjects to the debate on the present
University -, we had the intention of and future of the media industry, such as
emphasising the presence of some of the “New platforms and new media challenges”,
most reputed international media specialists “Media competition, concentration and
in Portugal. The WMEMC is a bi-annual event consolidation”, “Innovation sources and
that gathers researchers and professionals, repercussions in the media industry” and
with the purpose of reflecting on aspects “Corporate control and behaviour options”,

12 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 13

EDITORIAL

to mention just a few examples. producing knowledge aimed at people and


institutions with different, albeit
Including communications by relevant complementary, interests within the vast
personalities, such as Alan Albarran, Robert communications sector, from industry
Picard, Steve Wildman and Alfonso professionals to teachers, researchers,
Tabernero, amongst others, the 8th WMEMC associations, regulatory entities and, last but
constitutes not only an opportunity for the not least, consumers.
Media XXI Magazine to publish some of the
main ideas presented, in anticipation of the In this sense, the backbone of this issue
event, but also an event of which it should be is full publication of four scientific articles,
proud, for facing the challenge of bringing representing different approaches to media
this world conference to Portugal. As is activity. In addition to contents in Portuguese
normally said, “luck protects the brave”; in – which will always constitute the major part
this case, we were really rewarded for our -, we also believe it is important to publish
audacity, since a record was beaten in the articles in other languages, namely English
number of papers proposed (approximately and Spanish. Two selected articles, by Angela
150) and by the fact this edition of the Powers (1st article sent to the WMEMC) and
conference has mobilised the largest number Miguel Carvajal, the last article selected, will
of people so far, particularly regarding be included in the WMEMC panels. The
participants from other countries. Conference folder will also include analytical
texts from some of the most reputed
Therefore, this initiative represents the international media researchers, such as Alan
present and future spirit of Media XXI: to Albarran and Alfonso Tabernero. We should
cooperate with teaching institutions, also highlight the publication, in English, of
research centres, researchers and other an interview with Chris Anderson, the editor
entities within the media field, in order to of WIRED, focusing on new and future
promote and support events able to business models within the media and the
contribute to the sharing of knowledge within entertainment industry: free products and the
the areas of communication, media and Long Tail theory. Regarding the future, as
entertainment. It may also be said that the editor and co-organiser, I would like to
editorial project we will attempt to develop welcome all readers, including WMEMC
represents a hybrid model, somewhat participants, to Portugal and the future of
innovative and daring, since it will focus on Media XXI...

mediaXXI 13
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 14

SOCIEDADE BIT

WEB TV
LOCAL/REGIONAL
EM PORTUGAL
FRANCISCO AS WEB TV REGIONAIS EM PORTUGAL PODEM SER
RUI CÁDIMA
ENTENDIDAS, EM PRIMEIRO LUGAR , COMO UMA
DOCENTE UNIVERSITÁRIO

EMERGÊNCIA TARDIA DAS TELEVISÕES LOCAIS QUE

NUNCA TIVEMOS.
“(...) em
pouco mais
de dois anos,
contam-se já
por cerca de
uma centena A origem do facto de nunca termos tido televisões locais
os projectos em Portugal não pode ser atribuído à sociedade civil, por
de Web TV assim dizer, mas antes ao sistema político dado que, ao
em Portugal contrário da vizinha Espanha (onde as comunidades locais
(...)” têm as suas televisões locais) os sucessivos governos
portugueses nunca permitiram, por lei, que fossem criados
tais projectos.

“Há, pois, O facto de Portugal não ter tido, ou melhor, de não ter
fragilidades podido ter projectos de televisão local, configura
no actual historicamente uma situação de grave défice democrático do
modelo nosso sistema de comunicação social no pós-25 de Abril, que
existente de aliás, permanece ainda hoje, em 2008. Pode dizer-se que, em
Web TV’s.” parte, foi a Internet que veio permitir o desbloqueamento
dessa proibição (e, por que não dizê-lo, dessa censura),
sobretudo a partir do momento em que começam a aparecer,
um pouco por todo o país, um conjunto de projectos de tipo
“Web TV”.

14 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 15

SOCIEDADE BIT

Historicamente, em Portugal, podemos Importa então sistematizar um conjunto


recuar ao final do ano de 2005, de forma a de tópicos fundamentais para o desenho de
localizarmos os primeiros projectos de Web projectos de Web TV, desde os mais locais,
TV nesse contexto. O primeiro deles, aliás, de mais curta proximidade, aos regionais,
terá sido o projecto TVNET, que arranca no com uma maior amplitude geográfica.
final de 2005, curiosamentenos Açores,
estendendo cerca de um ano depois o Importa ter a consciência de que estamos
projecto ao continente. Ao longo de 2006 integrados num novo paradigma, a que se vai
surgiram mais de duas dezenas de televisões chamando a Web 2.0, o que implica:
na rede.
- a integração na interactividade social
Desde então, em pouco mais de dois online;
anos, contam-se já por cerca de uma centena
os projectos de Web TV em Portugal, embora - perceber que no novo paradigma
alguns ainda muito amadores. Há, portanto, prevalece em boa parte aquilo a que se
uma nova galáxia comunicacional em pode chamar uma “cultura clip”, própria
emergência no nosso sistema “pós- da “geração G” (de Google);
mediático” à qual importa dar o devido
relevo, apesar de a qualidade dos seus - apostar na seriedade e independência
conteúdos não esteja ainda num plano de um projecto jornalístico, subordinado
profissional adequado. prioritariamente aos mais profundos
interesses da comunidade local/regional;
Há, pois, fragilidades no actual modelo
existente de Web TV’s. Objectivamente, a - apostar prioritariamente na imagem
evolução de sites “televisivos” desde finais vídeo;
dos anos 90 não regista, ainda hoje,
dinâmicas substancialmente diferentes - e, finalmente, na criatividade e
daquelas que seria expectável prever há dez potencialidade de um projecto de
anos atrás. webdesign, simples e directo,
empenhado e participativo, fortemente
imbricado na sua “rede social” e
“colaborativo”.

mediaXXI 15
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 16

8 T H WMEMC

LISBOA DEBATE
GESTÃO DOS MEDIA
8ª EDIÇÃO DA WMEMC REÚNE EM PORTUGAL ESPECIALISTAS NA ECONOMIA E GESTÃO
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.
GUILHERME PIRES

Desde a sua primeira edição em 1994, a políticas públicas.


World Media Economics and Management
Conference tem vindo a crescer O dossier que a Media XXI dedica ao
consideravelmente, a par da relevância e tema é trilingue, reflectindo o pluralismo
estudo do tema que lhe serve de mote: a cultural que estará patente na conferencia,
gestão e economia do sector da bem como a enorme qualidade dos
comunicação. Dos vinte e cinco participantes conferencistas e premência dos temas em
no evento organizado pelo Professor Robert discussão. Nas páginas seguintes fazemos
Picard em 1994, a conferência passa a uma primeira aproximação ao evento,
receber em 2008 cerca de 150, enquanto que publicando trabalhos de investigadores de
o número de papers submetidos é também o craveira, como Alan Albarran, Sánchez-
mais elevado de sempre. Tabernero ou Steve Wildman, uma entrevista
a Robert Picard (fundador da WMEMC), a
Na actual edição do evento – co- análise de Augusto Santos Silva, ministro
organizado pelo Journal of Media dos Assuntos Parlamentares, e o primeiro e
Economics, a Media XXI e a Universidade o último papers que foram aceites para os
Católica Portuguesa -, os temas em debate painéis de debate.
abarcam um considerável espaço do campo
dos media. Entre 18 e 22 de Maio, os catorze A PERSPECTIVA DA UCP
painéis irão explorar as transformações,
desafios e futuro dos media, em tópicos A Universidade Católica Portuguesa é co-
como a concorrência e concentração organizadora da 8ª WMEMC, recebendo nas
empresarial, a inovação, novos factores de suas instalações as sessões de debate e
sucesso e modelos de negócio ou as apresentação de trabalhos. A Media XXI

16 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 17

8 T H W M E M C

colocou duas questões a Rogério Santos, cujas raízes estão na área da Economia e
docente da UCP, com o intuito de perceber as Gestão dos Media.
suas expectativas e os objectivos da
universidade.
Enquanto membro da Comissão
Organizadora, investigador e docente no
Media XXI: Qual é a importância deste campo dos media, que expectativas tem
evento para a UCP? em relação à 8ª WMEMC?

Rogério Santos: É da máxima importância. A conferência mundial será um laboratório


Primeiro, trata-se de uma área de vivo, de confronto de ideias novas e globais.
investigação e desenvolvimento prático que A elevada participação prevista será uma
está a evoluir rapidamente, dado que os possibilidade de actualização para mim e
media são cada vez mais necessários para a para os meus colegas e alunos. Trata-se, nos
sociedade. A informação e o conhecimento anos mais recentes, da iniciativa de maior
que temos sobre o que nos rodeia vem cada folego na área das ciências da comunicação
vez mais dos media. Ora, saber como da UCP, o que nos deixa antever um evento
funcionam é crucial. A economia dos media de grande impacto, a nível interno e externo.
significa conhecer para saber gerir um A própria divisão em mesas pluridisciplinares
negócio, o da informação. indica que vai haver um debate rico e variado
Segundo, o evento vai permitir o encontro (…). A riqueza ainda é maior se virmos que,
dos principais especialistas mundiais da se inicialmente a conferência estava prevista
economia e gestão dos media na UCP, com para ser apenas falada em inglês, as
todo o significado simbólico que isso solicitações de conferencistas das línguas
representa. Prestígio, troca de saberes, ibéricas foram de tal ordem que se abriu um
projectos que vão ser apresentados nas espaço em línguas portuguesa e castelhana,
comunicações, uma rede internacional ligada em sessões paralelas. Está prevista a edição
à Universidade Católica. Vamos capitalizar o das actas da conferência; nessa altura
evento, interna e externamente. Terceiro, e na teremos uma noção ainda mais precisa da
sequência do anterior, a Faculdade de importância da realização do evento. Espero,
Ciências Humanas, a entidade que recebe o sinceramente, aprender muito e estabelecer
evento, está a preparar o lançamento de uma contactos e redes nesta grande área do saber
pós-graduação em Media e Entretenimento, que é a economia e a gestão dos media.

mediaXXI 17
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 18

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

CENTRALIDADE DA
ECONOMIA E GESTÃO DOS
MEDIA
A CENTRALIDADE DA ECONOMIA E GESTÃO DOS MEDIA RESIDE NA RELAÇÃO ENTRE A

ACTIVIDADE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DE CONCLIAR A

SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DOS PROPRIETÁRIOS, AUDIÊNCIAS, PUBLICITÁRIOS E


COLABORADORES.

PAULO FAUSTINO
DIRECTOR EDITORIAL, INVESTIGADOR E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
FAUSTINO.PAULO@GMAIL.COM

Este artigo tem como objectivo principal como outras áreas do conhecimento, a
contribuir, em jeito de enquadramento, com economia e gestão dos media é uma área
algumas abordagens relacionadas com a multidisciplinar que cruza, muitos vezes até
temática da economia e gestão dos media. directamente, com aspectos associados a
Sendo esta edição especialmente dedicada a análises qualitativas, como, por exemplo,
este tema e, sobretudo, à 8ª Conferência abordagens sociológicas, jornalísticas,
Mundial de Economia e Gestão dos Media psicológicas, comportamentais, etc.
(Word Media Economics and Management Portanto, ao contrário do que por vezes se
Conference - WMEMC), importa, de uma pode sugerir, a economia e gestão do media
forma sucinta, traçar alguns aspectos é cada vez mais uma área disciplinar
associados à centralidade do estudo – e integrada – e que não se reduz à elaboração
prática – da economia e gestão dos media, abordagens que apelem exclusivamente ao
sobretudo para os que estão menos raciocínio númerico, embora este seja
familiarizados com esta temática. importante para analisar com mais rigor
alguns fenómenos e dinâmicas de mercado.
Como se irá depreender pela leitura deste
artigo (e também dos temas apresentados na Com efeito, o interesse (Albarran,1999)
WMEMC), como de resto tende a acontecer pelo estudo e aplicação dos princípios

18 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 19

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

económicos na indústria da comunicação assiste-se a um crescimento de


tem crescido na sequência da conjugação de importância dos media como negócio, o
diversos factores, nomeadamente a que favoreceu a integração de gestores
emergência de forças tecnológicas, profissionais com MBA´s nesta indústria.
reguladoras, sociais e globais que estão a
afectar as empresas de media e as suas
funções como instituições económicas1. Os Nesse sentido, estas mudanças, no seu
media têm vindo, desde os anos vinte do conjunto, potenciaram novas procuras e
Século XX até aos começos do Século XXI, a interesses no ensino e na investigação
incentivar o desenvolvimento de várias focada nos problemas específicos da
correntes de investigação que tendem a economia e gestão dos media. Por seu lado,
especializar-se cada vez mais, sem que isso Wimmer e Dominick (1996), sugerem que se
inviabilize uma perspectiva integrada dos podem destacar quatro principais fases de
fenómenos sociais, políticos, económicos e investigação sobre os meios de
tecnológicos que influenciam esta actividade. comunicação, sintetizadas na figura 1.1.
Segundo Doyle e Frith (in Albarran, 2006),
desde há cerca de duas décadas que a
investigação em economia e gestão dos
media tem vindo a crescer
significativamente. Existem várias razões
para este facto, nomeadamente:

a revolução digital está a revolucionar os


negócios dos media e a acelerar os
processos de convergência e de
globalização;

observa-se um aumento da desregulação


das indústrias nacionais de media, facto
que tem potenciado uma maior atenção
por parte dos governantes e académicos;

mediaXXI 19
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 20

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

FIGURA 1.1: FASES DE INVESTIGAÇÃO DOS MEIOS


DE COMUNICAÇÃO.

1ª Fase
Sobre o própri o media
com o tal

4ª Fa se 2ª Fase
Sobre possíveis Sobre as utilizações
melhorias dos media dos m edia

3ª Fase
Sobre os efeit os dos
media

Fonte: Wimmer e Dominick (1996: 5-8)

Como se pode depreender da motivos? Como é que os meios são


sistematização apresentada na figura 1.1, a utilizados pelas crianças e pelos adultos?
primeira fase considera o interesse pelo meio Que necessidades satisfazem?, etc..
em si mesmo: Em que consiste? Como
opera? Que tecnologia adopta? Em que A terceira fase caracteriza-se pela
sentido se assemelha ou diferencia dos incorporação da investigação sobre os
outros? Que funções ou serviços efeitos sociais, psicológicos e materiais do
proporciona? Quem pode aceder ao meio? meio de comunicação – aqui as principais
Quanto custará ao consumidor? Na segunda questões são: Quanto tempo dedicam as
fase recompila-se a informação particular pessoas a um determinado meio? Quais as
sobre os usos e os utilizadores do meio – as expectativas da audiência face ao meio?
perguntas associadas a esta fase, são: Como Existem ou não efeitos nocivos associados à
é que as pessoas utilizam o meio na vida utilização do meio? Qual o contributo do
real? Utiliza-se só para adquirir informação meio (positivo ou negativo) para a vida dos
ou para passar tempo (como cidadãos? Por último, a quarta fase de
entretenimento) ou ainda por outros investigação incide sobretudo na forma de

20 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 21

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

melhorar o aproveitamento do meio quer ao A consolidação e crescimento dos temas


nível da sua aplicação quer a nível das suas inerentes ao campo da economia e gestão
componentes tecnológicas. As principais dos media tem despertado um crescente
interrogações no âmbito desta fase são: interesse por parte de investigadores em
Como é que uma tecnologia pode melhorar resultado dos profundos desenvolvimentos
as características técnicas de um meio? observados no sector dos media,
Podem introduzir-se mudanças no conteúdo comunicações e tecnologias. Contudo, ao
(programação) que potenciem a contrário da investigação em economia dos
atractividade do meio? media, que emergiu na década de 70, a
investigação na área da gestão dos media
No entanto, e apesar de não estar ainda é relativamente recente. De acordo
reflectida da figura 1.1, Wimmer e Dominick com Kung (2007), a literatura existente nesta
(1996) admitem a existência de uma quinta área está relativamente fragmentada por
fase que consiste em como rentabilizar investigadores que abarcam territórios
ou financiar os meios de comunicação diversos na área de estudo da comunicação,
social. Esta área é essencialmente nomeadamente:
dinamizada pelas empresas de media
privadas (mais orientadas para o mercado) e ECONOMIA POLÍTICA: os investigadores
incide essencialmente na questão do da economia política interessam-se mais
financiamento: Como diminuir os custos? pela estrutura da indústria dos media,
Como gerar mais receitas? Como captar sobretudo na perspectiva da regulação e
mais recursos materias ou humanos? etc… políticas públicas. Habitualmente aplicam
No fundo, esta quinta fase – que se aproxima uma combinação entre a economia,
mais do objecto de estudo aqui apresentado política e sociologia; focam-se mais nas
– pode resumir-se numa corrente de determinantes económicas, na
investigação que se está a consolidar e que concentração das estruturas e nas
visa responder a uma questão central que alianças estratégicas da indústria dos
mobiliza muitos investigadores: Como é que media.
as empresas de media podem inovar e serem
mais competitivas no mercado sem ignorar ESTUDOS DE MEDIA: é uma disciplina
as suas presponsabilidades sociais perante interdisciplinar relativamente nova
os cidadãos e comunidades envolventes ? que aplica conceitos provenientes da
sociologia, estudos culturais2,

mediaXXI 21
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 22

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

antropologia, psicologia, teoria da arte, mercado e para a obtenção de resultados, o


teoria da informação e análises que exige um melhor planeamento das
económicas sobre os produtos que actividades, e suscita, simultaneamente,
resultam das organizações de media no maior ambição no cumprimento dos
sentido de entender os seus significados objectivos. Neste contexto, as empresas têm
e impactos na sociedade. vindo a diversificar a sua actividade,
apostando, por vezes, em determinados
JORNALISMO E COMUNICAÇÃO nichos que decorrem da identificação de
DE MASSAS: a natureza dos conteúdos de oportunidades geradas pela segmentação
media - como estes são processados e das audiências.
distribuidos às audiências - constituem
alguns dos temas centrais desta As empresas de media confrontam-se
disciplina; a investigação nesta área tem com preocupações de negócio semelhantes
sido organizada em diversos domínios, às empresas que operam noutros sectores
nomeadamente: a função dos media, os de actividade, nomeadamente a grande
conteúdos produzidos, bem como os atenção que é dada aos aspectos macro do
seus efeitos junto das audiências, quer negócio, destacando-se os factores
individual quer colectivamente. associados às mudanças exógenas
(tecnologia, regulação e consumo, entre
outros). No que se refere aos aspectos e
O crescente aumento dos níveis de dinâmicas endógenas à empresa, o foco de
competitividade entre as empresas de media atenção tem sido menor, sobretudo no que
na disputa dos seus dois principais se refere às suas implicações na
mercados (anunciantes e consumidores) tem performance da empresa. Por seu lado, as
vindo a constituir-se como o principal driver dinâmicas económicas e sociais, incluindo
das novas correntes de investigação os impactos decorrentes das novas
associadas à quarta e quinta fases descritas, tecnologias de informação e comunicação
e que se relacionam com temas enquadrados (TIC), observadas na indústria dos media,
na área da economia e gestão dos media. Por sobretudo nas duas últimas décadas, têm
seu lado, as práticas de gestão e direcção de induzido a uma maior atenção e preocupação
empresa de media evoluíram sobre a necessidade de elaborar estudos que
significativamente ao longo de décadas, permitam identificar novas tendências,
sendo actualmente mais orientadas para o sobretudo do lado da procura. A crescente

22 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 23

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

competitividade observada neste sector O estudo das organizações em-


também tem vindo a “pressionar” os presariais que tem como actividade a
executivos das empresas de media a informação: empresas jornalísticas,
pensarem cada vez mais em formas agências de notícias, empresas de
inovadoras de optimizar os recursos e radiodifusão e empresas de televisão).
adoptar novas estratégias e tácticas para
conquistar os clientes, o que, O estudo das organizações
simultaneamente, exige um maior esforço de empresariais cuja actividade é facilitar o
marketing e comunicação dos produtos de acesso à informação, tais como as
media. empresas de documentação e de base de
dados.
Romero (in Población e Alonso, 1997)
considera que é evidente o nascimento e O estudo das indústrias produtoras dos
crescimento acelerado de um novo sector suportes materiais e técnicos da
económico – o da informação – que, devido informação: as indústrias produtoras das
às suas possibilidades de globalização, gera tecnologias da informação.
impactos não só sobre a economia dos
diversos países, mas também sobre o O estudo de outras empresas de
mundo da inteiro, sendo um protagonista da comunicação, como as publicitárias, de
economia futura. Os sinais evidenciados relações públicas, editoriais, etc.
pelas dinâmicas observadas neste sector
confirmam que a economia da informação
está a crescer para uma estrutura económica Para Picard (1989), os media não podem
diferente da tradicional. Segundo este autor, ser considerados separadamente do sistema
a vertente da economia e gestão dos media económico e as suas operações decorrem de
pode abranger pelo menos cinco campos de forças económicas que influenciam
estudo: determinadas opções - e provocam
constrangimentos - a quem tem a
O estudo da contribuição efectiva e responsabilidade de gerir os media. Na
potencial da informação no contexto segunda metade do século XX todos os tipos
económico considerando a perspectiva de media começaram a incorporar fortes
micro e macroeconómica. características comerciais, que potenciaram
maiores níveis de produção e maior

mediaXXI 23
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 24

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

crescimento resultante dos grandes São cada vez mais numerosos os


investimentos publicitários. Os jornais e as profissionais da informação que se ocupam
revistas prosperaram e a rádio e televisão de funções de direcção e gestão de empresas
tornaram-se, em alguns mercados, altamente de media. A carência de conhecimentos de
rentáveis. Por seu lado, os serviços públicos gestão empresarial existente nos cursos de
de televisão começaram a inserir publicidade jornalismo constitui um ponto fraco desta
como parte integrante da sua estratégia de área de estudo e profissão. Por outro lado,
programação, fazendo crescer as suas observam-se frequentemente mudanças nos
receitas, Picard (in Arrese, 2003). Esta conteúdos funcionais dos postos de
dinâmica económica e empresarial trabalho, exigindo um novo tipo de
observada no sector dos media veio informações e conhecimentos de carácter
favorecer a emergência de um maior económico – empresarial. Neste sentido, as
interesse pelas empresas de media como diversas abordagens realizadas neste livro
objecto de estudo, sobretudo na tentativa de integram-se, a um nível mais abrangente, no
se compreender como é que as forças âmbito da economia industrial e política3
externas à empresa podem afectar esta aplicada ao sector dos media, área de
actividade económica. No quadro 1.1 estão investigação relativamente recente, mas que
sistematizadas algumas forças económicas se inspira nos princípios e teorias gerais da
que afectam o sector da comunicação. economia. Com base nas ideias críticas, tem

QUADRO 1.1: PRINCIPAIS FORÇAS ECONÓMICAS QUE


AFECTAM AS COMUNICAÇÕES
Fonte: FonteFonte: Picard (in Arrese, 2003)

Forças de Forças de Custo Forças


Mercado Institucionais Regulatórias
Rendas e capi tal disponível Existência de economias de Regula ção técnica
escala ou diseconomies de escala
Prrocura do cons umidor (conteúdos Custos da s barreiras à entrada Regula ção estrutura l
e ha rdware para comunicações) (licenças, franchising e
Controlo de propriedade).
Procura de publicidade (acesso àCustos variáveis e fi xos Comporrtamento de de
publicidade) regulação (prospectivo e
prescri ptivo)
Concorrência de outro s bens e Emprego e produti vidade
serviços de comunicações
(substit utos directos e substi tutos
parciais).
Condiçõe s gerais da economia Imperati vos de crescimento

24 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 25

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

vindo a emergir uma ciência que aplica os Essa escola (crítica) dos media5 é ainda
princípioseconómicos ao estudo da protagonizada por Golding e Murdock
comunicação4. Neste contexto, Mosco (1993), que assinalam que a economia
(1996) destaca a forma como a mercadoria política crítica é distinta da economia em
na comunicação é visível nas audiências e no geral, por quatro razões: i) é holística; ii) é
trabalho. As audiências constituem um parte histórica; iii) preocupa-se com o balanço
fundamental das empresas de comunicação entre a iniciativa privada e a intervenção
e, por vezes, o negócio da empresas de pública governamental; e iv) vai mais além
media está excessivamente centrado na das questões técnicas de como obter a
venda de audiências aos anunciantes em eficiência para abordar questões morais
detrimento da venda de informação aos básicas como a justiça, a igualdade e o bem
consumidores. estar comum.

QUADRO 1.2: CARATERÍSTICAS ACTUAIS DA


INVESTIGAÇÃO EM COMUNICAÇÃO

Âmbito da Economia e Produtores e Textos, discur sos, Audiências,


invest igação políticas da criadores de mensagens, recepção,
comunicação informação e produtos, opinião pública
entr etenimento e conteúdos e comunicação,
propaganda e
influência
- Ãmbi tos diciplinas - E strutura da - Est ud os da - Os produtos - Análise das
e te orias. Com unicaç ão. elaboração e e textos comunicacionais. Audiência
- E conomia da produção de - Os discursos (estudos
empre sa informativa notícias. de comunicação. quantitativos)
e cultural. - A agenda - A análise de - Análise da
- Indústria da sett ing. Conteúdo . recepção
Comunicação e - As rotinas (estudos
indú stria cu ltura l. Produtivas. Qualitativos).
- Os sistema - A com pre ensão
com unicacionais. do discurso e a
- E conomia política produção de
da comunicação sentido.
- Os estudos
culturais.
- A agenda de
building.
- I ndicadores
culturais e teoria
da cultura.
- I nfluência e
pers uas ão.

Fonte: Del Rio e Velázquez (in Conde et Román, 2005:52)

mediaXXI 25
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 26

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

Por seu lado, Wasko (in Sousa, 2006) Durante a última década foi dada uma
considera que o estudo académico da atenção especial à economia dos media,
comunicação nem sempre adoptou uma sendo a gestão dos media uma área mais
análise económica e, muito menos ainda, recentes. Neste contexto, os manuais de
uma abordagem política-económica. Durante Picard (1989), Albarran (1996) e Alexander
as décadas de 40 e 50, os estudiosos et al. (1993) são bons exemplos, assim como
americanos da comunicação centraram-se, o aparecimento de várias publicações
primeiramente, nos efeitos individuais e na científicas, destacando-se a revista The
pesquisa psicologicamente orientada, com Journal of Media Economics, apresentada
pouco interesse pelo contexto económico em 19886. O número de revistas científicas
onde os media são produzidos, distribuídos e nesta área tem vindo a crescer, incluindo no
consumidos. continente europeu; são disso exemplo, o
International Journal of Media
De acordo com Picard (in Arrese, 2003), 7
Management , fundado em 1999 e editado
o desenvolvimento da investigação dos inicialmente pelo Institute for Media and
media na perspectiva da economia e gestão Comunications Management da Universidade
começou a ganhar interesse por parte da de St. Gallen (Suiça)8, e do Journal of Media
comunidade académica depois da década de Business Studies, dirigido por Robert
oitenta. Neste contexto, desenvolveram-se Picard9, fundado em 2004 e editado pelo
importantes estudos na área da economia Media Management and Transformation
política das empresas de comunicações, Centre - MMTC, da Jonkonping International
assim como os seus efeitos na sociedade e Business School (Suécia). Estas publicações
vice versa (Dyson e Humphries, 1990; científicas constituem importantes
Garnham, 1990; Mosco e Wasco, 1988). referências para o estudo deste campo de
Depois deste período surgiram uma série de investigação.
textos e trabalhos científicos que exploraram
a estrutura económica e a organização das Para entender os paradigmas que
vária indústrias de comunicação (Alexander, caracterizam a actividade dos media e grande
et al.,1993); (Desmoulins, 1996; Albarran, parte da bibliografia sobre economia da
1996), entre outros. indústria da comunicação, convém começar
por conhecer a evolução da teoria e
pensamento económico. O foco da
investigação económica foi de forma

26 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 27

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

progressiva passando de uma abordagem recentemente na área da gestão -


clássica a neoclássica. A economia desenvolveu-se substanciamente em alguns
neoclássica distinguia-se da perspectiva países, nomeadamente nos EUA. De acordo
clássica sobretudo pela forma como eram com uma investigação realizada por
aplicados os instrumentos de análise e a Mierzjewska e Hollifield (in Albarran, 2006),
vertente matemática (principalmente o que incluiu a análise de 309 artigos
cálculo diferencial) para interpretar o publicados nos últimos 15 anos no Journal
comportamento do mercado e dos preços. of Media Economics e no The International
No decurso do Século XX, o campo da Journal of Media Management, foi possível
economia incorporou outras vertentes de concluir que as teorias de gestão foram os
análise, sendo dado destaque à teoria da temas mais comuns (44%), seguido das
empresa, que até à altura era perspectivada teorias económicas (33%), conforme se
numa situação de monopólio ou oligopólio pode observar no quadro 1.3.
ou em mercado muito competitivos. Neste
contexto, o desenvolvimento da análise
QUADRO 1.3: ABORDAGENS TEÓRICAS EM REVISTAS
macroeconómica constitui um elemento
CIENTÍFICAS DOS MEDIA
central da investigação que se fundamenta
nos princípios monetários e de mercado,
Abordagens teóricas Percentagem
sendo a obra de John Maynard Keynes (The Teorias económicas 33
Teorias de gestão 44
Teorias da comunicação 5
General Theory of Employment, Interest and Outras teorias aplicadas 17

Money, publicada em 1936) uma referência


para o desenvolvimento da macroeconomia,
Fonte: Journal of Media Economics Studies e International
(Albarran, 1999).
Journal of Media Management

No entanto, e apesar de haver uma ampla


bibliografia sobre o estudo da economia
aplicado a vários sectores de actividade, no
caso da economia aplicada ao sector dos
media, estava limitado na aplicação de
teorias e conceitos de outras correntes
económicas (Albarran,1999). Contudo, nos
últimos trinta anos, a análise numa
perspectiva económica - e mais

mediaXXI 27
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 28

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

No quadro 1.4 estão apresentados os Crítica da política, economia e gestão


temas mais comuns, dentro da área da dos media. Esta vertente está mais
gestão, abordados e publicados no JME e no concentrada na análise do emissor e cujo
IJMM, destacando-se claramente as teorias objectivo principal é demonstrar que os
relacionadas com a gestão estratégica proprietários das empresas de media são
(54%), seguindo-se os temas relacionados parte integrante de uma classe capitalista
com as tecnologias, criatividade e inovação dominante ou respondem a interesses desta.
(21%).

QUADRO 1.4: ABORDAGENS DE GESTÃO EM REVISTAS


CIENTÍFICAS DOS MEDIA

Ab5

Abordagens teóricas Percentagem


Teorias de gestão estratégica 54
Teorias de inovação, cr iatividade e tecnologias 21
Teorias de contigencia e eficiencia 0
Teorias comportamentais, audiências e consumo 12
Teorias de cultura organizacional e profissional 3
Abordagens normativas e economia política 5
Source: Journal of Media Economics Studies e International

Journal of Media Management

Por conseguinte, pode dizer-se que a


O enfoque económico e político tem
vertente económica e empresarial - e política
como pressuposto questionar a propriedade
- relacionada com a indústria dos media tem
e controlo das instituições de media,
vindo a desenvolver-se em vários
identificando os seus processos de
continentes (embora a velocidades diferentes
produção, distribuição e recepção; e analisa a
conforme o país em causa) e tende a assumir
relações entre os media e recursos
dois campos de análise que poderão ser
produtivos numa economia global e capilista.
complementares, mas que se distinguem nos
seus pricipais eixos e objectivos de
Análise de práticas de gestão e
abordagem:
dinâmicas dos media. Esta vertente foca-se
mais na concepção e contextualização das

28 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 29

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

empresas e produtos de media numa lógica afectos; e, por outro, a formação de grupos
de mercado cujo objectivo é analisar os multimédia parece ser uma estratégia
comportamentos dessas empresas em adequada para diversificar o negócio e
função das leis da oferta e da procura. Nesta optimizar recursos.
perspectiva, também se identificam as
melhores práticas de gestão que permitam a ANCORAGEM NAS TECNOLOGIAS: as tecnologias de
estas instituições serem mais competitivas e, informação e comunicação abriram novas
por conseguinte, acrescentarem valor aos possibilidades para as empresas de imprensa
seus outuputs (bens e serviços) por forma a desenvolverem a sua actividade e,
que estes, no contexto de uma conduta simultaneamente, constituíram-se como
socialmente responsável, satisfaçam factor crítico de sucesso ao nível da
necessidades de informação dos produção e distribuição da informação em
consumidores. novos suportes.

Por conseguinte, esta obra aproxima-se GESTÃO RACIONAL E VALORIZAÇÃO DO MARKETING: a


mais da segunda abordagem referida, sendo, crescente concorrência pela conquista de
no entanto, de ressalvar um denominador audiências e receitas publicitárias obriga os
comum existente face à generalidade dos gestores das empresas de media a
artigos: a necessidade de conciliar as recorrerem cada vez mais à investigação para
questões operacionais das empresas media desenvolver e promover os respectivos
com práticas de gestão corporativa produtos. Observa-se também uma atitude
socialmente responsáveis. Neste contexto, cada vez mais racional na gestão dos
pode dizer-se, grosso modo, que as recursos.
abordagens aqui apresentadas estão directa
ou indirectamente relacionadas com a GLOBALIZAÇÃO DO NEGÓCIO DA COMUNICAÇÃO: o
existência de cinco grandes tendências futuro da publicidade e dos meios de
associadas às principais dinâmicas comunicação é, em grande medida,
observadas no sector, nomeadamente: influenciado pela globalização da economia e
da informação. Os anunciantes assumem,
CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL: por um lado, o cada vez mais, estratégias internacionais.
crescimento das empresas de media Associada ao crescimento das empresas de
manifesta-se num aumento das receitas, do media multinacionais está a
número de empresas, dos recursos humanos internacionalização dos seus conteúdos.

mediaXXI 29
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 30

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

Contudo, isso ocorre em simultâneo com um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


interesse cada vez maior por conteúdos
locais. Albarran, A. (1999): Investigación sobre la
economía de los medios de comunicación:
paradigmas, temas y contribuciones, in:
ALTERAÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIO: as empresas revista Comunicación y Sociedade,
de imprensa tendem a assimiliar a ideia que Universidade de Navarra, Pamplona, 9-20.

o futuro do negócio está cada vez mais


Albarran, A. (1996): Media Economics:
ancorado na capacidade de produzir Understand Markets, Industry and Concepts,
conteúdos que tenham aplicação, para além Iowa.

do papel, noutros suportes de difusão


Alexander, A. et al. (1993): Media Economics:
audiovisual, nomeadamente Internet, Theory and Practice, New Jersey.
telemóveis, etc.
Desmoulins, N. (1996) : L´Economie des
Médias, Paris.
Em síntese, a actividade dos media
constitui uma necessidade de estudo na Doyle, G/Frith, S. (2006): Methodological
Approaches in Media Management and Media
medida em que estes configuram não só uma
Economics Research, in: Albarran, A. et al.
realidade económica e social, como são (Eds.). Handbook of Media Management and
também os principais responsáveis Economics, London, 553-572.

(empresários) que dinamizam esta


Dyson, K/Humphries, O. (1990): Policies for
actividade, adoptam práticas de organização, New Media in Western Europe: Deregulation of
dirigem, planeiam e controlam - de acordo Broadcasting and Multimedia Diversification,
London.
com princípios previamente definidos -
actividades que visam satisfazer Faustino, P. (2004): The Press in Portugal:
determinados objectivos e necessidades. Os Challenges and Trends, Lisboa.

media satisfazem necessidades directas de


Faustino, P. (2005): Manual de Gestão de
quatro principais grupos distintos: 1) Marketing de Empresas de Media Regionais e
proprietários; 2) audiências; 3) publicitários; Locais, Lisboa.

e 4) empregados. Neste sentido, pode dizer


Faustino, P. (2008a): Estudo Prospectivo
que a centralidade da economia e gestão dos sobre os Media em Portugal, Lisboa.
media reside na análise da relação entre a
Faustino, P. (2008b): A Concentração dos
actividade dos media e a importância de
Media em Portugal: Mitos e Realidades,
concliar a satisfação das necessidades dos Lisboa.
quatro grupos referidos.

30 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 31

ENQUADRAMENTO | 8 T H W M E M C

Garnham, N. (1990): Capitalism and H. (Org.). Coomunicação, Economia e Poder,


Communications: Global Culture and Porto, 49-53.
Economics of
Information, London. Wimmer, R/Dominick, J. (1996): La
Investigación Científica de los Medios de
Murdock, G./Golding, P. (1977): Capitalismo, comunicación, Barcelona.
comunicaciones y relaciones de clase, in:
Curran, J./Gurevitch, M./Woollacot, J. (Eds.),
Sociedad y comunicación de masas., México: NOTAS DE RODAPE
Fondo de Cultura Económica, 1981, 22-57.
1 In revista Comunicación y Sociedad, p.8,
Keynes, J. M. (1936): The General Theory of 1999, Universidade de Navarra.
Employment, Interest and Money, San Diego.
2 A expressão estudos culturais (ou cultural
Kung, L. (2007): Does Media Management studies) surgiu na Grã-Bretanha através do
Matter? Establishing the Scope, Rationale, and Centre for Comtemporary Culture Studies
Future Research Agenda for the Discipline, in: (CCCS) de Birmingham. Esta corrente ganhou
Journal of Media Business Studies, 4(1): 21- crescente peso a partir dos anos sessenta e,
39. de certa forma, inspira-se na Escola de
Frankfurt e dos estudos de crítica literária,
Mierzjewska, B/Hollifield, C. A. (2006), centrada na análise dos processos de
Theoretical Approaches in Media Management recepção. Como sugerem (McQuail e Windahl,
Research, in: Albarran, A. et al. (Eds.) 2006: 1997), os estudos culturais assumem como
Handbook of Media Managements and princípios: a multiplicidade de significados, a
Economics, London, 37-66. existência de comunidades interpretativas e a
primazia do receptor na determinação de um
Mosco, V/Wasco, J. (1988): The Political of determinado significado.
Information, New Jersey.
3 Os fundamentos da economia política
Mosco, V. (1996), The Political Economy of remontam ao Século XVIII e XIX, em que
Communication: Rethinking and Renewal, autores como Adam Smith e David Ricardo
London. apresentaram sugestões no sentido integrar o
estudo da economia no âmbito da teoria
Picard, R. (1989): Media Economics: concepts social, relacionado-o com a política. Estes
and issues, Newbury Park. autores defendiam que a economia política se
deveria orientar para a análise na perspectiva
Picard, R. (2003), The Study of Media do mercado, isto é: como se conseguem
Economics, in: Arrese, A. (Ed.). Empresa satisfazer determinadas necessidades de bens
Informativa y Mercados De La Comunicación, materiais, optimizando da melhor forma
Pamplona, 76-79. possível os recursos existentes. Neste
contexto, as abordagens iniciais centraram-se
Wasko, J. (2006): Estudando a economia no estudo da produção, distribuição, troca e
Política dos Media e da Informação, in: Sousa, consumo de bens materiais num sistema de

mediaXXI 31
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 32

8 T H W M E M C | ENQUADRAMENTO

produção capitalista. Por seu lado, Marx e iluminista transformada num novo mito que
Engels iniciaram, no Século XIX, diversas encobre a dominação burguesa (Razão
críticas ao modelo de produção capitalista, Instrumental). De acordo com este autor,
considerando-o injusto para a sociedade no deve-se ter em conta duas abordagens
seu todo, beneficiando apenas os mais aptos e teóricas possíveis à sociedade: o sistema e o
com mais recursos. Já no Século XX surgiram mundo da vida.
vários autores, inspirados nas duas correntes
referidas, que começaram a estudar a 4 Como se pode observar nos volumes
influência de diversos factores nos sistemas publicados, o objectivo da revista é “(…)
de produção e mercado, nomeadamente o alargar o entendimento e a discussão do
impacto das instituições, políticas (sobretudo impacto dasactividades económicas e
públicas) e tecnologias. (Sousa, 2006). financeiras nas operações dos media e nas
decisões da administração”.
2 De acordo com Wasko (2004), a aplicação
da economia política ao estudo do sector da 5 O autor faz parte do board editorial desta
comunicação (ou comunicações, incluindo as revista e tem tido oportunidade de
telecomunicações) iniciou-se a partir de 1948, acompanhar de perto as tendências de
altura em que Dallas Smythe concebeu um investigação na área da gestão e economia
curso nesta área, na Universidade de Illinois. dos media.

3 Estes dois investigadores ingleses, 6 Em 1999 esta revista começou a ser editada
economistas de formação, são considerados e devido a problemas financeiros da
grandes referência ao nível da Economia Universidade St. Gallen. A partir de 2005
Política da Comunicação, área de estudo publicação passou a ser publicada pela editora
inspirada nas teorias marxistas. Como já foi americana Lawrence Erlbaum Associates, que
referido, a escola crítica dos media tem fortes edita também o Journal of Media Economics.
raízes escola de Frankfurt, que precedeu os
estudos culturais. Esta corrente é considerada 7 Este investigador já tinha fundado em 1988
como sendo um dos primeiros movimentos o Journal of Media Economics, cujos direitos
académicos de pensamento sobre a área da de exploração foram negociados com a
comunicação social. A escola de Frankfurt tem editora americana Lawrence Erlbaum
na sua génese uma inspiração marxista que Associates.
considera – ou considerava – um actividade
“contaminada” ao serviço dos interesses dos
capitalistas e que promoviam a ideologia
dominante. Ficaram associados como
fundadores desta escola autores como
Adorno, Horkheimer e Habermas, este último
com uma obra absolutamente fundamental no
campo da comunicação, dos media e do
espaço público. Inspirado na Escola de
Frankfurt, Habermas considera a ação
comunicativa como superação da razão

32 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 33
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 34

8 T H W M E M C | OPINION

THE WORLD MEDIA


ECONOMICS CONFERENCE
LOOKING BACK, LOOKING FORWARD

FROM MAY 17-20, SCHOLARS FROM AROUND THE WORLD WILL GATHER IN LISBON,
PORTUGAL, FOR THE 8TH WORLD MEDIA ECONOMICS CONFERENCE. ATTENDANCE FOR

THIS CONFERENCE IS LIKELY TO BE THE BIGGEST EVER, WITH WELL OVER 150 PEOPLE

IN ATTENDANCE. OUR HOST FOR THIS CONFERENCE, PAULO FAUSTINO OF FORMALPRESS

AND MEDIA XXI, HAS WORKED VERY HARD TO MAKE THE PORTUGAL CONFERENCE ONE

OF THE MOST MEMORABLE EXPERIENCES FOR THE GUESTS.

ALAN B. ALBARRAN
THE UNIVERSITY OF NORTH TEXAS

A BRIEF HISTORY OF THE WMEMC That first meeting consisted of a program


that Robert had organized, and it featured
This conference has a unique history. In some of Europe’s best known scholars: Karl
1994, the “first” world media economics Erik Gustafsson of Sweden, Sven Hoyer of
conference was held on a cruise ship that Norway, Alfonso Nieto of Spain and Nadine
sailed from Stockholm, Sweden to Helsinki, Toussaint Desmoulins of France, just to
Finland and back. It was a three-day venue, name a few. It was a wonderful meeting, with
organized by Robert G. Picard, then the everyone able to meet and interact with
Editor of the Journal of Media Economics. everyone else during meals and sessions.
The actual title of the conference was “Media One outcome was the decision to try to meet
Economics Research in Europe.” It was a again in the future.
small venue; maybe 25 participants as best
as I can recall, with just about everyone from Robert organized a second venue in
Europe—except for me. I was the only Zurich, Switzerland in 1996, which focused
American in attendance. on media management in Europe. Again, the
title of “World” was not used, nor was there
an emphasis on media economics. I did not
attend this venue, so I don’t know how many

34 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 35

OPINION | 8 T H W M E M C

people attended. But there was enough conference, it was announced that the 2000
energy among the participants to call for World Media Economics Conference would
another meeting. be held in Pamplona, Spain.

In 1998 Robert organized another The Spaniards put on a great conference;


conference, this time to be held in London in the first to be held at an academic institution.
April of that year. This conference was called In addition to attracting the largest number of
the “World Media Economics Conference” scholars to date, the Pamplona conference
and consisted of a call for papers, as well as added something special — what we called a
invited sessions. This venue had a very good “social” program. The idea was to have a day
turnout; probably about 50 people in for fun after the conference, allowing guests
attendance as I recall, with several scholars to experience some of the culture before
coming from the US and Asia. But a new returning to their respective homes. Our
tradition began at this conference — the Spanish hosts organized a day trip to the city
presentation of the Journal of Media of Bilbao, to take in the Guggenheim
Economics Award of Honor, presented for museum, followed by a trip up the coast to
lifetime of achievement in the field of media the beautiful Basque city of San Sebastian.
economics. Robert Picard was named the recipient of the
JME Award of Honor.
The award was given to Professor
Alfonso Nieto of Spain, but he was actually By 2002 the 5th World Media Economics
the second recipient of the award. The award Conference returned to Scandinavia, this
was initially given in 1997 to Professor time to Turku, Finland where Robert was
Nadine Toussaint Desmoulins of France, but again the host. One of the memorable events
not at a conference venue. Robert presented of this conference was the pub crawl that
the award to Professor Desmoulins while he followed a fantastic closing dinner
was a guest professor in Paris that year. experience at Turku Castle. The pub crawl
went to all the famous pubs in Turku, known
Another tradition began at the London as the “Bank,” “the School,” “the Pharmacy,”
conference. At the end of the conference, an with a final stop at “the Toilet.”
announcement would be made as to the
location of the next World Media Economics
Conference. So, at the conclusion of the 1998

mediaXXI 35
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 36

8 T H W M E M C | OPINION

Ask anyone who was there — I am not So now the conference meets in Lisbon,
making this up! Dr. Benjamin Compaine was returning to Europe after a four-year absence.
selected for the Award of Honor. One With a record-setting number of papers, the
interesting tidbit about the Turku confe- Lisbon conference will feature some parallel
rence — it was the first time that we had sessions to handle the increasing number of
presentations for future conference venues. participants, and a two-day social program
Individuals or institutions wishing to host a that will expose guests to Porto and other
future conference were asked to provide a venues.
presentation on their proposed location,
theme, and other details.
THE VALUE OF THE WMEMC
Then a major change took place as the
2004 WMEC left Europe for the first time, to Aside from holding a conference in many
be held in Montreal, Canada at HEC (École interesting and attractive locations, the World
des Hautes Études Commerciales), and Media Economics Conference is much more
hosted by Professor Normand Turgeon. The than a social or cultural experience. It is an
program was excellent, as were the opportunity for researchers to gather
conference facilities. Canadian scholar Stuart together from around the world to share
McFadyen received the Award of Honor. For insights, new directions for the field, and
the first time, a participant from Africa establish and renew contacts. The WMEMC
attended a WMEC. is not part of any organization. Some
conferences have discussed some sort of
In 2006 the 7th WMEC was held in affiliation or partnership with an existing
Beijing, China, marking yet another first as organization, but to this day remains an
the conference was held in Asia for the first independent event.
time. The conference attracted numerous
Asian scholars as well as guests from around The WMEMC is a unique venue that
the globe. Professor Bruce Owen of Stanford allows new scholars and even graduate
University received the Award of Honor. As students to interact with established
part of the social program, guests scholars. Sessions are designed to
experienced China’s Great Wall and other encourage discussion, and coffee breaks and
attractions. shared meals allow for more intimate
discussion. As an academic event, the

36 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 37

OPINION | 8 T H W M E M C

WMEMC has established a rigorous tradition with government and business trying to
of scholarship and excellence. This is improve the media in their respective
especially helpful for the many young countries.
scholars that have presented papers at a
WMEMC; to be selected at a global The evolution of the media industries will
conference is quite an honor in itself, and continue, and I hope the World Media
certainly helps in each person’s progress Economics Conference will continue to
towards their professional career. challenge existing assumptions, reveal new
patterns and trends, and contribute even
I would also advocate that an event like more knowledge in the years ahead. I hope
the WMEMC is important as part of social you will join us for part or all of the 8th World
policy. The research that has been generated Media Economics and Management
over the years can be found in numerous Conference, which is going to make Portugal
books, journal articles, and online sources. very proud.
Understanding the relationship of media to
business and economics, a country’s political
structure, and the social aspects of media “[the World Media
and their relationship to society are all areas Economics
that have value. That’s yet another reason Conference] is an
why we will gather in Lisbon in May to share opportunity for
knowledge and insight with one another. researchers to
gather together
We live in a changing and transforming from around the
world, where we are growing increasingly world to share
connected and tied to the media for insights, new
information and entertainment. We need a directions for the
greater understanding of the economic field, and establish
structures and performance of the media and renew
industries, as well as management strategy. contacts.”
We need to grow and develop our field of
study in terms of its theoretical and practical
knowledge, so we can share this not only
with our students and colleagues, but also

mediaXXI 37
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 38

8 T H W M E M C | OPINIÓN

EL AUGE GLOBAL DEL MEDIA


MANAGEMENT
LAS WMEMC HAN CONTRIBUIDO DE MODO SIGNIFICATIVO PARA EL
DESARROLLO DE LA DISCIPLINA DEL MEDIA MANAGEMENT

LOS DIRECTIVOS DE EMPRESAS DE COMUNICACIÓN SE ENFRENTAN CADA DÍA A LO

DESCONOCIDO: SUS DECISIONES –GRANDES O PEQUEÑAS- SON SIEMPRE NUEVAS,

PORQUE NUNCA SE REPITEN LAS CIRCUNSTANCIAS EXTERNAS E INTERNAS, Y PORQUE

LA OFERTA NO ESTÁ CONFIGURADA POR PRODUCTOS FABRICADOS EN SERIE.

ALFONSO SÁNCHEZ-TABERNERO
UNIVERSIDAD DE NAVARRA

La creciente complejidad del la dirección más duraderos.


de compañías propietarias de medios
impresos, audiovisuales e interactivos ha Ciertamente existen algunas “reglas de
impulsado la consolidación de la disciplina oro” que cualquier profesional de la dirección
del media management en todo el mundo; al debe conocer y que hacen referencia a áreas
desarrollo de ese campo han contribuido de clave como finanzas, marketing, operaciones
modo significativo las World Media o gestión de personas. Sin embargo, para los
Economics & Management Conferences, así máximos responsables de las compañías de
como diversas asociaciones internacionales comunicación el punto de partida de su
y algunas revistas científicas de prestigio. trabajo consiste en conocer en qué consiste
su core business.
Para gestionar sus organizaciones, los
directivos deben conocer ciertas técnicas; La comunicación presenta muchas
pero, sobre todo, deben estar equipados con facetas: relatos de la actualidad; narración de
sólidos hábitos intelectuales y con algunas historias de ficción; mensajes orientados a la
habilidades prácticas. Además, deben ser persuasión comercial; informaciones que
conscientes de que los objetivos más fáciles pretenden mejorar la imagen pública de
de lograr nunca son los más relevantes o los organizaciones. No existen fronteras claras

38 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 39

OPINIÓN | 8 T H W M E M C

entre esas formas de comunicar: en ESPÍRITU INNOVADOR.


ocasiones es más persuasiva una noticia que La velocidad de cambio social penaliza el
una declaración institucional, y un anuncio inmovilismo y la rutina; los mensajes y
pueden resultar más divertido que algunas estrategias del pasado casi nunca son los
comedias. más acertados en el momento presente.

El media management nos indica las HABILIDADES TECNOLÓGICAS.


cualidades básicas que deben tener los Los sistemas de transmisión de
directivos del sector: información se perfeccionan, y surgen
nuevos modos de difundir mensajes que
CAPACIDAD DE LIDERAR EQUIPOS. permiten comunicar de modo más eficiente.
Para configurar un equipo de
comunicación excelente se requiere que PRUDENCIA.
algunas personas asuman cierto liderazgo: No existe un “manual de instrucciones”
propongan metas valiosas, aúnen esfuerzos, que indique cuándo hay que hablar y cuándo
transmitan experiencias útiles, animen conviene callar, cuándo es preferible el
cuando el ánimo decae, y contagien sus ataque o la defensa, en qué momentos
convicciones y esperanzas. conviene ser irónico, amable o crítico.

CULTURA AMPLIA. HONRADEZ.


La historia se repite: es preciso conocer La eficacia de la comunicación se basa
el pasado para entender el presente y atisbar en la confianza. Los directivos que ocultan
el futuro. hechos relevantes, mienten o manipulan
pierden credibilidad al cabo de poco tiempo.
SENSIBILIDAD PARA ENTENDER
AL PÚBLICO.
Cada mensaje se dirige a unos
destinatarios determinados, con cierto grado
de homogeneidad; la eficacia de la
comunicación se basa en descubrir sus
intereses y preocupaciones.

mediaXXI 39
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 40

8 T H W M E M C | OPINION

THE CHALLENGE OF NEW


TECHNOLOGIES TO MEDIA
ECONOMICS SCHOLARSHIP
DEVELOPING A SATISFACTORY UNDERSTANDING OF THESE MEDIA FORMS MAY AWAIT THE

INVENTION OF A STILL NONEXISTENT ECONOMICS OF THE SOCIAL.


STEVE S. WILDMAN
QUELLO CENTER FOR TELECOMMUNICATION MANAGEMENT AND LAW MICHIGAN STATE UNIVERSITY

All media, from smoke signals to the Given the already obvious impact of the
internet, have arisen as byproducts of All internet and related technologies on media
media, from smoke signals to the internet, industries and the certainty that the long-run
have arisen as byproducts of technological impact of these technologies on the media
advances. As old technologies evolve and sector will be considerably more disruptive
new ones emerge, new media are born and than anything that has happened to date,
established media eventually adapt—some high quality scholarship on this subject is
willingly, but others not. urgently needed.

Because the outcomes of this process are In my opinion, developing a more


matters of intense interest to policymakers sophisticated and nuanced understanding of
and business interests, it is not surprising the implications of new technologies for
that studies of the impacts of technological media industries is the most important
change have featured prominently in the challenge facing the discipline today.
literature on media economics.

40 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:31 Page 41

OPINION | 8 T H W M E M C

Not since the introduction of the printing Some, like distributing newspaper
press (in the 15th century in Europe and content and network television programs on
earlier in Asia) or
(perhaps) radio the internet, are clearly incremental, even
broadcasting in the early 20th century has a when the effects on traditional media
suite of technologies so radically changed the industries are highly disruptive.
media landscape as is happening with the
internet and its component technologies With sufficient creativity, we are likely to
today. find that the analytical tools and perspectives
that have served us well in the past are still
While many originally saw the internet as productive of new insight when applied to
a new medium taking its place alongside developments that are incremental to
traditional media, it is becoming increasingly traditional media.
clear that traditional media are also being
transformed while new media services are At the opposite extreme are new media
emerging that reflect an organizational and services, particularly the social media of
commercial logic native to the internet, which which YouTube, Facebook and MySpace are
itself continues to evolve. the most visible representatives, for which
the conceptual bridges to what we know
Given that there is still much to be about traditional media are less obvious and
learned about the economics of established perhaps tenuous or nonexistent.
media, it is obvious that we are at the
beginning of a long and, undoubtedly Developing a satisfactory understanding
arduous, journey of intellectual discovery of these media forms may await the invention
when we turn our attention to the internet. of a still nonexistent economics of the social.
This is the biggest challenge for the field of
While still at the beginning of this journey, media economics today.
I think it is helpful to start by classifying new
developments in terms of the extent to which
they represent changes that are in some way
incremental to traditional media services.

mediaXXI 41
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 42

8 T H W M E M C | OPINIÃO

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A


COMUNICAÇÃO SOCIAL NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
DE FORMA TRANSVERSAL A TODOS OS SECTORES DE ACTIVIDADE, É EVIDENTE A

PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO DA ACTIVIDADE DOS MEDIA. É A RESPEITO DO PAPEL DO


ESTADO NA GARANTIA DE QUE ESTAS MUDANÇAS TENHAM EM CONTA O INTERESSE

PÚBLICO QUE VERSA O PRESENTE ARTIGO.

AUGUSTO SANTOS SILVA


MINISTRO DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES

A comunicação social representa um Em democracia, não há poder sem


sistema de produção e difusão de informação contra-poder, não há liberdade sem
com grande influência nas sociedades responsabilidade, não há mercado sem
modernas. Não é por acaso que é conhecida regulação. Estes são princípios básicos que
como o quarto poder. Essa influência resulta norteiam as democracias mais avançadas do
de conhecidas mutações tecnológicas, mundo. Nessa medida, é fundamental que a
sociais e culturais que marcaram as últimas comunicação social constitua um efectivo
décadas. instrumento de (in)formação aberta e
pluralista na sociedade portuguesa.
Da imprensa à rádio, da televisão à
Internet, o universo dos “media”
A concretização deste grande objectivo
transformou-se profundamente. Ao Estado
foi a minha primeira prioridade enquanto
compete favorecer que essas
responsável pela pasta da Comunicação
transformações tenham em conta o interesse
Social no XVII Governo Constitucional. Era
público de que se revestem as respectivas
unânime e constitucionalmente reconhecida
actividades.
a necessidade de se criar uma nova entidade
reguladora do sector, independente e

42 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 43

OPINIÃO | 8 T H W M E M C

tecnicamente preparada. Que assegurasse, legislatura, distinguiria três: comunicação


verdadeiramente, a definição, a fiscalização e social livre e plural, serviço público de
a garantia do cumprimento dos princípios qualidade e dinamização da comunicação
que orientam a prossecução das actividades social regional e local.
de comunicação social: zelar pela não
concentração dos meios, pela independência Relativamente à promoção do pluralismo
destes face ao poder político e económico e na comunicação social, para além da já
pela existência de isenção e pluralismo referida criação da ERC, destacaria a
informativo. aprovação da Lei que altera o Estatuto do
Jornalista, no sentido do aprofundamento
Assim, na sequência de iniciativa dos direitos e deveres dos jornalistas e do
legislativa do Governo, foi publicada, logo a 8 reforço da sua auto-regulação profissional; a
de Novembro de 2005, a Lei que criou a ERC aprovação da Lei da Televisão que regula o
– Entidade Reguladora para a Comunicação acesso à actividade de Televisão e o seu
Social, tendo sido designado, pelo exercício, estabelecendo um regime mais
Parlamento, o respectivo Conselho exigente para a atribuição e a renovação das
Regulador e, em seguida, asseguradas as licenças e autorizações e um reforço das
atribuições da ERC e seus recursos obrigações dos principais intervenientes na
financeiros. actividade televisiva, nomeadamente do
serviço público de televisão, que passou a
Desde então, muito foi feito em matéria integrar plenamente o segundo serviço de
de políticas públicas de comunicação social, programas; e a conclusão, durante a
e diria que é alto o nível de execução das Presidência Portuguesa da União Europeia,
medidas previstas no programa do Governo. do processo relativo à Directiva dos serviços
Até ao final da legislatura, vamos ainda de comunicação social audiovisuais, que
apresentar a proposta de lei relativa à não- alterou a Directiva Televisão sem Fronteiras.
concentração dos media e proceder à
transposição da nova directiva comunitária
Neste âmbito, foi também lançado o
sobre serviços de comunicação audiovisuais.
concurso da plataforma de Televisão Digital
Se quisesse resumir as prioridades que Terrestre, mediante a elaboração de todos os
enquadram as diversas medidas políticas e instrumentos exigíveis, a que se seguirá o
legislativas lançadas ao longo desta lançamento do concurso para um novo canal
de sinal aberto, a transmitir na plataforma de

mediaXXI 43
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 44

8 T H W M E M C | OPINIÃO

televisão digital terrestre. Esta última será, divulgação de conteúdos informativos,


estou certo, uma decisão que muito nomeadamente o Portal da Imprensa
contribuirá para o aumento da diversidade na Regional, criado no âmbito do Plano
oferta televisiva e para a rápida generalização Tecnológico.
do digital em Portugal.
São estas, em poucas linhas, como me
Quanto à qualificação do serviço público foi pedido, as principais prioridades e
de comunicação social, sublinharia a medidas que resumem a acção do XVII
aprovação da Lei que Procede à Governo Constitucional na área da
Reestruturação da Concessionária de Serviço comunicação social. Aproveito ainda para
Público de Rádio e Televisão, no sentido da agradecer o convite que me foi dirigido não
fusão da RTP e da RDP numa só empresa, a só para colaborar neste número da revista
RTP SA, mantendo naturalmente a mas igualmente para participar na
autonomia de cada meio, assim como as conferência, desejando a todos, e em
duas marcas históricas: RTP e RDP; e na particular aos convidados de outros países
sequência desta nova lei, a revisão do amigos, um muito bom trabalho. A reflexão
contrato de concessão do serviço público de informada e crítica é essencial à qualidade
televisão para o período 2008-2011, das políticas públicas.
tornando mais precisas e ambiciosas as
obrigações da concessionária e os critérios
de avaliação do seu cumprimento.
“(...) é fundamental
Finalmente, no que se refere aos que a comunicação
incentivos à modernização da comunicação social constitua um
social regional e local, temos o novo efectivo instrumento
Decreto-Lei sobre incentivo à leitura de de (in)formação
publicações periódicas, que fixa uma partilha aberta e pluralista na
proporcionada dos custos de envio postal sociedade
das publicações periódicas, resultado de portuguesa.”
ponderação entre a necessidade de
intervenção do Estado na divulgação da
cultura e da identidade portuguesas e o
incremento de novos suportes destinados à

44 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 45

OPINION | 8 T H W M E M C

PUBLIC SOCIAL
COMMUNICATION POLICIES
IN THE INFORMATION
SOCIETY
IN EVERY SECTOR OF ACTIVITY, THE PROFUND TRANSFORMATION OF THE MEDIA IS CLEAR

AND UNDENIABLE. THE PRESENT ARTICLE IS FOCUSED ON THE FUNDAMENTAL PART OF

THE STATE ON THE ENSURANCE THAT THESE CHANGES CONSIDER THE PUBLIC INTEREST
IN THESE ACTIVITIES.

AUGUSTO SANTOS SILVA


MINISTER OF PARLIAMENTARY AFFAIRS

Social communication represents an In a democratic society, no power exists


information production and diffusion system without opposition, no freedom without
with great influence in modern societies. It is responsibility, no market without regulation.
not by chance that social communication is These are the basic principles guiding the
known as the fourth power. This influence most advanced democracies in the world. In
results from the known technological, social this sense, it is fundamental for social
and cultural transformations that have communication to constitute an effective
marked the last decades. From press to information instrument, open and plural, in
radio, television and the Internet, the media Portuguese society.
universe has undergone a profound
transformation. The State is responsible for The achievement of this great objective
ensuring these transformations consider was my first priority as the minister
public interest in these activities. responsible for Social Communication for the
17th Constitutional Government. The need to
create a new regulatory entity for the sector,
independent and technically prepared, was
unanimous and constitutionally recognised.
An entity that would truly ensure definition,

mediaXXI 45
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 46

8 T H W M E M C | OPINION

supervision and compliance with the communication, the quality of the Public
principles guiding social communication Service and encouragement of regional and
activities: to zeal for the absence of media local social communication.
concentration, media independence from
political and economic powers and freedom Regarding promotion of pluralism in
and pluralism of information. social communication, in addition to the
aforementioned creation of the ERC, I would
Therefore, in the sequence of the like to highlight:
Government’s legislative initiative, the Law
that created the ERC – Entidade Reguladora - the approval of the Law that alters the
para a Comunicação Social (Social Journalists’ Status, in the sense of better
Communication Regulatory Entity), was defining journalists’ rights and duties and
published on the 8th November 2005, the strengthening professional self-
corresponding Regulatory Council having regulation;
been appointed by the Parliament and ERC
attributions and financial resources allocated. - approval of the Television Law, which
regulates access to the Television
Since then, much has been done in terms business and its practice, establishing a
of public social communication policies and I stricter license attribution and renewal
would say the degree of execution of regime and increasing the obligations of
measures foreseen in the Government the main television business players,
programme is high. Until the end of the namely regarding the public television
parliamentary term, we will still present a bill service, which fully integrated the second
relative to non-concentration of media and programme service;
transpose the new community directive
relative to audiovisual communication - and the conclusion, during the
services. Portuguese Presidency of the European
Union, of the process relative to the
If I wished to summarise the priorities on audiovisual social communication
which the various political and legislative services Directive, which altered the
policies launched during this parliamentary Television without Frontiers Directive.
term are based, I would emphasise three
aspects: free and plural social

46 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 47

OPINION | 8 T H W M E M C

Within this scope, a tender was also publications, a result from a reflection on the
launched relative to Digital Terrestrial need for State intervention in divulging
Television, through elaboration of all required Portuguese culture and identity and an
instruments, which will be followed by the increase in new supports, aimed at
launch of a tender relative to a new open- divulgation of information contents, namely
signal channel, to be broadcast on the digital the Regional Press Portal, created within the
terrestrial television platform. I am certain scope of the Technological Plan.
this last decision will significantly contribute
to an increase in television offer diversity, as
well as fast generalisation of digital media in These are, in few lines, as was requested
Portugal. of me, the main priorities and measures that
summarise the actions of the 17th
Regarding qualification of the public Constitutional Government, within the social
social communication service, I would like to communication area. I would also like to take
underline the approval of the Law that this opportunity to thank you for inviting me
Restructures Public Radio and Television not only to collaborate in this magazine
Service Concession, in the sense of a merger issue, but also to participate in the
between RTP and RDP, to form a single Conference, wishing everyone, particularly
company, RTP SA, although maintaining the guests from other countries, a very good
autonomy of each medium, as well as the work experience. Informed and critical
two historic brands: RTP and RDP; in the reflection is essential to the quality of public
sequence of this new law, the public policies.
television service concession contract for
2008-2011 was reviewed, making company
obligations more precise and ambitious, as
well as compliance evaluation criteria.

Finally, regarding incentives to


modernisation of regional and local social
communication, we have the new Legislative
Decree regarding incentives to reading of
periodical publications, which set fixed
sharing of postage costs relative to periodical

mediaXXI 47
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 48

8 T H W M E M C | INTERVIEW

8 WMEMC: THE PURPOSE


TH

AND EXPECTATIONS OF A
RECORD-BREAKING
CONFERENCE
IN A SHORT BUT NONETHELESS PLEASANT CONVERSATION, DR. ROBERT PICARD, ONE OF

THE MEMBERS OF THE SCIENTIFIC COUNCIL OF THE 8TH WORLD MEDIA ECONOMICS AND
MANAGEMENT CONFERENCE, EXPLAINS THE OBJECTIVES OF THE EVENT, UNVEILING AS

WELL A BIT OF HIS OWN EXPECTATIONS.

GUILHERME PIRES

Media XXI: What are the main objectives of


this edition of the WMEMC?

Dr. Robert Picard: The main objectives of the


Conference are basically to get people
involved to learn from each other, and to
stimulate thinking and research in the field.

As a member of the scientific council of the


8th WMEMC, what are your expectations for
the conference?

What we hope that will happen in the


conference is that people will come together,
hear the ideas of others, and perhaps
PICARD: AREA OF MEDIA ECONOMICS HAS BEEN GROWING
improve their research or take new avenues
VERY STRONGLY IN THE LAST 25 YEARS
of research on economics and management.

48 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 49

INTERVIEW | 8 T H W M E M C

In your opinion, what are the most


important themes that will be in discussion
on the conference?

I believe the themes that are most relevant


have to do with how companies adjust to the
current environment, how they best integrate
the new technologies and create strategies to
overcome difficulties that are appearing in
those media that are most dependent on oil
and gasol, and other resources of that sort.

What is the relevance of this type of events PICARD: WMEMC WILL STIMULATE THINKING AND RESEARCH
for the industry and the academy scene?

The 8th WMEMC received a record number


What the people from the industry present in of papers submitted for approval. How do
the Conference will hear is best practices. you explain this fact?
The number of the papers that are bring
presented, as well as much of the discussion, I think what is happening is that the area of
will look on what is the best way to organize media economics and management has been
certain activities, what are the best strategic growing very strongly in the last twenty five
responses and positions that a company can years. People understand its areas of
take, and what will they be thinking about in importance and more and more universities
the next five years. Those themes will be very are starting courses on this subject. There
important for the industry people that are are more and more people that have been
coming. For the academic people it is looking trained and have taken, in their own studies,
for those that are pushing forward into new courses on this subject, and they are now
areas of research that haven’t been coming to maturity in the field, and we are
researched before, and finding some new seeing a normal increase as a result of that
ideas, some new themes and ways of looking development. I think it is very healthy and
at some of the issues and analyzing them. very useful.

mediaXXI 49
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 50

8 T H W M E M C | PAPER

LOCALIZING NATIONAL NEWS


A COMPARISON OF NEWSPAPER CHAINS’ LOCAL SOURCE USAGE

CONTENT ANALYSIS OF SOME KEY NEWSPAPER CHAINS TO SEE WHETHER OR NOT SIZE

IMPACTED THE USE OF LOCAL SOURCES IN COVERAGE OF A KEY ISSUE


ANGELA POWERS
A. Q. MILLER SCHOOL OF JOURNALISM AND MASS COMMUNICATIONS
KANSAS STATE UNIVERSITY
MANHATTAN, KS 66506
APOWERS@KSU.EDU

ABSTRACT

This study examines the size of Most studies have measured the
newspaper chains and the impact on content. structure and growth of newspaper
Questions have arisen as to whether or not organizations and the impact on revenues
larger media corporations are contributing and resources. Few studies, however, look at
positively or negatively to sound journalistic the impact of structure on news content.
practices in our local communities. Are they Findings indicated newspapers with small
covering news in a way that’s relevant and circulations tend to use more local sources,
useful for readers and in a way that relates to compared to newspapers with large
the local community, or have economies of circulations. Diversification and number of
scale resulted in fewer local sources and newspaper holdings were not significant
more shared information? To address these factors. Number of newspaper holdings was
questions, we looked at some key newspaper only significant in predicting use of
chains to see whether or not size impacted national/online sources.
the use of local sources in coverage of a key
issue.

50 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 51

PAPER | 8 T H W M E M C

LOCALIZING NATIONAL NEWS: way that’s relevant and useful for readers and
A COMPARISON OF NEWSPAPER CHAINS’ in a way that relates to the local community,
LOCAL SOURCE USAGE or have economies of scale resulted in fewer
local sources and more shared information?
Most of the country’s largest daily
newspapers reported lower circulation than As traditional media confront Web issues,
the year earlier, the largest percentage drop they grapple with the structure of their
in 15 years (Elliott, 2006). Kuttner (2007) organizations and ways to most effectively
states that as our youth lose the habit of and efficiently create content that appeals to
reading print, it will be difficult to survive a wide range of people (Smolkin, 2007).
when cost structures for print media are fifty Some claim that media conglomerates are so
percent higher than Internet competitors. removed from local communities that local
Despite decreasing circulations, newspaper news has gone by the wayside. Others claim
layoffs, and declining revenues, newspapers that local newsrooms act independently in
continue, however, to lead the force in each community in search for truths
journalistic news reporting. The 2006 State (Cunningham, 2001). The purpose of this
of the News Media Report found that paper was to look at how large and small
alternative media such as blogs contain only newspapers are providing news necessary
five percent of what would be considered for local communities. Is diversification of
journalistic reporting. Furthermore, Kuttner news organizations resulting in more or less
(2007) states that if one were to trace the local news coverage? Most agree that
origins of non-traditional news media, about innovative coverage of local issues is key for
85 percent would point toward newspapers news organizations. This paper examines
as their main source of information. Clearly, ownership characteristics of newspaper
the flow of information is dependent on our companies such as the New York Times and
traditional media. Tribune to see whether or not there is an
influence on local news coverage.
As such, questions arise as to whether or
not the structure of some of our largest,
most influential newspaper chains is
contributing positively or negatively to sound
journalistic practices in our local
communities. Are they covering news in a

mediaXXI 51
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 52

8 T H W M E M C | PAPER

LITERATURE REVIEW main causes of media conglomeration in the


United States were economies of scale,
DIVERSIFICATION vertical integration, and corporate
diversification. With economies of scale,
Large corporations consist of a number conglomerates could receive greater returns
of independent subsidiaries, each acting as a on their investments.
profit source and decider of content. These
companies practice diversification to ensure Demers (1999) identified structural
that performance does not depend on a trends in the media industry. He suggested
single product or service (Picard, 2002). that the bigger the media conglomerates are,
Stephan (2005) described product- the less control they have over their media
diversification as expansion of activities institution. This would, in fact, benefit local
across different media product markets. outlets by allowing autonomy at that level to
Furthermore, Stephan (p. 80) states that operate under the needs of the society
“diversification into related product markets instead of the needs of the parent company.
is considered as a strategy to pursue According to Gordon (2002), in converged
efficiencies and to enhance profits by media organizations, structural changes have
realizing economies of scope.” According to taken place in regard to costs and revenues,
Picard (2002), some companies prefer job descriptions, and organizational charts
diversifying into other print media; while once media have merged content.
others offer a wide range of communication Information-gathering has also changed, and
products. reporters are expected to gather news for
multiple platforms. With more outlets
Chan-Olmsted and Chang (2003) and involved, there would be increasing diversity
Stephan (2005) used the resource-based of ideas. Media conglomerates have the
view of the firm to analyze diversification. potential to facilitate a diversity of ideas and
They found that the external environment opinions, instead of setting one agenda.
shapes the strategic behavior of a firm.
According to Waterman (1991), chain
ownership benefited from “transaction cost
savings” and “economy of scale” which were
the results of “centralized management”
(p.172). Gomery (1998) also suggested the

52 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 53

PAPER | 8 T H W M E M C

MEDIA CONTENT large parent organizations. Blakenburg and


Ozanich (1993) suggest that “inside control”
Compaine et. al. (1983) suggests that the is where owners and managers of media
structure of media organizations has an organizations play important roles in
impact on content. These influences have decision-making. Media may be owned by
been identified by looking at non-news large conglomerates; however, decisions are
content. For example, Oba and Chan-Olmsted still made at the local level.
(2006) found that the larger the
conglomerate, the more likely it would use Becker and Schoenbach (1989) believed
more syndicated programming from within emerging media conglomerates had to
the organization. The pattern of internal address a combination of senses and use
transfer through vertical integration was new channels of information. In this way,
especially apparent in the acquisition of media diversification could promote the use
newer first-run programming products that of multiple platforms of media. It would
are associated with uncertain quality and less become imperative for companies to
audience information (Oba and Chan- diversify in order to reach mass audiences. If
Olmsted, 2006, p. 114). they only appealed to a certain group, they
would lose market shares of different groups.
For example, smaller firms find new Therefore, a “something-for-everyone”
niches, provide innovation, and establish approach was essential in order to compete.
incentive for new firms to follow a similar Lopes (1992) also looked at popular music
path. Furthermore, within conglomerates, and found a positive relationship between
diversification is positive in the sense that a diversification and innovation. There was an
“heterogeneous democracy” needs a “broad increase in new artists, despite the
spectrum of ideas and opinions” (p.19). The “continuing market concentration”(p.64). He
local subsidiaries within the large suggested that “innovation” was an
organization actually control the flow of important consideration in the media
information in each geographical community. industry. Larger corporations were under
In a nation that has different local and state pressure to produce new materials in
governments, information must be provided accordance with the interests of the users,
about the immediate local political and social because they are ultimately the source of
environment. One way to achieve this is to their income.
have local media financially subsidized by

mediaXXI 53
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 54

8 T H W M E M C | PAPER

NEWS CONTENT corporation may reap improved returns by


diversifying across media businesses
One key function of the press has been to because it is easier to share content.
keep citizens informed on government issues However, the potential for repurposing
and the election of government officials. content depends on the generic nature of the
According to Benoit et. al. (2005), content.
newspapers are the most important source of
information about presidential campaigns. The literature suggests that size,
Stone, Stone, and Trotter (1981) found that diversification, and other structural
market characteristics could be used as characteristics have an impact on content,
predictors of newspaper quality. The best but the possible impact on news is unclear.
performing papers had the best circulation Based on Stephan’s view of the firm, the
performance. Lacy (1989) added that, in following research questions were
general, higher quality newspapers would be addressed:
associated with more subscribers or larger
newspapers. R1: Will smaller newspapers use more or
less local sources?
In contrast, Stephan (2005) described
product-diversification strategies as an R2: Will newspapers of larger parent
expansion of activities across different media companies use more or less local sources?
product markets. A media firm will profit
from creative and intellectual resources when
it uses content to offer products that are METHOD
differentiated enough to charge premium
prices or when media products are less To determine how local news coverage
differentiated but command a lower cost than may vary in relation to characteristics of
rivals. In either case, he believes that content companies, we examined news coverage on
is a key asset to profit. Strategic assets presidential bids by Hilary Clinton and Barack
underlie a media’s differentiation or cost Obama. Hilary Clinton announced her
advantage and are largely content related. candidacy on January 20, 2007 and Barack
The advantages of related diversification into Obama on February 10, 2007. Stories from
different media businesses come from January 15 to February 17, one week before
sharable content. According to Stephan, a Hilary Clinton’s announcement and a week

54 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 55

PAPER | 8 T H W M E M C

after Barack Obama’s, were targeted. The to determine the extent to which local,
national political events were chosen to see regional, national, or online sources were
how newspapers covered prominent national cited. Local sources were defined as sources
issues with different local angles and to what within the city or surrounding areas of the
extent local perspectives were associated newspaper. Regional sources were
with ownership structure of newspapers. To operationally defined as sources within the
quantify the use of local perspectives, we state but not surrounding areas of
measured frequency of citing local/regional publication or within states that border the
sources, such as interviews of local residents state of the publication. National sources
or opinions of regional organizations. were defined as sources anywhere in the U.S.
that were not bordering the state of the
To locate newspaper stories, Lexis Nexis publication. Whenever information came
Academic Universe was searched using the from web sites, we defined it as online
keywords “Hilary Clinton or Barack Obama sources.
and presidential campaign” during the five
week period. A total of 91 stories published Since counting frequencies of local,
in U.S. daily newspapers were retrieved from regional, national and online sources was
the database, excluding editorials. Each news relatively objective and straightforward, high
article was content analyzed for its length, inter-coder reliability was obtained. Based on
authorship, and number of local, regional, a sample of 25 stories that were not included
national and online sources used. With in the final analysis, two coders agreed 92%
number of sources as dependent variables, of the time on national sources, 96% of the
length of story was a key control variable time on the online sources, and 88% of the
because longer stories tended to use more time on the local and regional sources. Since
sources. most disagreements came from
distinguishing sources between local and
Length was measured by the number of regional, and both sources pertain to local
words of each article. Authorship was perspectives, final analysis was done by
dummy-coded either as staff writers or combining local and regional sources
others. Others included contributing writers, together. Adhering to the operational
wire news services, or correspondents who definitions described above, one
were not directly affiliated with the undergraduate student majoring in
newspaper. Each news story was examined journalism analyzed all stories.

mediaXXI 55
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 56

8 T H W M E M C | PAPER

In addition to the content analysis, of 37 newspapers were analyzed, with 24


financial information for each newspaper different ownerships. Table 2 shows
company was collected, including circulation, descriptive information about length,
parent company’s newspaper holdings, and circulation, number of newspapers owned by
number of different divisions that the parent parent companies, number of different
company is affiliated with. To find 2006 daily divisions, and authorship. Average length of
circulations, “2006 Top 100 Daily stories was 732 words, with a maximum of
Newspapers in the U.S. by Circulation,” by 2046 words written by the Chicago Tribune
Burrelles Luce, information from Audit and a minimum of 41 words by the Seattle
Bureau of Circulations, and company Times. Average daily circulation was
websites were utilized. Regarding number of 447,077, with the largest circulation of
different divisions, “Million Dollar Directory: 1,142,464 by the New York Times and the
America’s Leading Public & Private smallest circulation of 15,224 by the Herald
Companies” was used to identify Standard News.
Industrial Classification (SIC) codes for each
parent company. The average number of newspapers
owned by parent companies was about 12,
The final data-set contained content with a maximum of 56 and a minimum of 1.
analysis of news stories, as well as financial Lee enterprises, owner of the St. Louis Post-
information of the company, as well as that of Dispatch, owned 56 daily newspapers. Based
the parent company. The unit of analysis was on the SIC codes, the average number of
the news story. Because some newspapers businesses that each parent company was
were private companies, some of their affiliated with was 3.2, with a maximum of
financial information was not publicly seven and a minimum of 1. For example,
available, leading to a final sample size of 82. News Corp., owner of the New York Post,
was highly diversified with seven different
businesses: Newspapers (2711), periodicals
RESULTS (2721), book publishing (2731), television
broadcasting stations (4833), cable and
DESCRIPTIVE STATISTICS other pay TV services (4841), motion picture
and video production (7812), and theatrical
Table 1 displays newspaper companies producers and services (7922). Among the
analyzed and their parent companies. A total 82 stories, 61% were written by staff writers,

56 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 57

PAPER | 8 T H W M E M C

while 39% were written by others, as shown significant factors affecting use of local
in Table 2. sources. Similarly, stories written by staff
writers tended to use more regional sources
Table 3 presents the numbers of local, than stories by others (?=-.28, p =.036) as
regional, national and online sources used shown in Table 5. Other ownership variables
for stories. The average number of local did not turn out to be significant.
sources was .40, with a maximum of 5.
Regional sources were cited .22 on average. Table 6 shows that the longer news
National sources were more frequently cited, stories were, the more frequently national
with an average of 2.8. The average for online sources were used (?=.62, p =.001). The
sources was .57, with a maximum of 21. One number of daily newspapers owned by parent
story by the State Journal-Register was companies was marginally significant (?=-
extensively based on 21 websites. .17, p =.055). That is, newspapers whose
Regression analyses were conducted without parent companies owned a large number of
the story; however the results remained the daily newspapers tended to use national
same. Therefore, the story was included for sources more frequently. Likewise,
all the analyses. newspapers whose parent companies owned
a large number of daily newspapers tended to
use online sources more frequently than
REGRESSION RESULTS those with a small number of daily
newspapers (?=.22, p =.045), as shown in
R1 asks whether or not smaller Table 7. Also lengthy stories tended to use
newspapers will use more or less local more online sources (?=.28, p =.019).
sources. As shown in Table 4, circulation
was a significant factor predicting use of Table 8 shows results combining use of
local sources. That is, stories published in local and regional sources. The model
newspapers with small circulations tended to explained about 13 percent of total variance
use more local sources than stories in large and revealed that authorship and circulations
newspapers (?=-.33, p =.042). Authorship were two significant factors in predicting use
was marginally significant (?=-.25, p =.055). of local/regional perspectives. Stories written
Staff writers were likely to cite local sources by staff writers tended to cite local/regional
more frequently than others. However, sources more frequently than those by others
characteristics of parent companies were not (?=.39, p =.003). Also, stories written by

mediaXXI 57
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 58

8 T H W M E M C | PAPER

newspapers with small circulations tended to are using fewer local sources in their stories.
use more local/regional sources than stories This supports Stephan’s theory that
by large newspapers (?=.33, p =.035). companies will make content more generic
However, characteristics of the parent so that it can be repurposed more easily.
company did not turn out to be significant. Newspapers with large circulations are less
likely to localize a national story because they
can publish the same story across regional
DISCUSSION boundaries and not have to expend resources
to gather additional information. This does
Newspapers have moved in the direction not bode well for local communities. Even
of tight control by a handful of diversified national stories have local implications.
corporations. Early on, Bagdikian (1997)
suggested that media expansions are Results on use of national or online
encouraged by two “ancient” motives: money sources also suggest that companies whose
and influence. Market dominant firms at the parent companies own many other
national level are predicted to make higher newspapers tend to use more national or
profits on every dollar than less dominant online sources. This is in line with the study
firms. But at what cost? of Oba and Chan-Olmsted (2006), where
large conglomerates tended to use more
Previous research has indicated that the syndicated programming from within the
number and type of news outlets have organization, those newspapers with many
increased, despite the fact that many are sister newspapers may share certain
owned by the same company, and that media sources. Whether and to what extent those
diversification has the potential to allow for a companies use the same national/online
multiplicity of voices especially in media- sources awaits further investigation.
poor communities (Powers, 2002).
However, the study is a follow-up look at the
content offerings of some of these outlets
and whether or not individual communities
have benefited.

Results indicate that larger companies,


despite the fact of having more resources,

58 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 59

PAPER | 8 T H W M E M C

TABLE 1: LIST OF NEWSPAPERS AND OWNERS

Newspaper Owner Newspaper Owner

Arka nsas Wehco Media The New York Times New York Times Co.
Democrat-Gazette
Buffalo News Berkshire Hathaway The New York Sun ONE SL LLC

Chattanooga Times Wehco Media New York Daily Ne ws Daily News, L.P.
Free P ress
Chicago Daily Herald Paddock Publications Newsday Tribune

Chicago Sun-Times Sun-Times Media Pasadena Star-News L.A. Newspaper Group


Groups Inc. Inc.
Chicago Tribune Tribune Portland Press Herald Seattle Times

Dayton Daily News Copley Press Kansas City Star McCla tchy

Herald News North Jersey Media St. Louis-Post Lee Enterprises


Group Dispatch
Richmond Times Media General Inc. The Augusta Chronicle Morris Publications
Dispatch
Mobile Press Register Advanced Publications The Austin American- Cox Newspapers
Inc. Statesman
The Boston Globe New York Times Co. The Baltimore Sun Tribune

Los Angeles Ti mes Tribune The Post-Standard Advanced Publications


Inc.
The Capital Capitol Gazette Com. The Providence Belo
Inc. Journal
The Charlotte Observer McClatchy The State Journal- Copley Press
Register
The Christian The Christian Science The U nion Leader Union Leader
Science Monitor Pub Society Corporation
The Morning Call Tribune The Sacramento Bee McCla tchy

The New York Post News Corp. The San Diego Union- Copley Press
Tribune

mediaXXI 59
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 60

8 T H W M E M C | PAPER

TABLE 2: DESCRIPTIVE STATISTICS ON


INDEPENDENT VARIABLES

Mean SD Max Min

Length 732.3 415.3 2046 41

Circulation 447,077 371,492 1,142,464 15,224

Number of 12.4 12 56 1
Newspapers Owned

Number of Different 3.2 2.2 7 1


Divisions

Authorship Staff writer 61%


Others 39%

TABLE 3: DESCRIPTIVE STATISTICS ON DEPENDENT VARIABLES

Mean SD Max Min

Local Sources .40 1.0 5 0

National Sources 2.8 2.4 9 0

Regional Sources .22 .9 7 0

Online Sources .57 2.9 21 0

60 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 61

PAPER | 8 T H W M E M C

TABLE 4: REGRESSION ON LOCAL SOURCES

Predictors _ t

Length -.16 -1.27

Authorship -.25 -1.95#

Circulation -.33 -2.07*

Daily Newspaper Owned by Parent Company .08 .66

Different Divisions of Parent Company .16 1.08

R2 =.08

TABLE 5: REGRESSION ON REGIONAL SOURCES

Predictors _ t

Length .01 .04

Authorship -.28 -2.14*

Circulation -.11 -.69

Daily Newspaper Owned by Parent Company -.09 -.80

Different Divisions of Parent Company -.11 -.72

R2 =.08

mediaXXI 61
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 62

8 T H W M E M C | PAPER

TABLE 6: REGRESSION ON NATIONAL SOURCES

Predictors _ t

Length .62 6.52***

Authorship -.09 -.92

Circulation .02 .13

Daily Newspaper Owned by Parent Company -.17 -1. 95#

Different Divisions of Parent Company -.05 -.38

R2 =.43

TABLE 7: REGRESSION ON ONLINE SOURCES

Predictors _ t

Length .28 2.39*

Authorship .16 1.25

Circulation -.04 -.28

Daily Newspaper Owned by Parent Company .22 2.04*

Different Divisions of Parent Company -.12 -.82

R2 =.15

62 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 63

PAPER | 8 T H W M E M C

TABLE 8: REGRESSION ON LOCAL/REGIONAL SOURCES

Predictors _ t

Length -.12 -.99

Authorship -.39 -3.07**

Circulation -.33 -2.14*

Daily Newspaper Owned by Parent Company .004 -.03

Different Divisions of Parent Company .05 .36

R2 =.13

NOTE FOR ALL THE ABOVE FIGURES:

N=82

? values are standardized coefficients.

Authorship was measured as 1 (staff writer) or 2 (others).

# p <.10, * p <.05, ** p <.01, *** p <. 001

REFERENCES

Bagdikian, B.H. (1997). The media monopoly. Benoit, W., Stein, K., Hansen, G. (Summer 2005).
Beacon Press. New York Times coverage of presidential
campaigns, Journalism and Mass
Becker, L.B., & Schoenbach, K. (1989). When Communications Quarterly, 82:1, 356-376.
media content diversifies: Anticipating audience
behavior. In L. B. Becker & K. Schoenbach (Eds.), Blankenburg, W.B., & Ozanich, G.W. (1993). The
Audience responses to media diversification: effects of public ownership on the financial
Coping with plenty (pp. 1-29). NJ: Lawrence performance of newspaper corporation.
Erlbaum Associated. Journalism Quarterly, 1, 68-75.

mediaXXI 63
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 64

8 T H W M E M C | PAPER

Chan-Olmsted, S.M. & Chang, B.H. (2003). Lopes, P.D. (1992). Innovation and diversity in the
Diversification strategy of global media popular music industry, 1996 to 1990. American
conglomerates: Examining its patterns and Sociological Review, 57, 56-71.
determinants. Journal of Media Economics, 16(4),
213-233. McChesney, R.W. (1997). The global media giants.
Extra! 11-18.
Compaine, B.M., Sterling, C.H., Guback, T., &
Noble, Jr., J.K. (1983). Anatomy of the Oba, G. and Chan-Olmsted, S.M. (2006). Self-
communication industry, who owns the media? dealing or market transaction?: An exploratory
Knowledge Industry Publications, Inc. study of vertical integration in the U.S. television
syndication market, Journal of Media Economics,
Cunningham, B. (2001). Concentration of power. 19(2), 99-118.
Columbia Journalism Review,
November/December, 126-127. Picard, R.G. (2002). The economics and financing
of media companies. Fordham University Press:
Demers, D.P., (1999). Global media, menace or New York, p. 197.
messiah? Hampton Press, Inc.
Powers, A. (2002). Media diversification: Is bigger
Elliott, S., (2006). Newspaper Circulation Drops better after all? Paper presented at the World
Sharply. The New York Times, October 31, sec. C, Media Economics Conference, Turku, Finland, May
p. 8. 10.

Gomery. D. (1998) Media Ownership: Concepts Smolkin, R. (2006) Tribune tribulations, American
and Principles. In A. Alexander, J. Owers, & R. Journalism Review, December 2006/January
Carveth (Eds.), Media economics: Theory and 2007, pp. 22-31.
practice (pp. 45-52). (2nd ed.). Mahwah, NJ:
Lawrence Erlbaum Associates, Inc. Stephan, M. (2005). Diversification Strategy of
Global Media Conglomerates: A Comment.
Gordon, R. (2002). The meanings of convergence, Journal of Media Economics, 18(2), pp. 85-103.
Medill, 12-13. Stone, G.C., Stone, D., and Trotter E. (1981).
Newspaper quality’s relations to circulations,
Kuttner, R. 2007. The race. Columbia Journalism Newspaper Research Journal 2:16-24.
Review, March/April, pp. 24-32.
Waterman, D. (1991). A new look at media chains
Lacy, S. (1989). A Model of demand for news: and groups: 1977-1989. Journal of Broadcasting
Impact of competition on newspaper content, & Electronic Media, 35, 167-178.
Journalism Quarterly 66 (spring 1989):40-48,
128.

64 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 65

PAPER | 8 T H W M E M C

CONVERGENCIA DE
REDACCIONES
UNA METODOLOGÍA PARA EL ANÁLISIS COMPARATIVO DE CASOS

ES POSSIBLE ESTABLECER VARIOS MODELOS DE CONVERGENCIA DE REDACCIONES

SEGÚN UNOS PARÁMETROS QUE INFLUYEN EN LA PRODUCCIÓN INFORMATIVA?


MIGUEL CARVAJAL & JOSÉ ALBERTO GARCÍA AVILÉS
UNIVERSIDAD MIGUEL HERNÁNDEZ
MCARVAJAL@UMH.ES | JOSE.GARCIAA@UMH.ES

RESUMEN

Durante los últimos cinco años se han preocupación creciente en el ámbito


multiplicado los casos de periódicos que han académico por el estudio de la convergencia
afrontado procesos de integración de sus de redacciones, tanto en Europa como en
redacciones de Internet y papel. Son Estados Unidos y en Iberoamérica. Esta
numerosas las empresas periodísticas que se comunicación parte de la hipótesis de que se
plantean cómo encarar las nuevas pueden establecer varios modelos de
posibilidades de la digitalización en la convergencia de redacciones según unos
producción de noticias. La consolidación de parámetros que influyen en la producción
Internet como plataforma informativa y su informativa. Con esta premisa, se propone un
enorme versatilidad han despertado del modelo para el estudio de los procesos de
letargo a los viejos editores de diarios. La integración de redacciones. El resultado de la
convergencia multimedia y la integración de investigación se basa en un análisis
las redacciones son ya asuntos prioritarios comparativo de seis redacciones de tres
en la agenda de las empresas periodísticas, países europeos (Alemania, Austria y
tanto en el ámbito de la estrategia España), mediante entrevistas en
corporativa, como del negocio y de la profundidad con periodistas y directivos, así
organización del trabajo y la producción como la observación directa del trabajo en
informativa. Este hecho ha generado una las redacciones.

mediaXXI 65
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 66

8 T H W M E M C | PAPER

INTRODUCCIÓN

La convergencia multimedia y la La convergencia industrial repercutió en


consolidación de Internet han provocado el la economía de los medios, porque influía en
replanteamiento de la organización de las la estrategia empresarial, en la competencia
redacciones en todo el mundo. Los medios en los mercados y en la organización de las
quieren alcanzar mayores audiencias, el compañías1. Los principales grupos de
público exige cómo y dónde consumir la comunicación optaron por reorganizarse y se
información y los gestores dirigen para no consolidó el concepto de los conglomerados
perder la rentabilidad de sus negocios… Tres multimedia. Aquella ola de fusiones y
causas que explican en parte la inusitada adquisiciones, simbolizadas por los
urgencia por la integración de las históricos casos de American Online Time
redacciones. Warner y Vivendi Universal, dieron el
empujón definitivo a la convergencia de
El término convergencia se empezó a medios.
popularizar a mediados de los noventa con
motivo de la desregulación del sector de las La propiedad cruzada, la estructura del
telecomunicaciones, la popularización de mercado y la economía de los medios de
Internet y la globalización de los mercados comunicación fueron los principales
(Gershon, R., 2000). Los sectores de las argumentos en estos primeros procesos de
telecomunicaciones, la informática y los convergencia. Las compañías que
medios comenzaron un proceso de emprendieron fusiones, adquisiciones y
convergencia sectorial por causas acuerdos de colaboración podían compartir
tecnológicas, legales y económicas (Wirtz, algunas áreas de sus negocios para ahorrar
2001; Soo Chon, B. et al., 2003). Aquel costes, generar economías de escala y
proceso provocó la respuesta estratégica de aumentar audiencia, publicidad y beneficios.
numerosas compañías, que trataron de Así, la convergencia de medios es para los
posicionarse en el nuevo escenario (Sylvia directivos una excelente oportunidad de
M. Chan-Olmsted, 1998). Aunque fue el expandir sus negocios en mercados
sector de las telecomunicaciones el que saturados (Dennis, 2006, Dupagne, 2006) y
lideró la convergencia industrial (Bum Soo revisar su dirección estratégica (van
Chon et al., 2003), afectó profundamente al Kranenburg, 2004).
sector de los medios.

66 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 67

PAPER | 8 T H W M E M C

En el plano de la dirección corporativa, la En esta comunicación se ha propuesto un


convergencia implica a varias unidades de método que contribuya a los ya numerosos
negocio, afecta a la estructura organizativa y estudios sobre la integración de redacciones.
a la producción (Gordon, 2003). Así, la
dimensión empresarial de la convergencia
recupera asuntos clásicos en la gestión de EL ESTUDIO DE LA CONVERGENCIA DE
periódicos: la organización del trabajo, la REDACCIONES
gestión del cambio, el liderazgo, la
motivación de los equipos, la asignación de En febrero de 2008, el séptimo encuentro
recursos (Killebrew, 2005). internacional del IFRA ha versado sobre las
claves del éxito de redacciones
La convergencia de medios requiere por convergentes. Es una más de las múltiples
tanto de un estudio profundo que analice sus iniciativas del sector que sugieren la
diversas repercusiones. El estudio de la necesidad de profundizar en este fenómeno.
convergencia de medios, en general, Desde el ámbito académico, ha habido
comprende cuatro posibles ángulos: el numerosas aportaciones sobre el particular:
tecnológico, el comunicativo, el empresarial análisis descriptivos de los casos más
y el profesional (García Avilés, 2006). La novedosos; informes sobre la percepción de
propuesta metodológica de esta los periodistas; tendencias de la industria en
comunicación se centra en la faceta innovación; etc. La convergencia de medios
profesional y laboral de la convergencia de afecta cada vez a más empresas de
redacciones, pues atañe a la organización del comunicación. En 2002 un estudio estimó
trabajo de los periodistas, a la toma de que casi cien medios de todo el mundo
decisiones de los directivos y a la producción habían adoptado algún tipo de convergencia
informativa. (Aquino et al., 2002). La constatación de su
creciente importancia ha generado el
La cadena de valor del negocio escepticismo de los líderes de la industria y
periodístico se divide en tres ámbitos de la oposición feroz de muchos periodistas
trabajo: la cobertura informativa; la (Stone, 2001; Bierhoff, 2002).
elaboración y producción; y la distribución de
las noticias. El grado de convergencia se En Europa, los primeros casos de
podría estudiar y diseccionar en cada uno de convergencia de redacciones se
esos eslabones de la cadena de producción. desarrollaron en los países nórdicos, en Gran

mediaXXI 67
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 68

8 T H W M E M C | PAPER

Bretaña y en España (Aquino et al., 2002: 27- de audiencia y la ralentización de las


40). En Estados Unidos, las aventuras más inversiones publicitarias han despertado del
significativas comenzaron en tres letargo a los principales editores. Al mismo
corporaciones regionales: el Tampa News tiempo, Internet ha seguido su paso firme en
Center de Media General (Florida) (Huang et el sector de la comunicación, cada vez con
al.: 2004; Dupagne y Garrison, 2006, entre mayores niveles de audiencia y con más
otros), el Tribune Group (Chicago) (Hickey, inversiones publicitarias. Este acicate, unido
2002) y Belo Corporation (Dallas) (Lawson- a la estructura multimedia de las principales
Borders, 2005: 127-158). En 2004, nueve de compañías de prensa, han sido los
cada diez televisiones practicaron algún tipo impulsores de esos primeros pasos en la
de convergencia en 2004, aunque la mayoría convergencia de redacciones.
compartía las noticias solamente con otros
medios (Duhe et al., 2004: 81). Entre 2006 y Muchos diarios, aunque titubeantes en
2008 varios diarios de prestigio que han cuanto al modelo de negocio, han acelerado
optado también por integrar sus redacciones. el auge del consumo de medios en la red,
The New York Times emprendió la más que la televisión o la radio (Bonnie
integración del papel y online en 2007, al Bressers, 2006). De hecho, el sector de la
igual que el The Daily Telegraph en el Reino televisión ha perdido en parte la batalla en
Unido. The Washington Post y Los Angeles Internet frente a las ágiles, jóvenes y ya
Times han seguido también esta dinámica y gigantes marcas de vídeos en la red. Esto
sus periodistas deben contribuir con su indica que han tratado Internet simplemente
trabajo tanto para el papel como para la como un complemento de la marca o del
versión online. negocio (Chan-Olmsted y Jae-Won Kang,
2003). Así pues cuando los directivos de
En parte, la industria de la prensa está prensa perciben el potencial de internet como
siendo uno de los principales impulsores de soporte multimedia y sus cuentas muestran
esta nueva urgencia por la innovación de las los primeros sintomas de estancamiento, la
redacciones, la integración del papel y de integración de las redacciones se consolida
Internet o el desarrollo de una cultura como una opción estratégica global.
multimedia. Este sector ya alcanzó su
madurez, con altos índices de inversión En España, unas cuantas compañías han
publicitaria, audiencia y beneficios a emprendido procesos de convergencia de
principios de 2000. Las pérdidas progresivas redacciones (García Avilés, 2006). El modelo

68 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 69

PAPER | 8 T H W M E M C

más extendido consiste en la colaboración de nuevos fenómenos. En 2005, Daily, Demo y


periodistas de distintos soportes, la Spillman propusieron estudiar los casos de
promoción cruzada del contenido convergencia como un continuum. Su
informativo o la cobertura multimedia de modelo planteaba las diversas posibilidades
noticias urgentes o eventos puntuales. El que pueden darse en la integración y
viejo grupo Recoletos intentó en España una colaboración de redacciones y concibe la
integración de redacciones de todos los convergencia plena como la estación final. En
soportes que trataban con información el escenario mínimo se encontrarían los
económica (el diario Expansión, la web casos de compañías que elaboran
expansiondirecto.es, el semanario Actualidad información por su cuenta pero la
Económica y el canal de 24 horas Expansión promocionan en distintos soportes. En el
TV) durante 2003 (Boczkowski y Ferris, nivel de convergencia pleno estaría el caso de
2005). Las cuatro redacciones, antes en una compañía con una redacción
diferentes lugares, fueron unificadas en el completamente integrada que genera
mismo edificio y los periodistas y redactores información multimedia con el mismo
jefe comenzaron a trabajar conjuntamente a sistema para diversos soportes (papel,
través de distintos soportes. online, radio y televisión). Entre ambos polos
habría distintas formas de convergencia: la
En los estudios sobre la convergencia de reproducción del contenido o la promoción
medios, se muestra una creciente de la marca en distintos soportes; la
preocupación entre los periodistas, porque cooperación, la colaboración y creación de
perciben que genera ansiedad, tensión y valor añadido entre medios; compartir
saturación de trabajo (Deuze, 2004). Los contenido con encuentros regulares y trabajo
redactores multimedia acumulan más conjunto entre distintos soportes, etc.
presiones, a las ya tradicionales, aunque
saben que por sí misma la convergencia no En esta misma línea, García Aviles y
es un problema. Singer (2006: 47-50) señala Carvajal (2008: 237-240) han propuesto,
que los periodistas se preocupan por el mediante método de análisis de casos, dos
deterioro de la calidad, por la independencia tipos de modelos de convergencia de medios
y por la preferencia por las buenas noticias. que aparecen en el mercado de prensa
regional en España: el modelo integrado
La necesidad de catalogar y categorizar (integrated) y el modelo colaborativo (cross-
es propia de los estudios que describen media). Fruto del análisis de los casos,

mediaXXI 69
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:32 Page 70

8 T H W M E M C | PAPER

ambos autores diseñaron una tabla de En julio de 2007, el Consejo de Prensa


descriptores, con objeto de evaluar el austríaco (KommAustria Presseförderung)
sistema de producción, la organización de la encargó un proyecto de investigación
redacción, el grado de polivalencia de los europeo para el estudio comparativo de
periodistas y la estrategia de negocio que casos de convergencia de redacciones.
anima cada proyecto. Aquel equipo, integrado por investigadores
de tres países europeos (Austria, Alemania y
La creación de modelos para identificar España)2, tenía que elaborar informe sobre
los posibles casos de convergencia tiene sus el estado de la cuestión. El principal objetivo
ventajas, pero también sus inconvenientes, del proyecto consistía en la elaboración de
porque la realidad mediática no es fácilmente un análisis exhaustivo de la situación de la
clasificable. En esta comunicación se convergencia de medios en cada uno de los
propondrá un método que facilitará el tres países seleccionados. El informe final
análisis de distintos casos y ayudará a constaba de un breve análisis de la situación
compararlos, pero en ningún modo pretende del sector y debía profundizar en dos casos
ofrecer modelos cerrados que limiten la rica por cada país, para reflejar los distintos
variedad de posibilidades que la tecnología, modelos, las preocupaciones y las
la organización y la dirección estratégica experiencias de innovación y cambio en las
permiten. redacciones multimedia de los diferentes
medios seleccionados. Durante seis meses,
se han realizado entrevistas en profundidad
PROPUESTA METODOLÓGICA PARA EL a redactores y directivos y han visitado las
ANÁLISIS COMPARATIVO DE CASOS instalaciones para hacer observación directa
del trabajo. Los autores emplearon el
Para comprender el tipo de metodología método de caso y eligieron dos redacciones
que se propone en esta comunicación, por cada país: en España (El Mundo y La
resulta necesario explicar cuáles han sido los Verdad); en Austria (Der Staandard y
orígenes de la investigación y cuáles fueron Österreich/OE24.at); y en Alemania
los casos analizados. En ese contexto, los (Hessische y Die Welt).
autores han usado un método de trabajo que
consideran válido para el futuro análisis de En España, los modelos de convergencia
otros ejemplos de distintos países. más frecuentes suelen ser la colaboración
entre periodistas de distintos soportes, la

70 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 71

PAPER | 8 T H W M E M C

promoción cruzada de medios y la cobertura ha integrado las distintas secciones, para


multimedia de algunas noticias. A diferencia fortalecer el trabajo de los periodistas de los
de Alemania y Austria se dan menos casos de dos soportes: Internet y papel. En diciembre
integración real de redacciones entre papel e de 2008 trasladaron ambas redacciones a un
Internet. Durante los últimos tres años, nuevo edificio, que comparte con el resto de
varios diarios han decidido profundizar en la cabeceras de la compañía (Marca,
integración de sus redacciones: 20 Minutos, Expansión, Telva, etc.).
La Vanguardia, El Mundo, Expansión, La Voz
de Almería, La Verdad, El Correo, etc. De En Austria, debido a los límites en la
todos ellos, se eligieron los dos más propiedad cruzada de medios y la tardía
representativos del sector español. privatización de los mercados radiofónico y
televisivo, la convergencia de redacciones se
Vocento ha sido la primera compañía centra principalmente en la producción de
española en desarrollar una estrategia contenidos multimedia en entornos con
multimedia regional, especialmente desde redacciones innovadoras. En Austria se
2001, cuando empezó a adquirir y obtener estudió la redacción de Österreich / OE24.at,
licencias de televisión y radio local. La un diario fundado en septiembre de 2006 en
Verdad Multimedia es una de las trece Viena. El segundo caso, Der Staandard, fue el
corporaciones multimedia regionales de primer diario en lanzar una versión online en
Vocento, que comprenden un diario, su alemán, en 1995. El inusual éxito económico
versión online, radio y televisión y un diario de derstandar.at resulta interesante porque
gratuito, más una comercializadora ha condicionado la decisión de los directivos
publicitaria. En el plano redaccional, La sobre cómo realizar la integración de ambas
Verdad emplea un modelo de colaboración redacciones.
entre la redacción del papel, la sección de
Internet y la redacción audiovisual (radio y En Alemania, los casos seleccionados se
televisión). referían básicamente a modelos de
integración de redacciones entre papel e
El Mundo es líder en usuarios únicos en Internet, dadas las diversas restricciones a la
la red (OJD) y ha sido el primer periódico de propiedad cruzada de medios, entre radio,
cobertura nacional español en integrar las televisión y prensa. La redacción del Die Welt
redacciones del papel e Internet. / Welt Kompact / Welt am Sonntag / Berliner
Gradualmente el equipo directivo del diario Morgernpost en Berlín es la más grande de

mediaXXI 71
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 72

8 T H W M E M C | PAPER

Alemania. En este caso, además se combina ¿Cuáles han sido los principales pasos
la producción informativa para papel e hacia la convergencia que se han dado
Internet con la producción de tres diarios y en el caso elegido?
un semanal. El segundo caso ha sido la
redacción de Hessische / Niedersächsische RQ2. ¿Cómo se organiza el flujo de
Allgemeine en Kassel, donde un equipo de trabajo de la redacción?
redactores trabaja para papel e Internet y
además realiza un informativo diario de RQ3. ¿Qué tipo de influencia ejerce una
televisión online para el canal regional estructura de redacción integrada en la
Offener Kanal (Open Channel). satisfacción laboral de los redactores?

Como se señaló, la propuesta RQ4. ¿Cómo afecta la convergencia de


metodológica de esta comunicación se la redacción a la percepción de los
centró en la faceta profesional y laboral de la periodistas sobre la calidad
convergencia de redacciones, estrechamente informativa?
vinculada con la dirección de organizaciones
y la producción. Tras seleccionar los casos,
se discutió la metodología a emplear en el RQ5. ¿Cuáles son los niveles de
análisis comparativo. Dada la cantidad de polivalencia de cada compañía?
aspectos relacionados con la producción ¿Reciben los redactores y editores
informativa, los autores partieron de siete formación específica para ello?
preguntas clave que servirían para enfocar la
investigación. Esas cuestiones guiaron tanto RQ6. ¿De qué manera se reutiliza el
la observación directa del trabajo en las contenido generado por los usuarios a
redacciones, como el diseño de las lo largo de las distintas plataformas?
entrevistas con redactores y editores.
RQ7. ¿Cuáles son los elementos clave
Las siete preguntas clave o research para llevar a cabo con éxito la
questions (RQ) que guiaron el trabajo del integración de redacciones?
equipo fueron:

RQ1. ¿Se pueden señalar diferentes Una de los principales objetivos del
tipos de convergencia de redacciones? trabajo encargado por el Consejo de Prensa

72 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 73

PAPER | 8 T H W M E M C

Austríaco era tomar el pulso a la herramientas de interactividad con la


convergencia de redacciones en distintos audiencia suscitaron nuestro interés por la
mercados de Centro Europa y España, con reutilización del contenido generado por los
objeto de comparar los diferentes tipos de usuarios en la red (RQ6). Finalmente, en
convergencia y en qué nivel se encontraban relación con el principal objetivo del estudio,
(RQ1). Dentro de cada uno de esos seis se debía conocer de alguna forma cuáles
casos, en relación con la producción habían sido los elementos clave para
informativa, se consideró crucial medir la desarrollar con éxito un proceso de
organización del flujo de trabajo, describir el convergencia de redacciones y extrapolar los
número de reuniones de coordinación y resultados (RQ7).
debatir sobre la política de exclusivas:
prioridades en el diseño de la agenda entre
Internet y el papel (RQ2). Dadas las PROPUESTA METODOLÓGICA
numerosas referencias al estrés de los
periodistas y a la percepción sobre la calidad Las preguntas clave fueron la guía para
informativa, se consideró relevante conocer el trabajo de campo durante los seis meses
la opinión de los redactores de cada caso no de visitas a las redacciones. Una vez
sólo sobre su ritmo de trabajo (RQ3) sino recogida y cotejada toda la información, para
también sobre la calidad del producto final facilitar la tarea comparativa, se consideró
en una redacción integrada (RQ4). Como la conveniente elaborar una tabla con
convergencia de la redacción no sólo afecta descriptores que permitieran medir el grado
al modelo organizativo, sino también al de convergencia en cada caso. Los
periodista que desempeña su labor descriptores se diseñaron como elementos
informativa, era necesario analizar los comparativos para medir el nivel de
niveles de polivalencia de cada compañía. Es desarrollo de la integración de forma
decir, en qué medida a los periodistas se les descriptiva.
exigía elaborar contenidos para dos o más
medios y que nuevas destrezas debían
adquirir. De forma automática, surgía la
pregunta sobre la formación específica que
deberían recibir para ello (RQ5). Los casos
de integración de redacciones para el diario
en papel e Internet y el desarrollo de las

mediaXXI 73
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 74

8 T H W M E M C | PAPER

DESCRIPTORES DEL NIVEL DE CONVERGENCIA O 11. Cultura profesional: ¿Hay una única cultura
periodística o cada medio posee su propia cultura
INTEGRACIÓN DE REDACCIONES
laboral?

12. Prioridades de difusión: ¿Se sigue la política


Nº DESCRIPTOR
‘primero online’ o en la publicación de las
exclusivas prevalece primero el papel? ¿Hay una
1. Estructura física: ¿Están integradas las táctica clara en este sentido? ¿Se ha discutido?
redacciones en uno o dos edificios?
13. Flujo informativo: ¿El flujo informativo se
2. Estructura física: ¿Hay redacciones separadas coordina desde una mesa de edición central o
o sólo una? depende de editores multimedia?

3. Enfoque del proyecto: ¿Hay sólo convergencia 14. Flujo informativo: ¿Se fomenta la
en la compañía, sólo convergencia de redacciones colaboración entre los periodistas con los del
o las dos? resto de soportes o no?

4. Estrategia: ¿La convergencia es un objetivo o 15. Flujo informativo: ¿Se han creado nuevos
una herramienta? perfiles profesionales en la redacción como
consecuencia del proceso de integración?
5. Implantación: ¿Es un proceso a corto, medio
o largo plazo? 16. Sistemas de gestión del contenido (CMS):
¿Hay un sistema para todos los soportes o
6. Implantación: ¿Es un proceso que va desde la diferentes gestores de contenido según el medio?
dirección al resto o se implanta de forma directa
en todo el equipo?
17. División del trabajo: ¿Hay una distinción clara
7. Comunicación: ¿Se ha discutido abiertamente en el trabajo de la redacción entre los que cubren
con los periodistas la estrategia de la la información, los que elaboran el contenido y los
convergencia? ¿Ha habido adecuada gestión del que lo distribuyen y empaquetan
cambio en la redacción? (reportero/editor)?

8. Dirección de la redacción: ¿Hay un solo editor 18. ¿Es el equipo tecnológico una condición
para todo el trabajo editorial o varios editores sinequanon para la cobertura de las noticias?
multimedia o de otro tipo?

9. Dirección de la redacción: ¿A las reuniones de 19. ¿Es el equipo tecnológico una condición
trabajo asisten tanto editores del diario, como del sinequanon para el empaquetado de las noticias?
online o de los medios audiovisuales o tiene cada
soporte reuniones separadas con sus propios 20. ¿Es el equipo tecnológico una condición
editores? sinequanon para su distribución?

10. Relación contenido / soporte: ¿Es el contenido 21. ¿Es la polivalencia multimedia una condición
primordial y el soporte secundario o es el soporte sinequanon para la cobertura informativa?
primordial y el contenido secundario? ¿O son
igualmente importantes tanto soporte como 22. ¿Es la polivalencia multimedia una condición
contenido en la toma de decisiones? sinequanon para el empaquetado de las noticias?

74 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 75

PAPER | 8 T H W M E M C

Los descriptores 1 y 2 hacen referencia a


23. ¿Es la polivalencia multimedia de los
la estructura física del caso analizado. Con
periodistas una condición sinequanon para la
distribución de noticias? ellos se pretende constatar la influencia que
ejerce la disponibilidad de las instalaciones y
24. ¿Es la multitarea una condición en la
cobertura informativa? la disposición de las redacciones en el
proceso de integración. Del 3 al 7 se evalúa el
25. ¿Es el multitarea una condición en la
producción de noticias? planteamiento estratégico de los directivos:
tanto si la convergencia es una herramienta,
26. ¿Es el multitarea una condición en la
distribución? una excusa para ahorrar costes o una
verdadera apuesta estratégica, e implica por
27. Nivel de polivalencia: ¿Cuál es el porcentaje de
periodistas polivalentes (que trabajan para más de tanto a todos los niveles y se comunica de
un soporte) en la redacción? forma adecuada. Los puntos 8, 9, 10, 11 y 12
analizan cómo se domina el proceso de
28. Formación en polivalencia: ¿Ofrece la
compañía formación para la adquisición de convergencia, la coordinación del trabajo, la
competencias en polivalencia multimedia?
combinación de las distintas culturas según
29. Remuneración por polivalencia multimedia: el soporte y las prioridades sobre las
¿Los periodistas que trabajan para más de un exclusivas. Del 13 al 17, se mide el flujo de la
soporte reciben algún tipo de compensación
económica, profesional o de otra forma? información y el control de las noticias:
coordinación, colaboración, perfiles,
30. Video online: ¿El vídeo en el soporte online se
produce sobre todo en la propia redacción o sistemas de gestión del contenido y división
procede principalmente de producción externa? del trabajo. El bloque de preguntas de la 18 a

31. Actitud de los periodistas: ¿Cómo la 26 pretende constatar hasta qué punto la
reaccionaron los periodistas ante el proceso de tecnología, la polivalencia y la multitarea son
integración o convergencia de las redacciones?
condiciones para la cobertura, la elaboración
y producción, y la distribución de las
32. Recursos humanos en la redacción: Cómo
noticias. Después se mide el nivel de
consecuencia del proceso de convergencia de las
redacciones en la compañía, ¿ha aumentado, ha polivalencia de cada caso (p. 27), la
decrecido o ha permanecido igual el número de formación que las compañías aportan (p. 28)
periodistas de la redacción?
y las herramientas de motivación,
compensación y remuneración (29, 30).
Fuente: elaboración propia
Resulta fundamental preguntarse por la
actitud de los periodistas durante la
implantación de la convergencia (p. 31) y la

mediaXXI 75
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 76

8 T H W M E M C | PAPER

respuesta de la compañía en la dirección de amplia variedad de modelos de la


personas (p. 32). convergencia.

Los descriptores pretenden medir los


CONCLUSIONES niveles de cobertura, elaboración,
producción y distribución de noticias.
Esta comunicación propone un modelo Además sirven para analizar el grado de
para el análisis comparativo de casos de implicación de la organización en el proceso
convergencia de redacciones. El estudio se de integración, las condiciones de trabajo,
apoya en un trabajo específico sobre dicha los recursos tecnológicos y la formación o la
cuestión, realizado en seis redacciones de dirección de recursos humanos.
tres países europeos. La convergencia
generalmente implica diferentes niveles de Estas preguntas, sin embargo, no cubren
colaboración, trabajo y estructuras. Son suficientemente algunos apartados que
muchas las variables que los estudiosos que deberían ser analizados en futuras
afronten esta materia deben tener en cuenta, propuestas metodológicas. Por ejemplo,
tales como la propiedad de la compañía, la sería conveniente realizar estudios
estrategia corporativa, las condiciones del longitudinales sobre el nivel de polivalencia
país y del mercado, etc. de los periodistas, sobre su método de
trabajo cotidiano y sobre la práctica
El estudio ha identificado siete preguntas tecnológica. Así mismo, se identifica la
clave que deberían guiar el análisis de los necesidad de un estudio que mida la
procesos de convergencia de redacciones. percepción de redactores y editores acerca
Las preguntas se dirigen tanto a la de los perfiles profesionales, destrezas y
producción de la información, como a la requisitos de formación que demandan las
organización del trabajo y al planteamiento nuevas redacciones integradas.
empresarial. Como resultado de un trabajo
de campo, se han aportado 32 descriptores
que pueden reemplearse para tomar el pulso
de cualquier proceso de convergencia de
medios: desde una simple colaboración entre
soportes hasta una integración plena. La
combinación de los descriptores confirma la

76 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 77

PAPER | 8 T H W M E M C

BIBLIOGRAFÍA
Deuze, M. (2004) “What is Multimedia

Aquino, R.; J. Bierhoff, J.; T. Orchard & M. Journalism?”, Journalism Studies, 5, (2):

Stone (2002) The European Multimedia News 139-152.

Landscape, Mudia Report. Heerlen:


International Institute of Infonomics. Duhe, S. F.; M. M. Mortimer & S. S. Chow
(2004) “Convergence in North American TV

Boczkowski, P. J. & J. A. Ferris (2005) Newsrooms: A Nationwide Look”,

“Multiple Media, Convergent Processes, and Convergence, 10: 81-104.

Divergent Products: Organizational Innovation


in Digital Media Production at a European Dupagne, M. & B. Garrison (2006) “The

Firm”, The Annals of the American Academy meaning and influence of convergence. A

of Political and Social Science, 597: 32 - 47. qualitative case study of newsroom work at
the Tampa News Center”, Journalism Studies,

Bonnie Bressers?, Promise and Reality: The 7: 237-255.

Integration of Print and Online Versions of


Major Metropolitan Newspapers, The García Avilés, J. A. (2006) El periodismo

International Journal of Media Management, audiovisual ante la convergencia digital.

2006, Vol. 8, No. 3, Pages 134-145 Elche: Universidad Miguel Hernández.

Chan-Olmsted, S. M. & Chang, B.-H. (2003) García Avilés, J. A. y Carvajal, M. (2008),

“Diversification Strategy of Global Media “Integrated and Cross-Media Newsroom

Conglomerates: Examining Its Patterns and convergence: two models of multimedia news

Determinants”, The Journal of Media production: The Cases of Novotécnica nd La

Economics,16, (4), 213-233. Verdad Multimedia in Spain”, Convergence,


Vol. 14 (2): 223-241.

Dailey, L.; L. Demo & M. Spillman (2005)


“The Convergence Continuum: A Model for Gordon, R (2003) “The Meanings and

Studying Collaboration Between Media Implications of Convergence”, in K.

Newsrooms”, Atlantic Journal of Kawamoto, Digital Journalism: Emerging

Communication, 13: 150-168. Media and the Changing Horizons of


Journalism, Rowman & Littlefield Publishers,

Dennis, E. E.; Warley, S. & Sheridan, J. (2006) 2003.

“Doing Digital: An Assessment of the Top 25


U.S. Media Companies and their Digital Huang, E.; L. Rademakers, M. A. Fayemiwo &

Strategies”, The Journal of Media Business L. Dunlap (2004) “Converged Journalism and

Studies, 3(1):33-63. Quality: A Case Study of The Tampa Tribune

mediaXXI 77
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 78

8 T H W M E M C | PAPER

News Stories”, Convergence, 10: 73 - 91. Stone, M. (2001) [online]: “Convergence:


Fact or Fiction?”, Report to the World
Killebrew, K. C. (2005) Managing Media Association of Newspapers. <www.wan-
Convergence. Iowa: Blackwell Publishing. press.org/IMG/pdf/doc-360.pdf

Lawson-Borders, G. (2006) Media


Organizations and Convergence. Case Studies
of Media Convergence Pioneers. New Jersey:
Lawrence Erlbaum.

Quinn, S. (2005) “Convergence’s fundamental


question”, Journalism Studies, 6 (1), 29-38.

Gershon, Richard T., The Transnational Media


Corporation: Environmental Scanning and
Strategy Formulation, The Journal of Media
Economics, 2000, Vol. 13, No. 2, Pages 81-
101.

Singer, J. B. (2006), “Partnerships and Public


Service: Normative Issues for Journalists in
Converged Newsrooms”, Journal of Mass
Media Ethics, 21 (1): 30-53.

Soo Chon, B.;?, J. H. Choi;?;, G. A. Barnett;?,


J. A. Danowski &?, S.-H. Joo (2003) “A
Structural Analysis of Media Convergence:
Cross-Industry Mergers and Acquisitions in
the Information Industries”, The Journal of
Media Economics, 16, (3), 141-157.

Peltier, S., Mergers and Acquisitions in the


Media Industries: Were Failures Really
Unforeseeable? The Journal of Media
Economics, 2004, Vol. 17, No. 4, Pages 261-
278.

78 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 79

ANÁLISE | FREE

O FUTURO É GRATUITO
COMO O PREÇO ZERO PODE VIR A CONQUISTAR OS MERCADOS

“OS PRODUTOS GRATUITOS TÊM VALOR, MEDIDO PELO TEMPO QUE AS PESSOAS

GASTAM COM ELES”. QUEM O DEFENDE É CHRIS ANDERSON, AUTOR DO MUITO

ELOGIADO “THE LONG TAIL”.


GUILHERME PIRES

No seu trabalho na indústria dos Media, diferença: agora, a própria promoção e


Chris Anderson tem vindo a desenvolver uma antecipação dos conteúdos da obra são o
estratégia que desdiz um dos princípios exemplo provado e concreto da teoria que
basilares do mundo editorial – o segredo é a esta sustenta. “Free” será um livro cujo
chave do negócio para qualquer obra. Para o conteúdo tem vindo a ser discutido e
editor-in-chief da revista WIRED a alma do divulgado sem custos para o consumidor
negócio é a antecipação, a promoção e o desde Maio de 2007, e que explora
debate prévios ao lançamento do produto. precisamente esse novo tipo de modelo de
negócio – a disponibilização gratuita dos
Anderson utiliza o potencial das novas produtos em troca de um bem mais valioso,
tecnologias da informação, da web 2.0 e do o tempo.
marketing viral. Foi nesse sentido que criou,
em 2005, o blog longtail.com no qual É o próprio autor que o confirma, no seu
apresentou e discutiu a principal teoria por blog: ”The Web is built mostly on two
detrás do livro best-seller “The Long Tail”. A nonmonetary economies, attention (traffic)
obra esteve na origem da entrevista que a and reputation (links), both of which benefit
Media XXI teve a oportunidade de realizar a hugely from free content and services. And
Chris Anderson no final de 2007, e que agora it’s a pretty simple matter to convert from
reeditamos em inglês . either of those two currencies into cash, as a
glance at Google balance sheet makes clear”.
Com o novo livro, a estratégia replica a
bem sucedida experiência criada com “The
Long Tail”, embora com uma fundamental

mediaXXI 79
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 80

FREE | ANÁLISE

“FREE” – O POTENCIAL DO CUSTO ZERO concretos: The New York Times e The Wall
Street Paper; ou em Portugal os casos do
No artigo publicado na WIRED a 16 de Sol, Correio da Manhã ou Rádio Renascença.
Março deste ano (“Free! Why $0.00 is the Mas os exemplos são quase tão vastos como
Future of Business”), Chris Anderson a própria internet.
examina o crescimento e impacto dos
modelos de negócio que oferecem produtos
e serviços aos consumidores, em troca de PROMOÇÃO GRATUITA
tempo dedicado à marca ou da dependência RESULTADO RENTÁVEL?
a produtos associados. Partindo do modelo
de negócio criado por Gillette no início do Tal como em 2005, “Free” irá nascer a
século XX (a oferta de máquinas de barbear partir do artigo homónimo publicado em
associadas a lâminas descartáveis, Março na WIRED, embora nesta ocasião seja
obrigatórias e dispendiosas), Anderson o artigo a existir em função do livro – sendo
identifica diversos exemplos actuais, como a publicado para ajudar a criar o hype
oferta de telemóveis em troca de planos de pretendido e um ambiente de considerável
chamada pagos. euforia -, e não o oposto.

É a partir desses exemplos que são Nessa estratégia de promoção, a própria


lançadas as pistas para o novo paradigma de WIRED de Março (cuja capa confere um
negócio – o custo zero. Com a descida quase total destaque ao artigo de Anderson)
acentuada do custo dos próprios produtos – foi distribuída sem custos, a partir do site. O
em particular no que respeita ao debate repete-se no blog do autor e um
conhecimento, informação e internet -, este pouco por toda a web.
tipo de preços associados tende a deixar de
existir, em prol da oferta pura e simples. O marketing da obra segue a preceito o
seu conteúdo, e com esse pormenor Chris
No campo dos media, este panorama Anderson ajuda novamente a questionar uma
reflecte-se, por exemplo, na gratuitidade do noção base do mercado e identificar um novo
acesso aos sites, no surgimento dos jornais paradigma na Economia moderna. Resta
gratuitos, na disponibilização a custo zero de esperar até 2009 para perceber se as vendas
trabalhos culturais (discos, pinturas, livros) e a crítica irão receber “Free” de braços
na web, etc. Existem diversos exemplos abertos, ou suspeitar do seu preço.

80 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 81

CHRIS ANDERSON | INTERVIEW

“SEGMENTATION CAN BE THE


FUTURE KEY-WORD OF THE
BUSINESS”
THE CONSEQUENCES OF THE “LONG TAIL” IN THE ECONOMY OF THE MEDIA

CHRIS ANDERSON, EDITOR OF WIRED, EXPLAINS THE POSITIVE EFFECTS OF THE WEB 2.0

AND SHOWS THE PATH YET TO BE TRAVELLED BY THE PRESS AND THE OCCIDENTAL

CULTURE.

GUILHERME PIRES & PAULO FAUSTINO

It was in the check-in area of the Los


Angeles airport that Chris Anderson spoke to
Media XXI. The interview took exactly 25
minutes, in which the editor-in-chief of
WIRED explained how the communication
means of production and distribution are
escaping the control of a minority – the
owners of big media conglomerates -,
creating room so that anyone with a
computer and a broadband internet
connection can become a potential mini-
Murdoch.

mediaXXI 81
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 82

INTERVIEW | CHRIS ANDERSON

How can the media take advantage of the best information and contents will have a
exponential power of the consumers, great deal of mediatic attention online, and
expressed by, for example, the user- those who don’t come with products of high
generated content or the long tail? quality or interest will face more difficulties in
the mediatic system.
The media can either compete with the user-
generated content or host the user-generated
content. What we Wired advocate is that the Are we facing a paradigm shift in the
role of the media is now to catalyse or to business model of the media?
curate the conversations with the publics –
the rule of the three C’s. It is the duty of the I believe we are obviously facing a paradigm
media to find the quality and value in the shift in the business model, from one that is
user-generated content (catalyse) and also to based on print revenues, to a new online-
encourage the audiences to provide more revenues system. However, it is still very
information and suggest topics of interest early for this change, because online is free
(curate). and print it is not, and the revenues are still
coming mainly from the advertising of the
printed versions of the magazines and
The content agregators seem to be newspapers. Advertising is the primary
assuming a new centrality in the mediatic source of revenues, and it will continue to be
system. Do you consider them as a threat or in the forthcoming years.
an opportunity for the classic media?

They are an oportunity, no doubt about that. In which way do these agregators relate
They drive most of our traffic: most of the with the economic possibilities of some
information and products coming from the new online strategies?
tradicional and new media are driven by
Google, blogs, etc.. These agregators are a The internet diminishes the scarcity of access
great way to drive the traffic from the media, to distribution. In the present environment,
as long as the media companies provide small and medium sized content owners have
information and contents of high quality. The a great chance of reaching niche audiences,
best ideas will always come at the top on and trying to reach the masses via these
these agregators – as a result, those with the agregators. The value of aggregation,

82 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 83

CHRIS ANDERSON | INTERVIEW

whether through YouTube or Yahoo or How did Wired embraced the new
someone else, will increase as consumers technologies, the fragmentation of the
seek assistance to connect with content that audiences and the online journalism?
appeals to their specific interests. The real
winner is the consumer, who finally has a We did it through the rule of three C’s
market structure that reflects an abundance (Catalyze and Curate Conversations), which I
of choice, rather than a scarcity of explained before. WIRED, as a mass market
distribution. The smaller content producers magazine (we have a paid circulation of
will also benefit as they finally have access to around 675,000 and an estimated 2 million
distribution. readers per month) is unavoidably a one-
size-fits-all product. We stand side by side
with the traditional media. In the magazine,
In your book “The Long Tail...”, you wrote with limited pages and a huge general-
about the coming of great opportunities for interest readership, we remain in the
market niches. Is WIRED an example of blockbuster business. On the web, however,
such opportunities? we have “unlimited shelf space” (an infinite
number of pages, which can be created at
The printed WIRED is a mass market close to no cost), so that’s where we focus on
magazine, so it is not by any means an the niche as well as the mass. We embraced
example of the potential of these niches. the new technologies and the fragmentation
However, WIRED.com has that opportunity, of the audiences by including them into our
because we have infinite pages that reflect business, on the internet.
these niches: blogs on, for example, hacker
subculture and Lego, that are more niche
than the magazine; user generated content, Which changes do you predict for the
like reddit.com, that features news magazines, on the medium term? Will the
aggregation and a voting site; affiliate news; printed versions survive?
etc.. However, we will never be as niche as
other online sources, that exist primarily on I believe they will survive, sure. The
the web and that have a business strategy circulation and sales of newsmagazines is
made specifically to reach user generated bigger than ever. We never had such
content, blogs, and so on. circulation rates or revenues this big. The
printed press does somtehing that the online

mediaXXI 83
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 84

INTERVIEW | CHRIS ANDERSON

media cannot do: the packaging of words, disappear.


images, graphics, that doesn’t work on the
web. A monthly magazine like ours - which
combines long-form journalism, lavish As a close observer of the economy and
design and high-end photography - really society, what are the main changes that you
shows paper at its finest. Online, the design perceive in the Media and Culture
is lost, the photos become thumbnails, and industries?
you have to click through as many as 16
screens to read the longer articles. Nobody I believe that the broadcasting industry, that
can read 8000 words online, it only works on has relied on controlling a limited spectrum
print. to aggregate millions of viewers for
However, not all printed media will survive, advertisers, can have a great deal of
maybe those that combine the structure of problems with the effects of the long tail.
the traditional long-form newsmagazines and They’ve been charging more and more to
books, since that is the information the reach smaller audiences, and that i
reader seeks in these media. I think of something that has to change. As
magazines as occupying the spot between advertising shifts, I suspect there is going to
the web and books: they can have much of be a mini-crisis. In many ways it’s the best of
the timely relevance of the internet combined times for producers because they can find
with the much of the depth of a book. markets without compromise, and a fantastic
Obviously, it has to live online, too. If you’re time for consumers because there’s more
not in Google, you don’t exist for many diversity of products available.
people. But I think the immersive experience The main barrier for the entertainment
of the print version remains compelling. industry, especially TV, is the rights. It’s
Broadly, if a print product adds value to the expensive and complicated to clear the rights
Web, as in the case I’ve described, it will of archives for digital distribution. Naturally,
remain attractive. If it doesn’t (for instance, companies are starting with the most popular
with short, low-design stories that are as stuff. The companies that find the most
easy to read online as they are in print), it will efficient ways to scale down to less
probably struggle. Of course the short-form mainstream fare will have an advantage,
newspapers will have a serious problem with since audiences are already primed for that.
the decreasing of advertising and sales, but I In the future, I belive we will be less unified
don’t believe that the printed media will as a culture, but we are now going from an

84 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 85

CHRIS ANDERSON | INTERVIEW

era where we link with everybody with prerequisite for success, and is based upon
superficial cultural connections to one where both legal structure and business norms.
we link more tightly with some people with Liability must be limited and risk respectively
deeper cultural connections. The richness distributed. The companies at Silicon Valley
and variety in our culture suppressed by all have this mentality: it is made of small
limited distribution over the last hundred people doing risky ventures. The model is
years is now emerging. exportable to anywhere, absolutely, as long
as the people interested in it start taking
risks, rewarding failure, embracing success,
Is the foundation of WIRED in S. Francisco and trying repeatedly until they make it.
in any way related with the spirit of the
Silicon Valley, where there were born
several companies that are now world Why do you consider that the future of the
references in the area of media and businesses is to sell less of more products?
technology? Is “segmentation” the future key-word of
business?
Yes, of course. Our dna is the dna of the
Silicon Valley. We are not interested in the Yes, I believe segmentation can be the future
traditional media and standard or key-word of the media business. Today there
conventional journalism, but in the are fewer mass market products, and
technology that is changing the world. And although they will never go away, people are
for companies with similar purposes, Silicon looking for smaller hits and smaller sails. As
Valley is the place to be. a result, companies will tend to reach these
fragmented audiences, these niches of
people, selling less of more products. This
In your opinion, wich are the critical factors reflects the fragmentation of our culture, as a
of success of the Silicon Valley? Is it a mentioned before, and it changes the nature
model that can be exported to Portugal, for of our economy and the way companies sale
example? contents, information, products.

Well, the factors of success are the business


climate that rewards risk-taking and does not
punish failure. A culture of failure is a

mediaXXI 85
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 86

INTERVIEW | CHRIS ANDERSON

To finish, can you explain the concept of blockbusters and best-sellers) are. But the
The Long Tail? tail of smaller-sellers is incredibly long, and
when you can offer everything all those niche
Our economy and culture is shifting from product can add up to a market that rivals the
mass markets to millions of niches. The rise “head”.
of distribution methods, of which the internet
is the greatest example, have made it
possible to offer consumers an incredibly PROFILE | CHRIS ANDERSON
variety of products and other goods that were Although graduated in Physics, Chris
previously suppressed by the economic and Anderson soon began working in the
physical limits of traditional retail and communication industry, as Editor of two of
broadcast. The Long Tail describes the world the most prestigious scientific journals:
beyond the blockbuster, and refers Science and Nature. He began his
specifically to the “long tail” of the familiar journalistic career in 1994, working for The
fast-falling demand curve in economics. We Economist, in which magazine he assumed
have usually looked just at the high part of several positions in the next seven years.
the curve on the left, where the hits (the His job as the Editor of Technology and
Economy allowed him to work in London,
Hong Kong and New York until 2001, when
he accepted the job as Editor-in-chief of
WIRED. Winner of several awards, as the
“General Excellence” on the National
Magazine Awards, Chris Anderson
contributed to the financial recuperation
and reputation uplifting of Condé Nast. He
is the author of the book “The Long Tail”,
that was born from an article initially
published in WIRED.
This work had a noticeable impact on the
journalistic scene of the EUA, as well as on
the international level. His most recent
book, “Free”, is expected to become a
similar success.

86 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 87

FERNANDO RAMOS | PAPER

EL “AUTOCONTROL
PUBLICITARIO” FRENTE AL
REMEDIO JUDICIAL
LA PUBLICIDAD MÁS CREATIVA SIGUE BORDEANDO
FRECUENTEMENTE LA LEY

EL ENGAÑO DESCARNADO, EL ABUSO CREDULIDAD DE LOS CONSUMIDORES Y LOS

ATAQUES A LOS PÚBLICOS INFANTILES SIGUEN SIENDO TÉCNICAS REPETIDAMENTE

HABITUALES

FERNANDO RAMOS
DOCTOR EN CIENCIAS DE LA INFORMACIÓN
PROFESOR TITULAR DE DERECHO DE LA INFORMACIÓN DE LA UNIVERSIDAD DE VIGO

ABSTRACT

The “self-control publicity” against the


remedy judicial

Since the mid-thirties etic emergence of polluting. It can be said that, in general,
the first code of advertising at the misleading advertising, and therefore unfair
International Chamber of Commerce, to the competition-usually in three alleged
European countries have launched illicit influence: a) without further mentez, ie
successive mechanisms of self-control, a that the goods or services offered are not
system of self-discipline which sets limits on commensurate with the kind real that the
advertising, before it those affected by their consumer is offered b) deception is
abuse come to the administrative or judicial structured on the basis of build on the good
channels, provided more severe and, I would faith of consumers, so that advertising
add, effective. But despite this, a high volume played with the gullibility of the public, c) are
of advertising disseminated, especially on in breach of the specific rules governing the
television, contains elements highly advertising of a particular product or specific
constraints that affect their issuance.

mediaXXI 87
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 88

PAPER | FERNANDO RAMOS

KEYWORDS: self-advertisements, deception, Ejemplo, el tabaco, el alcohol, la emisión de


consumers anuncios no adecuados al horario infantil.

Desde que a mediados de los años treinta PALABRAS CLAVE: autocontrol, anuncios,
surgiera el primer código dentológico de la engaño, consumidores
publicidad en la Cámara Internacional de Los consumidores, en general, no se
Comercio, los países europeos han puesto en creen del todo la sinceridad de los
marcha sucesivos mecanismos de anunciantes, ni de los publicitarios y sus
autocontrol, un sistema de autodisciplina que mecanismos de autocontrol. Precisamente,
fije los límites de la publicidad, antes de que en el Reino de España se cuenta con una de
los afectados por sus abusos acudan a las las más activad entidades de este tipo,
vías administrativa o judicial, siempre más llamada precisamente “Autocontrol”, que ya
severos y, añado, eficaces. Pero, pese a ello, engloba a los mayores anunciantes, a las
un volumen elevado de la publicidad que se agencias y a los medios más característicos,
difunde, especialmente en la televisión, y que se ha dotado de un Código
contiene elementos altamente Deontológico y de un jurado que lo aplica,
contaminantes. formado por respetables personalidades del
mundo de la comunicación, el derecho, la
Puede decirse que, con carácter general, universidad y la sociedad civil.
la publicidad engañosa –y por tanto, desleal
con la competencia- suele incidir en tres Sus propios datos y memorias son un
supuestos ilícitos: a) Miente sin más; es banco de datos valiosos para la reflexión
decir, que los productos o servicios que inteligente sobre un fenómeno que se ha
ofrece no se corresponden con las convertido en el ruido de fondo de nuestras
contraprestaciones reales que se ofrecen al vidas, la omnipresente publicidad. Según el
consumidor; b) el engaño se articula sobre la anticipo de su memoria, referida a 2007, en
base de aprovechar la buena fe de los el caso de España, al que nos referimos, la
consumidores, de suerte que los Asociación para la Autorregulación de la
publicitarios juegan con la credulidad de los Comunicación Comercial, “Autocontrol”,
públicos; c) se incumplen las normas recibió casi 2.000 reclamaciones referidas a
específicas que regulan la publicidad de un 191 anuncios, la mayoría de ellos por
producto concreto o las limitaciones contener publicidad engañosa, infringir algún
específicas que afectan a su emisión. principio legal o no proteger a los niños.

88 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 89

FERNANDO RAMOS | PAPER

Para el presidente de esta organización, infracciones de alguna norma, y publicidad


Juan Astorqui, estas cifras demuestran que desleal.
el sector publicitario en España goza de una
salud ética “absolutamente envidiable”, ya Es curioso constatar que, pese a la
que cada año se emiten unos 20.000 autocomplacencia de “Autocontrol”, los
anuncios por televisión. De hecho, explicó, el motivos de la publicidad ilícita se repiten de
nivel de conflictividad de la publicidad que se forma constante. ¿Dónde está pues el efecto
hace en España es de los más bajos de toda ejemplarizante de los sistemas de
la UE, ya que los profesionales de este sector autorregulación, si los pícaros siguen usando
“cumplen los baremos más exigentes, de los mismos trucos del charlatán de feria?
conocen la legislación, la respetan y sobre
todo tienen mucha sensibilidad por temas Afirma que son cifras “marginales”, pero
como la mujer o los niños”. algunos de los anuncios fueron denunciados
por atentar contra la protección de los
Esto es cierto, pero no lo es menos, que menores, la buena fe del consumidor y la
los casos que no cumplen la ley son dignidad de las personas (especialmente las
alarmantemente escandalosos. Según los mujeres) o por incitar a la violencia y a los
datos de Autocontrol, en 2007, recibieron comportamientos antisociales. Ahí es nada.
1.918 quejas, diez veces más que un año Y estos anuncios fueron realizados por
antes, gracias a la campaña de publicidad prestigiosas agencias profesionales y
que esta organización hizo sobre sí misma y puestos en el mercado. No lo olvidemos.
que favoreció su difusión, sobre todo entre
los consumidores. Los datos del balance reflejan que casi un
tercio de los 191 anuncios denunciados en
El 66 por ciento de las reclamaciones “Autocontrol” fueron retirados o modificados
eran individuales o de asociaciones de con mediación y 113 fueron resueltos por el
consumidores, el 26 por ciento de empresas jurado de este organismo.
o asociaciones empresariales, el siete por
ciento de órganos de la Administración y el Durante el 2007, Autocontrol recibió
uno por ciento restante de instancias 6.340 consultas de anunciantes, agencias y
transfronterizas. La mayoría de las quejas medios de comunicación, 4.006 eran
denunciaban publicidad engañosa, el anuncios o proyectos de anuncios aún sin
incumplimiento de códigos deontológicos, emitir y 2.334, peticiones de asesoramiento

mediaXXI 89
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 90

PAPER | FERNANDO RAMOS

jurídico. Este aspecto es llamativamente Resulta llamativo que de esos 4.006


importante y, a nuestro entender, un aspecto anuncios, algo más de la mitad iban dirigidos
capital de la cuestión. Los anunciantes a niños (el 90 por ciento de todos los
quieren curarse en salud y recurren a la anuncios para menores que se emitieron en
fórmula del “capy advice”, consulta previa no televisión) y, de ellos, 1.187 recibieron el
vinculante sobre la licitud del reclamo o visto bueno y sólo 61 fueron retirados. Las
solicitan asesoramiento con carácter general. causas son de lo más diverso, y lo de menos
es casi la hora de emisión, sino su contenido,
De los 4.006 anuncios remitidos a este donde desde la apelación a la violencia como
organismo para su revisión, 2.856 la vinculación del éxito social al consumo o la
cumplieron todos los requisitos necesarios cultura emulativa (para ser alguien hay que
para ser emitidos, 891 fueron modificados en comprar algo) son excesos frecuentes.
algún aspecto técnico (el mensaje, el tipo de
letra, etc), y en 259 se desaconsejó la
emisión del anuncio. Dicho de otro modo,
que casi el 6,5 por ciento de los anuncios no
eran aconsejables

El presente cuadro n os
muestra la evolución de las
reclamaciones contra
anuncios en España y el
crecimiento de las consultas
previas de los publi citarios
sobre sus contenidos

90 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 91

FERNANDO RAMOS | PAPER

UNA ACTIVIDAD DE RIESGO O PELIGRO separar publicidad y otros contenidos, ya


sean informativos o de entretenimiento y
De la CUESTA RUTE sostiene que la divulgación. La sociedad ha sido
comunicación publicitaria es una actividad de tradicionalmente tolerante con la llamada
riesgo o peligro y que por ello precisa “exageración publicitaria”, es decir, con una
particularmente estar sometida a la disciplina sutil forma de publicidad engañosa sin más,
jurídica1. Y, en este caso, el cumplimiento ya que la exageración es una afirmación
voluntario del Derecho exige un elevado nivel incierta, al menos cuantitativamente, al
de responsabilidad social por parte de todos atribuir a un producto o un servicio un grado
los sujetos que intervienen en el proceso de contraprestaciones o contenidos que
publicitario, anunciantes, agencias y obviamente no posee.
creativos y medios de difusión.
Dice Seán Hawkey que la publicidad es
Pero la comunicación comercial ha una andanada, en un solo sentido, de astutos
invadido todos los órdenes de nuestra vida, y calculados mensajes que, así quisiéramos,
rebasando las más de las veces los espacios no podemos evitar. Y no hay derecho a
hasta ahora preservados de su presencia, réplica. ¿Cómo podemos empezar a
una presencia legítima y positiva cuando –en contrarrestar los poderosos efectos de la
atención a sus propios fines- se desenvuelve “presión atmosférica” que Louis Cheronnet
dentro de los marcos adecuados. Pero es menciona?: “La publicidad es en cierto modo
precisamente esa alarmante falta de un gas elástico, difuso, perceptible por todos
separación entre información y publicidad la nuestros órganos. Pero no hemos sido
que altera los fines que la comunicación conscientes de su belleza, latente, profunda,
comercial debe tratar de alcanzar lícitamente, dispersa, espontánea. El primer dominio de
toda vez que su abusiva presencia se la publicidad fue la calle... Ahora nos rodea,
convierte en un agobiante cerco del que nos envuelve, está íntimamente mezclada
nadie se libra en lugar alguno. con cada uno de nuestros pasos, en nuestras
actividades, en nuestro descanso, y su
Cierto que esta mala práctica creciente no “presión atmosférica” nos es tan necesaria
está suficientemente tipificada, si bien que ya no la sentimos”.
medios, publicitarios y anunciantes ignoran
con todo descaro el sagrado principio de MacBRIDE2 afirma que lo que distingue a
la publicidad de los artículos de redacción de

mediaXXI 91
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 92

PAPER | FERNANDO RAMOS

los periódicos o de los programas de radio y imponen controles y garantías


televisión es una finalidad confesa de diversas, tales como códigos de
persuasión y precisa que no cabe hablar de conducta para los anunciantes,
un debate equilibrado en materia de normas legislativas encaminadas a
publicidad sin que haya una contradicción en comprobar la veracidad de las
los términos: afirmaciones y requisitos de
acuerdo previo.
Por centrarse fundamentalmente en
la venta de bienes y servicios que la
evalúan en términos monetarios, la EL ENGAÑO EN LOS MEDIOS
publicidad tiende a promover unas
actitudes y estilos de vida que Es fácil preguntarse en qué medios o por
exaltan la compra y el consumo de qué medios la publicidad ilícita engaña más.
bienes en detrimento de los demás Los propios datos de “Autocontrol” nos dan
valores. Se eleva la posesión de un la respuesta esperada: la televisión,
determinado bien material a la generalmente.
categoría de norma social, con lo
que los individuos que no acatan tal
norma sienten una sensación de
privación o de singularidad. La
publicidad comercial dispone de
recursos muy superiores a los de
los individuos o los grupos que no
están de acuerdo con una campaña
de ventas; y esos recursos rebasan
incluso a menudo los de los
poderes públicos. Así por ejemplo,
los presupuestos de publicidad de
los fabricantes de cigarrillos
eclipsan con mucho las sumas que
gastan los gobiernos para prevenir a
los consumidores contra el peligro
del tabaco. La mayoría de los países

92 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 93

FERNANDO RAMOS | PAPER

Y dónde están esos anuncios contaminados:

Fuente: “Autocontrol”. Informe de actividad 2006. Datos

relativos a los medios donde se emitieron los anuncios

reclamados.

Es de advertir que en la carrera del anuncio costoso se construye


engaño, Internet y las nuevas tecnologías minuciosamente sobre los
corren detrás de la televisión y la prensa comprobados cimientos de
escrita. Puede decirse que al engaño le sirven estereotipos públicos o
todos los medios. McLUHAN llega a afirmar «conjuntos» de actitudes estableci-
que los anuncios no están hechos para ser das, del mismo modo que los
consumidos conscientemente. Son rascacielos se levantan sobre una
concebidos como píldoras subliminales para base rocosa
el inconsciente con el fin de producir un Puesto que en la elaboración de un
trance hipnótico3. anuncio de la línea de productos
que sea cooperan equipos
Cualquier anuncio encarna el duro altamente perceptivos, con talento y
trabajo, la atención, el temple, el muy bien formados, resulta obvio
ingenio, el arte y el talento de que cualquier anuncio aceptable
mucha gente (…) Cualquier consiste en una vigorosa

mediaXXI 93
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 94

PAPER | FERNANDO RAMOS

dramatización de la experiencia El principal objetivo publicitario de una


comunal. Ningún grupo de organización que busca el beneficio es el
sociólogos puede compararse a los aumento de las ventas (objetivo económico).
equipos de publicistas en cuanto a La psicología publicitaria se siente menos
acumulación y tratamiento de datos responsable de este objetivo primario que de
sociales explotables. Los publicistas los objetivos (psicológicos) subordinados,
disponen de miles de millones de como el aumento del grado de popularidad
dólares al año para la investigación de la marca anunciada, la activación del
y la comprobación de respuestas, y conocimiento de una marca en distintas
sus productos son magníficas situaciones, el cuidado de la imagen de una
acumulaciones de material sobre la marca o, también, de una empresa.
experiencia compartida y los
sentimientos de toda la comunidad. FERNÁNDEZ NOVOA5 subraya que la
Por supuesto, si los anuncios se prohibición de la publicidad engañosa ha
alejasen del centro de esta sido y continúa siendo una pieza clave para el
experiencia compartida, se nacimiento y desarrollo del moderno
hundirían en el acto, perdiendo toda Derecho de la Competencia Desleal:
su influencia sobre nuestras
sensaciones. Es cierto que al surgir en la primera
mitad del siglo XIX en Francia el
Desde el punto de vista de la psicología moderno Derecho contra la
de la comunicación, la publicidad constituye Competencia Desleal, no se incluía
un intento de influir sobre las personas con entre sus principios el de la
un fin determinado
sin coaccióny veracidad de los anuncios. En
(KAGELMANN y WENNINGER4): Se trata de efecto, entre los primeros casos
una influencia intencionada, mientras que la resueltos por los Tribunales
mayoría de los procesos de influencia que Franceses en las primeras décadas
transcurren en los contactos sociales del siglo XIX figuraban
ordinarios no responden a una exclusivamente casos en los que se
premeditación previa de sus efectos ventilaba la prohibición de realizar
posteriores. actos de confusión con el
establecimiento comercial de un
competidor. Mas no es menos

94 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 95

FERNANDO RAMOS | PAPER

cierto que cuando en el panorama CUANDO SE APROVECHAN DE LA


del Derecho Europeo de la “BUENA FE”
Competencia Desleal el liderazgo es
abandonado por Francia y pasa a A lo largo de su historia, buena y mala, la
ser ocupado por Alemania, en la publicidad ha recurrido a casi todo (o
cúspide de la nueva disciplina realmente todo) para vender, incluida la
jurídica se sitúa la prohibición de psicoventa. En los últimos tiempos, los
practicar una publicidad engañosa. anuncios han llegado a vender sensaciones
La Ley Alemana contra la más que servicios o prestaciones de los
Competencia Desleal de 27 de mayo objetos que nos presentaban. En el tráfico
de 1896 -la cual constituye el primer mercantil y, por tanto, en publicidad, la Buena
Cuerpo Legislativo Europeo en la Fe es un valor esencial. Los romanos
materia- estaba encabezada por una entendían que la sinceridad, la honesta
norma que instauraba la prohibición intención; es decir, la BONA FIDE, constituía
de que los empresarios difundiesen una divisa presumible en los tratos entre los
entre el público alegaciones ciudadanos. En los derechos de obligaciones
inexactas de carácter falso acerca supone el cumplimiento de las prestaciones
de las características de los estipuladas por cada una de las partes. La
productos o servicios6. BONA FIDE, cosa que se conoce menos, era
tan importante para los romanos, que hasta
La publicidad representa una parte llegaron a levantarle una estatua en el
integrante del sistema económico y social. Capitolio.
Su crítica implica el estudio del entorno
donde opera y al que pertenece (MOLERO En nuestros días, entendemos la Buena
AYALA)7. El profesional de la publicidad de Fe como el criterio de conducta a la que a de
nuestros días se apoya más en los resultados adaptarse el comportamiento jurídico de los
de complejas investigaciones que en la hombres, en sentido objetivo. En sentido
imaginación individual para inducir a la gente subjetivo, es la correcta actuación del sujeto
a comprar (William Meyers): “No hace en cada concreta relación jurídica. La
anuncios comerciales como un conjuro, sino publicidad que quebranta la Buena Fe de los
que los construye como si fueran las piezas consumidores es particularmente odiosa, ya
más complejas de un hadware de un que se fundamenta en un engaño
ordenador”.8 técnicamente elaborado con ánimo

mediaXXI 95
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 96

PAPER | FERNANDO RAMOS

inequívoco de lucrarse de la credibilidad de la degradación del proceso comunicativo, en el


persona a quien deliberadamente se quiere que la comunicación comercial no solamente
engañar. es “el ruido de fondo de nuestras vidas”, sino
la omnipresente y agobiante forma más
En el ámbito mercantil rige en principio descarnada de acoso que sufre el ciudadano
de la BUENA FE en la ejecución y que se acerca a determinados espacios de
cumplimiento de los contratos de comercio. comunicación. Producto emplazado,
Las palabras tienen que interpretarse, publicidad latente y otras variedades de
consecuentemente, en su sentido recto, invasión publicitaria fuera de los ámbitos
propio y natural, sin subterfugios, doble donde se supone que debe desenvolverse
lenguaje, tal y como precisa el Código de legítimamente el reclamo comercial en todas
Comercio español en su artículo 55. Pero los sus formas.
publicitarios saben darle la vuelta a las
palabras. Producto emplazado consiste en
introducir el producto dentro de una serie o
una película. Está muy de moda en las
EL FENÓMENO DE LA PUBLICIDAD DE televisiones privadas porque de este modo
EMPLAZAMIENTO financian gran parte de los gastos de
producción de las series. No está calificada
Una de las formas más llamativamente como publicidad encubierta, aunque en gran
perversas de esta innoble forma de medida lo es. Resulta muy efectiva, puesto
publicidad la constituya el repetido recurso que el producto se integra con los personajes
de la publicidad de emplazamiento en y situaciones y es percibido de una forma
aquellos programas o series que van a ser suave en la mente del consumidor, lo que la
puestos al alcance de los niños. Esta acerca a la publicidad sublimizar. No deja de
presentación de productos, de sus signos o ser una forma de publicidad latente. Puede
marcas con fines publicitarios durante el hacerse de forma activa, por ejemplo, cuando
desarrollo de películas, series y programas se ve a uno de los actores de una serie de
audiovisuales, cuando se dirigen a los niños, televisión utilizando un determinado
aunque a veces tosca, se vuelve producto, o pasiva, cuando aparece en
especialmente efectiva. El problema de la escena como parte del decorado.
publicidad de emplazamiento es, en nuestros
días, apenas una muestra de un proceso de

96 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 97

FERNANDO RAMOS | PAPER

El actual abuso de esta forma de teleserie de ficción, y sin solución


publicidad resulta alarmante. Conviene tener de continuidad, los mismos
presente que los espectadores de un personajes del relato, como si fuera
programa o de una película no se han parte del guión, anuncian,
predispuesto para ver publicidad, sino un recomiendan, sugieren, emplean o
espacio de entretenimiento. El último de los usan determinados productos.
inventos con que los publicitarios pretenden C) Emplazamiento repetido de
retener cautivas las audiencias de la productos y marcas a lo largo del
televisión y hacernos llegar sus imperativos desarrollo del espacio, en
mensajes consiste en convertir determinados ocasiones, forzando
mensajes informativos en parte de la propia artificiosamente las situaciones
estructura de los reclamos o intercalar dramáticas del relato.
breves flashes de cierto interés en medio de D) Construcción original de una
las interminables guías comerciales. situación o una secuencia
dramatizada alrededor de un
Estas formas contaminantes adquieren producto, marca o servicio. El
diversas presentaciones: propio producto asume la función
de elemento esencial de la historia.
A) El empleo como elementos de E) Anuncio directo, sin solución de
convicción del propio anuncio y continuidad, en espacios de
pieza esencial de su morfología de contenido diverso, de productos,
rostros populares (periodistas, marcas o servicios en la voz del
presentadores, artistas), utilizados conductor del mismo. Los
como elementos de convicción en presentadores cambian o no de
roles o situaciones que reproducen escenario, según el caso, para
descarnadamente los espacios mostrar o no el producto
donde estamos acostumbrados a anunciado.
contemplarlos habitualmente: desde
un telediario a una telerrevista El product placement (emplazamiento de
B) Creación de una situación de producto) tiene sus precedentes en los
confusión narrativa, en la que, Estados Unidos, en los años ochenta. Fue
antes, después o en medio de un precisamente en Hollywood donde comienza
espacio de entretenimiento, tipo a experimentarse. Las agencias

mediaXXI 97
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 98

PAPER | FERNANDO RAMOS

especializadas se encargan de colocar las La normativa que adapta la directiva


marcas comerciales en las producciones europea de “Televisión Sin Fronteras”
audiovisuales o cinematográficas, llegando prohíbe la publicidad encubierta,
en muchos casos a manipular los guiones entendiendo por tal los mensajes
para crear escenas donde el producto sea el comerciales incluidos dentro de los
protagonista, mercantilizando hasta el programas sin advertencias ópticas o
extremo las obras culturales. En España, acústicas y con intencionalidad publicitaria
aunque la Ley General de Publicidad obliga a por parte del operador. Ahora, se trata de
identificar claramente los contenidos regular la técnica de emplazamiento de
publicitarios y la propia Ley 25/94, que producto. Así pues, ante lo inevitable, el
regula la publicidad en televisión, prohíbe la emplazamiento de producto se debe
publicidad encubierta, las autoridades no acompañar de alguna advertencia óptica o
interfieren este negocio en las producciones acústica sobre su naturaleza publicitaria. Por
españolas sin establecer ningún tipo de ejemplo, incluyendo expresamente la
limitación. El colmo del absurdo es que relación de emplazamientos junto con los
películas subvencionadas con fondos créditos finales.
públicos se financien, además de este otro
modo. La publicidad, engañosa o no, es ciertamente
algo más que el ruido de fondo de nuestras
No parece necesario insistir demasiado vidas.
para concluir que estas sutilezas publicitarias
caben perfectamente dentro de la tipología
de aquellos actos que pretenden producir
confusión en el oyente o el espectador. Son
por tanto, formas no lícitas de publicidad,
basadas precisamente en aprovechar los
mecanismos receptivos de los públicos
cuando están acomodados a la recepción de
otros mensajes (información o
entretenimiento) distintos de los que
realmente se les hace llegar.

98 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 99

FERNANDO RAMOS | PAPER

BIBLIOGRAFÍA McLuhan, Marshall, COMPRENDER LOS


MEDIOS DE COMUNICACIÓN. LAS
Carreras de la Serra, Lluis, DERECHO EXTENSIONES DEL SER HUMANO, Barcelona,
ESPAÑOL DE LA INFORMACIÓN, Editorial Paidós Comunicación, 1996
UOC, Barcelona, 2003.
Meyers, William, LOS CREADORES DE
De la Cuesta Rute, José María, CURSO DE IMAGEN, Barcelona, Ariel, 1994
DERECHO DE LA PUBLICIDAD, Pamplona,
Molero Ayala, Víctor Manuel, PUBLICIDAD,
Eunsa, 2002.
MARKETING Y COMUNICACIÓN, Madrid,
Ediciones Esic, 1995.
Fernández Areal, Manuel, PUBLICIDADE E
MENSAXES PUBLICITARIOS, ASPECTOS
Ramos, Fernando, LA COMUNICACIÓN BAJO
SOCIOXURÍDICOS, en Revista da Escola
CONTRO: USOS, ABUSOS, MITOS, DIEÑOS,
Galega de Administración Pública. Número 12,
LÍMITES Y RIESGOS DE LA LIBERTAD DE
Santiago, 1996, págs 63 a 77.
EXPRESIÓN. Vigo, Asociación de la Prensa/
Secretaría Xeral de Comunicación de la Xunta
Fernández Novoa, Carlos, ALGUNAS
de Galicia, 2007.
CONSIDERACIONES GENERALES SOBRE LA
PUBLICIDAD ENGAÑOSA, en La Ramos, Fernando, LA PUBLICIDAD
Comunicación Publicitaria. Facultad de CONTAMINADA, LOS CONSUMIDORES ANTE
Ciencias Sociales de Pontevedra, 1996, págs. LA AUTORREGULACIÓN PUBLICITARIA.
111 a 129. Madrid, Editorial Universitas, 2003

Kagelmann H.J. y G. Wenninger, PSICOLOGÍA Ramos, Fernando, MANUAL DE DERECHO DE


DE LOS MEDIOS DE COMUNICACIÓN, LA INFORMACIÓN, Santiago, Textos Media,
Barcelona, Herder, 1996 Laverde Ediciones, 2000.

Lema Devesa, Carlos: PROBLEMAS


JURÍDICOS DE LA PUBLICIDAD. Madrid, Ramos, Fernando, Tato Plaza, Anxo, LA
Marcial Pons, 2007. PUBLICIDAD COMPARATIVA, Madrid, Marcial,
Pons, 1996.
Lema Devesa, Carlos y Gómez Montero,
Jesús, CÓDIGO DE LA PUBLICIDAD, Madrid,
Marcial Pons, 2001

MacBRIDE, Sean y otros autores, UN SOLO


MUNDO, VOCES MÚLTIPLES. Informe sobre
la Comunicación e Información en nuestro
tiempo, México, Fondo de Cultura Económica,
1980.

mediaXXI 99
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 100

PAPER | FERNANDO RAMOS

NOTAS DE RODAPÉ

1 De la CUESTA RUTE, José María, Curso


de Derecho de la Publicidad, Pamplona,
Eunsa, 2002, pág 117.

2 MacBRIDE, Sean y otros autores, Un


solo mundo, voces múltiples. Informe sobre la
Comunicación e Información en nuestro
tiempo, México, Fondo de Cultura Económica,
1980, pág. 194.

3 McLUHAN, Marshall, Comprender los


medios de comunicación. Las extensiones del
ser humano, Barcelona, Paidós Comunicación,
1996, pág. 237.

4 KAGELMANN H.J. y G. WENNINGER,


Psicología de los medios de comunicación,
Barcelona, Herder, 1996, pags. 34 y ss.

5 FERNÁNDEZ NOVOA, Carlos, Algunas


consideraciones generales sobre la publicidad
engañosa, en La Comunicación Publicitaria,
Pontevedra, Facultad de Ciencias Sociais de la
Universidad de Vigo, Imprenta Provincial,
1997, págs. 111 y ss.

6 FERNÁNDEZ NOVOA, C. Ibidem

7 MOLERO AYALA, Víctor Manuel, “Publicidad,


marketing y comunicación”, Madrid, Ediciones
Esic, 1995, pág.22.

8 MEYERS, William, Los creadores de


imagen, Barcelona, Ariel, 1994, pág.16

100 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 101

RITA FIGUEIRAS | PAPER

QUANTO VALE O
COMENTÁRIO?
O VALOR COMERCIAL DE UM BEM SOCIAL

É ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO, MAIORITARIAMENTE ANCORADA NOS MEDIA, QUE O

DEBATE PÚBLICO OCORRE NAS SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS E SE

FORMA A OPINIÃO PÚBLICA. OS ESPAÇOS DE COMENTÁRIO E OS SEUS PROTAGONISTAS

SÃO UM BEM SOCIAL E ASSUMEM UM PAPEL SIMBÓLICO DE RELEVO NO PROCESSO DE

FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA. MAS NESTE ARTIGO NÃO NOS IREMOS DETER SOBRE

A RELEVÂNCIA DEMOCRÁTICA DO ESCLARECIMENTO PÚBLICO EFECTUADO PELOS

COMENTADORES NOS MEDIA.

RITA FIGUEIRAS

INTRODUÇÃO

Nas páginas que se seguem avaliamos o Em que medida é que podemos olhar
valor comercial do comentário e dos para os comentadores e para o espaço de
comentadores. Paral tal, analisamos comentário na imprensa de referência
indicadores como a dimensão do universo portuguesa como reflexo de uma estratégia
dos comentadores e as estratégias de comercial? Em que medida é que convivem e
visibilidade adoptadas pela imprensa de se compatibilizam as dimensões normativas
referência, tendo em conta o contexto e mercantis do espaço «Opinião»? Estas e
comercial e empresarial deste sector da outras questões delas decorrentes mobilizam
imprensa portuguesa. O nosso corpus de este trabalho e procuraremos respondê-las
trabalho é composto pelo Diário de Notícias, ao longo das páginas que se seguem.
Público, Expresso e Visão e os dados
analisados reportam-se aos anos de 2000 a
2005. OS MEDIA E A IMPRENSA

O processo de modernização do país e a


sua integração no espaço europeu, em 1986,

mediaXXI 101
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 102

PAPER | RITA FIGUEIRAS

reflectiram-se a variados níveis, de entre os Entre 2001 e 2003 (dados Marketest), a


quais, no sector dos media. Foi no contexto imprensa registou uma redução significativa
de abertura e liberalização, emergente no na sua quota de investimento: 21% em 2001,
final dos anos 80, que se começou a assistir 19% em 2002 e 18.7% em 2003. No mesmo
a uma transformação estrutural do campo período, a televisão (incluindo a cabo)
dos media em Portugal que, até então, se consolidou a sua posição, elevando a sua
caracterizava pela existência de uma quota de investimento publicitário de 64%
imprensa e rádio, em regime público e (em 2001), para 66.4% (em 2003).
privado1, e por uma televisão totalmente na
posse do Estado. Essa transformação Todos os grupos sentiram fortemente os
estrutura-se em vários eixos efeitos da redução das receitas de
complementares: privatização, liberalização, publicidade vividas no período de 2001 e
comercialização e concentração da 2002, principalmente porque, em Portugal, a
propriedade (Correia, 1997). média de dependência da publicidade como
fonte de receita das empresas de imprensa
Esse processo de reconfiguração situa-se nos 60%. Este problema é, ainda,
atravessou toda a década de 90 e, no início agravado pela reduzida dimensão do
dos anos 2000 o panorama mediático mercado português.
português estava, assim, marcado pela
consolidação de grupos empresariais, Por outro lado, a imprensa continua a
através da concentração da propriedade dos enfrentar os fracos índices de leitura da
meios de comunicação social, da sua população portuguesa. Quase metade da
internacionalização, diversificação das áreas população, 48%, enquadra-se no nível mais
de actividade, nomeadamente para as novas baixo da escala de competências no que diz
tecnologias, e do reforço de capitais respeito à leitura e escrita de textos e pouco
estrangeiros em grupos nacionais (Alger, mais de 35% dos indivíduos com mais de 30
2000). anos afirmam ler habitualmente ou
ocasionalmente qualquer tipo de livro,
A concentração na imprensa percentagem que sobe para o dobro entre os
caracterizou-se por uma reacção do mais jovens (Cardoso e Costa, 2004). A
segmento à desvantagem em relação à situação tende a ser um pouco melhor no
televisão, especialmente no que diz respeito que toca especificamente à leitura de jornais
à repartição dos investimentos publicitários. e revistas, mas, ainda assim,

102 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 103

RITA FIGUEIRAS | PAPER

consideravelmente longe dos níveis A debilidade do investimento publicitário


alcançados noutros países europeus mais contribuiu para a redução da quota de
desenvolvidos (Anuário Obercom, 2003). mercado da imprensa e esta situação
Actualmente, a imprensa enfrenta ainda uma pressionou os responsáveis das empresas a
concorrência adicional com a crescente estudar formas alternativas de rentabilizar
implementação da internet e dos jornais melhor os negócios. Consequentemente, nos
gratuitos. últimos anos, o segmento da imprensa em
Portugal desenvolveu novas estratégias de
Paradoxalmente, nos últimos anos, o captar mais audiências.
número de jornais e revistas aumentou, mas
as tiragens são consideravelmente bastante Entre 2000 e 2003 assistiu-se a um
baixas. Em 1999 circulavam em Portugal 73 período de grandes mudanças ao nível da
jornais diários por cada mil habitantes, o gestão das empresas de imprensa, voltada
segundo valor mais baixo da UE, bem longe para a concentração empresarial, e da
dos 234 da média comunitária. adopção de novas estratégias de crescimento
centradas nas audiências (Faustino, 2004).
Não obstante o preço de capa destas Na tentativa de alargar audiências e ampliar o
publicações – dos mais altos do espaço mercado de leitores de jornais, alguns títulos
europeu, o que também não contribui para a da imprensa têm apostado em estratégias de
expansão dos índices de leitura –, a reduzida longo prazo de incentivo à criação de hábitos
expressão das tiragens tem tornado a de leitura de jornais, como o “Público na
situação financeira destes meios de Escola” e “DN Educação”.
comunicação ainda mais dependente das
receitas de publicidade, receitas que estão Numa perspectiva de curto prazo, a
longe de alcançar os níveis registados imprensa tem desenvolvido estratégias de
noutros países mais desenvolvidos. Por valorização dos leitores como parceiros,
outro lado, o aumento do número de jornais, estimulando um jornalismo mais interactivo
revistas e outros tipos de publicações e participativo, através do reconhecimento
disputam o interesse e o bolso dos do leitor como fonte e como editor da
portugueses. informação, alguém que participa no
processo de decisão sobre o que deve ser
notícia.

mediaXXI 103
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 104

PAPER | RITA FIGUEIRAS

A segmentação e a especialização da instrumento de divulgação e venda de


imprensa portuguesa tem sido mais uma das assinaturas da edição imprensa, bem como
estratégias das empresas para aumentar as meio de sondar o perfil de consumo dos seus
audiências e ampliar também as suas quotas leitores. Dentro de uma estratégia de produto
de investimento publicitário. Para o com o objectivo de perceber, por exemplo, o
desenvolvimento de estratégias baseadas na tipo de notícias mais lidas e que mais
segmentação, os editores tentam identificar interessam aos cibernautas.
variáveis relacionadas com os diferentes
estilos de vida e, em função disso, criaram e Em 2003 existiam 12 jornais com uma
promoveram o consumo de uma maior edição electrónica e, em 2004, esse número
diversidade de produtos culturais (Dvd’s, duplicou, passando a existir 24 jornais com
coleccionáveis, livros). Esta tendência tem edição electrónica (dados do Obercom2). A
contribuído para a alteração da identidade da adesão dos cibernautas portugueses a este
imprensa, tradicionalmente ancorada na novo formato foi bastante significativa, mas a
informação, para assumir-se cada vez mais relativamente fraca difusão da internet em
como produtora e distribuidora de Portugal tem limitado esta área de negócio,
informação, mas também de produtos não constituindo nem um estímulo, nem uma
culturais em vários suportes. ameaça relevante às publicações
tradicionais.
O reconhecimento de públicos
hiperespecializados tem sido feito através do Outra das estratégias usadas pela
lançamento de novos títulos, como a Lux e imprensa portuguesa nos últimos anos, tem
Lux Deco, Os Meus Livros ou a Media XXI e sido a remodelação gráfica e editorial dos
com a criação de novos suplementos, como jornais, dos quais destacamos o Diário
“O Inimigo Público” no Público ou a Económico, o Correio da Manhã, a Pública, o
inclusão, em 2003, no Diário de Notícias e no Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, a
Jornal de Notícias da “Grande Reportagem” Actual e a Única, revistas do Expresso
(entretanto extinta). (Faustino, 2004).

A imprensa portuguesa tem também Paralelamente, nestes últimos anos de


apostado nos formatos digitais. Nalguns 2004 e 2005, ao mesmo tempo que
casos, a leitura das publicações electrónicas procuram dinamizar a sua actuação no
passou a ser cobrada e, noutros, usada como mercado, as empresas de imprensa também

104 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 105

RITA FIGUEIRAS | PAPER

adoptaram estratégias de controlo de custos (Anuário Obercom, 2005).


e optimização de recursos. Estas decisões
implicaram despedimentos de empregados, Estas alterações provocaram um
novas fusões e parcerias empresariais aumento, diversificação e segmentação do
inspiradas na procura de sinergias que mercado dos meios de comunicação
permitissem, sobretudo, maiores economias disponíveis, no que diz respeito ao
de escala. Ainda que polémicas, estas Entretenimento, Informação e Opinião,
medidas provocaram melhoria dos reintroduzindo uma nova dinâmica no sector.
indicadores económicos e financeiros
(Faustino, 2004: 25).
O UNIVERSO DOS COMENTADORES
A partir de 2004, estas estratégias
desenvolvidas pelas publicações (aumento Tal como já fizemos referência, no início
de produtos alternativos e crescimento de dos anos 90 assistimos à restruturação da
novas áreas de negócios ligadas às novas paisagem mediática portuguesa e à
tecnologias), o aumento das receitas redistribuição do investimento publicitário,
publicitárias (que nesse ano aumentam a sua tornando-se a Televisão a prioridade dos
quota para 23%) e o controlo de custos investidores devido à maior possibilidade de
permitiram, em particular ao segmento da retorno financeiro.
imprensa, uma evolução positiva nas vendas
e nas receitas publicitárias, com um aumento Na secção anterior constatámos que na
na ordem dos 14%. Destaca-se, igualmente primeira metade dos anos 2000, o sector da
nesse ano, o desenvolvimento dos jornais imprensa sofreu um conjunto de
gratuitos. transformações com vista à sua viabilidade
comercial ameaçada por um conjunto de
Os grupos de comunicação portugueses factores. Tal como já tivemos oportunidade
começam, também, a ter uma ligeira de enunciar, o sector da comunicação e, em
recuperação face ao ano anterior, a nível do especial o segmento da imprensa nos
volume de negócios e dos investimentos primeiros anos de 2000, atravessou uma
publicitários, que subiram 13.4%, fase negativa devido à quebra no
beneficiando de eventos culturais e investimento publicitário, à diminuição da
desportivos, como o Euro 2004, o Rock-in- circulação dos títulos, às sucessivas quebras
Rio Lisboa e os Jogos Olímpicos de Atenas no índice de leitura de jornais por parte da

mediaXXI 105
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 106

PAPER | RITA FIGUEIRAS

população portuguesa e à concorrência da GRÁFICO 1: EVOLUÇÃO DO UNIVERSO DOS COMENTADORES


(2000-2005)
internet e dos jornais gratuitos (Faustino,
2004; Anuário do Obercom, 2005; Cardoso e
Total

Costa, 2005). 160 152

140 126
121 119
115
120
96
100

Estes factores condicionaram o universo 80 Total


60

dos colaboradores permanentes da imprensa 40


20

de referência portuguesa. No contexto de 0


2000 2001 2002 2003 2004 2005

grande concorrência e valorização da livre


discussão e opinião, os comentadores
começaram a ser disputados por um número
cada vez maior de meios de comunicação, Numa perspectiva longitudinal dos anos

vislumbrando-se nessa acção um primeiro objecto de estudo em análise, constatamos

indicador do uso comercial do universo dos que houve um investimento no espaço

comentadores. «Opinião» na imprensa de referência


portuguesa. Em 2000 encontrávamos 96

O gráfico 1 permite-nos acompanhar a colaboradores e, em 2005, 152. Todavia, a

evolução do universo dos comentadores evolução desta secção não foi linear. O

entre 2000 e 2005. Constatamos que primeiro impulso de crescimento ocorreu

passaram pelo espaço «Opinião» dos jornais entre 2000 e 2002, a que se seguiu uma

de referência portugueses 249 ligeira quebra nos dois anos seguintes. De

comentadores: 114 pelo Diário de Notícias, 2004 para 2005, o investimento foi

69 pelo Público, 37 pelo semanário Expresso significativo com o recrutamento de mais 33

e 29 pela revista Visão. comentadores face ao ano anterior.

Na secção introdutória avaliámos as


dinâmicas do mercado publicitário e do
consumo da imprensa. Constatámos que, em
2003, à semelhança do que aconteceu na
maior parte dos mercados internacionais,
assistiu-se em Portugal à retoma do
investimento publicitário neste segmento,
depois da quebra verificada nos anos de

106 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:33 Page 107

RITA FIGUEIRAS | PAPER

2001 e 2002. Verificámos também que, a QUADRO 1: EVOLUÇÃO DO UNIVERSO DOS


COMENTADORES/JORNAL
partir de 2002, a circulação média dos jornais
de referência começou a cair
DN PUB EXP VIS Total
ininterruptamente até ao último ano em
2000 43 17 24 12 96
análise, 2005.
2001 44 29 25 17 115

2002 45 44 20 17 126
No que diz respeito ao universo dos
2003 44 43 14 20 121
comentadores constatamos que, nos anos
2004 39 43 17 20 119
mais críticos, o número de comentadores
2005 70 43 20 19 152
aumentou e que, nos anos de melhoria
financeira, os valores estagnaram ou
subiram ligeiramente. Podemos assim
concluir, num primeiro nível de análise, que o O primeiro impulso de crescimento

grupo de comentadores não foi directamente ocorreu entre 2000 e 2002 (quadro 1), a que

atingido pelas dificuldades que o sector se seguiu uma ligeira quebra nos dois anos

atravessou. A crise vivida neste segmento seguintes. De 2004 para 2005 o investimento

não se repercutiu directamente no espaço foi significativo com o recrutamento de mais

«Opinião», o que nos leva a considerar, num 33 colunistas, terminando o último ano

segundo nível de análise, que a política de analisado com 152 comentadores.

recrutamento de comentadores pode ser A aposta nos colunistas foi mais notória

enquadrada na estratégia de crescimento na imprensa diária do que na semanal. Ao

centrada nas audiências e na nototriedade e longo dos seis anos analisados, o Diário de

estatuto simbólico dos comentadores. Notícias recrutou 27 colaboradores, o


Público 26 e a revista Visão finalizou o ano de
2005 com mais 7 elementos. A excepção vai
para o semanário Expresso que, em 2005,
tinha uma carteira de comentadores mais
reduzida do que em 2000, passando de 24
para 20 articulistas.

Avançamos com duas hipóteses


explicativas para o maior investimento em
comentadores por parte da imprensa diária.

mediaXXI 107
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 108

PAPER | RITA FIGUEIRAS

A primeira está relacionada com as QUADRO 2: ARTIGOS DE OPINIÃO PUBLICADOS (2000-2005)

características de periodicidade destes


jornais. Tendo em conta que a maioria dos DN PUB EXP VIS TOTAL

comentadores são individualidades muito 2000 492 226 210 48 976

ocupadas, há a probabilidade destes diários 2001 506 417 205 76 1204

terem acordado modalidades de colaboração 2002 549 415 162 118 1244

quinzenal ou mais espaçada com os seus 2003 451 424 156 89 1120

comentadores. A necessidade de assegurar a 2004 423 424 182 133 1162

presença de, pelo menos, três artigos de 2005 551 404 122 87 1164

opinião por edição, implicou o aumento TOTAL 2972 2310 1037 551 6870

deste universo.

A outra hipótese explicativa relaciona-se Com a ajuda do quadro 2 verificamos que


com a fase atribulada vivida pela impreensa o número de comentários aumentou ao
portuguesa. Em momentos de crise, a longo dos anos analisados. Em 2000 foram
contratação de comentadores pode ser uma publicados 976 artigos de opinião e, em
estratégia de viabilização dos títulos. O facto 2005, 1 164 comentários, traduzindo o
de cada um dos diários rivais adoptar esta investimento verificado no próprio universo
política pode ter influenciado, inclusive, uma dos comentadores na imprensa de referência
certa concorrência entre ambos cujo portuguesa.
resultado prático foi a contratação de mais
colunistas. Uma análise longitudinal permite-nos
constatar que este crescimento também não
Embora cada uma destas hipóteses seja foi linear e traduziu as dificuldades vividas
independente, consideramos que as duas pelo sector da imprensa de referência
podem ter co-existido como factores portuguesa. Entre 2000 e 2002 o número de
explicativos do investimento significativo comentários aumentou, passando de 976
verificado em comentadores nestes dois (em 2000) para 1 244 (em 2002). Em 2003
jornais. assistiu-se a uma quebra significativa face à
tendência dos anos anteriores, registando-se
apenas 1 120 comentários publicados
(menos 124 artigos). Em 2004 e em 2005
verifica-se um novo aumento, terminando o

108 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 109

RITA FIGUEIRAS | PAPER

último ano referido com 1 164 colunas de QUADRO 3: MÉDIA DE ARTIGOS DE OPINIÃO POR EDIÇÃO

opinião publicadas.
DN PUB EXP VIS Média

2000 5 2 15 3 6
Se olharmos para cada um dos título
2001 6 5 15 5 8
analisados verificamos que o Diário de
2002 6 5 12 8 8
Notícias foi o único a aumentar
2003 5 5 11 6 7
significativamente o número de
2004 5 5 13 10 8
comentadores, bem como o número de
2005 6 4 9 6 6
comentários publicados. Após a crise de
credibilidade vivida entre 2003 e 20043, o Média 5 4 12 7 7

ano de 2005 correspondeu a uma fase de


relançamento do diário (Faustino, 2004;
Anuário do Obercom, 2005). Como já A análise desta questão, tendo em conta

constatámos, nesta estratégia, os a periodicidade dos jornais em estudo,

comentadores desempenham um papel revela-nos que a imprensa semanal teve uma

significativo. média superior de colunas de opinião em


cada edição por comparação com a imprensa

Cruzando os dados sobre a evolução do diária. Ao longo dos seis anos analisados o

universo dos comentadores com os Diário de Notícias publicou, em média, 5

elementos sobre os artigos de opinião artigos de opinião em cada número; o

publicados concluímos que, entre 2000 e Público 4 artigos de opinião; o Expresso 12

2002, o investimento em colunistas traduziu- artigos de opinião e, a Visão, 7 artigos de

se num aumento de artigos de opinião por opinião por edição.

cada edição (quadro 3). Em 2003 o número


de colaboradores diminuiu e essa quebra O Diário de Notícias teve sempre uma

reflectiu-se, ainda que de forma discreta, no média superior de artigos de opinião por

número de artigos de opinião publicados por edição do que o seu mais directo

edição. Em 2005 assistiu-se a um grande concorrente, o Público. O primeiro oscilou

investimento nos comentadores, entre 5 a 6 artigos de opinião por dia e, o

principalmente da parte do Diário de segundo, entre 2 e 5. O Expresso, em 2000,

Notícias, mas sem tradução directa na publicou em média 15 comentários por

quantidade de artigos publicados. semana, vindo progressivamente a diminuir


até 2003, ano em que a média foi de 11

mediaXXI 109
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 110

PAPER | RITA FIGUEIRAS

colunas de opinião por edição. Em 2004 verificou-se de variadas formas: na


aumentou novamente para 13 artigos e em promoção de determinados colunistas e
2005 voltou a descer para 9 - a média mais artigos de opinião na capa dos jornais; na
baixa nos seis anos analisados. A Visão colocação de comentários na última página,
publicou, em 2000, uma média de 3 artigos ganhando visibilidade ao saltar das páginas
de opinião por semana, aumentando interiores; anúncios aos titulos usando a sua
progressivamente até 2003, ano em que a carteira de comentadores para ajudar a
média se situou nas 8 colunas de opinião por vender jornais. A conjugação destas várias
edição. Em 2003 e em 2005 a média desceu iniciativas revelou-nos a dimensão da
para 6 artigos de opinião em cada número da «Opinião» como um bem comercial para as
revista. direcções dos jornais.

Uma das conclusões centrais na


O USO ESTRATÉGICA DO COMENTÁRIO E investigação já referida, quando trabalhámos
DOS COMENTADORES o universo dos comentadores entre 1980 e
1999, foi a cristalização deste universo. Ao
Tal como referimos, a questão central longo dos 20 anos analisados registámos
deste trabalho reside na dimensão comercial muito poucas alterações. O espaço
do universo dos comentadores. Esta «Opinião» revelou uma imunidade ao
suposição alicerça-se em quatro conjunto de mudanças ocorridas, à época, na
constatações: a assunção da «Opinião» sociedade portuguesa e sector dos media.
como um bem comercial na década de 90; a Encontrámos um universo que se reproduziu
cristalização do espaço «Opinião»; a mais do que se renovou.
visibilidade crescente da figura do
comentador na sociedade portuguesa nos O início dos anos 2000 trouxe ainda uma
anos 2000 e a consolidação do jornalismo de maior visibilidade à figura do comentador e
mercado. relevância ao comentário. Um dos
elementos-chave que conduziu a este
Em investigações anteriores (Figueiras, destaque foi a introdução de espaços de
2005) concluímos que, ao longo da década «Opinião» no canal de televisão com maior
de 90, assistiu-se a uma rentabilização dos audiências no país, a TVI, e a contratação de
comentadores através do investimento na Marcelo Rebelo de Sousa. Este líder de
sua visibilidade. Este protagonismo opinião era já conhecido das elites

110 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 111

RITA FIGUEIRAS | PAPER

portuguesas e, rapidamente, conseguiu fazer A saída de Marcelo Rebelo de Sousa da


chegar o seu discurso aos grupos sociais TVI, os contornos do caso, as instituições e
com menores recursos culturais. Com o individualidades que foram envolvidas em
consolidar do seu espaço «Opinião», todos este processo foram bem ilustrativas
Marcelo Rebelo de Sousa foi-se tornando da relevância político-institucional que o
num “educador” da Opinião Pública referido comentador adquiriu e que, duma
portuguesa e os seus comentários ganharam forma generalizada, beneficiou todos os
cada vez maior protagonismo e impacto comentadores.
políticos.
A literatura da especialidade permite-nos
O êxito da sua participação nas noites de concluir acerca da crescente tendência para o
domingo estimulou a criação de espaços jornalismo de mercado no nosso país (Ferin,
semelhantes nos outros canais de televisão 2006; Serrano, 2006; Fustino, 2004; Anuário
generalistas e determinados comentários do Obercom, 2005), patente no recurso a um
nesses espaços estimularam a produção de vasto leque de estratégias de venda,
notícias e de posteriores comentários por nomeadamente a crescente comercialização
parte de outros analistas. Esta dinâmica da linha editorial dos títulos de referência e a
ainda potenciou mais a visibilidade dos aposta na oferta de brindes ou a venda,
comentadores e do comentário que conjuntamente com o próprio jornal, de
conheceram, assim, em meados da primeira produtos culturais a preços a baixo do
parte dos anos 2000, um novo boom nos mercado, funcionando assim como um
mais variados media e na blogosfera. Nestes estímulo à compra.
anos assisitiu-se a uma grande circulação de
comentadores nos diversos espaços de A conjugação dos factores referidos
«Opinião» e, também, a uma grande conduziu-nos à formulação da hipótese da
concentração de protagonismo em algumas crescente visibilidade dos comentadores
figuras-chave que acumularam colunas de como estratégia comercial por parte dos
opinião em diferentes media em simultâneo, títulos de imprensa por nós trabalhados. De
recuperando-se a figura do “comentador facto, os dados que possuímos permitem-
multimedia” identificada nos anos 90 nos concluir que o universo dos
(Figueiras, 2005). comentadores foi rentabilizado por parte das
direcções dos jornais e verificou-se o reforço
do estatuto simbólico dos analistas. A nossa

mediaXXI 111
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 112

PAPER | RITA FIGUEIRAS

hipótese confirmou-se, mas, em nomeadamente: a valorização dos leitores


determinada medida, de forma inesperada como parceiros, estimulando um jornalismo
para nós. mais interactivo e participativo; a promoção
de produtos culturais com a venda dos
Na primeira metade dos anos 2000 as jornais; o reconhecimento de públicos
estratégias utilizadas foram muito mais especializados através do lançamento de
sofisticadas do que supúnhamos. Os dados novos títulos e a criação de novos
analisados na secção anterior demonstra- suplementos; a aposta nos formatos digitais
nos um conjunto de elementos acerca do uso e a remodelação gráfica e editorial de vários
estratégico do espaço «Opinião» no contexto títulos (Faustino, 2004).
de debilidade financeira vivida pelo sector
daos media, após um período de grande A partir de 2004 estas medidas, que
favorabilidade vivido na década de 90. beneficiaram também dos eventos culturais
e desportivos que ocorreram nesse ano
Nos primeiros anos do novo milénio o (“Euro 2004”, “Rock-in-Rio Lisboa” e “Jogos
contexto favorável inverteu-se. O quadro da Olímpicos” de Atenas), provocaram uma
conjuntura económica mundial entrou num evolução positiva nas vendas e receitas
período de recessão e os media sentiram publicitárias na ordem dos 14%.
fortemente os efeitos da perda de receitas de
publicidade. No nosso país a crise fez-se A análise cruzada da evolução do
sentir de forma ainda mais aguda e, universo dos comentadores e o contexto
principalmente no segmento da imprensa de financeiro da imprensa portuguesa permitiu-
referência. A debilidade do investimento nos concluir que nos anos mais críticos o
publicitário contribuiu para a redução da número de comentadores aumentou e que,
quota de mercado dos jornais e pressionou nos anos de melhoria financeira, os valores
os responsáveis das empresas a estudar ou estagnaram ou subiram ligeiramente.
formas alternativas de rentabilizar melhor os
negócios (Faustino, 2004). A crise vivida no segmento conduziu,
também, à contenção de custos, dispensa de
Tal como assinalámos na primeira secção profissionais das redacções (Faustino, 2004)
deste artigo, a partir dos anos 2000, a e impulsionou, em nosso entender, a
imprensa adoptou novas estratégias de publicação de artigos de opinião. A partir de
crescimento focadas nas audiências, 2003, as melhorias vividas no sector

112 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 113

RITA FIGUEIRAS | PAPER

confirmam a nossa hipótese, na medida em o aumento do número de comentários


que se assistiu a uma redução no número de publicados em cada edição, a consolidação
artigos de opinião publicados por edição. do comentador como uma instância de
legitimação de segundo grau, nem a
Por outro lado, a visibilidade verificada na publicitação das colunas de opinião nas
década de 90 foi sendo cada vez menor com capas dos jornais.
o avançar dos anos 2000 (quadro 4). Em
todos os títulos analisados diminuíram as Avançamos com duas hipóteses
chamadas de capa e a presença de colunas explicativas para esta gestão do comentário
de opinião na ultima página das publicações que se reflectiu na administração da
estagnaram ou diinuíram. Numa primeira visibilidade e na presença de colunas de
avaliação, estes dados pareceram-nos opinião por edição. Em primeiro lugar
surpreendentes, mas, após a análise da consideramos que pode estar relacionada
primeira secção deste capítulo, já possuímos com o estatuto simbólico dos comentadores
elementos que nos permitem compreender e, por outro, com uma estratégia distintiva no
aqueles resultados. comentário de referência.

Como já tivemos oportunidade de


QUADRO 4: LOCALIZAÇÃO DOS COMENTÁRIOS NO JORNAL constatar, os comentadores da imprensa de
referência portuguesa possuem, na sua
2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total maioria, carreiras profissionais muito
Chamada 1.ª Pág 52 29 9 2 0 0 92 preenchidas e são individualidades muito
1.ª Página 18 1 0 0 1 0 20 requisitadas. Ainda que a carteira de
Última Página 129 55 46 33 40 69 372 comentadores seja relativamente elevada, há
Interior do jornal 395 395 456 339 264 482 2331 uma elite de colunistas que é constantemente
disputada pelos variados media e,
Tal como temos demonstrado até aqui, provavelmente, o tempo disponível para a
com o avançar dos anos, e em especial no escrita dos artigos de opinião é limitado. Mas
último analisado, assistiu-se ao que devido ao seu valor simbólico e de mercado,
podemos designar por “economia do os títulos negoceiam outras modalidades de
comentário”. Ao aumento significativo de colaboração para garantirem a presença de
comentadores face a 2004 (mais 33 determinados colunistas no seu universo dos
comentadores em 2005), não correspondeu comentadores.

mediaXXI 113
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 114

PAPER | RITA FIGUEIRAS

Num primeiro nível de análise A entrada do espaço «Opinião» na


consideramos que a explicação dos dados televisão, tal como já assinalámos, foi um
pode residir na alteração das modalidades de êxito de audiências e impulsionou novos
assiduidade da publicação dos artigos de rumos para o comentário. Os jornais
opinião. A periodicidade das colunas alterou- televisivos são dos programas mais vistos na
se recuperando o formato que o espaço televisão portuguesa, tendo permanência
«Opinião» teve aquando da sua constante no top 5 das audiências em
institucionalização ao longo da primeira parte Portugal.
dos anos 80 (Figueiras, 2005). Nos finais
dessa década e na seguinte instituiram-se as Num primeiro momento esse impacto
modalidades de participação semanal e traduzindo-se numa democratização do
quinzenal. A partir dos anos 2000 a variedade acesso ao consumo da Opinião de referência.
aumentou ainda mais. Recordemos, a título Tradicionalmente reservada à Opinião
ilustrativo, que na Visão a periodicidade das Pública dirigente, consumidora da imprensa
colunas de opinião de Mário Soares, Adriano de referência, a Opinião qualificada viu
Moreira e Freitas do Amaral oscila entre três crescer o seu auditório junto de um grupo
a quatro semanas. vasto de portugueses sem hábitos de
consumo de informação de referência.
Neste sentido, o aumento do número de
comentadores não teve tradução directa no Um segundo sentido da expansão do
aumento de artigos de opinião publicados comentário decorreu com a utilização da
por cada edição dos títulos analisados. Em Opinião para a análise de outros sectores
2005 é notória a diversidade de modalidades sociais (economia, futebol, “social”).
de colaboração: semanal, quinzenal e Assistiu-se à recuperação de formatos que
mensal. Apesar do aumento do universo dos haviam sido famosos nos anos 90 na SIC,
comentadores, a rotatividade na secção como “Os donos da bola”. Retomou-se a
dedicada à Opinião permitiu às publicações, emissão de programas sobre futebol
por outro lado, manterem o número de exclusivamente centrados na apreciação de
páginas dedicadas aos comentadores. Em comentadores, nomeadamente, na SIC-
nosso entender esta medida liga-se ao Notícias, na RTPN e na RTP. Neste último
segundo motivo explicativo da “economia do caso assistiu-se, inclusive, à presença de
comentário”. Marcelo Rebelo de Sousa como comentador
residente num programa criado para

114 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 115

RITA FIGUEIRAS | PAPER

comentar o Mundial de Futebol ocorrido em temas e individualidades.


2006 na Alemanha.
Nos vários media surgiram espaços
Numa outra dimensão, o comentário foi, estruturados na discussão das opiniões de
ainda, introduzido em programas de crónica determinadas individualidades cujo estatuto
social, destacando-se a sua presença nos não é definido pela autoridade pública dos
programas da manhã nas televisões sujeitos, mas pela sua popularidade. Ou seja,
generalistas privadas. No “SIC 10 não assenta na sua capacidade de contribuir
horas”/”Fátima”, a “Tortúlia cor de rosa” gira para o conhecimento público (Rosen, 2003),
em torno dos comentários de mas de angariar audiências debatendo
individualidades relativamente conhecidas do questões da esfera privada e íntima em
público português sobre matérias publicadas detrimento dos temas de interesse público
nas revistas sociais. O mesmo fenómeno (Charaudeau, P. et al., 2000).
verificou-se com a extensão do comentário
para títulos da imprensa que Esta expansão e alteração semântica do
tradicionalmente não tinham espaços de comentário no Espaço Público contribuiu
«Opinião», como a imprensa popular e a cor para a sua vulgariação e saturação, levando
de rosa. Na TVI, no programa “Você na TV”, ao expoente máximo o que Champagne
a exploração do comentário foi ainda mais (1998) designou por “demagogia da
longe, verificando-se o que poderemos opinião”. Nos espaços de comentário todos
designar por democratização da produção de os assuntos têm validade social, toda a gente
comentário. O espaço de comentário social tem direito a expressar a sua opinião e todas
neste programa é feito por cidadãs anónimas as opiniões se equivalem.
que comentam conhecidos e famosos.
Num primeiro momento, os jornais por
O comentário, cuja identidade está nós analisados apostaram numa estratégia
associada à análise dos temas da esfera centrada nas audiências e na notoriedade e
pública, por especialistas nas matérias e com estatuto simbólico dos comentadores, como
vista a esclarecer e formar a Opinião Pública meio de combater a crise que o sector
(Habermas, 1984; Keane, 2002; Rosen, atravessou a nível financeiro, comercial e de
2003; Pissarra Esteves, 2004; Silveirinha, recursos profissionais. Arriscaríamos a dizer
2004b), viu colonizada a sua aura de que o aumento do universo dos
prestígio para outros níveis de abordagem, comentadores e da publicação de artigos de

mediaXXI 115
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 116

PAPER | RITA FIGUEIRAS

opinião é um bom indicador da crise vivida encaramos a imprensa de referência como


pelos títulos da imprensa de referência “especialista de produção simbólica”.
portuguesa. Estes colaboradores envolvem
menores custos fixos e possuem valor de O seu estatuto (autoridade, credibilidade)
mercado. dentro do sector da imprensa deriva de uma
gestão cuidadosa da sua política editorial. A
Neste sentido reforçamos a ideia que já Opinião gerida como um bem escasso
avançámos, que a política de recrutamento aumenta o seu capital simbólico e num
de comentadores é um elemento a juntar aos mercado assente na distinção, como é o da
sistematizados por Faustino (2004). Estes imprensa de referência, a escassez aumenta
dados parecem-nos um importante indicador o seu valor de troca.
do uso estratégico do comentário na política
de crescimento, viabilização financeira e de
angariação de capital simbólico para a CONCLUSÃO
imprensa de referência portuguesa.
Ao longo dos anos, os vários media têm
Mas num segundo momento, a investido na «Opinião» como uma estratégia
banalização do comentário teve implicações de concorrência, visibilidade e poder dos
no seu valor de mercado e contribuiu para a meios de comunicação na sociedade. No
erosão do seu valor simbólico. Se tudo pode campo da informação, o recurso a opiniões
ser comentado e se todos podemos fazê-lo, especializadas ou credenciadas no Espaço
anula-se a diferença, a distinção e o prestígio Público português fez com que, por um lado,
da Opinião. Esta percepção pode ter aumentasse a quantidade de Comentadores
contribuído para uma estratégia baseada na nos diversos media e, por outro lado, que os
diferenciação por parte da imprensa de Comentadores de referência acumulassem
referência que se traduziu, a diversos níveis, e/ou transitassem de media, permanecendo
na referida “economia do comentário”. sempre no Espaço Público (Figueiras, 2007).

À abundância e banalização crescente da No final dos anos 90, a relevância dada ao


Opinião no Espaço Público, a imprensa de espaço «Opinião» na imprensa de referência
referência respondeu com discrição e manifestou-se a vários níveis: no aumento da
parcimónia na gestão do comentário. Na carteira de comentadores; no aumento de
linha de raciocínio de Bourdieu (1989), páginas dedicadas a esta secção e na

116 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 117

RITA FIGUEIRAS | PAPER

visibilidade conferida a ambos, em outdoors, concluímos também que, na primeira metade


na capa dos jornais (anunciando as colunas dos anos 2000, a “economia do comentário”
dos comentadores no seu interior) e na traduz uma sofisticação do uso comercial da
contra-capa, onde foram inseridas colunas Opinião e dos comentadores. Esta estratégia
de opinião (Figueiras, 2005). parece apresentar-se como um dos
elementos-chave na afirmação pública do
O destaque televisivo à «Opinião» tem projecto de poder da imprensa. Neste
conferido uma grande visibilidade ao sentido, contribui para o acumular de capital
“comentário” e a alguns comentadores, em simbólico da imprensa de referência no
particular. Neste artigo demonstrámos que campo dos media, mas, também de forma
os comentadores e o espaço «Opinião» são mais alargada, em toda a sociedade.
um elemento na estratégia comercial e de
concorrência de todos os títulos analisados
que ultrapassa em muito, e em certa medida BIBLIOGRAFIA
até parece se autonomizar, da dimensão
normativa do comentário nas sociedades ALGER, D.(2000). “Megamedia, a Situação do

democráticas. Jornalismo e a Democracia” in Jornalismo


2000. Revista de Comunicação e Linguagens,
n.º27. Lisboa: Vega, pp.97-107.
Em jeito de síntese, salientamos que ao
longo dos últimos anos o mercado do Anuário do Obercom 2004-2005. Lisboa:
comentário tem-se expandido, reflectindo a Obercom.
valorização dada à opinião, ao debate e à
discussão, no quadro da sociedade BOURDIEU, P. (1989) O Poder Simbólico.
democrática (Habermas, 1984). Lisboa: Difel.

Actualmente, a «Opinião» é entendida como


CARDOSO, G., COSTA, A.F. et al, 2005, A
um bem social, valorizada em nome da
Sociedade em Rede em Portugal. Porto:
cidadania democrática, mas também como Campo das Letras.
um bem comercial, patente nas estratégias
de recrutamento de rostos conhecidos do CHARAUDEAU, P. et al., 2000, A Palavra
grande público e rentabilizados em Confiscada. Lisboa, Instituto Piaget.
constantes campanhas publicitárias para
promover a compra dos jornais.
Mas após a análise e reflexão efectuadas,

mediaXXI 117
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 118

PAPER | RITA FIGUEIRAS

CORREIA, F. (1997), Os Jornalistas e as NOTAS DE RODAPE


Notícias. Lisboa: Editorial Caminho.

1 Os media privados pertenciam a pequenos


FAUSTINO, P. (2004). A Imprensa em
grupos económicos (caso do Grupo Balsemão
Portugal. Lisboa: Media XXI.
que foi progredindo à medida que o campo
dos media se foi industrializando) e a famílias
FERIN, I. (2006), “Cobertura Jornalística de
tradicionalmente ligadas à rádio ou à imprensa
Fins de Mandato de Primeiros-Ministros:
(Correia, 1997).
Tendências e Especificidades” in Actas do II
Seminário Internacional Jornalismo e Actos de
2 Em relação a esta matéria, os dados
Democracia. Lisboa: CIMJ, pp. 122-149.
disponibilizados pelo Obercom não abarcam o
ano de 2005.
FIGUEIRAS, R. (2005), Os Comentadores e os
Media. Lisboa: Livros Horizonte.

3 A primeira metade dos anos 2000 foi


bastante conturbada para o Diário de Notícias.
Neste período, o jornal atravessou
FIGUEIRAs, R. (2007), “Os Comentadores na
dificuldades financeiras; conheceu viveu uma
Imprensa Portuguesa” in FERIN, I. (Coord.),
crise interna que opôs redacção e
Jornalismo e Democracia. Lisboa: Paulus
administração e uma crise de credibilidade, na
Editora.
sequência da publicitação de supostas
pressões políticas sobre a sua linha editorial.
FIGUEIRAS, R. (2008), O Comentário Político
E, em três anos, entre 2003 e 2005, após a
e a Política do Comentário. Lisboa. Paulus
saída de Mário Bettencourt Resendes, o DN
Editora.
conheceu três direcções diferentes, dois
directores interinos e mudou de proprietário.
HABERMAS, J. (1984). Mudança Estrutural da
Esfera Pública. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro.

ROSEN (2003), “Tornar a Vida Pública Mais


Pública” in TRAQUINA, N. e MESQUITA, M.
Jornalismo Cívico. Lisboa: Livros Horizonte,
pp. 31-58.

SERRANO, E. (2006), Jornalismo Político em


Portugal. Lisboa: Edições Colibri.

118 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 119

ESEG | ENSINAR A COMUNICAÇÃO

ABERTA À COMUNIDADE
O PRESENTE E FUTURO DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DA GUARDA

APÓS 21 ANOS DE EXISTÊNCIA

NO ANO DE 2006/07, A ESEG COMEMORAVA DUAS DÉCADAS DE ALTOS E BAIXOS, DE

VITÓRIAS E DERROTAS, DE DÚVIDAS E CERTEZAS. DOIS ANOS DEPOIS O PONTO FULCRAL


DO SUCESSO CONTINUA A SER A INTERACÇÃO ESCOLA VERSUS COMUNIDADE.

HÉLIA MARTINHO

São onze as licenciaturas ministradas na “A ESEG teve um percurso de algum


Escola Superior de Educação da Guarda modo sinuoso, mas nos últimos 10 anos
(ESEG), nove na área educacional e duas na conseguiu alcançar alguma autonomia e
comunicação. Há ainda nove pós-graduações projecção, em interacção com o meio
e cinco mestrados, em colaboração com a envolvente”, referiu o director, acrescentando
Universidades Lusíada e Autónoma de que a escola tem como intuito ter cursos que
Lisboa, sendo que estas especializações são, sejam do interesse da região, apostando na
na sua grande maioria, direccionadas para a formação ao longo da vida, incluindo
intervenção social e prestação de serviços. professores e funcionários da própria
instituição.
Um dos objectivos principais, de acordo
com Joaquim Brigas, director da ESEG, A nível de dificuldades, Joaquim Brigas
passa por reforçar a proximidade que existe refere que “não sentimos o apoio que a
entre a instituição e a comunidade que a escola necessitava para desenvolver o
envolve, tentando sempre proporcionar projecto que tem. Deveria haver uma
melhores condições de trabalho aos que investigação mais rigorosa no que diz
integram o meio académico. Nesse sentido, respeito à avaliação de cursos, o que levaria
“as pós-graduações e mestrados têm de ir ao a uma maior e melhor formação por parte
encontro das necessidades de quem os dos alunos, e consequente entrada no
procura e do local onde se inserem”. mercado de trabalho”.

mediaXXI 119
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 120

ENSINAR A COMUNICAÇÃO | ESEG

No que concerne aos problemas que O PAPEL DA COMUNICAÇÃO


persistem no Ensino Superior, Joaquim
Brigas é peremptório ao afirmar que “há uma Numa parceria com a Universidade
série de condicionantes que ultrapassam os Autónoma de Lisboa (UAL), vão
estabelecimentos de ensino. É necessária disponibilizar nas instalações da ESEG um
uma reorganização neste sector”. mestrado em Ciências Documentais e outro
em Ciências da Comunicação. “Vamos
Um dos principais problemas “é haver apostar forte no segundo ciclo da
falta de alunos para determinadas áreas, comunicação e, sempre que haja procura,
porque não há uma regulação da oferta apostar também nas pós-graduações e
formativa em áreas geográficas próximas”. O mestrados”, refere o director da ESEG.
director da ESEG não tem dúvidas quando
defende que “não há uma complemen- Joaquim Brigas destaca como
taridade, mas sim uma concorrência pouco fundamental os protocolos que a escola tem
saudável”. realizado com meios de comunicação
nacionais de renome, como o caso da Lusa,
Para Joaquim Brigas, o estabelecimento RTP e SIC. Estas são instituições que o
de ensino deveria ter “um papel determinante director caracteriza como “credíveis nesta
no desenvolvimento da região onde está área”.
inserido, deveria estar articulado
convenientemente com outros actores deste Os protocolos funcionam para ambos os
processo”. Actores como núcleos de lados, pois permite aos alunos terem a
desenvolvimento empresarial, serviços de participação de profissionais nas acções
solidariedade social, câmaras municipais, desenvolvidas na escola. E por sua vez, estes
entre outros. Como nota positiva, Joaquim ficam a conhecer o trabalho que é levado a
Brigas destaca que “a este nível tem havido cabo na Escola Superior de Educação da
um grande esforço, sobretudo na última Guarda na área da comunicação. A
década. Temos conseguido desenvolver cooperação entre ambas as partes tem um
acções conjuntas, não só com instituições da caminho bem definido, que passa pela
Guarda, mas com instituições de outros inserção dos diplomados da ESEG no
distritos. Este é um aspecto positivo que a mercado de trabalho, o que Joaquim Brigas
escola conseguiu alcançar”, conclui. define como prioritário, valorizando, “a mais-
-valia dessas parcerias”.

120 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 121

E-READINESS 2008 | ESTUDOS

ARRANQUE,
POSICIONAMENTO E FOSSO
DIGITAL ENTRE PAÍSES
CONHEÇA A SITUAÇÃO GLOBAL E A POSIÇÃO DE PORTUGAL

MARCHA DA ERA DIGITAL REVELA DISCREPÂNCIAS POR TODO O GLOBO, SEGUNDO O

E-READINESS RANKINGS 2008, ESTUDO ANUAL REALIZADO PELA A ECONOMIST

INTELLIGENCE UNIT E A IBM

ANA JERÓNIMO

O progresso do Digital no tecnologias da informação e em tornarem


desenvolvimento dos países e consequente acessíveis à população serviços digitais”.
formatação das economias mundiais, são o
alvo do estudo do Economist Intelligence
Os denominadores são comuns -
Unit e do Institute for Business Value da IBM.
Conectividade e Infraestrutura tecnológica,
O objectivo passa por definir os países mais
Ambiente de negócio, Adopção empresarial e
bem preparados digitalmente e seu nível de
do consumidor, Ambiente Legal, Ambiente
ambiente de negócio electrónico dadas as
Social e Cultural, Politica e Visão
oportunidades proporcionadas pelas
Governamental- mas cada país anuncia
tecnologias da informação e comunicação
diferentes níveis de utilização, investimento e
(TIC).
rendimento das TIC. “É muito difícil manter

Robin Bew, director editorial da este progresso, e mesmo os líderes do


ranking têm muito trabalho pela frente no
Economist Intelligence Unit, explica o
sentido de traduzirem estes ganhos em
cenário: “As economias digitais mais
benefícios económicos e sociais concretos”,
avançadas do mundo – tal como as menos
comenta Bew.
avançadas – continuam a registar ganhos
relevantes em apostarem no acesso às

mediaXXI 121
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 122

ESTUDOS | E-READINESS 2008

Na avaliação da aptidão tecnológica de 70 desenvolvimento, particularmente na


países, as nações europeias perdem a América Latina. Arábia Saudita, Tailândia e
liderança para os Estados Unidos da Egipto, países situados no fim da tabela,
América, seguidos de Hong Kong. Concluiu- conseguiram no entanto subir algumas
se também o abrandamento do posições relativamente a anos anteriores,
desenvolvimento tecnológico de países motivados principalmente pelo progresso ao
como a Finlândia - que desceu três posições nível da conectividade.
no ranking -, ou a Dinamarca que, após
quatro anos no primeiro lugar, desce em Relativamente à divisão digital, Peter
2008 para quinto. Korsten, líder do IBM Institute for Business
Value identifica: “Três tipos de países no que
Os países europeus revelaram uma respeita aos rankings de e-readiness: líderes
incapacidade de manter os níveis de efectivos, os que adoptam facilmente as TI e
investimento em TI, assim como melhorar o os que têm mais dificuldade”.
acesso público e empresarial a canais
digitais. Por sua vez o avanço dos E.U.A, Segundo Korsten, o ano de 2008
Hong Kong, Suécia, e ainda Holanda e confirma que “estes grupos permaneceram
Austrália, deve-se a progressos relativamente constantes, mas os progressos
essencialmente na inovação e conectividade, mais significativos foram registados nos
tais como o acesso à banda larga fixa e países com mais dificuldades em adoptar as
wireless. novas tecnologias, exemplo da Tailândia, do
Peru ou da Roménia, que entre 2001 e 2008
O estudo assinala ainda uma redução do subiram cerca de 17 posições”.
fosso digital entre os países mais e menos
aptos tecnologicamente, redução porém
menos evidente do que em anos anteriores, o NÍVEL E CONJUNTURA DE PORTUGAL
que denota uma certa estagnação do
mercado de negócio dos países com menos Portugal posiciona-se na 27ª posição do
preparação tecnológica. ranking dos 70 países mais bem preparados
digitalmente, seguido da Espanha. No
Apesar destas conclusões genéricas panorama da era digital, Portugal
destacam-se também melhorias ao nível da ultrapassou já os anos de declino e
conectividade em alguns países em apresenta, desde 2005, um progresso ligeiro

122 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 123

E-READINESS 2008 | ESTUDOS

de 0,24 em valor absoluto, no presente ano. A nível de exemplo, já em ligeira subida


Contudo, a preparação electrónica nacional em 2006, Portugal atraiu 4.3 projectos IDE
mantém-se, desde 2001, abaixo da média da por milhão de habitantes, comparado com
Europa Ocidental, ocupando o penúltimo uma média da OCDE de 8.2.
lugar entre os 17 países Europeus do
ranking. As barreiras que Portugal enfrenta
juntam-se àquelas que são já metas
Tendo em conta as categorias em análise, ultrapassadas pelos países no topo da lista
aquelas em que Portugal mais se distancia da do e-readiness, que se traduzem num
média europeia são as do Ambiente Social e conjunto de práticas de investimento,
Cultural, bem como da Conectividade e Infra- negócio e mercado já adoptadas e a adoptar.
estrutura Tecnológica, sendo as apostas de
sucesso os Serviços Públicos Online para Destacam-se os governos que confiam
Empresas e a Estratégia de Governo na dinâmica de mercado, deixando-a
Electrónico. conduzir o curso da economia digital, ao
mesmo tempo que intervêm para assegurar
Os índices são condicionados pela que o investimento se direcciona
conjuntura económica nacional: conjuntamente para os países menos
desenvolvidos.
- o crescimento económico Português
deverá manter-se modesto em 2008 Por seu lado, as práticas destes últimos
(previsão de 2%); devem seguir o exemplo dos que estão no
- o PIB per capita é cerca de 2/3 da topo e adoptar práticas digitais o mais cedo
média da OCDE; possível, além do que o investimento
- o desemprego é relativamente elevado; governamental nas TIC vai fomentar o seu
- a inflação é inferior à média da OCDE; uso na economia em geral.
- e o crescimento das exportações é
significativo mas inferior à média da O meio-termo produtivo dos governos
OCDE, sem conseguir reduzir o que querem ser líderes do desenvolvimento
importante défice externo da balança de digital, financiar a sua própria infra-estrutura
transacções correntes. de TI e regular levemente e encorajar a
adopção, reside na intervenção moderada
quando o negócio digital está em

mediaXXI 123
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 124

ESTUDOS | E-READINESS 2008

crescimento. Ou seja, numa neutralidade


tecnológica nas acções de aquisição e RANKINGS DO
licenciamento. E-READINESS

Tendo em conta os resultados de 2008, a Os rankings do E-readiness, que traduz o


chave é uma atitude vigilante e cuidadosa, nível em que o ambiente de negócio de um
uma vez que é tendencioso um país desviar- dado país é conducente à exploração de
se dos seus objectivos digitais, vindo a oportunidades baseadas na Internet, são
perder com a construção de “networks” e concebidos através de um modelo
comunidades, estagnar e ser ultrapassado. composto por cerca de 100 critérios
qualitativos e quantitativos, dispostos por
sua vez, segundo seis categorias:
conectividade e infra estruturas (20%);
ambiente de negócio (15%); ambiente
social e cultural (15%); ambiente legal e de
políticas (10%); políticas governamentais e
visão (15%); e adopção do consumidor e do
negócio (25%).
As fontes de informação são o Economist
Intelligence Unit, Pyramid Research, o
Banco Mundial, a Organização Mundial de
Propriedade Intelectual, entre outras. Os
critérios qualitativos do estudo são
definidos por uma rede de trabalho ligada
ao Economist Intelligence Unit - unidade de
informação de negócio do grupo de media
The Economist, que publicam igualmente o
jornal The Economist. A avaliação das
economias mundiais é feita através de uma
rede de mais de 650 analistas e
colaboradores.

124 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 125

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

TENDENCIAS DE GESTIÓN Y
DINÁMICAS EMPRESARIALES
EN LA INDUSTRIA DE LA
COMUNICACIÓN
CRECIMIENTO ECONÓMICO E INCERTIDUMBRE TECNOLÓGICA

“YA SEA A TRAVÉS DE ALIANZAS ESTRATÉGICAS U OPERACIONES DE COMPRA, PERO


NUNCA DE FUSIÓN, LOS MEDIOS CLÁSICOS VUELVEN A MIRAR CON INTERÉS LAS

POSIBILIDADES DE NEGOCIO DE LAS NUEVAS VÍAS DE DISTRIBUCIÓN DIGITAL”.

JUAN PABLO ARTERO MUÑOZ

LA INDUSTRIA SE REACTIVA exactamente cual iba a ser el nuevo modelo


de negocio. Se decía que lo importante era
Hacia la segunda mitad de la década de llegar pronto y generar tráfico. No quedarse
los noventa, el mundo de los medios pareció en el furgón de cola de la innovación y del
entrar en situación de aislamiento cambio en las demandas de los
psicológico, preludio de una auténtica y consumidores. Bajo este prisma se lanzaron
segura revolución. La convergencia de este operaciones empresariales de gran calado,
sector con el de las telecomunicaciones y la como la fusión entre America On Line y Time
informática era una tendencia inevitable. Warner, las alianzas de Microsoft y la NBC o
Internet y los teléfonos móviles aumentaban el macroproyecto Terra en Telefónica. El
sus tasas de penetración de un modo estallido de la burbuja tecnológica abortó
dramático. Los modelos de negocio drásticamente las previsiones apocalípticas
tradicionales parecían obsoletos y de los mayores gurús de la nueva sociedad
condenados a una rápida transformación o a de la información.
la muerte de mercado. Los medios de
comunicación se lanzaban a una presencia en De este modo, la industria de la
Internet con los ojos vendados, sin saber comunicación ha entrado en el siglo XXI con
la experiencia aprendida de una fiebre

mediaXXI 125
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 126

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

milenarista que no se cumplió. Los medios Internet. News Corporation ha invertido unos
son todavía bastante parecidos a sí mismos, 1.300 millones de euros para comprar varios
a su modo de ser tradicional. Pero el sitios como MySpace y GameSpy, ambos
conservadurismo empresarial que ha dirigidos a un público juvenil. The New York
caracterizado los últimos años se está viendo Times Company pagó 300 millones por
espoleado por una nueva oleada de About.com, un sitio de blogs con consejos
innovaciones tecnológicas, cambios sociales prácticos y que genera 22 millones de visitas
y dinámicas empresariales que sugieren que al mes. Viacom ha invertido 46 millones de
algo puede estar cambiando en esta dólares en comprar el 60 por ciento del portal
industria. Estos fenómenos tienen cada vez de deportes SportsLine.com que todavía no
más influencia en las propias tendencias de estaba en su poder. El mismo Wall Street
gestión de los medios. Journal gastó 528 millones por el portal de
finanzas de acceso gratuito Market Watch.
Recientemente se ha producido un
acuerdo de Yahoo con siete grupos de prensa La conexión entre empresas tradicionales
norteamericanos (MediaNews, Hearst, Belo, y nuevos medios está comenzando a
Scripps, The Journal Register, Lee producirse de nuevo. Ya sea a través de
Enterprises y Cox Enterprises) para alianzas estratégicas u operaciones de
aprovechar las posibles sinergias entre los compra, pero nunca de fusión, los medios
dos soportes. La alianza supone un clásicos vuelven a mirar con interés las
intercambio de contenidos, publicidad y posibilidades de negocio de las nuevas vías
tecnología entre el portal de Internet y 126 de distribución digital. Éste es un hecho,
periódicos pertenecientes a los siete grupos. entre otros, con repercusiones claras en la
La tirada de los diarios alcanza un total de 12 gestión de los contenidos, la tecnología, el
millones de ejemplares al día. El principal personal, el marketing y las finanzas
motivo de esta clase de acuerdo es la corporativas de los grupos de comunicación.
reducción de lectores que la prensa está
sufriendo debido a la proliferación de
personas con acceso a Internet. CONTENIDOS COMMODITY,
CONTENIDOS PREMIUM
Al mismo tiempo, desde 2005 los
grandes de la comunicación en Estados Las instituciones en el mercado de la
Unidos han hecho una redoblada apuesta por comunicación sirven no solamente como

126 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 127

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

proveedores sino también como próximas siete temporadas por un total de


intermediarios en los mercados de 1.100 millones de euros. Las emisiones
contenidos. El concepto de intermediario de deportivas del Real Madrid, entre otros
contenidos parece ser una herramienta útil clubes europeos, se presentan como un
para describir y analizar el presente así como factor clave para el éxito comercial de
el futuro de los mercados (Hess & von cualquier oferta de televisión de pago. Son
Walter, 2006). Google es una empresa muchas las empresas que han cimentado su
informática que aspira a organizar la crecimiento en contenidos deportivos
información en el mundo. No son creadores exclusivos. Es el caso de BSkyB (Reino
de contenidos; los hacen visibles y los ponen Unido), Canal Plus (Francia y España, entre
a disposición de las audiencias. Pero por otro otros), Foxtel (Australia) o DirecTV (América
lado, este papel de Google como facilitador del Norte y del Sur).
ha levantado recelos en el sector de la
comunicación. Como ejemplo, el servicio Estas operaciones se encuadran en un
Google News se nutre de las noticias marco en el que la estricta regulación
aportadas por otros medios on line. Si estos europea de los canales que emiten publicidad
medios no existieran, el servicio no tendría (primero y principalmente de las televisiones
sentido. Los empresarios de medios públicas) ha reducido la capacidad de estos
electrónicos dudan sobre si realmente canales de obtener beneficios de las
conviene a sus sitios web atraer audiencias a emisiones deportivas. Esto representa
través de Google News. De hecho, han también una ventaja competitiva para las
comenzado a llegar las primeras medidas televisiones de pago. Por lo tanto, para
judiciales solicitadas por los editores, como maximizar los ingresos de las emisiones
ha ocurrido recientemente en Bélgica. deportivas, los canales de pago han sido
forzados a priorizar el contenido por el que
Pero los contenidos que Google es capaz los televidentes están dispuestos a pagar. El
de ofrecer como intermediario no suelen fútbol es el deporte más efectivo para
pasar de ser commodities en un mercado en conseguir este objetivo en Europa. Sin
el que la capacidad de ofrecer contenidos embargo, la competencia por conseguir
premium es cada vez más decisiva. El club de estos derechos puede hacer que las
fútbol Real Madrid ha llegado a un acuerdo adquisiciones no sean rentabilizables. Los
con la productora española Mediapro para derechos pueden aumentar tanto de precio
cederle sus derechos televisivos durante las como para que los canales no puedan

mediaXXI 127
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 128

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

permitírselos, por lo que perderían su una mejor persecución del delito digital.
principal atractivo para buena parte de sus Como ejemplo, el mismo portal YouTube ha
clientes. Las propias encuestas de BSkyB tenido que retirar imágenes de la NBA, que
revelaron hace años que perdería la mitad de dispone de su propia web con vídeos, y de
sus suscriptores si dejase de ofrecer los las ligas inglesa y alemana de fútbol.
partidos de la Premier League (Hammervold
and Solberg, 2006). De este modo, la La industria de la sindicación televisiva,
exclusividad de los contenidos premium es como mercado con una larga tradición en
cada vez más complicada por motivos Estados Unidos, se encuentra en un
jurídicos (de respeto a la libre competencia) momento de transformación. Mientras que la
y económicos (la imposibilidad de integración y consolidación de los grupos de
rentabilizar las altas inversiones necesarias). emisoras televisivas y los sindicadores de
contenidos trajeron más opciones
A estos factores, se añade una dificultad estratégicas, la madurez del sector del cable
más. Una tendencia clara en el mercado de la implica también que la programación
comunicación es la dificultad para proteger sindicada podría ser usada cada vez más
los derechos de propiedad intelectual sobre para afrontar la competitividad de la
los contenidos, que se ha incrementado programación en cable. El crecimiento de la
exponencialmente con la digitalización y el televisión por banda ancha podría incluso
desarrollo de nuevos dispositivos de añadir un nuevo modo de distribución a este
consumo. La venta clandestina de copias mercado (Oba & Chan-Olmsted, 2006). Por
ilegales de música o películas, el intercambio consiguiente, los cambios en la gestión de
de archivos peer to peer, el pirateo de la señal los contenidos exclusivos tiene su incidencia
de televisiones de pago, el acceso a webs de también en las televisiones en abierto.
suscripción mediante claves ficticias, la
difusión de contenidos audiovisuales El éxito de los diarios gratuitos, con
protegidos en los portales de vídeo o el grupos empresariales tan importantes como
mismo uso que algunos sitios de Internet Metro o Schibsted, reside en la identificación
hacen de la información de los diarios son de un modelo de contenidos y un tipo de
algunos de los modos más habituales de lector no cubierto por los periódicos
vulnerar las leyes sobre el particular. La tradicionales. El avance de la televisión de
dispersión y diversidad normativa pago supone el caso contrario: en un
internacional en este campo no ayuda para mercado en que la tradición consistía en la

128 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 129

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

gratuidad, el reto es ofrecer contenidos más entiende con mayor normalidad la costumbre
exclusivos y cobrar directamente al de pagar por una sola canción y no por todo
televidente. El hecho de que hoy en Estados el disco. Ha sido el secreto del éxito de
Unidos existan dos potentes ofertas de radio iTunes.
de pago, XM y Sirius, supone poner en duda
las reglas tradicionales del mercado. ¿Quién La tirada de los diarios en Estados Unidos
decía que no eran posibles los diarios baja desde hace cinco años. El promedio de
gratuitos o las radios de pago? La cuestión retroceso del último semestre fue del 2,8%
clave reside en dar con el modelo de entre lunes y sábados y un 3,4% los
contenidos apropiado para cada modelo de domingos, según la Asociación
negocio. Nadie entendería que Metro Estadounidense de Periódicos. USA Today, el
ofreciese el mismo producto que el New York diario de mayor venta en EE UU (2.269.509
Times. Y mucho menos al contrario. Ni que ejemplares), cayó un 1,3%, y The Wall Street
una emisora local de radio gratuita Journal, el segundo (2.043.235) retrocedió el
distribuyera doscientos canales de radio 1,9%. La caída del tercero, The New York
milimétricamente segmentados. Times (1.086.798), fue superior, del 3,5%.
Los Angeles Times (775.766), perdió el 8%
Ciertos sectores de los consumidores por una combinación de la larga crisis que
son cada vez más concretos en cuanto a los atraviesa y la reducción de distribuciones
contenidos que demandan. Y no desean especiales (hoteles, colegios). The
comprar una vaca entera, sino solamente un Washington Post perdió un 3,3%, hasta los
filete. De algún modo, hay un hueco de 656.297 ejemplares. Los que crecen son los
mercado para contenidos mucho más diarios electrónicos: en el tercer trimestre de
troceados de los actuales. ¿Por qué comprar 2006, 57 millones de personas -más de un
el periódico entero si sólo interesa la sección tercio de todos los usuarios de Internet-
de opinión? Pero es cierto que este visitaron las páginas web de los diarios, un
planteamiento que ha funcionado desde el 24% más que hace un año.
punto de vista del consumo, no lo es tanto
desde la financiación. El micropago no se ha Por tanto, la estrategia de dirigirse hacia
generalizado. Poca gente entiende la ventaja la web y los gratutitos por parte de las
de pagar veinte céntimos de euro por el empresas editoras es una tendencia que se
artículo interesante y no un euro por todo el consolida cada vez más. Pero, eso sí, con un
periódico. Aunque entre los jóvenes se modelo editorial que no puede parecerse al

mediaXXI 129
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 130

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

de sus productos de pago. La utilización de los contenidos más estratégica y más


estrategias de repurposing es cada vez más ajustada a sus posibilidades reales de
común. Esto es, a partir del mismo contenido negocio, en la que las opciones de
crear diversos productos distribuidos a aprovechamiento de los contenidos, tanto
través de diversos canales. Esta táctica se estándar como de alta calidad, se amplían
entendía antaño en la industria del cine de un con las nuevas posibilidades tecnológicas.
modo multiplicador. A partir de una película Para ello, hay que plantear la producción de
de éxito, podía venderse el contenido contenidos desde un punto de vista más
audiovisual en sus diferentes ventanas, pero modular (por piezas que puedan ser
además el disco con la banda sonora, el libro combinables) que lineal (productos
correspondiente, el merchandising con los acabados cuya parcelación es compleja).
personajes o el videojuego hermano. La
industria de los medios impresos está
aprendiendo a hacer repurposing de sus VIEJA TECNOLOGÍA, NUEVA TECNOLOGÍA
contenidos a través de Internet y los medios
gratuitos. Si hay un sector de la industria de la
comunicación que ha sido sacudido en los
Además, los propios usuarios de los últimos años por el cambio tecnológico ése
medios de comunicación reclaman una es el de la música. Se trata además, de la
mayor participación. Incluso ellos mismos se industria más concentrada, en movimientos
convierten en pequeños productores de motivados por esta crisis global. EMI,
información. Según la visión del consejero Universal, Warner y Sony controlan el 75%
delegado de Reuters, Tom Glocer, los medios del sector, con EMI y Warner enfrascados
de comunicación han de proveer contenidos, desde hace años en una dinámica de ofertas
pero también herramientas de participación. de compra bidireccionales que no termina de
Su función residirá más en filtrar y editar concretarse. La misma Bertelsmann ha
toda la información disponible. Si las propias vendido su discográfica BMG a Vivendi por
audiencias se convierten en productores de 1.630 millones de euros. Así Universal, que
contenidos, como es el caso de los blogs, contaba ya con su propia compañía
foros o portales de vídeo, los medios tienen discográfica, supera a EMI y alcanza el
que contar con esa realidad e integrarla en su primer puesto en ventas de discos en el
propia estrategia. Las empresas de mundo.
comunicación caminan hacia una gestión de

130 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 131

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

En el mundo de la música, el cambio la Industria Discográfica estima que todavía


tecnológico ha afectado radicalmente a la en 2005 se descargaron 20.000 millones de
misma estructura del sector. La revolución canciones ilegalmente, mientras que las
llegó con Napster, que aparece en 1999 y legales fueron de 420 millones.
cierra en 2001, tras quebrar por la presión de
las propias discográficas. Empresas de El caso de la industria de la música es
tamaño global no pudieron impedir que los muy clarificador acerca de cómo en
usuarios intercambiasen archivos musicales situaciones de amenaza a toda una industria
entre sí sin pasar por su omnímoda taquilla. se puede innovar con estrategias cruzadas
La réplica a este fenómeno, vino de una como la de Apple. El iPod cuenta con una
empresa de ordenadores, Apple. Con una cuota de mercado de alrededor del 75% en
brillante estrategia tecnológica y de reproductores de música y vídeo. Microsoft
contenidos, puso en el mercado su ha lanzado Zune, del mismo modo que
reproductor de música, el iPod, y su sitio de intenta competir con Playstation (Sony) con
descarga de canciones legales, iTunes. El su XBox. Zune también contará con su
hecho claro es que Apple no se considera ya propio sitio de descarga de canciones (Zune
a sí misma una empresa de ordenadores. Ha Marketplace) a precios similares a los de
vendido 67 millones de iPod en todo el iTunes (99 centavos por canción). Así pues,
mundo y más de 1.500 millones de el contenido ha dejado de ser el rey. O al
canciones a través de iTunes. menos tiene que compartir su corona con la
tecnología. Tanto Microsoft como Sony están
En cualquier caso, sitios como iTunes lanzando sus nuevas versiones de
venden música por Internet, pero las redes videoconsolas. Sony parte con la ventaja de
peer to peer siguen funcionando, con haber vendido 111 millones de unidades de
programas como Kazaa, eMule o Gnutella. La su anterior Playstation 2. Microsoft pretende
persistencia de esta tendencia ha obligado a que su XBox 360 sea el centro del
las empresas a pensar en nuevas opciones. entretenimiento en el hogar, con la
Spiralflog es el proyecto de Universal para posibilidad de bajar películas de Internet en
ofrecer descargas gratuitas de canciones y alta definición y con precios similares a los
vídeos desde Estados Unidos y Canadá, que del videoclub de la esquina.
se financiará con publicidad. Pretende ser
una alternativa a las descargas ilegales y a la
propia iTunes. La Federación Internacional de

mediaXXI 131
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 132

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

Aunque el mercado de contenidos para futuro en el que los usuarios de móviles


teléfonos y otros dispositivos móviles, como puedan ver la televisión en sus terminales sin
el iPod, está en una etapa incipiente, ofrece tener que pagar una conexión, al igual que lo
gran potencial para las empresas de hacen con sus televisores u ordenadores
comunicación establecidas, especialmente personales.
aquellas con marcas fuertes que son
familiares y atractivas para los abonados a la En el mercado de Internet, también la
telefonía móvil. Específicamente, los innovación tecnológica se está revelando
contenidos para dispositivos móviles como un poderoso facilitador de cambios
presentan no sólo un ingreso adicional para empresariales. Google ha adquirido YouTube
las empresas, sino oportunidades de por 1.650 millones de dólares. Con esta
sinergias promocionales (Chan-Olmsted, adquisición, Google controla más del 50%
2006). del mercado de los vídeos en Internet,
después de que en 2005, creara Google
Se ha pasado del transistor, el televisor y Video. YouTube, empresa líder en vídeos en
el ordenador a los nuevos dispositivos de Internet, seguirá manteniendo su marca y
consumo de información, como la consola, el sus empleados. A partir de esta alianza,
portátil, el iPod, el PVR, el teléfono móvil o la Google ha cerrado acuerdos con varias
PDA. Los últimos rumores de mercado empresas que le suministrarán contenidos
apuntan a que Apple está desarrollando un audiovisuales. Entre ellas se encuentran
dispositivo que cumpla al mismo tiempo las Sony, CBS, Warner y Universal. Más de 100
funciones de teléfono móvil y reproductor de millones de videos han sido colgado en
música, en lo que los fans de la marca han YouTube y otros 70.000 se incorporan cada
venido en llamar iPhone. De hecho, ya día. La propia NBC ha firmado un acuerdo
Motorola ha puesto en el mercado su ROKR, con el portal de vídeo para incluir clips de sus
con las mismas funciones señaladas, pero el productos, cuando en febrero pasado la
éxito del aparato ha sido limitado, ya que propia NBC había amenazado al sitio web con
sólo permite almacenar unas 100 canciones acciones legales por incluir clips con
y no las descarga directamente de iTunes. Un copyright de NBC. YouTube fue capaz de
problema para el consumo de contenidos en poner a disposición de los usuarios una
dispositivos móviles, como es el caso de los tecnología sencilla para compartir sus vídeos
teléfonos, es la doble facturación de la con otros usuarios. Una empresa
descarga y la conexión. Cabe esperar un innovadora, como Google, se vio superada

132 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 133

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

por la misma innovación, tecnológica y de En el pasado, los impedimentos


marketing, de YouTube. tecnológicos y de márketing a la distribución
digital de libros y software ha hecho perder
La reacción de Google se basa en su mucho dinero a las empresas que apostaron
misión de convertirse en la plataforma de por ello. Es probable que la naturaleza de los
referencia no sólo para textos, sino también productos informativos, particularmente los
para contenidos audiovisuales. Ante la libros, evolucione para convertirse en más
fortaleza y actividad de Google en el mercado ricos y complejos y aprovechar así las
de Internet, no han faltado las alianzas por posibilidades creadas por los futuros
parte de otros operadores. Ebay y Yahoo han dispositivos de consumo. Los géneros de
acordado que la primera utilizará el software bienes de información tal y como los
de Yahoo para poner anuncios en su página conocemos hoy –libros, software, discos,
web (sólo un 1% de sus ingresos vienen de películas- podrían desaparecer y nuevas
publicidad) y los usuarios de Yahoo podrán formas más allá de la imaginación podrían
utilizar el sistema de pago de Ebay, Paypal. desarrollarse (MacInnes & Kongsmak,
Este acuerdo, que sólo incluye el mercado 2005).
estadounidense, podría suponer un aumento
del tráfico de Yahoo del 30% y las ventas de A pesar de la incertidumbre tecnológica
Ebay un 5%. todavía reinante en el sector, los ejecutivos
de las principales empresas norteamericanas
En cualquier caso, las posibilidades de comunicación son cada vez más sensibles
reales de expansión de las nuevas formas de a las demandas cambiantes de la era digital y
distribución tecnológica descansan en la están actuando para tomar ventaja en el
generalización de la banda ancha. Según nuevo entorno. Después de la confusión e
PricewaterhouseCoopers, de los 187 indecisión al final de la era puntocom, las
millones de hogares con banda ancha en empresas de comunicación están invirtiendo
2005 se pasará a 433 en 2010, con un otra vez en negocios basados en Internet y
incremento medio anual previsto del 18,3%. otras operaciones digitales. Al tiempo que
Los mercados móviles pasan de 1.800 asumen el concepto de convergencia y su
millones de abonados en 2005 a los 2.800 influencia operativa en las plataformas
millones en 2010. El crecimiento medio por tecnológicas, las operaciones internas y los
año es del 9,1%. contenidos, la mayoría de las empresas de
medios tienen una estrategia digital implícita

mediaXXI 133
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 134

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

o de hecho. La digitalización ha llevado a Pero ¿puede considerarse menos creativos a


nuevos modelos organizativos y estrategias los ejecutivos de marketing o tecnología
de gestión. Nuevas cuestiones estratégicas dedicados a conectar esos contenidos
se han planteado sobre las audiencias y creados con los públicos a los que pueden
competidores mientras la convergencia ha interesar? ¿No son creativos innovadores los
tenido un impacto de mercado en la jóvenes fundadores de YouTube? A ellos no
publicidad, el marketing y el servicio al les ha sido necesario grabar un solo vídeo (a
cliente (Dennis, Warley, & Sheridan, 2006). excepción del clip en el que entre risas y
bromas explicaban la venta de la empresa a
Google). Sin embargo han sido capaces de
PERSONAL ADAPTADO, crear un concepto compuesto de tecnología
PERSONAL AVANZADO sencilla y marketing viral que ah superado la
capacidad atractiva de los propios
Buena parte de las innovaciones contenidos. La clave de su innovación ha
tecnológicas y de contenidos más sido: nosotros ponemos la plataforma, los
destacadas en el mundo de los medios en los contenidos los pone usted.
últimos años no han venido de las grandes
corporaciones. Las empresas más En el mundo del cine, se han dado
innovadoras en este sector son diversos casos en los que empresas
frecuentemente aquellas que son capaces de especialmente hábiles en la gestión del
crear equipos con un alto rendimiento y que talento han sido adquiridas por grandes
ponen el foco de su día a día en la gestión del estudios. Es el caso de Miramax o New Line,
talento. que supieron diseñar productos e identificar
oportunidades de negocio que los estudios
La base de las empresas de no supieron concretar. Pero también otros.
comunicación reside cada vez más en su Cuando Disney compra Píxar no está
capital humano. Al fin y al cabo, son adquiriendo una tecnología, sino un saber
compañías que se dedican a contar cosas a la hacer, un modo de trabajar, un talento
gente. ¿Cómo pueden sobrevivir sin creativo que es distinto a los demás. Viacom,
excelentes contadores de cosas? Los propietario de Paramount, compró los
empleados creativos, tales como periodistas, estudios DreamWorks por 1.600 millones de
guionistas, actores o músicos, se dedican a dólares a finales de 2005. DreamWorks fue
contar historias de un modo profesional. fundado hace doce años por el director

134 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 135

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

Steven Spielberg, el productor musical David grandes estrellas siguen aportando cosas
Geffen y el ejecutivo de cine Jeffrey interesantes a las grandes empresas, aunque
Katzenberg. Ha producido títulos como en ocasiones es difícil de cuantificar. ¿Cuánto
Shrek, Gladiator o American Beauty. La ha aportado al Real Madrid en el terreno de
gestión del talento en estas empresas ha juego el fichaje del internacional inglés David
demostrado que una buena idea tiene más Beckham? ¿Y en su estrategia de marketing
poder de comercialización en esta industria para convertirse en una de las marcas más
que la mayor de las campañas de marketing. conocidas del mundo? Aunque también cabe
Y para tener buenas ideas de manera preguntarse: ¿Quién ha aportado más,
continuada, la gestión excelente del personal Beckham al Real Madrid o el Real Madrid a
creativo es la clave. Beckahm? La gestión del talento de alto
rendimiento comercial, como es el caso de
Las empresas de comunicación se las grandes estrellas del cine, la música o la
mueven con frecuencia en la dicotomía entre televisión, es un controvertido aspecto en la
su personal estrella y su personal de línea. gestión de unas empresas en las que en
Las estrellas siguen pesando en esta ocasiones hay empleados que cobran más a
industria. Pero al final, el juego se reduce a final de mes que el propio consejero
un asunto de marcas. Si una empresa de delegado.
comunicación quiere captar la atención
informativa de los votantes conservadores en En otro nivel, el de los empleados de
Estados Unidos puede optar porque su línea, los retos de las empresas de
marca dominante sea Rush Limbaugh o Fox comunicación son bastante diferentes. Quizá
News. Presentadores estrella hay pocos, y en el primero de ellos es el de la identificación
ocasiones generan más beneficio personal con la cultura corporativa. Como ejemplo
del que aportan a sus empresas. Las marcas extremo, se han señalado con frecuencia las
poderosas son más seguras, pero requieren dificultades de las joint ventures,
de sólidos equipos humanos y que especialmente entre empresas de orígenes
comparten la misión de la empresa en un culturales muy diversos, como es el caso de
nivel de compromiso casi vital. Por una firma occidental y otra oriental (Lee,
cuestiones como ésta Fox News se ha 2006). Pero el perfil de trabajador de un
convertido en el líder de la información 24 medio de comunicación alberga aspectos
horas en Estados Unidos, superando a la distintivos que no cabe olvidar. Cuestiones
mítica CNN. Pero indudablemente, las como la aversión a las jerarquías, la

mediaXXI 135
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 136

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

necesidad de tener una impresión de libertad y, cómo no, la edición impresa del periódico
en el ejercicio de su trabajo, o la relación de para la mañana siguiente. Esta
su trabajo con su propio proyecto vital e reorganización implica también el despido de
ideológico son clave para una gestión 133 trabajadores. Ciertamente, se observa
inteligente de los productores de contenidos. alguna presión hacia las reducciones de
Especialmente en el mundo de la personal en las redacciones, como ha sido el
información. Los periodistas son empleados caso en Los Angeles Times, movimiento que
de plantilla con autoconciencia de ha originado un fuerte enfrentamiento entre
profesional liberal, conceptos opuestos que los directivos del periódico y la empresa
de hecho conviven en las redacciones de los editora, propiedad del grupo Tribune. Las
medios. empresas de comunicación han de vigilar
con extremo cuidado que estos procesos de
Una tendencia que ya ha empezado a despido no terminen por despedir también a
marcarse es la integración de redacciones los mejores talentos y con ellos el contenido
para proveer información a diversos premium de sus publicaciones.
soportes. Por esta senda han marchado The
Guardian, The New York Times o el Financial Una ventaja para las plantillas actuales de
Times. El último caso reseñable ha sido el de los medios de comunicación es la difícil
la redacción del Telegraph londinense, que se deslocalización de buena parte de las
ha reorganizado siguiendo un diseño radial actividades productivas en este sector. Para
(las secciones se disponen radialmente un fabricante de automóviles o de productos
alrededor de una gran mesa de edición) y ha textiles la perspectiva de trasladar su
integrado sus redacciones de las ediciones producción a otros países con mano de obra
diaria, dominical y on-line. Todos los barata puede ser interesante. Pero los
redactores han de estar preparados para empresarios de la comunicación necesitan a
trabajar con texto, audio y vídeo. Esta sus empleados aquí y ahora. Es complicado
reorganización responde a los cuatro imprimir periódicos o revistas a demasiada
productos que se lanzarán cronológicamente distancia de los puntos de distribución, pero
cada día. Por la mañana, los redactores todavía más difícil es tener periodistas o
trabajaran en textos para la web. Después, comerciales que puedan hacer un trabajo
soportes de audio y vídeo. Posteriormente, local a miles de kilómetros de distancia. No
se editarán páginas en PDF. Además, se obstante se han producido algunos conatos
desarrollarán contenidos para móviles y PDA de deslocalización de partes del proceso

136 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 137

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

productivo, como la grabación de películas MARKETING DE AMPLIO ESPECTRO,


norteamericanas en estudios de cine indios MARKETING DE NICHO
con personal autóctono o la impresión de
libros europeos en fábricas chinas. Las empresas de comunicación suelen
moverse entre las ofertas generalistas
Lo que sí queda claro es que cada vez dirigidas a un público amplio y las ofertas
más los empleados de empresas de especializadas que se orientan a una
comunicación han de ser capaces de generar audiencia más segmentada. Por supuesto, se
contenidos para diversos medios y soportes. da con frecuencia la combinación de ambos
La época de la empresa de comunicación aspectos. Los directivos que intentan
monoproducto ha terminado. Hoy en día las ejecutar una estrategia de mass
compañías son casi siempre multiproducto y customization están normalmente
necesitan una dinámica de generación de preocupados por los aspectos técnicos y
contenidos que alimente las diferentes organizativos, pero es más importante saber
plataformas con las que pretende servir las si los consumidores aprecian de hecho este
necesidades informativas y de nuevo concepto y están dispuestos a pagar
entretenimiento de las audiencias y las por ello (Schroder, Sick, Putzke & Kaplan,
necesidades persuasivas de los anunciantes. 2006).
Al periodista monomedia no le aguarda un
futuro prometedor. El periodista del futuro ha La doble clientela en la industria de la
de ser capaz de desenvolverse en los más comunicación afecta indudablemente al
variados lenguajes y soportes. Lo esencial es modo particular de gestionar el marketing. La
la información, que sea capaz de generar un especial interrelación entre el producto
contenido distintivo, con valor. El medio a contenido y el producto audiencia es una
través del cual se comunique a la audiencia particularidad esencial en el marketing de
será secundario. Como se ha visto, para ello medios de comunicación. El consumo de
se preparan las principales organizaciones medios de comunicación no está siendo
informativas del mundo. afectado por cambios radicales, pero sí
pueden identificarse tendencias de fondo
cuyo impacto no resulta irrelevante, como el
avance de nuevos sistemas digitales de
distribución, la dualidad entre contenidos
gratuitos (commodities) y de pago

mediaXXI 137
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 138

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

PREVISIÓN GASTOS CONSUMIDOR FINAL Y PUBLICIDAD


EN 2010 (MILES DE MILLONES DE DÓLARES)

Consumidor final Ingresos publicitarios


Gastos Crecimiento Gastos Crecimiento
totales anual totales anual
Industria cinematográfica 104 5,3%
Televisión convencional 193 9,3% 202 6,8%
Televisión de pago 62 4,7%
Industria discográfica 48 5,2%
Radio 18 7,5% 41 4,9%
Publicidad exterior 28 7,3%
Internet 214 11,9% 52 18,1%
Videojuegos 46 11,4%
Información empresarial 101 5,3%
Revistas 53 2,7% 65 4,4%
Periódicos 68 1,4% 140 4,0%
Libros 131 2,9%
Parques temáticos 28 4,5%
Casinos 125 8,8%
Deportes 121 7,0%
Total 1.311 6,8% 521 6,2%

Fuente: PricewaterhouseCoopers, Global Entertainment and


Media Outlook 2006-2010.

(premium) o la convivencia entre ofertas on line se pasen a la edición impresa. Más


masivas y productos de nicho. todavía si la opción en papel es de pago y la
versión en Internet es gratuita. Los datos
Hay una evidencia en marketing en la que muestran que los ingresos provenientes de la
los medios de comunicación parecen publicidad y del consumidor final son cada
apoyarse ante las nuevas amenazas. Es vez más desiguales, como muestra la tabla
aquella que dice: los hábitos de consumo son siguiente.
difíciles de cambiar. Y si esta afirmación es
cierta, hace pensar a los periódicos que es Los datos indican que el peso de la
difícil que el grueso de sus lectores deje de publicidad como fuente de ingreso frente al
leer su edición en papel. Pero el mismo bolsillo del consumidor final se está
principio indica que también será difícil que reduciendo, del mismo modo que se está
los lectores del mismo medio en su edición reduciendo la inversión en medios
publicitarios convencionales frente a otras

138 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 139

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

acciones de marketing. Evidentemente, los diarios. El proyecto de fondo de Google


siempre quedará la ventaja de la publicidad es construir un único sistema a través del
de poder emitir un mensaje único, en un cual los anunciantes puedan comprar
mismo momento, hacia un público publicidad en cualquier medio. La idea es que
segmentado y conocido. Los debates sobre los diarios proporcionen una lista de
la efectividad de la publicidad convencional espacios disponibles con sus tarifas y los
normalmente olvidan la fortaleza de los anunciantes accedan a esa información y
grandes medios para comunicar mensajes hagan una oferta por el espacio elegido. Por
comerciales de un modo masivo, en com- el momento, Google prestará este servicio de
paración con otras opciones. manera gratuita, aunque prevé cobrar en el
futuro si el experimento funciona. La
Los grupos de comunicación coordinan empresa se queda con el 20% de los
sus estrategias comerciales a través de ingresos por anuncios que coloca en sitios
centros corporativos especializados e incluso web.
empresas filiales que concentran la
coordinación de sus actividades de venta La de Google en Internet es otro modo de
directa. Es el caso de las comercializadoras vender publicidad que llega a audiencias
de publicidad que son cada vez más amplias pero a través de multiplicidad de
frecuentes en los grupos multimedia y en las pequeños soportes. Esta empresa se
que se vende espacio publicitario en aprovecha de una tendencia hacia la
periódicos y revistas, así como tiempo en personalización, la microsegmentación de
radio y televisión o módulos en sitios web. los públicos y de los productos, que ahora ya
no se piensan en términos de productos
Pero nuevas formas de vender publicidad cerrados, sino cada vez más en módulos, que
se están abriendo paso en el mercado. pueden ser empaquetados en diferentes
Google va a probar un sistema en el que combinaciones para cada tipo de
ejercerá como intermediario para la venta de consumidor. Esta idea modular, que hunde
publicidad con cincuenta grandes periódicos su raíz en las propias agencias de noticias, se
estadounidenses, entre los que se explicita de un modo más claro en los
encuentran algunos como el USA Today, New paquetes audiovisuales de pago.
York Times o el Washington Post. La
intención es replicar su sistema de En los principales mercados europeos de
colocación de publicidad en sitios web para televisión de pago, hay muchas posibilidades

mediaXXI 139
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 140

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

de sustitución, dado que las plataformas La creación de comunidades de marca


tienen que enfrentarse a muchos canales en alrededor de ciertos productos es cada vez
abierto y a la piratería de su propia señal. En más importante en la estrategia de marketing
estas condiciones, es difícil atraer nuevos de los medios. Pero esto requiere no sólo
consumidores y los esfuerzos para lograr admitir, sino promocionar y gestionar la
diferenciación de producto han llevado a una participación de las audiencias, tanto como
competencia intensa entre las compañías para que puedan llegar a modificar los
establecidas y los nuevos entrantes. Esto ha productos. Todavía impera en las empresas
llevado a un aumento de los costes de de comunicación una visión netamente
programación y ha hecho más difícil todavía unidireccional en la que el medio habla y la
alcanzar la rentabilidad. De este modo, los audiencia escucha. Es un modelo que ha
reguladores y las compañías deberían crear funcionado bien durante décadas, pero las
condiciones para una competencia regulada. nuevas tecnologías y los mismos cambios
Las televisiones de pago podrían limitar la sociales posibilitan y exigen lo contrario.
competencia enfocándose en diferentes Dentro de las estrategias de relación con el
segmentos de mercado y cooperando con los cliente e incluso de soluciones CRM ha de
proveedores de contenidos (Leandros and integrarse esta nueva realidad.
Tsourvakas, 2005).
¿Cuál será el perfil del consumidor de
Esta mayor segmentación como modo de medios del futuro? Quizá se pueda aventurar
aliviar la competencia frontal coincide con poco sobre este asunto, pero lo único que
una tendencia paralela. Los medios de cabe reconocer es que será probablemente
comunicación están iniciando un camino muy diferente del actual. Su dieta mediática
hacia una mayor concentración en sus podría no ser demasiado similar a nuestro
marcas, ya que éste es tradicionalmente un modo actual de leer periódicos y revistas,
sector más de grandes empresas que de escuchar música y radio, ver la televisión o ir
grandes marcas. Ocurre a la vez que están al cine o visitar una web de Internet. Pero
llegando nuevos competidores tangenciales sobre todo por su modo de utilizar el teléfono
que son mucho más marcas que empresas. móvil, el reproductor portátil o cualquier
El caso más paradigmático es Google, dispositivo en movilidad. Los nuevos
aunque no el único. Otras marcas de Internet consumidores serán más concretos en sus
mucho más fuertes que las empresas que demandas y exigirán una disponibilidad
tienen detrás son YouTube y MySpace. prácticamente universal de los servicios.

140 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 141

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

Según el informe Digital Life 2006 de la ONU, Unidos. Las perspectivas de futuro para los
los medios digitales ya son los más utilizados negocios de Internet son siempre resaltadas
entre la población mundial. Además, los como positivas por los analistas, pero lo
menores de 18 años dedican a los nuevos cierto es que prácticamente todos los
medios una media de 14 horas semanales, negocios de comunicación son cada vez
por doce de la televisión, seis para la radio y más, de un modo complementario, también
apenas dos para diarios, revistas y cine. Son negocios de Internet. Las previsiones de
datos que no están pasando desapercibidos crecimiento para otros segmentos de la
para los medios. industria son muy dispares, como recoge la
tabla siguiente.
CRECIMIENTO PREVISTO DE LA INDUSTRIA DEL OCIO Y
LA COMUNICACIÓN

2006 2007 2008 2009 2010 Media


Industria cinematográfica 2,9 4,9 6,0 6,6 6,0 5,3
Televisión convencional 7,8 5,6 8,1 4,9 6,9 6,6
Televisión de pago 9,0 7,6 9,2 7,3 8,5 8,3
Industria discográfica 5,0 6,0 5,9 4,9 4,5 5,2
Radio y publicidad exterior 6,5 5,6 6,4 6,1 6,3 6,2
Internet 17,3 15,5 12,8 0,6 8,8 12,9
Videojuegos 15,0 18,4 11,2 7,5 5,6 11,4
Información empresarial 6,2 5,8 5,4 4,9 4,4 5,3
Revistas 3,6 3,8 4,1 3,5 3,0 3,6
Periódicos 3,0 2,9 3,7 2,7 3,3 3,1
Libros 1,3 4,7 2,2 3,3 3,2 2,9
Parques temáticos 4,8 4,3 4,4 4,1 4,8 4,5
Casinos 10,1 10,0 9,2 7,7 6,9 8,8
Deportes 13,5 1,2 9,9 1,3 9,5 7,0
Media del sector 7,5 6,6 7,3 5,6 6,2 6,6

Fuente: PricewaterhouseCoopers, Global Entertainment and


Media Outlook 2006-2010.
Según PricewaterhouseCoopers, la
industria de la comunicación se encuentra en
FINANZAS CORPORATIVAS, una fase de crecimiento que se mantendrá
FINANZAS FAMILIARES durante los próximos cinco años,
especialmente en las zonas emergentes
Algunos analistas han resaltado el hecho (China, India, Europa Central y del Este e
de que Google tiene actualmente mayor Iberoamérica). El volumen de negocio de
capitalización bursátil que el conjunto de los este sector pasará de 1,3 billones de dólares
principales grupos de prensa en Estados en 2005 a los 1,8 en 2010, con crecimiento

mediaXXI 141
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 142

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

medio del 6,6 por ciento anual. Estados compra de clientes. Un año antes Gustavo
Unidos sigue representando el mayor Cisneros y Rupert Murdoch acordaron
mercado de medios de comunicación del fusionar las televisiones de pago DirecTV y
mundo, pero el mercado de la comunicación SkyNews en América Latina.
en China crece a un 25 por ciento anual. En
2008 se convertirá en el mayor mercado de Pero este tipo de operaciones
Asia, por encima de Japón. Por otro lado, las corporativas de consolidación no sólo se han
perspectivas para los medios impresos dado en la televisión de pago. Se han
(periódicos, revistas y libros) son más producido también en el mercado de la
limitadas que para Internet, los videojuegos o televisión en abierto de Estados Unidos, con
la televisión de pago. el cierre de las cadenas de Warner y UPN y la
creación del quinto canal del país, The CW.
La televisión de pago es un negocio que ha Fox y News Corporation han aprovechado las
sufrido múltiples correcciones de mercado estaciones liberadas para lanzar My Network
en los últimos años. Allí donde las TV, cuya cobertura inicial es de sólo el 24 por
plataformas de televisión digital han ciento del mercado estadounidense.
aumentado, no presenta claros beneficios a
los ojos del público general en comparación El crecimiento de los grandes grupos de
con la televisión analógica. Al contrario, comunicación, tanto de escala global como
existen muchos casos de quiebra entre las nacional, suele estar más basado en
compañías de televisión de pago, como la operaciones corporativas de fusiones y
corporación Kirch en Alemania, o el fracaso adquisiciones que en el desarrollo de nuevos
de Stream y Telepiu en Italia, ITV digital en el productos. De hecho, parece confirmarse la
Reino Unido o la retirada de Vía Digital y máxima según la cual gran tamaño y
Quiero TV en España. flexibilidad e innovación son prácticamente
incompatibles.
En 2005 se cerró la fusión de las
plataformas digitales francesas CanalSat y Así, suele ocurrir que una empresa fuerte
TPS. Time Warner y Comcast compraron en adquiere una iniciativa novedosa que ha
ese año la compañía de cable Adelphia por captado un segmento de mercado
17.600 millones de dólares, que pasaba por interesante. Los últimos ejemplos son la
dificultades financieras, en lo que, en el compra de MySpace por parte de News
fondo, representaba una operación de Corporation o de YouTube por parte de

142 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 143

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

Google. Pero se vienen produciendo dedicado a invertir en empresas en


operaciones corporativas de calada también desarrollo, y Bain Capital Partners, dedicada
entre medios tradicionales. a invertir en operaciones de riesgo y gestión
de activos públicos y privados. Además,
El grupo español de comunicación Prisa Clear Channel anunció que se va a
mantiene una OPA sobre el 100% de la desprender de 42 estaciones de televisión.
propiedad de la empresa portuguesa Media
Capital que lanzó el pasado 26 de octubre. La misma Time Warner vendió en 2003
Prisa, que ya se hizo con el 33% del su división de música Warner Music a un
accionariado del ente portugués en 2005. grupo inversores encabezados por el
Media Capital es el principal grupo de magnate Edgar Bronfman por 2.600 millones
comunicación del país luso con medios tan de dólares. Y el primer grupo de
importantes como TVI, canal con los comunicación en español en Estados Unidos,
mayores índices de audiencia televisiva. Univisión, ha sido vendido por 12.000
Además, Media Capital, está presente en millones de dólares a un grupo de inversores
empresas de publicidad, televisión por cable, privados capitaneado por el millonario Haim
radio y es líder en producción de contenidos. Saban. La cadena de televisión llega al 98 por
ciento de los hogares hispanos en Estados
Pero el sector de la comunicación está Unidos a través de 62 estaciones y 90
viviendo una tendencia con el traspaso de la emisoras afiliadas. Las disputas entre
propiedad de algunas empresas no a grupos Televisa, Cisneros y otros accionistas han
de comunicación, sino a consorcios de motivado la venta.
inversores en los que suelen estar presentes
firmas de capital riesgo, fondos de inversión La fusión entre America On Line (AOL) y
e incubadoras de empresas. Time Warner en 2000 fue anunciada como la
gran unión entre las redes y los contenidos.
Clear Channel Communications, Seis años después, y tras muchas
principal propietaria de estaciones de radio dificultades en bolsa y diversos paquetes de
en Estados Unidos, con 1.150 emisoras en despidos, AOL es solamente la división de
todo el país ha sido traspasada a un grupo de Internet de un grupo de medios que ha vuelto
inversores por un total de 18.700 millones de a llamarse Time Warner. El valor en bolsa de
dólares. El grupo de inversores está formado Yahoo o Ebay ha caído fuertemente, así como
por dos empresas, Thomas H Lee Partners, el de Microsoft y Google.

mediaXXI 143
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 144

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

Las grandes fusiones entre viejos y empresa editora del Times. Otros grandes
nuevos medios han quedado aparcadas y se diarios americanos que han entrado en el
observa una tendencia a la concentración en negocio de los gratuitos son The Washington
el core business mediante operaciones de Post, que lanzó el gratuito Express, o el
expansión geográfica y ventas de activos Chicago Tribune que publica RedEye en
secundarios. Como ejemplo, Disney ha Illinois y es el primer inversor de AM New
comprado por 30,5 millones de dólares el York, competidor de la versión de Metro en la
canal de televisón indio para niños Hungama, ciudad de los rascacielos.
que emite en idioma hindi. También cerró en
2001 su portal go.com y absorbió las Como puede observarse, los grupos de
acciones de Disney Internet Group. comunicación ejecutan operaciones
Asimismo, en 2005 produjo por primera vez corporativas más conservadoras que en el
una película en China y abrió su primer pasado. A pesar de haber integrado sus
parque temático en ese país en Hong Kong. acciones en los mercados de capitales, las
empresas de comunicación continúan siendo
Otra muestra de concentración en el básicamente empresas familiares.
negocio principal es la intención del New
York Times de vender sus negocios de radio Excepto Knight-Ridder, Gannet y Tribune,
y televisión para centrarse en prensa e los principales grupos de periódicos
Internet. La división de radiodifusión estadounidenses están básicamente
representa sólo el 4% de los ingresos totales controlados por familias a través de la
en 2005. Son estaciones rentables y situadas creación de dos tipos de acciones,
en mercados con potencial. Un movimiento mecanismo que actúa como una barrera de
en este sentido fue la adquisición del 49% del entrada para cualquier influencia indeseada.
gratuito Metro Boston por 16,5 millones de Además, el grado de propiedad institucional
dólares. en los periódicos americanos está
negativamente relacionado con el grado de
El resto del capital permaneció en manos rentabilidad.
del grupo sueco Metro Internacional. Metro
Boston distribuye unos 300.000 ejemplares Los bancos, aseguradoras y firmas de
diarios y compite con el diario de pago The gestión de activos parece influir en una
Boston Globe, con una circulación de unos gestión más conservadora, aunque por ello
450.000 ejemplares, que es propiedad de la también más estable. Su presencia puede no

144 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 145

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

aumentar los beneficios de la empresa, pero productos dirigidos a públicos muy variados.
asegura financiación futura y transacciones
favorables (An, Jin and Simon, 2006). Desde el punto de vista de la propiedad,
el sector público sigue marcando una
Las empresas de comunicación han impronta destacada en algunos países del
nacido y permanecen en su inmensa mayoría mundo. En Europa, perviven los antiguos
como empresas familiares, aunque el signo monopolios de radio y televisión. Gazprom,
de los tiempos les ha llevado al mundo de la la compañía estatal rusa, posee la mayor
bolsa. La venta de BMG a Universal ha televisión privada del país (NTV) y el
servido a Bertelsmann para recomprar periódico Izvestia. El caso más
acciones propias por 4.5000 millones de paradigmático quizá sea el de China, donde la
euros y evitar su salida a los mercados de industria de la comunicación se encuentra en
títulos. Esta resistencia coincide en el tiempo una gran encrucijada. El Gobierno chino ha
con la impresión de que está llegando a su fin anunciado en diversas ocasiones su
la época de los grandes magnates. En los intención de reformar la gestión empresarial
últimos años han fallecido Emilio Azcárraga de algunos de sus medios de comunicación,
(Televisa), Roberto Marinho (Globo) y Jan con el objetivo de reducir su dependencia de
Stenbeck (Metro); otros como Rupert las subvenciones públicas y de las
Murdoch (News Corporation), Ted Turner suscripciones, que habían caído en los
(Time Warner), Silvio Berlusconi (Mediaset) principales diarios por el cambio de gustos
o Jesús Polanco (Prisa) preparan su en las nuevas generaciones. Antes de las
sucesión y retirada; otros han quedado fuera reformas, el 40% de los 2.137 periódicos
de circulación por problemas financieros editados en China dependían de las
(Leo Kirch) o políticos (Vladimir Gusinski). suscripciones de la administración.

Paradójicamente, esta concentración de Las autoridades han cerrado más 700


la propiedad coincide también con la publicaciones no rentables adscritas al
fragmentación del consumo. Aunque la partido y al gobierno, otras 325 han pasado a
época de las grandes fusiones para la grupos privados y 310 se han convertido en
creación de conglomerados parece haber autónomas. Esto podría abrir el camino a la
pasado, lo cierto es que las empresas de inversión de capital extranjero privado. La ley
medios han de ser capaces de gestionar de vigente prohíbe, por ejemplo, publicar
manera integrada una multiplicidad de revistas extranjeras en chino, aunque

mediaXXI 145
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 146

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

algunas ediciones como las de Newsweek, integrar totalmente las estrategias digitales
Forbes o Harvard Business Review podían (Dennis, Warley, & Sheridan, 2006).
encontrarse en los quioscos. Business Week
es una excepción y obtuvo en 1986 una El sector de la comunicación parece estar
licencia especial para su edición en muy marcado por algunas dicotomías que
mandarín. influyen en la actividad diaria de empresas de
todos los tamaños. La primera de todas es la
tensión entre el pago y la gratuidad de los
UNA MIRADA AL FUTURO contenidos, pero no cabe olvidar otras como
las relaciones medios tradicionales-nuevos
Las empresas de comunicación están medios (con sus respectivas y diferentes
redefiniendo su papel en la sociedad de la tecnologías), información-entretenimiento o
información y en la identificación de su core productos para públicos mayor o menor de
business. Frecuentemente, se ven a sí 40 años. Además, las grandes empresas de
mismas como vendedores de audiencias y comunicación tienen que trabajar
proveedores de contenidos, más que como continuamente con una bipolaridad entre lo
empresas de tecnología. Su función de global y lo local.
investigación y desarrollo está muchas veces
apartada, y optan por proveedores externos Los medios tradicionales mantienen una
de tecnología e informática. mentalidad en general local, pero los nuevos
competidores llegan con una visión global de
Las mayores amenazas que perciben los negocios. Internet, los videojuegos, el
vienen de aspectos legales y regulatorios, cine y la música son negocios cada vez más
incluyendo la propiedad intelectual, la globales, frente a la prensa, radio y televisión
sobrecarga de tecnología de consumo y la en abierto, que son negocios con base más
fragmentación de la audiencia, así como lo local. Simplificando la división, el mundo del
que muchos denominan las terribles entretenimiento es más bien global y el
prácticas de gestión de sus competidores. mundo de la información es más bien local.
Por un lado, las empresas de medios más
innovadoras antes de la burbuja digital se La influencia de la política en esta
beneficiaron menos que las que pospusieron industria, una tendencia que parecía ir a la
sus inversiones. Pero al mismo tiempo, los baja, vuelve a la palestra por la estricta
líderes saben que su futuro exige abrazar e regulación de países emergentes,

146 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 147

JUAN PABLO MUÑOZ | PAPER

especialmente China. En Occidente, en visitas. Pero ¿cómo gestionar y rentabilizar


general, las restricciones han ido caminando una web de relaciones personales que se
hacia una mayor liberalización de los escapa de los parámetros tradicionales de un
mercados y condiciones de competencia. medio de comunicación? La industria de la
comunicación compite básicamente por el
Existe un debate inacabado en el ámbito tiempo de ocio de los ciudadanos. Y ahí debe
empresarial de los medios sobre si es la conservar su foco: en seguir y dirigir los
distribución o los contenidos el factor más hábitos de ocio de la sociedad.
estratégico en este negocio. Sobre este
particular, hay contenidos fácilmente
producibles cuya clave es la distribución, ser
el propietario de los canales y controlar los
cuellos de botella. Pero al mismo tiempo, los
contenidos realmente valiosos serán clave en
el entorno competitivo del futuro, en el que
cada vez se insiste más en la multiplicación y
commoditización de los productos.

Una mirada al panorama de los medios


revela que las cosas cambian más de lo que
parecen. Metro ya se ha convertido en el
diario global más grande del mundo,
certificado por Guiness. Cuenta con 70
ediciones publicadas en 100 ciudades, 21
países y 19 idiomas en Europa, Norteamérica
y Asia. Distribuye veinte millones de copias,
tiene unos cuarenta millones de lectores… y
todavía está en números rojos.

En el pasado mes de julio, el sitio web


más visitado en Estados Unidos, según
Hitwise, no fue Google ni Yahoo. MySpace
superó a ambas alcanzando un 4,46% de las

mediaXXI 147
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:34 Page 148

PAPER | JUAN PABLO MUÑOZ

REFERENCIAS Lee, M. (2006). Managing a Joint Venture: A


Case Study of Participants´ Roles and

An, S., Jin, H. S., & Simon, T. (2006). Conflicts. Journal of Media Business Studies,

Ownership Structure of Publicly Traded 3(2), 63-78.

Newspaper Companies and Their Financial


Performance. Journal of Media Economics, MacInnes, I., & Kongsmak, K. (2005).

19(2), 119-136. Impediments to Digital Distribution for


Software and Books. The International Journal

Chan-Olmsted, S. (2006). Content on Media Management, 7(1&2), 75-85.

Development for the Third Screen: The


Business and Strategy of Mobile Content and Oba, G., & Chan-Olmsted, S. M. (2006). Self-

Applications in the United States. The Dealing or Market Transaction?: An

International Journal on Media Management, Exploratory Study of Vertical Integration in the

8(2), 51-59. U.S. Television Syndication Market. Journal of


Media Economics, 19(2), 99-118.

Dennis, E., Warley, S., & Sheridan, J. (2006).


Doing Digital: An Assessment of the Top 25 Schroder, D., Sick, S., Putzke, J., & Kaplan, A.

U.S. Media Companies and their Digital (2006). Mass Customization in the Newspaper

Strategies. Journal of Media Business Studies, Industry: Consumers´ Attitudes Toward

3(1), 33-51. Individualized Media Innovations. The


International Journal on Media Management,

Hammervold, R., & Solberg, H. A. (2006). TV 8(1), 9-18.

Sports Programs-Who is Willing to Pay to


Watch?. Journal of Media Economics, 19(3),
147-162.

Hess, T., & von Walter, B. (2006). Toward


Content Intermediation: Shedding New Light
on the Media Sector. The International Journal
on Media Management, 8(1), 2-8.

Leandros, N., & Tsourvakas, G. (2005).


Intensive Competition and Company Failures
in Subscription Television: Some European
Experiences. The International Journal on
Media Management, 7(1&2), 24-38.

148 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 149

ARJEN RADDER | INTERVIEW

“THE NEW GENERATION OF


CONSUMERS IS
THE ADVANTAGE OF THE
TRADITIONAL MEDIA”
IN THE AFTERMATH OF A RECENT VISIT TO PORTUGAL, ARJEN RADDER SPOKE TO

MEDIA XXI IN A PLEASANT INTERVIEW VIA TELEPHONE. THE ADVANCED COLLABORATION

SALES LEADER OF IBM TALKED ABOUT THE FUTURE OF THE MEDIA INDUSTRY AND

EXPLAINED HOW ENHANCED COMMUNICATIONS AND COLLABORATION CAPABILITIES

WITHIN THE COMPANIES CAN DRIVE INNOVATION IN THE WORLD OF BUSINESS AND

INFORMATION.

ANA JERÓNIMO & GUILHERME PIRES

Media XXI: Can you describe briefly the Software platforms, business partners,
IBM Lotus advance project, that you industry expertise as well as integrated
presented in IDC’s 2008 Conference? services are some of the major application
development tools that IBM deals with.
Arjen Radder: We went to IDC to describe our How do they interact?
vision and strategy around the unified
communications and collaboration. This One of the major things about our strategy is
means the incorporation and bringing that we built our solutions on top of open-
together of all the different communication standard technology. This is really crucial,
silos that we have seen existing in the last ten because it means that now not only ourselves
to twenty years: email, instant messaging, but also our clients and business partners
mobile phone, etc. We are trying to bring that can plug-in to these environments. From our
together all for the end user, so that the solution – which is called Sametime – it is
navigation and use of these communication possible to have plug-ins to, for example,
types becomes much easier. your telephone or telephonic central, or
videoconferences and other services. This
solution allows companies to leverage their
existing infrastructures.

mediaXXI 149
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 150

INTERVIEW | ARJEN RADDER

Do you believe that this solution can be happening is around the social aspects of
applied to the Media industry? this, and it is very much community-driven.
This doesn’t expand only to the team that you
Absolutely. We have different examples of have within your own organization, but also
clients that are working in the media to the value of incorporating business
landscape. This type of solution basically partners and customers into communities of
dealing with people and communications and interest.
connecting people to people and information The forth wave will be the integration and
is something in which we do very much unification of the different groups, and this
cross-industry, but also cross-industry size. will go on more and more. The purpose is to
In the media landscape we do a lot of things, make the workplace of the XXI century
and have many clients, like Les Echos, knowledge worker a unified environment,
France’s largest economic newspaper, the which is role-based and delivers applications
Swedish Television, or Twentieth Century and communications tools in the context of
Fox. the worker’s specific usage. In the future, we
will probably see solutions like a virtual
world, meeting in virtual landscapes, as
Is the communication industry moving from virtual offices, using holograms, for example.
a global technology era to a collaborative
one? What does the future hold?
All these solutions help creating a new
Yes, absolutely. This is already happening, media ecosystem. How will the traditional
through sources as the internet, blogs, media survive and act in this new media
instant messaging, email, the online landscape?
communities and human interactive
structures. What we saw happening in the I believe it will be crucial, first of all, for them
80’s and early 90’s was people productivity - to adapt, look at the possibilities and go with
calculators turned into spreadsheets, their time. Most of the media companies
typewriters turning into word processors, nowadays are already on that path, they have
etc. Then the next wave that we were in was websites, use the web to broadcast radio
team collaboration and knowledge shows, etc. It will be very important for those
management. traditional types of media to really see the
But the third wave that we currently see added value. And the main thing is that it is

150 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 151

ARJEN RADDER | INTERVIEW

not “more and more”; it is “and and”. I never another they will have to start to invest on
saw the disappearance of newspapers, or the technology. It is all depending on the
end of the direct contact between media company, the strategic initiative, on the
companies and their audience. budget, but also on the right advice.
But I do see that there is a new generation
of people that consume technology or
information in a different way. And I would
say that this is the advantage of the
traditional media companies, because they
can have both: it will be very difficult for a
new media company to start a successful
brand name; but traditional newspapers can
build on their name, value and customers
that they already have.

Can a small market like the Portuguese


make a step to further the integrated
communication services?

No doubt about that. This is a journey of


collaboration, which means that eventually
we will be all on the train. That we see some
industries and countries go faster than
others, is natural, because we have different
standards of technology landscapes in
different countries, and I know that in
Portugal the media business landscape is not
as advanced as in Holland, or the US.
But I was in Greece, which is a very
similar market to Portugal, and I talked to
Mega Channel and several banks, for
instance, and they all see that one day or

mediaXXI 151
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 152

CIBERMEDIA

JAPÃO: O IMPÉRIO DOS


GRÁFICOS
IMPACTO NIPÓNICO NO SECTOR DA ANIMAÇÃO EM ANÁLISE

TÓQUIO COLOCOU UM PONTO FINAL NA HEGEMONIA DA DISNEY NA ECONOMIA DE

ENTRETENIMENTO E É HOJE A CAPITAL DA INDÚSTRIA GRÁFICA


HERLANDER ELIAS
JORNALISTA, INVESTIGADOR E DOCENTE UNIVERSITÁRIO

Mais de meio século após os Ver o Japão como um império gráfico


bombardeamentos em Hiroshima, e remete-nos para a sua cultura de caractéres
Nagasaki, e o Japão que outrora teve uma mais desenhados que escritos, para a
recessão mostra-se ao Ocidente como um preciosidade da imagem do “sushi” e dos
poderoso império gráfico. tapetes “tatami”. A recente imagem do
renovado robô tecnológico Honda Asimo a
Sobretudo nos últimos vinte anos o subir e descer escadas, contornar objectos e
Japão tem expandido a sua imagem cultural correr, reconhecer rostos e interpretar linhas
através da banda-desenhada de “manga”, no espaço, é apenas um retrato. As imagens
das animações anti-Disney de “anime” e dos dos filmes de ficção científica (Natural City),
videojogos. Tecnologia automóvel (Honda e o poderio no mercado da indústria dos
Toyota), engenharia genética (Mitsubishi videojogos (Sony Computer Entertainment e
Genentech), moda hipercolorida (Nippon Nintendo) e a indústria de artigos domésticos
Vogue) e alta-costura (Myake) são apenas de robótica (Sony Asimo) têm partilhado
alguns ingredientes de sucesso do “cocktail” apenas um sonho: um futuro em que a
japonês industrial e mediático. “tecnologia” é irmã do “amanhã”. Tudo o que
se poderia legendar de utópico em ficções
como Blade Runner, no Japão é real. Desde

152 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 153

CIBERMEDIA

aviões decorados com Pokémons, ruas Quando se regressa deste país onde se
inteiras ocupadas por cartazes de Cowboy toma a refeição (sashimi, sushi) com
Bebop, até ao futurismo da arquitectura pauzinhos e se frequenta transportes cheios
urbana litoral de Tóquio, todos os de trabalhadores (sarary man) a ler manga, a
pormenores transportam-nos para um outro sensação que fica é que se deixa para trás
mundo. Este novo mundo, que esteve um “país do futuro”. Longe vão os tempos de
fechado ao Ocidente tantos séculos, é hoje a animações como Candy Candy, depois de
capital de um império gráfico que destrona Matrix a imagem sofisticada é
da economia de entretenimento a hegemonia assumidamente nipónica. O outrora império
da Disney. feudal, dos shoguns e dos samurais, tem na
nova economia de entretenimento actual o
As obras de Matsumoto (na animação), mais poderoso império dos gráficos.
Kojima (nos videojogos), as tendências
decretadas por Myake e Kensei (na moda),
são extremamente importantes para que
possamos compreender a imagem do Japão
pósmoderno dos nossos dias. Tóquio é um
país de imagens dentro desse país que é o
Japão, cidade na qual os jovens pontuam
com roupas cheias de cor as ruas de Shibuya
(as modas de para para ou kanguru). Veja-se
a relevância cultural e metropolitana das
zonas de Ginza ou de Chiba City, os múltiplos
sistemas de combóio metropolitando
subterrâneo cheio de ecrãs com karaoke, ou
os complexos urbanos de 2013 previstos por
Samsung e Panasonic. Já não se fala de
“casa do futuro”, mas sim de “cidades do
futuro”.

mediaXXI 153
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 154

O NOVO CAPITAL

A “INTELIGÊNCIA
COLECTIVA”
A URGÊNCIA DE FOMENTAR O
EMPREENDEDORISMO E UMA CULTURA DE
COOPERAÇÃO NO PAÍS

FRANCISCO
JAIME
PARA PORTUGAL A ESSÊNCIA DESTA NOVA “INTELIGÊNCIA
QUESADO
GESTOR DO PROGRAMA
COLECTIVA” TEM QUE SE CENTRAR NUM CONJUNTO DE
OPERACIONAL SOCIEDADE DO
CONHECIMENTO NOVAS “IDEIAS DE CONVERGÊNCIA”, A PARTIR DAS QUAIS

SE PONHAM EM CONTACTO PERMANENTE TODOS OS QUE

TÊM UMA AGENDA DE RENOVAÇÃO DO FUTURO.

“Impõe-se, de No âmbito da Conferência Europeia do MIT realizada em


facto, um Lisboa, com o sugestivo título de “Global Strategic Frontiers:
sentido de Research Imperatives and Organizational Challenges”,
“inteligência Thomas Malone, emérito professor da MIT Sloan School of
colectiva” Management, apresentou uma excelente visão sobre o papel
num tempo que a “inteligência colectiva” tem nas organizações do futuro.
novo que se Trata-se de uma nova plataforma de articulação entre os
quer para o diferentes actores, destinada conhecer as “competências
país.” centrais” da sociedade e qualificá-las duma forma
estruturante como vias únicas de criação de valor e
consolidação da diferença. Para Portugal a oportunidade é
única também. Impõe-se, de facto, um sentido de
“inteligência colectiva” num tempo novo que se quer para o
país.

154 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 155

O NOVO CAPITAL

Importa acelerar uma cultura Pretende-se também um Portugal de


empreendedora em Portugal. A matriz “inteligência colectiva” mais equilibrado do
comportamental da “população socialmente ponto de vista de coesão social e territorial. A
activa” do nosso país é avessa ao risco, à crescente (e excessiva) metropolização do
aposta na inovação e à partilha de uma país torna o diagnóstico ainda mais grave. A
cultura de dinâmica positiva. Importa por desertificação do interior, a incapacidade das
isso mobilizar as Capacidades Positivas de cidades médias de protagonizarem uma
Criação de Riqueza. Fazer do atitude de catalisação de mudança, de
Empreendedorismo a alavanca duma nova fixação de competências, de atracção de
criação de valor que conte no mercado global investimento empresarial, são realidades
dos produtos e serviços verdadeiramente marcantes que confirmam a ausência duma
transaccionáveis. Projectar uma Imagem de lógica estratégica consistente. Não se pode
Modernidade com dimensão global. conceber uma aposta na competitividade
estratégica do país sem entender e atender à
A ausência da prática de uma “cultura de coesão territorial, sendo por isso decisivo o
cooperação” tem-se revelado mortífera para sentido das efectivas apostas de
a sobrevivência das organizações. No desenvolvimento regional de consolidação
Portugal da “inteligência colectiva” sobrevive de “clusters de conhecimento” sustentados.
quem consegue ter escala e participar, com
valor, nas grandes Redes de Decisão. Num O desafio da “inteligência colectiva” tem
país pequeno, as Empresas, as que ser desenvolvido. Fazer de Portugal a
Universidades, os Centros de Competência Oportunidade Possível dum país onde o
Políticos têm que protagonizar uma lógica de Conhecimento e a Criatividade sejam capazes
“cooperação positiva em competição” para de fazer o compromisso nem sempre fácil
evitar o desaparecimento. Querer cultivar a entre a memória dum passado que não se
pequenez e aumentá-la numa envolvente já quer esquecer e um regresso a um futuro
de si pequena é firmar um atestado de que não se quer perder. Um Compromisso
incapacidade e de falta de crença no futuro. Permanente onde Estado e Sociedade Civil
Por isso, importa potenciar e têm que duma vez por todas assumir o
verdadeiramente reforçar uma “capacidade Contrato Estratégico de desenvolvimento do
de cooperação” positiva, com dimensão país.
estratégica capaz de se consolidar a médio
prazo.

mediaXXI 155
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 156

LEITURAS

O BEM, O MAL E A WEB 2.0


COMO A INTERNET E OS AMADORES AMEAÇAM A CULTURA E
ECONOMIA OCIDENTAIS

ANDREW KEEN DESAFIA O PODER DO AMADOR, NUMA ERA DE REVOLUÇÃO DIGITAL EM

QUE A ABERTURA DO ESPAÇO MEDIÁTICO PODE TER TANTO DE LIBERDADE COMO DE

DEGRADAÇÃO CULTURAL E MORAL.


GUILHERME PIRES

«A consequência da plataformas de
revolução Web 2.0 é menos comunicação no
cultura, menos notícias espaço público,
fiáveis, um caos de economia, cultura e
informação desnecessária jornalismo.
(...), a ofuscação e até
desaparecimento da A obra, que tem
verdade». A afirmação suscitado um debate
panfletária resume em alargado nos media
poucas palavras a tese internacionais e na
principal de Andrew Keen, web, surge como
expressa no polémico “The contraponto às teses
cult of the amateur”. Embora de Chris Anderson ou
desenvolvidas num tom moralista e de Tim O’Reilly, entusiásticos defensores da
confrontação, as ideias de Keen têm na sua democratização provocada pela internet.
origem um conjunto de questões válidas e de Andrew Keen, outrora empresário de
extrema importância para o estudo dos sucesso no Silicon Valley e membro dos
efeitos da nova geração de tecnologias e grupos mais selectos do centro de inovação

156 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 157

LEITURAS

norte-americano, assume-se agora como a O autor apresenta diversos factos que


principal voz crítica das novas tecnologias da comprovam a validade das suas acusações.
informação. Ao longo do texto perdura, no entanto, um
estilo demasiado demagógico e alarmante,
Keen teoriza sobre o desaparecimento de que por vezes recorre ao sarcasmo e toca o
diversos aspectos do saber e cultura insulto. Afirmações como «instead of
ocidentais, colocados em causa pelos efeitos creating msterpieces, these millions of
da massificação do acesso à internet e exuberant monkeys (...) are creating an
tecnologias 2.0. O livro defende que a endless digital forest of mediocrity»
verdade, o conhecimento e os valores morais contribuem para a polémica gerada por uma
estão a ser desvirtuados pelos conteúdos obra ainda por traduzir para português – mas
produzidos pelos amadores. devia ter, tal é a relevância do debate que
originou.
É destacado, por exemplo, o grave
problema das identidades falsas na internet,
virtuais na sua origem e fim. Para o autor, o
desenvolvimento das tecnologias 2.0 vieram
potenciar as pulsões criminosas da rede, que
cruzam crimes como pedofilia, fraudes
bancárias, pirataria informática, difamação e
calúnia, massificação do plágio, entre muitos
outros exemplos.

É neste plano que encontramos a


principal tese de Keen: o risco para a cultura
Ocidental reside no «culto do amador», que
desvaloriza e substitui a qualidade de
actividades que implicam um saber
especializado e prática profissional – como o
jornalismo, as diversas formas de arte ou a
investigação científica.

mediaXXI 157
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 158

LEITURAS

O FUTURO DA GESTÃO
MODERNA DOS MEDIA
MUDANÇAS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES DOS MEDIA REUNIDOS NUMA
OBRA DE INTERESSE

NOS DIAS QUE CORREM, (QUASE) TUDO É CONTROLADO E DECIDIDO PELOS MEDIA.

O PORQUÊ, COMO E QUANDO SÃO QUESTÕES QUE TÊM DE SER ANALISADAS COM

FACTOS REAIS E CONCRETOS – UM TRABALHO CONSEGUIDO NA OBRA QUE DE SEGUIDA


EXPLORAMOS.

HÉLIA MARTINHO

É com o propósito Os temas prin-


supracitado que surge o cipais focados nesta obra
“Looking to the Future of a estão relacionados com a
Modern Media concorrência e o
Management”, um livro mercado, estratégias a
que advém da conferência adoptar para os Media,
International Media novas tecnologias e o
Management Academic correspondente impacto
Association (IMMAA), no comportamento e
realizada no ano de 2007 interesse do consumidor,
em Saarbrücken, na no uso de capital de risco
Alemanha. A IMMAA é hoje e transformações dos
um movimento inter- modelos de negócio,
nacional, onde podemos encontrar alguns entre outros aspectos.
dos mais importantes investigadores na área
da economia dos Media, o que se reflecte na O livro contém um capítulo dedicado à
qualidade do livro. perspectiva prática e académica,
apresentadas por John Holland e Christian

158 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 159

LEITURAS

Scholz respectivamente, onde nos Englobando análise tão relevante como a


deparamos com questões pertinentes, como que o exemplo anterior apresenta, trata-se
por exemplo, “como é que os gestores dos assim de uma obra de muito interesse para o
Media podem medir o sucesso das suas meio académico, bem como para os
estratégias na era digital?”. Um outro profissionais de media interessados em
capítulo de maior importância foi dedicado à desenvolver o seu conhecimento sobre os
análise da indústria dos Media na Alemanha, temas mais actuais da gestão dos meios de
Escandinávia e Japão, bem como o comunicação.
investimento que tem vindo a ser feito na
imprensa escrita europeia.

De acordo com John Lavine, um dos


colaboradores na concepção de “Looking to
the Future of a Modern Media Management”,
são várias as apostas seguras no futuro dos
Media. Em primeiro lugar, estes devem
tornar-se todos (se não todos) digitais e
interactivos. Em segundo lugar, os meios de
comunicação que queiram alcançar um nível
de reconhecimento elevado devem
providenciar conteúdos diferenciados que
possam ser valorizados pelos seus
utilizadores e pela sociedade, e que possam
ser facilmente medidos pelas audiências. Por
último, refere que ganhar requer líderes com
“coragem e compromisso” que permita
transformar as suas empresas, e encontrar o
talento necessário para atingir esses
objectivos. Isto inclui a substituição daqueles
que não se adaptam rapidamente a estas
mudanças.

mediaXXI 159
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 160

LEITURAS

OS MEDIA EM MUTAÇÃO
MUDANÇAS NA ESTRUTURA E ACTIVIDADE DOS MEDIA
ANALISADAS POR ESPECIALISTAS

UMA OBRA QUE PROCURA DAR A CONHECER ALGUNS CASOS DE MEIOS DE

COMUNICAÇÃO E SECTORES INDUSTRIAIS QUE SOUBERAM ADAPTAR-SE AOS AVANÇOS


TECNOLÓGICOS, AVANÇOS DE MERCADO E REGULAÇÕES IMPOSTAS NOS ÚLTIMOS ANOS

NA EUROPA.

HÉLIA MARTINHO

No campo dos media, Com este pano


assiste-se actualmente a uma de fundo, “The
crescente desfragmentação changing Media
de audiências - a oferta de Business Environment”
pacotes temáticos aumentou, é uma das novas
as fontes foram ‘enciclopédias’ para
transformadas em meios de todos aqueles que
difusão da informação. Desta estão ligados aos
forma, a concorrência é cada meios de comunicação.
vez mais feroz, surgiram Desde estudantes a
nichos especializados nos investigadores, esta
vários meios, aumentou o obra vem engrandecer
fosso entre pago e gratuito e a biblioteca dos Media
o vocabulário utilizado foi alterado. Todos europeus, contando com a colaboração
estes aspectos levaram a que seja mais difícil imprescindível de Robert Picard, uma
para o público distinguir entre conteúdos referência no estudo e ensino da gestão dos
fidedignos e de baixo valor noticioso. meios comunicação social e um dos
mentores na criação da European Media

160 mediaXXI
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 161

LEITURAS

Management Education Association (EMMA). A EMMA tem contribuído para uma


abertura cada vez maior a todos os
O livro surge da Conferência Anual da interessados em “produzir e partilhar
EMMA, que decorreu nos dias 8 e 9 de conhecimentos”, dentro desta área científica.
Fevereiro de 2008, em Barcelona, na Nesse sentido, a presente obra é um trabalho
Universidade de Navarra (IESE). Neste ponto inovador, que se baseia na investigação e na
funda-se desde logo uma primeira vantagem sua aplicação prática à realidade do mercado.
para os leitores, na medida em que o livro
pode funcionar como garantia de
preservação do debate construído nesse
evento, bem como dos campos e caminhos
de pesquisa e investigação científica que dele
resultaram.

Para além de agrupar os diferentes lados


dos Media, como o caso da competitividade,
dinâmica de negócio, problemas de mercado,
impacto dos Media digitais e desafios na sua
difusão, o livro refere-se ainda ao impacto
que a informação gratuita tem nos meios de
comunicação pagos.

Esta informação é-nos apresentada


através de análises (económicas,
econométricas, estratégicas e
organizacionais) e estudos objectivos. Por
exemplo, a distinção entre velhos e novos
media, análise de segmentos de empresas ou
de sectores completos, e ainda comparações
internacionais, cobrindo territórios tão
distintos como os Estados Unidos, França,
Suécia, Alemanha, Rússia e Reino Unido.

mediaXXI 161
REVISTA.93-28.04 03/04/28 18:35 Page 162

Вам также может понравиться