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Direito Processual Civil V


DIREITO PROCESSUAL CIVIL V
Anotações de sala de aula de Ronaldo Medeiros
A leitura das anotações de sala de aula NÃO deve substituir o estudo dos livros constantes na bibliografia indicada
pelos professores.

Prof. Roberto Mac Cracken

Processo Cautelar
Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa e de Jurisdição Voluntária

Bibliografia: não adota um autor específico, devemos utilizar o que nos familiarizarmos mais.

Prova sem consulta e discursiva. Prova intermediária dia 03/05 (para a segunda metade da classe).

Processo Cautelar está dividido em teoria geral e uma série de ações cautelares específicas. Veremos cada
uma delas. O processo cautelar é um acessório do CPC. Se não tenho um instituto tratado no processo cautelar, me
volto para o processo de conhecimento. Ex: citação por hora certa será pautada pelo processo de conhecimento. Ou
seja, aquilo que não está tratado no processo cautelar eu utilizo o processo de conhecimento.

O processo cautelar serve para, além da estabilidade do processo, garantir a satisfação. Ele preserva outros
valores muito importantes para o processo. Ex: se nós temos de produzir uma prova e esta prova é muito
importante para o processo, se eu tiver uma prova melhor produzida a probabilidade de obtenção de sucesso é
maior. Pode ser que se eu não conseguir produzir a prova agora eu não consiga produzi-la com o mesmo
desempenho. Existe para isso a produção antecipada da prova, uma medida cautelar nominada que está protegendo
a boa qualidade do processo.

DIFERENÇAS ENTRE A TUTELA ANTECIPADA E O PROVIMENTO CAUTELAR


Na tutela antecipada, a rigor, o magistrado, preenchidas determinadas exigências que estão no art. 273, ele
chega ao resultado final do processo. A crítica da tutela antecipada é que, do ponto de vista técnico, o magistrado,
só com a petição inicial - uma posição unilateral – chega ao final da demanda. Há a violação do contraditório porque
não há dilação probatória para se chegar ao resultado final.
Na cautelar eu procuro alcançar a pretensão cautelar, que é a medida cautelar. Ela não procura o resultado
final do processo, ela almeja uma situação de estabilidade do processo em seus mais diversos perfis.
Ex: cautelar inominada de sustação do protesto. Imagine que recebemos um cliente no escritório dizendo
estar sendo protestado por R$200 mil reais de um cheque cuja assinatura não é sua. Ele quer evitar o protesto. No
mundo cautelar eu pediria a sustação do protesto, que ficaria numa situação de espera, iria propor uma ação
principal – pois a cautelar não é satisfativa – e vou procurar a estabilidade do processo até quando eu chegar no
resultado final do processo de uma ação declaratória constitutiva que visa declarar a inexistência de uma relação de
débito/crédito. Mas eu não posso esperar esta ação até o final porque o protesto é muito rápido. A sustação de
protesto mantém, regra geral, uma situação de estabilidade até se chegar a uma situação definitiva no processo
principal (quando julgar se a ação é procedente ou improcedente).

Na cautelar eu procuro uma medida cautelar que tem a natureza de protetividade. Pra ser deferida uma
cautelar, levando em conta a discricionariedade do magistrado, ele pode exigir uma caução. Imagine que a ação
principal proposta seja julgada improcedente. Tirar R$200 mil de uma empresa pequena é muito forte.
Depois que a tutela antecipada foi criada, o legislador, percebendo que alguns pedidos de tutela
antecipada podem ser pedidos em medida cautelar, ele acrescentou o §7º no art. 273: “Se o autor, a título de
antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos
pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado”.
O que eu alcanço na cautelar, o objetivo final na cautelar, é a medida cautelar. Se eu tenho um periculum
in mora eu tenho que pedir que a concessão seja na liminar, pois é possível que no final não seja mais possível.
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Direito Processual Civil V
A cautelar tem vida certa, pois é útil enquanto necessária. Depois que a decisão principal transita em
julgado, eu não preciso mais da cautelar. Se eu tivesse um processo que em dois dias chegasse ao final, eu não
precisaria da cautelar.

A cautelar nunca é satisfativa e sempre depende da ação principal.


A cautelar e a tutela antecipada são providas de liminar. Liminar é antecipação de um momento processual
em face de um momento que ele ocorreria naturalmente. A medida cautelar seria concedida no final do processo,
mas, em virtude da urgência do caso, é necessário uma liminar. A liminar não vincula nem a tutela antecipada nem a
cautelar.
A cautelar pode ser preparatória (ela entra na frente da principal; não existe, regra geral, cautelar
satisfativa). Na separação litigiosa pode-se discutir a guarda dos filhos, partilha, direito de visita. Suponha que o
varão deva pagar alimentos aos filhos. Ele está pagando normalmente, mas de repente, para de pagar os alimentos.
Será proposta cautelar para obrigá-lo a continuar pagando.

COMPETÊNCIA DA CAUTELAR
Competência é uma das matérias mais difíceis do processo civil. No tocante à cautelar, se a cautelar
ingressar antes (cautelar preparatória) ela vai seguir a mesma competência até o fim da ação principal. Como ela se
relaciona com a principal? Se primeiro distribuí a cautelar, terei um prazo rígido para distribuir a principal. A
distribuição da principal será feita por dependência em razão da prevenção.
Requer um estudo mais cuidadoso quando já tenho a sentença e os autos estão indo para o tribunal. Se os
autos estão processados, mas estão com o juiz de primeira instância, o juiz de primeiro grau é competente para
apreciar a cautelar. Se os autos já foram para o segundo grau, se não foi distribuído eu vou direcionar para o
presidente da seção de direito privado. Se já estiver com o relator, direciono para o relator.
Regra geral, pede-se a concessão da liminar inaudita altera partes, ou seja, sem audiência da parte
contrária.

PODER GERAL DE CAUTELA


Art. 2º CPC. O judiciário seguirá princípio da inércia. Sendo provocado o judiciário, o juiz irá agir. Mas o juiz,
sabendo que determinadas crianças estão sendo maltratadas, poderá agir de ofício para retirar aquelas crianças de
onde vivem e deixá-las com quem possa cuidar bem delas. Isto é o Poder Geral de Cautela.

01/03/2010
COMPETÊNCIA DA CAUTELAR (Cont.)
Vimos na aula passada que a competência da cautelar é a mesma da ação principal se ela for preparatória.
Se ela for preparatória vou propor no mesmo juízo que proporia a principal. E se ela for incidental vou propor no
mesmo juízo em que a principal está em curso, devido à prevenção (a prevenção gera dependência). A que entrar
em primeiro lugar puxa a segunda.
Na cautelar eu não chego ao mérito. Por isso eu preciso propor a ação principal.
Se os autos ainda não subiram ao tribunal, é o próprio juiz de primeiro grau quem decidirá sobre a cautelar.
Vamos supor que minha principal já esteja no tribunal (ou porque é uma ação originária do tribunal, ou
porque já tem o recurso de apelação remetido para o tribunal ou está prestes a ser remetido ao tribunal). Se os
autos da apelação já foram remetidos para o tribunal, temos duas possibilidades:
1ª possibilidade: chegou no tribunal mas ainda não foi distribuído para o relator. Neste caso, vou requerer
para um órgão de gestão. Como não está distribuída, vou pedir para o presidente da seção para que despache.
2ª possibilidade: se já estiver com o relator, é o relator quem vai decidir sobre a liminar.
A decisão definitiva é por acórdão, será colegiada.

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Direito Processual Civil V

PETIÇÃO INICIAL CAUTELAR


Temos no contexto geral da petição inicial um artigo fundamental: art. 282 CPC. A petição inicial deve
atender todos os requisitos previstos neste artigo.
Temos uma petição cautelar específica, e na mesma lei temos uma petição geral. A cautelar é especial em
face da geral, apesar de estarem na mesma lei. O especial prevalece sobre o geral, ainda que seja na mesma lei.
Portanto, aquilo que não estiver nos requisitos da cautelar e não for colidente com o processo de conhecimento, eu
aplico subsidiariamente o art. 282 CPC.
A cautelar tem uma nomenclatura própria: requerente e requerido. Além disso, na petição a gente não
“move contra”, a gente “move em face”, pois a petição é dirigida ao poder, estou pedindo a tutela a um poder que
tem a prerrogativa de examinar pretensões resistidas.
Temos a mania de colocar “residente e domiciliado ...”. Está errado. Devemos colocar “domiciliado na
cidade de São Paulo, com residência a Rua ...”.

O art. 801 CPC, que rege a petição cautelar inicial, diz o seguinte:
Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:
I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
III - a lide e seu fundamento;
IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;
V - as provas que serão produzidas.
Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em procedimento
preparatório.
O requerente pode pedir na cautelar somente medida cautelar. Ele não pode pedir o mérito!
O inciso III fala da lide e seu fundamento. Tenho que contar qual vai ser a ação principal que vou propor no
futuro, tenho que contar qual vai ser a lide que vou propor e seu fundamento. Ex: Seja um protesto de R$200 mil.
Vou propor uma ação de conhecimento. Vou eleger o procedimento ordinário visando a declaração e a
desconstituição com reconhecimento de inexistência de relação de débito e crédito. Isto é a lide. Fundamento não é
dizer o fundamento legal. Fundamento ou é um instituto que por si só fala (como a prescrição), ou eu vou explicar
um pouco mais o fundamento (ex: a falsidade da firma lançada no título). Sempre que a cautelar entrar antes da
principal eu tenho que indicar a lide. Temos um parágrafo único que diz que não se exige a explicação da lide e seu
fundamento quando a medida cautelar for posterior à ação principal.
Cautelar não tem mérito. Não faz coisa julgada material, faz coisa julgada formal.
O inciso IV trata da questão de fundo da cautelar. Na ação principal, se não tivermos qualquer uma das
condições da ação (legitimidade das partes, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), a ação é extinta sem
julgamento de mérito. Na cautelar tenho que mostrar o periculum in mora e o fumus boni iuris.
O fumus boni iuris está muito próximo da possibilidade jurídica do pedido, tenho que ter uma
argumentação muito razoável de que existe o direito, e de que a situação de fato na ação principal poderá ter
sucesso do direito que estou pleiteando.
Na petição da cautelar, portanto, vou expor o perigo ameaçado e o perigo na demora. Se a ação principal
fosse proposta hoje e eu tivesse o resultado amanhã não seria necessário a cautelar. Mas a demora até o resultado
definitivo pode resultar em perigo na demora da decisão. Como vou deixar uma criança sem alimentos? Ela precisa
de alimento, roupa, escola, saúde etc. É muito fácil caracterizar o perigo na demora neste caso.
A procedência da cautelar é a obtenção da medida cautelar. Eu não mexo com mérito, regra geral. A
minha pretensão de liminar também é cautelar, só que anterior.
Inciso V. Nem sempre as provas que serão produzidas na cautelar serão as mesmas que serão produzidas
na ação principal. Por cautela é sempre bom pedir prova.
Aplicando subsidiariamente o art. 282 CPC, eu preciso pedir a citação e preciso dar um valor à causa. Não
posso deixar de dar um valor à causa. Não é o mesmo valor que dou na ação principal, pois o objetivo da ação
principal é alcançar o mérito, e o objetivo na cautelar é a protetividade.

Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o
pedido, indicando as provas que pretende produzir.
Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:
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Direito Processual Civil V
I - de citação devidamente cumprido;
II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação prévia.
Há um erro técnico neste artigo. Meu direito de defesa é consubstanciado no direito de resposta, que
envolve contestação, exceções e reconvenção. Regra geral, não cabe cautelar. Contestar é apenas um dos espectros
do direito de resposta. O caput fala em “contestar o pedido”, mas o correto seria “responder o pedido”.
Enquanto que na contestação no procedimento ordinário tem prazo de 15 dias, e no procedimento
sumário apresenta-se na audiência, na cautelar, o prazo de resposta é de 5 (cinco) dias.
Justificação prévia é quando tenho a audiência referente a dilação probatória, mas para questões
superficiais ou perfunctórias, e não há uma prova consistente e a parte pedir ou o juiz entender que é próprio, o juiz
mandará instaurar uma audiência de justificação. A audiência de justificação serve para se deferir ou não a liminar.

08/03/2010
Quando vamos responder qualquer peça devemos dizer que estamos efetuando o direito de resposta, que
é mais amplo que a contestação. Isso vale também para a cautelar. Quando eu for preparar uma petição inicial e, no
jargão final, colocar “que seja citado para contestar...”, vou colocar ”que seja citado para responder...”.

Art. 803 CPC. Trata dos efeitos da revelia.


Aplicar indistintamente o instituto da revelia pode trazer um prejuízo de ordem social. Ex: aplicar os efeitos
da revelia a um analfabeto funcional que deixa de comparecer à audiência por não entender o que aquela citação
significa.
Em qualquer petição inicial devemos direcioná-la a convencer o magistrado tanto à matéria de fato quanto
à matéria de direito.

Art. 804 CPC. Permite ao juiz conceder a liminar sem ouvir as partes.
Audiência de justificação não se confunde com audiência de dilação probatória. A audiência de justificação
trata-se de audiência bastante subjetiva com o intuito de conceder ou não a liminar.
Deferindo a liminar, o juiz pode vincular com base em sua discricionariedade a prestação de caução (que
pode ser real ou fidejussória). A caução serve como garantia de satisfação patrimonial em razão de cautelar mal
utilizada. Os bens dados em caução ficam indisponíveis até o final da cautelar para responder por eventual
indenização. Alguns juízes exigem caução em dinheiro, outros em bens. A exigência de caução inibe que aventureiros
peçam cautelar indevidamente.

Art. 806 CPC. Cabe à parte propor a ação principal em 30 (trinta) dias contados da data da efetivação da
medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório. Se não propor a ação principal no prazo
de 30 (trinta) dias, a cautelar perde a eficácia.
Já vimos que a pretensão final da cautelar é a medida cautelar. Regra geral, ela não atinge o mérito. Não
adianta eu ter uma cautelar apenas para a cautelar, eu sempre tenho que ter a busca do mérito.
Um dos elementos da petição de cautelar, como já vimos, é a lide e seu fundamento.

Art. 807 CPC. Trata da eficácia da cautelar. A cautelar não atribui, salvo uma exceção, o direito material. A
cautelar tem um período de vida em que ela se presta a algo, em que eu a utilizo enquanto tenho necessidade, e se
for deferida eu alcanço a eficácia.
A eficácia se dá desde a liminar proferida numa cautelar preparatória até quando ela não se faça mais
necessária (que é até quando a principal transitar em julgado).
Com certeza com o trânsito em julgado da ação principal a cautelar perde sua eficácia. Só que o artigo 807
CPC possui algumas exceções.
Se ela for revogada eu posso reagir contra este ato. É uma decisão interlocutória que eu combato por
agravo de instrumento. Como pode uma cautelar ser revogada? Ex: pai fica com a guarda provisória da criança, aí
vem o conselho tutelar e diz que a guarda não está sendo adequada para a criança, se isso chega ao conhecimento
do magistrado ele pode revogar a guarda. A revogação da cautelar se combate através de agravo de instrumento,
pois ainda não se chegou ao final do processo.

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Direito Processual Civil V
No parágrafo único tem uma situação interessante. O período de suspensão do processo geralmente vem
das hipóteses colocadas no art. 265 CPC. Ex: falecimento da parte, falecimento do advogado etc. Não seria nem
próprio nem justo que, por motivos como esses, acabasse a eficácia da cautelar. A suspensão do processo é no
tocante à ação principal.
Imagine uma ação de alimentos contra uma pessoa colocada como pai. Nesta ação de alimentos, em
defesa aquele que é colocado como pai, alega que não é pai. Os pressupostos da ação de alimentos são: 1)o
parentesco; 2) que aquele a quem está sendo pedido alimentos tenha possibilidade. Uma destas premissas está
sendo negada, qual seja, não há o parentesco. Neste caso vai ser feito o exame de DNA, mas a paternidade não vai
ser reconhecida, pois está se pedindo apenas alimentos. A declaratória incidental var servir para analisar a questão
da paternidade. Se ela for julgada procedente, além de conceder alimentos ela vai reconhecer a paternidade e
mandará registrar no registro civil.

Os efeitos da cautelar têm o nome de eficácia. Vejamos agora em que hipóteses esta eficácia cessa (art.
808 CPC):
I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806. Vimos que o prazo é de 30 (trinta) dias.
II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias. Desde que eu deixe o processo “inteiro” (ou seja, tomei
todas as providências necessárias), não cabe nenhuma responsabilidade se for extrapolado esse prazo. Súmula 106
STJ (“Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao
mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de prescrição ou decadência”). Esta súmula é a
aplicação dos princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade.
III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito. O processo principal
tem dois artigos que o extinguem : 267 (sem resolução do mérito) e 269 (com resolução do mérito).

A cautelar forma apenas coisa julgada formal. Apesar de a cautelar não formar coisa julgada material (salvo
uma única exceção), eu não posso ficar repetindo quantas vezes quiser a cautelar. O parágrafo único do art. 808 CPC
proíbe repetir o pedido de cautelar, a menos que seja por novo fundamento.

Art. 809 CPC. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos autos do processo principal. Apesar
deles terem autonomia, de um procurar uma coisa e outro procurar outra, haverá uma interdependência entre a
cautelar e o processo principal, e o melhor é que eles caminhem juntos, apensados.

Art. 810 CPC. O indeferimento da cautelar não obsta que eu entre com a ação principal, e vice-versa. Não
há vínculo entre a principal e a cautelar, até porque os objetivos delas são diversos. Mas existe exceção, que é
quando o juiz acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor. A decadência e a prescrição são
institutos de estabilidade jurídica, de paz social. Reconhecendo a prescrição ou a decadência na cautelar, não preciso
ir para a principal. É a única exceção, em que há resolução do mérito, dada a peculiaridade desses institutos.

15/03/2010
O art. 811 CPC estabelece o que ocorre quando é gerado um prejuízo em desfavor do requerido (do réu da
cautelar). Temos uma vantagem na cautelar que é a ocorrência de responsabilização (mais clara que na tutela
antecipada) daquele que a utiliza de forma inadequada, sem prejuízo da penalidade de litigância de má-fé. O art.
811 trata dessa situação. Trata-se de responsabilidade objetiva1. Ocorrendo um dos eventos previstos no artigo, a
responsabilidade já existe. Apenas será mensurado a dimensão da responsabilidade através de liquidação de
sentença.
A caução2 servirá para: i) Pagar a obrigação; ii) Ressarcir em parte o prejuízo que foi causado.
Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16 (litigância de má-fé), o requerente do procedimento cautelar responde ao
requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da medida:

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Alguns autores defendem que se trata de responsabilidade subjetiva. Se for subjetiva, não poderá ir direto para a liquidação para cobrar os
prejuízos, será necessário ingressar com ação em separado.
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A caução dada na cautelar fica indisponível. Há na doutrina quem entenda cometer o crime de defraudação de penhor quem dispõe do bem
caucionado.
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Direito Processual Civil V
I - se a sentença no processo principal lhe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do requerido dentro em 5
(cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor (art. 810).
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.
Feita a liquidação, começo o cumprimento de sentença. Como já tenho caução, vou começar com ela. Se a
caução não for suficiente, vou dirigir minha força executiva para o patrimônio remanescente do devedor.

Art. 812 CPC. Aplicam-se as disposições gerais cautelares aos procedimentos cautelares específicos.
Existem situações em que não terei a solução na teoria geral cautelar, e sim no processo de conhecimento.

ARRESTO E SEQUESTRO
ARRESTO
Regra geral, o arresto tem uma função protetiva do resultado de uma ação que está para ser proposta,
obedecidos alguns requisitos. Basicamente a situação ocorre quando tenho fundado receio de que o resultado da
minha ação principal que será proposta ou que está em curso seja frustrado, e quero garantir que, em sendo
vencedora a ação principal, tenha forma patrimonial de satisfazê-la.
Na execução de quantia certa não cabe cautelar, porque tem um arresto específico (arts. 653 e 654 CPC).
Quando não encontro um devedor, não precisa nem citá-lo, basta arrestar quantos bens forem necessários.
Podemos começar a entender o arresto como uma pré-penhora, pois ele indisponibiliza o patrimônio
arrestado para que venha no futuro a atender a uma satisfação de um direito.

Uma linha do tribunal (especialmente do STJ) entende que a fraude à execução só ocorre após a citação.
Segundo essa linha, se não fizer a citação tenho que mover uma ação pauliana (NÃO ENTENDI DIREITO ESSA PARTE).

Enquanto que na execução eu já tenho o título, no arresto eu estou fabricando o título, e o resultado é a
sentença. Tenho medo que neste interstício (até o fim da ação principal) o devedor se desfaça do patrimônio e, na
hora de entrar no cumprimento de sentença, o devedor não tenha mais nada. Tenho de ter toda uma prova
indiciária que me sugere a utilização do arresto. O arresto deve ser utilizado de forma cautelosa, pois, se for utilizado
de forma indevida, tenho as punições previstas no art. 811 CPC.
O arresto arresta, cria a indisponibilidade patrimonial e, se a ação principal for julgada procedente, ele é
convertido em penhora (pois só o bem penhorado pode ser expropriado do patrimônio do devedor em favor do
credor).

Ocorrendo fraude à execução tenho como trazer o bem de volta. Mas tenho situações em que ocorre
fraude à execução em que o devedor consegue se desfazer facilmente dos bens (ex: móveis e semoventes) e é difícil
trazê-los de volta.

No arresto tenho que ter o fumus boni iuris e o periculum in mora.


Suponha que tenho uma ação contra uma pessoa no valor de R$40 mil. Essa pessoa tem patrimônio de R$1
milhão, e resolve se desfazer de R$300 mil. Neste caso não cabe arresto, pois a situação não ameaça o pagamento
de meu crédito, o que restou no patrimônio dela é plenamente suficiente para satisfazer meu crédito.

O CPC traz algumas situações que são exemplificativas. Algumas são objetivas, outras nem tanto.
I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui, ou deixa de
pagar a obrigação no prazo estipulado. Mas tem situações que eu não pago no prazo estipulado porque não
concordo com o valor.
II a) - quando o devedor que tem domicílio se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente. Mas o que é
ausentar-se furtivamente?
II b) – quando o devedor que tem domicílio, caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que
possui; ou contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; ou põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros;
ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores.
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III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem
ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às dívidas.
IV - nos demais casos expressos em lei.

Conforme o art. 814 CPC, para a concessão do arresto é essencial:


I - prova literal da dívida líquida e certa. Dívida líquida e certa é exigível.
II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.
Art. 816 CPC. O juiz concederá o arresto independentemente de justificação prévia:
I - quando for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos previstos em lei;
II - se o credor prestar caução (art. 804).
Art. 817 CPC. Ressalvado o disposto no art. 810 (hipótese de decadência e prescrição), a sentença proferida
no arresto não faz coisa julgada na ação principal.
Art. 818 CPC. Somente se julgada procedente a ação principal, o arresto se transforma em penhora para
promover a expropriação do bem.
Art. 819 CPC. Se o devedor pagar ou depositar em juízo tudo que deve, fica suspensa a execução do
arresto.
Art. 820 CPC. Cessa o arresto: pelo pagamento; pela novação (acaba com a obrigação principal e cria nova
obrigação); pela transação (acordo entre credor e devedor).
Art. 821. Aplicam-se ao arresto as disposições referentes à penhora, não alteradas na presente Seção.

No arresto não me interessam quais sejam os bens, desde que sejam suficientes para garantir a ação
principal. Já no sequestro a coisa se refere a bem certo, para entregar a quem de direito numa determinada
demanda. O sequestro é muito utilizado na separação litigiosa.

22/03/2010
SEQUESTRO
Na cautelar de arresto, o importante é num primeiro momento o quanto eu consigo preservar de
patrimônio visando preservar o resultado da ação no final. Já no sequestro eu trabalho com o critério sobre bens
certos e identificados. Não confundir com o sequestro do direito penal.
Art. 822. Trata das situações em que o juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro.
Art. 822, I. Disputa de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade ou a
posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações. Pela situação colocada, o bem não deve ficar nem com o
autor nem com o réu da demanda, deve ficar com terceiro. O terceiro irá ao final entregar o bem a quem de direito.
Art. 822, II. Dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença
ainda sujeita a recurso, os dissipar. Quando proponho uma ação, regra geral o efeito é ex tunc da data em que
propus a ação, e não da data da sentença. Posso seqüestrar para aguardar os valores.
Art. 822, III. Dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o cônjuge
os estiver dilapidando. Até 1977 o casamento era indissolúvel, só era rompido pelo falecimento de um dos cônjuges.
Aí foi proposta uma emenda constitucional visando extinguir esse inciso da CF. O presidente não vetou e o
casamento passou a ser dissolúvel. Hoje podemos casar, separar , divorciar, quantas vezes quiser. Posso até escolher
o regime de casamento. Quando há fumus boni iuris e periculum in mora no término da relação conjugal, alguém
guarda o patrimônio do casal para que a sentença ao final - determinando a partilha - possa ser cumprida. Ou seja, o
sequestro nesta situação serve para preservar o patrimônio do casal como um todo para, no momento em que for
dada a sentença, ela seja cumprida ao menos quanto à parte tocante ao patrimônio. Talvez seja o sequestro que
mais encontraremos no dia a dia.

O que ocorre se não for possível preservar os bens antes da sentença que decretar o sequestro? A parte
que se desfez do bem será responsável.

Art. 824. Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens seqüestrados. A escolha poderá, todavia, recair
em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes; ou em uma das partes, desde que ofereça maiores garantias e
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preste caução idônea. Com a proibição da prisão do depositário infiel, a caução se tornou de grande valia. A caução
servirá para cobrir eventual conduta inadequada no tocante ao depósito de bens.

Sempre é necessária a ação principal. Se for preparatório, preciso propor a ação principal em 30 (trinta)
dias. Se não for proposta a ação principal, tenho as sanções previstas na lei.

AÇÃO DE CAUÇÃO
A ação de caução vem quando eu tenho um contrato, em que eu tenho que prestar uma caução, e a parte
se recusa a aceitar a caução que estou oferecendo. Aí entro com a ação de caução. Veremos a ação de caução mais
para frente.

BUSCA E APREENSÃO
Podemos ver duas ações de busca e apreensão. Uma é a ação de busca e apreensão que advem de ação
fiduciária e a outra é a cautelar.

BUSCA E APREENSÃO FIDUCIÁRIA


Tenho a propriedade. A propriedade se divide em domínio e posse. O domínio é do credor, mas se o
devedor cumprir toda a obrigação fica com o domínio. Na posse, o credor fica com a posse indireta e o devedor com
a posse direta. Quando há o descumprimento, o credor entra com ação de busca e apreensão de bem alienado
fiduciariamente. Se a ação for julgada procedente, ela irá consolidar o domínio e a posse nas mãos do credor –
portanto, a propriedade do bem. (O devedor pode vender esse bem para pagar a dívida, sendo que, conforme a
quantia arrecadada, pode ter de pagar diferença para o credor).
Na alienação fiduciária o bem não é do devedor, é do credor, então o devedor não pode se desfazer do
bem sob pena de vender algo que não é seu. Esta situação tem uma gravidade grande porque, apesar da pessoa não
ser presa do ponto de vista civil, ela pode sofrer um processo crime.
Os credores, independentemente do atraso do devedor naquela obrigação, gostam da alienação fiduciária
porque o domínio é do credor, então se houver uma dívida do devedor aquele bem não pode ser penhorado, e se
houver falência aquele bem não pode ser arrecadado.
Hoje a alienação fiduciária migrou para bens de consumo final (carros, geladeira, computadores etc.).
Apesar de não conseguir mais a prisão do devedor, posso fazer uma busca e apreensão.
A ação de busca e apreensão fiduciária é cautelar, mas não precisa de nenhuma ação principal, pois ela é
satisfativa.

BUSCA E APREENSÃO CAUTELAR


Exige a propositura da ação principal no prazo que a lei estabelece (30 dias). O artigo fala de busca e
apreensão de pessoas e coisas.

BUSCA E APREENSÃO DE PESSOA


Ex: tenho ação que estou fazendo modificação de guarda porque há indícios de que a mãe não está
cuidando bem das crianças. Não posso aguardar até o final da ação, então faço busca e apreensão dessas crianças e
entrego para os avós, por exemplo, para que no final da ação, quem for vencedor dessa demanda, a busca e
apreensão propiciará que aquelas crianças apreendidas sejam entregues a quem de direito conforme a sentença da
ação principal.
Deferida ou indeferida a liminar, cabe agravo de instrumento.
Da sentença caberá apelação.

BUSCA E APREENSÃO DE COISA


Geralmente está vinculada ao código de propriedade industrial ou a direito autoral. Ex: pirataria de
produtos. Nesta ação de busca e apreensão, quando se faz a diligência precisa se estar acompanhado de dois peritos
para evitar que haja apreensão equivocada. Os peritos irão verificar se realmente ocorreu a violação do direito

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Direito Processual Civil V
(autoral, industrial etc.) antes que seja efetivada a apreensão. Neste procedimento, reconhecido o fumus boni iuris e
o periculum in mora a diligência se torna muito importante.
Da concessão ou da não concessão da liminar cabe agravo de instrumento.
Da sentença cabe apelação.

29/03/2010
AÇÃO DE EXIBIÇÃO
A ação de exibição serve na situação em que ainda não tenho todos os elementos próprios para propor a
ação principal.
Às vezes não tenho condições de propor a demanda porque não tenho todos os elementos. Vou atrás dos
elementos, o contador, por exemplo, fará uma análise e, se tiver todos os elementos, entro com a ação principal.
Apesar de ser uma cautelar, ela é tida como satisfativa. O que eu procuro na verdade na exibição é alcançar
algo que procuro ver exibido. Feita a exibição, a minha pretensão naquela demanda está satisfeita. Esta exibição
pode ser feita no processo de conhecimento. Mas se já estou no processo de conhecimento, vou arcar com um ônus
muito maior do que o que posso arcar com a exibição puramente simples. Não parece a melhor providência, se não
tenho os elementos próprios, ingressar com a ação principal diretamente antes da ação de exibição.
Uma das maiores incidências da ação de exibição atualmente é nas ações de cobrança dos planos Collor,
Bresser, Verão. Isso porque não é comum as pessoas guardarem o extrato bancário por 20 anos, então não tenho a
certeza se posso entrar com a ação ou não. É melhor conhecer os documentos que tinha à época para decidir propor
ou não propor a ação principal. Daí entrar com a ação de exibição, para ter acesso a tais documentos.
A exibição não interrompe o curso do prazo prescricional. Ex: recebo um cliente no meu escritório e
percebo que a prescrição está muito próxima, e preciso conhecer dos documentos que ele não tem, e só vou
conhecer os documentos mediante a exibição. A recomendação é que faça um movimento para alcançar os
documentos mediante a exibição, e outro movimento (que veremos à frente) para interromper a prescrição, de
forma que possa estudar melhor os documentos.
A doutrina mais qualificada dá a essa ação o nome de ação de assertivamento (ou certeza). Estou
procurando uma certeza para que possa decidir se ingresso com a demanda principal.
Não se concede a liminar na ação de exibição porque ela já se esgotaria na própria liminar. Não é em toda
situação que a situação é julgada procedente.
Cabe a ação de exibição contra empresa de cartão de crédito para que ela exiba os extratos no período de
cinco anos para eu ver se o que ela me cobrou foi correto.
Com a prescrição, mesmo que eu possa conhecer eu não posso alcançar o direito. Por isso, pode ser que o
juiz dê a exibição com a data até a prescrição, e não de período que já prescreveu (pois não teria utilidade).
Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha interesse em conhecer;
II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; ou em poder de
terceiro que o tenha em sua guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador de bens alheios;
III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos casos expressos em lei.

Art. 845. Observar-se-á, quanto ao procedimento, no que couber, o disposto nos arts. 355 a 363, e 381 e 382.
Art. 844 CPC. Não tem sentido a exibição ser incidental, pois na dilação probatória já tenho algo específico
para exibição. Por isso, a exibição é apenas preparatória.
Inciso I. Tenho que ter conhecimento do bem para propror a ação. Como vou propor uma possessória sem
saber se tenho direito ao bem, por exemplo?
Inciso II. Conta bancária é documento comum, pois é comum ao banco e ao correntista. Os bancos não
costumam entregar contrato quando abrimos a conta, então posso pedir que o banco exiba o contrato.
Às vezes tenho um sócio mas a sociedade não está registrada na junta comercial. Posso pedir a exibição do
contrato para aquele que detém aquele documento.
Condômino: quero conhecer os documentos para propor, por exemplo, uma ação de dissolução de
condomínio.
Inventariante: é o gestor da sucessão e, às vezes, ele guarda algum documento que eu, como herdeiro,
tenho interesse em conhecer para verificar o quinhão a que tenho direito para que ele seja cumprido.
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Direito Processual Civil V
Depositário ou administrador de bens alheios. Antigamente os bancos tinham muito aluguel de cofre. Você
não declarava o que guardava lá. Se tinha um falecimento e se tinha um inventário, precisava conhecer o que tinha
lá dentro.
O STJ, através de uma súmula, não mais permite na exibição como procedimento preparatório a imposição
de multa diária.
Quando a pessoa não apresenta o documento exigido, há uma presunção de veracidade. Mas o STJ
entende que essa presunção se reporta apenas à exibição no processo principal, e não no procedimento
preparatório.
Inciso III. Quando a empresa é de capital aberto não tem muito problema, porque é transparente quem
tem ações na bolsa. Ocorre que a maior parte das empresas brasileiras são de capital fechado. Às vezes tenho um
cotista minoritário de uma empresa de capital fechado, a empresa deu lucro em determinado período, e aquele
sócio minoritário não consegue ter acesso àqueles dados. Pede-se toda a escrituração da empresa, entrega a um
contador especializado, que vai avaliar se aquele cotista tinha direito à distribuição de algum percentual que não foi
feito. Só aí decidirei se ingresso ou não com a ação principal.
O art. 845 se reporta ao processo de conhecimento exatamente onde há exibição. Só que no processo de
conhecimento posso impor multa, posso presumir verdadeiros os fatos se o documento não for mostrado.

Cabe honorários na ação de exibição. Suponha que peço à instituição bancária que exiba os extratos
bancários. Se a instituição bancária apresenta de imediato todos os extratos, não há que se falar em honorários. Mas
se ela recusa, ou está demorando muito, necessito ingressar na via judiciária com a ação de exibição. Neste caso,
mesmo que a instituição bancária exiba os extratos sem contestar, caberá honorários.
A competência da exibição é a mesma da ação principal se eu propuser a ação principal.
O professor entende que aquele que for obrigado a exibir o documento tem direito a receber pelo custo da
exibição do documento.
Bem utilizada, ou a ação de exibição irá me levar a uma certeza maior do meu direito, ou me levará a um
convencimento de que não cabe propor a ação principal.
A exibição é um meio de prova que visa, na verdade, prestigiar a qualidade do processo.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS


Não obriga a propositura da ação principal. Pedida a produção antecipada de provas, se não propor a ação
principal posteriormente não enseja nenhuma sanção. Também não é obrigado a propor a ação principal em 30
(trinta) dias.
A produção antecipada de provas é muito importante para a qualidade do processo. Tem a função de
valoração do processo.
Eu antecipo o momento de produção da prova. Eu tenho um momento próprio para a dilação probatória.
Entretanto, algumas situações fazem com que eu tenha, sob pena grave de perder a prova, de antecipar a produção.
Ou seja, antecipo a produção para não perder a prova. Além disso, estou prestigiando a qualidade do processo.
Pode ser depoimento da parte, pode ser depoimento de testemunha, e pode ser exame pericial.
Há uma tendência muito mais forte de aproximação com a verdade real do que antigamente.
Não devemos nos esquecer que temos de formar a convicção do magistrado em dois perfis: um referente à
matéria de fato e outro referente à matéria de direito.
Convencer o magistrado referente à matéria de fato. Tenho de convencer o presidente do processo que
aqueles fatos são verdadeiros, ou que são falsos caso eu seja réu.
Convencer o magistrado referente a matéria de direito. Às vezes tanto réu como autor reconhecem
determinada matéria como incontroversa, aí eles tentarão convencer quanto à matéria de direito.
A produção antecipada de prova visa convencer acerca das matérias de fato. Necessito produzir aquela
prova antes da dilação probatória, senão ela poderá não existir mais.
A produção antecipada de prova pode ocorrer a qualquer tempo, até o momento em que comece a
dilação probatória. Não posso utilizá-la para disfarçar eventual perda de prazo para arrolar testemunhas na dilação
probatória, por isso não cabe mais na dilação probatória.
Em alguns países posso ouvir a testemunha por carta rogatória, mas não temos convênio com todos os
países, então não será possível utilizar a carta rogatória conforme o país em que se encontre a testemunha.
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Direito Processual Civil V
O réu pode fazer a produção antecipada de provas? Sim. Se ele tem uma testemunha que efetivamente
pode utilizar na sua defesa porque abraça seus interesses, não pode ser negado ao réu.

05/04/2010
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS (cont.)
Tem situações em que se eu tiver a prova pericial antes da proposição da demanda, me traz uma situação
muito mais forte para propor a demanda. Vejamos 3 exemplos:
i) Existe uma forma de inadimplência chamada de inadimplência técnica. Ex: pego um empréstimo
subsidiado, mas direciono minha verba para determinado empreendimento. Eu não posso romper a finalidade. Às
vezes a pessoa é adimplente, mas do ponto de vista técnico ela não está cumprindo a cronologia do processo (ex: a
cada 60 dias direcionar R$X para o empreendimento). A pessoa pode ter utilizado o dinheiro para investir no
mercado financeiro e ganhar lucros. Como nasce minha certeza do uso inadequado? Peço a produção antecipada de
provas, coloco à disposição de um perito, que irá determinar quanto foi utilizado no empreendimento. Constatado
que ele utilizou R$x de forma indevida, fica muito mais forte ingressar com a ação principal.
ii) A coleta de material para exame de DNA é de muito melhor qualidade se a pessoa estiver viva do que
morta. Se a pessoa a se submeter ao exame de DNA estiver muito doente, é conveniente pedir a produção
antecipada do exame de DNA a fim de garantir melhor qualidade da prova.
iii) Outro exemplo: iam construir um prédio ao lado da casa de José. A casa de José tinha 3 pavimentos de
subsolo para garagem. Quando mexe com lençol freático pode ocorrer deslocamento dos prédios, o que ocorreu
com a casa de José. Para o magistrado julgar, é muito mais fácil tirar um retrato da casa antes do início da obra, para
comparar com o estado da casa após o início da obra. E assim foi feito, comprovando que a casa sofreu abalo.

Lembrando que não é obrigado a propor a ação principal após a produção antecipada de provas e nem
ocorrer a propositura em 30 dias.
O professor acha que o juiz que determinou a produção antecipada de provas deveria ser o mesmo que vai
julgar a ação principal, mas não é o que ocorre hoje, não há tal obrigatoriedade.
É preciso justificar o pedido de produção antecipada de provas.
Se o magistrado recusar a produção antecipada de provas, cabe apelação. Se tiver vários pedidos e ele
deferir um e indeferir outro, cabe agravo.
A produção antecipada de provas traz segurança jurídica, pois ela aproxima mais da verdade real.
A produção antecipada de provas está no art. 846 e ss. do CPC.
Se houver inquirição de testemunhas é necessário o contraditório para que a prova possa ser utilizada
posteriormente.
As certidões a que se refere o art. 851 são para instruir o processo principal.

12/04/2010
ALIMENTOS PROVISIONAIS
Para se pedir alimentos, em tese, devo ter um parentesco jus sanguinis ou por afinidade. Devo ter sempre
presente, porque é uma relação continuativa, a necessidade de um lado e a possibilidade do outro. A partir desses
dois parâmetros ocorre a calibragem – dosagem dos alimentos.
As ações de divórcio e anulação de casamento demoram muito para chegar ao final e a pessoa não pode
ficar sem alimentos, devido à dignidade da pessoa humana.
Quem paga alimentos não pode cobrar de volta, ainda que venha a se provar que não existia paternidade,
por exemplo.
Tem alguns juízes que, quando a mulher solteira está grávida (relacionamento não deu certo), decidiram
caber alimentos à mulher para que o nascimento ocorra de forma saudável.
Os alimentos provisionais têm todos os requisitos de uma cautelar clássica. Obriga a propositura da ação
principal no prazo de 30 dias, e ainda, se houver a proposição indevida (ex: litigância imprópria), cabe sanção. Pode
ser preparatória e pode ser incidental.

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Direito Processual Civil V
Às vezes tenho uma situação em que venho pagando alimentos e, no meio da ação de separação litigiosa
vem a separação definitiva (sentença). A cautelar de alimentos perde sua eficácia, uma vez que terei uma sentença
definitiva que fixará os alimentos, não sendo mais necessário a liminar.

Suponha que tenha uma separação litigiosa que estabelece a guarda. A forma da guarda, especialmente
em relação à visita, vai mudando conforme a criança cresce. Esse raciocínio vale para os alimentos porque as
pessoas mudam. Se não houver consenso, aquele que se sentir prejudicado, quando houver uma relação jurídica
continuativa, pode entrar com uma ação sem que haja ofensa à coisa julgada. Isso porque tanto a doutrina quanto a
jurisprudência consideram que nesse tipo de situação a coisa julgada produzida corresponde a fatos passados, e os
fatos novos podem gerar uma outra situação. Ou seja, à luz de fatos novos, é possível que aquela coisa julgada seja
revista. É a chamada ação revisional. Art. 471 CPC.

Existe discussão com relação a se a pessoa que melhora de padrão de vida após a separação deve
aumentar o valor dos alimentos pagos ou deve ser mantido o status que tinha quando o casal convivia. Não há
definição a respeito.

Imaginava-se que a primeira instância estaria melhor aparelhada do que a segunda instância, por isso regra
estabelecia que seria interposto alimentos provisionais na primeira instância. Hoje a segunda instância está até
melhor aparelhada do que a primeira.
Cabe agravo de instrumento se não for concedido alimentos. E contra a sentença que é extintiva cabe a
apelação.
Cabe prisão de quem descumpre a obrigação de pagar alimentos.

ARROLAMENTO DE BENS
Temos a ação de exibição, em que apenas há exclusivamente exibição e não faço nenhuma trava naquilo
que é exibido (não se torna indisponível). Já o sequestro serve para bens certos (ex: separação de um casal em que
há receio de que um dos cônjuges aliene indevidamente o patrimônio). Já o arrolamento de bens tem a serventia de
descobrir, de achar determinados bens. Enquanto que na exibição não há uma trava, no arrolamento de bens há
uma trava efetiva do patrimônio encontrado. O arrolamento me obriga à propositura da ação principal em 30
(trinta) dias, seguindo a regra geral das cautelares.
Ex: seja uma sociedade limitada qualquer. Posso sair da sociedade e alcançar o direito que tenho em
relação às cotas que tenho. Tem muitas sociedades que possuem valor expressivo devido ao patrimônio que têm
(ex: estoque). O arrolamento de bens serve como elemento identificador de tudo o que a sociedade tem para que,
quando for dada, por exemplo, a sentença de dissolução da sociedade, a porcentagem a que tem direito o sócio seja
atribuída a ele. Evita-se com o arrolamento a dissipação dos bens, os quais ficarão indisponíveis para que, quando
vier a decisão da ação principal, o pagamento dos percentuais a que têm direito os sócios seja o mais próximo
possível do patrimônio a que têm direito.
O arrolamento de bens também é um garantidor do resultado final da demanda envolvendo uma forma de
apuração.
Dentro do inventário tem um arrolamento de bens que é bem diferente deste arrolamento de bens
cautelar.

Não dá para usar sequestro ao invés de arrolamento de bens porque, na situação de arrolamento, eu não
sei quais são os bens.
Quando se encerra a sociedade de fato, a concubina, não tendo como determinar os bens que ajudou a
constituir durante a duração da relação e temendo que quando for reconhecida a sociedade de fato como uma
união estável os bens já tenham sido dissipados, ela pode fazer o arrolamento de bens para que o patrimônio seja
determinado e ao fim da ação principal se faça a repartição do patrimônio encontrado.
Art. 856. O interesse do requerente pode se fundar em direito já constituído ou que seja declarado em
ação própria (ex: concubinato). Ou seja, serve tanto para o direito já reconhecido como para aquele direito a ser
reconhecido. Em ambos os casos há o fumus boni iuris e o periculum in mora.
Art. 859. Será lavrado um auto descrevendo minuciosamente aquilo que foi encontrado.
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Direito Processual Civil V

JUSTIFICAÇÃO
Veremos que temos algumas medidas que estão no processo cautelar, mas têm utilização para se evitar a
minha necessidade de bater às portas do judiciário. Desde o início devemos considerar que a justificação é uma
prova produzida em juízo na presença da possível parte em contrário, que posso usar administrativamente ou posso
utilizar judicialmente.
A justificação começou com grande incidência quando as pessoas iam se aposentar. Elas trabalharam
efetivamente no lugar, mas não foram registradas. Até há pouco, se eu produzisse uma justificação e esta
justificação fosse satisfatória, no pedido de aposentadoria eu podia juntar a justificação para o INSS conceder a
aposentadoria. Neste caso, os funcionários do INSS não seriam punidos por conceder a aposentadoria, e a pessoa
conseguiria suprir o tempo não comprovado por falta de registro na CTPS.
Ex: uma senhora se formou há 50 anos em Letras, mas jamais pegara o diploma. Ela precisava do diploma
agora para se inscrever no conselho regional e ter direito ao plano de saúde. A faculdade não tinha os arquivos
devido a um incêndio. Foi proposta uma justificação na qual foram juntados o álbum de formatura, o convite de
formatura no qual constava o nome dela, os prêmios que ela ganhou na faculdade e testemunha dos colegas ainda
vivos. A faculdade se sentiu à vontade para conceder o diploma que ela estava procurando.
E se houver resistência à utilização da justificação (na via administrativa)? Ela servirá, então, como prova
judicial na eventual demanda judicial.
É inegável que uma prova produzida judicialmente ajuda no convencimento da autoridade na via
administrativa. Mas a justificação não tem caráter coercitivo. A autoridade pode negar o uso da justificação.

19/04/2010
DOS PROTESTOS, NOTIFICAÇÕES E INTERPELAÇÕES
Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação e ressalva de seus
direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição
dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intime a quem de direito.
O protesto tem várias atividades. É uma forma de resguardar direitos. Possivelmente o protesto que mais
iremos encontrar é o protesto contra alienação de bens. O protesto contra alienação de bens não indisponibiliza o
patrimônio, mas ele dá uma publicidade, e quem eventualmente compra algum patrimônio daquele que é
protestado pode correr um certo risco.
Se o protesto não serve para impedir a venda, para que seve o protesto? Posso ter um contrato em que
tenho a legitimidade ativa e passiva, ele não está vencido, e tenho uma notícia que Pedro, que será o protestado,
está se desfazendo de seu patrimônio. Eu não quero que ele se desfaça de seu patrimônio a ponto de inviabilizar
uma ação que no futuro irei promover. Eu não posso propor a ação porque não está vencida a dívida. Não cabe
fraude à execução porque a ação não foi proposta. Cabe a ação pauliana. Na ação pauliana, se o imóvel é vendido
para terceiro, se não tinha nenhuma ação proposta, o terceiro é de boa fé. A linha de raciocínio é eu ter um
argumento que venha a abalar a boa fé desse adquirente. O melhor argumento que teria um dos réus na ação
pauliana – estar de boa fé – o protesto feito antes da alienação derruba esse argumento, a minha prova na ação
pauliana fica muito fortalecida. O protesto dá uma publicidade tal e qual que não possa nesse caso alegar boa fé
aquele que adquiriu.
O protesto também serve para preservar direitos. Uma das funções do protesto é interromper a prescrição.
O protesto é uma das formas de interromper a prescrição (art. 202, II CC).
O cheque é um título que circula livremente. Eu posso pegar um cheque de terceiro, ir numa
concessionária de carros e comprar um veículo. Se uma pessoa praticou chantagem para que outrem lhe desse
cheque em branco, o perigo maior é se esse chantagista passar o cheque para terceiros de boa fé. Nesse caso, devo
protestar contra a circulação desse cheque, colocando o chantagista no polo passivo, dando publicidade. Aquele que
viesse a utilizar o cheque não poderia alegar boa fé. Criou-se uma protetividade através da publicidade.

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Direito Processual Civil V
A notificação, regra geral, serve para levar à mora a quem de direito.
A interpelação serve quando eu desejo um efeito confirmatório.
Tem algumas situações em que se eu não notificar eu não consigo propor a demanda principal, porque irá
faltar uma das condições da ação. Ex: tenho uma locação por prazo determinado, e o prazo já se esgotou. Quero
resgatar o imóvel, porque não me interessa mais continuar com a locação. Devo notificar o locador para desocupar
em 30 dias. Se eu não notificar, eu não tenho interesse em agir, pois a lei exige que o locador seja notificado.
Para a ação de busca e apreensão eu preciso ou protestar ou notificar antes de ingressar com a ação, senão
uma das condições da ação – interesse de agir – estará faltando.
Protesto, notificação e interpelação, terminado o processamento, retiram-se ou autos do cartório. O
professor não concorda com isso.

Na petição o requerente exporará os fatos e fundamentos do protesto. O juiz indeferirá o pedido, quando
o requerente não houver demonstrado legítimo interesse e o protesto, dando causa a dúvidas e incertezas, possa
impedir a formação de contrato ou a realização de negócio lícito. Ex: um terceiro usa o protesto para impedir uma
situação lícita, o juiz deverá impedir esse ato do terceiro.
É bom publicar o protesto de alienação de bens em edital porque eu não quero que ninguém compre
aquele bem.
O inciso II do art. 870 fala da “ação sem réu”. Eu tenho uma intenção declaratória em face da sociedade.
O juiz não é obrigado a deferir o protesto. Se ele perceber que está sendo mal utilizado o protesto, ele
pode chamar o protestado para ouvi-lo sobre o protesto que está sendo deduzido e não deixará o protesto ir
adiante.
O protesto, a notificação e a interpelação não admitem defesa nem contraprotesto nos autos; mas o
requerido pode contraprotestar, contranotificar ou contrainterpelar em processo distinto.
Em resumo, o protesto serve para resguardar direitos; a notificação para alertar a mora ou imputar a mora;
a interpelação para uma postura confirmatória. Em alguns eventos se faz necessário o protesto ou a notificação para
ingressar com a demanda (falta de condição da ação: interesse de agir).

10/05/2010
HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
Tenho situações que, independentemente de estarem contratadas, incidindo na situação ela se opera. Esse
penhor é legal, e não convencional. Bastando a ocorrência da situação, eu tenho consubstanciado esse penhor.
O penhor lega, permite, num primeiro momento, que eu atue numa dimensão sem a participação do poder
judiciário, e logo em seguida eu vou homologar.

No penhor legal, apesar de eu tomar a providência de retenção de um bem, eu preciso, ato contínuo, a
providência judicial. Isso fará com que, atendido os ditames próprios, ele seja homologado (caso contrário não será
homologado).
O penhor legal surgiu há muito tempo como uma forma de fazer cumprir uma obrigação legal. Precisaria
ter uma tabela com os preços, especificação daquilo que foi consumido. Aquilo que for apenhado vai servir no
processo futuro de cobrança. Será uma forma de garantir o sucesso daquela providência.
Ex: vou jantar e deixo meu carro no estacionamento do restaurante. Na hora de pagar decido não pagar a
conta. Em tese, o restaurante pode reter meu carro.
Os bens que não são sujeitos à penhora não podem ser apenhados. Ex: taxista para no mesmo
estacionamento e não paga a conta. Mas o táxi não pode ser apenhado porque é um bem de trabalho, e bem de
trabalho não pode ser penhorado.
O penhor legal consiste, na verdade, na formação de uma garantia, e não dispensa a propositura de uma
ação que vise garantir a satisfação de uma obrigação. Dependendo do documento que tiver posso entrar com uma
ação ordinária (até 60 salários mínimos), sumária, e até a monitória.
Não confundir penhor (forma de garantia) com penhora (constrição de bens), pouco importando se o bem
apenhado possa no futuro ser penhorado.
Art. 874. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o credor, ato contínuo, a homologação. Na petição

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Direito Processual Civil V
inicial, instruída com a conta pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, pedirá a citação
do devedor para, em 24 (vinte e quatro) horas, pagar ou alegar defesa.
Parágrafo único. Estando suficientemente provado o pedido nos termos deste artigo, o juiz poderá homologar de plano o
penhor legal.

Art. 875. A defesa só pode consistir em:


I - nulidade do processo;
II - extinção da obrigação;
III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os bens sujeitos a penhor legal.

Art. 876. Em seguida, o juiz decidirá; homologando o penhor, serão os autos entregues ao requerente 48 (quarenta e oito)
horas depois, independentemente de traslado, salvo se, dentro desse prazo, a parte houver pedido certidão; não sendo
homologado, o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a conta por ação ordinária.
Exemplo de dívida não prevista em lei é dívida de jogo. Neste caso, não é autorizado o penhor legal.
Suponha que o bem não seja homologado. Neste caso, ele será entregue ao réu e deverá ser proposta ação
ordinária para obter o valor devido.

DA POSSE EM NOME DO NASCITURO


Art. 2º CC (antigo artigo 4º do CC16): “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
A priori, somente aqueles que nascem com vida podem estar em juízo. Mas os direitos do nascituro já
estão garantidos, ainda que não tenha capacidade de estar em juízo.
Durante a gestação, os bens que pertencerão ao nascituro correm risco de sofrer desvio. Normalmente
ocorre quando o pai morre e a mãe está em gestação, mas pode ocorrer quando da morte de algum ascendente seu
(ex: avô), do qual seja sucessor. Como o nascituro não tem legitimidade por ausência de capacidade civil, a mãe do
nascituro pode usar esta posse transitória para que não exista uma dissipação patrimonial para que, quando o
nascituro tenha capacidade, não veja frustrado o resultado. Deve haver receio de dissipação, receio de desvio.
Esta ação serve, portanto, para a mãe preservar o direito do nascituro até que este nasça. Nascendo com
vida, ele terá capacidade de estar em juízo.
Art. 877. A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz
que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação.
§ 1o O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem o nascituro é sucessor.
§ 2o Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a declaração da requerente.
§ 3o Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro.

Art. 878. Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente investida na posse dos
direitos que assistam ao nascituro.
Parágrafo único. Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomeará curador ao nascituro.

ATENTADO
É preciso já ter o processo (não serve como procedimento preparatório). Não é ato praticado por terceiro,
mas somente pela parte.
O objeto litigioso em constrição judicial não pode ser alterado. Ainda que possa existir uma fraude
processual, esta é uma providência cível que pode gerar uma indenização de ordem material e, eventualmente, de
ordem moral.
Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:
I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;
II - prossegue em obra embargada;
III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.

Art. 880. A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao procedimento, o disposto nos arts. 802 e 803.
Parágrafo único. A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que conheceu originariamente da causa
principal, ainda que esta se encontre no tribunal.

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Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa
principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.
Parágrafo único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em
conseqüência do atentado.
Preciso ter sempre o retrato do momento da propositura da demanda (obviamente, algumas situações
preciso alterar, como um prédio sujeito a risco de desabamento). Comete atentado aquele que altera esse retrato.
Julgado procedente a ação de atentado, será determinado o restabelecimento do status quo antes.
A proibição do réu falar nos autos (art. 881) está revogada à luz da CF88. Viola o direito constitucional de
defesa.
As perdas e danos podem ser de ordem material e podem ser de ordem moral, a depender da situação. O
dano moral não passa por liquidação, ele deve ser fixado na própria sentença.

17/05/2010
OUTRAS MEDIDAS PROVISIONAIS
Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou antes de sua propositura:
I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida;
II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos;
III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de casamento;
IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais;
V - o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutores ou curadores, ou por eles
induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;
Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal;
Vll - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita;
Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguardar a saúde, a segurança ou outro interesse público.
Inciso I. Se a obra estiver em risco, posso pedir uma decisão judicial que autorize a providência no sentido
de preservar a coisa litigiosa e que não implicará na alteração de coisa litigiosa que estudamos em atentado.
Inciso II. Temos situações em que o clima fica muito pesado e nem se deixa retirar os bens de uso pessoal.
Inciso III. Dependendo de como a separação caminhe, eu preciso efetivamente oferecer a chamada posse
provisória para que quem detiver a posse provisória tome atitudes na vida do filho, tais como matrícula na escola,
autorizar que ele viaje etc. Se houver casamento é preciso propor a ação principal.
Inciso IV. Não se usa muito hoje em dia.
Inciso V. Se tiver uma separação, depende da ação principal. Se não tiver uma separação, essa medida já é
satisfativa sem precisar de uma ação principal.
Inciso VI. É a figura da separação de corpos. Não existia a Lei Maria da Penha na época que elaboraram o
CPC. Quando o casal brigava muito, era comum determinar o afastamento temporário dos cônjuges. Hoje temos um
prazo mínimo para entrar com separação judicial, então pode-se entrar com a separação de corpos até decorrer o
prazo necessário para a separação judicial.
Inciso VII. Quando há casamento é ação cautelar; quando não há casamento nem união estável, vira
medida principal. Não posso deixar uma criança sem guarda estabelecida. Se a guarda for compartilhada, regula o
direito de visita.
Inciso VIII. Essa medida pode ser cautelar ou pode ser satisfativa. Quando é satisfativa, tenho um
ingrediente probatório bem maior para que sejam satisfeitos determinados requisitos.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Tenho direito de cumprir uma obrigação que eu assumo na forma que eu acho correto o cumprimento da
obrigação. Tenho basicamente duas origens do cumprimento de uma obrigação: uma em razão de uma
determinação judicial;

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Direito Processual Civil V
A ação de consignação em pagamento pode ser utilizada para fazer com que alguém que tenha se
comprometido a pagar, mas o outro não quer receber porque o valor mudou em relação ao que fora acordado, por
exemplo. A ação de consignação em pagamento serve também para discutir cláusula contratual.
Outra situação é quando eu não sei a quem pagar. Quando eu tenho uma incerteza a quem pagar, já que
tenho indício de que mais de uma pessoa está tentando obter o cumprimento da obrigação, entro com a ação,
deposito o valor e coloco uma pessoa contra a outra no sentido que a pessoa que demonstrar ter o melhor título fica
com o pagamento.
Até quando posso propor a ação de consignação em pagamento? Uma linha entende que até constituir a
mora; outra entende que até o dia seguinte da mora (?).
Outra situação: tenho um contrato de locação. O locatário acha que deve pagar X. Vai depositando os
valores e entra com a ação de consignação. O locador entende que o locatário não pagou e propõe uma ação de
despejo. São duas ações conexas. A ação de consignação em pagamento gera muitas situações de conexão.
Quando é em numerário, a ação de consignação em pagamento pode ser feita por via extrajudicial. A via
extrajudicial é somente para valores, não pode quando envolve coisa. Se o depósito extrajudicial for recusado, posso
levantar o depósito ou utilizá-lo para propor a ação de consignação em pagamento na via judicial.

31/05/2010
AÇÕES POSSESSÓRIAS
Ação possessória é bem importante no Brasil porque em 90% de nosso território as pessoas não têm a
propriedade, mas apenas a posse.
Suponha que Alessandra venda um imóvel para Roberto por meio de compromisso de compra e venda, e
Roberto não paga. A ação que ela vai propor não é uma possessória clássica.
Estudaremos ação possessória para combater situação em que a posse está prestes a ser aviltado ou
quando já foi aviltado.
O CC chega a permitir a defesa da posse com suas próprias forças nas situações do art. 1210 §1º.
O titular da ação possessória que estudaremos não precisa ser o detentor da propriedade, basta ter a
posse. Além disso, a possessória, para que consiga o domínio, é preciso que tenha a prescrição aquisitiva, que é um
determinado tempo de posse, geralmente de forma mansa e pacífica, que permita propor a ação de usucapião.
Existem 3 (três) ações clássicas para quando a posse está para ser ofendida ou já foi ofendida: interdito
proibitório; manutenção de posse; reintegração de posse.

A ação de interdito proibitório serve geralmente para situações em que a violação da posse está marcada
para ocorrer num prazo mais longínquo. Ex: greve em agências bancárias e, apesar do direito de greve ser
reconhecido constitucionalmente, impedirá o acesso dos correntistas à agência bancária.

Na ação de manutenção de posse, ainda não há o esbulho, mas ocorre a turbação. Turbação é considerado
derrubar a cerca, trazer caminhões com material que propicie a invasão etc.

A terceira ação, que visa devolver a posse, tem o nome de reintegração da posse.

Essas 3 ações são regidas pela fungibilidade (conversibilidade) (não é o princípio da fungibilidade).
Mudando a situação, não preciso repropor a ação, basta comunicar o juiz que deixou de ser uma turbação e se
tornou um esbulho, por exemplo. Art. 920.

Para ter direito à tutela antecipada tenho de ter uma situação de posse nova, e não de posse velha. Tudo
aquilo que foi invadido ou turbado em até ano e dia é posse nova. Tudo o que foi turbado ou invadido após ano e dia
é posse velha. Discute-se se é da data em que ocorreu o evento ou da data em que a pessoa teve conhecimento,
mas tem prevalecido que é da data em que ocorreu o evento.
As ações possessórias têm a característica de ser uma ação dúplice. O réu da possessória, ao invés de
ingressar com outra ação ou com uma reconvenção, ele pode pedir uma pretensão na contestação (ex: pedir a posse
e pedir perdas e danos). Art. 922.
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Para que se obtenha a pretensão possessória temos alguns requisitos. Mesmo que passe de ano e dia, a
ação será possessória, ainda que siga o procedimento ordinário.
A primeira forma de execução é mandamental. Perdas e danos pode ser liquidado diretamente ou por
meio de liquidação de sentença. Tem situações que ensejam dano moral, e tem situações que ensejam também o
desfazimento de obra ou plantação na área invadida (obrigação de fazer).
Pode-se cumular com o pedido possessório perdas e danos (inclusive dano moral); cominação de pena para
o caso de nova turbação ou esbulho; desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da posse.
Na pendência do processo possessório, é proibido, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de
reconhecimento do domínio (ex: usucapião). Enquanto houver a possessória há uma impossibilidade de se ingressar
com a ação de usucapião.

Para obter a liminar de manutenção ou de reintegração de posse deve-se provar a posse (pelo título, por
testemunha, pagamento de conta de água e luz etc.); a turbação ou esbulho (ex: por boletim de ocorrência); data da
turbação ou esbulho; a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na
ação de reintegração.
O juiz poderá conceder a liminar inaudita altera parte.
Após a concessão da liminar, a ação segue o procedimento ordinário.

No tocante ao interdito proibitório, o art. 933 dispõe que aplica-se a ele o disposto para manutenção e
reintegração de posse.

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