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PERFURAÇÃO DIRECIONAL

João Carlos Ribeiro Plácido


PERFURAÇÃO DIRECIONAL

João Carlos Ribeiro Plácido

Rio de Janeiro, Brasil

Ano 2009

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PERFURAÇÃO DIRECIONAL

Observação:

Esta apostila foi totalmente baseada no livro “Perfuração Direcional” de autoria


de Luiz Alberto Santos Rocha et all, Editora Interciência, Segunda Edição, 2008.

A maioria dos textos, figuras e tabelas foram extraídas do livro.

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1. INTRODUÇÃO À PERFURAÇÃO DIRECIONAL

1.1. Aplicações de Poços Direcionais

Perfuração direcional é uma técnica utilizada para se atingir objetivos


que não estão localizados abaixo da locação da sonda, ou seja, os objetivos
estão localizados em coordenadas diferentes daquelas da cabeça de poço.

Muitas vezes a técnica de perfuração direcional é usada para manter a


verticalidade de poços em função da acentuada inclinação das camadas dos
sedimentos. Algumas formações também apresentam forte tendência de
desvios, que pode ser controlada com estas técnicas de perfuração direcional.

É uma da técnica ligada à indústria petrolífera que mais evoluiu nos


últimos anos.

1.1.1. Poços direcionais usados para atingir alvos de difícil acesso

Em algumas situações os objetivos são de difícil acesso. Nestes casos


utilizam-se os poços direcionais para atingir estes alvos. As figuras a seguir
apresentam algumas destas situações.

Figura – Sonda em terra e objetivo no mar

Figura – Alvo em área urbana

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Figura - Sonda no mar, alvo em área inóspita

Figura - Alvo em área montanhosa

1.1.2. Sidetrack

Técnica típica da perfuração direcional, em que se faz um desvio a partir


de um poço já perfurado.

Recorre-se a esta técnica, para se desviar de peixes, reperfurar poços


perdidos e também para aproveitar um trecho de poço em que não se
conseguiu atingir o alvo na primeira perfuração.

1.1.3 - Poços direcionais para exploração

Poços perfurados para obter informações de uma área ainda não


conhecida.

Um exemplo é o caso de um poço que não atingiu a formação desejada.


Com base em novas interpretações da sísmica, a seção mais profunda do poço

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é abandonada e faz-se um desvio (sidetrack) para alcançar um outro objetivo,
minimizando assim os custos, pois aproveita-se a cabeça de poço, os
revestimentos, o fluido de perfuração, as brocas, etc.

1.1.4 - Poços direcionais perfurados a partir de uma plataforma única

Esta técnica tem sido muito freqüente. Como exemplo, tem-se os


clusters (conjuntos de guias) ou template. Neste caso otimiza-se as linhas de
produção. A perfuração dos poços direcionais pode ocorrer simultaneamente à
fabricação da plataforma final de produção.

Figura – Poços direcionais partindo de um template

1.1.5 - Poços para exploração de novas reservas

As vezes utiliza-se clusters ou plataformas fixas para explorar, delimitar


ou até mesmo investigar reservatórios adjacentes.

Figura – Poços partindo de uma mesma plataforma fixa

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1.1.6 - Poços em áreas urbanas e de proteção ambiental

Poço agrupados em cluster dentro de um prédio, com vista a evitar a


poluição auditiva do ambiente causada pelos motores da sonda. Poços
agrupados em cluster (em uma ilha por exemplo) para atingir um alvo abaixo
de uma cidade.

1.1.7 - Poços em zonas fraturadas e em áreas de domos salinos

Poços direcionais em zonas fraturadas com objetivo de conectar fraturas.


Esta é alternativa para retardar a produção de água o que implica melhorar a
produtividade do óleo.

Figura – Fraturas conectadas por poço direcional

A perfuração através de um domo salino pode comprometer a


estabilidade do poço devido ao efeito da fluência, que faz com que a formação
se movimente fazendo com que o diâmetro do poço sofra uma redução.
Dependendo da taxa de fluência, um tempo normal de manobra pode ser
suficiente para que a nova broca não consiga mais passar pelo intervalo já
perfurado.

Figura – Perfuração de domo salino

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1.1.8 - Poços para controle de blowout

Também chamados poços de alívio, as vezes é a única forma para se


controlar um blowout. Uma vez que o poço atinge o poço em blowout, um
fluido de peso específico e com propriedades apropriadas é injetado para
controlar a erupção.

Figura – Poço de alívio

1.1.9 - Poços multilaterais e horizontais

Os poços multilaterais são pernas ou ramos perfurados de um mesmo


poço de origem ou poço-mãe.

Os poços horizontais atingem inclinações próximas de 90° e possibilitam


a exposição de longos trechos do reservatório aumentando a produtividade.

Figura – Poços multilaterais

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Figura – Poço horizontal

1.1.10 - Poço piloto

É um poço perfurado com o intuito de verificar o topo do reservatório,


contatos óleo/água e gás/óleo, estratigrafia do reservatório ou as
profundidades das camadas de melhor permeabilidade.

Figura – Poço piloto inclinado

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1.2. Definições Básicas

1.2.1. Definições gerais

a) Afastamento.

É a distância horizontal em relação a linha que passa pelo objetivo


(target). Cada profundidade terá um determinado afastamento em relação à
cabeça do poço.

b) Trajetória Direcional

É o caminho percorrido pela broca partindo da cabeça do poço até atingir


o objetivo( ou o final do poço).

c) Profundidade Vertical e Profundidade medida

A Profundidade Vertical (PV ou TVD ou True Vertical Depth) é distância


vertical da mesa rotativa a um ponto.

A Profundidade medida (PM ou MD ou Measured depth) é a distância


percorrida pela broca para atingir a profundidade vertical.

d) Objetivo, Alvo e Raio de Tolerância

O objetivo é o ponto no espaço que a trajetória deve atingir. Geralmente


é definido pelo geólogo ou engenheiro de reservatório e pode ser um ponto em
profundidade ou mesmo seção inteira de formação.

O alvo é a área definida pelo raio de tolerância, ou seja, uma área ao


redor do objetivo onde se considera que este será atingido.

O uso da raio de tolerância é uma maneira de compensar as várias


incertezas geológicas e outras associadas à perfuração. Para poços direcionais
exploratórios, em geral, o raio fica em torno de 100 m; nos poços de
desenvolvimento, pode variar de 5 a 50 m.

e) Inclinação

É o ângulo entre o vetor local gravitacional e a tangente ao eixo do poço.


Por convenção, 0º é o ângulo para um poço vertical e 90º, para um horizontal.

f) Direção Base do Poço, Azimute e Rumo

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A direção do poço é o ângulo formado entre a projeção horizontal do
poço e o norte geográfico verdadeiro. Essa direção pode ser representada como
Azimute ou como Rumo.

O azimute varia de 0º a 360º medindo no sentido horário a partir do


norte geográfico.

O rumo varia de 0º a 90º usando como referência os quadrantes NE, SE,


SW, NW.

A seguir são apresentadas as equações para transformar a direção em


quadrantes (Q) para Azimute (A) e vice versa.

Noroeste (N Qº W) ; Fórmula: A = 360 – Q


Exemplo: N 10º W; A = 350º
Nordeste (N Qº E); Fórmula: A = Q
Exemplo: N 60º E; A = 60º
Sudoeste (S Qº W); Fórmula:A = 180 + Q
Exemplo:A= 180 + 60º ; A = 240º
Sudeste (S Qº E); Fórmula: A = 180 – Q
Exemplo:S 60º E; A = 120º

g) Orientação da Tool Face

É definida pelo ângulo (?) formado pela face da ferramenta direcional e o


lado alto (highside) do poço. Varia de 0º a 360º, no sentido horário, a partir do
ponto highside.

1.2.2 - Projeções Horizontal e Vertical

A projeção horizontal possibilita uma visão do topo do poço direcional.


Usa-se esta projeção para visualizar e corrigir a direção durante a perfuração.

A seção vertical permite observar a projeção vertical do poço. Os eixos


são, respectivamente, a profundidade vertical (PV) e o afastamento horizontal
em relação a um determinado azimute do plano de projeção.

A vista em 3D é a representação do poço no espaço.

1.2.3 – Definições Específicas para Poços Direcionais

a) KOP (kickoff point)

É o começo da seção de ganho de ângulo (buildup section).

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b) Estação e Inclinação do Poço a cada Estação

Estação é um ponto de medida de profundidade, inclinação do poço e


direção do poço (azimute).

c) Ângulo máximo do trecho reto

Ao final da seção de ganho ou perda de ângulo atinge-se um ângulo


máximo que é mantido constante no trecho reto.

d) Buildup, Buildup rate e End-of-Buildup

Buildup é a seção onde acontece o ganho de ângulo, na qual a inclinação


do poço a cada estação varia com a profundidade.

Buildup Rate (BUR) é quando na seção buildup ocorre uma taxa de


ganho de ângulo constante, e é expressa em graus/30 metros (ou graus/100
pés).

End-of-Buildup (EOB) é o final do buildup e ocorre quando o trecho reto


é atingido.

A equação do Buildup Rate é dado por: BUR=K(a1-a2)/(M1-M2)

onde: K=30 para BUR em graus/30m ou 100 para BUR em graus/100 pés.

a1 = inclinação do poço na estação 1


a2 = inclinação do poço na estação 2
M1= profundidade medida do poço na estação 1
M2= profundidade medida do poço na estação 2

e) Seção Tangente ou Slant

É a seção onde a inclinação é mantida até atingir o objetivo ou até que


haja uma nova seção de ganho ou perda de ângulo.

f) Início do Drop off (perda de ângulo)

Profundidade onde o poço começa a perder ângulo, caso necessário.

g) Seção de Drop off

Trecho do poço onde ocorre perda de ângulo, expressa por um BUR


negativo.

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h) Dogleg (ß) e Dogleg Severity (DLS)

O Dogleg é o ângulo no espaço formado por dois vetores tangente à


trajetória do poço em dois pontos em consideração de dogleg. O DLS refere-se
ao ângulo dividido pelo comprimento perfurado ou a ser perfurado.

i) Raio de curvatura (R)

Raio dos arcos de circunferência usados nos cálculos dos trechos de


buildup e drop off.

j) Giro da Broca ou Bit Walk

Mudança da direção do poço como conseqüência da rotação coluna e da


broca e normalmente ocorre para a direita.

k) Ângulo Guia ou Lead Angle

Ângulo entre a direção do objetivo e a direção para qual a face da


ferramenta (Tool Face) está apontando no início do intervalo de ganho de
ângulo.

1.3. Classificação de Poços Direcionais


É muito comum classificar os poços direcionais de forma a identificar-se
o grau de severidade de cada um.

As classificações mais comuns são quanto ao raio de curvatura, ao


afastamento e ao giro.

1.3.1 - Classificação quanto ao raio de curvatura

Quanto ao raio de curvatura, os poços podem ser classificados como


sendo de raio longo, intermediário e curto. Conforme mencionado
anteriormente, o Buildup Rate (BUR) indica qual o intervalo um poço deverá ser
perfurado para que haja uma variação de um grau na inclinação do poço.

Como a variação da inclinação é considerada constante ao longo deste


trecho do poço, o resultado é um arco de circulo com um determinado raio de
curvatura “R”, que neste caso é dado pela seguinte expressão:

R = (360 / 2?) x (K / BUR)

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Raios longos, cujos BUR variam de 2 a 4 graus/30m, são os mais comuns
na indústria, pois são geralmente poços mais suaves

Tabela 1.1. classificação da trajetória quanto ao raio

1.3.2 - Classificação quanto ao afastamento do objetivo

Quanto ao afastamento do objetivo, os poços podem ser classificados


em: convencional, grande afastamento ou ERW (extended reach well) e
afastamentos severos ou S - ERW (servere extended reach well).

Esta classificação, apresentada na tabela a seguir, está relacionada com


a razão entre o afastamento e a profundidade vertical (PV), descontando a
lâmina de água (LA) para poços marítimos.

1.3.3 - Classificação quanto ao giro

Quanto ao giro os poços podem ser classificados como aqueles que ficam
em um único plano (2D) ou os que cortam vários planos (3D). Esses últimos
são conhecidos como designer well ou poço de projetista.

Poços classificados como designer well podem ter grandes


profundidades medidas e relativamente pequenos afastamentos.

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Figura - Designer Well ou Poço de Projetista

1.4. Sistemas de Referência


Coordenadas são elementos que servem para determinar a posição de
um ponto em relação a um sistema de referência, o que em termos de
perfuração direcional significa saber a posição do poço a cada metro planejado
e perfurado.

As coordenadas geográficas são provavelmente o tipo de representação


mais familiar para a maioria das pessoas.

Neste tipo de representação todos os pontos são localizados pelo


cruzamento de duas linhas imaginárias, separadas em intervalos regulares e
medidas em graus: latitude (ou paralelos) e longitude (ou meridianos).

As latitudes ou paralelos são linhas paralelas ao equador, com distâncias


medidas em graus partindo do próprio equador, variando de 0 ate 90º norte e
sul.

A rotação da terra estabelece um eixo imaginário, cuja intersecção com a


superfície terrestre estabelece os dois pólos. O meio do caminho entre os pólos
é a linha do equador.

As longitudes ou meridianos são linhas paralelas ao meridiano de


Greenwich. Os meridianos são linhas imaginárias medidas em graus, partindo
de Greenwich (0º) até 180º para oeste e leste.

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Meridiano de Greenwich é o meridiano inicial ou zero, estabelecido em
1884 por acordo internacional, que tem como referência o meridiano que passa
pelo observatório astronômico real inglês, na cidade de Greenwich, próxima a
Londres na Inglaterra

1.4.1 - Sistemas de referências geodésicos

As coordenadas referidas aos sistemas de referência geodésicos são


normalmente apresentadas em três formas: (a) planas, (b) cartesianas e (c)
geodésicas (ou elipsoidais).

a) Sistema de coordenadas planas

As coordenadas referidas a um determinado sistema de referência


geodésico podem ser representadas num plano através dos componentes norte
(northing) e leste (easting) e são o tipo de coordenadas regularmente
encontrado em mapas.

Para representar as feições de uma superfície curva em plana, são


necessárias formulações matemáticas chamadas de mapas (ou métodos) de
projeções. Diferentes projeções poderão ser utilizadas na confecção de mapas.

Para se usar mapas de projeção, é necessário definir os chamados


datums geodésicos.

Vários são os métodos de projeção para transformar o globo terrestre


em um plano: Projeção cônica, Projeção Transversa de Mercato, Projeção de
Mercator Padrão, Projeção Mercator Transverso (UTM – Universal Transverse
Mercator).

Projeção cônica

A projeção cônica de Lambert é feita através da projeção em cone. Este


método é usado nas regiões de médias latitudes, por exemplo, EUA, e as
coordenadas são geralmente dadas em pés. O seu uso no entanto não é
comum na indústria do petróleo.

Projeção Transversa de Mercator

O mapa de projeção mais comum é denominado Transversa de Mercator


(TM). Neste tipo de projeção o globo terrestre é envolvido em um cilindro para
realizar as projeções e é dividido em dois tipos: padrão e transverso.

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Projeção de Mercator Padrão

Neste método, um cilindro envolve o globo na linha do equador, o que


ocasiona distorções nos pólos. Não é usada na indústria do petróleo.

Projeção Mercator Transverso (UTM – Universal Transverse Mercator)

O mapa de projeção mais usado no mundo é a Universal Transverse


Mercator, mais conhecida como UTM. Neste método, um cilindro envolve o
globo no meridiano, minimizando as distorções no pólo.

Este método irá gerar as coordenadas UTM que são amplamente


utilizadas na perfuração de poços.

A sua restrição é que não é indicado para latitudes acima de 84º Norte e
80º Sul, onde se utiliza o “Universal Polar Sstereographic” (UPS).

Qualquer posição de um objeto em coordenadas UTM é descrita através


de três elementos: (a) zona em que ela está, (b) easting e (c) northing.

Easting é uma medida de leste/oeste e corresponde grosseiramente a


longitude. Northing é uma medida norte/sul e corresponde grosseiramente a
latitude.

No caso do Northing (eixo Y) mede-se sempre a partir da linha do


equador. Acima do equador inicia-se com zero metro e os valores aumentam na
direção norte. Abaixo do equador inicia-se com 10.000.000 metros e os valores
diminuem na direção sul.

No caso do Easting (eixo X) o meridiano central corresponde ao valor de


500.000 metros. No equador este valor fica em torno de 600.000 metros. O
intervalo de valores do eixo X fica menor em direção aos pólos.

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Figura - Zonas da Projeção Mercator Transverso (Zonas UTM)

b) Sistema de coordenadas cartesianas

Um sistema de coordenadas cartesianas no espaço 3D é caracterizado


por um conjunto de três retas (x,y,z) denominados eixos coordenados
mutuamente perpendiculares.

A associação de um sistema cartesiano a um sistema de referência


geodésico recebe a denominação de sistema cartesiano geodésico.

No sistema de coordenadas cartesianas o eixo X coincide com o plano


equatorial, positivo na direção da longitude 0º. O eixo Y coincide com o plano
equatorial, positivo na direção norte. O eixo Z é paralelo ao eixo de rotação da
terra e positivo na direção norte. A origem está localizada no centro de massas
da terra (geocentro), as coordenadas são denominadas de geocêntricas,
usualmente utilizadas no posicionamento de satélites.

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Figura – Coordenadas cartesianas geocêntricas (x,y,z)

c) Sistema de coordenadas geodésicas

As definições de coordenadas geodésicas de um ponto qualquer P na


superfície do elipsóide são conforme: Latitude geodésica, Longitude geodésica e
Altitude elipsoidal.

A latitude geodésica é o ângulo contado sobre o meridiano que passa


pelo ponto P, compreendido entre a normal passante por P e o plano
equatorial. A longitude geodésica é o ângulo contado sobre o plano equatorial,
compreendido entre o meridiano de Greenwich e o ponto P. Finalmente, a
altitude elipsoidal corresponde a distância de P a superfície do elipsoide medida
sobre a sua normal.

Figura – Coordenadas Geodésicas (Latitude e Longitude)

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d) Sistema local de referência

Geralmente um sistema local de referencia tem a sua origem posicionada


em um ponto já identificado em um dos sistemas de referencia descritos
anteriormente, e chamados aqui sistemas de referência oficiais. Um exemplo
comum do sistema local de referência é quando se refere a posição dos poços
ou aos objetivos com relação a coordenada central da plataforma.

1.4.2 - Referencial Geodésico (Datum)

Referencial geodésico também conhecido pelo termo datum geodésico,


ou simplesmente datum, é um conjunto de parâmetros que definem o tamanho
e a forma da terra, origem e a orientação do sistema de coordenadas usadas
para mapear a própria terra.

Figura – Aproximação da topografia da superfície da terra por um


modelo baseado num elipsóide.
(Fonte:www.colorado.edu/geography/gcraft/notes/datum/datum_f.html)

Os data evoluíram de formas esféricas para modelos elipsoidais


derivados de anos de medições feitas por satélites.

É importante ter em mente que referenciar coordenadas geodésicas a


um datum errado pode resultar erros de centenas de metros.

Um dantum, geralmente consiste da definição de um elipsóide, da


definição da relação deste elipsóide com a superfície da terra, da definição da
unidade de comprimento a ser usada, de um nome oficial, e da região da
superfície da terra de onde se pretende fazer medições.

Os estudos geodésicos mais recentes mostraram valores diferentes para


elementos do elipsóide, medidos nos vários pontos da terra. Isto faz com que
cada região deva adotar como referência o elipsóide mais indicado.

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2. PLANEJAMENTO DIRECIONAL
Um planejamento é fundamental para o sucesso do poço direcional,
sobretudo para poços mais complicados. Um planejamento direcional envolve o
estabelecimento da trajetória direcional, definição da coluna de perfuração
adequada e pesquisa sobre as melhores práticas operacionais.

A trajetória direcional, além de atingir o objetivo, deve contemplar


necessidades da equipe de geólogos e de perfuração. Análise anticolisão é
importante em alguns casos.

Para a definição da coluna de perfuração adequada é necessário uma


simulação prévia de torque, drag e hidráulica, que podem indicar a
possibilidade ou não de descer ou de girar a coluna de perfuração ou de
assentar uma coluna de revestimento.

Estudos de geopressões devem ser executados para uma escolha


adequada do peso do fluido e posicionamento das sapatas.

A equipe de planejamento deve ser multidisciplinar (geólogos,


especialistas em reservatório, perfuração, completação e produção).

O planejamento deve ser suportado por estudos prévios.

Lições aprendidas devem ser implementados em poços futuros.

O objetivo deste capítulo é apresentar os dados básicos para planejar a


trajetória direcional e os principais aspectos que influem neste planejamento.

2.1. DADOS BÁSICOS

O primeiro passo no planejamento é definir objetivos através de


coordenadas planas (UTM) e usando sistemas locais.

Os dados básicos dependem do tipo de poço, ou seja, se este é


exploratório ou de desenvolvimento.

a) Relativos a poços exploratórios:


• Informação relativa a geologia da área (litologia, pressões, objetivos,
riscos geológicos e fluidos esperados).
• Trajetória direcional (Profundidade, Afastamento, Azimute do objetivo,
Curvatura).
• Operações a serem realizadas (testemunhagem, testes de formação,
perfilagem, etc).

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b) Relativos a poços de desenvolvimento:
• Espaçamento entre os poços ou layout submarino.
• Informações relevante de poços de correlação.
• Seção geológica (formações, fluidos, pressões, contatos).
• Tipo de completação.
• Número total de poços.

2.2. TIPOS DE TRAJETÓRIAS DIRECIONAIS


Os poços direcionais apresentam vários tipos de trajetórias. Os fatores
que influenciam estas trajetórias são:

• Profundidade total do poço e afastamento.


• Limitações de torque e arraste.
• Limitações de limpeza de poço e pressões no fundo do poço.
• Presenças de formações rasas e inconsolidadas que dificultam o ganho
de ângulo.
• Aspectos geológicos (dips, falhas).
• Existência de formações instáveis que limitam inclinação.
• Requisitos de reservatórios (profundidade de entrada, direção do
objetivo).
• Existência de reservatórios com muitas camadas que exigem poços
inclinadas ao invés de horizontais.
• Operações futuras a serem feitas nos poços (fraturamento, gravel
packing, ...).
• Impossibilidade de fazer o peso da coluna chegar a broca em função da
complexidade da trajetória.

Os tipos de trajetórias para poços direcionais são:

• Trajetória bidimensional (2D):


§ Tipo I (Build-Hold)
§ Tipo II (S)
§ Tipo III
• Trajetória horizontall
• Trajetória tridimensional (3D ou designer well ou poço de projetista)

2.2.1. Trajetória do Tipo I

A seção vertical é finalizada pelo KOP (kick off point). Existe uma seção
de ganho de ângulo e um trecho tangente (slant) opcional. O KOP é
normalmente raso.

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Figura – Poço Tipo I

2.2.2. Trajetória do Tipo II ou “S”

A seção vertical é terminada pelo KOP raso, seguida por uma seção de
build up e um trecho tangente. Após este ponto o poço inicia uma seção perda
de ângulo chamada de drop off. Uma seção tangente final é opcional.

Normalmente este tipo é aplicado para reduzir o ângulo final de entrada


no reservatório devido a limitações dos objetivos.

As desvantagens deste tipo de trajetória é o risco de prisão por chavetas,


o aumento de torque e arraste e problemas para perfilar.

Figura – Poço Tipo II

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2.2.3. Trajetória do Tipo III

Esta trajetória é parecida com a tipo I, no entanto o KOP é mais


profundo. Este tipo não apresenta o trecho tangente (slant).

O KOP mais profundo permite que o trecho vertical seja aprofundado


diminuindo o trabalho direcional, o que é uma vantagem. No entanto traz
algumas desvantagens. É mais difícil atingir o ganho de ângulo inicial pois as
formações são normalmente mais duras e consolidadas, tornando difícil orientar
a face da ferramenta (tool face) com motores de fundo. Em plataformas com
várias guias (slots) não permite um rápido distanciamento dos outros poços,
aumentando o risco de colisão.

Figura – Poço Tipo III

2.2.4. Trajetória do Tipo Horizontal

Nesta trajetória o trecho final do poço é horizontal e dentro do


reservatório acompanhando sua inclinação. Pode-se atingiir usando um ou dois
trechos de ganho de ângulo (build up), os quais podem ser separados, ou não,
por um trecho tangente (slant).

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Figura – Poço Horizontal

2.2.5. Trajetória do Tipo 3D ou Designer Well ou Poço de Projetista

Este tipo ded trajetória é caracterizado por uma mudança de direção


(azimute) além da variação da inclinação. Portanto, éuma trajetória espacial.

Após definir o projeto preliminar 2D, a trajetória 3D pode ser projetada.


O projeto 3D é necessário, pois a perfuração não é ao longo do plano vertical
que contém a locação o alvo. O giro da broca deve ser compensado no início
do desvio posicionando a tool face num certo ângulo a partir da direção do
poço (ângulo guia). O ângulo guia tem sentido contrário ao giro da broca e é a
metade da mudança de direção.

2.3. Importantes aspectos relacionados ao


planejamento direcional

Visa listar alguns aspectos e problemas enfrentados pela perfuração


direcional, sendo que alguns deles estão relacionados a poços mais complicados
como ERW, Designer Wells ou perfuração direcional em águas profundas.

Os principais aspectos que serão discutidos são:

§ Especificação da sonda
§ Trajetória do poço
§ Fluido de perfuração
§ Limpeza do poço
§ ECD
§ Geopressões

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§ Controle do poço
§ Torque, arraste e flambagem
§ Revestimento
§ Cimentação
§ Perfilagem a cabo
§ Completação
§ Vibração e desempenho
§ Custos

2.3.1. Especificação da sonda

A seleção da sonda e seus equipamentos deve levar em conta vários


fatores que incluem:

§ Capacidade de carga.
§ Capacidade do sistema de circulação.
§ Potência dos geradores da sonda.
§ Estado de conservação da coluna de perfuração.
§ Manutenção rigorosa para evitar paradas da perfuração e acidentes.
§ Espaço para estocagem de materiais e acomodação de pessoal.

2.3.2. Trajetória do poço

A trajetória afeta todos os aspectos relevantes de um programa de poço,


tais como:

§ Equipamentos que serão usados na perfuração, no revestimento e na


completação.
§ Limpeza do poço.
§ Torque e arraste.
§ Dificuldade de manobra das colunas de perfuração, revestimento e
completação.
§ Opções de perfilagem.

A trajetória deve ser analisada em termos de sua proximidade com poços


adjacentes, ou seja, deve ser feita uma análise anticolisão.

Um exemplo de dificuldade causada pela trajetória associada à rotação


da coluna é a formação de chavetas.

2.3.3. Fluido de perfuração

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Em qualquer tipo de poço o fluido de perfuração deve apresentar
determinadas funções e características.

As funções de um fluido de perfuração são:

§ Limpar o fundo do poço e remover cascalhos.


§ Manter controle dos fluidos contidos nas formações.
§ Estabilizar as paredes.
§ Transmitir potência hidráulica à broca, turbinas e motores de fundo.
§ Fornecer energia ao LWD, MWD, RSS, etc.
§ Não gerar dano ao reservatório.
§ Não reagir com as formações.
§ Formar reboco fino e pouco permeável.
§ Lubrificar a coluna de perfuração.
§ Resfriar a broca e o restante do sistema.
§ Permitir a transmissão das informações até a superfície.
§ Não interferir na perfilagem.

As características de um fluido de perfuração são:

§ Ter estabilidade química.


§ Aceitar tratamentos químicos e físicos.
§ Ser bombeável.
§ Não danificar as formações.
§ Não ser corrosivo aos equipamentos.
§ Não oferecer risco a saúde e ao ambiente.

Além das características acima, quando perfurando poços de geometria


complexa como os horizontais, multilaterais e de grande afastamento, o fluido
de perfuração deve apresentar as seguintes características:

§ Boa tixotropia para garantir suspensão dos cascalhos nas paradas da


bomba.
§ Alta lubricidade para reduzir atrito.
§ Baixa reatividade química para evitar inchamento ou desmoronamento.

Os fluidos de perfuração não aquosos têm sido usados com sucesso


devido apresentarem vantagens como boa reologia a temperaturas acima de
260°C, serem mais efetivos à corrosão, ter alta lubricidade e permitirem peso
específico menor que 7,5 ppg.

No entanto, os fluidos não aquosos apresentam como desvantagens um


maior custo, maior impacto ambiental, comprometimento de leitura em alguns
tipos de perfilagem e dificuldade para a detecção de kick de gás.

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A indústria tem buscado alternativas com fluidos aquosos e novos
lubrificantes (base glicol).

No caso de fluidos não-aquosos busca-se composições ambientalmente


amigáveis (acetais e ésteres).

2.2.4. Limpeza do poço

Uma boa limpeza pode ser definida como aquela onde a distribuição de
cascalhos e o leito formado ao longo do poço não causam problemas para a
operação em andamento. Um poço limpo não precisa estar 100% livre dos
cascalhos. Pode-se conviver sem problemas com leitos de cascalhos durante a
perfuração e estes criarem restrições durante a manobra.

Em poços com inclinação entre 0° e 45° o carreamento é função


viscosidade, limite de escoamento e da vazão.

Em poços com inclinação entre 45° e 65° o carreamento é função


viscosidade, limite de escoamento e da inclinação do poço. Existe uma
formação de dunas que se move lentamente para a superfície. Quando as
bombas param existe uma tendência de deslizamento que pode causar prisão.

Em poços com inclinação entre 65° e 90° os cascalhos formam um leito


no fundo do poço. A agitação mecânica é fundamental para mover os
cascalhos. Nas paradas da bomba os cascalhos se sedimentam na parte baixa
do poço causando maiores torque e arraste.

Os pincipais fatores que afetam o transporte de cascalho são vazão de


bombeio, rotação da coluna de perfuração e reologia do fluido de perfuração.

2.3.5. ECD ( Equivalent Circulating Density)

É o peso equivalente de fluido de perfuração, que considera a pressão


devido as perdas de carga parasitas mais a hidrostática do fluido. Deve-se
considerar o ECD para verificar as pressões no anular para evitar o influxo de
fluidos (kick) e a fratura da sapata.

2.3.6.Geopressões

Refere-se ao gradientes de pressão de poros, fratura e colapso que


formam a base para a construção de qualquer poço (janela operacional).

28
Figura – Janela operacional

Em poços direcionais a coluna de perfuração sempre está em contato


com a parte baixa do poço, o que aumenta a chance de prisão quando perfura-
se em modo orientado.

A janela operacional diminui com a inclinação dos poços implicando em


fluidos mais pesados para evitar o colapso.

Portanto, deve-se cuidar com o aumento de risco de prisão, colapso e


fratura.

2.3.7. Controle de poço

O risco de ocorrer um kick aumenta em poços direcionais.

Existe a possibilidade de ocorrer um swab durante a manobra devido a:

§ presença de cascalhos na parte baixa do poço reduz área de fluxo ao


redor da broca.
§ maior quantidade de manobras efetuadas em poços de grande
afastamento.

Kicks de gás são difíceis de serem detectados em poços com alta


inclinação (principalmente horizontais), pois o gás fica comprimido ao longo do
trecho horizontal não apresentando um indício claro na superfície.
O uso de fluidos não-aquosos em poços direcionais dificultam a detecção
de um kick devido ao problema de solubilidade nestes fluidos.

A vazão de lama para combater o kick em poços com alta inclinação


geralmente não consegue deslocar totalmente os fluidos dentro do poço.

29
O tempo de preparo dos fluidos aumenta com o comprimento do poço
dificultando o processo de adensamento de um fluido durante o combate ao
kick.

2.3.8. Torque, arraste e flambagem

Limitações devido torque, arraste e flambagem podem ocorrer tanto na


fase de perfuração quanto na completação dos poço direcionais.

As limitações do torque dependem das operações e dos equipamentos a


serem utilizados no poço, tais como:

§ Top drive
§ Tubos e conexões de perfuração e de revestimento
§ Telas de completação

Pode ser necessário o dimensionamento de top drivers mais potentes,


tubos e conexões de alto torque, redutores de torque acoplados à coluna de
perfuração.

O arraste aumenta com a inclinação do poço e normalmente se torna um


problema nas operações de retirada da coluna (pick up) em poços com grandes
profundidades medidas ou com sondas de baixa capacidade.

Na descida das colunas (slack off) o arraste pode limitar a transmissão


de peso para a broca e a descida de revestimento.

Durante a etapa de perfuração a coluna pode flambar dentro do poço


dificultando sua descida e principalmente a transmissão de peso sobre a broca.

2.3.9. REVESTIMENTO

O dimensionamento da coluna de revestimento de poços direcionais


segue os mesmos critérios utilizados nos poços verticais.

A diferença fica por conta das maiores cargas axiais aplicadas aos poços
direcionaise e no que tange à flexão imposta pela curvatura.

O tipo de conexão para poços direcionais é função das cargas de


compressão que irão atuar no revestimento. As conexões API tendem a perder
a capacidade de vedação. As conexões Premium são mais adequadas.

Deve-se estar atento ao desgaste do revestimento gerado pela rotação


da coluna de perfuração.

30
Recomenda-se revestir o trecho de ganho de ângulo imediatamente após
sua perfuração.

2.3.10. Cimentação

Para se obter uma boa cimentação é preciso que, além da centralização


do revestimento no poço:

§ Os eventuais cascalhos depositados na parte baixa do poço direcional


sejam removidos através da circulação de fluido de perfuração ou
através de “back reaming”.
§ O reboco formado pelo fluido de perfuração na parede do poço seja
removido por ação mecânica ou por produtos químicos no fluido de
condicionamento do poço.
§ Gire-se a coluna de revestimento para distribuir melhor a pasta ao redor
do revestimento.

A cimentação de poços horizontais e de grande afastamento é mais


complexa devido à dificuldade de centralização do revestimento, à maior
deposição de cascalhos, à maior dificuldade de remoção do reboco e à grande
dificuldade de se girar o revestimento.

O uso de fluidos de perfuração não–aquosos para aumentar a lubricidade


não favorece uma boa cimentação. Para isso os espaçadores devem conter
aditivos químicos surfactantes para criar uma condição de molhabilidade à água
do cimento e ficar um maior tempo exposto à formação (o normal é de 10
min).

2.3.11. Perfilagem a cabo (wireline) e LWD

A perfilagem no poço direcional pode ser a cabo ou com LWD.

Perfilagem a cabo pode ser usada em inclinações menores que 50º. Caso
contrário usa-se a técnica tool pusher, o qual utiliza o tubo de perfuração.

Perfilagem em tempo real é executada com LWD (Logging While


Drilling).
2.3.12. Completação

Algumas operações de completação são afetadas diretamente pela


trajetória, tais como: gravel packing e descida de tela.

Doglegs maiores que 4,5°/30m podem impedir a descida da tela.

31
A trajetória deve considerar o tipo de modelo de elevação e escoamento
para evitar separação das fases.

As bombas tipo BCS devem ser descidas nas seções tangente (slant)
para evitar fadiga do eixo.

Deve-se considerar futuras intervenções como: perfilagens de produção,


métodos de estimulação, operações com coiled tubing, descidas de bombas e
telas, abandono do poço.

2.3.13. Vibração

Os três tipos de esforços devido à vibração na coluna são os seguintes:


Axial, Lateral e Torção. Estes efeitos combinados ou isolados podem causar
falhas por fadiga, instabilidade das paredes e redução da taxa de penetração.

Os modos mais freqüentes de vibração são: Torsional (Slip-stick) Axial


(Bouncing) e Lateral (Whril)

Em poços direcionais os problemas mais freqüentes gerados pela


vibração estão associados ao efeito da vibração lateral no BHA, danificando os
instrumentos de navegação que possuem muitos componentes eletrônicos.

2.3.14. Desempenho e custo

Poços direcionais custam mais que um poço vertical devido ao custo


relacionado ao tempo, custo diário da sonda, custo diário de aluguel de
equipamentos adicionais e ao custo diário de logística.

Os custos relacionados à profundidade medida são devido ao


comprimento dos revestimentos e à quantidade de materiais (cimento, fluido,
brocas, ...).

Os custos randômicos são devido ao custo de pescarias e ao custo de


controle de poço.

32
3. COLUNAS DE PERFURAÇÃO DIRECIONAL
As maiores profundidades medidas e valores de torque e arrastes
elevados são algumas características típicas que diferenciam um poço direcional
de um vertical.

Enquanto os tubos de perfuração transmitem rotação e conduzem a


lama, o BHA ditará a trajetória. O BHA deve considerar tendências de ganho ou
perda de inclinação, linha neutra, formação, inclinação, broca, parâmetros de
perfuração e diâmetros de seus componentes.

O início de ganho de ângulo no KOP depende da tecnologia usada para


forçar a broca na direção desejada, que por sua vez depende da coluna de
perfuração.

3.1. Componentes básicos da coluna de perfuração


Os componentes básicos da coluna de perfuração são os seguintes:

§ Comandos (DC - drillcollars)


§ Tubos pesados (HWDP - heavyweight drillpipes)
§ Estabilizadores (STB)
§ Motor de fundo
§ Percussor de perfuração (drilling jar)
§ Sub com válvula flutuante (float sub)
§ Brocas

3.1.1. Comandos (DC – drill collars)

São elementos tubulares pesados e com grande rigidez usados


principalmente para colocar peso sobre a broca.

Podem ser de paredes externas lisas, em forma de espiral para evitar


prisão por diferencial de pressão, não magnéticos parta alojar sensores de
direção, curtos para ajustar o espaçamento entre estabilizadores para aumentar
a possibilidade de combinações de estabilizações.

3.1.2. HWDP

Permitem a mudança gradual da rigidez da coluna. Podem ser usados


para fornecer peso à broca.

São tubos que apresentam geralmente o mesmo diâmetro externo dos


drillpipes, porém com maior espessura de parede.

33
3.1.3. Estabilizadores

São elementos tubulares de coluna de perfuração que apresentam as


seguintes funções:

§ Estabilizar o BHA.
§ Controlar o desvio do poço.
§ Manter os comandos no centro do poço e reduzir a vibração lateral.
§ Prevenir prisão por diferencial de pressão e desgaste dos comandos.

3.1.4. Percussor de perfuração (drilling jar)

Equipamento auxiliar da perfuração utilizado na coluna para facilitar a


liberação da mesma em caso de prisão.

A energia do jar provém do efeito elástico, como o de uma mola, da


coluna de perfuração, quando esta se alonga ou contrai.

O jar pode ser mecânico ou hidráulico.

Traciona-se ou comprime-se a coluna até liberar o mecanismo do jar que


mantém o mandril interno preso. O impacto se dá quando este mandril se
movimenta e pára bruscamente.

A energia é transmitida por ondas de choque com a velocidade de


propagação do som.

Deve-se evitar posicionar o jar na linha neutra para evitar fadiga.

3.1.5. Sub com válvula flutuante (float sub)

É um sub que tem no seu interior uma válvula que só permite o fluxo do
fluido de perfuração de dentro da coluna para o anular.

Usado para evitar que, em caso de desbalanceamento de pressões entre


anular e interior, haja um fluxo reverso que venha a entupir os jatos ou
desalojar ferramentas especiais de registro de direcional (MWD por exemplo).

3.1.6. Brocas

É um dos componentes mais importantes da coluna de perfuração, pois é


responsável pelo corte da formação a ser perfurada.

34
É escolhida em função do tipo de formação a ser atravessada e da
performance desejada.

Em função das suas partes cortantes podem ser: brocas de cones ou


brocas com cortadores fixos.

A limpeza do fundo do poço depende da perda de carga nos jatos, que é


função da densidade do fluido, do TFA e da vazão.

A potência hidráulica no fundo é função da vazão e da perda de carga na


broca. Para uma boa limpeza deve ser mantido da ordem de 2,5 a 4 hhp/pol2.

3.2. Composições de colunas para perfuração


utilizando componentes básicos

Existem vários equipamentos comuns a todos os tipos de poços,


verticais ou não. Em termos de perfuração direcional, as ferramentas básicas
para se compor um BHA são: HWDP, DC e STB.

Tipos básicos de composição de coluna utilizados na perfuração


direcional:

§ Composição para ganhar ângulo (princípio da alavanca ou efeito


Fulcrum)
§ Composição para manter ângulo (coluna empacada)
§ Composição para perder ângulo (princípio do pêndulo)

3.2.1. Composição para ganhar ângulo (principio da alavanca ou efeito


fulcrum)

Baseia-se no efeito da alavanca promovido pelo estabilizador colocado


bem próximo da broca (near bit stabilizer ou NBS), que empurra esta para o
lado alto do poço à medida que o peso do BHA curva gradualmente o comando
adjacente.

Os fatores que afetam a taxa de ganho de ângulo são:

§ Peso sobre a broca


§ Rotação da coluna
§ Diâmetro dos comandos
§ Vazão

35
Figura – Princípio da alavanca

3.2.2. Composição para manter ângulo (coluna empacada)

Consiste na idéia de três estabilizadores em seqüência depois da broca,


separados por pequenas seções de comandos rígidos, que farão com que a
coluna resista diante de uma curva, mantendo a tendência retilínea do poço.

Figura – Coluna empacada

3.2.3. Composição para perder ângulo (princípio do pêndulo)

Baseia-se no conceito do pêndulo. A característica principal do BHA para


perder ângulo é a não utilização de estabilizador near-bit ou usá-lo com
diâmetro abaixo do da broca (under gauge).

Os fatores que afetam a taxa de perda de ângulo são:

§ Distância do estabilizador até a broca


§ Parâmetros de perfuração

36
Figura – Princípio do pêndulo

3.3. Equipamentos especiais da perfuração


direcional

3.3.1. Motor de fundo (mud motor)

Uma das ferramentas básicas da perfuração direcional é o motor de


deslocamento positivo.

O motor de fundo é um motor hidráulico conectado logo acima da broca


e movimentado pelo fluxo de fluido de perfuração que circula em seu interior.

Tem como função transmitir rotação e torque à broca sem necessidade


de girar a coluna de perfuração.

Os principais componentes do motor de fundo são:

§ Dump sub/dump valve


§ Seção de potência
§ Unidade de transmissão
§ Seção de rolamento

O Dump sub/dump valve tem a função de permitir a passagem de fluido


para dentro do coluna de perfuração durante a descida e a drenagem deste
mesmo fluido durante a retirada da coluna. Uma vez ligadas as bombas, uma
mola é pressionada pela pressão do fluido fechando as passagens e permitindo
que o fluxo se dê por dentro do motor.

37
A seção de potência do motor de fundo é fornecida pelo conjunto rotor e
estator descrito por Moineau (1932), que tem um funcionamento inverso da
bomba de deslocamento positivo.

Figura – Seção de potência do motor de fundo

Na unidade de transmissão, o rotor, por ter a forma de uma hélice, tem


movimento excêntrico em relação ao eixo da coluna. Para transmitir esse giro
excêntrico à broca faz-se uso de duas conexões articuladas (juntas universais)
ou uma barra flexível (barra de torção). Esta barra, normalmente fabricada de
titânio, é conectada à base do rotor e absorve o movimento excêntrico e alinha
com o restante da ferramenta abaixo do motor.

A seção de rolamento permite a transmissão de cargas axiais (peso


sobre a broca) e cargas laterais provenientes da coluna de perfuração.

3.3.2. Sistema steerable

O sistema composto por motor de fundo e bent sub como ferramenta


defletora e uma ferramenta de medição direcional não é mais usado. Em seu
lugar foi desenvolvido um sistema composto por um motor steerable e uma
ferramenta de medição direcional contínua (MWD).

38
Figura – Sistema Steerable

A perfuração direcional feita com sistema steerable se divide em dois


modos: Orientado e Rotativo

O modo orientado a coluna de perfuração não girada para manter a face


da ferramenta (tool face). A broca é girada pelo motor de fundo. No modo
rotativo a coluna é girada e a rotação da broca é a soma das rotações da
coluna e do motor de fundo.

As vantagens do sistema steerable em relação à perfuração com o


conjunto motor e bent sub são:

• Longos intervalos podem ser perfurados sem a necessidade de


manobras.
• Economia de manobras depois que um desvio é efetuado.
• Redução de torque e arraste.
• Redução do risco de prisão tanto por diferencial de pressão quanto por
geração de altos doglegs, uma vez que a coluna fica parada por menos
tempo.

39
Embora tenha havido evolução com relação ao sistema anterior (motor +
bent sub), a perfuração steerable no modo orientado ainda apresenta riscos
devido à maior parte da coluna não estar girando.

O modo orientado apresenta as seguintes desvantagens:

• Possibilidade de prisão diferencial.


• Aumento da chance de prisão por desmoronamento do poço
• Deficiência na limpeza do poço, uma vez que existe uma grande
tendência de acumular cascalho na parte baixa do poço.
• Dificuldade em transmitir peso para a broca em poços ERW onde o efeito
do atrito no arraste é crítico.
• Dificuldade de se deslizar os tubulares como: colunas de perfuração, de
revestimento, de produção, telas de contenção de areia.
• Dificuldade de se manter a orientação (controle da tool face).
• Baixa taxa de penetração.
• Alta tortuosidade.
• Altas variações de ECD.
• Maior probsabilidade de flambagem da coluna com possível travamento.
• Redução na eficiência de limpeza do poço.

Já as desvantagens da perfuração steerable no modo rotativo são:

• Vibrações que podem ocasionar falhas no motor e nos sensores


direcionais (MWD).
• Maior desgaste da broca e da coluna de perfuração.
• Diâmetro de poço (caliper) irregular, dificultando a perfilagem do poço.

Além dos problemas já mencionados, as mudanças de modo orientado


para rotativo e vice-versa resultam em poços tortuosos.

3.3.3. Sistema rotary steerable (RSS)

Este sistema foi uma evolução do sistema steerable, pois permite a


alteração da trajetória do poço em perfuração sem necessidade de parar a
rotação da coluna.

Há basicamente dois métodos de atuação desses sistemas: Push-the-bit


e Point-the-bit

No push-the-bit a alteração da trajetória é feita através de um empurrão


que a ferramenta exerce contra a parede do poço, através da atuação de um
pistão ou braço articulado. Exige a utilização de brocas com capacidade de
corte lateral (active gauge) e a intensidade da alteração da curvatura ou Dog
Leg Severity resultante é muito influenciada pela competência das formações

40
sendo perfuradas e da qualidade do poço próximo à broca. De uma maneira
geral, a qualidade do poço sendo perfurado com este sistema não diferencia
muito de um poço perfurado com motor de fundo steerable.

Figura – Push the Bit

No point-the-bit a broca é apontada na direção desejada. Gera-se uma


flexão no eixo rotativo conectado à broca que permite desviar o poço de forma
constante e uniforme, na intensidade desejada. Neste sistema a qualidade do
poço perfurado é superior à gerada pelos outros sistemas.

Figura – Point the Bit

A evolução desses sistemas caminha para ferramentas controladas a


distância ou automáticas. Neste último caso, a ferramenta recebe a informação
da trajetória do poço e, praticamente sem interferência de operadores, faz toda
a curva e navegação no reservatório como se fosse uma perfuração
convencional.

3.3.4. Sistema rotary steerable com motor de fundo

O objetivo deste sistema é utilizar motores de fundo no RSS para


aumentar a potência na broca.

3.3.5. Turbina

41
Embora classificadas como motores de fundo, seus princípios de
funcionamento e projetos de construção são completamente diferentes.
Assemelham-se mais a uma bomba centrífuga ou a uma bomba axial.

3.3.6. Logging While Drilling (LWD) e Measurement While Drilling


(MWD)

O LWD é composto de diversos perfis, tais como raios gama,


resistividade, sônico, ressonância magnética e testes de pressão.

O perfil de raios gama é usado para identificar a argilosidade das


formações. O de resistividade é usado para identificar o tipo de fluido contido
nos poros das rochas. O sônico e densidade neutrão indica a porosidade das
rochas. A ressonância magnética identifica e tipifica os fluidos contido nas
rochas e quanto deste fluido poderá ser extraído. Finalmete, os testes de
pressão fazem tomadas de pressão em pontos de interesse para identificar
trechos do reservatório que estão com pressão original ou depletados.

O MWD é responsável pelo registro direcional e é composto de


equipamentos para medir inclinação do poço, azimute e face da ferramenta
(tool face).

3.4. Geosteering
Técnica de navegação usada na perfuração direcional que baseia-se na
utilização de ferramentas defletoras (motor de fundo steerable ou RSS)
equipadas com um conjunto de LWD o mais perto possível da broca, permitindo
não só um grande controle da trajetória do poço em tempo real, mas também
identificar tipos de formação, porosidade e fluidos contidos nos poros das
rochas.

Existem também as ferramentas azimutais que permitem avaliar de que


quadrante do poço veio a descontinuidade da formação e assim ajustar a
trajetória na direção mais apropriada.

O geosteering implica em formação de equipe multidisciplinar. Permite


navegar dentro da melhor parte do reservatório e também em formações
delgadas e com muitas intercalações de folhelhos, pois a formação é avaliada
durante a perfuração.

A evolução do geosteering envolve a utilização de softwares com grande


poder de visualização e colocados em salas especiais de visualização.

42
4. ACOMPANHAMENTO DIRECIONAL
Na perfuração direcional, os registros (fotos) de inclinação e direção,
realizados a um intervalo predeterminado, definem um vetor tangente à
trajetória nesse ponto.

A trajetória seguida por um poço direcional é calculada através de


métodos que envolvem hipóteses relacionadas ao traçado da trajetória
esperada entre duas estações.

4.1. Equipamentos de registro direcional


Medições direcionais (survey ou fotos) são requeridas para definir a
trajetória de um poço. As fotos são obtidas com equipamentos especiais para
obter a inclinação, direção e face da ferramenta.

A obtenção destas medições é fundamental para que:

• Os objetivos geológicos sejam atingidos.


• As colisões entre poços sejam evitadas.
• Os poços em blowout sejam combatidos através da perfuração de poços
de alívio.
• O posicionamento correto de sidetracks e de poços multilaterais seja
efetuado.
• Os doglegs e o doglegs severity sejam identificados, minimizando os
pontos de possíveis problemas nas manobras.

As medições direcionais também serão usadas nas fases subseqüentes


como: completação, produção e abandono do poço. As medições podem ser
agrupadas em: controle direcional, verificação de posição, orientação e
produção.

Os objetivos de qualquer boa medida direcional são:

• Obter e manter informações da localização dos poços.


• Assegurar que os dados satisfaçam a precisão requerida.
• Realizar as medições de forma eficiente em termos de custo sem
comprometer as exigências de precisão dos dados.

Os fatores que influenciam na seleção do instrumento de registro


direcional são:

43
• Tamanho do objetivo (define as exigências de precisão das
ferramentas)
• Latitude do poço (afeta os instrumentos magnéticos e a precisão
dos instrumentos giroscópicos)
• Direção do objetivo (fotos a leste/oeste requerem procedimentos
especiais para ambos os sensores, magnéticos e giroscópicos)
• Tipo de instalação de perfuração (interferência magnética é
inerente a algumas instalações com várias guias)
• Custo da sonda (melhores sondas normalmente significa melhores
MWD)
• Máxima inclinação de projeto (algumas ferramentas possuem
limitações operacionais para poços com alta inclinação)

A classificação dos equipamentos de medição direcional é a seguinte


varia com o tipo e quantidade de medições. Quanto ao tipo de medição
podem magnéticos ou giroscópicos. Quanto ao número de medições podem
registro simples, múltiplos e contínuos.

Os principais equipamentos de registro direcionais são:

• Magnético de registro simples (magnetic single shot – MSS)


• Magnético de registro múltiplo (magnetic multiple shot – MMS)
• Giroscópio de registro simples (gyroscopic single shot – GSS)
• Giroscópio de registro múltiplo (gyroscopic multiple shot – GMS)
• Sistema de navegação inercial (inertial navigation system – INS)
• Medição contínua a cabo (steering tools)
• Medição contínua sem cabo (MWD e GWD)

4.2. Influência do referencial Norte na determinação


da trajetória do poço

Os sensores direcionais medem a direção com base ao norte magnético


(MN), norte verdadeiro (TN) ou norte grid (GN).

4.2.1. Definições de referências de Norte

O norte verdadeiro (True North - TN) são linhas em direção ao pólo


norte geográfico, paralelas às longitudes. É uma referência absoluta para o
mapeamento da terra. É imutável.

O norte grid (Grid North - GN) são linhas paralelas entre si e


perpendiculares à linha do equador.

44
O norte magnético (Magnetic North - MN) são linhas em direção ao norte
magnético que mudam com o passar do tempo.

4.2.2. Correção da direção azimutal

Os sensores direcionais medem a direção azimutal em relação a um


norte magnético ou verdadeiro. Para padronizar essas informações da “boca do
poço” e inseri-las em um banco de dados é necessário corrigir o azimute. Esta
correção se dá através da declinação e da convergência.

Na declinação os azimutes referenciados ao norte magnético são


transformados para o referencial do norte verdadeiro utilizando o valor da
declinação, que é o ângulo formado no sentido do norte magnético (MN) para o
norte verdadeiro (TN).

Na convergência os azimutes referenciados ao norte verdadeiro podem


ser transformados para o referencial do grid norte. Esta correção é feita através
da convergência, definida como o ângulo formado no sentido do GN para o TN.

4.3. Freqüência e qualidade dos registros direcionais


De posse de um conjunto de fotos, obtém-se a trajetória do poço através
de metodologias de cálculo.

Espera-se que quanto maior o número de fotos, mais realista seja a


representação da trajetória perfurada. Contudo, a precisão da trajetória
dependerá também do grau de confiabilidade do instrumento de registro
direcional.

Figura – Relação entre precisão e incerteza de instrumentos de registros


direcionais

45
Outro ponto importante é que o espaçamento com que as fotos são
registradas não afetará o curso da trajetória caso o perfil da mesma seja
regular, sem mudanças bruscas de direção, ou de inclinação, ou de
profundidade. Fotos realizadas com MSS deverá ter um espaçamento máximo
de 50 m, diminuindo para 10 a 20 m na curvatura, e com maior espaçamento
dentro do reservatório. Os registros com MWD são feitos a cada conexão para
poupar tempo. Nos casos de alto DLS, ou poços com alvo reduzido, ou com
risco de colisão pode-se realizar registros a cada 15, 10 ou até 5 m.

As conseqüências no caso de usar de ferramentas de baixa confiabilidade


são as seguintes:

• Grandes profundidades levam a uma maior propagação dos erros de


medição.
• As dificuldade de se fazer correções dos ângulos aumenta para poços de
grande extensão ou muito profundos.
• A qualidade das medições pode cair acentuadamente para altos ângulos.
• Ângulos de entrada do alvo com relação à posição da broca podem
tornar a execução do poço mais complicada.

4.4. Métodos de cálculo de acompanhamento da


trajetória de poço
Independente do tipo de medição direcional a ser usada, apenas estarão
disponíveis as inclinações e direções do poço tomadas a cada foto e as
profundidades medidas em que estes registros foram efetuadas.

Assim, para saber a posição do poço em qualquer profundidade, é


necessário aplicar um método de cálculo de trajetória do poço que fará a união
dessas fotos calculando os valores de profundidade verticais e os afastamento
laterais (norte/sul e leste/oeste) a partir da cabeça do poço.

A hipótese básica utilizada na maioria dos métodos é de que a trajetória


entre os dois pontos (A e B) é calculada utilizando as medições de
profundidades (M), inclinação(a) e direção (e) obtidas nesses dois pontos. A
hipótese utilizada é que o segmento AB é calculado assumindo que o ponto “A”
(profundidade, inclinação e azimute) é conhecido e o ponto “B” deve ser
calculado.

Os métodos utilizados para calcular a trajetória são os seguintes:

• Tangente
• Tangente balanceada
• Ângulo médio

46
• Raio de Curvatura
• Mínimo Raio da Curvatura

No método da tangente o segmento AB é aproximado por AB` paralelo à


tangente no ponto “B”. O ponto “B” é calculado com base na inclinação e no
azimute medidos no ponto “B”.

Figura – Método da tangente

No método da tangente balanceada divide-se o comprimento entre as fotos


em dois segmentos retos e iguais. A acurácia deste método é similar à do
ângulo médio, contudo apresenta erros maiores de cálculo para seções de
ganho de ângulo, profundiades verticais (TVD) maiores e afastamentos
menores.

No método do ângulo médio a inclinação e o azimute no ponto “B” é igual a


média da inclinações e azimutes em “A” e “B”. As projeções dos pontos “A” e
“B” são calculadas como as projeções obtidas dos ângulos médios das
inclinações e dos azimutes.

Figura – Método do ângulo médio

No método do raio de curvatura a distância perfurada é tratada como uma


curva inscrita sobre uma superfície cilíndrica com eixo vertical. A projeção

47
vertical e horizontal de cada ponto são assumidas como sendo arcos de círculos
cujos raios serão função da taxa de ganho de ângulo e da taxa de variação do
azimute.

Figura – Método do raio de curvatura

No método do mínimo raio de curvatura assume-se que a trajetória é uma


curva suave sobre a superfície de uma esfera, por exemplo, um arco circular. A
trajetória é resultante da minimização da curvatura segundo restrições físicas
da seção do poço. As fotos iniciais e finais de um comprimento da trajetória
definem os vetores espaciais que são tangentes à trajetória nesses dois pontos.
Os dois vetores são suavizados em uma curva através de uma fator (F) definido
pela curvatura (dogleg) da seção do poço.

4.5. Mudança de direção da trajetória


Durante a perfuração, existem dois momentos em que a ferramenta
defletora deve ser orientada para que haja mudança de direção no poço:

1. No momento em que se inicia o ganho de ângulo. Neste instante, em


que a inclinação do poço é próximo da vertical, a orientação será do tipo
magnética cuja a referência é o norte magnético.

2. A outra ocorre quando é necessário fazer correção na trajetória e o poço


já tem uma certa inclinação. Nesse caso, o lado alto do poço pode ser
definido, pois ele sempre aponta a direção do poço. Neste caso, a
orientação da ferramenta é feita através do ângulo toolface entre a face
da ferramenta e o lado alto do poço. Esta orientação recebe o nome de
“gravitacional”. O ângulo é referido como ?.

48
Nas operações de orientação das ferramentas defletora, duas situações
se apresentam:

1. Determinar as novas direções (e + ? e) e nova inclinação (a2) após se


perfurar certo trecho do poço, utilizando uma ferramenta defletora que
produz uma mudança de trajetória ß neste trecho assentada num ângulo
?.

2. Determinar o ângulo ? no qual uma ferramenta defletora que produz


uma mudança de trajetória ß deve ser assentada, para se obter uma
nova inclinação e uma nova direção após perfurar um certo trecho do
poço.

Obs: Quando a mudança na trajetória ß é pequena, menor que 5°, pode-se


usar uma solução gráfica chamada de método de Ouija Board.

4.6. Análise de anticolisão


A colisão entre poços torna se um problema quando se perfura poços de
uma mesma plataforma. Isto torna-se especialmente crítico quando os poços
são adjacentes de outros poços produtores, o que aumenta o risco de kicks,
blowouts e vazamento de óleo.

A análise de anticolisão é usada para determinar a posição da trajetória


de um poço em relação a seu planejamento ou com relação à trajetória de
outros já realizados.

Um plano de anticolisão começa com as determinações das posições de


todos os poços da área e termina com uma proposta de perfuração de poços
futuros.

Os aspectos a serem estudados para este estudo são:

• Métodos de cálculo de incertezas ou modelos de erro.


• Tipos de cones de incerteza
• Método para a determinação das separações mínimas
• Método de rastreamento
• Análise de anticolisão

4.6.1. Métodos de cálculos de incertezas ou Modelos de erro

São usados para estimar os erros inerentes dos equipamentos de


medição dos dados direcionais (MWD, multishot, singleshot, giroscópio, etc.…).
Cada equipamento tem seus coeficientes de incerteza associados ao modelo de

49
cálculo de erro e de acordo com a precisão da ferramenta. Os modelos de erro
mais comuns são os de Erro sistemático, ISCWSA , Cone de erro e Grid de erro
de inclinação.

4.6.1.1. Erros sistemáticos

Trata os erros dos equipamentos de forma estatística levando em conta


influências internas e externas ao equipamento. Parte do princípio que a
maioria dos erros de leitura é sistemática, ignorando as fontes de erros
randômicos, assumindo que estes são desprezíveis e que tendem a se anular
após um grande número de leituras.

Tornou-se padrão na indústria e leva em conta erros devido à leitura da


profundidade, ao desalinhamento do instrumento em relação ao centro do
poço, aos efeitos devido ao peso da coluna (por exemplo, a elongação), ao
norte de referência e à leitura do azimute magnético influenciada pela
magnetização da coluna.

4.6.1.2. ISCWSA (Industry Steering Commitee for Wellbore Survey


Accuracy)

Este método tem como objetivo determinar erros relativos a


instrumentos magnéticos precisos, como o MWD.

4.6.1.3. Cone de Erro

Este método assume uma esfera ao redor de cada foto. O modelo é


empírico e baseado em observações de campo ou de teste comparadas com as
posições do fundo do poço computadas por vários instrumentos.

cone de erro = raio da leitura anterior + (intervalo MD * coeficiente do erro da


ferramenta/1000)

4.6.1.4. Grid de Erro de inclinação

Este método permite determinar a expansão do cone de erro em termos


da profundidade medida a cada 1000m perfurados por intervalos de perfuração.

4.6.2. Tipos de Cones de Incerteza

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O erro obtido a cada profundidade medida é o resultado não só do
modelo de erro adotado, mas também do encontrado na profundidade anterior.
O modelo de cone de incerteza consiste em acumular os erros ao longo da
trajetória formando os cones de incerteza. Este fato faz com que os erros se
acumulem ao longo da trajetória formando os cones de incerteza.

4.6.3. Separação mínima e fator de separação

Tanto os modelos de erro quanto os cones de incerteza só terão


aplicabilidade na análise anticolisão se forem definidos os conceitos de
separação mínima entre poço e fator de separação.

Separação mínima (Er+Eo) é a mínima distância entre o poço de


referência e seu adjacente (offset).

Fator de separação (SF) é a razão entre a distância de separação dos


poços e a separação mínima.

SF = D / (Er+Eo)
Onde:
Er e Eo são os raios das elipses de incertezas de cada poço.
D é a distância entre os centros das elipses de incerteza.

Os fatores de separação (SF) podem ser vistos como indicativos de


proximidades entre os poços e de possíveis colisões. De acordo com o valor do
fator de separação pode-se concluir o seguinte com relação à colisão:

SF <1: colisão entre as elipses, logo deve-se replanejar a trajetória.


SF=1: colisão de forma tangencial, logo deve-se replanejar a trajetória.
SF>1: não há colisão.

Se:
1<SF<A, offset deve sofrer parada de produção.
A<SF<B, tolerável para projeto, desde que offsets sejam monitorados.
SF>B, permite maior margem de segurança no caso de haver correções e
desvios do projeto inicial.

A seguir são descritas as considerações gerais acerca do fator de


separação:

• Assumir o maior raio da elipse para dimensão do raio de incerteza.


• Incluir o diâmetro do revestimento no cálculo do SF.
• Combinar a co-variância das elipsóides para produzir uma elipsóide de
erro (Et).

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4.6.4. Métodos de rastreamento

São usados para calcular a proximidade entre as trajetórias dos poços.


Os mais comuns são:

• Proximidade 3D: mais conservador, localiza em um plano 3D qualquer


ponto mais próximo do poço offset.
• Travelling Cylinder (TC): utiliza um plano perpendicular à trajetória de
referência para rastrear os poços offset.
• Plano horizontal: utiliza uma distância horizontal entre a trajetória de
referência e o poço offset.

4.6.5. Estudos de anticolisão

Existem problemas com rastreamento tipo TC caso os poços sejam


perpendiculares. Neste este método de rastreamento não irá detetar a
proximidade do outro poço.

Para análises envolvendo múltiplos poços deve-se usar recursos gráficos,


tais como:

• Gráficos de separação de centro a centro


• Gráfico de Fator de Separação (SF)
• Gráfico de Visualização 3D
• Gráfico Travelling Cylinder (TC) (Ressalta-se que, embora com o mesmo
nome, o método e o gráfico TC têm significados distintos. O gráfico pode
ser usado com qualquer método)

52
5. Tópicos Complementares

5.1. Poço horizontal


A necessidade de se perfurar poços horizontais já é conhecida há
bastante tempo. Entretanto a tecnologia para perfurar este tipo de poço se
viabilizou recentemente (final dos anos 90’s) com o aparecimento de novas
tecnologias, tais os sistemas steerable.

Com um melhor conhecimento da mecânica de perfuração, atualmente


qualquer poço pode ser considerado candidato à perfuração horizontal.

5.1.1. Vantagem e aplicação de poços horizontais

As vantagens da aplicação de poços horizontais estão focadas no maior


acesso de novas reservas que permite a produção de reservatórios
naturalmente fraturados; na maior exposição ao reservatório que aumenta a
produtividade do poço; e no menor gradiente de pressão ao longo do trecho
horizontal que reduz a possibilidade da formação de cones de água e gás.

Outras vantagens dos poços horizontais é sua aplicação em formações


fechadas com baixa permeabilidade, em reservátorios de óleos pesados, e
também funciona como uma recuperação secundária.

5.1.2. Tipos de poços horizontais

A seguir são descritos os tipos mais de poços horizontais: poços de raio


longo, poço de raio médio, poço de raio curto

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Nos poços horizontais de raio longo pode-se usar o sistema steerable.
Uma vantagem deste tipo é que menores taxas de build up propocionam um
melhor controle direcional.

Nos poços horizontais de raio médio a rotação da coluna não é possível


nos trechos curvos. Este tipo apresentam normalmente somente uma taxa de
buildup. Uma vantagem é que requer menos trabalho direcional e é uma boa
opção para reentrada de poços. Pode atingir o objetivo com diâmetros maiores,
já que o trecho perfurado desde o KOP é bem menor.

O poço horizontal com perfil combinado é interessante quando os dados


litológicos não são precisos mas se conhece algum marco geológico.

Figura – Tipos de poços horizontais

5.1.3. BHA em poços horizontais versus poço vertical

Nos poços horizontais ou de alta inclinação deve-se usar coluna invertida


(ou BHA invertido).

Figura – BHA convencional x Coluna invertida

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É importante calcular a posição da linha neutra ou ponto neutro do BHA .
Este é o ponto onde a carga axial na coluna troca de sinal (tração para
compressão). Nos trechos verticais é comum adotar uma margem de segurança
de modo a situar a linha neutra numa posição 20% abaixo do topo dos
comanhdos (drill collars). Assim, garante-se que os tubos pesados (heavy
weight) e os tubos de perfuração (drill pipes) não estarão submetidos à
compressão.

5.1.4. Completação em poços horizontais

As técnicas básicas de completação horizontal são:

• Poço aberto
• Liner rasgado
• Revestimento ou liner completamente cimentado
• Revestimento ou liner cimentado fora do fundo
• Combinação do revestimento ou liner rasgado
• Liner rasgado com ECP
• Telas de contenção de areia
• Telas para contenção de areia com gravel packer

5.2. Poço piloto


Para garantir que a aterrisagem do poço horizontal ocorra na
profundidade correta do reservatório, caso não exista um bom conhecimento
dos contatos (topo e base) do reservatóriono, é recomendável a perfuração de
um poço piloto que deverá ser abandonado abaixo do KOP do poço horizontal.

O poço piloto normalmente é vertical. Entretanto, caso exista a


desconfiança que o reservatório tenha um mergulho (dip), é recondável que o
poço piloto seja direcional. As figuras a seguir mostram exemplos de poços
piloto.

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Figura - Poço piloto vertical

Figura - Poço piloto direcional

Figura - Poço piloto direcional interceptando na entrada do objetivo

56
5.3. Poços Multilaterais
Os poços multilaterais foram desenvolvidos com o objetivo de otimizar a
produção, reduzir os custos e alcançar uma máxima recuperação de reservas.

Pode-se definir como um poço principal com ramificações. Estes laterais


podem ser completados em poço aberto ou com liners.

Figura – Poços multilaterais

5.3.1. Aplicação de poços multilaterais

Vários tipos de reservatórios apresentam vantagens caso sejam


desenvolvidos com poços multilaterais, os quais são: reservatórios de óleo
pesado ou de baixa mobilidade, reservatórios de baixa permeabilidade ou
naturalmente fraturado, reservatórios pequenos, depletados ou de baixa
pressão, reservatórios em camadas ou formações laminares e reservatórios
isolados ou compartimentados.

De uma forma geral, pode-se dizer que a geometria dos poços


multilaterais permite adequar o desenho à necessidade de drenagem dos
reservatórios. Existem algumas formas geométricas já padronizadas de poços
multilaterais: Bilateral em Planos, Stacked (pernas paralelas),Trilateral
Branched, Trilateral Forked/stacked, Multilateral Splayed.

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Figura – Formas geométricas comuns dos poços multilaterais

5.3.2. Classificação dos poços multilaterais

Para padronizar os diversos sistemas oferecidos pela indústria de


petróleo, o grupo TAML classificou os poços multilaterais nas suas junções de
acordo com a sua complexidade mecânica e de isolamento de suas pernas ou
ramos, sendo, separadas em seis níveis.

As caracteristicas do nível 1 são:

• Poços principal e lateral abertos.


• Sem integridade mecânica e hidráulica na junção.
• Adequado para formação consolidada.
• Baixo custo de completação
• Acesso ao lateral kimitado.
• Coontrole de produção limitado.

Figura – Nível 1

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As caracteristicas do nível 2 são:

• Poço principal revestido e cimentado.


• Poço lateral abertos
• Baixo custo de completação.
• Normalmente precisa de suporte da formação.
• Potencial de acesso ao lateral.

Figura – Nível 2 (Liner opcional)

As caracteristicas do nível 3 são:

• Poço principal revestido e cimentado.


• Lateral revestido mas não cimentado.
• Suporte mecânica na junção porém sem integridade hidráulica.
• Produção conjunta.

Figura – Nível 3

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As caracteristicas do nível 4 são:

• Poços principal e lateral revestido e cimentado.


• Integridade mecânica na junção.
• Pouco ou nenhum isolamento hidráulico.
• Produção combinada.

Figura – Nível 4

As caracteristicas do nível 5 são:

• Poços principal e lateral revestido e cimentado.


• Integridade mecânica na junção.
• Alto isolamento hidráulico na junção (só cimento não é aceitável).
• Produção combinada ou independente.

Figura – Nível 5

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As caracteristicas do nível 6 são:

• Revestimento com duas pernas.


• Integridade mecânica e isolamento hidráulico na junção.
• Junção de aço soldada na superfície, a qual é descida amassada para ser
expandida no fundo.

Figura – Nível 6

5.4. Poços de grande afastamento em águas


profundas
A classificação de águas profundas ou superficiais é feita considerando a
tabela que se segue:

Aos poços de grande afastamento em águas profundas interessa analisar


alguns fatores como características das trajetórias, gradientes de pressão de
poros e fratura, ECD versus gradiente de fratura e limpeza de poço.

61
5.4.1. Características das trajetórias

O KOP deve ser colocado o mais próximo possível do fundo do mar para
reduzir inclinação, minimizar problemas de estabilidade e limpeza de poço.

No entanto em águas profundas devido às características das formações


superficiais, deve-se aprofundar o KOP.

Figura – Posição do KOP

5.4.2. Gradiente de pressão de poros e fratura

Como a densidade da água é muito menor que a densidade das rochas,


então o gradiente de sobrecarga diminui com o aumento da lâmina d’água, pois
a camada de sedimentos é reduzida. Consequentemente, o gradiente de fratura
sofre uma redução enquanto o gradiente de pressão de poros não é afetado.
Sendo assim, a janela operacional em águas profundas é menor dificultando a
operação de perfuração.

Figura – Janela operacional

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5.4.3. ECD versus gradiente de fratura

O ECD poderá tornar-se crítico uma vez que o seu aumento é


proporcional à profundidade medida, o que não acontece com o gradiente de
fratura, que cresce com a profundidade vertical.

Figura – ECD x Fratura

Pode-se calcular os afastamentos máximos de poços, para diferentes


lâminas d’água, mantendo a mesma profundidade de reservatório, sem que o
ECD gerado frature a formação.

5.4.4. Limpeza do Poço

Geralmente em águas profundas ocorre uma limitação da limpeza na


altura do riser, devido ao aumento da área do anular. Desta forma, é
recomendável e faz-se necessária a instalação na coluna de riser de uma linha
chamada de booster para auxiliar a limpeza do poço dentro do riser. Através
dela injeta-se uma vazão adicional de fluido de perfuração para manter um
bom carreamento dos cascalhos.

A linha de booster entra no riser através do terminal spool, que está


localizado na coluna de riser imediatamente acima da flex joint instalada no
LMRP (Lower Marine Riser Package).

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Figura – Junta de riser mostrando a linha de booster e o terminal spool

Dentro do riser o fenômeno de carreamento de sólidos é tratado como


em poços verticais, ou seja, o fenômeno é plenamente caracterizado pela
sedimentação. A concentração de sólidos no anular deve ser mantida menor
que 5%.

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