0 оценок0% нашли этот документ полезным (0 голосов)
348 просмотров3 страницы
O documento discute como o planejamento urbano no Brasil promoveu a segregação espacial e exclusão social ao servir os interesses das elites dominantes. A autora Ermínia Maricato argumenta que o planejamento urbano modernista contribuiu para ocultar a "cidade real" e favorecer um mercado imobiliário especulativo que beneficiou poucos. Ela defende que é necessário um planejamento urbano que diminua desigualdades e amplie a cidadania por meio de debates democráticos e participação dos exclu
Исходное описание:
Resenha - As Idéias Fora Do Lugar e o Lugar Fora Das Idéias
O documento discute como o planejamento urbano no Brasil promoveu a segregação espacial e exclusão social ao servir os interesses das elites dominantes. A autora Ermínia Maricato argumenta que o planejamento urbano modernista contribuiu para ocultar a "cidade real" e favorecer um mercado imobiliário especulativo que beneficiou poucos. Ela defende que é necessário um planejamento urbano que diminua desigualdades e amplie a cidadania por meio de debates democráticos e participação dos exclu
O documento discute como o planejamento urbano no Brasil promoveu a segregação espacial e exclusão social ao servir os interesses das elites dominantes. A autora Ermínia Maricato argumenta que o planejamento urbano modernista contribuiu para ocultar a "cidade real" e favorecer um mercado imobiliário especulativo que beneficiou poucos. Ela defende que é necessário um planejamento urbano que diminua desigualdades e amplie a cidadania por meio de debates democráticos e participação dos exclu
INSTITUTO SUPERIOR TUPY – FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
GESTÃO PÚBLICA E URBANA – Turma 381
Alunas: Camila Zigowski Professor: Charles Henrique Voos Eloá C. Treml
Texto: As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias – Planejamento urbano no Brasil Autora: Ermínia Maricato
A questão da moradia tem se caracterizado como um dos maiores problemas enfrentados
pela sociedade, principalmente nas grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Ermínia Maricato faz uma passagem pela história do planejamento urbano no Brasil, demonstrando a infinita sobreposição de modelos de dominação que, utilizando-se do controle sobre o poder político, a legislação e a economia, permitiram a eterna produção de um espaço urbano de segregação espacial e exclusão social, voltado apenas aos interesses das elites dominantes. A atividade urbana no Brasil tem origens na nossa estrutura colonial, e que hoje é produtora de uma cidade desigual e especulativa, dividida entre um pequeno território legal onde se reproduzem os interesses econômicos das elites e a enorme parcela da cidade ilegal, abandonada por um Estado – e um planejamento urbano que se deslocou da realidade. Como seria possível, nessa forma social vinda de uma “industrialização de baixos salários”, que necessita de uma profunda reestruturação política, econômica e social, a importação de um modelo de cidade que agrava a exclusão e a criação de oportunidades para poucos privilegiados? Uma das grandes críticas ao planejamento urbano moderno é a representação ideológica da cidade com a exclusão urbanística de uma gigantesca área de ocupação ilegal do solo urbano. Para a autora Ermínia Maricato, o urbanismo brasileiro não tem comprometimento com a realidade, “mas com uma ordem que diz respeito a uma parte da cidade, apenas”. (p.122). Neste artigo, no trecho em que Ermínia afirma: “Para a cidade ilegal não há planos, nem ordem. Aliás, ela não é conhecida em suas dimensões e características. Trata-se de um lugar fora das idéias” (p.122), ela quer dizer que as idéias do planejamento e regulação urbanística são aplicadas a uma parcela da sociedade reproduzindo desigualdades. Entre as conseqüências de planejar o crescimento das cidades a partir desta visão estão: a insustentabilidade ambiental, a falta de relações democráticas e igualitárias, os prejuízos para a qualidade de vida urbana e a exclusão da cidadania. “A segregação territorial e todos os corolários que a acompanham – falta de saneamento ambiental, riscos de desmoronamentos, riscos de enchentes, violência – estão a ele vinculados”, explica Ermínia. Por consequência, este processo político e econômico construiu uma das sociedades mais desiguais do mundo e que teve no planejamento urbano modernista, importante instrumento de dominação ideológica: ele contribuiu para ocultar a cidade real e para a formação de um mercado imobiliário restrito e especulativo. A lógica de exclusão territorial tem evidenciado uma divisão da cidade, denominada por alguns autores como cidade legal e cidade ilegal, onde a primeira é a porção contemplada pelos planejamentos urbanos que buscam suprir as necessidades de infraestrutura, constituindo-se na parte privilegiada da cidade. Por outro lado, a “cidade ilegal” se refere às áreas irregulares da cidade, ficando como se não existissem nos planos urbanísticos, é o que Maricato chamou de “Lugar fora das idéias”. No entanto, Maricato alerta que não se deve cair na idéia de que os problemas urbanos e o da moradia sejam efeito de falta de planejamento, mas que é exatamente o tipo de planejamento urbano que se torna um dos maiores causadores dessa exclusão, quanto a isso Maricato diz que: “Boa parte do crescimento urbano se deu fora de qualquer lei ou de qualquer plano, com tal velocidade e independência que é possível constatar que cada metrópole brasileira abriga, nos anos 1990, outra, de moradores de favelas, em seu interior (p. 140)”. Nesse sentido, o problema da moradia tem se evidenciado desde o início do desenvolvimento industrial como um problema para as camadas populares. Segundo Maricato, durante todo o século XIX o cortiço foi a principal forma de moradia para o trabalhador, e ao longo desse período foram criadas uma série de leis municipais para viabilização do processo de mudanças para novos padrões de habitação. Nesse sentido, Maricato chama a atenção para os conflitos sociais em torno da apropriação da terra, desencadeados desde 1850 com a Lei de Terras que proibiu a aquisição da terra por outro meio que não a compra, o que evidencia as raízes do processo de urbanização brasileira. Esse processo foi acompanhado de obras sem, no entanto, acompanhar seu crescimento horizontal, ou seja, para onde seguiam aqueles que eram expulsos dessas regiões. Apesar de não ter banido todas as habitações consideradas insalubres, esse controle e vigilância fizeram com que se agravasse o problema da falta de moradia para as classes trabalhadoras, pois as adequações e as exigências higienistas faziam com que se elevassem significativamente os custos do aluguel. Ao mesmo tempo em que o urbanismo fora marcado por planos de obras de melhoramento embelezamento, houve uma segunda fase que se inicia pós-1930, onde assume preocupações mais voltadas a questões da infraestrutura urbana, embora os planos de embelezamento ainda estivessem presentes. Nesse momento, quando se verifica a predominância da burguesa industrial, a própria exigência de tornar a cidade capitalista eficaz para a produção muda o foco desse urbanismo, e ganham importância “a eficiência, a ciência e a técnica” (p. 138). É nesse momento que surge nos planejamentos a questão social, tornando-se “plano- discurso”, à medida que deixam de ser cumpridos e afanam os conflitos que estavam por trás do planejamento: uma grande parcela da população que se reproduzia fora do planejamento, onde se formava a cidade ilegal, constituindo o que a autora denominou, “As idéias fora do lugar”. Todavia, não é possível reverter esse rumo do crescimento das cidades sem reverter os rumos das relações sociais. A construção de um novo pensamento urbano faz parte da luta por uma nova sociedade. O planejamento urbano é necessário para assegurar a justiça social, pois sem planejamento, não há futuro melhor para as cidades. A solução seria reverter esse rumo buscando desenvolver uma gestão urbana que diminua a desigualdade e amplie a cidadania através de um Plano de Ação onde exigiria a integração do governo com a sociedade, com debates democráticos e participação ativa dos excluídos. Contudo, as ocupações ilegais e a produção dessa cidade informal estão na ausência de uma política pública que abranja a ampliação do mercado legal privado, ou seja, é preciso baratear o produto, prevendo a participação da elite e a parcela da cidade ilegal. As favelas e os loteamentos ilegais continuarão a se reproduzir enquanto o mercado privado e os governos não apresentarem alternativas habitacionais. A questão da ilegalidade e das alternativas de moradia legal é uma questão de política urbana e investimentos para a democratização da infraestrutura urbana. A habitação, juntamente com transportes públicos e saneamento urbano, deveriam ser os temas prioritários do urbanismo brasileiro. Este, entretanto, continua a se guiar por modismos provenientes de realidades bastante diferentes da nossa.
A Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia e a Regularização Fundiária: Institutos Jurídicos da Política Urbana, nos termos da Lei nº 13.465/2017