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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2015.0000432447

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº


0004622-59.2014.8.26.0123, da Comarca de Capão Bonito, em que é apelante
FLORIZA SALES DA COSTA, são apelados PREFEITURA MUNICIPAL DE
RIBEIRÃO GRANDE e COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO
DE SÃO PAULO SABESP.

ACORDAM, em 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V.
U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


MOREIRA VIEGAS (Presidente) e MARCELO BERTHE.

São Paulo, 18 de junho de 2015.

RUY ALBERTO LEME CAVALHEIRO


RELATOR
Assinatura Eletrônica
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente
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VOTO Nº: 26158


APELAÇÃO Nº: 0004622-59.2014.8.26.0123
COMARCA: Capão Bonito
APTE. : Floriza Sales da Costa
APDOS : Prefeitura Municipal de Ribeirão Grande e Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP
Magistrado de 1º grau: Dr. Felipe Abraham de Camargo Jubram

AÇÃO POPULAR. Indeferimento da inicial. Na exordial


existem indícios de ato lesivo ao meio ambiente. As obras
relatadas atingem área de preservação permanente. Não se trata
de interesse exclusivamente individual, mas coletivo, posto que
o direito defendido extrapola o âmbito pessoal da autora.
DADO PROVIMENTO ao apelo.

Trata-se de apelação contra respeitável


sentença (fls. 124/125) que indeferiu a petição inicial,
com fulcro no artigo 267, inciso I, c.c. artigo 295, inciso
III, ambos do Código de Processo Civil, por ausência de
interesse de agir, diante da inadequação do provimento
escolhido.

Apela a autora (fls. 129/139) afirmando que


a SABESP ajuizou ação de instituição de servidão
administrativa, com base em Decreto Municipal que autoriza
tal instituição. Entretanto, a faixa de terra englobada
para a servidão de passagem abarca imóvel de propriedade da
apelante, bem como área de mata ciliar e curso d'água.

Aduz que a SABESP não comprovou ter


realizado estudo, análises ou avaliações ambientais acerca
do impacto ou do risco ambiental referente à obra a ser
desenvolvida na área, tampouco há provas da existência de
autorização ou licença ambiental dos órgãos competentes ou
da necessária publicidade dos atos por meio de audiências
públicas ou consulta popular.

Sustenta que a SABESP, emitida na posse,


empreendeu atos desproporcionais, tomando medidas que

Apelação 0004622-59.2014.8.26.0123 – Voto 26158 – Capão Bonito - Ra


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1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente
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levaram à supressão de vegetação ciliar, de árvores, ao


acúmulo de entulhos e lixo, ao assoreamento do leito do rio
e a alteração das características naturais da borda do
curso d'água.

Alega que o direito ao meio ambiente


saudável é de interesse difuso e que os pleitos constantes
na inicial não visam beneficiar a recorrente com
exclusividade, mas buscam a tomada de medidas cabíveis para
a reparação do dano causado e a paralisação de atos danosos
que atingirão toda a coletividade.

Afirma também que o fato de existir mata em


propriedade privada não torna o interesse privado, posto
que a preservação de mata ciliar, ou bioma, é imposta por
Lei, por meio do Código Florestal e configura interesse
difuso.

As contrarrazões de apelo foram devidamente


apresentadas (fls. 144/147). O Ministério Público em
segunda instância opinou pelo provimento (fls. 155/163).

É O RELATÓRIO.

O indeferimento da inicial está centrado na


impossibilidade da tutela pleiteada por meio da ação
popular, por haver interesse puramente particular na
demanda.

Do artigo 5º, inciso LXXIII da Constituição


Federal depreende-se:

LXXIII qualquer cidadão é parte legítima


para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.

Primeiramente, anoto que o direito ao


ingresso de ação popular foi alçado à categoria de direito
fundamental. Em segundo, o contexto social atual indica que

Apelação 0004622-59.2014.8.26.0123 – Voto 26158 – Capão Bonito - Ra


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o cidadão está cada vez mais sedento pela participação na


gestão da cidade, do patrimônio público, na defesa dos
interesses sociais coletivos, na preservação do meio
ambiente, enfim, o cidadão hoje é mais ativo e anseia pela
ação das autoridades administrativas em prol da sociedade.

E, nesses moldes, totalmente pertinente a


ação popular proposta. Na inicial existem indícios
suficientes de ato lesivo ao meio ambiente, na medida em
que os atos praticados pela SABESP recaem em área de
preservação permanente, havendo notícias inclusive da
supressão de mata ciliar e de árvores e assoreamento de
rio.

Não se trata de mero interesse individual,


mas de interesse coletivo, notadamente pela natureza da
intervenção. Ainda que haja servidão em propriedade
particular, é de se ressaltar que o impacto ambiental
resultante da obra não deve ser ignorado porque a área
objeto da servidão é banhada por um curso d'água.

Ademais, adoto a sábia ponderação da


Promotora de Justiça designada, conforme parecer acostado
aos autos:

“In casu sub examine, é fato que a autora


está diretamente interessada no deslinde da
causa, pois sua área foi alvo da servidão
administrativa que ora se combate. No
entanto, inegável admitir que a ação popular
proposta extrapola o âmbito pessoal da
autora, já que o ato impugnado viola o meio
ambiente, bem de uso comum do povo” (fls.
157).

Portanto, não se pode afirmar que há


exclusivo interesse particular, posto que os fatos narrados
demonstram o interesse de toda a sociedade. Assim, a
inépcia da inicial deve ser afastada, tendo seguimento a
ação.

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso.

RUY ALBERTO LEME CAVALHEIRO


Relator

Apelação 0004622-59.2014.8.26.0123 – Voto 26158 – Capão Bonito - Ra

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