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Os conceitos de Bourdieu, aqui expostos de maneira esquemática, devem ser

compreendidos em sua interdependência, ou seja, na relação de um ao outro. Como


adverte o próprio autor, em Réponses: “noções como habitus, campo e capital podem
ser definidos, mas somente no interior do sistema teórico que eles constituem, nunca
isoladamente.”

Eduardo Socha

campo: noção que caracteriza a autonomia de certo domínio de concorrência e disputa


interna. Serve de instrumento ao método relacional de análise das dominações e práticas
específicas de um determinado espaço social. Cada espaço corresponde, assim, a um
campo específico – cultural, econômico, educacional, científico, jornalístico etc -, no
qual são determinados a posição social dos agentes e onde se revelam, por exemplo, as
figuras de “autoridade”, detentoras de maior volume de capital.

capital: ampliando a concepção marxista, Bourdieu entende por esse termo não apenas
o acúmulo de bens e riquezas econômicas, mas todo recurso ou poder que se manifesta
em uma atividade social. Assim, além do capital econômico (renda, salários, imóveis), é
decisivo para o sociólogo a compreensão de capital cultural (saberes e conhecimentos
reconhecidos por diplomas e títulos), capital social (relações sociais que podem ser
convertidas em recursos de dominação). Em resumo, refere-se a um capital simbólico
(aquilo que chamamos prestígio ou honra e que permite identificar os agentes no espaço
social). Ou seja, desigualdades sociais não decorreriam somente de desigualdades
econômicas, mas também dos entraves causados, por exemplo, pelo déficit de capital
cultural no acesso a bens simbólicos.

estratégia: em Coisas Ditas, Bourdieu afirma que “a noção de estratégia é o


instrumento de uma ruptura com o ponto de vista objetivista e com a ação sem agente,
suposta pelo estruturalismo (que recorre por exemplo à noção de inconsciente) […] Ela
é produto do sentido prático.”

habitus: sistema aberto de disposições, ações e percepções que os indivíduos adquirem


com o tempo em suas experiências sociais (tanto na dimensão material, corpórea,
quanto simbólica, cultural, entre outras). O habitus vai, no entanto, além do indivíduo,
diz respeito às estruturas relacionais nas quais está inserido, possibilitando a
compreensão tanto de sua posição num campo quanto seu conjunto de capitais.
Bourdieu pretende, assim, superar a antinomia entre objetivismo (no caso,
preponderância da estruturas sociais sobre as ações do sujeito) e subjetivismo (primazia
da ação do sujeito em relação às determinações sociais) nas ciências humanas (ver
estratégia). Segundo Maria Drosila Vasconcelos, trata-se de “uma matriz, determinada
pela posição social do indivíduo que lhe permite pensar, ver e agir nas mais variadas
situações. O habitus traduz, dessa forma, estilos de vida, julgamentos políticos, morais,
estéticos. Ele é também um meio de ação que permite criar ou desenvolver estratégias
individuais ou coletivas.”

papel da sociologia: para Bourdieu, “a sociologia não mereceria talvez nenhuma hora
de atenção se tivesse como objetivo apenas descobrir os fios que movem os indivíduos
que ela observa, se ela esquecesse que tem compromisso com os homens, justamente
quando estes, à maneira das marionetes, participam de um jogo cujas regras ignoram,
enfim, se ela não tivesse como tarefa restituir o sentido dos próprios atos destes
homens” (Le bal des célibataires, inédito no Brasil)

sentido prático: origem das práticas rituais que estabelecem a coerência parcial em um
determinado campo.

violência simbólica: termo que explicaria a adesão dos dominados em um campo: trata-
se da dominação consentida, pela aceitação das regras e crenças partilhadas como se
fossem “naturais”, e da incapacidade crítica de reconhecer o caráter arbitrário de tais
regras impostas pelas autoridades dominantes de um campo.

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