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1 INTRODUÇÃO

O ensino para idosos é historicamente focalizado em sua alfabetização.


Neste sentido inúmeros métodos têm sido utilizados com grande sucesso. Porém,
com o surgimento de entidades preocupadas com a ocupação dos idosos, diversos
cursos têm sido oferecidos para esta faixa etária. Centros comunitários, igrejas e
serviços sociais têm oferecido oportunidades com a criação de vários grupos de
terceira idade.
A comunidade universitária por meio da Fundação Municipal Centro
Universitário de União da Vitória - UNIUV e a comunidade de serviços sociais,
representada pela Prefeitura de União da Vitória, pela Secretaria da Ação Social e
dos Grupos da Terceira Idade, estendem seus braços até a comunidade externa
para oportunizar aos cidadãos de terceira idade a aquisição de conhecimentos
acadêmicos e o melhoramento do seu sentimento de cidadania.
O curso de informática básica visa propiciar a integração do idoso no núcleo
familiar pela nova linguagem (computes), incluí-lo no mundo cada vez mais
globalizado pelo uso da internet e integrá-lo a um ambiente cheio de perspectivas de
novos conhecimentos.
Teve-se sempre uma preocupação metodológica, pedagógica e didática na
elaboração de material. Para tanto foi confeccionada uma pasta chamada
Informática Básica, distribuída em CD´s a todos os alunos, na qual contém apostilas,
slides, pesquisas, exercícios, programas, sites e jogos, ou seja, toda a programação
do curso, dividida em módulos de estudos (subpastas).
Assim, os conteúdos programáticos abordaram desde o ensino da
introdução à informática, sua história e seus avanços, com a criação de contas de e-
mail, MSN e Orkut e o acesso a sites úteis e de entretenimento, desmistificando
assim o computador.
A transmissão de informações, para a compreensão dos alunos idosos, deve
ser feita de forma mais lenta do que a realizada para alunos adolescentes e pós-
adolescentes, e revisada várias vezes. Pois a fixação de conhecimentos é mais
morosa de ocorrer em função das próprias condições orgânicas dos alunos desta
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faixa etária. A matéria a ser ensinada quando transmitida primeiro mecanicamente,


através do exercício prático, e só depois explicada a sua fundamentação teórica,
propicia o melhor aproveitamento de compreensão pelos idosos.
Tendo em vista que os alunos após a primeira etapa (prática) sentem que
dominam o conteúdo, então só depois tornam sensíveis à fundamentação teórica.
Há que se ressaltar, que houve uma série de empecilhos no decorrer do
curso, contudo, mesmo diante dos inúmeros contratempos, o curso de informática
básica dá o primeiro impulso para essa inclusão digital, fazendo com que desperte o
interesse da terceira idade pelo computador e pelas novas tecnologias para o uso no
entretenimento, assim como nas aplicações cotidianas do dia-a-dia, e não se pode
deixar de mencionar que o respeito, o carinho e a gratidão, tão esquecidos
ultimamente, estão presentes nesta relação.
Ao iniciar a pesquisa, em nenhum momento teve-se de reconstruir a imagem
cultural, que é imposta e veiculada pela mídia, sobre os idosos, porque, de uma
forma ou de outra, estes sujeitos sempre fizeram parte de maneira positiva.
Mesmo com todos os avanços vivenciados no dia-a-dia, pode-se perceber
que a mesma sociedade que discrimina também é a mesma que quer incluir, pois, a
partir de muitas pesquisas e campanhas promovidas por entidades governamentais
ou não, já há uma conscientização de que envelhecer é um processo acelerado e
universal e que atinge a todos. Mesmo que não se dê o devido valor para estas
pessoas, a sociedade depende delas para se manter viva, geração após geração,
pois através de suas ações é que se vai determinando o tipo de pessoas que
teremos em nossa sociedade.
Em 1999, no Ano Internacional do Idoso, em 1999, o lema do Dia Mundial da
Saúde foi “Sigamos ativos para envelhecer bem”, ou seja, a pessoa que se mantém
ativa, ao longo de toda sua vida e em todos os setores da atividade humana, quer
física quer mentalmente, envelhece bem e com qualidade de vida.
No mundo globalizado, que muda rapidamente, e na sociedade de
informação, nos quais as tecnologias que se caracterizam por permitir um grande
aumento em nossa capacidade de acessar, organizar, selecionar, armazenar e
distribuir informações, e ainda por efetuar comunicação rápida e eficaz com outras
pessoas, onde quer que elas estejam, crê-se que estas tecnologias deveriam estar
inseridas no cotidiano deste segmento que está envelhecendo, pois elas estão
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alterando o formato da sociedade e estão possibilitando a oportunidade de gerar o


próprio conhecimento sobre a realidade e seu entorno.
O trabalho dividiu-se em capítulos, a conferir:
- na Introdução, procurou-se fazer um breve relato da turma, as dificuldades
e resistências encontradas, e por fim, justifica-se a pesquisa;
- no Desenvolvimento, foram tratados de assuntos típicos do grupo
estudado, como os mitos e preconceitos aos idosos, suas deficiências, seus direitos,
finalizando-se com a ergonomia e a inclusão digital propriamente dita;
- na Prática Pedagógica, abortou-se a metodologia, os procedimentos e
instrumentos aplicados, analisou-se, interpretou-se e categorizaram-se os dados,
relatando ao final os aspectos principais observados, respondendo enfim ao
problema.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A TERCEIRA IDADE

Há resistências quando se fala em idoso e envelhecimento no panorama


social. Quase nunca foi estudado o envelhecimento humano.

As pesquisas na área do envelhecimento que são poucas, porém mostram


que as alterações fisiológicas não o impedem de realizar seus sonhos. O
idoso seguindo os cuidados de uma velhice saudável. Pode viver muito bem
e acompanhar as mudanças sociais, para o se trabalhar com o idoso e
importante estar sempre disposta a ouvir sem preconceitos, e acreditar na
possível transformação do idoso (KACHAR, 2001, p. 46).

O mundo está envelhecendo. Esta realidade já faz parte do cotidiano


brasileiro vê-se idosos em todos os segmentos da sociedade e em diversas
ocupações.
O estereótipo do idoso aposentado em casa é apenas uma das faces do
idoso brasileiro, que pode ser idoso ativo, que ainda trabalha de forma voluntária ou
contribui com o orçamento familiar; que corre no parque e joga tênis ou damas e
leciona na universidade; ou pode ser um idoso acamado em um asilo, limitado por
muitas doenças ou isolado socialmente. Múltiplos perfis se associam para compor a
imagem do nosso idoso.
A proporção atual de idosos na população e as particularidades da saúde
deste segmento etário, bem como do processo do envelhecer, fizeram com que
surgisse a partir da metade do século passado a Geriatria, especialidade médica que
lida com os idosos, é uma especialidade menos conhecida do que deveria no Brasil.
O Envelhecimento é um processo pessoal e difere de pessoa para pessoa,
de classe social para classe social e de época para época.
Os idosos são divididos em três categorias: os pré-idosos (entre 55 e 64
anos); os idosos jovens (entre 65 e 79 anos - ou entre 60 e 69 para quem vive na
Ásia e na região do Pacífico); e os idosos de idade avançada (com mais de 75 ou 80
anos), segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
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O Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas
até 2025. O Governo brasileiro deve ficar atento com este cenário e criar, o mais
rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para essa realidade, de
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Constituição de 1988 deixou clara a preocupação e a atenção que deve
ser dispensada ao assunto, quando colocou em seu texto a questão do idoso.
Existe pesquisa no Brasil sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TIC Domicílios 2008), do Comitê Gestor da Internet no Brasil (cgi.br),
que demonstram que mais da metade dos brasileiros (55%) nunca utilizou um
computador e 66% jamais acessou a internet. Os que já passaram dos 60 anos
então, o computador e a rede internet é algo inatingível, segundo o Serviço Federal
de Processamento de Dados (SERPRO).

Delegar ao idoso o estado de velhice é um preconceito muito grande, é


negar o seu próprio envelhecimento. Os jovens e adultos poderiam começar
a cuidar da sua própria velhice durante o decorrer do seu processo orgânico
e começar a vivê-la, visualizando um futuro onde o idoso será mais efetivo
na socialmente e exercendo suas funções sem sofrer discriminação, e com
isto poderá ser um cidadão com melhor qualidade de vida. (KACHAR, 2001,
p. 47).

Observadas as grandes diferenças entre idosos, muitas vezes de mesma


idade, na verdade são características daquilo que vem ocorrendo com o
envelhecimento do povo: ao contrário da crença comum, idoso não é tudo igual;
torna-se cada vez mais distinto uns dos outros em relação ao grau de saúde, entre
outros tantos aspectos.
Por que isto ocorre? Em primeiro lugar tem que se entender que há duas
formas de envelhecimento: o envelhecimento normal e o envelhecimento errado.
O envelhecimento normal acontece com todos, não se consegue fugir e
quem disser o contrário, à luz da ciência atual, está enganado. A boa notícia é que o
envelhecimento normal não impede de se fazer esporte, de cuidar-se do intelecto e
de ser ativo; ou seja, não impõe graves limitações à vida.
Já o envelhecimento ruim ou patológico, esse pode trazer terríveis
limitações. Ao olhar-se novamente para aquele idoso acamado, para aquele que não
consegue cuidar de si próprio, quase com certeza houve coisa errada com seu
envelhecimento. Ele não envelheceu bem.
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As mudanças orgânicas como doenças decorrentes da idade em questão


modificam o estado emocional, a auto-estima e a auto- imagem: cabelos
brancos e rugas e motricidade lenta que incomodam; diminuição da
potência sexual e menopausa são alguns dos fatores que implicam na
característica psicológica do idoso. (KACHAR, 2001, p. 44).

Então quando é que se deve preocupar-se com o envelhecimento? As


pesquisas mostram que alguns dos processos biológicos do envelhecimento
humano já se iniciam desde o nascimento; alguns cientistas acreditam que eles se
iniciam até mesmo antes de nascer. E todos são unânimes em dizer que uma vida
saudável desde a época da nossa gestação influencia em algum grau o tipo de idoso
que vamos ser.
Sabe-se que normalmente, por volta dos 30 anos de idade, atinge-se o
auge: fisicamente, em termos de capacidades mentais e nos processos biológicos
dos quais se depende como a capacidade respiratória ou da filtração dos rins.
A partir de então se tem uma lenta queda, que faz parte do processo normal
do envelhecimento; ao mesmo tempo, está-se muito sensível às ações do
envelhecimento ruim, que se soma ao envelhecimento normal e pode fazer com que
esta queda seja muito mais rápida.
O envelhecimento é, portanto, um processo contínuo e não uma mudança
súbita a partir de certa idade. Assim, é a prevenção continuada e os hábitos
saudáveis ao longo da vida que contribuem com o envelhecimento saudável. É um
processo ativo.
Envelhece com saúde quem se previne das doenças que podem aparecer
ao longo da vida, como a hipertensão ou diabete, de preferência por meio do
controle dos fatores de risco, como o fumo, o sedentarismo e o colesterol alto. Vale
dizer que atividade física e uma alimentação saudável são algumas das bases para
o bom envelhecimento.
Exames médicos periódicos e o aconselhamento médico também podem
garantir que se está no caminho certo, mas é fundamental entender que antes de
tudo, o envelhecimento saudável e uma escolha e um compromisso pessoal. Um
compromisso antes de tudo com a manutenção da saúde, prevenção das doenças
evitáveis ou das complicações das doenças inevitáveis.
O envelhecimento saudável é uma aplicação científica do velho ditado:
prevenir é o melhor remédio. Bem falavam as nossas avós!
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2.2 MITOS E PRECONCEITOS

A sociedade em geral vê o idoso com algumas restrições e com opiniões


formadas, como se esta fase fosse algo eliminatório para várias questões em sua
vida. Sobre o idoso se acumulam alguns mitos:

Inutilidade, os idosos não produzem, logo em um país capitalistas devem


ser eliminados da sociedade. Porém não é visto a experiência e a visão
ampla do idoso, podem quantificar a produção e acima de tudo qualificá-la,
não é somente a faixa etária jovem que consome, dê oportunidade ao idoso
e ele também vai ser um consumidor. (MELO, 1994, p. 14).

O velho é detentor de conhecimento, experiência e visão ampla do mundo,


tendo condições de participar no mercado de trabalho, contribuindo com sua
experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos.
Não é só o jovem que produz e consome, o idoso pode exercer outras
atividades produtivas e se obtiver recursos também vai consumir.

Antiquado, taxam-se o idoso como superado, desatualizado, é evidente que


com a evolução das tecnologias no processo geométrico alguns indivíduos
não acompanham, mas não podemos nivelar as pessoas, pois se
analisarmos o passado tudo que temos de essencial foi criado a partir de
experimentos empíricos ou pouco científicos realizado por eles. (MELO,
1994, p. 14).

A velhice é feia. É evidente que com o decorrer do tempo o ser humano vai
perdendo o frescor da juventude e a beleza exterior, tão valorizada pela sociedade.
A beleza, no entanto, assim como a velhice, é um conceito efêmero que muda de
geração para geração. O belo de hoje é muito diferente do belo de séculos
passados. Atualmente, no entanto, valoriza-se, até com certo exagero, a beleza
juvenil. Esconde-se, por outro lado, a beleza da idade, refletida não apenas no ar
de sensatez, sabedoria e sobriedade, mas também nas rugas e nos cabelos
brancos como marcas do tempo.
Não é difícil ver pessoas com cabelos grisalhos nas ruas? Por que tanta
gente recorre à cirurgia plástica na face? Para os meios de comunicação social, a
literatura, o teatro, os jovens são sempre os galãs, os mocinhos. A fada aparece
como uma bela jovem. Já a bruxa é uma velha horrenda.
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Essas formas de discriminação, felizmente, estão sendo combatidas com


iniciativas diversas. Um exemplo é um calendário que fez enorme sucesso no mundo
todo. Criado por um grupo de senhoras da pequena e conservadora cidade de
Knapely, norte da Inglaterra, ele apresenta as próprias em fotos artísticas mostrando
seus corpos seminus com sensualidade, charme, discrição, elegância e beleza
superando valores e preconceitos, sendo tema do filme “Garotas do Calendário”.
O envelhecimento acarreta perda da memória. Os efeitos do
envelhecimento sobre a memória não são inevitáveis nem irreversíveis. As pessoas
possuem capacidade de recordar em qualquer idade, desde que exercitem a
memória. O jovem também se esquece, se engana e ainda age muitas vezes de
maneira ilógica.
A velhice é uma etapa totalmente negativa. A maioria dos idosos não tem
limitações, nem suas vidas são negativas e dependentes. Uma pessoa idosa possui
várias experiências, conhecimentos e saberes que um jovem não pode ter, mas este
possui a força e a vitalidade que o velho carece. Se a sociedade valorizar
unicamente o vigor físico, o idoso fica em desvantagem.

Esclerose, identifica-se o idoso com alguém que não possui a memória, o


raciocínio e até a lógica, como se isto fosse exclusividade do idoso, e ser
uma patologia exclusiva do idoso. Não percebem que o jovem também
esquece, também se engana e age muitas vezes de maneira ilógica.
(MELO, 1994, p. 14).

O importante numa sociedade democrática e pluralista é respeitar a


condição do idoso, sua experiência e conhecimento da vida, equilibrando com a
capacidade de inovação, iniciativa e vitalidade do jovem.
Idoso só gosta de bingo e baile. O baile traz a possibilidade de relembrar e
reviver momentos prazerosos, desenvolver a sociabilidade, as habilidades e
talentos, promover a atividade física por meio da dança, estimular a sensualidade,
desenvolver o gosto pela música e soltar a imaginação e fantasia. Esta atividade
não se restringe apenas aos idosos, tem efeitos positivos em qualquer faixa etária.
O bingo pode ser um excelente espaço de sociabilidade quando promovido
com o objetivo de diversão e integração comunitária. Quando a atividade se
caracteriza como comercial pode levar ao vício, isolamento e perdas materiais, que
são aspectos negativos em qualquer faixa etária. Estas diferenças, portanto,
devem ser consideradas.
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O velho é ranzinza. A pessoa que possui características como teimosia,


rigidez, mau humor, é considerado ranzinza e pode tê-las acentuada na velhice. No
entanto, estes comportamentos não são exclusivos da pessoa idosa. Ela é
prudente e experimentada na vida, e cede quando percebe a irracionalidade.
O envelhecimento traz impotência sexual. É o mito mais presente, basta
observar o apelo da mídia, da TV e do cinema. Hoje os médicos, psicólogos e
sexólogos já desmistificaram esse assunto tão importante para a pessoa em todas
as etapas da vida. O corpo muda, mas a sexualidade continua, a sensibilidade fica
refinada e mais bela. Daí a importância da manutenção dos cuidados preventivos
em relação a doenças sexualmente transmissíveis, garantindo assim o sexo seguro
e reverter estatísticas que apresentam altos índices de AIDS entre os idosos.
Velhice é doença. Há muitos meios de prevenir doenças e preservar a
saúde física e mental. Existem doenças que se manifestam na velhice, mas podem
ter sido adquiridas na infância e se agravaram ao longo da vida. O envelhecimento
com qualidade depende da prevenção, de cuidados e hábitos saudáveis cultivados
desde os primeiros anos de vida.
Alienação, aqui se cria um estereótipo de um idoso que vive em um mundo
surreal. Subestima-se a sua capacidade de pensar, de opinar e participar.
Assim citamos alguns mitos atribuídos às pessoas idosas, as quais
terminam aceitando-os e assumindo uma posição submissa, o que as leva ao
isolamento. Muitas vezes o idoso é discriminado e marginalizado em sua própria
família. Melo (1994, p. 14). É urgente que o idoso assuma seu papel na sociedade
e não aceite as imposições familiares e sociais, supere os mitos e preconceitos
para viver a velhice em toda a sua plenitude.

2.3 ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO

O envelhecimento natural era erroneamente, caracterizado como um estado


patológico, o envelhecer era visto com uma situação derivada da doença.
O envelhecimento fisiológico é variável de acordo com o indivíduo,
somando-se ao envelhecimento ligado aos efeitos prejudiciais do ambiente, como os
raios ultravioletas, a alimentação, as doenças, o estresse, fumo e álcool.
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A expressão “envelhecimento ativo” tem crescido consideravelmente, assim


como o número de seus adeptos. Trata-se de envelhecer priorizando, além de
atividades sociais, as afetivas, profissionais e amorosas. Essas atividades
preenchem o dia dos idosos deixando-os ocupados, tornando-os presas mais difíceis
aos problemas de saúde e psicológicos.

2.3.1 Deficiências

Um dos grandes aliados no processo de envelhecimento saudável são o


esclarecimento, as informações e a adaptação em relação às alterações fisiológicas,
morfológicas, bioquímicas e psíquicas, naturais que o avanço da idade trás e que
não podem ser consideradas como doença na velhice, mas devem ser cuidadas com
diferenciais da mesma forma como houve necessidades específicas na infância,
adolescência e idade adulta. São estes cuidados fundamentais na prevenção das
deficiências e incapacidades funcionais.

As modificações são iniciadas aos 30 anos de vida, produzindo


modificações no indivíduo. O envelhecimento não se dá após os 60 anos
conforme é categorizado o idoso, é um processo transcorre por toda a vida.
(KACHAR, 2001, p. 37).

A pele perde água e elasticidade, aparecem manchas e rugas com o


ressecamento e redução capilar, o poder de cicatrização diminui. A prevenção de
acidentes deve estar muito presente no dia a dia. Por exemplo, uma ferida que aos
20 anos leva 10 dias para cicatrizar, no idoso exigirá 32 dias, segundo o Núcleo de
Estudo e Pesquisa do Envelhecimento – NEPE, da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo - PUC/SP.
A massa corpórea se modifica, com queda do metabolismo basal, aumento
da concentração de gordura e enfraquecimento muscular. Neste sentido, há uma
predominância de posturas em flexão pela dificuldade em vencer a força da
gravidade; a coluna cervical curva-se para frente podendo aparecer problemas como
uma cifose dorsal, certo imobilismo da coluna lombar, os membros tendem a refletir
ao nível dos cotovelos, joelhos e articulação coxofemoral.
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A atividade física, os exercícios de mobilidade e técnicas corporais podem


ser de grande valia neste processo evitando as deformidades, a imobilidade e as
deficiências físicas ou processos dolorosos.
Alterações morfológicas e fisiológicas dos órgãos levam a mudanças na
capacidade cardíaca, respiratória, digestiva, renal necessitando de condições mais
adequadas e de adaptação do idoso a este diferente funcionamento, que não deve
ser considerado patológico. A manutenção do equilíbrio destas funções passam a
depender de fatores de estilo de vida, nutricionais, psicossociais, etc.
Por exemplo, o rim do idoso perde peso e tamanho, há também a diminuição
do número e tamanho de nefros e da filtração glomerular, passando o idoso a
eliminar uma maior quantidade de urina, de densidade mais baixa, permitindo a
eliminação dos excretos, mas facilitando a desidratação que, se não cuidada levará
a todo um quadro de debilidade secundária até situações mais graves.
Os pulmões diminuem de volume e perde a elasticidade, os músculos
respiratórios perdem parte de sua capacidade resultando em uma diminuição da
ventilação. A capacidade vital no idoso poderá estar diminuída em até 60 a 70% sem
que isso signifique uma patologia respiratória, porém que associada à falta de
atividade física ou hábitos como fumo podem acarretar problemas secundários.
Diminuição das capacidades sensoriais: visual, auditiva, térmica, olfativa,
gustativa, que conhecidas, compreendidas e cuidadas não necessariamente se
tornam deficiências incapacitantes. Por exemplo: o uso de aparelho auditivo ou
óculos pode ser recurso adotado que permitirá o desempenho de atividades com
independência. O Sistema Nervoso Central sofre alterações como retração das
circunvoluções cerebrais, perda de neurônios podendo chegar a 20% até a idade de
90 anos. O desbalanceamento entre vários sistemas de transmissão com
conseqüências para as funções cerebrais pode levar a manifestações clínicas
chamadas de “mudanças cerebrais suaves relacionadas com a idade” que incluem a
redução do tônus muscular, distúrbios da memória, mudanças do comportamento
afetivo, desorientação no tempo e no espaço e distúrbios do sono.
O aparelho músculo-esquelético também passa por transformações. O
declínio da força muscular pode começar aos 30 anos, em condições de
sedentarismo sendo mais pronunciado nos homens do que nas mulheres. Assim, na
idade de 70 a 80 anos as mulheres podem apresentar esta diminuição em torno de
30% e os homens em 58%.
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Pesquisas recentes demonstram que há uma diferença entre o


envelhecimento saudável e o patológico. As alterações fisiológicas do
processo natural são características que se dá com o envelhecimento e as
alterações produzidas por afecções que atingem o idoso fazem parte da
deterioração mental. (KACHAR, 2001, p.37).

Algumas das funções psíquicas como memória, concentração, associação,


são mais sensíveis ao envelhecimento, porém certamente também são
determinados por uma série de fatores sociais, emocionais e de antecedentes
pessoais. A relação de vida destas pessoas pode facilitar muito o não agravamento
destas condições. Por exemplo: manutenção de atividades de leitura, escrita, jogos,
lazer, hobbies e a convivência social.

Sabe-se hoje que a velhice não implica necessariamente doença e


afastamento, que o idoso tem potencial para mudança e muitas reservas
inexploradas. Assim, os idosos podem sentir-se felizes e realizados e,
quanto mais atuantes e integrados em seu meio social, menos ônus trarão
para a família e para os serviços de saúde. (FREIRE, 2000, p. 22).

As relações sociais sofrem transformações como a maior freqüência de


perda de amigos, de emprego, redução de rendimentos, distância dos filhos. O
ajustamento a estas situações pode causar ansiedade e depressão, interferindo com
as atividades diárias e assim se tornar um problema de saúde até mesmo
incapacitante. Poder vivenciar estas experiências com suporte familiar e social,
mantendo o desempenho de atividades, são caminhos fundamentais para a
prevenção de doenças.

2.3.2 Auditiva

Tratando-se de questão de saúde pública com necessidades específicas, a


perda de audição é a segunda patologia física que mais incapacita o idoso, os riscos
começam aos 65 anos, trabalhos recentes mostram que a deficiência auditiva
acontece de alguma forma, 70% dos idosos que perfaz pelo menos 10 milhões de
pessoas em nosso país, segundo o Centro de Referência e Documentação sobre
Envelhecimento (CRDE) da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI-UERJ).
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Um dos maiores fatores de exclusão social é a surdez, provoca um processo


devastador no processo de comunicação do idoso. As pessoas apresentam um
processo natural de envelhecimento gradativo, que envolve o aparelho auditivo, em
suas vias periféricas e centrais. Fica mais evidente após os 65 anos de idade.

A comunicação freqüente pode ter vários objetivos: a troca de experiências


informação com o propósito de construir conhecimento; a tomada de
posição e decisão, num sentido mais pragmático ou, mesmo, simplesmente
o fato de relacionar-se com outro, pelo próprio prazer de interação
comunicacional. A qualidade da comunicação está relacionada com
habilidade de comunicar-se do interlocutor, com possíveis interferências do
meio externo. (KACHAR, 2003, p. 38).

Em alguns indivíduos, por ação de agentes agravantes como a exposição a


ruídos, diabetes, uso de medicação tóxica para os ouvidos ou herança genética, a
diminuição da acuidade auditiva na Terceira Idade torna-se extremamente
comprometedora, interferindo diretamente na sua qualidade de vida.
Percebe-se que é muito comum aos familiares descreverem o idoso portador
de deficiência auditiva como confuso, desorientado, distraído, não comunicativo, não
colaborador, zangado.
Com muita pressão para que sua mensagem seja compreendida, isto gera
ansiedade cresce muito a possibilidade da falha nesta atividade, que pode ocasionar
frustração e a frustração leva à falha; a falha, por sua vez leva à raiva e, finalmente,
a raiva leva ao afastamento da situação de comunicação o resultado é o isolamento
e a segregação.
Destacam-se as implicações da deficiência auditiva no idoso:
 Redução na percepção da fala em várias situações e ambientes
acústicos, piora em ambientes ruidosos, muitas vezes está associado a um
zumbido, o que piora o problema;
 O idoso muitas vezes ouve o que a pessoa está falando, mas não
entende;
 Alterações psicológicas: depressão, embaraço, frustração, raiva e
medo, causados por incapacidade pessoal de comunicar-se com os outros;
 Isolamento social: A interação com família, amigos e comunidade fica
seriamente afetada;
 Incapacidade auditiva: igrejas, teatro, cinema, rádio e TV;
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 Intolerância (irritação) a sons de moderada à alta intensidade


principalmente os sons agudos;
 Se a pessoa fala em baixo tom, o idoso não ouve, se falar em tom alto
se incomoda;
 Problemas de alerta e defesa: incapacidade para ouvir pessoas e
veículos aproximando-se, panelas fervendo, alarmes, telefone, campainha
da porta, anúncios de emergências em rádio e TV.

2.3.3 Visual

A partir dos 40 anos de idade, a visão começa a dar sinais de cansaço, por
volta dos 50 anos, a catarata também se torna uma ameaça ao bem estar e a
autonomia do indivíduo e a retina começa a apresentar sinais de envelhecimento.
Após os 40 anos os exames oftalmológicos são obrigatórios e
imprescindíveis. Devem ser realizados anualmente. Uma das razões para a
preocupação com a saúde oftalmológica é o aparecimento da presbiopia, uma
alteração que acontece no cristalino e no músculo ciliar impedindo o indivíduo de
enxergar de perto.
A dificuldade de enxergar de perto faz com que a pessoa afaste,
regularmente, os olhos do documento que está sendo lido, ação que repetida várias
vezes causa um cansaço excessivo pelo simples atos de ler.
O declínio visual e auditivo pode ser compensado de através de algumas
estratégias: gestos, expressões faciais, entonação, falas pausadas, falar um pouco
mais alto, sem gritar, evitar gírias, evitar vocabulários pouco utilizados, repetir várias
vezes caso a pessoa não compreenda o que foi dito, introduza palavras
diferenciadas para ao auxílio da compreensão, criar exemplos que esteja
relacionada ao seu convívio social.
Tem-se essa falsa impressão, essa coisa de ‘coitadinho do idoso’, de que
ele chegou a uma fase da vida em que ninguém vai mais cuidar dele. É o contrário.
“É aí que a gente investe mais”, afirma a oftalmologista Denise de Freitas, do
Instituto da Visão, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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No Instituto da Visão há até um grupo de apoio especializado em ajudar


pessoas com mais de 100 anos. Não apenas com acompanhamento e prescrição de
óculos, mas com cirurgias. Explica a especialista em oftalmologia geriátrica Marcela
Cypel, também da Unifesp:

“Se ele tiver 70 anos e for viver mais 15, ele vai ter só 85 anos. Vale a pena
dar 15 anos a mais com qualidade de visão Muitas vezes as pessoas acham
que não tem por que operar um idoso, que ele tem poucos anos pela frente.
Mas isso é errado”.

“Um paciente com Alzheimer e catarata, se você não opera a catarata, ele
fica muito pior”, afirma. Para Cypel, a sociedade também sai ganhando:

“Você ganha uma pessoa ainda ativa, com menos depressão, mais
interação com a família, com os netos, com atividades voluntárias. Não só o
idoso ganha qualidade de vida, mas a sociedade ganha mais pessoas com
experiência participando”.

“A cirurgia de catarata hoje é feita com anestesia local. Anestesia geral é


praticamente inexistente. É um procedimento de dez, quinze minutos. Não há
internação no hospital. As complicações são baixíssimas, 0,1% 0,2%”, explica
Denise de Freitas.
A catarata é uma dos principais problemas oftalmológicos da terceira idade.
“É um processo degenerativo. A pele enruga, o cabelo fica branco, o cristalino perde
a transparência”, explica Freitas.
“Outros problemas, mais sérios, também estão ligados à idade. “É o caso da
degeneração macular senil, que afeta a retina”.
Muitas vezes, no entanto, o problema é simples e é o mero descaso com o
idoso que atrapalha. “Você se depara com um idoso que é deficiente visual
simplesmente porque não tem um óculos”, diz a médica.
Para evitar problemas de saúde visual na terceira idade, os conselhos de
“preservar” a visão não passam de mitos.
“A visão e os olhos foram feitos para enxergar a vida toda. Pode usar a
visão que ela não vai gastar”, garante Marcela Cypel. A única recomendação é
tentar levar uma vida saudável, com boa alimentação e exercícios freqüentemente e
fazer exames oftalmológicos regulares.
31

2.3.4 Cognição e memória

Além das mudanças nos órgãos e nos sentidos periféricos, há modificações


em funções de percepção, envolvendo o sistema nervoso central. A cognição e a
interpretação de informações ficam comprometidas.
Há uma considerável estabilidade do desempenho intelectual ao longo da
vida, na ausência de doenças mais importantes, mas alguns aspectos da inteligência
parecem sensíveis aos efeitos do envelhecimento.

É normal a pessoa de Terceira Idade passar por experiências de alguma


perca de desempenho envolvendo novos estímulos ou habilidades em
resolver problemas, existem muitos idosos entre 70 e 80 anos apresentam
desempenho em testes psicológicos igual ou próxima ao dos jovens.
(KACHAR, 2001, p. 42).

Mesmo no envelhecimento normal percebe-se usualmente um declínio na


habilidade em adquirir e recordar informações isto está relacionado à memória:
 Memória primária, isto é, o estoque de informações que é perdido, se
não usado em curto prazo sofre mínimas alterações com a idade e pode ser
avaliado pelo número de letras e palavras que uma pessoa pode decorar
numa ordem correta;
 Memória secundária, que se refere à armazenagem de informação
apreendida recentemente, apresenta decréscimo mais intenso nas pessoas
com mais idade;
 Memória terciária, que é de fatos distantes, lembranças remotas, é
pouco alterada em relação aos mais jovens.

A falta de memória muitas vezes, está relacionada ao estado depressivo


que acompanham o idoso, por vivenciar situações de perdas, não havendo
nessas circunstâncias, funções cognitivas rebaixadas. (KACHAR, 2001, p.
43).
Além dos problemas que acometem a memória, os idosos apresentam
dificuldades no desempenho em atividades que requeiram iniciativas,
planejamento e avaliação de comportamentos complexos. Essas
dificuldades dão margem a discutir se é uma deficiência na resolução do
problema ou na capacidade de planejar e organizar o comportamento.
(KACHAR, 2001, p. 33).
32

Os autores apontam outras características:


 inflexibilidade ou dificuldade de desistir de uma determinada solução;
 menor capacidade de discernir o relevante do irrelevante;
 dificuldades conceituais.
Outro aspecto importante é que as informações abstratas se alteram mais
cedo que as concretas. (KACHAR, 2001, p.44).

2.3.5 Características psicológicas

Para (Kachar, 2001, p. 44, citado por Pontes, 1996), na leitura psicanalítica
do envelhecimento mostra-se o outro lado da questão, discutem-se as perdas como
que relacionada às aquisições.
O envelhecimento é um processo estruturado não só em perdas, mas na
dinâmica da transformação. Quando ocorre a perda de objetos, a partir da liberação
de energia, podemos fazer aquisição de outros objetos.

As alterações fisiológicas do envelhecimento decorrentes da senescência


em alguns aspectos são significativas na vida do indivíduo e na sua relação
como o computador. O declínio de algumas atividades não inviabiliza a
apropriação e domínio do recurso tecnológico, mas exige um contesto
educacional específico que atenda às condições de aprender sobre a
máquina e por meio dela explorar outras possibilidades de desenvolvimento
do individuo. (KACHAR, 2001, p. 47).
As perdas sofridas na visão, força e rapidez podem diminuir no idoso a
possibilidade de cuidar-se, gerando dependência dos outros.
O envelhecimento é período que poder visto como sofrimento das perdas:
morte de parentes e amigos queridos aumentando o isolamento; problemas
econômicos devido ao valor da aposentadoria; saúde em declínio e perca
de vivência social, com o crescimento dos filhos, falecimento do cônjuge e
saída do mercado de trabalho. Esta série de fatos leva à diminuição da
auto-estima e da auto-imagem. (Kachar, 2001, p. 44).

As perdas e aquisições são relativas às representações mentais


inconscientes, não às situações concretas. O envelhecimento gera perdas, que
podem gerar crises psicológicas. Para contornar a situação o idoso precisa de afeto,
apoio de parentes e com atividades ocupacionais de seu interesse:
33

 a escolha de atividades deve ser espontânea e não imposta;


 a pessoa determinará o tempo que destinará a atividade, quebrando o
ritual de tantos anos cumprindo horários e prazos determinados por
outros;
 as atividades devem estimular a criatividade e potencial para a
resolução de problemas;
 se possível, uma remuneração relativa à sua produção, segundo
(Kachar, 2001, p. 46).
Para Kachar (2001, p. 46), identificam em estudos que o homem maduro
apresenta formas de pensar sobre a vida que diferem das dos jovens:
 raciocínio mais sutil e relativista;
 diminui seu número de projeções no envelhecimento;
 relativização no que diz respeito aos bens materiais;
 autoconfrontação e busca de um significado próprio para sua vida.

2.4 DIREITOS DA TERCEIRA IDADE

As sociedades primitivas, as tribos, os clãs normalmente davam o devido


valor aos seus idosos. Ouviam os seus conselhos e pediam conselhos nos
momentos difíceis, se for visto no passado em escrituras os anciões não eram
excluídos socialmente, hoje a sociedade vem banindo o idoso do meio social,
impossibilitando a sua participação nas decisões políticas e sociais e nosso país.
Os idosos têm seus direitos assegurados desde 1948, na Declaração dos
Direitos Humanos, do 1º ao 29º artigo, sem excluir a idade. Também a Constituição
Federal de 1988 e a legislação dela decorrente procuram dar o idoso todo o amparo
de que ele necessita.
O autor, advogado devidamente inscrito na OAB/PR sob o nº 23.924,
atuando em todas as áreas do Direito desde 1996, acompanhou em 2003 a
promulgação da legislação pátria que guarnece e ampara o idoso.
34

2.4.1 Estatuto do Idoso

Após quinze anos de vigência da Constituição e Federal, foi colmatada a


lacuna legislativa existente em relação ao idoso.
O estatuto do idoso apresenta um novo momento de reflexão para a
população brasileira, contribuindo para que os idosos tenham seus direitos
assegurados e respeitados, objetivando a melhoria as condições de vida do idoso,
constituindo-se num instrumento de conquista de cidadania.
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
Art. 21. O poder público criará oportunidade de acesso do idoso à educação,
adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais
a ele destinados.
§ 1º Os cursos especiais para idoso incluirão conteúdo relativo às técnicas
de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para interação da
vida moderna.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão
inseridos conteúdos voltados aos processos de envelhecimento, ao respeito e à
valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimento
sobre a matéria. De acordo com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro
de 2003, p. 5, Capitulo V, artigo 20, 21 §1 e 22.
A lei apresenta, sem dúvida, equívocos, mas todos os diplomas legais os
apresentam. Cumpre ao intérprete suprir estes equívocos através da inteligente
interpretação da lei.
E o grande problema do Estatuto do Idoso é o mesmo de todo e qualquer
diploma que cria obrigações positivas para o Estado. É que a materialização dos
direitos contemplados nesta espécie de diploma acaba invariavelmente criando
obrigações positivas que apresentam titulares individuais especificáveis. A violação
destes direitos gera pretensões cujo exercício na prática implica atividade estatal
voltada a um indivíduo ou grupo, interferindo o Judiciário nesta determinação.
Haveria neste caso invasão de competências? Há mal ferimento ao princípio da
separação de poderes?
35

A rigor, o julgador efetivamente se interpõe entre o administrado e o Estado.


Ocorre que a função primária do Poder Judiciário é exatamente restabelecer a
legalidade, e sem dúvida que a violação de um direito contemplado em lei
representa uma ilegalidade.
A questão é difícil e demanda cuidado, sob pena de indevida ingerência do
Poder Judiciário em matéria de alçada administrativa, qual seja, a destinação de
recursos públicos.
Neste caso, a questão traduz-se na postura que temos diante da própria
Constituição, e é cediço que a hermenêutica clássica é incapaz de fornecer
mecanismos aptos à resolução dos problemas da exegese constitucional. A respeito,
pertinente é a lição de Gilmar Ferreira Mendes:

“Parece hoje superada a idéia que recomendava a adoção do chamado


método hermenêutico clássico no plano da interpretação constitucional.
Como se sabe, esse modelo assenta-se em duas premissas básicas: (a) a
Constituição, enquanto lei há de ser interpretada da mesma forma que se
interpreta qualquer lei; (b) a interpretação da lei está vinculada às regras da
hermenêutica jurídica clássica".

A solução dos conflitos de princípios e normas constitucionais, que


apresentam sob o ponto de vista formal a mesma hierarquia em vista do princípio da
unidade constitucional, faz-se com o descortinar de uma dimensão que transcende à
mera legalidade formal, observando as grandes diretrizes históricas, políticas e
sociais. É por isso que diante da relevância dos direitos em pauta, não resta
alternativa viável que não seja considerar possível a intervenção do Poder Judiciário.
Como bem asseverou o Desembargador Wellington Pacheco Barros no
julgamento da apelação cível nº 70008257388, do TJRS, acerca de ação que
condenou Município do Rio Grande do Sul a construir abrigo para idosos:

"Com efeito, a extrema relevância do caso em questão e a omissão, para


não dizer descaso, do requerido, surgem para o Poder Judiciário, como
manda seu ofício, determinar o cumprimento da Lei.
É obrigação de o Município assegurar aos idosos carentes, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, consoante o disposto no artigo 3º, da Lei 8.842/1994, e
também no artigo 230, da Constituição Federal".

Não há, na hipótese, indevida ingerência de competências, mas sim


reposição da legalidade, pois como lembra o Ministro Celso de Mello:
36

As situações configuradoras de omissão inconstitucional, ainda que se cuide


de omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder
Público, do conteúdo material da norma impositiva, fundada na Carta
Política, de que é destinatário, refletem comportamento estatal que deve ser
repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como um dos
processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso
mesmo, à censura do Poder Judiciário.
A inércia estatal em adimplir as imposições constitucionais traduz
inaceitável gesto de desprezo pela autoridade da Constituição e configura,
por isso mesmo, comportamento que deve ser evitado. É que nada se
revela mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que elaborar uma Constituição,
sem a vontade de fazê-la cumprir integralmente, ou então, de apenas
executá-la com o propósito subalterno de torná-la aplicável somente nos
pontos que se mostrem ajustados à conveniência e aos desígnios dos
governantes, em detrimento dos interesses maiores dos cidadãos.

Tem-se uma Constituição Cidadã, que prestigia uma visão solidarista do


Direito, e que deve ser aplicada dentro de uma perspectiva vinculativa e dirigente,
então há que se privilegiar uma exegese que conduza à efetiva materialização
destes direitos. Ao não admitir-se a intervenção do Poder Judiciário, estamos
conduzindo a realização do direito subjetivo concretamente a um impasse.
Se alguém deixa de ter assegurado o exercício de um direito, então há uma
violação à lei, devendo haver pronta intervenção do Poder Judiciário.
Dir-se-á que o exercício dos direito passará a ser uma questão de quem
ingressa em juízo. A assertiva não deixa de ser correta. Todavia, uma vez que há
ampla legitimidade ao Ministério Público, associações e Ordem dos Advogados do
Brasil - OAB, dentre outros órgãos e entidades, fica afastada a possibilidade de que
o poder econômico ou a instrução de cada indivíduo venham a se tornar os fatores
decisivos de diferenciação entre aqueles para os quais a lei realmente representa
uma realidade e aqueles que ficam a sua margem.
A lei não é o Direito em sua completude. É apenas o ponto de partida e um
mecanismo que fornece a direção inicial. Agora dispomos de mais um mecanismo,
cujo emprego mais eficaz somente será construído através da tentativa e da
discussão, que apenas se inicia.
Contudo, não é somente uma legislação que vai mudar este panorama triste
de discriminação com o idoso, juntamente com as leis tem que haver uma mudança
da mentalidade do ser humano, pois o idoso não precisa de esmolas e sim de
reconhecimento e respeito, as leis vão dar solidez aos direitos deste idoso, porém o
que deve ser praticado por todos é a valorização do cidadão da terceira idade.
37

2.5 ERGONOMIA

Existem pesquisas onde mostram que um melhor posicionamento do


monitor e de seu operador, visando trazer um melhor aproveitamento em seu
trabalho e melhor qualidade de vida.
São vários os sintomas que podem aparecer devido a uma má posição e
utilização do computador, quando notar algum dos seguintes sintomas é
recomendável que consulte o mais rapidamente um médico especializado na área!
Quando mais cedo se tratar estes problemas, mais fácil será de prevenir possíveis
deficiências físicas provenientes do mau uso do computador!
Os sintomas que se seguem podem ser notados ao usar o teclado/mouse ou
até mesmo quando as mãos estiverem em repouso:
 Formigueiro, ardor e dormência;
 Irritação, dor contínua ou sensibilidade;
 Dor, latejamento ou inchaço;
 Tensão ou enrijecimento;
 Fraqueza ou calafrios.
Estes distúrbios podem-se notar nas mãos, nos pulsos, nos braços, nos
ombros, no pescoço e nas costas. A fadiga, o desconforto, tensão e outros tipos de
mal estar podem estar diretamente relacionados com a configuração do seu
ambiente de trabalho. Uma boa solução será ajustar o seu ambiente de trabalho de
forma a estar com uma postura correta.
Existe uma série de princípios básicos que poderão prevenir os problemas:
 ajuste a posição do seu corpo e do seu computador;
 evite estar o dia todo sentado;
 procure estar relaxado, faça vários intervalos durante o dia;
 sempre que se sentir desconfortável procure alguma forma de alivio;
 faça exercício físico, evite uma vida sedentária.
Monitores colocados em posição superior à linha dos olhos provocam um
grande desconforto visual e exige maior esforço. Existe muita discussão sobre qual o
melhor ângulo que o monitor deva ser colocado. Este tipo de ajuste pode ser feito
pelo operador do computador conforme lhe seja apropriado, normalmente, o
38

recomendável é de 10 a 20 graus abaixo da linha horizontal à distância entre os


olhos e o monitor também deve ser ajustado individualmente, manter o monitor de
50 a 70 cm de distância possibilitará um bom nível de conforto e acomodação.
Recomenda-se utilizar um filtro de proteção sobre a tela do monitor. E o tipo
de monitor pode influenciar. Os de alta resolução (acima de 90) são bem mais
tolerados a limpeza regular do vidro do monitor também pode ajudar.
Computadores com alta freqüência de atualização (300 hz5) diminuem a
instabilidade da tela, proporcionando maior conforto visual e taxa de piscar, Displays
de cristal líquido (LCD) apresentam alta freqüência de atualização.
O controle do brilho e da iluminação tanto da tela quanto do ambiente é
aconselhável para tornar o trabalho mais confortável e acomodar a amplitude da
visão. A iluminação do ambiente deve ter claridade constante, ao invés de spots que
causam efeito de luz e sombra. O fundo de tela do monitor deve ser três vezes mais
claro que a iluminação do ambiente e os caracteres devem ser escuros para um bom
contraste.
Além disto, é sempre necessário estar atento sobre a questão postural, que
envolve um bom posicionamento de braços, pescoço, pernas, móveis e cadeiras
adequadas, teclados e mouses ergonômicos. Com isto pode-se melhorar o
rendimento e a qualidade de vida do idoso.

2.6 TERCEIRA IDADE E INCLUSÃO DIGITAL

A sociedade da informação e do conhecimento traz impactos sociais


capazes de levar a uma transformação social, maior que a produzida pela máquina a
vapor. Com o mundo, que tudo gira em torno cada vez mais no dinheiro, a
informação vem transformar o conceito atual do trabalho, valorizar mais a tecnologia
e a aprendizagem. Neste contexto, os excluídos tecnológicos aumentarão ainda
mais se não houver políticas e ações, visando combater o analfabetismo trazido
pelas novas tecnologias.

Nossas concepções de mundo estão sendo delineadas pelas informações


que recebemos por meio das mídias eletrônicas. A TV, além de informar,
seleciona, exibe e interpreta o que acontece (LOMAS, 2001, p. 147).
39

Ao analisar a situação social dos idosos perante a tecnologia digital pode-se


perceber que muitos estão alheios ao processo tecnológico. Na atual globalização
surge uma grande necessidade de inovação, o que as pessoas estão se
esquecendo é que há os que não possuem um fácil acesso ao processo tecnológico,
seja pela formação, condição financeira, ou até mesmo falta de vontade.
Ao invés do poder público e as empresas tentar incluí-los, o que ocorre na
maioria das vezes, é que este grupo de pessoas é excluído do processo e cada vez
mais esteja ficando de lado.
Os idosos atualmente têm melhor nível de instrução do que seus
antepassados, e essa tendência irão continuar à medida que as gerações mais
jovens envelhecerem. Pode-se dizer que a vida média das pessoas aumentou. Além
disso, um número cada vez maior de adultos mais velhos opta por continuar seus
estudos. A continuidade da atividade mental como nos programas de educação
adulta ou cursos de tecnologia, pode manter as pessoas mais velhas mentalmente
alertas.
A tecnologia em si não é neutra, ela aumenta a ação humana, daí o motivo
da escolha desse tema, para saber quais os prós e contras da tecnologia digital para
a vida desse grupo de pessoas.
A inclusão digital inicia uma série de outros objetivos que não simplesmente
os tecnológicos após permitir o acesso dos indivíduos em um mundo digital que
implica em transformações culturais diversas, o seu acesso nesse mundo digital
antes intocável essa população pode se encher de saberes antes não trabalhados.
Abordando esse assunto em um projeto de pesquisa pode se analisar que a
resolução de alguns problemas podem ser sanados com o apoio de monitores e com
a participação dos demais usuários como numa verdadeira rede local humana de
aprendizagem cooperativa, focada nos contextos significativos das aplicações,
sejam para navegar na internet para tirar uma 2º via de conta telefônica ou até
mesmo para a digitalização de um currículo.
Cada uma dessas tarefas exige um acompanhamento pedagógico
individualizado, poderia ser mais dinamicamente trabalhado sem a forma padrão de
cursos de informática, e sim com o processo de rede de investigações.
É importante considerar os vários aspectos do processo de exclusão.
Questiona-se ainda onde está a “educação para todos” que o governo tanto prega,
40

pois educação tecnológica nos dias de hoje se faz necessária tanto quanto a
alfabetização.
Quase tudo o que aparece de novo, é utilizado digitalmente, e isso pode
contribuir para o afastamento e o stress diário, mediante a tantos problemas que os
idosos enfrentam.
A inclusão digital poderia proporcionar momentos de esquecimento e
máximo êxtase além do seu desenvolvimento pessoal. É muito importante para o
idoso saber que depois de uma vida toda, ainda consegue desempenhar diversas
funções, as quais muitas pessoas não acreditam que possam desenvolver. Ganham
um pouco mais de autonomia.
A tecnologia invadiu as casas, empresas, instituições de todos os tipos. A
sociedade, como um todo, está se tornando informatizada. Os recursos da imprensa,
rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet são disseminadores de
culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Todos esses artefatos fazem
com que a comunicação seja intermediada pela máquina e não pela voz humana.
As mudanças transparecem nas diversas dimensões de viver na sociedade
tecnologizada. Com a sofisticação dos recursos da tecnologia, torna-se maior a
amplitude de acesso à informação, assim como a qualidade de veiculação e
recepção se mostra em diferentes níveis de mídia. O acesso fácil e rápido, quase
que instantâneo, à informação relativiza a questão do tempo e do espaço. As
informações infiltram-se por todos os lados, quase que não precisamos ir atrás
delas, pois elas passam a se apresentar a nós exaustivamente, intervindo nas
nossas relações e comportamentos. O ambiente familiar, antes convergente e
constituído em volta das figuras da mãe e do pai, fica diluído entre os mitos
eletrônicos, que são endeusados e assumem a tutoria da infância.
Uma fábrica de sonhos e emoções que invade a vida dos indivíduos,
conformando subjetividades, interiorizando comportamentos-modelo da sociedade,
atuando no inconsciente do sujeito espectador que capta as mensagens dentro
dessa visão, que é uma versão do mundo fragmentada e filtrada pela tela.
Para Lomas, a mídia age a partir a informação textual, verbal e das imagens
para persuadir e manipular o espectador com a intenção de fazer saber, fazer crer,
fazer parecer verdade, fazer sentir (2001:149).
41

Na sociedade contemporânea, a socialização incorpora as relações


produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si, mediadas pelas
Tecnologias da Comunicação e Informação.
A mídia e a publicidade focam perspectivas da realidade, intervindo na
construção de identidade, culturas e relações pessoais. A preocupação está na
discrepância que surge entre o que as mídias anunciam de horizontes e leituras de
universos e os valores educativos que são discutidos e tratados nas instituições
educacionais.
Há uma emergente necessidade de preparar cidadãos que saibam ler,
interpretar, analisar criticamente as informações recebidas e selecionar as
significativas para si e para o uso coletivo. A população de um modo geral está
carente de recursos técnicos e educacionais para enfrentar e lidar com um futuro
que caminha na ambigüidade do local e global, do espaço físico e virtual.
A geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas,
transitam com desenvoltura na operacionalização, nesta cena visionária de quase
ficção científica, mas a outra geração, nascida em tempos de relativa estabilidade,
convive de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas,
cuja progressão é geométrica.
Para Pretto (1996:99), o analfabeto do futuro será aquele que não souber ler
as imagens geradas pelos meios eletrônicos de comunicação. E isso não significa
apenas o aprendizado do alfabeto dessa nova linguagem.
A nova geração é introduzida nesse universo desde o nascimento e por isso
sua intimidade com os meios eletrônicos ocorre numa relação de identificação e
fascinação (Pretto, 1996). A geração dos idosos de hoje tem revelado suas
dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos
até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, os
caixas eletrônicos instalados nos bancos. Conseqüentemente, aumenta o número de
idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da
sociedade.
Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações
pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a
oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o no tempo da
geração anterior, relegando sua função social à memória, ao passado. Para inserir-
se na sociedade tecnologizada, ele precisa ter acesso à linguagem da Informática,
42

dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como alguém que está
ultrapassado e descontextualizado do mundo atual.
Há uma necessidade em dominar os recursos do computador devido à
sociedade ter se tornado informatizada, atingindo todos os âmbitos, e permeando o
cotidiano dos indivíduos nas mais variadas faixas etárias. É preciso prevenir a
exclusão dos indivíduos idosos por desconhecerem a nova linguagem que se
dissemina também nas conversas sociais.
O perfil de idoso mudou muito nos últimos tempos. Apesar de ser um
universo heterogêneo, pode-se dizer que, na época dos avós, o idoso recolhia-se ao
seu aposento e vivia o resto da vida dedicado aos netos, à contemplação da
passagem do tempo pela fresta da janela, a reviver as memórias e (re)lembrar e
(re)contar as lembranças passadas.
Relegava-se a pessoa idosa ao passado, ao ontem, não reservando um
espaço digno e louvável ao indivíduo na velhice, no tempo presente. Havia (e ainda
há) uma exclusão das pessoas idosas na construção do presente e do futuro da
humanidade. O futuro foi sempre considerado dos e para os jovens. Então, quais os
espaços de ser na velhice?
Hoje, desponta um novo tempo, pois os/as idosos/as têm uma vitalidade
grande para viver projetos futuros (a curto prazo), contribuir na produção, participar
do consumo e intervir nas mudanças sociais e políticas.
Cabe aos educadores a responsabilidade de pesquisar e criar espaços de
ensino-aprendizagem que insiram os/as idosos/as na dinâmica participativa da
sociedade e atendam ao desejo do ser humano de aprender continuamente e
projetar-se no vir a ser.
Com o aumento da população idosa nos últimos tempos conseqüentemente
aumentou também o número de idosos iletrados em Informática ou analfabetos
digitais, em todas as áreas da sociedade, gerando uma demanda por cursos
direcionados para o ensino dos recursos básicos sobre o computador.
Muitas empresas oferecem cursos básicos de Introdução à Informática,
porém, poucas destinam cursos específicos para a faixa etária da terceira idade.
Algumas universidades abertas para a terceira idade oferecem curso de
introdução sobre os recursos do computador dentro do seu leque de opções, porém,
como as pesquisas sobre o impacto da aprendizagem e utilização do computador
43

pela terceira idade são escassas no Brasil, acredita-se que os cursos ainda não
apresentem uma metodologia de ensino e aprendizagem específica para o idoso.
As pesquisas mostram que existem diferenças entre as faixas etárias na
forma da apropriação e no domínio da habilidade operacional do computador.
Estudos que comparam jovens, adultos e idosos na interação com a
máquina apontam a importância do dimensionamento de estratégias de ensino e
aprendizagem delineadas de acordo com as características e condições da
população, respeitando o ritmo e tempo para aprender, as limitações físicas
(auditivas, visuais) e cognitivas (memória, atenção).
Na Internet um site traz um estudo interessante sobre o idoso e a relação de
aprendizagem com o computador, do qual foram extraídas algumas questões:
"Coming of age: the virtual older adult learner", por Donald A. King (1997),
apresentado numa conferência de Educação Continuada no Canadá.
Este estudo pretendeu identificar as necessidades de aprendizagem das
pessoas de 55 anos e mais para ajudá-las a superar seus medos e resistências às
novas tecnologias.
Àquela pesquisa contou com uma revisão de área para responder à
pergunta: “como a terceira idade aprende as novas tecnologias”.
Alguns pontos de destaque:
 as pesquisas sobre idosos e computadores ainda são iniciais;
 instrução assistida por computador é bem aceita pelos idosos;
 idosos apresentam muitas razões para aprender as novas tecnologias;
 idosos apresentam dificuldades específicas para aprender.
As dificuldades para a aprendizagem do computador pelos idosos podem ser
superadas, utilizando-se estratégias específicas como:
 seguir etapas gradativas de aprendizagem;
 auxílio na medida da necessidade;
 seguir no próprio ritmo;
 frequentes paradas;
 boa iluminação;
 caracteres e fontes grandes;
 classes pequenas;
 mais tempo para a execução das tarefas e repetição delas.
44

Os resultados da pesquisa de King (1997) apontam especificações sobre o


tipo de hardware e software e técnicas de ensino:
 hardware - atenção deve ser dada a:
 tamanho do monitor e iluminação;
 teclado com design especial;
 mouse com design especial;
 qualidade de impressão;
 tamanho e cor da área de trabalho no monitor;
 qualidade do assento.
 técnicas de Ensino - idéias para otimizar o ensino:
 começar com jogos, Internet e e-mail;
 ter outros idosos para ajudar;
 pedir aos idosos que escrevam e avaliem o currículo;
 utilizar as experiências de vida dos idosos;
 preparar material de apoio com caracteres grandes e fortes;
 manter um ritmo lento, abrir para troca.
Para King (1997), o advento da tecnologia provê a pessoa da terceira idade
com oportunidades para se tornar um aprendiz virtual, fornecendo educação
continuada, educação à distância, estimulação mental e bem-estar. A tecnologia
possibilita ao indivíduo integrar-se em uma comunidade eletrônica ampla; coloca-o
em contato com parentes e amigos, num ambiente de troca de idéias e informações,
aprendendo junto e reduzindo o isolamento por meio da experiência comunitária.
É relevante investigar quais as abordagens adequadas para introduzir o
idoso no universo da Informática e construir estratégias metodológicas educacionais
para preparar a população da terceira idade (ativa ou aposentada) no domínio
operacional dos recursos computacionais. É necessário gerar a alfabetização na
nova linguagem tecnológica que se instala em todos os setores da sociedade e
promover a inclusão do idoso nas transformações da sociedade.
A abordagem educacional com idosos tem suas peculiaridades e requer a
imersão neste universo para compreendê-lo e uma prática pedagógica específica,
considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária.
Foram observados alguns benefícios da tecnologia para este grupo etário,
como melhorar as condições de interação social e estimular a atividade mental.
45

Algumas pesquisas apontam que mudanças de atitudes em relação ao


computador surgem depois dos cursos, em decorrência de os participantes se
sentirem:
 mais familiarizados com a terminologia e a linguagem do computador;
 menos excluídos dos progressos tecnológicos da sociedade;
 menos apreensivos sobre o uso do computador e
 mais confiantes com as próprias habilidades para entender um
computador.
Muitos idosos vêem a tecnologia computacional favoravelmente e acreditam
nos benefícios da aquisição de habilidades básicas para dominar o computador
(MORRIS, 1994).
Computadores e tecnologias da comunicação oferecem um potencial de
melhorar a qualidade de vida da pessoa na terceira idade, provendo-a com as
informações e serviços externos a sua residência, contribuindo para facilitar a vida
das pessoas que tem dificuldade ou dependem de outros para se deslocarem.

2.6.1 O uso da tecnologia na terceira idade

Pesquisas descrevem diferenças na aprendizagem da nova tecnologia,


discutindo os efeitos do comportamental, ansiedades e potencialidades cognitivas na
apropriação do computador.
Em duas pesquisas foram comparados os resultados de dois grupos etários.
Num estudo (Westerman e Davies, 2000) com grupos de adultos mais jovens:
“younger adults” e adultos mais velhos “older adults” foram encontradas diferenças,
apontando vantagem dos adultos mais jovens com relação aos fatores psicológicos,
cognitivos e experiências.
Evidências indicaram vantagens para os jovens adultos na velocidade de
desempenho nas tarefas, acopladas com tendência à maior precisão na utilização
dos recursos computacionais. No entanto, essas diferenças podem ser amenizadas
com um treinamento extenso e mais exercícios pelos adultos mais velhos.
46

É importante destacar que alguns adultos mais velhos têm habilidades e


potencialidades próprias que os colocam em melhores condições do que outros.
(Kachar, 2001, p.60).
(Kachar, 2001, p. 61), comparou dois grupos: jovens idosos “young-old” (60 -
74 anos) e idosos velhos “old-old” (75 – 89 anos) e extraiu dados sobre as condições
para adquirir e reter habilidades básicas sobre o computador. Ambos os grupos
passaram por um treinamento sobre os procedimentos básicos de Informática, por
meio da interação com um programa multimídia (CD-ROM) ou manual ilustrado.
A avaliação foi feita imediatamente depois do treinamento e repetida, após
uma semana. Os resultados apontaram que os jovens idosos em relação aos idosos
velhos:
 tiveram menos erros na performance e coordenação motora;
 requisitaram menos assistência/ajuda;
 levaram menos tempo no treinamento.
Ambos os grupos tiveram alguns esquecimentos pontuais sobre os recursos
do computador e como executá-los. A análise dos testes mostrou que o idoso que
apresenta melhor rendimento na memória espacial e verbal tem melhores condições
e maior probabilidade para adquirir habilidades no domínio do computador (Kachar,
2001, p. 61).
Outras dificuldades foram detectadas em pesquisa (Kachar, 2001, p. 61):
 limitações cognitivas relacionadas com a memória;
 limitação visual e auditiva;
 dificuldade de mobilidade/flexibilidade para mudanças.

2.6.2 Benefícios da tecnologia na terceira idade

As pesquisas nesta área têm desmistificado os estereótipos sobre a


incompetência dos adultos mais velhos, retratam que eles podem aprender a usar o
computador, mas necessitam de ensinamentos e técnicas para a melhor fixação e
aprendizagem e maior tempo para aprendizagem.
47

Muitos idosos vêem a tecnologia computacional favoravelmente e acreditam


nos benefícios da aquisição de habilidades básicas para dominar o
computador (KACHAR, 2001, p.62, citado por MORRIS, 1994).

Existem mudanças que são percebidas após o contato do idoso com a


tecnologia:
 mais sintonizado com a terminologia e a linguagem do computador;
 menos descriminados e excluídos progressos tecnológicos da
sociedade e
 quebra de barreiras sobre o uso do computador e mais confiantes com
as próprias habilidades para entender a máquina.

2.6.3 Aplicações do cotidiano

Pode-se dizer que o foco principal do Curso de Informática Básica ao grupo


de idosos foi o uso da internet em aplicações do cotidiano, como a 2ª via de
documentos e a navegação em sites úteis, como Copel, DETRAN, INSS, de
entretenimento, como Youtube, entre outros.
Ainda, deu-se ênfase à manipulação de pastas e subpastas (criar, excluir,
renomear, alterar ícone, copiar, colar, editar), imagens, fotos, músicas e vídeos.
Em laboratório, os alunos acessaram sites dos mais variados, tais como:
Google, Orkut, MSN, UOL, Yahoo, Globo.com, Superdownloads, Baixaki, Mercado
Livre, Wikipédia e Youtube, além de aplicativos como o Google Earth, ferramenta de
mapas de satélite, que desperta grande interesse aos alunos da terceira idade.
O objetivo é apresentar além dos sites úteis, bancários e oficiais, de uso
cotidiano, aqueles que oferecem entretenimento, jogos, relacionamentos,
compartilhamento de arquivos, mensagens, imagens, fotos, vídeos, músicas,
compras e vendas, etc.
A popularização da internet tem provocado diversas mudanças nas formas
de relacionamento social das pessoas.
Com a junção de áudio, imagem e textos, proporcionada simultaneamente
na internet, as interações através dessa nova mídia têm se mostrado mais atraentes
48

para os diversos grupos das sociedades humanas, fazendo com que mais e mais
pessoas passem utilizar a formas de comunicação que esse meio proporciona.
Neste início de século tem se lidado com novas formas de se comunicar
gerando novos comportamentos, entendimentos e maneiras de interagir na
sociedade contemporânea, através das comunidades de relacionamentos, bate-papo
on-line, chats, fóruns, e-mails e inclusive através de outras mídias populares mais
acessíveis como os celulares.
Essas transformações, que podem ser tanto positivas quanto negativas em
alguns aspectos, já podem ser apontadas no dia-a-dia a exemplo da utilização
desses meios para comunicação pessoal sobre determinado assunto, novas
linguagens e comportamentos, como passar horas em frente a um computador
vendo um site de relacionamento ou conversando on-line com um amigo e mesmo
alguém que acabou de conhecer na rede.
Enfim, diversos aspectos comportamentais têm surgido e merecem uma
discussão que aborde essas interações e mostre como ela está inserida no contexto
social cotidiano.
O ciberespaço, proporcionado pela internet, constitui um espaço de práticas
sociais cuja função ou participação dessa realidade não inibe ou acaba com práticas
antigas, mas desenvolve novas formas que se complementam; como defende
Lemos: “trata-se, portanto, em insistir, não em uma lógica excludente, mas em uma
dialógica da complementaridade”
A cibercultura é entendida como um conjunto de técnicas, práticas, atitudes,
modos de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento da Internet como um meio de comunicação, que surge com a
interconexão mundial de computadores.
O computador, que começou por ser usado como uma ferramenta
facilitadora de algumas tarefas transformou-se, nos anos mais recentes, com o
crescimento ou expansão da internet, num meio possibilitador de novos
comportamentos e atitudes.
A Cibercultura, surgida com o advento da internet, constitui no principal
canal de comunicação e suporte de memória da humanidade neste novo século, o
que tem proporcionado o surgimento de diversos comportamentos ou maneiras de
comunicar que se pretende relatar nesse trabalho.
49

Trata-se de um novo espaço ou forma de comunicação, de sociabilidade, de


organização, acesso e transporte de informação e conhecimento. Comunicar-se
através da net é uma realidade, embora mais acessível a determinadas classes
sociais, tem se tornado acessível a classes menos abastadas, principalmente com a
popularização das “Lan-Houses”.

As fronteiras geográficas, culturais, sociais e políticas, que até aos nossos


dias definiam os espaços de influência da ordem informativa, parecem, por
conseguinte, ruir com a permeabilidade da informática (RODRIGUES, 1994,
p. 26).

Assim, faz-se importante e essencial uma abordagem das diversas formas


de comunicação e interação através do ciberespaço, suas preferências e as
mudanças nas relações sociais cotidianas que a popularização da nova mídia tem
provocado no dia-a-dia desse grupo social e podem provocar, já que todos os
aspectos sócio-culturais sejam educativos, comerciais, informativos, estão, e mais
ainda no futuro, influenciados pelos avanços da Internet e do mundo digital.
50

3 PRÁTICA PEDAGÓGICA

Castanho (2000) explica que inovação é uma palavra que sobressai na


literatura educacional, aparecendo atrelada à perspectiva de soluções para o
“marasmo” dos sistemas de ensino. Inovação não significa descoberta nem
invenção, mas ação para alterar as coisas pela introdução de algo novo e pode se
dar a partir de três dimensões:
(a) pela investigação;
(b) por meio da solução de problemas;
(c) com base na interação social; a primeira é o caminho mais adequado.
Para Japiassu (1983), os docentes resistem à inovação porque são
submetidos a um processo de formação baseado no chamado conhecimento
educacional científico, o qual se ancora na pesquisa positivista e é responsável por
generalizações que interessam a planejadores de currículos e supervisores, o que
acaba por desarticular tentativas de criação pedagógica.
Amarrados à racionalidade cientifica (SANTOS, 2003) os professores
encontram mais dificuldades para incorporar o computador e rede ao seu fazer
pedagógico.
Marques (2003) afirma que a chamada ‘sociedade da informação’, na qual
se articulam diferentes linguagens, passou a demandar outra educação.
A escola da contemporaneidade está inserida em uma cultura ambivalente,
que também se faz presente na sala de aula, inseparável de seus principais atores,
alunos e professores, e dos objetos culturais exigidos pelas práticas educativas.
Para ele, o desafio básico dos professores é trabalhar com essa cultura
difusa e assistemática, não tematizada, como são as estruturas simbólicas do
mundo da vida. Entende que a sala de aula tem, hoje, novas possibilidades como

“participar de comunidades virtuais e difundir, para um vasto público, toda


informação que julgar de interesse, num processo transversal, comunitário e
recíproco, de negociação de significados e de reconhecimentos mútuos de
indivíduos e grupos” (MARQUES, 2003, p.173).
51

Considera que é imperioso insistir no alargamento dos horizontes da sala de


aula, integrando as mídias eletrônicas às tecnologias do ler e escrever, tendo em
vista que essas mídias não ameaçam apenas a nos invadir, mas a nos dominar,
caso não tenhamos uma relação crítica com elas.
Nesta escola ampliada deve surgir um novo professor: um educador
socialmente qualificado, capaz de concretizar uma leitura mais abrangente do
mundo no qual se insere e que saiba conduzir seus alunos, por meio de processos
de pesquisa que se vale de todos os recursos possíveis, a uma autoria autônoma e
crítica. Estão os professores preparados para aceitar as tecnologias da informação e
comunicação (TIC), particularmente o computador e rede, em suas salas de aula?
Esta indagação estimulou a investigar o grupo de dezoito idosos, muitos dos
quais participantes dos Grupos de Terceira Idade de União da Vitória, visualizando a
inserção da informática educativa e da prática pedagógica. Com este trabalho
espera-se compreender melhor as resistências, dificuldades e possibilidades que
esses sujeitos enfrentam e, assim, oferecer algumas pistas.
A idéia do projeto de inclusão digital da terceira idade deu-se no início de
2009 quando se entregou uma cópia do projeto de estágio à Coordenadora dos
Grupos de Terceira Idade de União da Vitória, outra cópia Prefeitura de União da
Vitória, à Secretária de Ação Social e à Secretária da Administração e por fim,
enviado por e-mail à orientadora Professora Ms. Edna Satiko Eiri Trebien,
coordenadora dos cursos superiores de Licenciatura Plena em Informática e
Informática de Gestão do Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV,
concedendo, após duas semanas, o Laboratório nº 03, para todas as quartas, das
09:00h às 11:00h.
Desde o início do projeto houve total apoio da orientadora, da reitoria e da
coordenação do curso, concedendo todos os instrumentos, meios pedagógicos e de
multimídia.
Por se tratar de um grupo de idosos, considera-se relevante indagar-lhes
quais as suas dificuldades em relação ao uso da informática, e para tanto, na aula
inaugural aplicou-se o Questionário de Sondagem Inicial, assim como o Questionário
de Sondagem no término, fornecendo dados para análise e comparação.
Entende-se, desde logo, que qualquer processo de mudança (inovação),
enfrenta a desconstrução de estereótipos. Assim, conhecer e compreender como os
idosos vêem a informática antes e no término do curso foi de suma importância.
52

No decorrer das aulas foram desenvolvidos os planos de aula, que seguem


acostados, baseados no aprendizado acumulado e no desenvolvimento dos alunos.
Observou-se a lentidão de boa parte dos alunos, enquanto outra melhorava a cada
aula. O impulso do curso foi revisto e implantado de forma mais lenta e ponderada
em tópicos relevantes.
Face ao teor das questões investigativas, optou-se por uma abordagem
qualitativa, considerando que nela não há definição de hipóteses formais e nem se
busca provar ou verificar fenômenos, mas sim construir o objeto de estudo.
Segundo Rey (2002, p. 91) a abordagem qualitativa não visa “expressar em
operações os conteúdos diretos e explícitos dos sujeitos, com o fim de convertê-los
em entidades objetivas suscetíveis de processamento matemático”. Ela comporta,
sim, uma intenção construtivo-interpretativa em relação ao que os sujeitos
expressam.
O material coletado por meio dos questionários foi submetido à Análise de
Conteúdo nos termos em que é proposta por Bardin (2000), quando esta autora se
refere à análise representacional. Nesta análise busca-se identificar os pontos mais
recorrentes, procurando agrupá-los em núcleos de significados interligados. A partir
daí, passa-se à interpretação desses núcleos, tendo como suporte teórico autores da
área educacional que apresentam uma visão crítica sobre o uso das TIC.
O trabalho cooperativo entre o professor e o monitor foi positivo, pois vai
permitindo ao docente adquirir confiança no que está realizando. Giraffa (2002)
acredita que só se terá a informática na educação quando os professores
dominarem a tecnologia, usando-a de forma crítica; o que passa pela troca de
experiências com o especialista.
O domínio da tecnologia favorece outras abordagens e novas metodologias
de ensino. Quanto às dificuldades encontradas na incorporação do computador e
internet à prática pedagógica, emergiu o entraves do desconhecimento de outros
alunos em relação aos conhecimentos básicos da informática, exigindo um
acompanhamento muito maior por parte do docente e do monitor.
As respostas sugerem que esses idosos estão incorporando a tecnologia em
uma perspectiva tradicional de ensino-aprendizagem. As preocupações
apresentadas fazem parte do repertório de queixas que nutre a sala de aula
centrada na figura do professor. Essa postura conservadora na incorporação das
TIC tem sido muito criticada.
53

Para Moran (1996), por exemplo, a utilização das tecnologias, em especial a


Internet, deve levar a mudanças na forma de ensinar, isto é, deve transformar a sala
de aula em pesquisa e comunicação. Ele acredita que tal tecnologia facilita a
motivação dos alunos não apenas por ser uma novidade, mas especialmente pelas
possibilidades que cria em termos de pesquisa.
Nesta linha de raciocínio, Kenski (2002) considera que a motivação dos
alunos pode aumentar quando o professor constrói um clima de confiança, abertura
e cordialidade, o que, em última instância, depende do modo como as tecnologias
são percebidas e usadas.
A internet é um instrumento que pode facilitar a mediação, uma vez que
oferece informações abundantes para o processo de conhecimento. Portanto, não se
trata apenas de dizer que incorporou e faz parte do seu cotidiano; é preciso muito
mais: o professor tem de estar aberto para pensar processos totalmente diferentes
de construção do conhecimento.
A visualização gráfica permite uma memorização maior dos conceitos. A
aula rende mais, os alunos fazem questionamentos, começam a levantar hipóteses,
criando, com isso, um processo investigativo. Oferece-se uma opção educativa de
qualidade, gerando grande motivação nos alunos, elevando a sua auto-estima.
Os idosos revelaram que vêem o computador/rede como recurso que
incentiva, dinamiza, facilita a aprendizagem; torna o conteúdo mais atraente;
estimula a permanência na escola; pode ser fonte de pesquisa e reflexão crítica.
Eles espelham posições de autores que têm estudado os impactos das TIC
no cotidiano escolar, como Heide e Stilborne (2000), para quem as tecnologias
ajudam o desenvolvimento de habilidades cognitivas de ordem superior, criando
possibilidades para acessar, armazenar, manipular e analisar informações, fazendo
com que os aprendizes gastem mais tempo refletindo e compreendendo.
No conjunto cabe destacar a compreensão da importância da tecnologia não
ser um apêndice no contexto da organização escolar. Para isso, tem de estar
presente tanto no projeto pedagógico, como no planejamento didático de cada
professor.
Esta é uma perspectiva fundamental, pois coloca no todo escolar (direção,
professores, alunos, funcionários e comunidade) a responsabilidade de trabalhar, de
forma integrada, com as tecnologias.
54

Trata-se aqui de uma visão consistente, que além de conferir importância ao


projeto pedagógico, defende o trabalho didático colaborativo, o que vai ao encontro
do pensamento de Veiga (2004). Os demais registros, no entanto, infere uma
posição de responsabilização da escola pela incorporação das tecnologias. Quando
perguntamos “como a escola deve se organizar”, não se está compreendendo a
escola enquanto direção, ou entidade separada de seus atores, mas sim como um
conjunto de sujeitos envolvidos com objetivos educacionais comuns. Percebemos
que a maioria dos docentes entende esta organização como dependente da “escola”
(direção e Estado).
Neste sentido, a escola deve: (a) organizar turmas menores; (b) montar o
Laboratório de Informática ou outros espaços para uso das tecnologias; (c)
disponibilizar programas; (d) incentivar e promover cursos segundo os interesses
particulares; (e) estar sempre orientando os docentes.
Trata-se aqui de uma postura disjuntiva, que divide em pólos distintos:
docentes e alunos de um lado e de outro a escola (direção/secretaria de educação).
Valendo-se deste raciocínio, o professor fica esperando que suas expectativas
sejam concretizadas pelos gestores e, enquanto isto não acontece se acomoda e
mantém o ensino desconectado dos avanços da tecnologia.
Outras posições contidas remetem ao mito do computador como recurso
redentor (FALCÃO, 1991). Por exemplo, na primeira delas encontra-se uma visão
que situa a sala de aula interativa (laboratório) como espaço capaz de milagres,
onde se obtém a motivação dos alunos e professores, dando a entender que em
uma sala de aula onde inexistem os recursos do computador e da rede se torna mais
difícil provocar nos alunos o desejo de aprender. Trata-se de uma percepção
ingênua, que superestima a tecnologia, e deixa de compreender os espaços
educacionais – a sala de aula convencional e o laboratório – como complementares.
Alguns acreditam que as TIC podem promover maior interação, revelando
uma visão limitada dos processos interativos, pois estes independem da presença
da tecnologia, porque são essencialmente subjetivos.
No cômputo geral, observa-se uma ‘euforia’ em relação à sala de aula
interativa, permitindo compreender melhor as expectativas desses idosos em relação
à incorporação do computador em suas vidas.
55

3.1 METODOLOGIA

Neste capítulo, aborda-se a Metodologia, os Objetivos, a Área Temática,


Questões da Pesquisa, os Sujeitos, os Procedimentos Metodológicos para a Coleta
e Análise dos Dados e os Instrumentos.
A metodologia da presente pesquisa foi orientada por um paradigma que,
segundo Engers, “é um esquema teórico, uma percepção, uma forma de
compreensão do mundo” (1994, p.65).
Assim, o caminho da investigação foi planejado a partir de uma modalidade
de pesquisa que veio possibilitar meu envolvimento com os grupos de terceira idade
que participaram do curso de informática básica, a fim de buscar informações
suficientes para responder ao problema proposto, portanto a pesquisa feita esteve
apoiada no paradigma construtivista/naturalista.
Moraes salienta

Um paradigma construtivista compreende o conhecimento como algo que


está sempre em processo de construção, transformando-se, mediante ação
do indivíduo no mundo [...] construtivista porque possui características
multidimensionais, entre elas o caráter aberto que lhe permite estar sempre
em construção, traduzindo a plasticidade e a flexibilidade dos processos de
auto-renovação nele envolvidos. (2004, p.25)

E Castro

A pesquisa, no paradigma naturalístico, começa com um foco inicial que vai


se definindo no próprio processo. [...] o foco do estudo determina seus
limites, definindo o que vai ser pesquisado, servindo como critério para
inclusão-exclusão de novas informações (1994, p. 62).

A pesquisa constituiu-se em Estudo de Caso, pois aponta para um estudo


investigativo e, conforme Castro, “o estudo de caso é considerado a forma ideal de
relatório de pesquisa para o paradigma naturalista” (1994, p. 61).
Para Yin, conta com muitas técnicas utilizadas por pesquisas históricas,
porém acrescenta duas fontes de evidência que não são incluídas no repertório do
historiador: ”observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e
entrevistas das pessoas nele envolvidas” (2000, p. 26).
56

Gil comenta que os propósitos do estudo de caso “não são os de


proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população, mas
sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis
fatores que o influenciam ou são por ele influenciados” (2002, p. 54).

Bogdan e Biklen caracterizam a investigação qualitativa como “fonte direta


de dados no ambiente natural, constituindo-se o pesquisador no instrumento
principal, interessando-se mais pelo processo do que pelos dados” (1994, p.
47).

A pesquisa qualitativa também apresenta o aspecto descritivo que Gil define


como,
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno [...] São inúmeros
os estudos que podem ser classificados sobe este título e uma de suas
características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm
por objetivo estudar as características de um grupo (2002, p. 42).

Portanto, a metodologia empregada nesta pesquisa foi de caráter qualitativo-


quantitativo, sendo explicativo e interpretativo com levantamento bibliográfico e
pesquisa de campo (através de entrevistas e questionários), que permite um maior
envolvimento com o objeto de estudo e flexibilidade, entre a teoria e a prática,
através das compreensões e interpretações individuais do pesquisador.
A utilização de entrevistas, questionários e a observação descritiva
caracterizaram qualitativamente a pesquisa. A caracterização quantitativa ocorreu
pelos questionários finais, nos quais os sujeitos responderam a questões fechadas,
servindo para complementação dos dados da investigação.
Enfim, consternou-se como referência o método de análise dos dados
descrito por Bardin (1977), Análise de Conteúdo.

3.2 PROBLEMA

A inserção das tecnologias de informação e comunicação nas sociedades


não é mais uma opção, mas uma realidade que está formando culturas do
57

conhecimento com coletivos pensantes, que possibilita a criação de grupos de


discussões, nos quais comunidades virtuais vêm reestruturando modos de pensar.
Entretanto, muitos ainda estão e vivem às margens desta realidade e
precisam ser incluídos digitalmente para poderem participar e interagirem neste novo
formato de sociedade. Sobretudo, pessoas que entraram na Terceira Idade e que
manifestam muitas dificuldades em entender a lógica das tecnologias.
Diante deste contexto sócio-cultural, em que os que não acompanham
mudanças tão rápidas são excluídos, devem-se refutar os conceitos
preestabelecidos, pois acreditar na capacidade de mudar a realidade social, de
mudar as idéias, não como verdades, mas como ferramentas de construção e
reconstrução, torna as pessoas mais responsáveis pela sua própria construção de
conhecimento, através da autonomia e da cooperação mútua entre todos que
participam deste processo.
Para Gil, “[...] um problema é de natureza científica quando envolve variáveis
que podem ser tidas como testáveis” (2002, p. 24), assim definiu-se o problema de
pesquisa desta investigação que se trata de compreender:
Como ensinar informática a alunos da terceira idade em estágios
diferentes de conhecimento?

3.3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

 Para a realização da investigação teórica utilizou-se:


 pesquisas bibliográficas: em obras mais recentes de autores
consagrados, para contextualização da sociedade de informação e suas
transformações, o envelhecimento e a aprendizagem ao longo da vida,
dando suporte para o entendimento das relações da terceira idade com o
advento das novas tecnologias;
 Os livros foram adquiridos na Biblioteca João Dissenha, junto ao
Centro Universitário de União da Vitória - UNIUV, na Biblioteca Pública do
Paraná - BPP, sito a Rua Cândido Lopes, 133, e por fim, na Biblioteca Hugo
Simas, sito à Praça Nossa Senhora da Salete, s/n, Centro Cívico, ambas de
Curitiba – PR;
58

 pesquisas em revistas e periódicos: ao longo da pesquisa utilizou-se de


revistas especializadas em educação, além de periódicos e publicações que
relacionam a educação com a informática;
 pesquisas em sites: navegaram-se em web sites de órgãos públicos
nacionais, agências de pesquisas e publicações de Informática e Educação,
que somaram dados estatísticos com informações atuais e confiáveis;
 coleta de informações: iniciou-se a pesquisa com o Projeto de Estágio,
pré-estabelecido para fundar as diretrizes e as bases metodológicas;
 Projeto de Estágio: Inclusão Digital a Turma da Terceira Idade: Ação
Social da Prefeitura de União da Vitória e UNIUV, questionários de
sondagem inicial e final, entrevistas e coleta de opiniões dos alunos para
descrever e acrescentar dados, qualificações e pequenas consultas que
incorporaram fatos e fundamentos substanciais na pesquisa.

3.3.1 Objetivos

A presente pesquisa pretendeu:


Objetivo Geral
 Capacitar os alunos da terceira idade a utilizarem satisfatoriamente o
computador como ferramenta indispensável em suas atividades pessoais e
de lazer.
Objetivos Específicos
 Coletar dados acerca da turma com a aplicação de dois questionários
de sondagem, um inicial no início e outro no final do curso;
 Tabelar os dados coletados pelos questionários de sondagem;
 Confeccionar o plano de ação conforme os níveis de conhecimento dos
alunos;
 Aplicar o plano de ação de acordo com os níveis de conhecimento da
turma;
 Desenvolver uma apostila de informática básica direcionada a terceira
idade em uma pasta, contendo os planos de aula e respectivos documentos
59

utilizados nas consultas e pesquisas do professor, sendo devidamente


atualizada a cada aula, ficando disponível a cada aluno;
 Focar o ensino da informática no desempenho de aplicações do
cotidiano, tais como: navegar na internet para encontrar lugares e pessoas,
imprimir 2ª via de documentos ou contas, retirar extratos bancários, verificar
pontos e multas na carteira de motorista junto ao DETRAN, consultas ao
INSS e à Receita Federal, dentre outras.

3.3.2 Participantes

A pesquisa foi realizada com uma amostra composta por 18 (dezoito)


participantes do curso de Informática Básica para Terceira Idade: Ação Social da
Prefeitura de União da Vitória e UNIUV.
Foram aplicados questionários simples, no início do curso e no final, com 18
(dezoito) participantes que responderam ao questionário inicial e 10 (dez)
participantes que responderam ao questionário final.
No final do curso, 10 (dez) alunos foram entrevistados, destes 5 (cinco)
foram sorteados para a entrevista filmada que segue anexo em DVD.

3.3.3 Perfil dos participantes

Os 18 (dezoito) sujeitos que participaram da pesquisa tem idades variando


entre 44 (quarenta e quatro) a 79 (setenta e nove) anos:
 1 sujeito com idade de 44 anos (1965);
 1 sujeito com idade de 48 anos (1961);
 1 sujeito com idade de 53 anos (1956);
 1 sujeito com idade de 61 anos (1948);
 1 sujeito com idade de 65 anos (1944);
 3 sujeitos com idade de 66 anos (1943);
60

 1 sujeito com idade de 67 anos (1942);


 1 sujeito com idade de 68 anos (1941);
 2 sujeitos com idade de 70 anos (1939);
 1 sujeito com idade de 71 anos (1938);
 1 sujeito com idade de 72 anos (1937);
 1 sujeito com idade de 73 anos (1936);
 1 sujeito com idade de 75 anos (1934);
 1 sujeito com idade de 76 anos (1933);
 1 sujeito com idade de 79 anos (1930).

3.4 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

A pesquisa iniciou-se pelo contato com a Coordenadora dos Grupos da


Terceira Idade de União da Vitória, a Secretária da Ação Social de União da Vitória e
a Orientadora e Coordenadora dos Cursos de Licenciatura Plena em Informática e
Informática de Gestão do Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV.
Para consentimento e realização da pesquisa proposta, junto aos grupos de
Terceira Idade, após a autorização, houve uma reunião com o professor regente e o
monitor do curso e iniciou-se a pesquisa.
O instrumento de coleta de dados escolhido foi à entrevista semi-estruturada
e os questionários de sondagem, com questões abertas e fechadas. Foram feitas 8
(oito) perguntas abertas no questionário de sondagem inicial e 13 (treze) no final; e
na entrevista no final do curso, foram respondidas 11 (onze) perguntas.
A entrevista semi-estruturada foi escolhida, pois há uma relação de interação
entre o entrevistador e o entrevistado; também, através do diálogo, foi estabelecida
uma relação de interação, e neste tipo de entrevista, conforme Lüdke e André,
“desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente,
permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações” (1986, p. 34).
A escolha pelo questionário foi relacionada pelo tempo que os sujeitos
dispunham para responder, que foi na primeira aula, antes de iniciar o curso; e o
segundo questionário, na última aula, antes do encerramento do curso.
61

Entendeu-se que essa foi a melhor escolha, pois se relaciona diretamente


com o problema e para uma melhor análise dos dados coletados. Foram respeitadas
e incluídas as respostas na íntegra da entrevista e dos questionários, também foi
preservado o anonimato de cada sujeito.

Foto 1 - Visita ao laboratório de hardware. Fonte: Autor, 2009.

Os sujeitos foram caracterizados pela letra S e o número que aparecer do


lado representará o sujeito que respondeu aos questionários.
Por exemplo: S1; S2 e assim consecutivamente; quando aparecerem
respostas e comentários do S1 (sujeito 1), a fala corresponderá a este sujeito e
assim por diante.
Nas entrevistas semi-estruturadas, 10 (dez) alunos foram entrevistados,
sendo sorteados 5 (cinco) destes para a entrevista filmada. Foram caracterizados
pela letra E, e por números consecutivos, E1, E2, E3.
62

3.5 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

O instrumento para a execução de pesquisa constituiu-se de entrevista semi-


estruturada e de dois questionários, junto aos grupos de Terceira Idade; nesses
constaram questões abertas e fechadas, de acordo com a intencionalidade de
obtenção das informações, que abordam os pontos relevantes deste trabalho com o
objetivo de obter informações acerca de seus interesses, dificuldades e motivações
no manuseio das tecnologias digitais.
O primeiro questionário foi aplicado no início do curso sendo a primeira parte
composta dos dados de identificação: data, nome, telefone, profissão, nacionalidade,
grau de instrução, data de nascimento e escolaridade, e a segunda parte contendo 8
(oito) perguntas. O segundo questionário foi aplicado no término do curso, e
indicando somente a data e o nome, foram feitas 13 (treze) perguntas.
A entrevista semi-estruturada com 11 (onze) questões foi aplicada no final do
curso e, juntamente com os questionários, recebeu tratamento através de uma
análise qualitativa dos dados, colhidos na pesquisa e no contexto atual, ou seja,
interpretam-se estes dados de modo a identificarem-se as necessidades,
expectativas e motivações relativas à inclusão digital e à Terceira Idade.

3.6 CAMPO DA PESQUISA

A investigação foi realizada em um ambiente educacional formal, em


laboratório computacional destinado à aprendizagem e à inclusão digital, da
Fundação Municipal Centro Universitário de União da Vitória - UNIUV, sito a Avenida
Bento Munhoz da Rocha Neto, 3856, São Basílio Magno, União da Vitória - PR.
O laboratório onde ocorre o curso está localizado no térreo do prédio e tem
40 (quarenta) computadores, proporcionando assim, uma máquina individual para
cada aluno.
O curso iniciou-se em 18.03.09 e terminou em 30.09.09, ocorrendo todas as
quartas em 2 (duas) aulas de 55 (cinqüenta e cinco) minutos, pela manhã, no horário
das 09:00h às 11:00h, com intervalo de 10 (dez) minutos.
63

3.6.1 Tabela 1: Programação do Curso

DATA CONTEÚDO
18.03.09 Aula Inaugural
Aplicação do Questionário de Sondagem Inicial
Introdução à Informática
25.03.09 Histórico e Avanços da Informática
01.04.09 ASC II e Digitação
15.04.09 Sistemas Operacionais
22.04.09 Windows XP
29.04.09 Windows XP
06.05.09 Windows XP
13.05.09 Internet
(e-mail, MSN, Orkut, manipulação de fotos e vídeos)
20.05.09 Internet (aplicações cotidianas)
27.05.09 Apresentação: dvd Info Word 2007
03.06.09 Word
10.06.09 Word
17.06.09 Word
24.06.09 1ª Avaliação
05.08.09 Sem aula: Gripe
12.08.09 Sem aula: Gripe
19.08.09 Apresentação: dvd Info Excel 2007
26.08.09 Apresentação: dvd Info Power Point 2007
02.09.09 Hardware
08.09.09 Revisão de manipulação de pastas,
imagens, fotos, músicas e vídeos
16.09.09 Aplicação do Questionário de Sondagem Final
Visita ao Laboratório de Hardware
23.09.09 2ª Avaliação Semestral
Entrevistas
30.09.09 Formatura
64

3.6.2 Tabela 2: Metodologia da Pesquisa

PESQUISA QUALITATIVA-QUANTITATIVA

Problema:
 Como ensinar informática a alunos da terceira idade em estágios diferentes de
conhecimento?
Objetivo Geral:
 Capacitar os alunos da terceira idade a utilizarem satisfatoriamente o computador
como ferramenta indispensável em suas atividades pessoais e de lazer.

Objetivos Específicos:
 Coletar dados acerca da turma com a aplicação de dois questionários de
sondagem, um no início e outro no final do curso;
 Tabelar os dados coletados pelos questionários de sondagem;
 Confeccionar o plano de ação conforme os níveis de conhecimento dos alunos;
 Aplicar o plano de ação de acordo com os níveis de conhecimento da turma;
 Desenvolver uma apostila de informática básica direcionada a terceira idade em
uma pasta, contendo os planos de aula e respectivos documentos utilizados nas
consultas e pesquisas do professor, sendo devidamente atualizada a cada aula,
ficando disponível a cada aluno;
 Focar o ensino da informática no desempenho de aplicações do cotidiano, tais
como: navegar na internet para encontrar lugares e pessoas, imprimir 2º via de
documentos ou contas, retirar extratos bancários, verificar pontos e multas na
carteira de motorista junto ao DETRAN, consultas ao INSS e à Receita Federal,
dentre outras.
Sujeitos:
 Grupos da Terceira Idade
Instrumentos:
 Questionários de Sondagem Inicial e Final
 Entrevistas semi-estruturadas filmadas

Análise Textual – Bardin (1977); Moraes (1999)


65

3.7 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Com a análise de conteúdo pode-se decodificar as opiniões contidas e as


expressões nas entrevistas semi-estruturadas e nos questionários de sondagem e,
principalmente, tudo ou quase tudo o que se encontra subentendido a partir de um
texto ou do conjunto de textos de cada resposta.
Para Krippendorff (1980) (apud Freitas & Janissek 2000), a análise de
conteúdo é uma técnica de pesquisa para validar inferências dos dados de um
contexto que envolve procedimentos especializados, para processamento de dados
de forma científica, com propósito de prover conhecimento e novos insights a partir
dos dados coletados.
As entrevistas e os questionários foram submetidos à análise de conteúdo
que, segundo Bardin, significa

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por


procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens (1977, p. 42).

A análise de material selecionado fundamentou-se nos princípios


norteadores da técnica de análise de conteúdo que, de acordo com Bardin (1977),
possui as seguintes etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento
dos resultados e sua interpretação. Moraes (1999) sugere cinco etapas para
proceder à análise de conteúdos:
a) preparação das informações;
b) unitarização (desmontagem dos textos, fragmentando-os no sentido de
atingir unidades constituintes);
c) categorização (implica construir relações entre as unidades de base);
d) descrição (constitui-se em exposição de idéias de uma perspectiva
próxima de uma leitura imediata); e
e) interpretação (construir novos sentidos e compreensões afastando-se do
imediato, expressando uma compreensão mais aprofundada).
66

3.7.1 Primeira etapa: preparação das informações

Os questionários de sondagem inicial e final, as entrevistas, avaliações e


exercícios executados no decorrer do curso foram digitalizados e nomeados pelos
codinomes S1, S2, S3, etc., catalogados na pasta Informática Básica, subpasta
Estágios, subpasta Terceira Idade, constante no DVD que segue em anexo.

Foto 2 – Aula de hardware. Fonte: Autor, 2009.

3.7.1.1 Leitura dos questionários

A fim de obterem-se os indicadores da análise de conteúdo, foi feita uma


pré-análise; ao lerem-se os questionários devidamente preenchidos, nos quais se
seleciona e organizam-se os dados, estes foram organizados a fim de que fossem
utilizados de maneira qualitativa e quantitativa.
67

As respostas utilizadas foram aquelas que tinham uma lógica mais coerente,
eis que obteu-se respostas em que os sujeitos utilizaram expressões como: muito
necessário, bom, importante, boas, diversos, muito boas, ótimo, maravilhoso,
excelente, tudo de bom, etc.; não desmerecendo estas respostas, mas foram
excluídas, pois não se relacionavam com o propósito da pesquisa.

3.7.2 Segunda etapa: unitarização

A partir da leitura dos questionários e da desconstrução dos textos,


agruparam-se os dados em unidades; esse processo constituiu-se em leituras e
interpretações aprofundadas mediante focalização e recorte dos elementos textuais,
proporcionando a elaboração de textos descritivos e interpretativos da pesquisa
investigada.

3.7.3 Terceira etapa: categorização

A partir das unidades, chega-se às categorias e às subcategorias que visam


a determinar as dimensões da análise através do destaque de algumas palavras e
prevalência de alguns aspectos, trazendo novas compreensões da pesquisa
analisada, num encaminhamento qualitativo e construtivo, pois, através da
interpretação, pode-se ressaltar variados aspectos significativos desta pesquisa.

3.7.4 Quarta etapa: descrição

Em seguida fez-se a descrição dos conteúdos, que representam para


Moraes “momento de se expressarem os significados captados e intuídos nas
mensagens analisadas” (1999, p. 24).
68

3.7.5 Quinta etapa: interpretação

Tenta-se compreender os dados encontrados nos questionários de


sondagem através de um paralelo com a revisão da literatura, que, para Moraes, a
interpretação dos dados é “uma boa análise de conteúdo, não deve limitar-se à
descrição. É importante que procure ir além, atingir compreensão mais aprofundada
do conteúdo das mensagens mediante inferência e interpretação” (1999, p. 24).

3.8 CATEGORIAS

3.8.1 Tabela 3: Categorias

Categorias Prévias Categorias Finais


 Aprendizagem  Autonomia
 Inclusão Digital  Exclusão

Dos dados coletados, emergiram 2 (duas) categorias prévias, ou a priori, e 2


(duas) categorias finais, ou a posteriori.
Estas categorias são referentes às respostas das entrevistas semi-
estruturadas e dos questionários de sondagem do início e do final do curso;
conforme a relevância dada pelos sujeitos da pesquisa, pelo pesquisador e de
acordo com o referencial teórico e as questões norteadoras.
Pode-se perceber que as categorias 1. Aprendizagem, 2. Inclusão Digital, 3.
Autonomia e 4. Exclusão, estão diretamente relacionadas à educação, pois a
inclusão digital, sendo um grande desafio à nossa sociedade, a partir de uma
aprendizagem autônoma, gera sujeitos livres de exclusões, sejam elas de origem
social, sejam pedagógica.
69

Pode-se perceber que as categorias prévias e finais se interligam, pois a


aprendizagem digital promove a inclusão, sendo este o maior desafio para os idosos,
e, a partir daí eles poderão participar mais ativamente da sociedade de informação e
comunicação, com mais oportunidades, atualização e novos conhecimentos,
possibilitando-lhes mais autonomia, independência e menos exclusões.

3.8.2 Análise dos Dados Qualitativos Categorizados

A partir dos dados levantados na pesquisa, os quais emergiram das


respostas das entrevistas semi-estruturadas, contendo 11 (onze) questões, com 10
(dez) sujeitos entrevistados, sendo destes sorteados 5 (cinco) para a entrevista
filmada, e dos questionários de sondagem inicial com 8 (oito) questões, com 18
(dezoito) sujeitos que responderam devidamente, e ao questionário final com 13
(treze) questões, com 10 (dez) sujeitos que responderam devidamente, houve uma
diferenciação em 4 (quatro) unidades de análise (aprendizagem, inclusão digital,
autonomia e exclusão), categorias de pesquisa e análise previamente estabelecidas,
referindo-se ao grau de importância de cada uma associada à inclusão digital e aos
objetivos da pesquisa.
Os dados levantados seguem em anexo em DVD. Com esses dados, foi
possível compor um cenário dos interesses, das necessidades e das expectativas
das relações pertinentes à inclusão digital na terceira idade.

3.8.3 Aprendizagem

Fala-se em aprendizagem, mas automaticamente reporta-se à educação;


esta se vivencia neste início do século XXI e pertence a um mundo complexo,
constantemente agitado e que vivem muitas mudanças freqüentes, no qual medidas
devem ser tomadas a fim de que a aprendizagem seja significativa, fazendo
diferença na vida de quem aprende e de quem espera entender o novo modelo
pautado na utilização de diferentes tecnologias. Assmann afirma que
70

“é certamente inegável que o acesso à informação e ao conhecimento, ou


seja, a transformação de todos em aprendentes, passou a ser uma condição
para participar dos frutos do progresso tecnológico” (1998, p. 72).

Foto 3 – Contato com periféricos. Fonte: Autor, 2009. Foto 4 – Casal. Fonte: O Autor, 2009.

Evidencia-se um novo modelo de educação e, conseqüentemente, de


aprendizagem. No relatório para a UNESCO29, Educação: um tesouro a descobrir,
de Jacques Delors, são abordados, com muita propriedade, os quatro pilares da
educação para o século XXI, que deve organizar-se em torno de quatro
aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo,
para cada pessoa, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

A aprendizagem deve envolver o enriquecimento e o aprofundamento das


relações consigo mesmo, com a família e com os membros da comunidade,
com o planeta e com o cosmos (YUS, 2002, p. 256).

Este novo conceito de aprendizagem instiga ao comprometimento e a busca


de mais qualidade ao longo da vida, pois contempla o todo e suas diferenças, para
poder-se desenvolver a competência de vivermos juntos, sem fronteiras, diferenças
e desigualdades.
71

Na visão de Mosquera em 1987, ou seja, há 20 anos, como um visionário, já


nos afirmava que ”uma das melhores garantias para a conservação de uma boa
saúde na velhice é estar ocupado em coisas que despertam verdadeiro interesse”
(p.136). Para Papalia e Olds

A atividade mental continuada ajuda a manter o desempenho em nível


elevado, quer essa atividade envolva leitura, conversação, palavras
cruzadas, jogos de cartas ou xadrez, ou voltar para a escola, como cada vez
mais adultos estão fazendo (2000, p. 519).

Foto 5 – Maioria mulheres. Fonte: Autor, 2009.

O termo ‘aprendizagem’, segundo o Dicionário de Pedagogia, “designa o


período durante o qual uma pessoa aprende um novo saber para si e o processo
pelo qual o novo saber se adquire” e apresenta-se como a primeira categoria, pois
foi evidenciada na maioria das respostas dos sujeitos que participaram da pesquisa,
na qual o enfoque foi à aprendizagem digital.
Esses sujeitos estão buscando novas aprendizagens por perceberem a
demanda de mudanças tão rápidas que a sociedade impõe dia a dia, em que
competências, habilidades e novos saberes têm de ser atualizados rapidamente com
novas maneiras de aprender, e também pelo fato de que as necessidades e
interesses dos idosos mudaram, senão vejamos o que S6 respondeu:
72

“Importante. Descobri muita coisa, conversar com as pessoas, parentes e


netos”. S9 afirmou: “É muito bom aprender”. S3 embasa a necessidade de se
atualizar, “Acompanhar o mundo atual, entendendo o que está em desenvolvimento.
Converso com pessoas distantes, adquiro conhecimentos e é uma distração sem
sair de casa”, referindo-se ao computador.
S7 foi enfático: “Sempre devemos nos atualizar, isto é, se a pessoa se
aposenta, acha que não deve se movimentar, isto é esperar para morrer”.
Ainda, “aprendo para não ficar analfabeto em informática”. S14
complementa: “Devemos estar sempre nos atualizando, adquirido sempre mais
experiências”. “Precisamos aprender informática para poder pesquisar e ficar atento
ao mundo de hoje”. Moraes e Souza nos afirmam que

“o envelhecimento da população é um fenômeno global e relativamente


recente no mundo. A população anciã é a que mais cresce mundialmente.
As tendências demográficas atuais evidenciam que a população está
envelhecendo” (2003, p. 57).

Diante dessa afirmação e com a expectativa de vida que vem aumentando


gradativamente, pela melhora da qualidade de vida, os idosos sentem-se
interessados em aprender mais para estarem atualizados e não se sentirem
ultrapassados e excluídos, e nesse processo, através do qual novas tecnologias são
incorporadas. Papalia e Olds questionam:

Por que tantos idosos querem aprender a usar o computador? Alguns estão
simplesmente curiosos, ou precisam adquirir novas habilidades de trabalho
ou se atualizar. Outros querem acompanhar as tecnologias mais recentes:
comunicar-se com crianças e netos que usam computadores ou com
amigos que estão na Internet (2000, p. 519).

A aprendizagem, formal ou não, mesmo que esteja ao alcance da maioria


dos indivíduos, cada vez mais está fazendo parte deste novo perfil social, revelando
a importância de aprender informática através da inclusão digital. Assmann define:

Aprender significa, sem dúvida, entrar em mundos simbólicos pré-


configurados, ou seja, em mundos do sentido que já são falados e
sustentados por outras pessoas que nos cercam (amigos / as, pais, irmãos /
as, professor / a, etc.). Mas aprender significa também, e num sentido muito
forte esquecer linhas demarcatórios dos significados já estabelecidos e criar
outros significados novos. Desaprender “coisas por demais sabidas”, e re-
sabê-las – re-saboreá-las – de um modo inteiramente novo e diferente, faz
parte do aprender (1998, p. 68).
73

Papalia e Olds nos relatam que

Programas educacionais especificamente criados para adultos maduros


estão florescendo em muitas partes do mundo; muitos desses estudantes
são aposentados e têm mais tempo para se dedicar à aprendizagem do que
em qualquer período anterior da vida desde a juventude. Numa categoria
estão às aulas gratuitas ou de baixo custo, ministradas por profissionais ou
voluntários [...] estas aulas geralmente têm um enfoque prático e social
(2000, p. 519).

Foto 6 – Aula de internet, orkut e msn. Fonte: Autor, 2009.

Para os sujeitos que participaram da pesquisa, ter uma oportunidade para


aprender informática na fase em que se encontram, sendo que muitos não têm
condições de pagar cursos particulares, vem acrescentar muito às suas
aprendizagens. A oportunidade de educação ao longo da vida efetiva, os direitos dos
cidadãos de continuarem participando da sociedade, mesmo que já estejam fora do
mercado de trabalho, e esta oportunidade somente é contemplada quando surgem
políticas públicas em parcerias com entidades governamentais ou não.
Proporcionar oportunidades para que os sujeitos continuem aprendendo é
propiciar condições de um futuro melhor, tanto para os idosos como para as futuras
gerações. Mantendo a mente ativa, estes idosos terão mais facilidades para lidar
com as transformações que envolvem a sociedade em todos seus segmentos.
74

A oportunidade de inserir-se no mundo digital também pode ajudar os idosos


que ainda estão trabalhando, pois a nossa legislação permite que aposentados
voltem ao mercado de trabalho, desde que não seja aposentadoria por invalidez,
atualizando-os e capacitando-os nas tecnologias, proporcionando que continuem
sonhando com o futuro, em vez de ficarem presos ao passado.
Dependendo das oportunidades e dos obstáculos que os sujeitos
enfrentaram para desenvolver suas potencialidades de aprendizagem, ao longo de
suas vidas, são fatores que podem influenciar e motivar a procura ou não por novos
cursos.
Mosquera salienta que “a capacidade de olhar para o futuro, desenvolvido
adequadamente, contribui para diminuir a apatia e manter a inteligência acordada”
(1987, p. 143).
Muitos grupos de Terceira Idade manifestam suas preocupações e
interesses em adquirir mais conhecimentos, não como aprenderam em suas épocas
de ensino, nos livros e enciclopédias, mas um conhecimento diferente, porque para
eles são conhecimentos mais rápidos, simultâneos e atualizados, e, no seu ponto de
vista, é do que precisam para inserir-se e participar do mundo digital.
De acordo com Mosquera (2003),

“o conhecimento, portanto, é o fator mais significativo para o mundo do


futuro e este conhecimento terá de ser cada vez mais democratizado e
valorizado, como forma de convivência na qualidade de vida das pessoas”
(p. 52).

Adquirir conhecimentos pode significar, para os idosos, recuperar o tempo


perdido, a fim de continuarem a se comunicar e a interagir como e com as pessoas
que adquirem conhecimento desta forma no mundo digital. Mas como tudo se
renova através de construções e reconstruções, com o conhecimento não seria
diferente, e isso é possível.
Nas diferentes fases de nossa vida, passa-se por diversas transições e,
portanto, temos de nos atualizar como um processo contínuo que está sempre em
movimento, porém não necessariamente pré-estabelecido pelos moldes da
educação formal.
Na Terceira Idade, esta atualização pode acontecer informalmente, partindo
dos interesses e das motivações mais emergentes, como comenta Kachar
75

“aprender, nesse período de tempo, é caracterizado pela necessidade de abertura,


‘respiro’, sem os limites rígidos impostos pela formalização do ensino” (2001, p. 114).
Kachar enfatiza que “aprender é viver continuamente em estado de mudança
e transformação, o que está reservado não a uma determinada idade, mas a todas”
(2001, p.115), portanto aprender, como muitos pensam, não é exclusividade
somente dos jovens, mas é o grande propósito de uma autêntica educação de
adultos, pois ajuda as pessoas a entenderem; Mosquera (1985) afirma que são “as
artífices mais genuínas de seu desenvolvimento”.

3.8.4 Inclusão Digital

Pode-se conceituar inclusão digital como o acesso à informação através das


redes digitais, em que a informação, após ser reelaborada, torna-se conhecimento e,
como conseqüência, tem-se uma melhor qualidade de vida, das pessoas que dela se
apropriam e na vida dos idosos é entendida como uma participação mais efetiva na
sociedade.
Algumas questões das entrevistas referiam-se a própria inclusão digital dos
participantes. S14 afirmou: “Sempre tive vontade, é do lado de casa, aproveitei,
gosto de aprender tudo”. “Bom para a autoestima da pessoa”. Também criticou,
assim como S18: “Muito importante, só que teria que ser mais longo”.
S7 revela: “Eu tinha medo de aprender, achava que não ia acontecer, agora
sinto que tenho capacidade, estou treinando”, e opina sobre o projeto: “Excelente a
idéia da Prefeitura e da UNIUV. Bom acolhimento”.
S12, assim como outros sujeitos, reclamaram que um dos portões da
universidade foi definitivamente fechado, assim como a falta de corrimões nas
escadas de acesso à universidade.
S3 destacou, assim como outros sujeitos, que o curso era gratuito, e S4
profetizou: “o ano que vem vou continuar” e S6 comove: “realizei o meu sonho neste
curso de informática, conheço melhor o assunto e tenho novos amigos”.
76

Foto 7 – Volta às aulas. Fonte: Autor, 2009.

Como visto, promovendo a cidadania digital há o resgate da integração com


diferentes e diversos grupos. Entretanto, a inclusão digital, através do potencial que
a Internet proporciona, faz emergir o problema de acesso a todos, ou seja, ela não
exclui, porém se constitui como um fator de exclusão de grupos e pessoas, e isso é
muito mais acirrado em um país marcado por desigualdades de todo tipo, regionais e
sociais.
A inclusão e o envolvimento dos idosos na vida social podem ser efetivados
através do incentivo de várias ações e programas que os estimulem à
participação. Os cidadãos idosos podem ser motivados a participar de
programas sociais comunitários diversos, não só os específicos para a
Terceira Idade (BULLA, SANTOS e PADILHA, 2003, p. 181).

Entende-se que a inclusão digital não deve ser vista separadamente, mas
como uma das prioridades das políticas públicas dos governos, pois é um direito do
cidadão assegurado por lei, e o fato de haver outras exclusões não justifica, no
contexto atual, abandoná-la, promovendo-a a um segundo plano; portanto, a
sociedade deve preocupar-se e engajar-se em promover diferentes e diversos tipos
de inclusão, conforme definiu Suaiden:

Quando você fala sociedade da informação, você pressupõe que está toda
humanidade, não é. No Brasil, atualmente, apenas 20% da população estão
incluídos nesta sociedade da informação. Uma sociedade que prega a
democratização do acesso à informação, porém que exige um
comportamento e uma infra-estrutura. E o Brasil é um país que têm
analfabetos e desnutridos, pessoas que jamais terão condições de participar
desta sociedade, na qual a exclusão e a inclusão passam a serem
parâmetros (2003).
77

Para Batista o analfabetismo digital vai-se tornando, possivelmente, o pior de


todos. Enquanto outras alfabetizações são já mero pressuposto, a alfabetização
digital significa habilidade imprescindível para ler a realidade e dela dar
minimamente conta para ganhar a vida e, acima de tudo, ser alguma coisa na vida.
Em especial, é fundamental que o incluído controle sua inclusão (2007, p. 196).
Contudo, apesar desse contexto, em que muitos estão à margem deste
processo constatamos que a vontade dos idosos de incluir-se supera qualquer tipo
de preconceito e estereótipos.
Silveira define inclusão digital como “a universalização do acesso ao
computador conectado com a Internet, bem como o domínio da linguagem básica
para manuseá-lo com autonomia” (2003).
Quando se chega à velhice, muitos sujeitos não querem perder os laços
sociais que ao longo da vida cultivaram, entretanto nesta fase, quando há
comprometimentos físicos e de saúde, o uso das tecnologias, ainda que seja em
casa, proporciona a diversificação das redes sociais através da interação e
integração com diferentes pessoas e lugares, tornando-se um meio eficiente de
comunicação.
A compreensão também é um modo de incluir, Morin enfatiza que

“compreender significa intelectualmente apreender em conjunto,


comprehendere, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o
múltiplo e o uno)” (2001, p. 94), portanto, para que os idosos se sintam
incluídos neste formato de sociedade, eles primeiramente têm de ser
acolhidos, compreendidos para, então, poderem manifestar suas
dificuldades, necessidades, motivações e ansiedades, “a compreensão é,
ao mesmo tempo, meio e fim da comunicação humana” (p. 104).

No entendimento das pessoas que estão na Terceira Idade, o tempo é mais


escasso e as perdas são aceleradas pelo envelhecimento restando menos tempo e
chances para poderem realizar novas aprendizagens e projetos mais longos.
Kachar afirma:

Os sujeitos aprendizes, sintonizados com as atividades em sala de aula,


entusiasmados com o aprender, cheios de vontade de conhecer estavam
distantes da imagem do velho inativo ou incapaz. O desejo de aprender leva
à renovação do mundo interior, gerando mudanças contínuas na
subjetividade, no espírito e no intelecto do indivíduo (2001, p. 27).
78

Os motivos que levam os idosos a participarem de cursos, a fim de se


incluírem digitalmente, são variados, mas acreditamos que são mais intrínsecos,
pois elevam sua auto-estima e sua qualidade de vida.
A participação faz com que o sujeito se integre e possa ser entendido com o
reconhecimento do papel das pessoas na sociedade, tendo a mesma conotação
para os idosos. Quando eles falam em participar da sociedade de informação, isso
nos reporta a uma minoria que precisa estar agregada a um contexto maior - no
caso, grupos de Terceira Idade - que procuram a aprendizagem digital para
agregarem-se a uma sociedade digital.
A participação muitas vezes é motivada, porque em um grupo uns
incentivam os outros a superar suas dificuldades, ansiedades e necessidades,
muitas vezes dispensando a ajuda técnica dos monitores, apoiando com palavras e
estimulando a pensar que, mesmo sendo idosos, é possível aprender.
Para Bulla, Santos e Padilha:

A participação em atividades coletivas pode contribuir para mudar


significativamente a vida dos idosos no que diz respeito a aspectos ligados
ao fortalecimento da auto-estima, da identidade, do desenvolvimento das
potencialidades, da autonomia e da superação de problemas físicos,
emocionais e sociais (2003, p. 182).

Neste contexto, a participação tem a conotação de ser e continuar ativo no


seio familiar e social, significando para os sujeitos na terceira idade, o aumento de
sua auto-estima e sua auto-imagem, pois, muitas vezes, socialmente, são vistos à
margem do processo por serem menos capazes e improdutivos.
Para que os idosos não sejam vistos como Kachar (2001) constata que o
sistema capitalista não os valoriza, porque os vê fora do sistema de produção e com
importância social diminuída; nesse contexto, as ofertas de cursos para a Terceira
Idade deveriam ter outros olhares, pois com o contingente de pessoas idosas e que
estão envelhecendo, em nosso país, é melhor para todos os segmentos que a
população permaneça ativa física e mentalmente, porque eles precisam de apoio e
integração como em qualquer outra faixa etária e, se assim for, não fiquem atrelados
às conversas sobre o tempo passado e aos males do corpo.
Assim, tem-se que criar oportunidades e suportes para a grande maioria de
idosos excluídos digitalmente, para que não permaneçam socialmente, promovendo
o acesso a variados cursos com qualidade, atendendo a todos sem nenhum tipo de
79

discriminação, valorizando as diferenças, as histórias de vida como fator de


enriquecimento do processo de aprendizagem, transpondo barreiras, desafios e
participação com igualdade de oportunidades, superando a imagem imposta
culturalmente de que o velho é um indivíduo fraco e decrépito, incapaz de se
autodeterminar e produzir.

O idoso confronta-se com novos desafios, outras exigências, devendo


renunciar a uma certa forma de continuidade, sobretudo biológica, e
desenvolver atitudes psicológicas que o levem a superar dificuldades e
conflitos, integrando limites e dificuldades (NOVAES, 1997, p. 24).

Em todas as idades enfrentamos desafios, isso é característica do ser


humano que quer mais para si. O desafio pode ser visto como uma forma de
combater estereótipos, preconceitos e superação dos próprios limites.

Foto 8 – Aula de sistemas operacionais. Fonte: Autor, 2009.

A atitude de começar um curso de informática na Terceira Idade caracteriza-


se como um desafio, em que novos conceitos devem ser incorporados e
memorizados. E a memória nesta fase pode ser um agravante para novas
aprendizagens em que estes sujeitos devem saber lidar com ferramentas e
informação muito diferentes das quais eles estão habituados.
80

Kachar nos explica que

O desafio está presente na interação com o computador, [...] quando o


sujeito está envolvido com uma tarefa que está além das suas
possibilidades, sente-se ansioso e frustrado por não conseguir realizar o
feito; isso pode diminuir sua auto-estima [...] ao transpor os limites do
desafio, sente-se capaz com a realização das suas aptidões e descobre
novas capacidades (2001, p. 94).

Os grupos de Terceira Idade que manifestam interesse em aprender


informática geralmente necessitam mais tempo que os jovens; no entanto, quando
os idosos começam a dominar o computador, sentem satisfação em ultrapassar
mais uma etapa, através das experiências positivas no domínio do computador e no
de suas ferramentas.
Eles conseguem provar primeiro para si que têm capacidade para novas
descobertas, através de situações novas, e o desafio nesta fase é transformar a
aprendizagem, baseada em informação, em construção e reconstrução do
conhecimento. Franco nos esclarece como reagimos diante da Internet:

Com a rede encontrar-se-á um grande potencial para novas experiências


de construção do conhecimento. É essa mutação que observamos nas
telas quando estamos conectados à Internet. De alcance ainda
desconhecido, essas novas formas de comunicação estão trazendo radicais
transformações cognitivas e culturais, como ocorreu com a invenção da
escrita e da imprensa (1997, p. 97).

Para os idosos, o simples acesso à rede é um grande desafio, pois uma


grande parcela dos usuários de Internet, diante dos sites de busca, não sabe o que
fazer diante de tantas respostas e chega a sentir pânico no momento seguinte ao
clique no botão ‘pesquisar’.
E, ao selecionar informações, ainda há dificuldade em analisar e produzir
seu próprio saber e transformar a pesquisa num momento de aprendizagem e de
produção criativa.
Sendo o desafio maior compreender a lógica da Internet a qual eles
entendem como uma rede complexa e descentralizada, e navegar em sites, que
aguça a curiosidade de conhecer o desconhecido.
Apesar de as informações e os conhecimentos estarem estritamente
interligados, podemos distingui-los a partir do nível de compreensão e apreensão
desses.
81

Encontram-se muitas informações lendo jornais, assistindo a programas de


televisão, navegando na Internet, o que nos leva a perceber que dados e
informações são variáveis e mutáveis.
Porém, informações somente virão a se transformar em conhecimento, se
tiverem significado e passarem a fazer parte do referencial da pessoa. Entretanto, a
pesquisa, na Internet, deve nascer de uma curiosidade pessoal acerca de alguma
realidade, de uma referência, para que tenha valor e propicie a aprendizagem e a
produção de novos conhecimentos. Ser referencial aqui significa ser incorporado às
associações e abstrações da pessoa, bem como ser aplicado na sua vivência: na
formulação de hipóteses, na resolução de problemas, no aprimoramento de
conceitos pré-formulados.
Contudo, não basta terem acesso à Internet em cursos, se não tiverem em
casa condições de pagar uma banda larga para acessá-la, pois a discada dificulta
muito para quem está começando a aprender e não tem muita habilidade, porém se
o idoso tem condições de ter Internet em casa, nada adiantará se não souber como
e por que utilizar a lógica desta tecnologia.

Foto 9 - Aula de word. Fonte: Autor, 2009.

Ferreira nos explica que


82

A Internet, como meio de comunicação, possibilita intercâmbio de


informações múltiplas e variadas e, com o seu auxilio, podemos, não
somente conhecer o nosso meio, mas também o de diferentes povos,
interagindo com diversas maneiras de pensar, de agir e de sentir.
Disponibiliza, ainda, uma gama de sites, contendo páginas de conteúdos
bibliográficos que possibilitam a aquisição do conhecimento, numa
gigantesca biblioteca de materiais de estudos. Nesta perspectiva, também o
interesse do idoso pela busca de conhecimentos, de certa forma, exige a
informação do “porquê” e dos “ganhos” em relação a esta busca (2003, p.
63).

As dificuldades que os idosos encontram quando precisam das muitas


ferramentas para poder usar o computador e acessar a Internet fazem com que se
sintam inseguros e acreditem que a aprendizagem torna-se difícil, pois têm de
memorizar e compreender as diferentes funções das ferramentas simultaneamente.

As informações de que o idoso dispõe sobre o assunto “informática”


revelam um ambiente de dificuldade e de extrema complexidade em
relação ao seu uso. [...] outro fator relevante é que muitos acham o
aparelho (computador) tão repleto de botões e teclas, que acabam
sentindo a inibição pelo medo de danificá-lo (FERREIRA, 2003, p. 63).

Porém, a utilização das diferentes ferramentas de forma correta potencializa


a aprendizagem digital e agiliza o processo da descoberta de novos conhecimentos,
justamente pelo seu caráter flexível, e não linear. Evidenciamos a preocupação que
os idosos têm em querer aprender as diferentes ferramentas tecnológicas, para
serem autônomos em suas aprendizagens.
Claxton afirma que

Quando se está diante do desconhecido, a aprendizagem é uma entre


várias opções. E a maneira como tomamos a decisão intuitiva de escolher
entre essas opções; influencia o nosso desenvolvimento em longo prazo, a
nossa “qualidade de vida” e, finalmente, a nossa sobrevivência (2005, p.
39).

A convicção de que eles têm o potencial para aprender deve ser passada
nas primeiras aulas, como também as dúvidas devem ser sanadas, para que se
sintam confiantes em si mesmos, como salienta Claxton “a crença em nossa própria
competência para fazer diferença no curso dos acontecimentos é fundamental para
a aprendizagem ao longo da vida” (2005, p. 47).
Claxton também afirma
83

“que muitas ferramentas estão prontas para o uso, mas temos de aprender
como usá-las.Para fazer bom uso de um processador de palavras, de uma
calculadora gráfica ou da Internet, é necessário um investimento de tempo
de aprendizagem. É preciso estudar os manuais, elaborar as aulas, explorar
as competências. Todavia feito este investimento, o objeto da aprendizagem
torna-se uma ferramenta que possibilita tipos de exploração e aprendizagem
diferentes, os quais podem conduzir a um melhor desempenho” (p.161).

Claxton nos diz que se aprende de diferentes maneiras, e a aprendizagem é


variada:
O aprender a aprender, ou o desenvolvimento do potencial de
aprendizagem, é melhorado quando sabemos quando, como e o que fazer
quando não sabemos o que fazer. Ficar à vontade em novos ambientes é
aprendizagem. Resolver um problema técnico é aprendizagem. Ponderar
sobre uma situação pessoal difícil é aprendizagem (2005, p. 19).

E como comenta Kachar

“a aprendizagem neste contexto etário depende de uma percepção e


compreensão dos recursos e da estimulação da memória. A memória ativa
o lembrar, no exercício do refazer, reconstruir, repensar, repetir” (2001, p.
118).

Mesmo assim, muitos idosos resistem em procurar cursos para aprender


novos conhecimentos e vinculam isso à sua memória que começa a falhar, porém
Papalia e Olds nos informam que “o treinamento da memória pode beneficiar os
idosos” (2000, p. 521).

Foto 10 – Aula de digitação. Fonte: Autor, 2009.


84

Izquierdo nos explica:

Esquecemos talvez, em parte porque os mecanismos que formam e evocam


memórias são saturáveis. Não podemos fazê-los funcionar constantemente
de maneira simultânea para todas as memórias possíveis, as existentes e
as que adquirimos a cada minuto. Isso obriga naturalmente a perder
memórias preexistentes, por falta de uso, para dar lugar a outras novas
(2004a, p. 21).

Sabemos que a memorização dos comandos e das ferramentas podem


ajudar os idosos nas diferentes tarefas que eles têm de fazer no seu dia-a-dia, e
Mosquera confirma esta ideia quando diz que “[...] voltamos a insistir que as pessoas
que continuam com alguma classe de atividade produtiva permanecem, por mais
tempo, com sua capacidade intelectual aberta e ativa” (1987, p. 137).
Contudo, diante de todos os aspectos ‘negativos’ que o envelhecimento
acarreta, como alterações estruturais e funcionais dos órgãos e sistemas, é
fundamental que o envelhecer traga outros ganhos, possibilidades e seja bem-
sucedido, pode ser vista como mais uma etapa da vida, como todas as outras que já
passaram, umas mais tranquilas, outras mais turbulentas.
Entretanto, como muitos desafios que acontecem ao longo da vida, este
deve ser encarado. Assim, fazendo uso das palavras de Delors:

“as informações mais rigorosas e mais atualizadas podem ser postas ao


dispor de quem quer que seja, em qualquer parte do mundo, muitas vezes,
em tempo real, e atingem as regiões mais recônditas” (2004, p. 39);

Pode-se entender que os desafios para inserir esta população em processo


de envelhecimento na sociedade da informação faz-se refletir que devemos ajudar a
superar os diversos obstáculos, quer pessoais, quer sociais, sendo mediadores,
facilitadores na construção de propostas e situações desafiadoras no processo de
ensino e de aprendizagens, juntamente com políticas públicas mais abrangentes e
que contemplem esta população em todas as suas necessidades, principalmente
com ambientes informatizados capacitados para atender a estes sujeitos, ajudando-
os a prevenir e a reduzir as deficiências da velhice.
85

3.8.5 Autonomia

Somos seres em constante transformação em uma sociedade que


transforma seu formato a cada dia, influenciando-nos interna e externamente com o
aumento da expectativa de vida.
As pessoas que estão envelhecendo vivem uma situação ambígua, porque
elas querem viver e participar mais, porém, ao mesmo tempo, as limitações da idade
lhes causam muitos temores e desafios, pois a maioria não quer perder sua
identidade por dependência tanto da família como de possíveis cuidadores.
“Autonomia e conhecimento são conceitos que se reclamam reciprocamente”.
(ASSMANN, 1998, p.133).
A importância de continuar mantendo suas relações sociais e constituir
novas relações é imprescindível para os idosos, porque na Terceira Idade seus
papéis sociais são alterados, e uma estratégia de continuar se socializando é a
inserção desses indivíduos no mundo digital, porque, através de diferentes
aprendizagens, não transferindo conhecimentos mas sim instigando, desafiando e
questionando e, assim sendo, possibilitando que continuem sendo autônomos e
gestores de suas próprias vidas. Delors enfatiza que esta

[...] a alfabetização da informática é cada vez mais necessária para se


chegar a uma verdadeira compreensão do real. Ela constitui, assim, uma via
privilegiada de acesso à autonomia, levando cada um a comportar-se em
sociedade como um indivíduo livre e esclarecido (2004, p. 192).

Pode-se entender autonomia como a capacidade que o indivíduo tem de


gerir seus próprios atos e de comandar sua vida, segundo o Dicionário Aurélio, tem
origem no grego ‘autonomía’ e significa “a faculdade de se governar por si mesmo,
liberdade ou independência moral ou intelectual”.
E manter a autonomia e a independência durante o processo de
envelhecimento é uma preocupação tanto para os governantes como para os
indivíduos que estão ou vão passar por esta fase, mesmo porque o envelhecimento
é um processo que envolve muitas pessoas como familiares, amigos, colegas de
trabalho, vizinhos e entidades sociais que o indivíduo freqüenta, como igrejas,
associações, clubes, etc.
86

Foto 11 – A alegria em aprender informática. Fonte: Autor, 2009.

De acordo com Moraes e Souza

[...] a autonomia e a independência são dois indicadores de qualidade de


vida para a população idosa. Todos os indivíduos, querem ser donos de sua
própria vida, ter a capacidade de decidir e escolher caminhos, mesmo para
ações cotidianas, como a escolha da marca do produto a ser adquirido.
(2003, p. 63-64).

É essencial para a evolução de qualquer ser humano a aquisição de cultura,


capacitação pessoal e profissional, autonomia diante das situações da vida e
sabemos que as tecnologias de informação e comunicação potencializam esses
fatores em nossas vidas. E a Internet, entre as tantas tecnologias, pode ser definida
como a ferramenta que proporciona maior autonomia, pois, diante de tantas
escolhas que podemos fazer e de informações que acessamos, podemos adquirir
variados conhecimentos: acadêmicos, profissionais, assuntos referentes à saúde,
informações sobre doenças de amigos e parentes ou simplesmente fazer pesquisas
sobre produtos que queiramos adquirir.
87

Foto 12 – Trabalhos e exercícios escritos. Fonte: Autor, 2009.

Nas entrevistas os participantes foram indagados sobre a autonomia e os


sujeitos se dividiram conforme a saúde e a vida que levam, senão vejamos:
S6 respondeu: “não me considero autônoma, tenho problemas de saúde,
com duas safenas e uma mamária”. S12: “em parte, pois algumas coisas não posso
fazer”. S7: “não, toda pessoa precisa de outras para seu bom convívio.”.
Já S14 afirmou: “por enquanto ainda faço tudo”. S3: “sim, tenho boa saúde,
caminho bastante, tenho uma vida normal como uma pessoa mais jovem”. S9: “sim,
me considero independente.” E, por fim, S15: “faço muitas coisas sozinha”.
Visto o avanço de a tecnologia ser atualmente um instrumento de trabalho,
diversão e variados tipos de relacionamentos usados por grande parte da população,
devemos proporcionar acesso a todos, promovendo a autonomia diante dessas
tecnologias, por conseguinte os menos favorecidos, como os idosos, terão a chance
de participar do mundo digital através da aprendizagem virtual.
Souza corrobora com esta ideia quando afirma:

“Programas educativos poderão se dedicar à reestruturação de atividades


educativas para idosos com o suporte de novas tecnologias, convocando,
para uma interação pedagógica motivacional diferente, recursos como os da
informática, o vídeo e a telecomunicação, pois são instrumentos que podem
transformar a natureza dos processos educativos realizados com idosos
pelas suas funções inovadora e motivadora, colaborando para a diversidade
e a criatividade na educação de idosos” (2003, p. 39).
88

Os sujeitos que estão na Terceira Idade querem continuar tendo autonomia,


e para eles a aprendizagem digital é sinônimo de independência e necessidade, pois
trabalha instigando o sujeito ao uso do computador com interesses e prazeres e
sendo autônomos.
No mundo digital, o significado de ter autonomia diante das tecnologias é
poder utilizar tais recursos, tanto para beneficio próprio como para a comunidade a
que pertence; conseqüentemente aprender a lidar com as diferentes tecnologias
gera uma necessidade nesta fase.
Souza, Massaia e Marques corroboram afirmando que

O mundo da informação, hoje, também está acessível ao idoso. Portanto, o


idoso precisa não apenas “assistir” televisão, ler jornais, revistas e materiais
à disposição na Internet, precisa refletir e falar sobre o que está vendo,
lendo e ouvindo, surpreendendo seus familiares com novas aprendizagens,
novas atitudes e novos hábitos, alterando rotinas desinteressantes (2003, p.
117).

O envelhecer com autonomia depende de vários fatores determinantes que


envolvem os indivíduos e a sociedade como um todo, portanto entendemos que
principalmente a sociedade, juntamente com políticas públicas, através de seus
governantes engajados e comprometidos, deva incentivar programas para a Terceira
Idade, como uma necessidade que os idosos têm em se manterem ativos e
autônomos por mais tempo possível, com cuidados de si, preparando-se e
planejando uma boa velhice através de ambientes acolhedores, motivadores e de
apoios para que as aprendizagens ao longo de suas vidas se tornem mais fáceis,
pois é uma questão de economia para o próprio país, com menos pessoas
dependentes do sistema público de saúde.

3.8.6 Exclusão

Exclusão é um fenômeno cultural em que estão implícitos alguns valores


discriminatórios. Geremek “as exclusões não são uma invenção do final do século
XX. Acompanham toda a história da humanidade” (2004, p. 230).
89

Estamos ingressando na era das redes, da telemática, da internet e da


sociedade da informação, entendida, cada vez mais, como sociedade
aprendente e sociedade do conhecimento. Esta contextualização precisa
atingir o aspecto social: a sociedade da informação contém novas ameaças
de exclusão. Documentos da União européia já criaram o neologismo
expressivo: info-exclusão (ASSMANN, 1998, p. 72).

Grossi e Santos nos afirmam que

[...] uma pessoa idosa sofre discriminação não somente pelo que ela é,
como um indivíduo, mas pelo que ela se torna enquanto pertencente a um
grupo que foi estereotipado de forma negativa. Em resumo, todas essas
características atribuídas às pessoas consideradas “velhas” (e.g.
passividade, cumplicidade, fraqueza, submissão, impotência) influenciam
como os outros vão perceber e interagir com ela, tanto no nível individual
quanto institucional (2003, p. 29).

Foto 13 – Orientação do professor nas atividades. Fonte: Autor, 2009.

Na sociedade de informação, a exclusão social antecede a exclusão digital,


e conforme o Livro Verde “inclusão social pressupõe formação para a cidadania, o
que significa que as tecnologias de informação e de comunicação devam ser
utilizadas também para a democratização dos processos sociais” (2003, p.45), e, no
caso dos idosos, não está limitada somente ao poder aquisitivo, mas em muitos
casos ao comportamento preconceituoso da sociedade e da família com a qual
convivem, deixando-os de lado, não dando valor às suas histórias e trajetórias de
vida, vendo-os como sujeitos acabados, que não têm condições de aprender mais,
excluindo-os, dessa maneira, do meio social. E como explica Ferreira
90

O pensamento de que o homem se torna um produto acaba se prolongando


por sinônimos, criando verdadeiras teias de incompatibilidades. Vejamos: o
idoso passou a ser visto como sinônimo de aposentado, o aposentado como
sinônimo de improdutível, improdutível como sinônimo de não-comercial,
não-comercial como sinônimo de descartável (2003, p. 61).

E a outra forma de exclusão que percebemos é a do próprio idoso de não


querer continuar aprendendo ao longo de sua vida e não querer participar dessa
sociedade de informação resistindo o uso das TICs em suas vidas diárias.
Geremek afirma que

Se a educação tem um papel determinante na luta contra a exclusão dos


que, por razões sócio-econômicas ou culturais, se encontram
marginalizados nas sociedades contemporâneas, parece ter um papel ainda
maior na inserção das minorias na sociedade (2004, p. 232).

Nas entrevistas indagou-se: Se sente excluído digitalmente? E nas demais


áreas? Corroborando com as respostas acerca da autonomia, a turma novamente se
dividiu e tem várias opiniões:
Há os que se sentem mais ou menos excluídos, assim como S9: “não me
sinto totalmente excluído”, S14: “pessoalmente não, porque freqüento poucos
lugares, e agora que sei o básico da informática também ajuda”, há os que se
sentem totalmente excluídos, como S18: “me sinto excluído por causa da idade”, e
S12 “os mais jovens em perfeita saúde me excluem”.
Há os que opinaram pela falta de exclusão nas outras áreas, mas em
informática, destacou-se S6 “não, tenho todas as regalias, me tratam muito bem,
tenho muitas amizades, mas digitalmente todos somos excluídos”.
Também S3 enfatizou o esforço de que cada indivíduo: ”não, eu é que devo
me esforçar para acompanhar o mundo atual, perguntando e tentando até conseguir
o objetivo”. E, por fim, S7 lembrou o Estatuto do Idoso: “não me sinto excluído
digitalmente, porém 99% não conhece o Estatuto do Idoso, onde deveríamos ser
mais respeitados, no entanto, somos chamados simplesmente de véio”.
Assim, entende-se que a forma mais eficaz para que os idosos não sejam
excluídos é inseri-los em cursos em que a aprendizagem seja o foco, criando
oportunidades em diferentes áreas do saber conforme seus interesses, Geremek
(2004) “a educação ao longo da vida opõe-se a mais dolorosa das exclusões, a
exclusão devido à ignorância, de não participar ou de não querer participar da
sociedade da informação através das TICs”. E como enfatiza Franco:
91

Também é imprescindível habilitar as pessoas com a capacidade de


estabelecer comunicação com os computadores. Sem este acesso, a
cidadania está ameaçada, pois aqueles que não tiverem o domínio das
novas tecnologias terão dificuldades para viver na sociedade da informação
(1997, p. 72).

Foto 14 – Primeiros contatos com o computador. Fonte: Autor, 2009.

Ao nos reportamos à exclusão digital, podemos defini-la com o termo “info-


excluídos” (ou os que não têm acesso à Web) e às tecnologias de informação e
comunicação, na qual a Internet é a principal delas, e, se não têm acesso às
tecnologias, conseqüentemente está excluído da sociedade:

O maior acesso à informação poderá conduzir a sociedades e relações


sociais mais democráticas, mas também poderá gerar uma nova lógica de
exclusão, acentuando as desigualdades e exclusões já existentes, tanto
entre sociedades, como, no interior de cada uma, entre setores e regiões de
maior e menor renda. No novo paradigma, a universalização dos serviços
de informação e comunicação é condição necessária, ainda que não
suficiente, para a inserção dos indivíduos como cidadãos.
É a educação o elemento-chave para a construção de uma sociedade da
informação e condição essencial para que pessoas e organizações estejam
aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, a garantir seu espaço de
liberdade e autonomia. A dinâmica da sociedade da informação requer
educação continuada ao longo da vida, que permita ao indivíduo não
apenas acompanhar as mudanças tecnológicas, mas, sobretudo inovar
(TAKAHASHI, 2003, p. 07).

Já se comentou que a exclusão, muitas vezes, começa dentro da própria


família; porém, entre tantas mudanças que vivenciamos, a família continua sendo
92

um espaço de apoio importante para os diferentes segmentos vulneráveis e no caso


os idosos, pois estes geralmente não vivem isolados e seu bem-estar está ligado à
relação com sua família e com a sociedade como um todo.

Foto 15 – Professor. Fonte: Autor, 2009.

Há a preocupação de poder entender as tecnologias para não se sentir


excluído e para Motta:

O reencontro e a solidariedade geracionais são grandes e bons momentos


iniciais na trajetória do idoso em busca da redefinição de um lugar social,
mas deverão ser também base e fortalecimento para a busca – que deveria
ser da sociedade inteira – da convivência, privada e publica, com as outras
gerações (2004, p.118).

Com o aumento da qualidade de vida, grande parte das pessoas que chega
à Terceira Idade está em condições de cuidar de si e até mesmo de pessoas com as
quais convivem, como pais, cônjuges e netos. Os grupos que necessitam de
assistência diária é menor.

[...] a Educação no Terceiro Milênio deve ter a força para possibilitar o


desenvolvimento do talento e do gênio humano, ao mesmo tempo em que
acredita nos sentimentos e nos corações de homens e mulheres que
desejam o melhor para a humanidade, no futuro.
(MOSQUERA, 2003, p. 57)
93

Essas pessoas idosas são tanto provedoras de atenção quanto receptoras,


porém observamos que muitos sentem faltam de um contato maior com a família,
amigos, de continuarem aprendendo e participando de um círculo social que possam
interagir mais efetivamente.

Foto 16 – Aula de windows xp. Fonte: Autor, 2009.

Portanto, numa sociedade na qual a pluralidade pode ser um caminho para a


resolução das exclusões, preconceitos, estereótipos e das dificuldades de
reconhecimento das diferenças, sejam individuais ou coletivas, sejam visíveis ou
invisíveis, abrindo espaço para uma transformação social, caminhando a passos
largos para uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva.

O desafio de enfrentar o computador e dominá-lo é uma prova da própria


capacidade de lidar com situações novas, coragem de aventurar-se no
desconhecido e descobrir que pode apostar em si mesma para abrir novas
portas e desconstruir os muros internos (KACHAR, 2001, p. 155).

Entendeu-se assim que a inclusão digital pode afetar a todos os que dela se
aproximam, acarretando uma radical mudança de mentalidade e de paradigmas.
94

3.9 RELATOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O resultado objetivo de todo o processo culminou com o começo tímido da


execução da ação educativa para a terceira idade, com a participação e o
envolvimento de 18 (dezoito) sujeitos pertencentes ou não aos Grupos da Terceira
Idade de União da Vitória - PR, sem os quais seria impossível tornar exeqüível a
pesquisa. Apesar da maioria dos envolvidos terem consciência das dificuldades
propostas, enfrentaram com efetivação.
Assim, no início de 2009 ocorreu a implantação do projeto de estágio, que
articulou o ensino de informática para a terceira idade, cognominado Inclusão Digital
para Turma da Terceira Idade: Ação Social da Prefeitura de União da Vitória e
Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV.
No Centro Universitário foi o primeiro curso voltado basicamente para a
inclusão digital da terceira idade, com o objetivo de propiciar a utilização das novas
tecnologias a esta parcela excluída digitalmente.
Não foram abertas matrículas, bastava o candidato apresentar-se na aula
inaugural do dia 18.03.09. Foram abertas assim, vagas para pessoas da
comunidade de Porto União da Vitória, de ambos os sexos, com idade variando
entre 40 (quarenta) e 80 (oitenta) anos.

Foto 17 – Mesa do coquetel de formatura. Fonte: Autor, 2009.


95

Para a surpresa geral, a formatura no dia 30.09.09 ocorreu justamente no


“Dia do Idoso”, data desconhecida, no entanto, por uma coincidência espetacular, foi
programada desde o projeto de estágio. Os idosos receberam ingressos grátis de
cinema e demais comemorações durante todo o dia em sua homenagem.
A formatura foi bem divulgada, destaque nos primeiros dias de outubro, com
4 (quatro) veiculações na emissora local TV Millenium, com entrevistas dos alunos e
da coordenação do curso, assim como nas rádios FM e AM locais, com entrevista do
professor regente ao vivo na Rádio AM Colméia.
No evento, discursaram a reitoria, a coordenação, professor e monitor e as
autoridades presentes, exibiu-se extras do filme tema do grupo “As Garotas do
Calendário” e um vídeo da turma, culminando com a entrega dos certificados e
finalizando-se com um coquetel ao estilo americano.

Foto 18 – Formatura. Fonte: Autor, 2009.

Importante destacar que, o curso se constituiu como um desafio


contemporâneo, porque as iniciativas para a formação de educadores nessa
modalidade de ensino (educação de adulto-idosos) no âmbito das universidades,
ainda são bastante reduzidas.
96

Contudo, para demarcar sua diferença com os tradicionais projetos na


educação de adultos, houve a mobilização para preservar na execução/avaliação da
ação educativa, os princípios políticos-pedagógicos advindos da docência
contemporânea e do legado freuriano, que compreende uma concepção libertadora
de educação, que se deve fazer presente na formação dos educadores, traduzida na
clareza política do papel do professor junto aos alfabetizandos, agora digitais.
No entanto, a prioridade por princípios de uma pedagogia emancipadora
exige a contínua reflexão sobre os pressupostos teóricos, assim como a vivência do
exercício da dialogicidade na implementação crítica e criativa da práxis. Mas,
desenvolver uma experiência de educação de idosos, que vislumbra o compromisso
social e pedagógico como um diferencial de formação humana e profissional, não se
constituiu tarefa fácil de ser efetivada, visto que, é necessário transcender a lógica
de uma educação bancária, numa perspectiva de fazer valer a ênfase teórica e
prática na formação de novos professores.
No entanto, o papel que o professor e o monitor desempenharam dependeu
de seus envolvimentos com uma visão não autoritária de educação. Nesse sentido,
inúmeros foram os problemas, decorrentes da tentativa de vivenciar os princípios
dialógicos, eis que, como se ambiciona atender a exigências e expectativas de
maneira rápida, os discursos logo preconizam avanços significativos, mas que nem
sempre guardam vínculos efetivos em relação à prática pedagógica.
Logo, professores querem sucumbir a interesses imediatistas, na proposição
de apressar o processo de inclusão digital dos idosos com práticas de memorização,
de letras, números, símbolos, sons, e reduzir o idoso a objeto.
Dessa feita, foi importante enfatizar a necessidade da coerência entre a
perspectiva da formação e a processo de inclusão digital dos idosos, o que
compreende o rompimento com a uma opção pela mera transmissão de conteúdos,
de maneira bem habitual e faz emergir situações conflituosas, desafiadoras e
impactantes. Outra requisição, que também encontra barreiras de ser efetivada e
provoca impacto significativo no currículo diz respeito à compreensão da
escolarização do ser humano como agente social histórico, pois, abrange uma
concepção de educação a serviço de uma superação, não apenas de desigualdades
sociais, mas numa luta constante contra a prática social e educacional de princípios
incompatíveis com um processo social e pedagógico participativo e compartilhado.
97

No entanto, como historicamente, as instituições e os profissionais de ensino


teorizam, mais do que exercitam as práticas de superação com relação ao processo
de democratização nas ações ligadas ao ensino, a extensão, a gestão, fazer opções
por posturas de maior grau de partilha nas atividades acadêmicas é um desafio.
Certamente, é um princípio, a ser adotado como básico rumo à necessidade
de melhorar a qualidade pedagógica e compreende levar adiante o enfrentamento
de desafios, não apenas meramente teóricos, mais, também práticos, de implantar e
implementar buscas por novas perspectivas e posturas da comunidade acadêmica,
nas ações pedagógicas e administrativas.
As ações vivenciadas, que certamente, guardam íntimas relações com as
teorias estudadas e praticadas, cotidianamente, produzem olhares diferenciados,
não apenas sobre a alfabetização dos adultos, mas na própria perspectiva do
processo formativo dos graduandos, pois são acatadas por alguns, ignoradas por
outros.
Decorre daí o reconhecimento da necessidade de reflexões, mais contínuas,
acerca dos desafios a viabilização da interlocução permanente entre os campos
teóricos e práticos e entre os sujeitos, como parte de um processo educativo
complexo, mais também, criativo capaz de convergir na sua organização curricular
com o compromisso de promover um novo perfil de formação.

Foto 19 – Kit-multimidia. Fonte: Autor, 2009.


98

Assim, a formação do profissional contemporâneo da educação deve


constituir-se como um dos desafios institucionais das agências formadoras e suscita
a necessidade da tentar superar as posturas tradicionais. Nesse sentido, o exercício
da dialogicidade, constituindo-se como fonte de teoria da ação, que demanda a
crítica e a autocrítica, assim como a reflexão permanente sobre uma prática, que
busca ser fundada no diálogo, traduzida na garantia da voz do idoso, do professor,
do monitor e das pessoas ligadas à pesquisa, que ajudaram a administrar os
problemas cotidianos.
Além de que, repensar a luz de instrumentos teóricos a reformulação da
prática, contribui para ajustar os inúmeros interesses, combinar as ações, reformular
objetivos um contínuo vir-a-ser. Mas, abdicar das posturas tradicionais de
reprodução, de atitudes sobre manter ou transformar procedimentos,
encaminhamentos e assumir a proposta de forma, construtiva e consciente, não se
constitui demanda simples, pois envolvem ouvir opiniões, sugestões, desabafos de
toda ordem.
Os licenciandos envolvidos tiveram a possibilidade de trabalhar a relação
teoria-prática no projeto, de forma a compreender a complexidade e as múltiplas
possibilidades do trabalho pedagógico frente a uma população excluída do saber
produzido historicamente pela humanidade, bem como de vivenciar com adulto-
idosos as angustias resultantes de experiências escolares, que resultaram em
fracasso e abandono da escola.
Na prática da docência com os idosos é assegurada ao graduando a
progressiva ampliação de conhecimentos inerentes ao campo específico da
educação de jovens e adultos, adequada a esse multifacetado universo, que requer
comprometimento com um fazer pedagógico de qualidade e com a democratização
do conhecimento crítico rumo à construção de uma nova realidade social.
Cabe aqui ressaltar que, enquanto desdobramentos teórico-práticos do
exercício dialética de educação, nos cursos de alfabetização e atualização junto com
os alunos da terceira idade, os graduandos alfabetizadores exercitaram o confronto
do saber constituído, com as experiências culturais dos idosos.
Essa caminhada em direção a problematização da realidade sociocultural
dos idosas levou-os a se reconhecerem como cidadãs de direitos, de maneira mais
ampla e significativa e gerou novas reflexões na construção de uma prática
99

pedagógica situada numa lógica dialética, a partir do movimento de ação/


reflexão/ação junto a pessoas que tiveram negado o direito à educação.
Além disso, ainda dentro da execução da pesquisa, na continuidade
desafiadora, do trabalho direto com os idosos foram incorporados pelos graduandos
consideráveis avanços oriundos de outras experiências pedagógicas com educação
de adultos, principalmente os conhecimentos teóricos gestados originalmente no
contexto de experiências com educação popular, que demonstram respeito pelos
conhecimentos advindos dos setores populares visando sua problematização e
incorporação de um raciocínio mais rigoroso e cientifico, mas também inspirados nos
princípios freireanos voltados para a alfabetização e a conscientização dos
educandos baseada relação consciência–mundo. (Freire, 1981, p. 27).
Portanto, na metodologia da inclusão digital e da atualização cultural foram
incorporados, à cultura dos idosos e a sua realidade vivencial, como ponto inicial e,
também, como conteúdos da prática educativa na busca de ampliar gradativamente
as situações educativas que possibilitassem a instrumentalização da sua forma de
pensar e ler o mundo ao seu redor na perspectiva de ampliar suas experiências
anteriores, sua visão de mundo.
Deriva da diversidade de atividades oferecida aos alunos idosos, a certeza
da necessidade do ensino de graduação implementar a utilização dos mais variados
meios de expressão, comunicação e arte, como formas de intervenção educativa, o
que também deve instigar pesquisas procurando tornar conseqüentes às práticas
acadêmicas do cotidiano.
No entanto, esse cenário tem favorecido, ainda de maneira embrionária,
polarizar informações, orientar discussões, preencher lacunas no estabelecimento
de interessantes abordagens pedagógicas baseadas nas diversificadas formas da
comunicação humana (cênica, corporal, visual, verbal, sonora, audiovisual),
possibilitando a criação de formas originais de trabalhar o conteúdo das aulas,
mesmo em laboratório de informática.
Todas essas questões vivenciadas se tornam um desafio para educadores e
educandos, ocasionando a necessidade contínua de refletir sobre as contradições,
as tensões, as interrogações permitindo assumir uma postura investigativa, uma
relação dialógica entre o planejado e o realizado, frente a uma riqueza de
informações, pouco sistematizadas.
100

As reflexões estão sempre pautadas na problematização da realidade, de


forma critica e criativa, frente à realidade local e o contexto global na busca de
alternativas para a prática educativa cotidiana com os idosos e a para a formação do
docente contemporâneo.
No exercício cotidiano um mérito significativo da pesquisa, esta situada na
perspectiva dos universitários poderem adentrar, conhecer, vivenciar, refletir os
conflitos e as tensões que perpassam o contexto social e educacional dos saberes e
fazeres da educação de idosos, partindo prioritariamente do legado teórico-
metodológico de Paulo Freire, mas sem perder de vista as questões que são
colocadas pelo contexto sócio-político-cultural nesse início do século XXI.
Esses momentos articulados lhes têm permitido reduzir a defasagem teórica-
prática entre o mundo do professor e o mundo vivido dos idosos, o que favorece o
entendimento da opção metodológica de educar pela educação dialético-dialógica e
traçar quadros comparativos com outras práticas educativas.
Esse sinal de articulação teoria/prática encaminhou para certa sincronização
de reflexão e ação sobre o trabalho realizado, pois, se constituiu como um desafio
de manter acessa a postura investigativa, de questionar as contradições existentes,
principalmente, com relação às limitações, os avanços na educação de idosos e
várias outras questões do próprio processo educacional, tão desigual, mas repleta
de possibilidades de transformação.

Foto 20 - Monitor. Fonte: Autor, 2009. Foto 21 - Turma engajada. Fonte: Autor, 2009.
101

Mesmo encontrando vários obstáculos, como insuficiência de recursos


materiais, equipamentos e outros entraves ligados à escassez do fluxo de recursos
financeiros contínuos para projetos efetivos de ensino e extensão, a concessão de
um laboratório destinado ao projeto foi comemorada pelos integrantes, contribuindo
para consolidar o suporte infra-estrutural e técnico pedagógico do trabalho, criando
formas e condições, para que os membros da equipe contribuíssem dentro de suas
especificidades com a realização dos trabalhos, também propiciou uma aproximação
maior entre professores e alunos.
Neste contexto, a experiência possibilitou condições de refletir a ampliar as
dimensões da formação dos educadores a partir do caráter multidimensional da
educação preconizada por Candau (2001, p. 46), que supõe um enfoque no domínio
de conhecimentos pedagógicos, científicos, políticos e afetivos que devem estar
intimamente articuladas entre si, favorecendo reflexões coletivas, sobre o sentido da
prática educativa, na perspectiva clara do papel social do conhecimento, sendo
suscitado nessas reflexões, de maneira peculiar, o entendimento da alfabetização e
atualização cultural de idosos, frente ao tipo de homem e de sociedade que se quer
construir, dada a emergência reclamada pelas novas tarefas da educação.
Sem dúvida, levando adiante a execução da pesquisa, a universidade
cumpre a sua função social/política/pedagógica de edificação dos bens culturais de
interesse público efetivada no seu compromisso melhoria da qualidade de vida da
população via ensino e extensão, que incide sobre a inclusão de sujeitos sociais de
terceira idade, que possuem uma face humana, desprezada pelos projetos e
programas alienígenas de caráter assistencialistas ou alienantes, que não estão
situados nas peculiaridades e singularidades da vida geopolítica da região, que
quase sempre é excluída de programas e políticas públicas.
Neste cenário de desigualdades culturais, no Brasil, enquanto país que
destina pouco das verbas públicas para a educação, o fato de a universidade
colocar-se enquanto instituição a serviço da requalificação da velhice foi sem dúvida
algo singular favorecendo as pessoas da terceira idade, um sentido bem diferente,
daquele oferecido nas sociedades tradicionais, de marginalidade e repouso na lógica
da compreensão do idoso.
102

Foto 22 – Avaliação e entrevista. Fonte: Autor, 2009.

3.10 ANÁLISE DE DADOS COLETADOS

Todos os 18 (dezoito) participantes responderam ao Questionário de


Sondagem Inicial. No entanto, há que se ressaltar, que houve uma série de
empecilhos no decorrer do curso, e para citar apenas alguns:
 O surto da gripe suína, vírus H1N1;
 Curso de Dança de Quadrilha de Festas Juninas no mesmo horário;
 Problemas de saúde próprios da idade;
 Problemas financeiros: crise econômica mundial;
 Morte de entes queridos;
 Problemas pessoais dos alunos, entre outros.
Mesmo enviados via correio os questionários a todos os participantes, boa
parte destes não deram retorno nem participaram da Formatura, a que todos foram
convidados com duas semanas de antecedência. Os certificados não recebidos na
Formatura foram entregues via correio.
Assim sendo, responderam ao Questionário Final pouco mais da metade da
turma, ou seja, 10 (dez) participantes.
Analisam-se aqui os dados coletados dos Questionários de Sondagem Inicial
e Final:
103

GRÁFICO 1 – PROFISSÃO

1
1
APOSENTADO
7
COMERCIANTE
5 SERVENTE
DO LAR
COSTUREIRA
1 FUNCIONÁRIA PÚBLICA
3

Computou-se uma funcionária pública, que é a coordenadora do grupo de


terceira idade. Ainda, uma costureira, uma servente e uma comerciante.
Como as mulheres são maioria, cinco participantes laboram em seus lares, e
por fim, devido à idade avançada sete sujeitos já estão aposentados.

GRÁFICO 2 – GRAU DE INSTRUÇÃO

1
1 3
1º GRAU INCOMPLETO
3 1º GRAU COMPLETO
2º GRAU INCOMPLETO
2º GRAU COMPLETO
1 TÉCNICO
SUPERIOR
9

Apenas um sujeito concluiu o ensino superior, assim como curso técnico.


Com 2º grau completo três sujeitos, enquanto incompleto apenas um. Já no 1º grau,
nove completos e três incompletos. Assim, observou-se que, descendo a escala de
grau de instrução encontra-se maior o número de participantes.
104

GRÁFICO 3 – IDADE

2
1
DE 40 A 50 ANOS
8
DE 50 A 60 ANOS
DE 60 A 70 ANOS
DE 70 A 80 ANOS

Apenas dois sujeitos tem idade inferior a 50 anos e um inferior a 60 anos.


Sexagenários totalizam 7 (sete) sujeitos, septuagenários, 8 (oito) sujeitos. Conclui-se
assim, que a turma, na grande maioria, é de idade bastante avançada.

GRÁFICO 4 – CIDADE

PORTO UNIÃO
UNIAO DA VITÓRIA

17

Uma vez que as cidades são gêmeas, como era de se esperar, apenas um
sujeito reside em Porto União – SC, e os demais, em União da Vitória – PR.
105

GRÁFICO 5 – BAIRRO

2 1 SÂO GABRIEL
1
SÃO BASÍLIO MAGNO

CENTRO PORTO UNIÃO

8 CENTRO UNIÃO DA VITÓRIA


5
SÃO BERNARDO

1 CRISTO REI

Computou-se apenas um sujeito residente no São Gabriel, um no São


Bernardo um no Centro de Porto União – SC. O bairro Cristo Rei contou com 2 (dois)
sujeitos, o Centro de União da Vitória com 5 (cinco) sujeitos e o São Basílio Magno
com 8 (oito) sujeitos. Isto posto, constatou-se que a grande maioria dos participantes
residem em União da Vitória, no Centro e no São Basílio Magno.

GRÁFICO 6 – POSSUI COMPUTADOR EM CASA (INICIAL)

9 POSSUI COMPUTADOR
9
NÃO POSSUI COMPUTADOR
106

GRÁFICO 7 – POSSUI COMPUTADOR EM CASA (FINAL)

POSSUI COMPUTADOR
NÃO POSSUI COMPUTADOR

Neste cenário, no início do curso metade dos alunos não possuía


computador, já no término do curso, uma minoria não possuía computador,
denotando-se assim que vários alunos acabaram por adquirir o computador no
decorrer do curso.

GRÁFICO 8 – JÁ TRABALHOU COM O COMPUTADOR

JÁ TRABALHOU COM
COMPUTADOR
NÃO TRABALHOU COM
COMPUTADOR

15

Acerca dos que já trabalharam com o computador, apenas 3 (três) sujeitos


se apresentaram. Os demais, 15 (quinze) sujeitos, como já visto, jamais tiveram
contato algum, seja profissional ou não, com o hardware e o software.
107

GRÁFICO 9 – FREQUENCIA DE ACESSO À INTERNET (INICIAL)

1
1

NUNCA
ÀS VEZES
RARAMENTE

16

GRÁFICO 10 – FREQUENCIA DE ACESSO À INTERNET (FINAL)

1
3

NUNCA
ÀS VEZES
RARAMENTE

Como esperado, inicialmente apenas 2 (dois) sujeitos responderam que


acessavam a internet, um raramente acessava e outro apenas às vezes. A grande
maioria nunca acessou a internet.
Por sua vez, no término do curso, a grande maioria respondeu que acessa
às vezes a internet, restando à minoria que raramente ou nunca acessou.
108

GRÁFICO 11 – MANIPULAÇÃO DE FOTOS (INICIAL)

SIM
NÃO

17

GRÁFICO 12 – MANIPULAÇÃO DE FOTOS (FINAL)

5 5 SIM
NÃO

Apenas um sujeito respondeu que sabia manipular fotos (copiar, colar,


renomear, excluir, editar e imprimir) no início do curso. Os demais, a grande maioria,
jamais havia manipulado fotos.
Por derradeiro, no final do curso, metade já manipulava fotos, sem dúvida,
um grande avanço.
109

GRÁFICO 13 – MANIPULAÇÃO DE MÚSICAS (INICIAL)

SIM
NÃO

18

GRÁFICO 14 – MANIPULAÇÃO DE MÚSICAS (FINAL)

SIM
NÃO

No começo do curso, sobre a manipulação de músicas, nenhum sujeito


afirmativamente respondeu. No final do curso, observa-se um avanço, três sujeitos
responderam afirmativamente.
Isso não quer dizer que a terceira idade não goste de música, pelo contrário,
apenas desconhece como manipulá-las através do computador.
110

GRÁFICO 15 – MANIPULAÇÃO DE VÍDEOS (INICIAL)

SIM
NÃO

17

GRÁFICO 16 – MANIPULAÇÃO DE VÍDEOS (FINAL)

5 5 SIM
NÃO

No mesmo sentido, na manipulação de vídeos, apenas um sujeito,


provavelmente o único conhecedor da manipulação de fotos no início do curso,
respondeu positivamente.
No entanto, no término do curso, metade dos alunos manipula vídeos,
ressalvando-se aqui um forte avanço na inclusão digital.
111

GRÁFICO 17 – TEM ORKUT (INICIAL)

SIM
NÃO

17

GRÁFICO 18 – TEM ORKUT (FINAL)

SIM
NÃO
6

O Orkut, desde o início do curso, foi alvo de estudos e comentários. Apenas


o sujeito que se apresentou ter contato com o computador possuía o cadastro.
No término do curso, apresentaram-se 6 (seis) novos possuidores de
cadastro no Orkut.
112

GRÁFICO 19 – TEM MSN (INICIAL)

SIM
NÃO

17

GRÁFICO 20 – TEM MSN (FINAL)

SIM
NÃO
6

Após os dados coletados acerca do Orkut, como era de se esperar, apenas


um sujeito possuía inicialmente o cadastro do MSN, mas no término do curso, mais
da metade da turma já enviava e recebia mensagens eletrônicas.
113

GRÁFICO 21 – JÁ FEZ CURSO DE INFORMÁTICA

SIM
NÃO

17

Analisando os últimos dados coletados, sem surpresas, apenas um sujeito


respondeu afirmativamente que já fez curso de informática.

GRÁFICO 22 – DECLARE O NÍVEL DE CONHECIMENTO EM INFORMÁTICA


(INICIAL)

BÁSICO
SEM CONTATO

16
114

GRÁFICO 23 – DECLARE O NÍVEL DE CONHECIMENTO EM INFORMÁTICA


(FINAL)

BÁSICO
SEM CONTATO

10

Na solicitação de declaração sincera do nível de conhecimento em


informática apenas 2 (dois) sujeitos inicialmente declararam “básico”, os demais, na
grande maioria, sem contato algum com o computador. No final do curso todos
declararam o nível de conhecimento básico, e “sem contato” nada registrou,
constando-se, assim, que o objetivo primordial da inclusão digital foi atingido.

GRÁFICO 24 – QUAL CONTEÚDO MAIS LHE INTERESSOU

2
WINDOWS XP
MICROSOFT OFFICE
HARDWARE
7

Esta questão foi sugerida somente no Questionário de Sondagem Final. O


conteúdo que mais agradou foi o Windows XP, seguido do Microsoft Office e do
Hardware com apenas um voto.
115

GRÁFICO 25 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: EU COMO ALUNO

1
2
NOTA 2
2 NOTA 5

NOTA 6

NOTA 7

A 13ª questão do Questionário de Sondagem Final solicitou a cada


participante que desse uma nota de 1 a 10 para si mesmo, perguntando “Eu como
aluno”, sendo na verdade uma auto avaliação.
Um sujeito não deu nota alguma, comprometendo a pesquisa, e os demais
foram tímidos nas respostas, demonstrando que poderiam ter se dedicado mais.

GRÁFICO 26 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: LABORATÓRIO

1
2
NOTA 7
2 NOTA 8

NOTA 9

NOTA 10

Acerca das notas sugestionadas ao Laboratório computou-se: uma para


7(sete), duas para 8 (oito), quatro para nove e duas para 10 (dez), demonstrando-se
assim que os participantes aprovaram o Laboratório da UNIUV.
116

GRÁFICO 27 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: CURSO

NOTA 8
2
NOTA 9

6 NOTA 10

Referente às notas destinadas ao curso como um todo, 6 (seis) participantes


votaram 8 (oito), 2 (dois) votaram 9 (nove) e um votou nota 10 (dez), sugerindo-se
assim que o curso atingiu os objetivos, mas que ainda precisa evoluir.

GRÁFICO 28 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: PROFESSOR

NOTA 8

3 NOTA 9

2 NOTA 10
117

GRÁFICO 29 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: MONITOR

NOTA 8
4 4
NOTA 9

NOTA 10

Os alunos demonstraram aprovação ao trabalho do professor regente e do


monitor, recebendo estes notas acima de 8 (oito). Denota-se que, mesmo aprovados
pela turma, precisam estar em contínuo aprimoramento.

3.8.1 Avaliação

Não se pretende aqui discutir a avaliação sob o ponto de vista pedagógico,


mas sim buscar breves conceitos e fundamentos para que se possa aplicá-la em um
ambiente de laboratório de informática.
A avaliação é uma questão muito crítica na área pedagógica, onde existem
várias correntes com perspectivas diferentes. Divide-se a avaliação sob dois
enfoques: avaliação tradicional e avaliação integral.
Ademais, para uma melhor compreensão do processo de desenvolvimento e
aprendizagem do aluno, pode-se ainda classificar a avaliação sob os domínios da
área afetiva, psicomotora e cognitiva.
No decorrer das aulas, professor e monitor, sob a ótica da avaliação integral,
consideraram alguns objetos na observação de cada aluno:
118

 Desenvolvimento intelectual;
 Persistência no desenvolvimento das tarefas;
 Facilidade de assimilação da matéria;
 Atitude positiva em relação ao estudo;
 Pensamento criativo e independente;
 Tem espírito de solidariedade e cooperação;
 Observa as normas coletivas da disciplina;
 Tem interesse e disposição para o estudo;
 Resolve suas próprias dificuldades;
 É responsável em relação às tarefas de estudo;
 Tem iniciativa;
 Tem presteza para iniciar as tarefas;
 Apresenta as tarefas no prazo solicitado.
As avaliações foram realizadas continuamente, onde foi atribuída uma nota
final a cada aluno, pelo seu desempenho, através de testes, provas e trabalhos
escritos e práticos.
A aplicação da avaliação em laboratório de informática requereu a
construção de uma série de mecanismos que permitam a observação de todos os
passos percorridos pelo aluno, seu grau de cooperação e seu desempenho na
resolução de exercícios, provas e/ou testes.
Ao final de postular cada módulo (Introdução à Informática, Sistemas
Operacionais, Windows XP, Internet, Word, Excel, Power Point, Hardware e Redes),
aplicaram-se exercícios e trabalhos correspondentes, e ainda foi motivo de avaliação
a disciplina, a participação e a assiduidade.
Como se pode observar, a avaliação tem um papel muito importante no
processo de ensino-aprendizagem, pois através dela que acompanha-se e mede-se
a construção do conhecimento do aluno.
Neste trabalho, procurou-se mostrar a necessidade de uma avaliação
pedagógica integral, que leve em conta não somente o desempenho cognitivo, mas
também fatores afetivos.
119

4 CONCLUSÃO

No término deste estudo enfatiza-se a importância em poder conhecer e


participar um pouco mais deste universo e o modo de viver de pessoas que estão na
Terceira Idade.
Através do Curso de Inclusão Digital para Terceira Idade pode-se presenciar
o regozijo que sentem os alunos quando recebem o certificado ao concluírem o
curso, causando grande satisfação, pois muitos neste momento relatam que não
tiveram a oportunidade para aprender quando eram mais novos, por acreditarem que
não faria falta saber informática ou por não terem condições financeiras para pagar
um curso.
Considerou-se que as entrevistas e os questionários de sondagem
forneceram todos os dados para responder à questão-problema formulada na
contextualização da pesquisa, assim como os objetivos propostos foram alcançados
no decorrer da investigação.
O presente estudo objetivou compreender como ensinar a informática
básica, o que motiva os grupos da terceira idade a procurarem programas de
inclusão digital; a investigarem quais são os interesses, necessidades e dificuldades
na aprendizagem digital e a documentarem este significado.
A partir dos objetivos da pesquisa, vieram à tona diversos aspectos
referentes à inclusão digital na terceira idade, que foram desvelados a partir da
análise do material como: suas motivações, necessidades, dificuldades, interesses e
o significado da aprendizagem e inclusão digital em suas vidas. Entretanto, as
considerações que são descritas tomaram por base as questões que nortearam a
investigação, que são as seguintes:
1ª Questão: O que motiva sujeitos da terceira idade a procurarem cursos de
inclusão digital?
Para responder a esta questão verificou-se que, a partir das entrevistas e
dos questionários feitos na pesquisa, pode-se observar que a motivação é algo
muito presente na vida dos idosos que procuram cursos para aprenderem
informática e, desta maneira, se incluírem digitalmente.
120

Constatou-se que são várias as motivações como: o desejo de aprender


mais ou continuar aprendendo para não serem excluídos, tanto da sociedade como
do núcleo familiar por não falarem e entenderem a linguagem das tecnologias;
superar as dificuldades e dominar o computador, que para eles é saber ligar, enviar
e-mails ou navegar na Internet; melhorar, assim, a relação familiar, intergeracional e
realizar-se pessoalmente aumentando a auto-estima.
Motivar os idosos para que continuem aprendendo mesmo diante de suas
limitações e preconceitos deve ser uma preocupação tanto da família como da
sociedade. Mesmo com tantas perdas físicas, psicológicas e sociais, constatou-se
que muitos idosos estão motivados a incorporar as tecnologias de informação e de
comunicação em suas vidas através de cursos de informática.
Contudo, constatou-se também que para os que fizeram o curso o desafio
está, portanto, na incorporação dessas tecnologias a novos processos de
aprendizagem que oportunizem diversas atividades, que exijam mais investimentos
intelectuais, emocionais e físicos, tentando não simplesmente desenvolver
habilidades, mas o indivíduo em sua totalidade em um processo contínuo, como uma
aprendizagem ao longo da vida visando a uma melhor qualidade de vida para os
idosos, atingindo beneficamente a família e a sociedade como um todo.
2ª Questão: Quais os interesses, necessidades e dificuldades dos sujeitos
na aprendizagem e inclusão digital?
Pode-se perceber que a maioria dos idosos possui interesses, necessidades
e dificuldades comuns em relação à aprendizagem digital. Através de suas
respostas, tanto nas entrevistas como nos questionários, observou-se que os
interesses e as necessidades são: continuar participando da sociedade e romper as
muitas barreiras que eles encontram no caminho, sendo o maior desafio continuar
gestores e protagonistas de suas vidas, sem precisar de auxílio ou ficar na
dependência de terceiros, pois eles não querem se acomodar.
Constatou-se, também, que para os idosos, a importância de saber
informática e navegar na Internet tem a conotação de ir além das fronteiras, sair do
local e conhecer e participar do global, incluindo-se, assim, em uma nova formatação
que a sociedade possui e exige. Dificuldades existem muitas, eles chegam ao curso
pensando que o computador é um ‘bicho-papão’, e se transforma em um enigma
manuseá-lo, porém, a cada aula, vai sendo desmistificada e desconstruída essa
visão que eles têm.
121

Uma das principais dificuldades que se constatou foi em relação à memória,


porém, ao longo do curso, eles são orientados a fazerem a repetição dos exercícios
aprendidos em aula ao chegarem em casa, ajudando a memorizar os comandos
para acessar o computador. Outras dificuldades foram: ícones muito pequenos; falta
de coordenação motora para utilizar o mouse; pressionar o teclado com força; as
janelas que são abertas simultaneamente; porém a monitoria ensina como configurar
os ícones para ficar do tamanho desejado; como manusear o mouse de forma
correta; como voltar à janela que se quer sem se perder.
Os idosos que fizeram o curso sabem que um único curso não vai atender a
demanda de que eles necessitam para aprender a lidar com o computador e a
navegar na Internet; assim, pode-se perceber que muitos não param neste curso,
antes mesmo de acabar, procuravam informações junto à monitoria e à coordenação
para saberem onde acontecem outros cursos com o mesmo enfoque, voltados para
a Terceira Idade.
Na ocasião da formatura da turma, a Pró-reitora de Extensão e Cultura
Professora Fahena Porto Horbatiuk, informou aos presentes que a UNIUV estaria
disposta, juntamente com o professor regente, em formar uma nova turma da
Terceira Idade para o ano letivo de 2010, prosseguindo em um curso intensivo de 3
(três) meses, a iniciar em abril.
O prosseguimento do curso no ano seguinte vem a possibilitar seu
aperfeiçoamento, uma vez que já detectadas as principais dificuldades e
contratempos, os planos de aula e os módulos de estudo seriam analisados e
revistos, contaria com os meios publicitários da universidade para divulgação,
acolheria os demais participantes dos grupos da terceira idade, incluindo os grupos
de Porto União – SC, ainda, reforçaria o aprendizado dos alunos remanescentes,
interessados em dar continuidade, e por fim, estenderia os braços a todos aqueles
que ainda não tiveram a oportunidade de incluir-se digitalmente.
Entende-se que, para os grupos de Terceira Idade, que fazem o curso de
Inclusão Digital, saber informática é desmistificar o estereótipo de que os idosos
vivem do e no passado, apesar de todas as barreiras, diferenças e incertezas que os
cercam, sendo que o maior desafio é superar seus próprios limites e preconceitos e
poder provar que, mesmo estando nesta fase, aprende-se, pois eles possuem uma
referência central que é a da ‘vida’ - continuar vivendo de maneira prazerosa,
reinventando a velhice.
122

3ª Questão: Como ensinar informática básica a alunos da terceira idade em


estágios diferentes de conhecimento.
Observou-se que muitos idosos que chegam para fazer o curso têm uma
visão negativa em relação a si e ao envelhecimento, como algo que os marginaliza,
portanto muitos têm a preocupação que podem ser descartados por serem
considerados inúteis ou pesos mortos, entretanto desde a palestra motivacional que
é ministrada no decorrer do curso, que se pode passar por esta fase de maneira
muita tranqüila, com auto-estima elevada e produtiva, pois, como todas as outras
fases da vida, esta é mais uma.
Mosquera destaca que “a vida adulta é um enorme desafio, pois de sua
compreensão e equilíbrio depende, em grande parte, a dinâmica das outras
gerações” (1986, p. 357).
Nesse contexto, aprender informática passa a ser uma realização pessoal,
porque muitos trazem uma bagagem carregada de preconceitos e descréditos,
impostos tanto pela família como pelo meio com o qual convivem, mas com novas
motivações conseguem entender que ainda podem aprender e continuar
aprendendo.
Entende-se que, quando não se preparam os idosos para ter acesso às
tecnologias, corre-se o risco de eles se tornarem alienados, dependentes e doentes,
desperdiçando uma excelente oportunidade para que continuem tendo experiências
de aprendizagens enriquecedoras e formadoras.
Deve-se introduzir uma educação ao longo da vida, juntamente com as
tecnologias de informação e comunicação, suas dimensões e tudo o que elas
comportam, pois as interações fazem com que os idosos constituam melhores
conhecimentos dentro de um contexto de desenvolvimento.
Entende-se que cursos de inclusão digital, voltados para o público de
Terceira Idade, com estratégias criativas e atrativas, proporcionam possibilidades
para que construa seu próprio aprendizado, desenvolvendo o poder de iniciativa,
autonomia e aprendendo de forma mais construtiva.
Pode-se dizer que, através desta pesquisa, confirmou-se que mais do que
quaisquer outros indivíduos, neste início de século, deve-se ter a preocupação de
investir na educação dos nossos idosos, dentro das diversas instituições de ensino,
formais ou não, com variadas tecnologias e aprendizagens significativas, com
valores éticos e concretos para suas vidas, pois são eles que precisam de maior
123

apoio, nesta fase, fazendo com que a velhice seja vista de forma positiva, da
convivência e da valorização da pessoa idosa por sua história, sabedoria e
contribuição às famílias e à sociedade.
Observou-se que a inclusão digital tem muita teoria e pouca prática. O
correto seria criar e manter um cenário favorável para a população, e não toda vez
que muda as nossas lideranças políticas voltar a “estaca zero”.
Um projeto deste porte tem que haver início, meio e fim, sem demagogia e
egocentrismo partidário, pois a educação não possui recoll. Sobretudo a terceira
idade é uma parcela da sociedade não só excluída digitalmente, mas em várias
esferas da vida cotidiana e do conhecimento.
"Computador Para Todos" é um programa que não tem qualquer iniciativa
voltada para a alfabetização digital. É um projeto governamental totalmente focado
em custos: prevê isenção de tributos para máquinas de razoável valor, facilidades no
financiamento de micros com configuração pré-determinada e acesso subsidiado à
internet. O público alvo dessas máquinas são pessoas que ainda não têm
computadores em suas casas e, sem as facilidades de preço e financiamento, não
teriam condições de comprá-los. As operadoras de telefonia fixa prevêem que 90%
desses novos usuários conectem-se à internet.
Esse tipo de plataforma deve ser adotado em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, pois ele vai contra os monopólios. Relacionado à idéia de
democracia e justiça social está o software livre. Não é só grátis, representa o uso
para todos, quebrando a fronteira da exclusão digital.
Basta facilitar a proliferação de computadores, e o ser humano? Senão
souber como usar a ferramenta para obter benefícios, ela servirá apenas para bater-
papo, mandar e-mails e descontrair. Ora, estamos na era do conhecimento, em que
o valor está nas informações de qualidade.
Na pesquisa, ao final dos testes, embora os sujeitos tenham afirmado que
acharam os procedimentos fáceis ou tenham responsabilizado a si pelos erros do
processo, acredita-se que tenham formada uma idéia de que os erros e dificuldades
encontrados durante a tarefa sejam causados por inexperiência e insegurança com a
máquina e com o ambiente.
As respostas finais dadas pelos sujeitos da pesquisa demonstraram que
estes entendem que é papel do usuário adaptar-se à tecnologia, em vez de, como
afirma Norman (1988), a tecnologia adaptar-se às necessidades do usuário.
124

Conforme afirma Kashar (2001), o declínio das funções orgânicas que


caracteriza a terceira idade, embora não impeça que o idoso construa
aprendizagens com relação às tecnologias, torna necessário observar suas
necessidades especiais de aprendizagem.
Visando atender essas necessidades específicas, tanto no que concerne ao
declínio das funções orgânicas quanto às características culturais e históricas,
procurou-se atender cada aluno com a atenção que lhe é devida e merecedora.
Encerrando esta pesquisa, constatou-se que estar incluído digitalmente é
muito significativo e é uma necessidade urgente para as pessoas que estão na
Terceira Idade, pois eles não querem perder mais tempo: querem entrar no mundo
virtual e compreender todas as suas possibilidades. Entretanto, incluir-se
digitalmente não se trata de uma tarefa simples, uma vez que a sociedade não é um
bloco homogêneo, mas composto de grupos plurais com interesses, necessidades,
motivações, crenças e valores diferenciados.
Diante disso, não se pode ser neutro, uma vez que, em um mundo tão
conturbado, desafiador e competitivo, tem-se a obrigação de cuidar, motivar nossos
idosos para que, no alvorecer de suas vidas, suas aprendizagens possam ser
reencantadas e suas vidas sejam mais florescentes e, assim, continuem dando
frutos em todos os aspectos.
Assim, vistos os aspectos aduzidos e aprimorados, os indivíduos
participantes da pesquisa, se empenharam e chamaram para si a responsabilidade
da inclusão digital da terceira idade, despertando nesta parcela oprimida da
sociedade, novos horizontes, agora digitais.
125

5 REFERÊNCIAS

BATISTA, Warley Alves. Educação em dia com a modernidade. Ciência,


tecnologia e inclusão social para o Mercosul: edição 2006 do Prêmio Mercosul de
Ciência e Tecnologia. – Brasília: UNESCO, RECyT/MERCOSUL, MCT, MBC,
Petrobras, 2007.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Porto:


Porto, 1994.

BORGES, Maria Alice Guimarães. A compreensão da sociedade da informação.


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131

ANEXOS
132

LISTA DE ANEXOS

1 – CONTRATO DE ESTÁGIO .............................................................................. 133


2 – RELATÓRIOS DE ESTÁGIO ........................................................................... 134
3 – QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM INICIAL .................................................... 138
4 – QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM FINAL ....................................................... 140
5 – QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA ................................................................ 142
6 – 1ª AVALIAÇÃO SEMESTRAL .......................................................................... 144
7 – 2ª AVALIAÇÃO SEMESTRAL .......................................................................... 146
8 – LISTA DE CHAMADA ....................................................................................... 148
9 – CONVITE DE FORMATURA ............................................................................ 149
10 – CERTIFICADO DE CONCLUSÃO ................................................................. 151
11 – MATERIAL DE DIGITAÇÃO DISTRIBUÍDO ................................................... 153

LISTA DE ANEXOS - DVD

12 – INFORMÁTICA BÁSICA ................................................................................. 155


13 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE .................................................................... 155
14 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – AVALIAÇÕES ......................................... 155
15 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – CONTRATO ............................................ 155
16 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – ENTREVISTAS ....................................... 155
17 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – FORMATURA ......................................... 155
18 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – FOTOS ................................................... 155
19 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – PLANOS DE AULA ................................. 155
20 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – PROJETO DE ESTÁGIO ........................ 155
21 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – QUESTIONÁRIOS .................................. 155
22 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – RELATÓRIOS ......................................... 155
23 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – VÍDEOS .................................................. 155

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