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III – A Constituição da Sociedade


1. Fontes e Natureza Jurídica do Acto Constitutivo

Em relação ao contrato de constituição de uma sociedade, o CSC admite vários quadros


j. de constituição de uma sociedade, os quais podem ser divididos em 2 grupos:
1) a fonte geral ou comum - é o negócio j. bilateral ou plurilateral, mormente o contrato
de sociedade (arts. 7º e ss. do CSC).
2) as fontes especiais - podem ser:
- a lei: hoje assiste-se à criação crescente de sociedades comerciais de capitais
públicos por intermédio de decreto-lei;
- o negócio jurídico unilateral (arts. 7º, 2; 488º; 270º-A e ss. do CSC); e
- a deliberação social (arts. 134º, c; 119º, m; 98º, 1, f do CSC).

A questão da natureza j. do acto constitutivo de uma sociedade tem sido alvo de


diferentes respostas. Na doutrina tradicional 2 correntes podiam ser identificadas, a saber:
1) a tese anticontratualista - destacaram-se os seguintes autores:
- Gertmann, que via no acto constitutivo da sociedade um acto colectivo e
unilateral (um feixe de declarações negociais paralelas e homogéneas,
visando todas o mesmo efeito j.);
- Gierke, que via no acto constitutivo da sociedade um acto de fundação ou
corporativo. As declarações de vontade dos sócios não eram importantes de
per si. Eram uma manifestação antecipada da vontade de um novo ente que
era a própria sociedade.
2) a tese contratualista - toma como paradigma da sua reflexão o modelo da sociedade
pluripessoal nascida de um contrato, ou seja, a questão de saber de que tipo seria esse contrato.
Segundo a doutrina italiana, o contrato de sociedade seria um contrato pluripessoal ou
plurilateral1. Segundo a doutrina dominante, o contrato de sociedade seria um contrato de fim
comum ou um contrato organização.

2. Requisitos da Celebração

2.1 o “iter” do processo constitutivo


A constituição ou formação das sociedades comerciais (e das sociedades civis de tipo
comercial), qualquer que seja o modo pelo qual se realize, analisa-se num processo, numa série
de actos e de formalidades.
De acordo com o CSC, o processo normal de constituição das sociedades desdobra-se
em 3 actos principais:
1) o contrato de sociedade, sujeito a forma especial (escritura pública);
2) o registo definitivo do contrato;
3) a publicação do contrato.
No entanto, em relação ao registo, determina ainda o art. 18º 1 do CSC que, quando
não tenham convencionado entradas em espécie ou aquisições de bens pela sociedade, os
interessados na constituição da sociedade podem apresentar na competente conservatória do
registo comercial requerimento para registo prévio do contrato juntamente com um projecto
completo do contrato de sociedade.
Assim, o normal acto constituinte das sociedades é o contrato.

1
neste sentido, Mascarelli
2

O acto constituinte das sociedades unipessoais ab initio é um negócio j. unilateral 2. Nas


sociedades constituídas por decreto-lei ou lei, o acto constituinte é o respectivo acto legislativo
(juridicamente existente).

2.2 requisitos relativos às partes


São 3 os requisitos para a celebração de um contrato de sociedade: 1) as partes
(requisito subjectivo); 2) o fundo (requisito substancial); e 3) a forma (requisito formal).

2.2.1 as partes
Relativamente às partes há quatro requisitos, relativos: 1) ao número mínimo de partes;
2) à natureza das partes; 3) à capacidade das partes; e 4) à legitimidade das partes.

2.2.2 número mínimo


Em absoluto, não há um nº mínimo de partes. Determina o art. 7º, 2 do CSC que: o nº
mínimo de partes de um contrato de sociedade é de 2, excepto quando a lei exija nº superior ou
permita que a sociedade seja constituída por 1 só pessoa. Assim, em regra, são exigidas 2
pessoas para celebrar um acto constitutivo de sociedade.No entanto, há excepções.
Nas SA, determina o art. 273º do CSC que: a sociedade anónima não pode ser
constituída por um nº de sócios inferior a 5, salvo quando a lei o dispense. Ressalva o seu n.º 2
que, do disposto no n.º 1 exceptuam-se as sociedades em que o Estado, directamente ou por
intermédio de empresas públicas ou outras entidades equiparadas por lei para este efeito, fique a
deter a maioria do capital, as quais podem constituir-se apenas com 2 sócios.
Nas sociedades em comandita por acções, determina o art. 479º do CSC que a
sociedade em comandita por acções não pode constituir-se com menos de 5 sócios
comanditários. Logo, deve ser formada por 6 sócios (5 comanditários e 1 comanditado) 3.

2.2.3 natureza: o caso particular das pessoas colectivas


Às pessoas colectivas públicas está também aberta a possibilidade de constituírem ou
participarem na constituição de sociedades4. O Estado pode participar na constituição de
sociedades, quer o acto constituinte seja de natureza privada, quer seja de natureza pública (na
constituição por lei ou decreto-lei, o Estado, através dos seus órgãos, é o único autor possível
do acto constituinte).
Também as pessoas colectivas privadas podem ser sujeitos dos actos constituintes de
sociedades.
É o caso das sociedades comerciais e civis de tipo comercial (arts. 6º, 1; 11º, 4, 4 e 6;
270º-A, 1; 481º e ss. do CSC)5. É também o caso das cooperativas (arts. 8º, 1, 3; 9º do Código
Cooperativo), e dos agrupamentos europeus de interesse económico (art. 3º, 2, b, 2ª parte do
Regulamento n.º 2137/85).
Assim, é necessário distinguir dois casos: 1) a participação de sociedades comerciais em
sociedades comerciais; e 2) a participação das demais pessoas colectivas (que não sociedades
comerciais), nas sociedades comerciais.
2
na fusão por constituição de nova sociedade, o acto constituinte apresenta natureza contratual (contrato
de fusão celebrado pelas sociedades fundidas, representadas pelos respectivos órgãos de administração).
O acto de cisão (constituição), é contrato nos casos de cisão-fusão e é negócio unilateral nos casos de
cisão simples e de cisão-dissolução.
O acto constituinte da sociedade resultante da transformação extintiva tem igualmente natureza de
negócio jurídico unilateral
3
Infra n.º 3.2.1.5, “II – Conceito e Tipos de Sociedade”
4
historicamente, a sociedade comercial foi uma entidade criada a possuída por indivíduos singulares. A
participação das pessoas colectivas era um fenómeno desconhecido e uma prática proibida. Esta
perspectiva começou a mudar no início do séc. XX devido a factores económicos. A participação em
sociedades começou a ser admitida e hoje aceita-se sem reservas que qualquer pessoa colectiva possa
participar no capital das sociedades comerciais
5
aliás, nalguns actos constituintes intervêm exclusivamente sociedades: na fusão (art. 97º, 1 do CSC); na
cisão (art. 118º, 1 do CSC); na transformação (art. 130º do CSC); na constituição de sociedade anónima
unipessoal (art. 488º do CSC)
3

No 1º caso (participação de sociedades comerciais em sociedades comerciais), a


participação de uma sociedade, independentemente do seu tipo legal, numa sociedade de
responsabilidade limitada (sociedade anónima e sociedade por quotas), e com um objecto social
idêntico é permitida e pode ser decidida pelos órgãos da sociedade participante (art. 11º, 3 e 4
do CSC). Por seu turno, a participação da sociedade comercial, independentemente do seu tipo
legal, em sociedades de responsabilidade ilimitada (sociedade em nome colectivo e sociedades
em comandita), que tenham um objecto social diferente, ou em sociedades de tipo especial,
apenas é permitida se e nos exactos termos em que o contrato social ou os estatutos sociais o
permitam. Tanto num caso como noutro estão abrangidas as participações a título originário (o
sócio adquire participações numa sociedade que se constitui), ou a título derivado (o sócio
adquire participações numa sociedade já constituída).
Quanto à participação de uma sociedade de responsabilidade limitada (sociedade
anónima e sociedade por quotas), numa sociedade em comandita (de responsabilidade
ilimitada), determina o art. 465º, 2 do CSC que uma sociedade por quotas ou uma sociedade
anónima podem ser sócios comanditados.
A participação das sociedades em sociedades conduz ao problema da coligação de
sociedades, regulado de forma autónoma nos arts. 481º e ss. do CSC. Há 4 tipos de relações de
coligação intersocietária: 1) a de simples participação (participações entre 10% e 50%); 2) a de
participações recíprocas (há um cruzamento de participações entre as duas sociedades, de igual
montante); 3) a de domínio (uma sociedade pode exercer influência sobre a sociedade
dominada); e 4) de grupo.
No segundo caso (participação de pessoas colectivas que não são sociedades comerciais
em sociedades comerciais), a problemática é diferente. Se bem que não se aplicam os
condicionalismos até aqui referidos, aplicam-se, não obstante, as regras gerais relativas às
pessoas colectivas (art. 160º, 1 do C.C.), relativo ao princípio da especialidade6.
Outra questão que se levanta é a de saber se as partes de um contrato de sociedade têm
de ser obrigatoriamente comerciantes - art. 17º do C.Com.
Questão que também se coloca é a de saber se, além das pessoas singulares e das
pessoas colectivas, entidades colectivas sem personalidade j., nomeadamente as sociedades civis
e sociedades comerciais sem registo definitivo, constituir ou participar na constituição de
sociedades comerciais.

2.2.4 capacidade: a situação dos menores, interditos e inabilitados


Entre os sujeitos que podem constituir ou participar na constituição de sociedades,
surgem, podem ser mencionadas, em 1º lugar, as pessoas singulares. Podem ser sócios, as
pessoas humanas com capacidade de exercício. Mas também os incapazes (menores não
emancipados, interditos e inabilitados). Para o efeito, devem os menores ser representados pelo
pais ou tutor (art. 124º do C.C.)7.
Excepcionalmente, o menor com 16 anos ou dezassete anos tem capacidade para entrar
em sociedade, quando para isso: 1) disponha de bens adquiridos por trabalho seu; e 2) a sua
responsabilidade fique limitada à realização da respectiva entrada (apenas então arriscará esses
bens, não podendo os credores atacar o seu património), nos termos do art. 127º, 1, a do C.C.8.
Assim, é necessário distinguir o tipo legal de sociedade.
Nas sociedades em nome colectivo e nas sociedades em comandita, em que o menor
aparece como sócio comanditado, o incapaz seria um sócio de responsabilidade ilimitada, pelo
que é inadmissível a sua participação no contrato de sociedade, pois a sua participação
implicaria a exposição do seu património a uma responsabilidade ilimitada pelas dívidas sociais.
Também nas sociedades por quotas é inadmissível a participação do incapaz no contrato
de constituição da mesma, nomeadamente em 2 situações, a saber:
6
“a capacidade das pessoas colectivas abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes
à prossecução dos seus fins”
7
“a incapacidade dos menores é suprida pelo poder paternal e, subsidiariamente, pela tutela, conforme se
dispõe nos lugares respectivos”
8
“são excepcionalmente válidos, além de outros previstos na lei: os actos de administração ou disposições
de bens que o maior de 16 anos haja adquirido por seu trabalho”
4

- enquanto o capital social não estiver integralmente liberado, uma vez que
qualquer sócio é responsável pelo cumprimento das obrigações de entrada dos
sócios inadimplentes;
- quando no contrato de sociedade se tenham estabelecido obrigações de
prestações suplementares.
Nas sociedades em comandita por acções, em que o menor aparece como sócio
comanditário, já parece admissível e válida a sua participação no contrato de sociedade, desde
que os bens que ele levou para a compra de acções sejam bens que ele angariou nas condições
referidas no art. 127º, 1, a do C.C.. Solução semelhante se aplica às sociedades anónimas.

2.2.5 legitimidade: o caso das sociedades dos cônjuges


O art. 1714º do C.C., depois de fixar não ser em regra permitido aos cônjuges alterar as
convenções antenupciais nem o regime de bens resultante da lei (n.º 1), e de esclarecer serem
abrangidos por essa proibição os contratos de sociedade entre os cônjuges não separados
judicialmente de pessoas e bens (n.º 2), determina o seu n.º 3 que: é lícita, contudo, a
participação dos dois cônjuges na mesma sociedade de capitais (…)”.
Muito se discutiu a aplicação deste preceito, sobretudo às sociedades por quotas. O
Código das Sociedades Comerciais, no seu art. 8º, 1 dirimiu essa e outras questões. Prescreve
o preceito que: é permitida a constituição de sociedades entre cônjuges, bem como a
participação destes em sociedades, desde que só um deles assuma responsabilidade ilimitada.
Portanto, os cônjuges (só eles, como únicas partes), podem constituir sociedades por
quotas ou sociedades em comandita simples, e podem participar, como sócios, em sociedades
por quotas, em sociedades anónimas, em sociedades em comandita simples ou por acções, desde
que ambos sejam sócios comanditários ou apenas um deles seja um sócio comanditado e o outro
seja um sócio comanditário. Não podem, pois, ambos os cônjuges ser sócios de uma mesma
sociedade em nome colectivo.

2.3 requisitos relativos ao fundo: consentimento, objecto, causa negocial


Em relação ao fundo, exige-se: 1) o consentimento das partes; 2) o objecto; e 3) a causa
negocial.
Quanto ao consentimento das partes, para que exista contrato de sociedade válido, é
necessário que o consentimento dado pelas partes resulte de declaração negocial também ela
válida, ou seja, devem ser formadas sem vícios e devem ser expressadas de modo coincidente
com a vontade real9. Os efeitos resultantes da verificação de um vício são os estabelecidos pela
lei civil, com as especialidades que resultam dos arts. 41º; 43º; 45º e 46º do CSC. Estes
preceitos têm em conta as especiais necessidades de terceiros de boa fé (não apenas os terceiros
que com a sociedade contratam, mas ainda os restantes sócios que não sabiam das negociações
de um deles).
Relativamente ao objecto, este pode ser entendido em 2 sentidos:
1) o objecto do contrato de sociedade - objecto jurídico, real ou fáctico, ou seja, são os
estatutos sociais (pacto social);

9
os vícios aqui abrangidos são todos os vícios previstos na lei civil, ou seja: 1) os vícios na formação da
vontade; e 2) os vícios na manifestação da vontade. Os vícios na formação da vontade (elemento
subjectivo), são: o erro, o dolo, a coacção moral, a incapacidade acidental e o estado de necessidade. Os
vícios na manifestação da vontade são: a divergência entre vontade real e declarada (aspectos objectivos),
as divergências intencionais (simulação, reserva mental, declaração não séria), e não intencionais (falta de
consciência da declaração, erro na transmissão, erro na declaração, coacção física).
De facto, na prática, certos contratos de sociedade são celebrados pelas partes com o intuito de
celebrarem (encobrirem), outro contrato. Por ex, encobrir um contrato de doação para contornar as regras
sucessórias; simular um contrato de empréstimo para contornar as regras em matéria de lucro.
Por outro lado, muitas sociedades constituem-se para permitir ao empresário em nome individual o
benefício de responsabilidade limitada. 1 ou 2 pessoas (testa-de-ferro), aceitam participar numa
sociedade, mas apenas com o intuito de permitir a esse sócio individual o acesso ao benefício da
responsabilidade limitada. Nestes casos, o contrato de sociedade é nulo.
5

2) o objecto da própria sociedade enquanto empresa - objecto social propriamente dito,


ou seja, o programa de actividades económicas concretas que a sociedade se propõe a
desenvolver. É neste último sentido que a lei utiliza a expressa “objecto”. O objecto social deve
revestir várias características, nomeadamente aquelas que estão previstas nos arts. 9º, 1, d e
11º; 6º, 4; 10º, 3 do CSC.

2.4 requisitos relativos à forma: escritura, registo, publicações


Há 3 requisitos de forma para a celebração de uma sociedade, a saber: 1) os requisitos
de validade (escritura pública e registo); e 2) os requisitos de eficácia (publicação).

2.4.1 a escritura pública


Ao contrário dos negócios jurídicos em geral, onde vigora o princípio da liberdade de
forma (arts. 405º e 219º do C.C.), e ao contrário da forma das sociedades em geral (art. 981º
do C.C.), a celebração de um contrato de sociedade comercial está sujeito a uma forma
específica: a sua celebração deve resultar de escritura pública (art. 7º, 1 do CSC e art. 89º, c do
C.Notariado). Determina o art. 7º, 1 do CSC que: o contrato de sociedade deve ser celebrado
por escritura pública.
Está também sujeito a escritura pública o negócio jurídico unilateral constituinte de
sociedade anónima unipessoal (art. 488º, 1 do CSC).
Resulta do n.º 4 do art. 270-A do CSC que a constituição originária da sociedade
unipessoal por quotas deve ser celebrada por escritura pública, sendo suficiente documento
particular se não forem efectuadas entradas em bens diferentes de dinheiro para cuja
transmissão seja necessária aquela forma
A escritura pública também é exigida para a constituição das sociedades-empresas de
capitais públicos e de capitais maioritariamente públicos de natureza municipal ou inter-
municipal (art. 5º, 1 da LEMI).
Ao notário que lavrar a escritura pública compete o controlo da legalidade do acto
constituinte (arts. 173º e 174º do C.Notariado). Como se irá ver, uma das menções obrigatórias
é a firma (art. 9º, 1, a do CSC). A admissibilidade das firmas é comprovada através de
certificado emitido pelo RNPC (art. 45º, 1 do RRNPC). A escritura pública não pode ser
lavrada sem que tal certificado seja exibido ao notário (arts. 54º, 1 do RRNPC; 47º, 3 do
C.Notariado). Se for lavrada sem essa exibição, a escritura pública é nula (art. 55º do
RRNPC). Menção obrigatória é igualmente a dos pagamentos efectuados por conta de cada
entrada (arts. 202º, 3 e 4; 277º, 3 e 4; 478º do CSC).
Realizado um contrato de sociedade, pode acontecer que os sócios realizem logo
negócios em nome dela10, antes mesmo de lavrada a escritura pública. A lei não proíbe uma tal
actuação. Nem o facto do contrato social sem escritura pública ser considerado nulo inviabiliza
a aludida actuação (arts. 41º, 1 do CSC e 220º do C.C.; 42º, 1, e do CSC).

2.4.2 o registo
Para que uma sociedade se constitua, é condição necessária mas não suficiente a
escritura pública. É também necessário que o contrato de sociedade seja registado.
Determina o art. 5º do CSC que: as sociedades gozam de personalidade j. e existem
como tais a partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo
do disposto quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras.
Assim, as sociedades adquirem personalidade j. com o registo definitivo do acto
constitutivo (contrato ou negócio jurídico unilateral constituinte de sociedade unipessoal) 11.
Pode, pois, falar-se aqui de um verdadeiro registo constitutivo, com o significado da sociedade
apenas com o registo adquirir personalidade j., não podendo esta ser invocada tanto nas relações
internas como nas relações externas antes de efectuado o registo definitivo do acto constituinte.
Outra importante consequência do registo consiste na assunção ipso jure pela sociedade
de direitos e obrigações decorrentes de actos em nome dela realizados antes do registo e na
10
arrendamento de um imóvel, contratação de trabalhadores, compra de máquinas, negócios exigidos pela
exploração de empresa com que um sócio entrou
11
arts. 270º-G e 488º, 2 do CSC
6

possibilidade de assunção por ela de outros direitos e obrigações de negócios j. igualmente em


nome dela realizados antes do registo12.
Portanto, o registo é obrigatório - art. 3º, a do CRComercial.
Diz ainda o art. 15º, 1 do CRComercial que deve ser pedido no prazo de 3 meses a
contar da data em que tiverem sido titulados o registo dos factos referidos nas alíneas a) a c), e)
a m) e o) a u) do art. 3º, no art. 4º, no art. 6º, no art. 7º, nas alíneas a) a d) e f) a h) do art. 8º
e na alínea b) do art. 10º do CRComercial.
Acrescenta o art. 17º, 1 do CRComercial que: os comerciantes individuais, as
cooperativas e as sociedades com capital não superior a €1995,19, que não requeiram, dentro do
prazo legal, a inscrição dos factos sujeitos a registo obrigatório são punidos com coima no
mínimo de € 4,99 e no máximo de €49,88. Acrescenta o seu n.º 2 que: as sociedades com capital
superior a €1995,19, os agrupamentos europeus de interesse económico e as empresas públicas
que não cumpram igual obrigação são punidos com coima no mínimo de €49,88 e no máximo
de €498,80.
A nossa lei, além do processo típico de constituição de uma sociedade (escritura
pública, registo e publicação), prevê ainda outra modalidade de constituição, onde a sociedade é
constituída mediante registo prévio. Determina o art. 18º, 1 do CRComercial que: os registos
caducam por força da lei ou pelo decurso do prazo de duração do negócio.
Diz o seu n.º 2: os registos provisórios caducam se não forem convertidos em
definitivos ou renovados dentro do prazo da respectiva vigência.
Assim, podemos distinguir 4 fases: 1) o registo prévio; 2) a escritura pública; 3) a
conversão do registo prévio em registo definitivo; e 4) a publicação.
A vantagem do registo prévio é a de evitar alguns problemas de registo que podem
surgir após a escritura pública.
Para o registo das sociedades, cooperativas, empresas públicas, agrupamentos
complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse económico é
territorialmente competente a conservatória em cuja área estiver situada a sua sede estatutária
(art. 25º, 1 do CRComercial).
Para o registo das sociedades ou outras pessoas colectivas ou estabelecimentos de tipo
correspondente a qualquer dos abrangidos por este Código sede estatutária no estrangeiro, mas
que tenham em Portugal a sede principal e efectiva da sua administração, é territorialmente
competente a conservatória em cuja área estiver situada esta sede (art. 25º, 2 do
CRComercial).
O registo efectua-se a pedido dos interessados, em impressos de modelo aprovado,
salvo nos casos de oficiosidade previstos na lei (art. 28º do CRComercial).

2.4.3 a publicação
Determina o art. 166º do CSC que os actos relativos à sociedade estão sujeitos a registo
e publicação nos termos da lei respectiva. Acrescenta o art. 167º, 1 do CSC: as publicações
obrigatórias devem ser feitas, a expensas da sociedade, no Diário da República ou, tratando-se
de sociedades com sede nas regiões autónomas, nas respectivas folhas oficiais.
Nas sociedades anónimas os avisos, anúncios e convocações dirigidos aos sócios ou a
credores, quando a lei ou o contrato mandem publicá-los, devem ser publicados de acordo com
o disposto no número anterior e ainda num jornal da localidade da sede da sociedade ou, na falta
deste, num dos jornais aí mais lidos; tratando-se de sociedade com subscrição pública, a
publicação será ainda feita em jornal diário de Lisboa e do Porto (n.º 2).
Efectuado o registo, deve o conservador promover as publicações obrigatórias no prazo
de 30 dias e a expensas do interessado (art. 71º, 1 do CRComercial). As publicações efectuam-
se com base em certidões passadas na conservatória, no cartório notarial ou no tribunal judicial,
que, nos dois últimos casos, devem ser juntas ao pedido de registo (n.º 2).
Das publicações devem constar as menções obrigatórias do registo (art. 72º, 1 do
CRComercial). O contrato ou estatuto por que se rege a pessoa colectiva, as respectivas
alterações, bem como os documentos de prestação de contas das sociedades anónimas com

12
com o registo definitivo do contrato a sociedade assume de pleno direito (…) (art. 19º, 1 do CSC)
7

subscrição pública e a acta de encerramento da liquidação destas sociedades, devem ser


publicados integralmente (n.º 2). Em relação aos restantes actos, a publicação pode ser feita
integralmente, por extracto ou por menção do depósito na pasta respectiva, conforme opção do
requisitante (n.º 3). A publicação da alteração parcial do contrato ou estatuto deve mencionar o
depósito do texto completo na sua redacção actualizada (n.º 4).

3. Os Estatutos Sociais: Menções Obrigatórias e Facultativas

Os actos constituintes regidos pelo Código das Sociedades Comerciais hão-de conter
determinadas menções e podem conter outras (não obrigatórias ou facultativas). Assim se
conclui que as menções podem ser obrigatórias (art. 9º do CSC), ou facultativas.
O art. 9º do CSC fixa uma lista de menções obrigatórias gerais (para a generalidade das
sociedades, independentemente do seu tipo legal) 13. Determina o seu n.º 1 que: do contrato de
qualquer tipo de sociedade devem constar:
- os nomes ou firmas de todos os sócios fundadores e os outros dados de
identificação destes (aliena a);
- o tipo de sociedade (aliena b);
- a firma da sociedade (aliena c);
- o objecto da sociedade (aliena d);
- a sede da sociedade (aliena e);
- o capital social, salvo nas sociedades em nome colectivo em que todos os sócios
contribuam apenas com a sua indústria (aliena f);
- a quota de capital e a natureza da entrada de cada sócio, bem como os
pagamentos efectuados por conta de cada quota (aliena g);
- consistindo a entrada em bens diferentes de dinheiro, a descrição destes e a
especificação dos respectivos valores (aliena h);
- quando o exercício anual for diferente do ano civil, a data do respectivo
encerramento, a qual deve coincidir com o último dia do mês de calendário,
sem prejuízo do previsto no art. 7º do Código do Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Colectivas (aliena h).
São ineficazes as estipulações do contrato de sociedade relativas a entradas em espécie
que não satisfaçam os requisitos exigidos nas alíneas g) e h) do n.º 1 (art. 9º, 2 do CSC). Os
preceitos dispositivos desta lei só podem ser derrogados pelo contrato de sociedade, a não ser
que este expressamente admita a derrogação por deliberação dos sócios (art. 9º, 3 do CSC).
Nos termos da alínea a), a identificação dos sócios pessoas singulares faz-se indicando
o nome completo, estado (sendo a pessoa casada, deve mencionar-se também o nome completo
do cônjuge, bem como o regime matrimonial de bens), a naturalidade e residência habitual
(arts. 46º, 1, c e 47º, 1, a do C.Notariado). As sociedades comerciais (e civis de tipo
comercial), através das indicações referidas no art. 171º, 1 e 2 do CSC (art. 46º, 1, c do
C.Notariado). As demais entidades colectivas sócias são identificadas pelas respectivas firmas
ou denominações e sedes (art. 46º, 1, c do C.Notariado).
Segundo a aliena d), o objecto social deve ser estatutariamente determinado,
especificado. Não são lícitas as indicações latamente genéricas das actividades prosseguíveis
pela sociedade14.
A alínea e) refere-se à sede social ou estatutária (pois é desta que se trata, da sede
constante do acto constituinte ou estatuto), é o lugar concretamente definido onde a sociedade se
considera situada para a generalidade dos efeitos jurídicos em que a localização seja relevante.
Distinta da sede estatutária é a sede principal e efectiva da administração da sociedade, ou seja,
o lugar onde são tomadas e mandadas executar as decisões de gestão societária (onde funciona o
órgão de administração e de representação).
13
importa fazer um esclarecimento terminológico. O referido preceito, bem como muitos outros no CSC,
fala de “contrato” (“elementos do contrato”). Dado que as sociedades não são constituídas apenas por
contrato, é mais correcto falar de acto constituinte
14
v.g., “qualquer actividade não proibida por lei”, “qualquer actividade comercial ou industrial”, o que se
justifica pela tutela de interesses vários (dos sócios, administradores, terceiros)
8

Apesar de não previstas no art. 9º do CSC, há certas situações que, quando ocorrem,
devem também ser mencionadas nos estatutos das sociedades. É o caso das vantagens especiais
concedidas a sócios conexionadas com a constituição da sociedade e das despesas de
constituição. Diz o art. 16º, 1 do CSC que devem exarar-se no contrato de sociedade, com
indicação dos respectivos beneficiários, as vantagens concedidas a sócios em conexão com a
constituição da sociedade, bem como o montante global por esta devido a sócios ou terceiros, a
título de indemnização ou de retribuição de serviços prestados durante essa fase, exceptuados os
emolumentos e as taxas de serviços oficiais e os honorários de profissionais em regime de
actividade liberal. Acrescenta o seu n.º 2 que a falta de cumprimento do disposto no nº anterior
torna esses direitos e acordos ineficazes para com a sociedade, sem prejuízo de eventuais
direitos contra os fundadores.
Por outro lado, os direitos especiais de sócios só existem quando previstos no contrato
social (art. 24º, 1 do CSC).
Às menções obrigatórias gerais há que acrescentar as menções obrigatórias específicas.
Para as sociedades em nome colectivo, art. 176º, 1 do CSC, no contrato de sociedade
em nome colectivo devem especialmente figurar:
- a espécie e a caracterização da entrada de cada sócio, em indústria ou bens,
assim como o valor atribuído aos bens;
- o valor atribuído à indústria com que os sócios contribuam, para o efeito da
repartição de lucros e perdas;
- a parte de capital correspondente à entrada com bens de cada sócio 15.
Para as sociedades por quotas, apresenta o art. 199º do CSC 2 alíneas16.
Do estatuto das sociedades anónimas devem especialmente constar, nos termos do art.
272º do CSC:
- o valor nominal e o número das acções;
- as condições particulares, se as houver, a que fica sujeita a transmissão de
acções;
- as categorias de acções que porventura sejam criadas, com indicação expressa
do número de acções e dos direitos atribuídos a cada categoria;
- se as acções são nominativas ou ao portador e as regras para as suas eventuais
conversões;
- o montante do capital realizado e os prazos de realização do capital apenas
subscrito;
- a autorização, se for dada, para a emissão de obrigações;
- a estrutura adoptada para a administração e fiscalização da sociedade.
Para as sociedades em comandita, regem os arts. 466º e 474º, 2 do CSC. No estatuto
das sociedades em comandita por acções devem figurar ainda as menções prescritas no art. 272º
do CSC para as sociedades anónimas.
O problema que interessa particularmente para as sociedades por quotas e para as
sociedades anónimas é o de saber se os estatutos devem mencionar obrigatoriamente o número
dos gerentes, administradores ou directores, ou podem eles, por exemplo, mencionar o número
mínimo e o número máximo de membros do conselho de administração, remetendo para
deliberações dos sócios a fixação do número exacto? Resulta dos arts. 252º, 1; 390º, 1; 424º, 2
do CSC que apenas deve constar um só número.
Nos estatutos sociais há lugar não apenas para as menções obrigatórias (gerais ou
específicas), mas também para as menções facultativas (art. 15º do CSC).

4. Os Acordos Parassociais

Os acordos parassociais são contratos celebrados entre todos ou alguns sócios (ou entre
sócios e terceiros), produtores de efeitos atinentes à posição jurídica dos pactuantes sócios

15
a alínea a) nada adianta ao dito nas alíneas g) e h) do n.º 1 do art. 9º do CSC. A menção da aliena c)
já está prevista na (mais ampla) aliena g) do mesmo preceito.
16
inúteis, pois o que nelas se diz já das alíneas a) e g) do n.º 1 do art. 9º do CSC resulta
9

(enquanto tais), e, eventualmente, atinentes também a outros pactuantes (terceiros), e à vida


societária, mas que não vinculam a própria sociedade 17.
Durante algum tempo foi por muitos contestada a possibilidade dos acordos
parassociais, em especial dos acordos de voto. Entre nós, o art. 17º do CSC inverteu a
orientação que vinha sendo seguida pela jurisprudência e boa parte da doutrina, e admitiu
expressamente os acordos parassociais. Mas estabeleceram-se alguns limites. Assim, são de
considerar, total ou parcialmente, nulos os acordos parassociais que violem ou defraudem a lei 18.
Especificamente para os acordos de voto, determina o art. 17º, 3 do CSC que: são
nulos os acordos pelos quais um sócio se obriga a votar:
- seguindo sempre as instruções da sociedade ou de um dos seus órgãos;
- aprovando sempre as propostas feitas por estes;
- exercendo o direito de voto ou abstendo-se de o exercer em contrapartida de
vantagens especiais.

5. Irregularidade e Invalidade da Constituição Social

5.1 a pré-sociedade: as sociedades com processo constitutivo incompleto


Relativamente ao problema da irregularidade da constituição de uma sociedade, há 2
grandes grupos de irregularidades:
1) as sociedades em formação ou pré-vida das sociedades - abrangem os casos em que
são praticados actos em nome da sociedade cujo processo constitutivo está incompleto;
2) as sociedades inválidas - abrangem os casos em que são praticados actos em nome da
sociedade cujo processo constitutivo está viciado.

5.1.1 sociedade aparente


As sociedades aparentes surgem nas situações em que não existe qualquer sociedade, ou
seja, quando 2 ou mais indivíduos criam a aparência de existir entre eles um contrato de
sociedade, quando nenhum contrato foi celebrado.
Nestes casos, determina o art. 36º, 1 do CSC que: se 2 ou mais indivíduos, quer pelo
uso de uma firma comum quer por qualquer outro meio, criarem a falsa aparência de que existe
entre eles um contrato de sociedade responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações
contraídas nesses termos por qualquer deles.
Portanto, a responsabilidade dos sócios é pessoal, ilimitada e solidária.

5.1.2 falta de escritura pública


Sem escritura pública a sociedade não está perfeitamente constituída (está em situação
irregular)19.
Assim, ao contrário do que acontece nas sociedades aparentes, neste caso já foi
celebrado um contrato de sociedade, o qual, não obstante, não foi devidamente formalizado
mediante escritura pública.
Neste caso, há uma sociedade, mas sem personalidade j., pelo que vai ser regida pelas
normas aplicáveis às sociedades civis. Determina o art. 36º, 2 do CSC que se for acordada a
constituição de uma sociedade comercial, mas, antes da celebração da escritura pública, os

17
suponha-se que alguns dos sócios de uma sociedade anónima acordam num ou mais destes pontos:
votar (uniformemente), em certas pessoas ou em pessoas indicadas por determinados sócios para
membros do conselho de administração; não vender as respectivas acções a terceiros durante certo
período; atribuir um direito de preferência na aquisição das acções (ao portador), a favor dos participantes
no acordo; vender ou não vender, as respectivas acções a determinado autor de uma oferta pública de
aquisição de acções
18
por exemplo, que violem a proibição do pacto leonino (art. 33º, 3 do CSC), ou que obriguem alguns
sócios a votar no sentido determinado por um sócio impedido de votar (arts. 251º e 384º, 6 do CSC), ou
conduzam à tomada de deliberações nulas ou anuláveis (art. 17º, 1 do CSC), bem como os que visem
permitir dar instruções aos membros dos órgãos de administração e de fiscalização (art. 259º do CSC)
19
nada impede que, para este e outros casos, se fale em “sociedade irregular”
10

sócios iniciarem a sua actividade, são aplicáveis às relações estabelecidos entre eles e com
terceiros as disposições sobre as sociedades civis (arts. 997º e 998º do C.C.)20.
Pelas dívidas sociais respondem a sociedade e, pessoal e solidariamente, os sócios (art.
997º, 1 do C.C.). Porém, o sócio demandado para pagamento dos débitos da sociedade pode
exigir a prévia excussão do património social (art. 997º, 2 do C.C.). A responsabilidade dos
sócios que não sejam administradores pode ser modificada, limitada ou excluída por cláusula
expressa do contrato, excepto no caso de a administração competir unicamente a terceiras
pessoas; se a cláusula não estiver sujeita a registo, é aplicável, quanto à sua oponibilidade a
terceiros, o disposto no n.º 2 do artigo anterior (art. 997º, 3 do C.C.). O sócio não pode
eximir-se à responsabilidade por determinada dívida a pretexto de esta ser anterior à sua entrada
para a sociedade (art. 997º, 4 do C.C.). A sociedade responde civilmente pelos actos ou
omissões dos seus representantes, agentes ou mandatários, nos mesmos termos em que os
comitentes respondem pelos actos ou omissões dos seus comissários (art. 998º, 1 do C.C.). Não
podendo o lesado ressarcir-se completamente, nem pelos bens da sociedade, nem pelo
património do representante, agente ou mandatário, ser-lhe-á lícito exigir dos sócios o que faltar,
nos mesmos termos em que o poderia fazer qualquer credor social (art. 998º, 2 do C.C.).
Se o contrato de sociedade não tiver sido celebrado na forma legal ou o seu objecto for
ou se tornar ilícito ou contrário à ordem pública, deve o Ministério Público requerer, sem
dependência de acção declarativa, a liquidação judicial da sociedade, se a liquidação não tiver
sido iniciada pelos sócios ou não estiver terminada no prazo legal (art. 172º do CSC).
Antes de tomar as providências determinadas no artigo anterior, deve o Ministério
Público notificar por ofício a sociedade ou os sócios para, em prazo razoável, regularizarem a
situação (art. 173º, 1 do CSC). A situação das sociedades pode ainda ser regularizada até ao
trânsito em julgado da sentença proferida na acção proposta pelo Ministério Público (art. 173º,
2 do CSC). O disposto nos números anteriores não se aplica quanto a sociedades nulas por o
seu objecto ser ilícito ou contrário à ordem pública (art. 173º, 3 do CSC).
Com o registo definitivo do contrato a sociedade assume de pleno direito: os direitos e
obrigações emergentes de negócios j. concluídos antes da celebração da escritura de
constituição que nesta sejam especificados e expressamente ratificados (art. 19º, 1, c do CSC).

5.1.3 falta do registo comercial


Nas sociedades em que já há uma escritura pública mas ainda não se procedeu ao
respectivo registo, é necessário distinguir: 1) o plano das relações internas; e 2) o plano das
relações externas.

5.1.3.1 as relações internas


No plano das relações internas (relações entre sócios e entre entes e a sociedade),
determina o art. 37º, 1 do CSC que, no período compreendido entre a celebração da escritura e
o registo definitivo do contrato de sociedade são aplicáveis às relações entre os sócios, com as
necessárias adaptações, as regras estabelecidos no contrato e na presente lei, salvo aquelas que
pressuponham o contrato definitivamente registado21 22.
Trata-se, portanto, de um regime a todos os tipos legais de sociedades. No entanto, o
art. 37º, 2 do CSC estabelece uma nuance, ao referir que: seja qual for o tipo de sociedade
visado pelos contraentes, a transmissão por acto entre vivos das participações sociais e as
modificações do contrato social requerem sempre o consentimento unânime dos sócios.
Ao passo que, em regra, exige-se a maioria qualificada, neste caso em particular a lei
estabelece um regime diverso do regime geral, de forma a evitar a entrada de novos sócios ou
que se alterem as regras da sociedades antas ainda da mesma estar registada.

5.1.3.2 as relações externas

20
este regime não vale para as sociedades ab initio unipessoais. O acto unilateral constituinte só releva
juridicamente quando formalizado através de escritura pública (art. 488º, 1 do CSC)
21
é o ex do direito aos lucros, do direito de venda ou da obrigação de entrada
22
aplicam-se, sobretudo, os arts. 983º e ss. e 1001º e ss. do C.C.
11

Nas relações externas, a lei estabelece um regime diferente consoante o tipo legal de
sociedade em causa.
Nas sociedades em nome colectivo, determina o art. 38º, 1 do CSC que, pelos negócios
realizados em nome de uma sociedade em nome colectivo, com o acordo expresso ou tácito de
todos os sócios, no período compreendido entre a celebração da escritura e o registo definitivo
do contrato de sociedade respondem solidária e ilimitadamente todos os sócios. O referido
consentimento presume-se23.
Se os negócios realizados não tiverem sido autorizados por todos os sócios, nos termos
do n.º 1, respondem pessoal e solidariamente pelas obrigações resultantes dessas operações
aqueles que as realizarem ou autorizarem (art. 38º, 2 do CSC). As cláusulas do contrato que
atribuam a representação apenas a alguns dos sócios ou que limitem os respectivos poderes de
representação não são oponíveis a terceiros, salvo provando-se que estes as conheciam ao tempo
da celebração dos seus contratos (art. 38º, 3 do CSC).
A lei estabelece, portanto, um regime de responsabilidade ilimitada e solidária perante
terceiros.
Nas sociedades em comandita simples, determina o art. 39º, 1 do CSC que: pelos
negócios realizados em nome de uma sociedade em comandita simples, com o acordo expresso
ou tácito de todos os sócios comanditados, no período compreendido entre a celebração da
escritura e o registo definitivo do contrato de sociedade respondem todos eles, pessoal e
solidariamente. O referido consentimento dos sócios comanditados presume-se.
À mesma responsabilidade fica sujeito o sócio comanditário que consentir no começo
das actividades sociais, salvo provando ele que o credor conhecia a sua qualidade (art. 39º, 2 do
CSC).
Se os negócios realizados não tiverem sido autorizados pelos sócios comanditados, nos
termos do n.º 1, respondem pessoal e solidariamente pelas obrigações resultantes dessas
operações aquelas que as realizarem ou autorizarem (art. 39º, 3 do CSC).
As cláusulas do contrato que atribuam a representação apenas a alguns dos sócios
comanditados ou que limitem os respectivos poderes de representação não são oponíveis a
terceiros, salvo provando-se que estes as conheciam ao tempo da celebração dos seus contratos
(art. 39º, 4 do CSC).
Relativamente às sociedades anónimas, sociedades por quotas e sociedades em
comandita por acções, determina o art. 40º, 1 do CSC que, pelos negócios realizados em nome
de uma sociedade por quotas, anónima ou em comandita por acções no período compreendido
entre a celebração da escritura e o registo definitivo do contrato de sociedade respondem
ilimitada e solidariamente todos os que no negócio agirem em representação dela, bem como os
sócios que tais negócios autorizarem; os restantes sócios respondem até às importâncias das
entradas a que se obrigaram, acrescidas das importâncias que tenham recebido a título de lucros
ou de distribuição de reservas.
Cessa o disposto no número precedente se os negócios forem expressa mente
condicionados ao registo da sociedade e à assunção por esta dos respectivos efeitos (art. 40º, 2
do CSC).
Nestes casos, o consentimento não se presume. Quanto aos sócios que não autorizaram
os actos, há um regime de responsabilidade limitada até ao valor das suas entradas e pelo valor
que tenha recebido a título de lucros e reservas. Gerentes, administradores e directores
respondem ilimitadamente.
Ainda em relação aos terceiros, determina o art. 168º, 3 do CSC que: relativamente a
operações efectuadas antes de terem decorrido 16 dias sobre a publicação, os actos não são
oponíveis pela sociedade a terceiros que provem ter estado, durante esse período,
impossibilitados de tomar conhecimento da publicação.
Do que ficou exposto se conclui que há contradição na lei, ou seja, o regime para as
sociedades sem escritura pública e sem registo é menos gravoso em relação às sociedades em
que já há escritura pública mas o respectivo registo ainda não foi promovido. Nas primeiras

23
o ónus da prova cabe ao sócio
12

vigora o regime da responsabilidade solidária entre os sócios, mas subsidiária face à sociedade;
nas segundas a responsabilidade pode ser ilimitada e solidária directa.
Outro problema que se coloca nas relações externas é este: os sócios e os que actuam
em nome da sociedade, solidariamente responsáveis entre si (arts. 38º, 1; 39º, 1, 2 e 3; 40º, 1, 1ª
parte do CSC), responde solidariamente também com as respectivas sociedades. A resposta
deve ser afirmativa, por aplicação analógica do art. 36º, 2 do CSC, o qual remete para o art.
997º, 1 e 2 do C.C.. Cada um daqueles sujeitos, bem como a sociedade, respondem pela
prestação integral e esta a todos libera (art. 512º, 1 do C.C.). Os referidos sócios e actuantes em
nome da sociedade são responsáveis subsidiários (podem, quando demandados, exigir a prévia
excepção do património social)24.
Um outro problema: os sócios referidos na 2ª parte do n.º 1 do art. 40º do CSC (sócios
que não agem nos negócios em representação da sociedade nem os autorizam), respondem
solidariamente com os que actuam em nome da sociedade e com os sócios que autorizam tal
actuação? A resposta deve agora ser negativa. Além da responsabilidade desses sócios ser
limitada, a ideia que subjaz a tal responsabilidade será a de permitir aos credores fazerem-se
pagar também com bens que ainda não entraram na sociedade (mas de que ela é credora: bens
de entradas ainda não realizadas), ou que dela saíram (lucros e reservas) 25.

5.1.4 falta de publicações legais


As sociedades sem publicações são aquelas cujo contrato não foi publicado, tendo
havido já, portanto, escritura pública e registo. Rege o art. 168º, 1 do CSC que: os terceiros
podem prevalecer-se de actos cujo registo e publicação não tenham sido efectuados, salvo se a
lei privar esses actos de todos os efeitos ou especificar para que efeitos podem os terceiros
prevalecer-se deles.
A sociedade não pode opor a terceiros actos cuja publicação seja obrigatória sem que
esta esteja efectuada, salvo se a sociedade provar que o acto está registado e que o 3º tem
conhecimento dele (art. 168º, 2 do CSC).
Relativamente a operações efectuadas antes de terem decorrido 16 dias sobre a
publicação, os actos não são oponíveis pela sociedade a terceiros que provem ter estado, durante
esse período, impossibilitados de tomar conhecimento da publicação (art. 168º, 3 do CSC).

5.2 a sociedade inválida: sociedades com processo constitutivo viciado

5.2.1 fundamentos da invalidade do contrato


O regime da invalidade do acto constitutivo varia consoante este já tenha ou não sido
objecto de registo definitivo.

5.2.1.1 sociedades com contrato não registado


Sendo o vício identificado antes do registo e quanto ao seu fundamento, determina o
art. 41º, 1 do CSC que, enquanto o contrato de sociedade não estiver definitivamente registado,
a invalidada do contrato ou de uma das declarações negociais rege-se pelas disposições
aplicáveis aos negócios j. nulos ou anuláveis (arts. 220º e ss. e 280º e ss. do C.C.), sem prejuízo
do disposto no art. 52º do CSC.
Quanto aos seus efeitos, além do referido n.º 1 do art. 41º do CSC, este faz, portanto,
uma ressalva remetendo para o art. 52º do CSC, cujo nº 1 prescreve: a declaração de nulidade e
a anulação do contrato de sociedade determinam a entrada da sociedade em liquidação, nos
termos do art. 165º do CSC, devendo este efeito ser mencionado na sentença.
Acrescenta o seu n.º 2 que: a eficácia dos negócios j. concluídos anteriormente em
nome da sociedade não é afectada pela declaração de nulidade ou anulação do contrato social.
A invalidade decorrente de incapacidade é oponível pelo contraente incapaz ou pelo seu
representante legal, tanto aos outros contraentes como a terceiros; a invalidada resultante de
vício da vontade ou de usura só é oponível aos demais sócios (art. 41º, 2 do CSC).

24
neste sentido, Coutinho de Abreu
25
neste sentido, Coutinho de Abreu
13

No entanto, o negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio de tipo ou


conteúdo diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de substância e de forma, quando
o fim prosseguido pelas partes permita supor que elas o teriam querido, se tivessem previsto a
invalidada (art. 293º do C.C.).

5.2.1.2 sociedades com contrato registado


Identificado o vício depois de efectuado o registo do contrato de sociedade, quanto ao
seu fundamento prescreve o art. 42º, 1 do CSC que: depois de efectuado o registo definitivo do
contrato de sociedade por quotas, anónima ou em comandita por acções, o contrato só pode ser
declarado nulo por algum dos seguintes vícios:
- falta do mínimo de dois sócios fundadores, salvo quando a lei permita a
constituição da sociedade por uma só pessoa;
- falta de menção da firma, da sede, do objecto ou do capital da sociedade, bem
como do valor da entrada de algum sócio ou de prestações realizadas por conta
desta;
- menção de um objecto ilícito ou contrário à ordem pública;
- falta de cumprimento dos preceitos legais que exigem a liberação mínima do
capital social;
- não ter sido reduzido a escritura pública o contrato de sociedade.
Quanto aos efeitos, determina o art. 44º, 1 do CSC que: a acção de declaração de
nulidade pode ser intentada, dentro do prazo de 3 anos a contar do registo, por qualquer membro
da administração, do conselho fiscal ou do conselho geral da sociedade ou por um sócio, bem
como por qualquer terceiro que tenha um interesse relevante e sério na procedência da acção.
No caso de vício sanável, a acção não pode ser proposta antes de decorridos 90 dias sobre a
interpelação da sociedade para sanar o vício.
São sanáveis por deliberação dos sócios, tomada nos termos estabelecidos para as
deliberações sobre alteração do contrato, os vícios decorrentes de falta ou nulidade da firma e da
sede da sociedade, bem como do valor da entrada de algum sócio e das prestações realizadas por
conta desta (art. 42º, 2 do CSC).
Nas sociedades por quotas, anónimas e em comandita por acções o erro, o dolo, a
coacção e a usura podem ser invocados como justa causa de exoneração pelo sócio atingido ou
prejudicado, desde que se verifiquem as circunstâncias, incluindo o tempo, de que, segundo a lei
civil, resultaria a sua relevância para efeitos de anulação do negócio j. (art. 45º, 1 do CSC).
Nas mesmas sociedades, a incapacidade de um dos contraentes torna o negócio jurídico
anulável relativamente ao incapaz (art. 45º, 2 do CSC).
Proposta acção para fazer valer o direito conferido pelos arts. 45º, 46º e 48º do CSC,
pode a sociedade ou um dos sócios requerer ao tribunal a homologação de medidas que se
mostrem adequadas para satisfazer o interesse do autor, em ordem a evitar a consequência
jurídica a que a acção se dirige (art. 50º, 1 do CSC).
Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, as medidas propostas devem ser
previamente aprovadas pelos sócios; a respectiva deliberação, na qual não intervirá o autor, deve
obedecer aos requisitos exigidos, na sociedade em causa, pela natureza das medidas propostas
(art. 50º, 2 do CSC).
O tribunal homologa a solução que se oferecer em alternativa, se se convencer de que
ela constitui, dadas as circunstâncias, uma justa composição dos interesses em conflito (art. 50º,
3 do CSC)26.

26
se a medida proposta consistir na aquisição da participação social do autor por um dos sócios ou por 3º
indicado por algum dos sócios, este deve justificar unicamente que a sociedade não pretende apresentar
ela própria outras soluções e que, além disso, estão satisfeitos os requisitos de que a lei ou o contrato de
sociedade fazem depender as transmissões de participações sociais entre associados ou para terceiros,
respectivamente (art. 51º, 1 do CSC). Não havendo em tal caso acordo das partes quanto ao preço da
aquisição, proceder-se-á à avaliação da participação nos termos previstos no art. 102º, 1 do C.C. (art.
51º, 2 do CSC). Nos casos previstos nos arts. 45º, 2; 46º do CSC, o preço indicado pelos peritos não será
homologado se for inferior ao valor nominal da quota do autor (art. 51º, 3 do CSC). Determinado pelo
tribunal o preço a pagar, a aquisição da quota deve ser homologada logo que o pagamento seja efectuado
14

6. As Alterações ao Contrato de Sociedade


O contrato de sociedade constitui fundamento do nascimento de um novo ente jurídico e
económico. No entanto, esta entidade evolui. Sucede frequentemente que esta evolução do
sujeito económico venha exigir uma readaptação dos próprios contratos da sociedade ou dos
estatutos sociais, no sentido de as adaptar às novas necessidades ou vicissitudes (arts. 85º a 96º
do CSC).
Se bem que o princípio da alterabilidade do contrato de sociedade é universalmente
aceite, já a sua fundamentação é divergente: 1) uns fundamentam com a regra do art. 406º do
C.C.; 2) outros consideram que aquele preceito tem uma natureza imperativa, valendo inclusive
no silêncio do contrato.

6.1 modalidades e âmbito das alterações do contrato de sociedade


As alterações ao contrato de sociedade previstas na lei podem reportar-se: 1) à
modificação de uma cláusula no contrato de sociedade; 2) à supressão de uma cláusula no
contrato de sociedade; e 3) à introdução de uma nova cláusula no contrato de sociedade.
Como se depreende, estão aqui abrangidas não todas, mas apenas as alterações
convencionais e objectivas do contrato de sociedade (não as alterações dos sujeitos, ou seja, do
substrato pessoal).
Relativamente às alterações convencionais e objectivas do contrato de sociedade,
destacam-se:
- a alteração do capital social (art. 87º do CSC);
- a alteração do objecto social;
- a modificação da sede social;
- a modificação da forma ou tipo de sociedade (arts. 130º e ss. do CSC).

6.2 princípios, processo e forma a que obedece a alteração do contrato de sociedade


A alteração do contrato de sociedade, quer por modificação ou supressão de alguma das
suas cláusulas quer por introdução de nova cláusula, só pode ser deliberada pelos sócios, salvo
quando a lei permita atribuir cumulativamente essa competência a algum outro órgão (art. 85º,
1 do CSC).
É o exemplo dos aumentos do capital relativamente às sociedades anónimas, onde
determina o art. 456º, 1 do CSC que: o contrato de sociedade pode autorizar o órgão de
administração a aumentar o capital, uma ou mais vezes, por entradas em dinheiro.
O contrato de sociedade estabelecerá as condições para o exercício da competência
conferido em harmonia com o nº anterior, devendo:
- fixar o limite máximo do aumento (art. 456º, 2, a do CSC);
- fixar o prazo, não excedente a 5 anos, durante o qual aquela competência pode
ser exercida; na falta de indicação, o prazo é 5 anos (art. 456º, 2, b do CSC);
- mencionar os direitos atribuídos às acções a emitir; na falta de menção, apenas é
autorizada a emissão de acções ordinárias (art. 456º, 2, c do CSC).
O projecto da deliberação do órgão de administração é submetido ao conselho fiscal ou
ao conselho geral; se este não der parecer favorável, o órgão de administração pode submeter a
divergência a deliberação da assembleia-geral (art. 456º, 3 do CSC). A assembleia-geral,
deliberando com a maioria exigida para a alteração do contrato, pode renovar os poderes
conferidos ao órgão de administração (art. 456º, 4 do CSC). O órgão de administração ou um
dos seus membros para o efeito designado outorgará a escritura de alteração do contrato para
fixação de novo capital (art. 456º, 5 do CSC).
Aplicam-se aqui as regras fixadas para cada tipo de sociedade em concreto, ou seja, a lei
afastou-se aqui da regra da unanimidade. As maiorias exigidas vão depender do tipo legal de
sociedade em causa.

ou a respectiva quantia depositada à ordem do tribunal ou tão depressa o adquirente preste garantias
bastantes de que efectuará o dito pagamento no prazo que, em seu prudente arbítrio, o juiz lhe assinar; a
sentença homologatória vale como título de aquisição da participação (art. 51º, 4 do CSC)
15

Nas sociedades em nome colectivo, determina o art. 194º do CSC que: só por
unanimidade podem ser introduzidas quaisquer alterações no contrato de sociedade ou pode ser
deliberada a fusão, a cisão, a transformação e a dissolução da sociedade, a não ser que o
contrato autorize a deliberação por maioria, que não pode ser inferior a ¾ dos votos de todos os
sócios. Acrescenta o seu n.º 2 que: também só por unanimidade pode ser deliberada a admissão
de novo sócio.
Nas sociedades em comandita simples, determina o art. 476º do CSC que: as
deliberações sobre a alteração do contrato de sociedade, fusão, cisão ou transformação devem
ser tomadas unanimemente pelos sócios comanditados e por sócios comanditários que
representem, pelo menos, dois terços do capital possuído por estes, a não ser que o contrato de
sociedade prescinda da referida unanimidade ou aumente a mencionada maioria.
Nas sociedades por quotas, determina o art. 265º, 1 do CSC que as deliberações de
alteração do contrato só podem ser tomadas por maioria de ¾ dos votos correspondentes ao
capital social ou por nº ainda mais elevado de votos exigido pelo contrato de sociedade.
Acrescenta o seu n.º 2: é permitido estipular no contrato de sociedade que este só pode ser
alterado, no todo ou em parte, com o voto favorável de um determinado sócio, enquanto este se
mantiver na sociedade.
Nas sociedades anónimas e nas sociedades em comandita por acções, determina o art.
386º, 3 do CSC que: a deliberação sobre algum dos assuntos referidos no n.º 2 do art. 383º do
CSC deve ser aprovada por 2/3 dos votos emitidos, quer a assembleia reúna em 1ª quer em 2ª
convocação27.

6.3 forma de alteração do contrato de sociedade


Determina o art. 86º, 1 do CSC que: só por unanimidade pode ser atribuído efeito
retroactivo à alteração do contrato de sociedade e apenas nas relações entre sócios.
Diz ainda o n.º 2 que: se a alteração envolver o aumento das prestações impostas pelo
contrato aos sócios, esse aumento é ineficaz para os sócios que nele não tenham consentido.

27
nas votações podem ser identificados dois quóruns, a saber: 1) o quórum constitutivo (percentagem do
capital social que tem de estar presente em assembleia-geral para que possa haver deliberação); e 2) o
quórum deliberativo (maioria necessária para decidir)

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