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2. Requisitos da Celebração
1
neste sentido, Mascarelli
2
2.2.1 as partes
Relativamente às partes há quatro requisitos, relativos: 1) ao número mínimo de partes;
2) à natureza das partes; 3) à capacidade das partes; e 4) à legitimidade das partes.
- enquanto o capital social não estiver integralmente liberado, uma vez que
qualquer sócio é responsável pelo cumprimento das obrigações de entrada dos
sócios inadimplentes;
- quando no contrato de sociedade se tenham estabelecido obrigações de
prestações suplementares.
Nas sociedades em comandita por acções, em que o menor aparece como sócio
comanditário, já parece admissível e válida a sua participação no contrato de sociedade, desde
que os bens que ele levou para a compra de acções sejam bens que ele angariou nas condições
referidas no art. 127º, 1, a do C.C.. Solução semelhante se aplica às sociedades anónimas.
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os vícios aqui abrangidos são todos os vícios previstos na lei civil, ou seja: 1) os vícios na formação da
vontade; e 2) os vícios na manifestação da vontade. Os vícios na formação da vontade (elemento
subjectivo), são: o erro, o dolo, a coacção moral, a incapacidade acidental e o estado de necessidade. Os
vícios na manifestação da vontade são: a divergência entre vontade real e declarada (aspectos objectivos),
as divergências intencionais (simulação, reserva mental, declaração não séria), e não intencionais (falta de
consciência da declaração, erro na transmissão, erro na declaração, coacção física).
De facto, na prática, certos contratos de sociedade são celebrados pelas partes com o intuito de
celebrarem (encobrirem), outro contrato. Por ex, encobrir um contrato de doação para contornar as regras
sucessórias; simular um contrato de empréstimo para contornar as regras em matéria de lucro.
Por outro lado, muitas sociedades constituem-se para permitir ao empresário em nome individual o
benefício de responsabilidade limitada. 1 ou 2 pessoas (testa-de-ferro), aceitam participar numa
sociedade, mas apenas com o intuito de permitir a esse sócio individual o acesso ao benefício da
responsabilidade limitada. Nestes casos, o contrato de sociedade é nulo.
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2.4.2 o registo
Para que uma sociedade se constitua, é condição necessária mas não suficiente a
escritura pública. É também necessário que o contrato de sociedade seja registado.
Determina o art. 5º do CSC que: as sociedades gozam de personalidade j. e existem
como tais a partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo
do disposto quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras.
Assim, as sociedades adquirem personalidade j. com o registo definitivo do acto
constitutivo (contrato ou negócio jurídico unilateral constituinte de sociedade unipessoal) 11.
Pode, pois, falar-se aqui de um verdadeiro registo constitutivo, com o significado da sociedade
apenas com o registo adquirir personalidade j., não podendo esta ser invocada tanto nas relações
internas como nas relações externas antes de efectuado o registo definitivo do acto constituinte.
Outra importante consequência do registo consiste na assunção ipso jure pela sociedade
de direitos e obrigações decorrentes de actos em nome dela realizados antes do registo e na
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arrendamento de um imóvel, contratação de trabalhadores, compra de máquinas, negócios exigidos pela
exploração de empresa com que um sócio entrou
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arts. 270º-G e 488º, 2 do CSC
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2.4.3 a publicação
Determina o art. 166º do CSC que os actos relativos à sociedade estão sujeitos a registo
e publicação nos termos da lei respectiva. Acrescenta o art. 167º, 1 do CSC: as publicações
obrigatórias devem ser feitas, a expensas da sociedade, no Diário da República ou, tratando-se
de sociedades com sede nas regiões autónomas, nas respectivas folhas oficiais.
Nas sociedades anónimas os avisos, anúncios e convocações dirigidos aos sócios ou a
credores, quando a lei ou o contrato mandem publicá-los, devem ser publicados de acordo com
o disposto no número anterior e ainda num jornal da localidade da sede da sociedade ou, na falta
deste, num dos jornais aí mais lidos; tratando-se de sociedade com subscrição pública, a
publicação será ainda feita em jornal diário de Lisboa e do Porto (n.º 2).
Efectuado o registo, deve o conservador promover as publicações obrigatórias no prazo
de 30 dias e a expensas do interessado (art. 71º, 1 do CRComercial). As publicações efectuam-
se com base em certidões passadas na conservatória, no cartório notarial ou no tribunal judicial,
que, nos dois últimos casos, devem ser juntas ao pedido de registo (n.º 2).
Das publicações devem constar as menções obrigatórias do registo (art. 72º, 1 do
CRComercial). O contrato ou estatuto por que se rege a pessoa colectiva, as respectivas
alterações, bem como os documentos de prestação de contas das sociedades anónimas com
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com o registo definitivo do contrato a sociedade assume de pleno direito (…) (art. 19º, 1 do CSC)
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Os actos constituintes regidos pelo Código das Sociedades Comerciais hão-de conter
determinadas menções e podem conter outras (não obrigatórias ou facultativas). Assim se
conclui que as menções podem ser obrigatórias (art. 9º do CSC), ou facultativas.
O art. 9º do CSC fixa uma lista de menções obrigatórias gerais (para a generalidade das
sociedades, independentemente do seu tipo legal) 13. Determina o seu n.º 1 que: do contrato de
qualquer tipo de sociedade devem constar:
- os nomes ou firmas de todos os sócios fundadores e os outros dados de
identificação destes (aliena a);
- o tipo de sociedade (aliena b);
- a firma da sociedade (aliena c);
- o objecto da sociedade (aliena d);
- a sede da sociedade (aliena e);
- o capital social, salvo nas sociedades em nome colectivo em que todos os sócios
contribuam apenas com a sua indústria (aliena f);
- a quota de capital e a natureza da entrada de cada sócio, bem como os
pagamentos efectuados por conta de cada quota (aliena g);
- consistindo a entrada em bens diferentes de dinheiro, a descrição destes e a
especificação dos respectivos valores (aliena h);
- quando o exercício anual for diferente do ano civil, a data do respectivo
encerramento, a qual deve coincidir com o último dia do mês de calendário,
sem prejuízo do previsto no art. 7º do Código do Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Colectivas (aliena h).
São ineficazes as estipulações do contrato de sociedade relativas a entradas em espécie
que não satisfaçam os requisitos exigidos nas alíneas g) e h) do n.º 1 (art. 9º, 2 do CSC). Os
preceitos dispositivos desta lei só podem ser derrogados pelo contrato de sociedade, a não ser
que este expressamente admita a derrogação por deliberação dos sócios (art. 9º, 3 do CSC).
Nos termos da alínea a), a identificação dos sócios pessoas singulares faz-se indicando
o nome completo, estado (sendo a pessoa casada, deve mencionar-se também o nome completo
do cônjuge, bem como o regime matrimonial de bens), a naturalidade e residência habitual
(arts. 46º, 1, c e 47º, 1, a do C.Notariado). As sociedades comerciais (e civis de tipo
comercial), através das indicações referidas no art. 171º, 1 e 2 do CSC (art. 46º, 1, c do
C.Notariado). As demais entidades colectivas sócias são identificadas pelas respectivas firmas
ou denominações e sedes (art. 46º, 1, c do C.Notariado).
Segundo a aliena d), o objecto social deve ser estatutariamente determinado,
especificado. Não são lícitas as indicações latamente genéricas das actividades prosseguíveis
pela sociedade14.
A alínea e) refere-se à sede social ou estatutária (pois é desta que se trata, da sede
constante do acto constituinte ou estatuto), é o lugar concretamente definido onde a sociedade se
considera situada para a generalidade dos efeitos jurídicos em que a localização seja relevante.
Distinta da sede estatutária é a sede principal e efectiva da administração da sociedade, ou seja,
o lugar onde são tomadas e mandadas executar as decisões de gestão societária (onde funciona o
órgão de administração e de representação).
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importa fazer um esclarecimento terminológico. O referido preceito, bem como muitos outros no CSC,
fala de “contrato” (“elementos do contrato”). Dado que as sociedades não são constituídas apenas por
contrato, é mais correcto falar de acto constituinte
14
v.g., “qualquer actividade não proibida por lei”, “qualquer actividade comercial ou industrial”, o que se
justifica pela tutela de interesses vários (dos sócios, administradores, terceiros)
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Apesar de não previstas no art. 9º do CSC, há certas situações que, quando ocorrem,
devem também ser mencionadas nos estatutos das sociedades. É o caso das vantagens especiais
concedidas a sócios conexionadas com a constituição da sociedade e das despesas de
constituição. Diz o art. 16º, 1 do CSC que devem exarar-se no contrato de sociedade, com
indicação dos respectivos beneficiários, as vantagens concedidas a sócios em conexão com a
constituição da sociedade, bem como o montante global por esta devido a sócios ou terceiros, a
título de indemnização ou de retribuição de serviços prestados durante essa fase, exceptuados os
emolumentos e as taxas de serviços oficiais e os honorários de profissionais em regime de
actividade liberal. Acrescenta o seu n.º 2 que a falta de cumprimento do disposto no nº anterior
torna esses direitos e acordos ineficazes para com a sociedade, sem prejuízo de eventuais
direitos contra os fundadores.
Por outro lado, os direitos especiais de sócios só existem quando previstos no contrato
social (art. 24º, 1 do CSC).
Às menções obrigatórias gerais há que acrescentar as menções obrigatórias específicas.
Para as sociedades em nome colectivo, art. 176º, 1 do CSC, no contrato de sociedade
em nome colectivo devem especialmente figurar:
- a espécie e a caracterização da entrada de cada sócio, em indústria ou bens,
assim como o valor atribuído aos bens;
- o valor atribuído à indústria com que os sócios contribuam, para o efeito da
repartição de lucros e perdas;
- a parte de capital correspondente à entrada com bens de cada sócio 15.
Para as sociedades por quotas, apresenta o art. 199º do CSC 2 alíneas16.
Do estatuto das sociedades anónimas devem especialmente constar, nos termos do art.
272º do CSC:
- o valor nominal e o número das acções;
- as condições particulares, se as houver, a que fica sujeita a transmissão de
acções;
- as categorias de acções que porventura sejam criadas, com indicação expressa
do número de acções e dos direitos atribuídos a cada categoria;
- se as acções são nominativas ou ao portador e as regras para as suas eventuais
conversões;
- o montante do capital realizado e os prazos de realização do capital apenas
subscrito;
- a autorização, se for dada, para a emissão de obrigações;
- a estrutura adoptada para a administração e fiscalização da sociedade.
Para as sociedades em comandita, regem os arts. 466º e 474º, 2 do CSC. No estatuto
das sociedades em comandita por acções devem figurar ainda as menções prescritas no art. 272º
do CSC para as sociedades anónimas.
O problema que interessa particularmente para as sociedades por quotas e para as
sociedades anónimas é o de saber se os estatutos devem mencionar obrigatoriamente o número
dos gerentes, administradores ou directores, ou podem eles, por exemplo, mencionar o número
mínimo e o número máximo de membros do conselho de administração, remetendo para
deliberações dos sócios a fixação do número exacto? Resulta dos arts. 252º, 1; 390º, 1; 424º, 2
do CSC que apenas deve constar um só número.
Nos estatutos sociais há lugar não apenas para as menções obrigatórias (gerais ou
específicas), mas também para as menções facultativas (art. 15º do CSC).
4. Os Acordos Parassociais
Os acordos parassociais são contratos celebrados entre todos ou alguns sócios (ou entre
sócios e terceiros), produtores de efeitos atinentes à posição jurídica dos pactuantes sócios
15
a alínea a) nada adianta ao dito nas alíneas g) e h) do n.º 1 do art. 9º do CSC. A menção da aliena c)
já está prevista na (mais ampla) aliena g) do mesmo preceito.
16
inúteis, pois o que nelas se diz já das alíneas a) e g) do n.º 1 do art. 9º do CSC resulta
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suponha-se que alguns dos sócios de uma sociedade anónima acordam num ou mais destes pontos:
votar (uniformemente), em certas pessoas ou em pessoas indicadas por determinados sócios para
membros do conselho de administração; não vender as respectivas acções a terceiros durante certo
período; atribuir um direito de preferência na aquisição das acções (ao portador), a favor dos participantes
no acordo; vender ou não vender, as respectivas acções a determinado autor de uma oferta pública de
aquisição de acções
18
por exemplo, que violem a proibição do pacto leonino (art. 33º, 3 do CSC), ou que obriguem alguns
sócios a votar no sentido determinado por um sócio impedido de votar (arts. 251º e 384º, 6 do CSC), ou
conduzam à tomada de deliberações nulas ou anuláveis (art. 17º, 1 do CSC), bem como os que visem
permitir dar instruções aos membros dos órgãos de administração e de fiscalização (art. 259º do CSC)
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nada impede que, para este e outros casos, se fale em “sociedade irregular”
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sócios iniciarem a sua actividade, são aplicáveis às relações estabelecidos entre eles e com
terceiros as disposições sobre as sociedades civis (arts. 997º e 998º do C.C.)20.
Pelas dívidas sociais respondem a sociedade e, pessoal e solidariamente, os sócios (art.
997º, 1 do C.C.). Porém, o sócio demandado para pagamento dos débitos da sociedade pode
exigir a prévia excussão do património social (art. 997º, 2 do C.C.). A responsabilidade dos
sócios que não sejam administradores pode ser modificada, limitada ou excluída por cláusula
expressa do contrato, excepto no caso de a administração competir unicamente a terceiras
pessoas; se a cláusula não estiver sujeita a registo, é aplicável, quanto à sua oponibilidade a
terceiros, o disposto no n.º 2 do artigo anterior (art. 997º, 3 do C.C.). O sócio não pode
eximir-se à responsabilidade por determinada dívida a pretexto de esta ser anterior à sua entrada
para a sociedade (art. 997º, 4 do C.C.). A sociedade responde civilmente pelos actos ou
omissões dos seus representantes, agentes ou mandatários, nos mesmos termos em que os
comitentes respondem pelos actos ou omissões dos seus comissários (art. 998º, 1 do C.C.). Não
podendo o lesado ressarcir-se completamente, nem pelos bens da sociedade, nem pelo
património do representante, agente ou mandatário, ser-lhe-á lícito exigir dos sócios o que faltar,
nos mesmos termos em que o poderia fazer qualquer credor social (art. 998º, 2 do C.C.).
Se o contrato de sociedade não tiver sido celebrado na forma legal ou o seu objecto for
ou se tornar ilícito ou contrário à ordem pública, deve o Ministério Público requerer, sem
dependência de acção declarativa, a liquidação judicial da sociedade, se a liquidação não tiver
sido iniciada pelos sócios ou não estiver terminada no prazo legal (art. 172º do CSC).
Antes de tomar as providências determinadas no artigo anterior, deve o Ministério
Público notificar por ofício a sociedade ou os sócios para, em prazo razoável, regularizarem a
situação (art. 173º, 1 do CSC). A situação das sociedades pode ainda ser regularizada até ao
trânsito em julgado da sentença proferida na acção proposta pelo Ministério Público (art. 173º,
2 do CSC). O disposto nos números anteriores não se aplica quanto a sociedades nulas por o
seu objecto ser ilícito ou contrário à ordem pública (art. 173º, 3 do CSC).
Com o registo definitivo do contrato a sociedade assume de pleno direito: os direitos e
obrigações emergentes de negócios j. concluídos antes da celebração da escritura de
constituição que nesta sejam especificados e expressamente ratificados (art. 19º, 1, c do CSC).
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este regime não vale para as sociedades ab initio unipessoais. O acto unilateral constituinte só releva
juridicamente quando formalizado através de escritura pública (art. 488º, 1 do CSC)
21
é o ex do direito aos lucros, do direito de venda ou da obrigação de entrada
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aplicam-se, sobretudo, os arts. 983º e ss. e 1001º e ss. do C.C.
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Nas relações externas, a lei estabelece um regime diferente consoante o tipo legal de
sociedade em causa.
Nas sociedades em nome colectivo, determina o art. 38º, 1 do CSC que, pelos negócios
realizados em nome de uma sociedade em nome colectivo, com o acordo expresso ou tácito de
todos os sócios, no período compreendido entre a celebração da escritura e o registo definitivo
do contrato de sociedade respondem solidária e ilimitadamente todos os sócios. O referido
consentimento presume-se23.
Se os negócios realizados não tiverem sido autorizados por todos os sócios, nos termos
do n.º 1, respondem pessoal e solidariamente pelas obrigações resultantes dessas operações
aqueles que as realizarem ou autorizarem (art. 38º, 2 do CSC). As cláusulas do contrato que
atribuam a representação apenas a alguns dos sócios ou que limitem os respectivos poderes de
representação não são oponíveis a terceiros, salvo provando-se que estes as conheciam ao tempo
da celebração dos seus contratos (art. 38º, 3 do CSC).
A lei estabelece, portanto, um regime de responsabilidade ilimitada e solidária perante
terceiros.
Nas sociedades em comandita simples, determina o art. 39º, 1 do CSC que: pelos
negócios realizados em nome de uma sociedade em comandita simples, com o acordo expresso
ou tácito de todos os sócios comanditados, no período compreendido entre a celebração da
escritura e o registo definitivo do contrato de sociedade respondem todos eles, pessoal e
solidariamente. O referido consentimento dos sócios comanditados presume-se.
À mesma responsabilidade fica sujeito o sócio comanditário que consentir no começo
das actividades sociais, salvo provando ele que o credor conhecia a sua qualidade (art. 39º, 2 do
CSC).
Se os negócios realizados não tiverem sido autorizados pelos sócios comanditados, nos
termos do n.º 1, respondem pessoal e solidariamente pelas obrigações resultantes dessas
operações aquelas que as realizarem ou autorizarem (art. 39º, 3 do CSC).
As cláusulas do contrato que atribuam a representação apenas a alguns dos sócios
comanditados ou que limitem os respectivos poderes de representação não são oponíveis a
terceiros, salvo provando-se que estes as conheciam ao tempo da celebração dos seus contratos
(art. 39º, 4 do CSC).
Relativamente às sociedades anónimas, sociedades por quotas e sociedades em
comandita por acções, determina o art. 40º, 1 do CSC que, pelos negócios realizados em nome
de uma sociedade por quotas, anónima ou em comandita por acções no período compreendido
entre a celebração da escritura e o registo definitivo do contrato de sociedade respondem
ilimitada e solidariamente todos os que no negócio agirem em representação dela, bem como os
sócios que tais negócios autorizarem; os restantes sócios respondem até às importâncias das
entradas a que se obrigaram, acrescidas das importâncias que tenham recebido a título de lucros
ou de distribuição de reservas.
Cessa o disposto no número precedente se os negócios forem expressa mente
condicionados ao registo da sociedade e à assunção por esta dos respectivos efeitos (art. 40º, 2
do CSC).
Nestes casos, o consentimento não se presume. Quanto aos sócios que não autorizaram
os actos, há um regime de responsabilidade limitada até ao valor das suas entradas e pelo valor
que tenha recebido a título de lucros e reservas. Gerentes, administradores e directores
respondem ilimitadamente.
Ainda em relação aos terceiros, determina o art. 168º, 3 do CSC que: relativamente a
operações efectuadas antes de terem decorrido 16 dias sobre a publicação, os actos não são
oponíveis pela sociedade a terceiros que provem ter estado, durante esse período,
impossibilitados de tomar conhecimento da publicação.
Do que ficou exposto se conclui que há contradição na lei, ou seja, o regime para as
sociedades sem escritura pública e sem registo é menos gravoso em relação às sociedades em
que já há escritura pública mas o respectivo registo ainda não foi promovido. Nas primeiras
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o ónus da prova cabe ao sócio
12
vigora o regime da responsabilidade solidária entre os sócios, mas subsidiária face à sociedade;
nas segundas a responsabilidade pode ser ilimitada e solidária directa.
Outro problema que se coloca nas relações externas é este: os sócios e os que actuam
em nome da sociedade, solidariamente responsáveis entre si (arts. 38º, 1; 39º, 1, 2 e 3; 40º, 1, 1ª
parte do CSC), responde solidariamente também com as respectivas sociedades. A resposta
deve ser afirmativa, por aplicação analógica do art. 36º, 2 do CSC, o qual remete para o art.
997º, 1 e 2 do C.C.. Cada um daqueles sujeitos, bem como a sociedade, respondem pela
prestação integral e esta a todos libera (art. 512º, 1 do C.C.). Os referidos sócios e actuantes em
nome da sociedade são responsáveis subsidiários (podem, quando demandados, exigir a prévia
excepção do património social)24.
Um outro problema: os sócios referidos na 2ª parte do n.º 1 do art. 40º do CSC (sócios
que não agem nos negócios em representação da sociedade nem os autorizam), respondem
solidariamente com os que actuam em nome da sociedade e com os sócios que autorizam tal
actuação? A resposta deve agora ser negativa. Além da responsabilidade desses sócios ser
limitada, a ideia que subjaz a tal responsabilidade será a de permitir aos credores fazerem-se
pagar também com bens que ainda não entraram na sociedade (mas de que ela é credora: bens
de entradas ainda não realizadas), ou que dela saíram (lucros e reservas) 25.
24
neste sentido, Coutinho de Abreu
25
neste sentido, Coutinho de Abreu
13
26
se a medida proposta consistir na aquisição da participação social do autor por um dos sócios ou por 3º
indicado por algum dos sócios, este deve justificar unicamente que a sociedade não pretende apresentar
ela própria outras soluções e que, além disso, estão satisfeitos os requisitos de que a lei ou o contrato de
sociedade fazem depender as transmissões de participações sociais entre associados ou para terceiros,
respectivamente (art. 51º, 1 do CSC). Não havendo em tal caso acordo das partes quanto ao preço da
aquisição, proceder-se-á à avaliação da participação nos termos previstos no art. 102º, 1 do C.C. (art.
51º, 2 do CSC). Nos casos previstos nos arts. 45º, 2; 46º do CSC, o preço indicado pelos peritos não será
homologado se for inferior ao valor nominal da quota do autor (art. 51º, 3 do CSC). Determinado pelo
tribunal o preço a pagar, a aquisição da quota deve ser homologada logo que o pagamento seja efectuado
14
ou a respectiva quantia depositada à ordem do tribunal ou tão depressa o adquirente preste garantias
bastantes de que efectuará o dito pagamento no prazo que, em seu prudente arbítrio, o juiz lhe assinar; a
sentença homologatória vale como título de aquisição da participação (art. 51º, 4 do CSC)
15
Nas sociedades em nome colectivo, determina o art. 194º do CSC que: só por
unanimidade podem ser introduzidas quaisquer alterações no contrato de sociedade ou pode ser
deliberada a fusão, a cisão, a transformação e a dissolução da sociedade, a não ser que o
contrato autorize a deliberação por maioria, que não pode ser inferior a ¾ dos votos de todos os
sócios. Acrescenta o seu n.º 2 que: também só por unanimidade pode ser deliberada a admissão
de novo sócio.
Nas sociedades em comandita simples, determina o art. 476º do CSC que: as
deliberações sobre a alteração do contrato de sociedade, fusão, cisão ou transformação devem
ser tomadas unanimemente pelos sócios comanditados e por sócios comanditários que
representem, pelo menos, dois terços do capital possuído por estes, a não ser que o contrato de
sociedade prescinda da referida unanimidade ou aumente a mencionada maioria.
Nas sociedades por quotas, determina o art. 265º, 1 do CSC que as deliberações de
alteração do contrato só podem ser tomadas por maioria de ¾ dos votos correspondentes ao
capital social ou por nº ainda mais elevado de votos exigido pelo contrato de sociedade.
Acrescenta o seu n.º 2: é permitido estipular no contrato de sociedade que este só pode ser
alterado, no todo ou em parte, com o voto favorável de um determinado sócio, enquanto este se
mantiver na sociedade.
Nas sociedades anónimas e nas sociedades em comandita por acções, determina o art.
386º, 3 do CSC que: a deliberação sobre algum dos assuntos referidos no n.º 2 do art. 383º do
CSC deve ser aprovada por 2/3 dos votos emitidos, quer a assembleia reúna em 1ª quer em 2ª
convocação27.
27
nas votações podem ser identificados dois quóruns, a saber: 1) o quórum constitutivo (percentagem do
capital social que tem de estar presente em assembleia-geral para que possa haver deliberação); e 2) o
quórum deliberativo (maioria necessária para decidir)