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O presente trabalho tem por objetivo resumir o Capítulo IX - O Direito Inglês, divisão do livro

História do Direito Geral e do Brasil, lançado em 2003 pela escritora Flávia Lages de Castro,
Mestre em História Social e Doutora em Sociologia e Direito.

O Direito inglês é conhecido no mundo pela sua estruturação jurisprudencial, apresentando-se


como um conjunto de regras e procedimentos materiais que se consolidaram na solução de
litígios ao longo do tempo.

Também é notável que a história do sistema jurídico inglês em certa medida se confunde com a
história da monarquia inglesa. O país é o pioneiro na adoção dessa forma de governo,
principiada na sua passagem da Antiguidade para a Idade Média.

A abordagem da autora se inicia com a exposição da história do Statute Law, uma das
ramificações do Direito inglês. Argumenta ela que este ordenamento sofreu pouca ou nenhuma
influência do Direito Romano, mesmo a Bretanha existindo como província romana entre 43 e
410 d.C. Talvez pela posição geográfica da ilha, Roma não tenha conseguido lhe ''alcançar''
efetivamente e transformar as bases da cultura dos povos que lá habitavam.

A invasão dos Anglos, dos Saxãos e dos Jutos levou a criação de reinos instáveis e sem unificação.
Estes povos importaram as tradições germânicas, inclusive no campo do Direito.

O Direito anglo-saxônico começa quando, no final do século VI d.C., a Inglaterra se converte ao


cristianismo. Entretanto, ainda era um Direito esparso, variando de condado para condado.

A unificação da Inglaterra e de seu sistema jurídico se inicia com a invasão normanda de


Guilherme I, em 1066. Com ele também iniciou-se a era feudal na ilha, e o país foi dividido em
feudos (condados), administrados por funcionários do rei.

Guilherme I não alterou substancialmente o sistema jurídico daquele momento, mas exigiu um
centralismo que ainda não existira e que deu novas feições ao ordenamento jurídico. A
imposição possibilitou que nas décadas seguintes Henrique II conseguisse impor leis válidas em
todo o reino. Ele também nomeou juízes para presidir os tribunais locais e submeteu os clérigos
à legislação comum.

No reinado de João Sem Terra, marcado por uma política externa desastrosa e pela oposição
dos nobres e do clero, foi outorgada a Magna Carta em 1215. O documento resultou do instinto
de proteção e de sobrevivência dos nobres, que já não assentiam com os arroubos absolutistas
da Coroa.

A Magna Carta trouxe um amplo leque de liberdades individuais e de garantias contra o poder
do Estado. A limitação do poder dos funcionários do rei, a proteção do direito de ir e vir, o
princípio da proporcionalidade entre delito e pena, o sistema de julgamento por júri e a
montagem germinal do Poder Judiciário foram alguns de seus avanços.

Ainda de acordo com o documento, impostos, contribuições etc. só poderiam ser criados e
cobrados com o consentimento do Conselho de Nobres, que mais tarde se tornaria o Parlamento
Inglês.

Após a Guerra das Rosas (1455-1485), que levou a Dinastia Tudor ao poder, a Inglaterra chegou
ao auge do absolutismo com o rei Henrique VII, que fundou a Igreja Anglicana e confiscou as
terras da Igreja Católica, e sua filha, Elizabeth I, que implantou uma política mercantilista bem-
sucedida. Apesar do absolutismo dos Tudor, o Parlamento operava regularmente.
Elizabeth I morreu sem deixar herdeiros, e quem assumiu o trono foi Jaime I, da dinastia Stuart.
Ele defendia um absolutismo nos moldes franceses, baseado na concepção do Direito Divino.
Tentou criar e aumentar impostos, enfrentou resistência do Parlamento e acabou por fechá-lo
por sete anos. Seu filho, Carlos I, radicalizou ainda mais sua política, o que exigiu a busca de uma
saída por parte dos parlamentares.

Nesse contexto, é formulada a Petição de Direitos, uma espécie de resumo em forma de


lembrete das lei inglesas. Chamava o rei para reconhecer que não podia exigir impostos sem o
consentimento parlamentar, impor lei marcial em civis e aprisioná-los sem o devido processo. A
tentativa de intervenção da Igreja Presbiteriana da Escócia foi o estopim para uma revolta em
1637. Para combater os escoceses, Carlos I precisava de recursos e, portanto, do Parlamento.
Este lembrou o rei da Petição de Direitos, e só não foi fechado novamente graças à proteção
dada pela população de Londres.

A Revolução Puritana de Oliver Cromwell culminou no fortalecimento do parlamentarismo e no


enfraquecimento do poder real. Suas leis, durante os onze anos do período republicano,
objetivavam principalmente o fortalecimento econômico da burguesia e da gentry. Seu filho,
Richard Cromwell, renunciou em 1659 e a restauração da monarquia veio no ano seguinte com
Carlos II.

Em 1679 é redigido a Ato do Habeas Corpus a fim de reduzir as violências e prisões indevidas.
Entretanto, tal procedimento visava garantir a liberdade dos cidadãos diante dos senhores, não
podendo ser empregado contra medidas judiciais em nome do rei, o que não resolvia os
problemas.

Frente ao impasse político, os parlamentares tramaram a queda de Jaime II no final de 1688,


entregando o poder a Guilherme de Orange, que inaugurou de fato o Parlamentarismo na
Inglaterra em 1689. Nesse ano, mais um importante documento jurídico foi redigido pelo
Parlamento, o Bill of Rights, que declarava, já nos primeiros artigos, a ilegalidade que cometeria
a autoridade real se viesse a ''dispensar as leis ou o seu cumprimento''. O Bill of Rights também
deu ao Parlamento a exclusividade no controle do exército, do poder de legislar, a
independência no tocante a eleição de seus membros, a imunidade dos discursos parlamentares
entre outras garantias.

Na parte final do capítulo, a autora reforça que a confecção do Direito inglês deu-se de
precedente em precedente, e não de legislação em legislação.

Um sistema jurídico com essa tradição poderia impedir a evolução do Direito se fosse respeitado
rigidamente. Da mesma forma, se fosse pouco considerado, propiciaria teratologias jurídicas.
Esclarece ela que ao juiz inglês sempre é possível se ater, na lide que lhe for submetida, a
qualquer elemento particular que não existia, ou que não fora considerado nos casos
precedentes, de forma a completar a regra anteposta, evitando a anarquia e, ao mesmo tempo,
a estaticidade do ordenamento.

A autora encerra com a explicação das outras duas divisões do Direito inglês, a Common Law e
a Equity. Aquela nasceu no século XIII como lei comum a todos os ingleses, sendo obra exclusiva
dos Tribunais Reais de Justiça. Essa é fruto da limitação da primeira frente ao desenvolvimento,
feita para atenuar as regras do direito e suprir a questão da razoabilidade. Ambas são direitos
formados pela análise caso a caso, fixadas em um respeito relativo aos precedentes.

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