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HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E O PERFIL DO PROFISSIONAL


DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO SUDESTE BRASILEIRO

Andressa Amaral de Azevedo 1


Tiago Silveira Gontijo2

DOI:
Resumo
O presente trabalho faz uma análise descritiva dos requisitos necessários para os discentes do
curso de graduação de Engenharia de Produção no sudeste brasileiro conforme as Diretrizes
Curriculares Nacionais do curso de Engenharia de Produção e as grandes áreas de formação
definidas pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO). Tais análises
tiveram como objetivo identificar habilidades e competências inerentes ao curso de
Engenharia de Produção, de modo a atender o mercado de trabalho com profissionais que
tenham a habilidade de desenvolver e transferir a aplicabilidade do conhecimento. A partir do
levantamento dos principais requisitos laborais, percebeu-se que a principal habilidade do
profissional em Engenharia de Produção consiste em: otimizar o uso de sistemas, sejam eles
quais forem, evitando desperdícios e garantindo competitividade às organizações. Em
acréscimo, compete aos novos profissionais ter experiência profissional comprovada; dominar
as ferramentas de Gestão da Qualidade; entender sobre Logística; Custos e Engenharia
Econômica; dominar o Pacote Office e possuir habilidades no Gerenciamento de Projetos;
dominar a língua inglesa; ter sólidos conhecimentos quanto a Engenharia da
Qualidade/Confiabilidade/CEP. Juntos, os supracitados requisitos correspondem a 70% das
habilidades requeridas pelo mercado de trabalho em Engenharia de Produção.
Palavras-chave: Engenharia de Produção. Ensino. Mercado de Trabalho.

1
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em
Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH), Graduada em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Coordenadora e Professora do curso de
Engenharia de Produção do CEUNIH. E-mail: andressa.azevedo@izabelahendrix.metodista.br
2
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bacharel em
Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Bacharelado em Física em andamento pela
UFMG. Professor do curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix
(CEUNIH). E-mail: tiago.gontijo@izabelahendrix.metodista.br
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Introdução

A educação engloba os processos de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, Demo


(1996) defende que educar não constitui apenas ensinar, instruir, treinar, mas, sobretudo
formar a autonomia do sujeito, percebendo-o como elemento do processo de aprendizagem.

Seguindo a mesma linha de pensamento, Freire (1996) enfatiza que a aprendizagem


torna-se uma ação de dentro para fora, realizada pelo próprio aluno, sendo que o educador se
torna responsável pelo processo de orientação. Para o autor, “saber ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996, p. 47).

Especificamente no tocante ao processo de ensino e aprendizagem no ensino superior,


Gondim (2002) relata que formações meramente teóricas são inadequadas por haver um
descompasso entre o ciclo básico e o profissionalizante. Deve-se destacar em acréscimo, que
muitos professores, por não terem formações adequadas para oferecer modelos práticos de
ensino, utilizam em sua práxis ferramentas baseadas meramente em definições teóricas. O
curso de Engenharia de Produção, objeto do presente estudo, por ser dinâmico e interativo,
sofre com as supracitadas práticas “estáticas” de ensino.

A importância dos profissionais de Engenharia para o desenvolvimento econômico de


um país já é largamente debatida e aceita. Salerno et al. (2013) defendem que é essencial
entender o que se chama de universo da engenharia, especialmente em países como o Brasil,
que visa a busca de meios de melhorar tecnologicamente sua produção e estabelecer um
patamar de crescimento econômico sustentado.

Se comparada às outras modalidades, Bittencourt, Viali e Beltrame (2010) destacam a


Engenharia de Produção por sua relevância e influência nas organizações produtivas. Assim,
ao Engenheiro de Produção compete o projeto, a implantação, a operação, a melhoria, a
manutenção e a gestão de sistemas de produção de bens ou serviços, envolvendo pessoas,
materiais, informações e tecnologias (NAVEIRO, 1996).

Diante da grande sinergia entre tecnologia e eficiência, percebe-se que no mercado


atual, não só basta ser inventivo, é preciso ser capaz de encontrar soluções viáveis. Assim, o
objetivo geral desta pesquisa é identificar as reais competências do Engenheiro de Produção
visando à melhoria das oportunidades de contratação.
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O Desenvolvimento da Engenharia e suas Competências

O surgimento e o desenvolvimento da engenharia confundem-se com a própria história


da humanidade. Machado e Luz (2013) afirmam que durante o processo de evolução da
engenharia ocorreu o aparecimento gradual de especialistas, que inicialmente não estavam
preocupados com os fundamentos teóricos, mas sim em construir dispositivos e instrumentos
com base em experiências passadas.

Progressivamente a Engenharia foi se organizando à medida que as ciências


matemáticas também se desenvolviam. Entretanto, Telles (1994) esclarece que uma estrutura
que constituísse a base da Engenharia, como é vista no mundo contemporâneo, só foi
alcançada a partir do século XVIII.

Kirbyet et al. (1990, p.72) defendem que “os engenheiros estão envolvidos com a arte
da aplicação prática de conhecimentos empíricos e científicos para projetar e produzir
máquinas ou objetos úteis ao homem”. Para esses autores, essa definição abrange três fases
mais importantes: aplicação do conhecimento; planejamento e produção; utilidade.
Consideradas em conjunto, essas fases propiciam uma compreensão adequada da palavra
engenharia. Com o intenso processo de industrialização, as empresas exigem profissionais
diferenciados capazes de realizar a integração entre mercado, produto e processo. O uso de
sistemas e métodos de tomada de decisão, tanto no plano estratégico quanto no plano
operacional tornou-se algo inevitável para as organizações. Sendo assim, o futuro engenheiro
deve possuir conhecimentos científicos e tecnológicos, com finalidade de atender as
necessidades organizacionais (ABEPRO, 1998).

Fleury e Fleury (2004) relacionam o conceito de competências a um conjunto de


características individuais (conhecimentos, habilidades e atitudes) resultando em grandes
desempenhos. Entretanto, Dutra (2004) alerta que o fato das pessoas adquirirem
conhecimentos, habilidades e atitudes não significa que elas agregaram valor às organizações.
As pessoas devem ser avaliadas a partir da sua capacidade de entrega. Sendo assim, para o
autor as competências constituem um conjunto ideal de qualificações que são capazes de fazer
com que as pessoas estabeleçam um desempenho no trabalho acima do esperado. Para Fleury
e Fleury (2004), ações como saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e
complexos, saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades, ter visão estratégica
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estão associados à noções de competência. Tais saberes e significados estão explicitados no


Quadro 1.

Quadro 1 - Competências profissionais segundo Fleury e Fleury (2004)


Competência Significados
 Saber o que e por que faz.
Saber agir
 Saber julgar, escolher, decidir.

 Saber mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando


Saber mobilizar
sinergia entre eles.

 Compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos,


Saber comunicar
assegurando o entendimento da mensagem pelos outros.
 Trabalhar o conhecimento e a experiência.
Saber aprender  Rever modelos mentais.
 Saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros.

Saber comprometer-se  Saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização.

 Ser responsável, assumindo os riscos e as consequências de suas


Saber assumir responsabilidades
ações, e ser, por isso, reconhecido.

 Conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente,


Ter visão estratégica
identificando oportunidades, alternativas.
Fonte: Fleury e Fleury (2004, p.31)

Neste contexto, Fleury e Fleury (2004) afirmam que a aprendizagem pode transformar
conhecimentos em competências num determinado contexto profissional específico e, como
mencionado, agregar valor ao indivíduo e à organização.

Diretrizes Curriculares Nacionais e a Graduação em Engenharia de Produção

Em 20 de dezembro de 1996, a Lei nº 9.394 foi promulgada com a finalidade de


estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional (BRASIL, 1996). No entanto,
orientações gerais sobre as diretrizes curriculares dos cursos de graduação foram estabelecidas
com o parecer CNE/CES nº 776 de 3 de dezembro de 1997. Vale ressaltar que antes da lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, eram fixados currículos mínimos nos cursos de graduação
resultando em rigidez curricular (BRASIL, 1997).

As novas diretrizes curriculares, que substituíram os currículos mínimos têm como


objetivos flexibilizar a carga horária e o conteúdo programático do curso, e evitar o
prolongamento desnecessário da duração do curso. Para isto devem considerar os elementos
fundamentais de cada área do conhecimento, estimulando o raciocínio e o desenvolvimento
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profissional autônomo, implantar programas de iniciação científica nas instituições de ensino,


desenvolver formas de aprendizagem como a aplicação da teoria na prática a fim de reduzir a
evasão, despertar nos alunos conhecimentos, habilidades e competências que os tornem
capazes de enfrentar as mudanças mercadológicas e sociais (BRASIL, 2001).

A formação do Engenheiro de Produção contempla conteúdos básicos e


profissionalizantes, conforme evidencia o Quadro 2. Tal especificação é endossada pela
portaria INEP nº 249, de 02 de junho de 2014, a qual determina que o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes (ENADE)seja constituído por conteúdos divididos em dois
núcleos, a saber, básico e profissionalizante (BRASIL, 2014). Diante do exposto, percebe-se
que a integração desses núcleos possibilita diferentes configurações para a construção de
conteúdos curriculares, bem como o desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão
vinculados ao curso de Engenharia de Produção, adequando assim, a formação dos discentes
de acordo com o grau de expertise de uma dada instituição de nível superior.

Quadro2 – Conteúdos básicos e profissionalizantes da Engenharia de Produção


Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes -
Núcleo de Conteúdos Básicos - DCN
ABEPRO
Administração e Economia Engenharia de Operações e Processo da Produção
Ciências do Ambiente Cadeia de Suprimentos
Ciência e Tecnologia dos Materiais Pesquisa Operacional
Eletricidade Aplicada Engenharia da Qualidade
Expressão Gráfica Engenharia do Produto
Fenômenos de Transporte Engenharia Organizacional
Física Engenharia Econômica
Informática Engenharia do Trabalho
Matemática e Estatística Engenharia da Sustentabilidade
Mecânica dos Sólidos
Metodologia Científica e Tecnológica
Química
Fonte: Brasil (2014)

Metodologia

A presente pesquisa é produto de um levantamento das DCN’s do curso de Engenharia


de Produção, bem como das grandes áreas de formação estabelecidas pela ABEPRO. Com o
objetivo de ampliar o contexto da análise, efetuou-se um levantamento quantitativo acerca das
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publicações na área de Educação em Engenharia de Produção tanto no Brasil quanto no


exterior, à partir da base de publicações da Web of Sciences.

Para identificar o perfil requisitado para o profissional de Engenharia de Produção no


Estado de Minas Gerais, foi realizada uma pesquisa documental em dois sites específicos de
oferta de vagas de emprego (Linkedin® e Vagas.com®), no período compreendido entre 01 e
25 de Abril de 2017. Além disso, para encontrar tais vagas, foram utilizadas as palavras
chaves “Engenharia de Produção” e “Engenheiro de Produção”, com filtro para as cidades do
sudeste brasileiro.

Os resultados foram analisados de forma quantitativa, conforme a representatividade


das competências e habilidades requisitadas nas vagas mapeadas. Por fim, foram feitas
considerações no que tange o atual perfil requisitado para o profissional de Engenharia de
Produção.

Apresentação e análise dos resultados

O primeiro procedimento efetuado na presente pesquisa consistiu em uma análise


detalhada do acervo da Web of Science (WOS). Deve-se destacar que a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) assina o conteúdo integral da
supracitada base de dados e os fornece a toda a comunidade científica das Universidades e
Institutos Federais do Brasil.

Para, tal, foi coletado junto à base da WOS, todo o histórico de publicações iniciadas a
partir do ano de 2000 (ano em que se iniciam as publicações). O Gráfico 1 apresenta o
histórico de publicações, conforme mencionado no parágrafo anterior. Em especial destaca-se
que existem 135 trabalhos relativos à Educação em Engenharia de Produção cadastrados na
base da Web of Science, dos quais, 42 são artigos científicos.

Deve-se destacar que o estudo da Engenharia de Produção no Brasil é recente, uma


vez que, de acordo com a Abepro (2017), sua criação se deu no período de 1958-959 na
Universidade de São Paulo (USP). Dessa forma, compreender a dinâmica de publicações
científicas na área de “Educação em Engenharia de Produção” é um importante indicador para
a melhoria contínua do curso.
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Gráfico 1– Publicações relativas à Educação em Engenharia de Produção a partir da década do ano 2000
Fonte: Web of Science (2017)

De acordo com as evidências apontadas pelo gráfico pode-se ampliar a análise e


utilizar outra ferramenta importante, que está disponível na base da WOS. Trata-se da adoção
de um filtro para as publicações a partir dos países onde as pesquisa foram realizadas. Desta
forma, para uma compreensão mais detalhada da dinâmica científica de um país, bem como a
relevância de suas publicações, é possível, ao estabelecer o ranking de países que mais
publicaram sobre a Educação em Engenharia de Produção. O Gráfico 2 apresenta os treze
principais países que publicaram trabalhos de relevância na área, a partir da década de 50,
conforme a pesquisa realizada na base da WOS.

Gráfico 2 – Origem das principais publicações relativas à Educação em Engenharia de Produção


Fonte: Web of Science (2017)
Percebe-se que o principal polo de pesquisas mundiais sobre “Educação em
Engenharia de Produção” é a Espanha, que publicou 40% de todo o material relativo a base da
WOS, desde o ano 2000. Logo após a Espanha, destaca-se o alto grau de publicações da
China (17%), Estados Unidos da América (14%). Deve-se destacar que o Brasil (1%) ocupa a
19ª posição no ranking de países, o que reforça a importância da presente pesquisa.

De maneira a mapear o perfil das vagas para o profissional de Engenharia de


Produção, no sudeste do Brasil, foi realizada uma pesquisa entre os dias 01 e 25/04/2017 nos
sites Linkedin® e Vagas.com®, registrando um total de 52 vagas. O Quadro 3 exibe o perfil
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de uma das vagas pesquisadas. O nome da empresa, local de trabalho e outras características
que pudessem indicar a empresa contratante foram mantidas em sigilo. Observando esta vaga,
é possível identificar as competências e habilidades requisitadas pela empresa e, para registro
destes dados, foram selecionados os parâmetros indicados na Tabela 1. Tais indicadores
foram definidos observando as áreas de conhecimento do Engenheiro de Produção,
estabelecidas pela ABEPRO, e o maior número de ocorrências do requisito nas vagas
pesquisadas.

Quadro 3 – Perfil de uma vaga para o profissional de Engenharia de Produção


Requisitos para seleção: Ensino Superior Completo em Engenharia de Produção ou afins.
Dados Gerais: Identificar, analisar, implantar e revisar procedimentos para programação e controle de produção e
melhorias nos processos, fluxos, e serviços das áreas técnicas, objetivando maximizar eficiência operacional,
redução de custos, atendimento à qualidade necessária, adequação dos recursos necessários e potencializarão dos
resultados.
Conhecimentos específicos: Indicadores selecionados na pesquisa
Lean Manufacturing e Office Lean Manufacturing / WCM
Six Sigma Engenharia da Qualidade / Confiabilidade / CEP
Kaizen Gestão da Qualidade
5S Gestão da Qualidade
TPM (Total Productive Maintenance) Lean Manufacturing / WCM
BSC Não mapeado
Kanban Lean Manufacturing / WCM
PDCA Gestão da Qualidade
CEP (Controle Estatístico do Processo) Engenharia da Qualidade / Confiabilidade / CEP
Ishikawa Gestão da Qualidade
Excel avançado Pacote Office
Conhecimentos desejáveis: Indicadores selecionados na pesquisa
BPF (Boas Práticas de Fabricação) Não mapeado
Minitab Minitab
FMEA FMEA
Flow Chart Não mapeado
Análise de valor de fluxo Lean Manufacturing / WCM
Design Review Softwares de Desenho Técnico
Cp/Cpk Engenharia da Qualidade / Confiabilidade / CEP
Fonte: Resultados da pesquisa

Diante da indicação dos requisitos desejados pela empresa contratante, a vaga foi
então registrada em uma tabela. Por exemplo, para a vaga 1 foram sinalizadas os seguintes
requisitos: “Lean Manufacturing/WCM”, “Engenharia da Qualidade/Confiabilidade/CEP”,
“Gestão da Qualidade”, “Pacote Office”, “Minitab”, “FMEA” e “Softwares de Desenho
Técnico”. Como pode ser observado, algumas habilidades e competências, com menor
número de ocorrências, não foram registradas.
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Tabela 1 – Principais requisitos para o profissional em Engenharia de Produção
Categoria (Requisito) Frqeuência
Lean Manufacturing / World Class Manufacturing (WCM) 28
Experiência Profissional 22
Gestão da Qualidade 22
Logística 13
Custos / Engenharia Econômica 12
Pacote Office 12
Gestão de Projetos 11
Inglês (ou outro Idioma) 11
Engenharia da Qualidade/ Confiabilidade / CEP 10
Perfil de Liderança 8
Disponibilidade para viagem 7
Gestão Ambiental 7
Manutenção 7
Engenharia do Produto 5
Pesquisa Operacional 5
Engenharia do Trabalho 4
Minitab 4
FMEA 3
SAP 3
Softwares de Desenho Técnico 2
Carro próprio 1
Educação em Engenharia de Produção 1
Mestrado e ou Doutorado 1
Programação 1
Carteira de habilitação 0
Fonte: Resultados da pesquisa

A partir da Tabela 1 foi possível desenvolver o Diagrama de Pareto, que consiste em


um gráfico de colunas que ordena as frequências (da maior para a menor) em que um dado
requisito aparece. O referido gráfico permite, através de uma análise, visual determinar o
menor número de requisitos que respondem ao maior número de exigências laborais para o
Engenheiro de Produção. Dito de outra forma: existem competências e habilidades com baixa
representatividade em detrimento de outras, que consistem em condições/critérios sine qua
non para o profissional entrar no mercado de trabalho de Engenharia de Produção.

Gráfico3 – Principais requisitos para o Engenheiro de Produção


Fonte: Linkedin (2017) e Vagas (2017)
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Os resultados demonstraram os requisitos mais relevantes para o profissional em


Engenharia de Produção. Em especial, destaca-se a importância de conhecimentos
relacionados à Lean Manufacturing, Gestão da Qualidade, bem como experiência profissional
comprovada. Mediante a construção do diagrama de Pareto, denotado no Gráfico 3, tornou-se
notória a representatividade dos supracitadas requisitos no estudo.

Com esta pesquisa, foi possível perceber que, cada vez mais, as empresas exigem
profissionais diferenciados, capazes de realizar a integração entre mercado, produto e
processo. Nesse sentido, Belhot (1997) destaca que o futuro engenheiro deve adaptar-se ao
cenário, de maneira a criar oportunidades para se manter no mercado de trabalho, com
habilidade de planejar, e não mais reeditar soluções conhecidas.

Considerações finais

A formação do profissional de Engenharia de Produção passa por contínuas


transformações, uma vez que a variável “qualificação do profissional” é afetada pelo uso e
desenvolvimento de novas tecnologias. Diante do exposto, as instituições que ofertam o
citado curso se veem diante de um desafio: desenvolver competências nos alunos e fomentar o
desenvolvimento contínuo de suas ações.

O presente trabalho, ao fazer o estudo das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso


de Engenharia de Produção e das grandes áreas de formação da Associação Brasileira de
Engenharia de Produção (ABEPRO), bem como das principais oportunidades de trabalho
cadastradas nos portais: “Linkedin®” e “Vagas.com®” fez uma análise descritiva da
formação de competências nos discentes do curso de graduação de Engenharia de Produção.
Verificou-se que, ao Engenheiro de Produção compete o projeto, a implantação, a operação, a
melhoria, a manutenção e a gestão de sistemas de produção de bens ou serviços, envolvendo
pessoas, materiais, informações e tecnologias.

Desta forma, o presente artigo objetivou mapear habilidades e competências inerentes


ao curso de Engenharia de Produção. O profissional que busca uma colocação na referida área
precisa ser hábil no desenvolvimento de modelos e capaz de transferir a aplicabilidade do
conhecimento. Percebe-se que o Engenheiro de Produção do século XXI não precisa apenas
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dominar as ferramentas teóricas, mas compreender os processos, saber lidar com pessoas,
bem como estar disposto a novos desafios.

Especificamente no tocante aos principais trabalhos científicos realizados sobre


“Educação em Engenharia de Produção”, dispostos na base da Web of Science, percebe-se que
o Brasil ocupa a 19ª posição no ranking mundial de publicações sobre o tema, sendo
responsável por apenas 1% das publicações globais. Dessa forma, debater o perfil profissional
do Engenheiro de Produção é relevante para o atual contexto brasileiro, uma vez que se trata
de um curso que há poucas décadas se difundiu no mercado brasileiro.

A partir do levantamento dos principais requisitos laborais de acordo com o mercado


de trabalho, percebeu-se que a principal habilidade do profissional em Engenharia de
Produção consiste em: otimizar o uso de sistemas, sejam eles quais forem, evitando
desperdícios e garantindo competitividade às organizações. Em acréscimo, compete aos novos
profissionais dominar as ferramentas de Gestão da Qualidade; entender sobre Logística;
Custos e Engenharia Econômica; dominar o Pacote Office e possuir habilidades no
Gerenciamento de Projetos; dominar a língua inglesa; ter sólidos conhecimentos quanto a
Engenharia da Qualidade/Confiabilidade/CEP. Juntos, os supracitados requisitos
correspondem a 70% das habilidades requeridas pelo mercado de trabalho em Engenharia de
Produção.

Em virtude da crescente representatividade da Engenharia de Produção para o


mercado de trabalho brasileiro, os Projetos Político Pedagógicos da referida graduação devem
incluir em suas matrizes curriculares não apenas os critérios definidos pela Associação
Brasileira de Engenharia de Produção e do Ministério da Educação, mas também, apresentar
nos planos de ensino os requisitos e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho.

Por fim, destaca-se que formações pragmáticas, estáticas não estão preparando
efetivamente os profissionais de Engenharia de Produção para o mercado. Diante da grande
sinergia entre a tecnologia e a eficiência, percebe-se que no mercado atual, não basta só ser
inventivo, é preciso ser capaz de encontrar e implantar soluções viáveis para os problemas.
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SKILLS, COMPETENCIES AND PROFILE OF THE INDUSTRIAL ENGINEERING


PROFESSIONALS IN THE BRAZILIAN SOUTHEAST
Abstract
The present work makes a descriptive analysis focusing on the necessary competences to the
Industrial Engineering undergraduate students in the Brazilian southeast according to the
National Curricular Guidelines and the Brazilian Association of Industrial Engineering
(ABEPRO).These analyzes aimed to identify skills and competences inherent in the Industrial
Engineering course in order to satisfy the labor market with professionals who have the ability
to develop and transfer the knowledge. From the main labor requirements survey, it was
noticed that the main Industrial Engineering skills are optimize the use of systems, as they are,
avoiding wastes and guaranteeing competitiveness to the organizations. In addition, it is
fundamental to the new professionals a proven professional experience; control the Quality
Management tools; understand about Logistics; Costs and Economic Engineering;
comprehend the Office suite and have skills in Project Management; have command of
English language; have solid knowledge regarding Quality / Reliability / CEP Engineering.
Together, the aforementioned requirements correspond to 70% of the skills required by the
labor market in Industrial Engineering.
Keywords: Industrial Engineering. Teaching. Labor Market.

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